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Sum á r io
Confira o centenário do artista gráfico, um dos maiores compositores de marchinhas
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iPAD é o futuro? O futuro do flash
Youtube com vídeos de pinturas diretamente na tela do iPad, conclusão: o futuro da arte digital passa pelo iPad da Apple.
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Atualizações do Adobe Flash Player 10 criadas para resolver os problemas que os designers tinham nas versões anteriores.
Corel Painter: Mania Tutorial efeitos gráficos Digital terá workshops com profundidade
“Há muitos anos eu quis participar de workshops internacionais promovido pela publicação, mas, ainda não consegui”.
Vamos explorar efeitos gráficos de profundidade de campo e fotorrealismo de alta qualidade no photoshop.
Entrevista: David Carson A União entre caos e seu jeito inovador e criatividade Internacionalmente considerado um dos designers gráficos mais influentes dos anos de 1990.
Leia na coluna Opinião o artigo do cofundador da Wyld Stallyons, empresa de animação e motion graphics de Londres
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odo designer gráfico, ilustrador, artista ou web designer precisa de um portfólio. Ele é a porta de entrada para o mercado de trabalho. Tanto faz se você optou - ou vai optar - por uma carreira como frila ou se prefere ser um profissional contratado. Sem um bom portfólio, a vida fica muito mais difícil. Vale a pena, portanto, investir tempo e - por que não? Algum dinheiro para ter um portfólio digno do seu trabalho. Não basta ser criativo e se diferenciar. É preciso mostrar quem realmente você é, quais são suas habilidades e revelar o seu talento... Cada vez mais, diretores de arte procuram profissionais pelas suas especialidades e pelo estilo, e não simplesmente pela lista de clientes. Exatamente por isso, reserve algumas horas por dia para trabalhar em seus projetos. Eles são fundamentais para que você desenvolva técnicas, aprenda novos conceitos, estimule sua criatividade e apure o seu estilo. Fatores que, como você vai ver nesta edição, fizeram a diferença para muitos designers famosos no Brasil e no mundo. E que, certamente, farão a diferença também para você.
Gabriel Brandão Editor geral gabrielbrandão@maniadigital.com.br
E d i t o r ia l
Invista em projetos pessoais
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E xp ed ient e
Diretores Executivos Flamir Ambrósio e Willame Oliveira Alves Editor Geral Luiz Siqueira Diretor Editorial e jornalista responsável Roberto Araújo
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REDAÇÃO Diretor de redação Mário Fittipaldi Redação Evandro Pimentel e Nathalie Foiço Chefe de Arte Welby Dantas Editora de Arte Vera Grandisky Lerner Revisão de Texto Flávia Andreia dos Santos Colaboraram nesta edição Nelson Alves Jr (fotos), Janine Rewell (ilustração). Colletivo (texto) e Rodrigo Louzada (texto) Internet Rodrigo Mourão (Coordenador), Rodrigo Blasco e Anderson Ribeiro Publicidade São Paulo publicidade@europanet.com.br Diretor de Publicidade Mauricio Dias (11) 3038-5093 Executivos de Negócios Alessandra Donadio. Angela Taddeo, Flávia Pinheiro, Claudia Alves, Elisangela Xavier e Rodrigo Sacomani. Criação Publicitária Rodrigo Barros e João Paulo Gomes -(11) 3038-5103 Tráfego: Renato Peron (11) 3038-5097 • PUBLICIDADE - OUTROS ESTADOS / Brasília: New Business -(61)3323-0205 Paraná: 6RP Mídia - (Al) 3023-8238 / Rio Grande do Sul: Semente Associados-(51)3232-3176 / Santa Catarina: MC Representações - (48) 32233968 / Publicidade - EUA e Canadá: Global Media,+1(650) 306-0880. Fax:+1(650) 306-0890 / Circulação e Promoção:João Alexandre (Gerente), Eduardo Teixeira e Eveline dos Santos Silva / Desenvolvimento de pessoal: Tânia Roriz e Elisangela Harumi / Produção e eventos: Aida Lima (Coordenadora) e Gabriela Isgroi / Logística: Ézio S.Vicente (Gerente). Davi de Souza Alves. Liliam Lemos, l uis Henrique e Mareio Policeno / Atendimento ao assinante e venda de edições anteriores: Coordenadora: Fabiana Lopes fabiana@europanet.com.br / Atendentes: Anne íris. Juliana Rolandi, Mari Ehrentreich, Paula Hanne, Roberta Maciel. Tamar Biffi e Vanessa Araújo Rua M.M.D.C. n° 121 - São Paulo.SP CEP 05510-900 / Telefone São Paulo: (11) 3038-5050 / Telefone outros Estados: 0800-557667 / Pela Internet: www europanet.com.br E-mail: atendimento@europanet.com.br / Administração: Cecília Tomazelli (Gerente); Angela Marques, Gustavo Barbosa e Rodrigo Tanikado Suporte técnico: Ivan Bastos (Coordenador), Leonardo, Theodoro e Ricardo Camargo (11) 3038-5070. suporte@europanet.com.br A Revista Mania Digital é uma publicação da Editora Europa Ltda. (ISSN 1981-8750). A Editora Europa não se responsabiliza pelo conteúdo’dos anúncios de terceiros. Impressão: Prol Editora / Gráfica Distribuidor Exclusivo para o Brasil: Fernando Chignalia Distribuidora S. A. Rua Teodoro da Silva. 907 CEP 20563-900-Grajaú-RJ / Somos Filiados à A kl r p ANER Associação A N t K Nacional dos Editores de Revistas / Atendimento: (11) 30385050 (São Paulo), 0800-557667 (Outras localidades) Fax (11) 3038-5040 - 8h às 20h; sábados das 9h às 15h/atendimento@europanet.com.br Fale Conosco: Nosso objetivo é a excelência. Entre em contto por telefone, fax ou pelos e-mails listados abaixo. Diga-nos suas sugestões, elogios, críticas ou dúvidas. Estamos sempre a disposição para melhorar nosso atendimento. Atendimento ao leitor: atendimento@ europanet.com.br+55 11 3038-5050- de segunda a sexta, das 8:00 as 20:00hs; Fabiana Lopes, coordenadora – fabiana@ europanet.com.br / Suporte Técn co suporte@ europanet.com.br+55 11 3038-5070 - de segunda a sexta, das 9:00 as 12:00 hs e das 14:00 as 17:00hs; sábados: das 9:00 as 15:00hs / Publicidade:publicidade@ europanet.com.br +55 11 3038-5098 - de segunda a sexta, das 9:00 as 12:00 hs e das 14:00 as 17:00hs - Rodrigo Cunha, gerente - rodrigo.cunha@ europanet.com.br - Maurício Dias, gerente - mauricio.d@ europanet.com.br
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Gosto da Mania Digital porque ela mostra as tendências na área de design gráfico e a importância de se manter bem atualizada, principalmente no sentido de uma melhor performance junto ao mercado de trabalho
iPAD é o futuro?
CS5 e suas novidades
De CLÓVIS SOUTO
De ROGÉRIO MATTOS
Depois que vi no Youtube vídeos de pinturas diretamente na tela do iPad, cheguei a conclusão de que o futuro da arte digital passa pelo iPad da Apple. É incrível como ficou fácil! É um caminho sem volta! O que acham? Seria legal ver uma matéria na DD sobre esta evolução da arte gráfica para a nova engenhoca da Apple. CLÓVIS, concordo com você. Acho que é um caminho sem volta e que em breve o iPad será plataforma para programas mais pesados. Imagine usar o Photoshop, o After Effects, o Maya ou LightWave nele? Só o tempo irá dizer se veremos isto acontecer. Enquanto isso, vamos programar sim uma matéria sobre as novidades deste mundo novo que parece surgir na arte digital.
A Adobe sempre surpreende trazendo atualizações de seus programas com muitas novidades interessantes. Fiquei chateado por o After Effects não ser disponível para máquinas em 32 bits, mas, de uma certa forma, nos força a melhorar o hardware. O Photoshop parece estar muito bom e com recursos bastante poderosos. Veremos de agora em diante cada vez mais um monopólio da Adobe sobre a concorrência que praticamente não existe. ROGÉRIO, realmente a Adobe é quase um monopólio, se levarmos em consideração sua fatia no mercado de cada um de seus softwares. O CS5 veio bastante modificado e certamente elevando ainda mais o padrão de qualidade dos produtos da gigante Adobe.
Swatches no Illustrator
De ANA PAULA NEVES
De ANDRÉ GRACIOTTI
Adorava ver a guerra das cervejas, anos atrás, com recursos em computação gráfica e em especial com bichinhos criados com muito humor interagindo com atores reais. De um tempo pra cá isso parou e só vemos enredos sem tanta magia como eram nestes comerciais. Será que os personagens 3D voltarão à TV ou ficarão somente na tela do cinema? Abraço e parabéns pela revista!
No tutorial sobre as Curvas Bézier da Computer Arts edição 12 notei que nos Swatches do ilustrador que fez o tutorial há uma grande paleta com várias tonalidades. Como consigo ter uma grande gama de cores como aquela? (os swatches-padrão do illustrator são divididos em temas e, portanto, sempre limitados). Mais ainda, é possível ter várias tonalidades daquele jeito em CMYK, sem precisar f içar adicionando à paleta cor por cor? Sou assinante da CA e meu maior interesse são os tutoriais de imagens e vetor. Continuem assim.
ANA PAULA, quando os personagens 3D apareceram nos comerciais foram amplamente utilizados e acredito que sofreram um desgaste momentâneo. Com o tempo voltarão a fazer parte dos comerciais mais veiculados, como “atuaram” nos VTs das cervejas.
Corel Painter De LÚCIO CAIADO
ANDRÉ, enviamos sua dúvida para o Ben 0’Brien (Ben the Illustrator), autor do tutorial e
Olá! Acompanho a DD desde muitos anos e já quis participar de workshops internacionais promovido pela publicação, mas, ainda não consegui. Gostaria de saber se já têm algum workshop do Painter programado para este ano? Seria ótimo ter a chance de participar desta vez... LÚCIO, eventualmente a Mania Digital promove workshops, principalmente do Painter. O último foi em 2008 em parceria com a Cadritech. Ainda não temos nenhum agendado, mas assim que tivermos novidades publicaremos na revista. Se estiver interessado em aprender a usar o programa, procure a Cadritech, DRC ou a Impacta que possuem bons cursos nesta área.
Fale com a
que respondeu o seguinte: “Eu uso os swatches Pantone, que têm uma grande variedade de cores em vez dos temáticos, que são mesmo limitados. Na minha versão do Illustrator (CS2), há nove swatches Pantone, mas eu uso outro, o ‘Pantone Solid Coated’, que pode ser encontrado em Window > Swatch Libraries > Pantone Solid Coated.
Redação Comentários sobre o conteúdo editorial da Mania Digital e reclamações para a seção Cartas: maniadigital@globo.com. br. A correspondência pode ser publicada de forma reduzida. Envie seu nome completo e a cidade onde mora.
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Bichinhos das Cervejas
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Internacionalmente considerado um dos designers gráficos mais influentes dos anos de 1990. O trabalho gráfico deste norte-americano é o mais copiado pelos jovens designers, aspirantes a vanguardistas.
David C
um jeito inovad
É na cidade de Zurique, no nordeste da Suíça, que o artista norte-americano David Carson comanda o seu império criativo, a David Carson Design, Inc. Sua lista de clientes possui nomes que vão desde a gigante American Airlines até a publicação alternativa de skate Transworld SKATEboarding. E ele não é ‘somente’ uma lenda viva do design: David já figurou entre os dez melhores surfistas do mundo pelo ranking da Associação de Surfistas Profissionais (ASP). Tom Dennis, editor da Mania Digital, entrevistou o génio. MD: O livro The Rules of Graphic Design [As Regras do Design Gráfico, sem tradução no Brasil] é um título inusitado para alguém que tem gosto por quebrar regras. O que você explora nesse livro e o que o motivou a escrevê-lo? DC: As pesso-
as também acharam que o título The End ofPrint [O Fim dosImpressos, também sem tradução no Brasil] era inusitado. Pensei que já era a hora de existir um livro com as regras do design gráfico - tanto as boas quanto as ruins, as novas e as velhas. Ouvi muito sobre esse assunto ao longo de minha carreira... Todos nós temos as próprias normas, sejam nossas ou de outros. Pedi que algumas pessoas me mandassem suas regras e obtive retornos muito bons; aliás, muitas delas estão no livro. Algumas pessoas chegaram a ilustrar sua resposta ou a fazer um design para ela. DC: Enquanto trabalhava nas revistas Beach Culture e RayGun, imaginava que um dia estaria produzindo livros ou, em outras palavras, formulando regras e códigos para o design? DC: Na verdade, não comecei minha carreira com a in-
sificariam como inúteis em âmbito artístico. Por que destacar esse aspecto em seus tra-balhos? DC: Se classificarmos as coisas do dia-a-dia como sendo inúteis, viveremos em um mundo sem graça. Se eu conseguir encontrar beleza e interesse nessas mesmas coisas, terei uma experiência de vida mais rica. O observador só pode ter uma perspectiva diferente do mundo quando se interessa por coisas que normalmente não notaria. Tudo isso pode ajudá-lo a aproveitar o momento e a perceber as coisas à sua volta. MD: Os designers precisam colocar mais ênfase na legibilidade ou no estilo de uma fonte? DC: Não é necessário escolher uma coisa só. A emoção de uma obra e sua tipologia são igualmente importantes na transmissão de uma mensagem. Com sorte, a tipografia normalmente segue o design do elemento. Mas eu diria para sempre escolherem uma fonte que expresse o
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dor de fazer design DC: Não. O que importa é ter um senso intuitivo de design, escutá-lo e explorar isso por meio do seu trabalho. Crie regras que funcionem para você e para o tipo de trabalho que faz. MD: Muitos de seus trabalhos dependem de certo nível de inteligência e interacão por parte do observador. Os designers tendem a subestimar o seu público? DC: Normalmente, sim. Contudo, ando vendo trabalhos melhores ultimamente, dos mais diversos lugares. Aqui em Zurique há muitos designers gráficos bons, que merecem o reconhecimento do público. Na maioria das vezes são publicitários de grandes agências que tendem a subestimar horrivelmente a inteligência dos seres humanos. MD: Você costuma utilizar objetos do dia-adia em seus projetos, coisas que as pessoas clas-
estilo da mensagem, antes da legibilidade. MD: Que designers contemporâneos você admira e por quê? DC: Aprecio qualquer um que experimente algo diferente. Os trabalhos de design precisam ser subjetivos para se tornarem interessantes e valiosos. Qualquer um pode comprar o mesmo software e fazer um cartão de visitas ou uma newsletter. Mas ninguém pode copiar o seu passado - sua infância, seus pais, suas experiências de vida. É daí que surgem os trabalhos mais interessantes, e também os mais divertidos. MD: A tipografia possui um papel menor em sua carreira atual do que no começo dos anos 1990. A paixão por ela acabou? DC: Felizmente o meu trabalho evolui, mas a abordagem básica permanece a mesma - inter-
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tenção de criar livros. E o mesmo vale para revistas. O que sempre tive em mente era a vontade de ‘brincar’ no ramo criativo. Livros são divertidos de se fazer. Meu último lançamento foi há cinco anos, então eu pensei, ‘por que não?Talvez seja a hora’. Ou talvez não. Não penso nos livros como um modo de criar regras ou códigos, e sim como pontos de partida de inspiração para as pessoas que, a partir de minhas obras, irão seguir seus próprios caminhos. Um dos maiores elogios que recebo quando dou palestras é quando as pessoas me dizem que as deixei com vontade de trabalhar, ou que as fiz repensar seus projetos e hoje elas estão mais felizes. MD: Você não seguiu o curso normal de apren-dizado em design [David é formado em Sociologia pela San Diego University]. Os designers precisam aprenderas regras apenas para quebrá-las?
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pretar a emoção de uma peça por meio do design. MD: Sua formação em Sociologia o influencia em seu trabalho? DC: Estou sempre interessado na resposta do observador. Gosto de saber quem é o público e qual é a melhor maneira de me comunicar com ele.Troquei a área de desenho pela editorial porque acho mais interessante ler uma história real sobre uma pessoa ou um fato e tentar interpretá-lo. Minha formação não afeta diretamente o estilo dos meus trabalhos, mas me conduz a determinados tipos de projeto. MD: Quando trabalha em um projeto de longo prazo, como a edição de arte de uma revista, quando sabe que é hora de segui r em f rente? DC: Quando o trabalho não me consome mais é hora de passar para o próximo. MD: Seus trabalhos mais recentes, como a campanha para a marca de surfe Quicksilver, são mais ‘belos’ se comparados a projetos mais antigos, especialmente em termos de harmonia de cor. Essa transição foi natural ou intencional? DC: A resposta para qualquer problema de design está sempre dentro do próprio projeto: quem é o público; qual é a mensagem; o que o cliente fez recentemente; onde o trabalho será visto ou lido. No trabalho da Quicksilver, o problema era destacar zilhões de fotografias coloridas em um ambiente já lotado, que é o da revista de surfe. A partir disso, escolhi recortes que forçassem o observador a olhar para a imagem
de modo diferente, reparando no anúncio e gastando um tempo na tentativa de compreendêlo. Em outro nível, isso também transmite uma boa mensagem sobre a empresa: que eles experimentam coisas novas, são progressivos ou qualquer coisa do tipo. E, felizmente, as pessoas acham que o produto possui as mesmas características da marca. MD: Você voltou a trabalhar no Quark. Os designers dependem muito das habilidades dos softwares hoje? DC: Com certeza. Trabalho com basicamente um programa, que é o Quark. O importante não é saber todos os truques. O bom design vem das decisões mais básicas - recorte, escolha de fonte... Se você não possui olho para a coisa, não é um programa que fará tudo por você. Esse é um dos motivos pelos quais vemos tantas revistas bem desenhadas hoje, mas quase nenhuma que realmente se destaque. Os designers ficam preguiçosos e deixam que o software tome as decisões. Seu computador não deve dizer qual é a distância correta das colunas de texto; é você quem precisa tomar essa decisão. Tirem o título, o subtítulo e o bylineda mesma caixa! MD: Qual é a sua opinião sobre o circuito mundial de palestras de design, que cresceu muito nos últimos anos? Parece que alguns designers se ocupam mais dando palestras do que produzindo. DC: Se as palestras inspiram as pessoas a fazer trabalhos melhores ou algo novo no qual elas nunca pensaram ou tentaram antes, então as palestras são uma coisa muito boa. MD: Qual é a melhor praia de surfe do mundo inteiro? DC: A que fica no meu quintal, em Tortola, nas Ilhas Virgens Britânicas. Sério!
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Mestre dos traços e da mús
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100 anos de muita caricatura, charge, cartum e marchinhas
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ascido no Rio de Janeiro, em 11 de novembro de 1910 e falecido em 1996, Antônio Gabriel Nássara, ou simplesmente Nássara, foi um dos mais importantes e criativos artistas brasileiros do século XX e na comemoração do seu centenário completado no final do ano passado, a Editora Record fez chegar às livrarias “Nássara Passado a Limpo”, escrito por Carlos Didier. Considerado como um dos grandes criadores de sucessos carnavalescos das décadas de 1930 e 1940, ficou definitivamente conhecido por seu estilo de parodiar ou citar composições famosas em suas próprias músicas. Muitos de seus sucessos, utilizavam esse recurso: em “Periquitinho verde”, em parceria com Sá Róris, citou “Mamãe eu quero”, em “Nós queremos uma valsa”, há uma citação da “Valsa dos Patinadores”, de Emil Waldteufel, e a marcha “Pombinha branca” é uma paródia da valsa “La Paloma”. Entre suas obras mais famosas está a marcha “Alalaô”, cantada até hoje, em todos os bailes carnavalescos pelas novas gerações, nos dias em que o calor está muito forte. Foi o compositor do primeiro “jingle” do rádio brasileiro. Em 1927, começou a trabalhar como caricaturista no jornal “O Globo”, do Rio de Janeiro. Na ENBA (Escola Nacional de Belas Artes), onde estudava,
conheceu vários amigos com os quais criou um grupo musical o Conjunto da Enba. Entre os integrantes estavam J. Ruy, Barata Ribeiro (pai do humorista Agildo Ribeiro), Jacy Rosa e Mário Henrique Xavier. Tocava pandeiro, e, para “crooner” do grupo, ele chamou o companheiro de boêmia em Vila Isabel, o cantor Luís Barbosa, por quem tinha grande admiração. Em 1930, compôs sua primeira música, intitulada “Saldo a meu favor”. No ano seguinte, teve sua primeira música gravada, “Para o samba entrar no céu”, em parceria com Almirante e J. Rui e gravado na Victor por Almirante e seu Bando de Tangarás. Começou no rádio em 1932, trabalhando como “speaker” (locutor) no “Programa Casé”, da Rádio Phillips. Antes de redigir o texto em que apresentaria o programa, informou-se com Casé sobre quem eram os anunciantes. Assim escreveu o seguinte texto: “Dei um automóvel Cadillac a ela: não fez efeito; um apartamento dos maiores do Rio: também não fez efeito; no entanto, com duas pílulas de Manon purgativo, o efeito foi rápido e surpreendente”. Casé gostou e pediu-lhe que criasse um anúncio para a Padaria Bragança, um dos anunciantes do programa, que ficava na Rua Voluntários da Pátria, no bairro carioca de Botafogo. Imaginando que o dono fosse português, compôs um fado que
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Ăşsica
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O povo, que estava condenado a só cantar marchinhas de melodias portuguesas, passou a solfejar melodias de Chopin, Mozart...
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começava assim: “Ó padeiro desta rua/ tenha sempre na lembrança/ não me traga outro pão/ que não seja o pão Bragança”. O “Programa Casé” foi um dos grandes sucessos radiofônicos dos anos 1930, e ele, que lá permaneceu seis meses, muito contribuiu para esse êxito. Depois dessa sua participação, criou seu próprio programa, o “Talismã”, que começava meia hora antes do de Casé. Nesse programa, ele criou um personagem, o Antônio Paraíso, um malandro muito inteligente. O programa, no entanto, não teve longa duração. Ainda em 1932, quando trabalhava no jornal “Mundo Sportivo”, participou da organização do primeiro concurso de escolas de samba, patrocinado pelo jornal. Foi ainda nesse ano que compôs seu primeiro sucesso, “Formosa”, em parceria com J. Rui, lançada pela primeira vez por Luís Barbosa no programa “Coisas Nossas” da Rádio Clube do Brasil e gravado na Odeon em dueto por Francisco Alves e Mário Reis e que foi um dos grandes sucessos do carnaval do ano seguinte. Em 1933, mais três de suas marchas foram gravadas na Odeon por Francisco Alves, “Dois amores” e “Tipo sete”, vencedora do
Capa do Pasquim, o semanário que mais combateu a ditadura militar
concurso de carnaval daquele ano, parcerias com Alberto Ribeiro e “Maria Rosa”, que também obteve sucesso naquele ano. Na letra dessa marchinha, o compositor cunhou a expressão “mulher fatal”, usada até hoje em nosso vocabulário. Foi a partir dessa música que ele passou a se inspirar em temas operísticos para criar marchinhas carnavalescas. No livro “Nássara”, de Isabel Lustosa, editado pela Relume Dumará, podemos encontrar nas palavras do próprio compositor a seguinte explicação para o recurso que dizia ter aprendido com Lamartine Babo: “Bastava o compositor descobrir uma melodia imortal, ritmá-la carnavalescamente e atirá-la no ouvido do povo. Com letra carnavalesca, é claro. (...) O povo, que estava condenado a só cantar marchinhas de melodias portuguesas, passou a solfejar melodias de Chopin, Mozart, e até Wagner, compareceu algumas vezes no carnaval carioca, sem receber um níquel de direito autoral (“Última Hora”, abril de 1952)”.
Parcerias e gravações Em 1934, teve a marcha “Retiro da saudade”, primeira parceria com Noel Rosa, gravada na Victor em dueto por Carmen Miranda e Francisco Alves. Nesse ano, Carmen Miranda gravou a marcha “Tome mais um chope” e Francisco Alves a marcha “Garota colossal”, uma parceria com Ary Barroso. Por meio do recurso de recorrer a melodias famosas, compôs “Coração ingrato” em 1935, em parceria com Erastóstenes Frazão, que acabou obtendo o primeiro lugar no concurso carnavalesco da Prefeitura naquele ano. No mesmo ano, compôs com Alberto Ribeiro a marcha “Você é quem brilha” e com Francisco Alves a marcha “Muito mais” gravadas por Mário Reis, a primeira na Odeon e a segunda na Victor. Ainda nesse ano, Francisco Alves gravou na Victor a marcha junina “Meu São João”, parceria com Orestes Barbosa
Marchinhas de sucesso Em 1937, mais uma de suas composições foi gravada por Francisco Alves, a valsa “Porque você voltou”, parceria com J. Rui. Fez com Rubens Soares a batucada “Batuque na cozinha” gravada pela dupla Joel e Gaúcho. Teve ainda os sambas “Você me paga o que fez” e “Nunca pensei”, este com Rubens Soares e a marcha “Só um novo amor”, com E. Frazão, gravados por Aracy de Almeida na Victor. No ano seguinte, obteve grande sucesso com a marcha “Periquitinho verde”, em parceria com Sá Róris, gravada pela jovem Dircinha Batista na Odeon. Nesse ano, Nuno Roland gravou a marcha “Sem iaiá não vou”, com Roberto Martins; Dircinha Batista a marcha “Na casa do seu Tomás” e o samba “Disse um poeta”, parcerias com J. Cascata; Jararaca a marcha “Flauta de bambu”, com Sá Róris, e Francisco Alves a marcha “Rema, rema (Barqueiro sem voga), com Haroldo Lobo, todos na Odeon e o
Coro Victor e o grupo Diabos do Céu a marcha “Beija-flor”, com Alberto Ribeiro. Ainda em 1938, com seu parceiro mais constante, Erastóstenes Frazão, compôs a marcha-rancho “Florisbela”, que venceu o concurso carnavalesco daquele ano e foi gravada por Sílvio Caldas na Victor. No mesmo ano lançou com êxito o samba “Meu consolo é você”, parceria com Roberto Martins, gravado por Orlando Silva na Victor, que é considerado por boa parte da crítica um dos mais belos sambas da história da MPB.. Em 1939, Dircinha Batista gravou na Odeon a marcha “Acredite quem quiser”, com E. Frazão, e Cyro Monteiro na Victor o samba “Que vida é essa”, com Roberto Martins. Nesse ano, a iniciante Emilinha Borba gravou o samba-choro “Faça o mesmo”, com E. Frazão, considerado o primeiro registro solo da cantora. Em 1940, mais quatro de suas composições foram lançadas por Dircinha Batista, o “Samba de Botafogo” e a marcha “Calma no Brasil”, duas parcerias com E. Frazão e a marcha “O forrobodó” e a batucada “Briga de marido e mulher”, parcerias com Cristóvão de Alencar. Nesse período, outras duas parcerias com E. Frazão foram gravadas por Gilberto Alves, a marcha “Segredo em boca de mulher” e o samba “Um traço qualquer”. Em 1941, o então iniciante Luiz Gonzaga gravou ao acordeom a valsa “Nós queremos uma valsa”, com E. Frazão. Teve nesse ano, duas parcerias com Haroldo Lobo gravadas por Carlos Galhardo a marcha “Aleluia” e o samba “Adeus Araci”. Ainda em 1941, foi lançado um dos seus maiores sucessos, a marcha “Alalaô”,
Em 1941, foi lançado um dos seus maiores sucessos, a marcha “Alalaô”, em parceria com Haroldo Lobo e gravada ano anterior por Carlos Galhardo
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e Aracy de Almeida, a marcha “Que baixo”, a segunda parceria com Noel Rosa, Teve duas composições gravadas pela dupla Joel e Gaúcho em 1936, a marcha “Que Deus te ajude”, com Castro Barbosa e o samba “Vou lhe pedir um favor”, com Cristóvão de Alencar. Com o mesmo parceiro fez a marcha “Cuidado com essa morena!” gravada por Jaime Vogeler. Também em 1936, obteve sucesso com a marcha “A .M.E.I” gravada na Victor por Francisco Alves que lançou também a marcha “Parei com elas”, com Alberto Ribeiro, e o samba “Q que é que você quer mais”, com Roberto Martins.
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em parceria com Haroldo Lobo e gravada em novembro do ano anterior por Carlos Galhardo, com célebre orquestração de Pixinguinha, que acrscentou três ou quatro enxertos de sua autoria e usou o recurso de modular (para Lá maior) na sessão instrumental, dando-lhe mais brilho, mas retornando ao tom original (Sol maior), mais confortável ao intérprete.
Presença marcante de Pixinguinha O próprio compositor e Carlos Galhardo se surpreenderam no dia da gravação, quando Pixinguinha trouxe o arranjo: “Pixinguinha tinha dividido a melodia em compassos marcantes, saltitantes, brejeiros, originais, vestindo-a com roupagem da alma popular. E eu tive uma sorte danada porque “Alalaô” ficou sendo uma das músicas mais tocadas no carnaval. Das que fiz, foi a única música que me rendeu alguma coisa”. No mesmo ano, Carlos Galhardo ainda lançou “Nós queremos uma valsa”, parceria com Frazão. Foi uma novidade que agradou muito aos foliões e principalmente o Rei Momo de então, o jornalista Morais Cardoso, que era gordo demais e mal podia dançar os sambas e marchinhas mais agitados. Por
iniciativa dele, a valsa acabou sendo sua música oficial naquele carnaval. Segundo o autor: “O Morais nunca teve um carnaval tão tranqüilo”. Em 1942, a marcha “Sabemos lutar”, parceria com E. Frazão, foi gravada por Francisco Alves na Odeon. Nesse ano teve sua primeira parceria com Wilson Batista gravada, o samba “Vou botar no fogo” registrado na Victor por Nilton, Jaime e os jogadores do time de futebol do Flamengo. No ano seguinte, fez com E. Frazão as marchas “O Danúbio azulou!” e “Sai, quinta coluna”, alusivas ao clima de guerra vivido na ocasião e gravadas pela dupla Joel e Gaúcho e o “Samba de Copacabana” lançado por Cyro Monteiro na Victor. Fez também com E. Frazão o sambacanção “Nossas vidas...sempre iguais”, o samba “Duas negativas”, a marcha “Querida Leonor” e a marcha-frevo “Falte tudo” gravadas por Orlando Silva na Odeon. Em 1944, compôs com Rubens Soares a marcha “Sete galinhas” gravada pelo grupo Quatro Ases e Um Coringa, com Haroldo Lobo a marcha “No céu é assim” lançada por Nelson Gonçalves, com “Wilson Batista o samba “É tudo meu” e com Roberto Martins a marcha “De papo cheio” as duas últimas gravadas pelos Anjos do Inferno na Continental. Em 1945, mais uma parceria com E. Frazão foi gravada por Orlando Silva, a marcha “Paz na terra”. Em 1948, fez com J. Batista a marcha “A mulher e a galinha” gravada por Dircinha Batista. Seu primeiro grande sucesso com Wilson Batista foi “Balzaqueana”, gravada em 1950, com sucesso, por Jorge Goulart na Continental. O título foi tirado do famoso romance de Balzac “A mulher de trinta anos”. A marchinha caiu nas graças dos franceses, e Michel Simon,
radialista e adido cultural da embaixada francesa no Brasil, fez para a música uma versão em francês (“Pas de tendron, non, non/ pas de tendron...” ) que foi lançada na França por ocasião das comemorações do centenário do escritor francês. Um exemplar da gravação original está entre as relíquias do escritor, em um museu dedicado a sua obra, a Casa de Balzac, na França. A dupla repetiu o sucesso em 1951, com “Sereia de Copacabana”, e em 1952 com “Mundo de zinco”, também gravados por Jorge Goulart na Continental. No ano seguinte compôs o samba “Chico Viola”, em homenagem a Francisco Alves, recentemente falecido em acidente automobilístico, que foi gravado por Linda Batista. Em 1954, fez com Waldemar de Abreu o samba “Alegria de pobre” gravado por Odete Amaral na Odeon e com Osvaldinho o samba-canção “Desprezo” gravado por Carlos Galhardo na RCA Victor. Em 1956, Célia Vilela gravou na Todamérica o fox-trot “O resto eu faço”, parceria com Wilson Batista e Pixinguinha e sua Banda, gravaram pela Sinter o LP “Carnaval e Nássara”, com seus antigos sucessos. No ano seguinte, o humorista Zé Trindade gravou a “Marcha do capacho”, parceria com Valdemar de Abreu. No final da década de 1950, desiludido com os esquemas de comercialização do carnaval,
diminuiu sua produção. Voltou a compor em 1968, lançando “O craque do tamborim”, em parceria com Luís Reis. No mesmo ano prestou depoimento sobre sua vida ao MIS (Museu da Imagem e do Som) do Rio de Janeiro. Em 1972 voltou a trabalhar como desenhista, fazendo 12 capas dos LPs da série “No tempo dos bons tempos”, da Phillips/Fontana. Já havia ilustrado capas de LPs, sendo uma das mais famosas a do também famoso LP “Polêmica”, com caricaturas antológicas de Noel Rosa e de Wilson Batista. Na década de 1970, colaborou no semanário carioca “O Pasquim”. Sua obra como caricaturista foi tema do livro “Nássara desenhista”, de Cássio Loredano editado pela Funarte em 1985. Na década de 1980, foi homenageado na série Carnavalesca, da Sala Funarte/Sidney Miller, com o espetáculo “Alalaô”, escrito e dirigido por Ricardo Cravo Albin e no qual sua obra foi apresentada por ele mesmo em palco e cantada por Carlos Galhardo e Marília Barbosa. Em 1990 foi homenageado com uma exposição de várias caricaturas suas, feitas por jovens caricaturistas, realizada no Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro. Em 1996 ilustrou o livro infantil “Moça perfumosa, rapaz pimpão”, de Daniela Chindler, que não chegou a ver publicado, pois faleceu antes.
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Na década de 1970, colaborou no semanário carioca “O Pasquim”. Como caricaturista foi tema do livro “Nássara desenhista”, de Cássio Loredano
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O futuro do
FLASH Web
Muitas das atualizações do Adobe Flash Player 10 foram criadas para resolver os problemas que os designers tinham nas versões anteriores.
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Flash Player 10 é mais uma das armas A chegada do Flash Player 10 foi celebrada da Adobe para dominar o mercado por todos os designers, mas alguns foram rápivirtual. Com uma atualização que pro- dos para fazer as primeiras reclamações sobre mete maior performance e alcance, o o potencial da atualização. Christian Auth, da lançamento do programa foi ansiosamente aguar- agência alemã Scholz & Volkmer, é um amante dado pela comunidade criativa. do Flash. Em suas próprias palavras, “é a úniA nova versão conta principalmente com uma ca tecnologia que permite a criação de intermelhoria de performance por conta do uso mais faces sofisticadas e de grande impacto que aproveitável do hardware. Outros destaques do Flash combinam imagens, motion design e vídeo”. Player 10 são filtros e efeitos customizáveis, layout de Mesmo Christian dizendo que o 3D no Flash é texto avançado, uma API de desenho aperfeiçoada prejudicado por problemas de performance, o (que permite a criação de formas sofisticadas sem a designer acredita que a atualização provocará necessidade de digitação de códigos), além de no- um aumento significativo na procura de bibliovos sons e APIs 3D. De acordo com a Adobe, esse tecas 3D e dará à sua agência mais oportunidaconjunto de melhorias foi implementado para va- des de criar interfaces inovadoras e novos conlorizar a criatividade e ceitos de navegação. a interatividade nas exJacek Karaszewski, É fácil se empolgar com os periências da internet, efeitos 3D. Isso pode levar a uma da agência de novas míde modo a alcançar um proliferação de logos típicos da web dias Endorfine, em Varnível que só será possível sóvia, na Polónia, está 2.0, só que dessa vez em 3D mais cauteloso acerca no desktop. das novas oportunidaAndrew Shorten, evangelista da Adobe, destaca que as novidades des 3D do programa. Mesmo curioso, Jacek irá 3D do Flash Player 10 possuem o potencial de mu- esperar para conferir o que os designers mais dar o modo com que designers trabalham com ousados inventarão primeiro.”É fácil se empolgar a internet. Ele conta que a Adobe simplificou a com os efeitos 3D. Isso pode levar a uma prolifetransformação e a animação de objetos 2D em ração de logos típicos da web 2.0, só que dessa 3D. Além disso, os novos filtros e efeitos custo- vez em 3D.” Por esse motivo, sua atenção está fomizáveis permitem a criação de designs fluidos e cada nas melhorias do Flash no que diz respeito ainda assim realísticos. “Espero ver os designers ao plano 2D. “Um bom exemplo é a habilidade aproveitando essa evolução para tornar o 3D um de se criar filtros e blending modes customizápadrão de experiência da internet”, torce Andrew. veis”, aponta. ‘Uá tive muitos problemas na re-
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01 As novidades do flash devem facilitar a vida de profissionais que trabalham com vídeo na web de forma mais elaborada, explorando novos layouts.
02 O action script 3 permite mais controle por parte dos programadores unindo programação, animação e interação na medida certa.
criação de layouts do Photoshop no Flash. Isso irá resolver os meus problemas.” Andrew Shorten conta que muitas das atualizações do Flash Player 10 foram criadas para resolver os problemas que os designers tinham nas versões anteriores do programa. Uma das maiores reclamações dos artistas era a necessidade de um suporte de texto melhor. “No Flash Player 10 adicionamos uma nova ferramenta de layout de texto que permite o acesso mais fácil a eles”, explica. “Quando combinado com novos componentes de layout de texto, ele oferece layouts da direita para a esquerda e verticais, além de textos que flutuam sobre os objetos.” De acordo com Andrew, isso facilitará a internacionalização do conteúdo das aplicações criadas pelos designers. Entretanto, as novas ferramentas de texto não dizem respeito apenas à tradução. Christian Auth notou que agora o Flash pode fornecer o controle tipográfico tão desejado pelos designers, diminuindo o tempo de construção de um projeto criativo. Para ele, os avanços do Flash Player 10 vão permitir o desenvolvimento de designs tipograficamente mais sofisticados e de melhor qualidade. Christian também é otimista em relação à nova API de desenho, porém, ainda tem dúvidas sobre o conjunto de ferramentas existente para essa aplicação e sua funcionalidade. O maior desejo de Christian é poder criar animações dinâmicas sem ter dores de cabeça.
O Flash também parece estar ganhando adeptos da área de jogos - principalmente online - e de desenvolvimento de aplicações. Juntamente com as melhorias 3D já mencionadas, Alistair Macdonald, designer da agência digital londrina Kerb, afirma que seu maior interesse no Flash Player 10 está na nova API de som do programa. Para ele, a propriedade irá permitir que os designers sintetizem e seqúenciem músicas dentro do Flash, possibilitando que o usuário final altere o som no próprio programa. Contudo, ainda há um número de mudanças que ainda não chegou para Alistair. “A construção de cursores customizáveis!”, exclama. “Gostaria muito de poder criar botões e cursores sem ter que usar um boneco customizado que siga a posição da seta.” Alistair comemora a chegada de novos métodos de referência aos arquivos, que permitem o salvamento e o carregamento a partir do desktop do usuário. “Essa é uma notícia fantástica para quem constrói editores de nível: podemos salvar um arquivo XML com todas as informações nele.” Sempre que os computadores ficam mais poderosos, os responsáveis pelas suas inovações voltam à estaca zero. A Adobe sabe disso mais do que ninguém. “É por esse motivo que estou focado nas promessas de aceleração de hardware do Flash Player 10” afirma Jacek. “Não consigo nem imaginar as possibilidades que o Flash apresentará quando mais uma barreira tecnológica for quebrada.” Nem Jacek, nem ninguém.
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Photoshop
Vamos explorar efeitos gráficos de profundidade de campo e fotorrealismo de alta qualidade
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design gráfico sempre foi uma medida de controle estético por meio da organização da imagem. Todavia, os estilos digitais vêm exigindo um processo bem mais orgânico – quase um caos controlado. Os estilos contemporâneos vêm acatando o visual fraturado dessa disciplina, embora sejam bem mais generosos em sua aplicação de ilustrações e fotos. O foco é criado com o auxílio de detalhes altamente intrincados e uma simetria básica. Paletas temáticas representam um papel fundamental, sendo os mais atraentes espectro de branco, preto e vermelho. Este tutorial ensinará meios de combinar suas imagens armazenadas de maneira mais profissional com edições clínicas, efeitos de camada manejáveis e efeitos especiais belíssimos. Aplicaremos uma gama de ferramentas e técnicas no Photoshop. Os canais são o elemento principal na préprodução; depois, usamos as opções de estilo de camada e camada de ajuste para extrair o melhor dos ajustes de cor. Usamos também efeitos básicos do filtro Blur para sua finalidade principal – criar efeitos sutis, mas eficazes de profundidade de campo. Todos esses efeitos são complementados por uma edição sofisticada de máscaras de camada, mais a aplicação e criação de pincéis, produzindo efeitos comerciais que podem ser aplicados em seus próprios projetos pessoais e profissionais. Os arquivos para este tutorial podem ser encontrados em: http://www.photoshopcreative.com. br/20/92_chaos.zip
1- Corte limpo AbraiStock_000011701532. jpg e selecione a paleta Channels. Duplique o canal Blue e aplique Levels à duplicata até que as sombras e luzes definam bem as bordas. Inverta este canal e pinte a modelo em branco. Dê Cmd/Ctrl + clique na miniatura para selecionar, volte à paleta Layers e copie e cole em um novo documento de 23,5x30,2 cm, 300 dpi. 2- Sombras mínimas Com um fundo cinza clarinho, adicione um dégradé de preto para tr ans parente em uma nova camada, com Opacity a 40%. Adicione uma máscara de camada e crie um efeito e vinheta no pé da imagem. Oculte a camada da modelo e mescle as camadas de fundo. Mostre novamente a camada da modelo e use uma ferramenta Burn a 30%, ajustada para Midtones, com o intuito de criar uma sombra sob a modelo. 3- Efeitos de exposição do canal Ative a paleta Channels, duplique o canal Blue novamente e ajuste-o usando Levels para criar uma exposição mais estourada. Selecione esta camada duplicada com a ferramenta Marquee, ative a paleta Layers e copie/ cole na pilha de camadas. Ajuste para um modo de mesclagem Multiply, com Opacity a 50%, Fill a 80%. 4- Espaço no espaço Aplique uma camada de ajuste Black & White. Ajuste o efeito nos deslizantes Red e Yellow antes de aplicar um 75% Fill. Cole a imagem iStock_000002075106.jpg e reposicione-a na
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Efeitos gráficos de profundidade no
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imagem. Duplique, redimensione e edite as camadas espaciais usando máscaras de camada e aplicando o modo de mesclagem Hard Light (veja a captura de tela). Baixe a imagem número 1249801 de www.sxc.hu e cole em sua composição.
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5- Efeitos de ondulação Ponha uma camada de ondulação por trás da camada da modelo. Aplique um modo de mesclagem Soft Light a 60% de opacidade, usando uma máscara de camada para integrar as bordas. Duplique essa camada e aplique uma camada de ajuste de Hue/ Saturation, ativando Colorize. Acerte Hue para 0, Saturation para 57, o modo de mesclagem da camada para Multiply com 40% de opacidade. Use as máscaras de camada para isolar os efeitos de cor às camadas do espaço. Depois, mescle tudo em uma camada só. 6- Modelo de deslocamento Baixe e abra a imagem número 464536 de www. sxc.hu e crie uma forma de deslocamento com ela. Para isso, desbloqueie a camada, ative a ferramenta Marquee, clique com o botão direito na camada e selecione Color Range. Escolha Highlights e dê Cmd/ Ctrl + X. Diminua a saturação e aplique Filter > Artistic > Cutout; acerte Number of Levels para 8, Edge Simplicity para 7, Edge Fidelity para 3. Você pode editar essa forma antes de copiá-la e colá-la em seu arquivo de imagem.
7- Seleções de deslocamento Dê Cmd/Ctrl e clique na miniatura de camada dessa forma de deslocamento e copie/cole a partir da camada mesclada. Você pode fazer isso várias vezes, movendo e redimensionando camadas de deslocamento duplicadas, criando efeitos de deslocamento (veja a ilustração). Oculte a camada mesclada. Selecione uma ferramenta Ellipse branca e desenhe um círculo grande por trás da camada da modelo. Selecione Gradient Overlay nas opções de estilo de camada (Fx). 8- Função Gradient Overlay
Aplique um Gradient Overlay de preto para branco a um ângulo de 151 graus. No mesmo menu de opções, selecione Drop Shadow, acertando o modo de mesclagem para Color Burn, opacidade para 64%, ângulo para 104 graus. Acerte Distance para 85 px, Spread para 10%, Size para 25 px. A seguir, aplique uma máscara de camada e pinte sobre a parte de cima desta forma com um pincel preto suave. 9- Simetria e efeitos de pintura Você pode criar mais planetoides com essas técnicas e ajustes nas Fx, dando profundidade à imagem. No lado oposto, desenhe um grande círculo cinza e aplique o modo de mesclagem Multiply a 40% de opacidade, apagando as bordas com uma máscara de camada. Abra A 16768.jpg de nosso arquivo e vá a Color Range > Select > Highlights, recortando o valor branco. Reduza a saturação e copie/ cole em sua imagem.
Alinhe essa camada da tinta com o cotovelo esquerdo da modelo. Aplique um Gradient Overlay de vermelho para preto, com opacidade de 72%. Ajuste o Blend Mode para Multiply e Angle para -158 graus. Abra iStock_000002112740.jpg. Copie/ cole os buracos de bala na imagem. Redimensione e posicione no torso da modelo. Ajuste para Overlay e mascare as bordas. Copie a camada. 11- Profundidade de campo Usando as técnicas dos passos 9 e 10, cole outras imagens de tinta e aplique Gradient Overlay. Para afetar a leveza de um dégradé, abra a janela Layer Style e use a ferramenta Move para posicionar o efeito. Construa as camadas do fundo para a frente, redimensionando e adicionando Gaussian Blur para criar profundidade de campo. 12- Regras de profundidade As texturas de tinta do fundo são menores. Os elementos do primeiro plano têm efeitos fortes de Gaussian Blur. Crie elementos de tinta branca com Copy > Paste > Desaturate; aplique um Color Overlay branco ajustado para Color Blend Mode e ajuste. 13- Efeitos de esfera Selecione a ferramenta Eclipse, segure Shift, arraste e crie um círculo vermelho-escuro grande. Rasterize a forma e dê Cmd/Ctrl + clique na miniatura da camada. Selecione um pincel Midtones Dodge a 30-40% de opacidade e aplique com um pincel que se encaixe à for-
ma. Com um pincel suave branco menor com opacidade de 40%, aplique por cima do pincel Dodge. 14- Vários estilos Você pode trabalhar também na borda das formas, complementando o efeito 3D. Como com as camadas de tinta, é possível copiar, redimensionar e desfocar formas esféricas, aumentando o efeito de profundidade de campo. Para criar esferas pretas e brancas, pinte formas rasterizadas com cinza claro e escuro. Edite os níveis para elevar os efeitos da exposição. 15- Adicione mais elementos Com todas essas técnicas, você pode construir elementos intricados para complementar a profundidade de campo. Adicione elementos que criem movimento e simetria, como os peixes nesta cena. Eles foram copiados/colados, redimensionados e ajustados com a ferramenta Warp e, em seguida, um Color Overlay (Linear Burn) foi aplicado. 16- Toques finais Alguns efeitos adicionais complementarão a estética de sua peça gráfica e seu detalhamento. Aplicamos uma imagem de catálogo de “luz noturna” com modo de mesclagem Screen. Também usamos uma camada de ajuste de Hue/Saturation (ajustada para Colorize), integrada com uma máscara de camada. Por fim, um retoque leve com as ferramentas Dodge e Burn e um filtro Smart Sharpen foram aplicados à camada mesclada final.
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10- Buracos de bala
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Por Jason Arber
AAUnião entre caos e criatividade União entre caos e criatividade
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ostumo irritar muito o Chris, colega de trabalho que senta ao meu lado. Não é por causa do meu cheiro ruim e nem por cantar músicas do Abba durante o serviço (mesmo sendo razões suficientes para tanto). O problema é minha mesa, que é o equivalente corporativo de se compartilhar um quarto com um mendigo que cheira à urina. A mesa do Chris é um sinónimo de limpeza e trabalho organizado. Tudo possui seu lugar correto e seus itens são guardados assim que utilizados. De vez em quando, ele até se aventura debaixo das mesas armado com cabos para amarrar os fios nos quais encosta as pernas. O que faz com que Chris queira me dar um soco é o fato de a minha mesa não poder ser arrumada. Canetas, fones de ouvido e até pratos com burritos mordidos fazem excursões até seu território, avançando como a lava de um vulcão que acaba de entrar em erupção. ‘Mesa arrumada, mesa limpa’ parece ser um axioma bom com o qual se viver, mas, por alguma razão, fico infeliz ao pensar em aplicá-lo ao meu modo de trabalhar. Sou levado por aspectos randomicos da vida, e minha mesa reflete isso. Quando tudo é deixado no local correto, entro em paradigmas pessoais e idiossincráticos sem solução. Todos gostam de personalizar seu ambiente de trabalho e deixá-lo com a sua cara. O pior inimigo da personalização ocorre quando você é jogado em um canto que originalmente não servia para caber uma mesa decente. Infelizmente, é um experimento social cruel muito praticado por agências de publicidade e empresas do ramo. Tremo só de pensar que isso pode acontecer comigo um dia. Onde eu colocaria meus bonecos japoneses, toy arts, porta-retratos e potes de macarrão instantâneo? Sinceramente, você não pode ser um designer respeitado se não possuir algumas parafernálias de Guerra nas Estrelas. Isso inclui um sabre de luz para que possa representar o duelo entre Luke Skywalker e Darth Vader com o colega ao lado, mesmo que ele tenha que usar a caixa de toner da impressora como arma. Parece que alguém jogou uma granada em cima da minha mesa, mas ela possui, sim, certa ordem. Tudo de que preciso está a curto alcance. Posso colocar minhas mãos em uma caneta, no mouse pad, em uma régua ou em um pacote de amendoins caramelizados sem ter que tirar os olhos da tela. Contudo, confesso que até eu tenho chiliques de purificação, o que acontece quando meu Mac fica tão bagunçado que não consigo encontrar nenhum arquivo. Coloco minha roupa protetora, pego um par de pinças e organizo as pilhas de papel que se acumularam em minha mesa. Com um ar de descoberta, encontro storyboards e moodboards que pensei haver perdido e precisei refazer. Uau, um cheque que deveria ter compensado! E soldados vietnamitas que não sabem que a guerra já acabou! Com um ar de satisfeito, percebo que agora minha mesa está brilhando, os pássaros estão cantando e o sol saiu de trás de uma nuvem. Porém, assim que terminar meu trabalho, o caos reaparecerá do nada: uma luz trará poeira às latas de Coca-Cola, pedaços de papel surgirão do nada e pratos novos cobrirão os velhos. Chris irá suspirar e o ciclo, começar mais uma vez.
Sobre Jason Arber Co-fundador da Wyld Stallyons, empresa de animação e motion graphics de Londres, Reino Unido. Jason já trabalhou para clientes como MTV e ITV. Seu curta-metragem, Black Sun (Sol Negro, em tradução literal), está na fase de design. Para saber mais, visite www.wyld stallyons.com.