Edição 08

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ANO 3 | EDIÇÃO 8

Crescimento da Hidroponia no Brasil Gabriel Soares

Software gerencia a propriedade agrícola

Zangalli: Diversificar é a solução

Alan Roger Machado

8º Encontro Brasileiro de Hidroponia

Pedro Furlani: Especialista no setor, fala de sua visão sobre a evolução da Hidroponia no país.

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ESPECIAL

Especial

8º ENCONTRO

BRASILEIRO DE

HIDROPONIA

Troca de informações entre produtores, pesquisadores e empresas foi um dos destaques do evento, que, em setembro, reuniu 190 pessoas em Florianópolis

F

lorianópolis (SC) sediou, nos dias 19 e 20 de setembro, o 8º Encontro Brasileiro de Hidroponia. O evento foi organizado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e pelo Laboratório de Hidroponia (LabHidro), do Departamento de Engenharia Rural do Centro de Ciências Agrárias. A atividade teve como objetivo promover a interação entre os produtores de hidropônicos, o compartilhamento de suas experiências, bem como permitir o intercâmbio de informações com os palestrantes e as empresas. “O encontro foi muito enriquecedor, um momento de troca de informações, tecnologia e novidades”, conforme o coordenador do evento, Jorge Barcelos. “Os produtores me disseram que não tem dinheiro que pague o que eles aprenderam durante o bate-papo, as conversas durante o intervalo das palestras”, acrescentou. O encontro contou a participação de 190 inscritos, entre produtores, pesquisadores e fornecedores 22 |

nacionais e internacionais. “Ele respondeu à nossa expectativa, foi um grande sucesso e vem crescendo ano a ano. Desta vez, tivemos que montar uma estrutura na área externa do hotel para abrigar 26 estandes de empresas. No total, foram 35 empresas patrocinadoras”, destacou Barcelos. O pesquisador disse que a Hidroponia vem se desenvolvendo no Brasil e está ocupando o espaço da agricultura convencional, que sofre com a carência de mão de obra. “A Hidroponia, que eu considero a agricultura do futuro, traz vantagens por apresentar maiores índices de qualidade e produtividade e também por ser um trabalho mais leve e não sofrer tanto com as intempéries climáticas”, comparou. O diretor do CCA, José Carlos Fiad Padilha, ressaltou a importância do encontro. “Acredito muito na Hidroponia, que está na nossa linha de importância”, salientou. “Eventos como esse fazem com que nós, da UFSC, vejamos o quanto é relevante o nosso trabalho para levar o conhecimento à socieda-

de”, observou a vice-reitora da instituição, Lúcia Helena Pacheco. “A Hidroponia é o presente e o futuro. Vemos nela melhores condições de trabalho e sustentabilidade”, completou. O engenheiro agrônomo Paulo Francisco da Silva, da Epagri, também aposta na técnica do cultivo sem solo. “Além de fazer frente à produção dos alimentos, a produção hidropônica também possibilita produzir com qualidade e volume”, sublinhou.


ESPECIAL

ESTRANGEIROS VALORIZAM O BRASIL Representações do Uruguai, Argentina, Paraguai, Angola, Peru e Portugal estiveram presentes no evento. O empresário IgnacioAranzi, de Neuquén, na Argentina, veio ao Brasil com o objetivo de contatar fornecedores para adquirir espuma fenólica para sua empresa, a Hidroponia Del Neuquén. Ele elogiou o atual estágio da Hidroponia brasileira, que considera mais desenvolvida do que a de seu país. “Na Argentina, a técnica ainda é pouco difundida e os produtores estão concentrados na região de Buenos Aires”, afirmou. “Nós nos espelhamos na Europa, mas precisamos olhar para o Brasil, que é a ponta de lança deste tipo de cultivo”, acrescentou. O empresário argentino, porém, vislumbra o crescimento da Hidroponia, caso a intenção do governo da Província de Neuquén, no Sul da Argentina, de investir o dinheiro do petróleo para diversificar a produção de verduras hidropônicas se concretize. “O governador está muito interessado nesta tecnologia”, observou. A empresa de Aranzi se dedica ao cultivo, processamento e venda de produtos hortigranjeiros para supermercados e cozinhas de grandes volumes. Eles plantam principalmente alface, rúcula e manjericão, além de beterraba, cenoura e repolho. “Também estamos fazendo experiências com morango e pepino”, frisou o empresário. Ex-proprietária de uma loja especializada em venda de flores e plantas ornamentais em Luanda, capital de Angola, Maria Helena Costa foi a Florianópolis para conhecer o sistema hidropônico. Ela pretende cultivar rúcula hidropônica e até já definiu o sistema de cultivo. “Vou utilizar o sistema de bancadas individuais adaptado para o meu país, que é bastante quente e úmido”, adiantou. Maria Helena circulava entre os estandes, atenta às novidades, mas ficava sempre de olho nos monitores para não perder nenhuma das palestras do 8º Encontro Brasileiro de Hidroponia. “Está sendo bem interessante e estou aprendendo, por exemplo, como diminuir o calor e escolher o tamanho das estufas”, afirmou. A angolana aposta no sucesso de seu negócio, já que Luanda tem hoje uma população de 5 milhões de habitantes ávidos por produtos diferenciados. “Angola é um país com uma mistura de nacionalidades. As pessoas têm consciência e não se importam em pagar mais por qualidade”, salientou. Há seis anos, o agricultor Vítor Santos, de Leiria, em Portugal, veio ao Brasil para participar de um curso sobre Hidroponia no LabHidro. Gostou tanto que neste ano voltou à capital catarinense, mas já na condição de produtor hidropônico. A empresa Hortofruticolas Vitor Santos produz alface, agrião, salsa, coentro e alho francês em 6 mil metros quadrados de estufas. “Estou gostando muito, fazendo novos amigos e assistindo a palestras bem interessantes”, destacou. | 23


ESPECIAL

PRAGAS E DOENÇAS Causas ou sintomas?

O

cultivo protegido/Hidroponia permite ao agricultor um maior controle ambiental, ao contrário do cultivo convencional, feito em grandes áreas abertas. Porém, os erros de manejo têm grande impacto na produção. Fatores como nutrição, ambiente e água, podem provocar estresse nas plantas, diminuindo a resistência dos vegetais. Por isso, o manejo correto é fundamental, de acordo com o engenheiro agrônomo Wulf Schmidt, da Aquaet Terra Consultoria, de Piracicaba (SP). “Muitas vezes, a causa da doença não é a praga. Os produtores fazem procedimentos de manejo inadequado que não permitem que as plantas se defendam”, observou. O especialista citou o controle da luz nas estufas, que raramente é feito pelos produtores hidropônicos. “O plástico que é bom em Marabá, no Pará, talvez não seja o mais indicado

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para Florianópolis, em Santa Catarina”, argumentou. O manejo nutricional das plantas também requer atenção, segundo ele. “A deficiência de ferro, por exemplo, permite a permeabilidade da membrana celular, que facilita a ação de pragas”, frisou. Em seus habitats naturais, os vegetais estão expostos a um grande número de inimigos, como bactérias, vírus, fungos, nematóides, ácaros, insetos, mamíferos e outros herbívoros. Como as plantas, pela sua natureza, não conseguem escapar deslocando-se, foram desenvolvendo, ao longo do processo evolutivo, outras formas de defesa. Os mecanismos de defesa das plantas contra pragas – como pulgão, ácaros, lagartas e percevejos – e doenças – como oídio, podridões e pintas – podem ser inerentes, induzidos ou “aprendidos”. Estas estratégias podem ser físicas ou mecânicas, de repelência, atração ou intoxicação.


ESPECIAL

TECNOLOGIA

direcionada a estufas e telhados

A

s estufas agrícolas, usadas pelos produtores hidropônicos para o cultivo de folhosas, hortaliças, flores, leguminosas e viveiros de mudas, hoje fazem parte da maioria dos projetos desse sistema de cultivo. Elas permitem o cultivo em um ambiente controlado, totalmente protegido de ventos, chuvas, granizos ou geadas que podem destruir a colheita. “A produção em ambiente protegido possibilita a produção de espécies vegetais em épocas ou locais que não seriam favoráveis os seus cultivos, modificando o ambiente natural com técnicas e estruturas, a fim de maximizar a produção e melhorar a qualidade das mesmas”, disse AlesandroMangetti, gerente comercial da Ginegar Polysack, de Leme (SP). A implantação da estrutura, no entanto, deve ser bem planejada e o produtor hidropônico precisa considerar aspectos econômicos e técnicos antes de fazer o investimento, que não costuma sair barato. “É fundamental que ele avalie as condições climáticas da região onde seu empreendimento está situado. O produtor tem que considerar fatores como relevo, altitude, chuva, granizo, vento, excesso de radiação e temperatura”, afirmou Mangetti, que é engenheiro agrônomo. Também é necessário conhecer as necessidades fisiológicas da planta em questão. “É muito importante saber o que a planta precisa. Se a gente não sabe isso, como conseguirá produzir?”, questionou. O profissional, que roda pelo Brasil acompanhando a instalação das estruturas, salientou que os produtores hidropônicos precisam planejar melhor. “A Hidroponia, como um negócio comercial, precisa ter lucro e, para isso, é preciso um bom planejamento. Infelizmente, andando por aí a gente ainda vê muita estufa e pouco ambiente protegido, onde se tem mais gerenciamento”, criticou. “Não adianta só levantar o pé direito e jogar um plástico por cima se o que se pretende é maximizar a qualidade e a produtividade”, acrescentou. Mangetti lembrou que, ao contrário dos países da Europa, onde há falta de luz natural, há excesso de radiação no Brasil. Isso obriga os produtores a reduzirem a intensidade luminosa com o uso de telas de sombreamento, plásticos e com o uso

Mangetti falou sobre novas tecnologias em estufas e telados

combinado de plásticos e telas de sombra “Isso vai depender da planta a ser cultivada, do local e clima onde se está”, reforçou. O profissional destacou a importância do manejo da luz no crescimento e desenvolvimento das plantas. A forma (direção) com que a luz entra no ambiente protegido pode afetar significativamente, de forma positiva ou negativa, o desenvolvimento dos vegetais. Além da quantidade e da maneira como ela entra no ambiente protegido, também é extremamente importante a qualidade. “Existem vários tipos de telado no mercado, é preciso cobrar dos fabricantes gráficos indicando as características de cada um”, alertou. | 25


ESPECIAL

Hortaliças de fruto e folhosas em substrato

A

produção de hortaliças frutíferas, flores e outras culturas que têm sistema radicular e parte aérea mais desenvolvidos utiliza recipientes (vasos, sacolas, slabetc) cheios de material inerte como pedras, vermiculita, perlita, lã-de-rocha, espuma fenólica, espuma de poliuretano, fibra de coco, casca de pinus e turfa. O engenheiro agrônomo Luiz Milner, de Piracicaba (SP), mostrou que também é possível utilizar areia como substrato na produção hidropônica. A Chácara Catavento, uma propriedade que fez parte da incubadora da EsalqTec, da Universidade de São Paulo (USP), opera há sete anos com o sistema inovador, no qual as raízes recebem água e a solução nutritiva via gotejamento. A empresa de Milner reutiliza a água drenada, para reduzir o impacto ambiental causado pelo descarte da solução, aumentando a eficiência e a rentabilidade da produção. Também faz pesquisas para reduzir a utilização de fertilizantes e adota o manejo integrado de pragas. No local, eram produzidas folhosas – especialmente rúcula – pepino japonês, pimentões e mini tomates. Recentemente, a empresa voltou a inovar e começou a produção de blueberry (mirtilo), um arbusto originário dos bosques da América do Norte e Norte da Europa, que possui frutos pequenos, de coloração azulada e sabor ligeiramente agridoce. “É uma planta com uma sazonalidade muito grande e estamos buscando soluções para produzir o ano todo”, destacou o engenheiro agrônomo. O mirtilo é cultivado em uma área de 1,6 mil metros quadrados de estufa e a produção é comercializada em Piracicaba, Campinas e Nova Odessa. Milner explicou que o cultivo em areia traz vários benefícios, como baixo custo ao produtor, otimização do espaço

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de areia

Milner usa areia como substrato na produção hidropônica

na estufa e a redução do tempo na renovação das plantas. A técnica também exige menos mão de obra e quase não requer o uso de defensivos agrícolas. A areia é um substrato barato, de fácil desinfecção, que pode ser utilizado por vários anos, segundo ele. O uso de agrotóxicos é menor por causa da elevada oxigenação das raízes das plantas nesse meio. O especialista contou que, como há menos incidência de doenças na areia, a utilização de fungicidas é nula.


ESPECIAL

Morango

HIDROPÔNICO em substrato: experiência e novas tecnologias O engenheiro agrônomo Mário Calvino Palombini, de Vacaria, na Serra Gaúcha, há cerca de dez anos produz morango hidropônico em estufas de ambiente controlado usando novas tecnologias. As principais inovações da Vermelho Natural são um sistema hidropônico conhecido na Europa como “sistema fora de solo”, utilizando somente controle sanitário chamado “resíduo zero”, onde não é feito controle químico (com o uso de agrotóxicos), somente produtos biológicos que não são tóxicos e não agridem o meio ambiente. Neste controle é usado um bacilo antagônico que exerce um controle biológico ao oídio, por meio da produção de substâncias antimicobióticas, o Bacillusthuringiensis, que produz proteínas cristalinas tóxicas a larvas (lepidóptero, díptero e coleóptero) e ácaros predadores. Estes habitam plantas

Palombini produz morango hidropônico em Vacaria

daninhas atraídos, possivelmente, por cairomônios. “É muito semelhante ao orgânico, mas utilizando uma tecnologia mais avançada”, explicou. A propriedade de Palombini também utiliza um sistema de fertilização e irrigação automatizado, por meio de um programa de computador que permite que as plantas sempre se encontrem no estado ótimo de irrigação, nutrição e aeração do sistema radicular. “A automação da irrigação permite uma redução da quantidade de substrato, melhor equilíbrio CE e Ph na drenagem, diminuição de perdas de adubação na lixiviazação e redução de M.O.”, destacou. Como a região de Vacaria é conhecida pelo frio rigoroso, Palombini usa um sistema antigelo para proteger os morangueiros. Ele é acionado quando a temperatura oscila de 2ªC a -12ºC. O outro extremo também é prejudicial às

plantas e exige cuidados. “Temperaturas acima de 32ºC provocam a destruição dos primórdios florais”, ensina. Outra novidade é a utilização da colheita direta na embalagem definitiva a campo, onde na área de classificação somente é feito uma revisão da qualidade dos frutos, o ajuste do peso correto da embalagem, além de ser plastificado e etiquetado. O espaço da Vermelho Natutal é uma área de desenvolvimento de tecnologia, com cerca de 9 mil plantas em nove estufas de linha única. O agrônomo pretende aumentar a área plantada. “Quando se trabalha com fila dupla pode ter 1,5 mil plantas por estufa e é o que pretendo fazer no ano próximo plantio. Um hectare de área total comporta 48 estufas - podendo variar de 48 mil plantas em linha única e 72 mil plantas em fila dupla”, explica.

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ESPECIAL

Diversificação, a opção inteligente da Hidroponia

D

urante muito tempo, as folhosas, especialmente a alface crespa, reinaram sozinhas nas estufas hidropônicas. Mas, nos últimos anos esta situação começou a mudar e hoje, a diversificação já é um fenômeno evolutivo na caminhada e expansão da Hidroponia no país. Aos poucos, os produtores hidropônicos foram experimentando novos produtos e acabando com a monocultura da alface crespa. A folhosa, que deu o pontapé inicial para o surgimento da Hidroponia no Brasil, ganhou a companhia das alfaces lisa, americana, mimosa, vermelha/roxa e romana. “O Brasil é o pais que mais consome alface no mundo. Ainda predomina a alface crespa, mas o consumidor está começando a exigir mais”, afirmou o professor Fernando Cesar Sala, da Universidade Federal de São Carlos. “Diversificação exige mudanças e, às vezes, ousadia do produtor. Buscar novos horizontes não é nada fácil”, disse Sala. A procura pela alface americana também vem aumentando, devido à crocância. Isso acontece porque quando o consumidor procura alface, além da qualidade nutricional,

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ele busca sabor e sensação de bem-estar ao consumi-la. Porém, apesar do crescimento no mercado, a alface americana possui limitações quando cultivada no período de verão na Região Sudeste do país. Por ser uma planta com formação de cabeça, causa danos econômicos de perdas em função de chuvas e outras adversidades. “Alguns agricultores começaram a vender uma alface com características da americana, mas sem a cabeça”, observou Sala. Outra tendência são as mini alfaces, que, embora custem mais caro nas gôndolas dos supermercados, caíram no gosto dos consumidores. A estimativa é de que o mercado dos vegetais em miniatura cresça de 15% a 20% por ano no Brasil. O especialista entende que todos ganharão se os produtores comercializarem as mini alfaces. Isso, no entanto, exigirá mudanças, como a alteração do espaçamento entre as plantas. “Isso é uma grande vantagem, porque o produtor consegue colocar na mesma área quase o dobro de plantas que ele colocaria se utilizasse cultivares de grande porte”, reforçou Sala, que criou um novo cultivar de alface, a Brunela.


ESPECIAL

A evolução

DA HIDROPONIA

no Brasil

FOTOS DA SEÇÃO ESPECIAL SÃO DIVULGAÇÃO

E

mbora a Hidroponia tenha surgido bem antes, o cultivo hidropônico chegou ao Brasil ainda na década de 1980, com os pioneiros Shigeru Ueda e Takanori Sekine, em São Paulo. Os primeiros tempos da técnica de cultivo sem solo no país, porém, não foram nada fáceis. Ao contrário dos dias atuais, onde existe um grande número de empresas que fabricam modernos equipamentos e prestam assistência técnica aos agricultores, os primeiros produtores hidropônicos eram obrigados a improvisar. “Eles tinham de recorrer a lojas de materiais de construção para comprar os equipamentos que precisavam”, disse o pesquisador Pedro Roberto Furlani, uma das maiores autoridades sobre Hidroponia no Brasil. Furlani, que é engenheiro agrônomo formado em 1969, pela Universidade de São Paulo (USP), com mestrado e doutorado em agronomia pela Universidade de Nebraska, nos Estados Unidos, contou que teve o primeiro contato com Hidroponia durante o período que ele cursou engenharia agronômica na Esalq, de Piracicaba (SP), de 1965 a 1969. “Nessa época tomei conhecimento sobre a Hidroponia, pois era uma ferramenta importante para estudos de nutrição mineral de plantas. Depois de graduado, fui trabalhar no Instituto Agronômico de Campinas onde também o cultivo hidropônico era realizado em água e também em substratos como sílica pura e areia. Havia experimentos com inúmeras culturas, inclusive café”. O interesse sobre o assunto aumentou no começo da década de 1980, quando os

produtores estavam entusiasmados com a nova técnica. “Quem fazia, não admitia que existiam problemas. Era tudo uma maravilha”, recordou Furlani, que hoje é sócio-proprietário da Conplant Consultoria Treinamento, Pesquisa e Desenvolvimento, de Campinas (SP). Sem alternativa, na hora de montar os canais de cultivo, os produtores usavam telhas de cimento amianto ou de fibra de vidro ou de plástico, lençól plástico e arame, tubos de PVC e tubos especiais de polipropileno. O primeiro cultivo comercial usava brita como substrato. “Era muito foco de contaminação do sistema e daí para as doenças, era muito rápido”, observou o pesquisador. Os produtores trocaram a brita como substrato pelo NFT, usando telhas de amianto ou de fibra de vidro, mas os problemas estavam longe de acabar. “Eles produziam, mas a dificuldade era a colheita. Ficava um pouco de raiz e folhas, o que contaminava o sistema”.O sistema floating (piscina) chegou a ser usado por alguns agricultores, apesar dos problemas como a contaminação das bandejas de isopor ou falta de oxigenação. “Para tirar uma planta, que tinha uma raiz com um palmo, eles eram obrigados a cortar a raiz”, lembrou. O preparo da solução nutritiva para as plantas era outro desafio. “Era uma dificuldade enorme começar um cultivo hidropônico”, sublinhou, frisando que os produtores tinham poucas opções e os produtos eram muito caros. “Chegaram a usar ácido sulfúrico para ajustar o PH. Ainda bem que ninguém morreu por consumir produto hidropônico”, concluiu.

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