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O IDOSO DO FUTURO

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FIGURA 9 - HTTPS://STATIC.BOREDPANDA.COM/BLOG/WP-CONTENT/ UPLOADS/2016/08/BADASS-GRANDMA-INSTAGRAM-BADDIE-WINKLE De modo geral, a maioria das ILPIs possui um perfil assistencialista cujos cuidados resume-se na oferta de abrigo e na alimentação do residente. Contudo, estas instituições estão envoltas em um cenário de mão-de-obra barata e muitas vezes não habilitada legalmente além das condições de uma infraestrutura física inadequada para a unidade. Esses fatores repercutem sensivelmente nas atividades técnicas de saúde e na qualidade de vida do próprio idoso institucionalizado. A institucionalização de um idoso pode ser uma situação muito estressante e traumática. De acordo com Oliveira e Novaes (2013), a institucionalização pode representar para o idoso uma quebra dos laços familiares e sociais causando solidão, depressão, desânimo, descrença e transtornos psíquico. Além disso, acredita-se que a morbidade aliada ao sedentarismo e ao elevado consumo de medicamentos corroboram neste infeliz estado. A institucionalização representa ao idoso um cenário de transformações abruptas e diversas. Ou seja, a vida do idoso institucionalizado é tirada de seu estado comum de conforto e conhecimento para um lugar imprevisível e fora de seu controle. Somado a isso, comumente, ele é posto em uma condição de isolamento social. Esta condição causa à perda de identidade, de liberdade, de autonomia e de autoestima. Este estado de solidão muitas vezes causa a recusa da própria vida, o que acaba sendo refletida na alta prevalência de doenças psicológicas nestas instituições (FREITAS; SCHEICHER, 2010). Sob um perfil funcional ainda antigo, os idosos são afastados do seu convívio familiar, favorecendo ao seu isolamento, sua inatividade física e mental, reduzindo sua qualidade de vida. As visitas aos residentes são inconstantes ou até inexistentes e as atividades intelectuais são pouco incentivadas. A autonomia e independência do idoso anterior a institucionalização são completamente perdidas. A maioria dos institucionalizados são do sexo feminino. Sua presença é comumente justificada devido à maior expectativa de vida das mulheres em relação aos homens; a maior frequência de viuvez; e geralmente as idosas possuem grau de instrução e nível de renda mais baixos, desta forma, favorecendo seu o ingresso nas ILPIs (FREITAS; SCHEICHER, 2010).

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Diante disso, julga-se que as problemáticas vivenciadas pelos idosos, principalmente aqueles institucionalizados, comprometem de diversas formas a sua qualidade de vida. Desta maneira, os cenários permitem concluir que a qualidade de vida em idosos institucionalizados tende, infelizmente, a ser ruim. Avaliar a qualidade de vida é algo imprescindível para garantir um tratamento digno aos idosos e para a determinação de uma política de qualidade para essas pessoas.

O IDOSO DO FUTURO Para se caracterizar os novos idosos do futuro, temos que saber quem são eles no presente. Neste trabalho, definiu-se o ano de 2060 como ano base de projeto. Logo serão 40 anos de diferença para o tempo presente. Por consequência, hoje, os futuros idosos são conhecidos como os Millenials.

O Millenials, também denominados como geração Y, são caracterizados como os indivíduos que nasceram entre os anos de 1980 e meados dos anos 1990. Posteriores a eles já é considerada a geração Z ou os “Centennials”. Essa geração é marcada por sua vivência da transição do mundo analógico para o mundo conectado. Eles vivem um ambiente altamente urbanizado e em um sistema virtual de interação social e midiática, além das relações de trabalho mais automatizada necessitando ainda menos de esforços braçais. Eles também começam a trabalhar mais tarde,

mais também possuem um nível de escolaridade maior em comparação as gerações anteriores. São uma geração com amplo acesso à informação em qualquer lugar e qualquer hora dentro de uma cultura do imediatismo. Elas já ocupam uma parcela considerável da população economicamente ativa sendo, atualmente, os principais grupos consumidores no Brasil e no mundo. Além disso, os jovens e adultos dessa geração contam com importantes papéis políticos, culturais e sociais para a comunidade. Mas uma questão também surge. Será que daqui a 40 anos a geração Millenials continuará sendo a protagonista no cenário sociocultural brasileiro ou acabarão sendo substituídos pelas novas gerações? De acordo com pesquisas do IPEA, o Brasil seguirá o caminho dos considerados países desenvolvidos, mas com uma velocidade ainda maior no processo de envelhecimento e de queda nas taxas de fecundidade.

Com base nos estudos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2060, o Distrito Federal contará com aproximadamente um terço de idosos em sua população total. Como visto exaustivamente neste estudo, as pessoas estão vivendo mais graças aos avanços tecnológicos, da saúde e da possibilidade de um envelhecimento mais ativo. Desta forma concluímos que os idosos do amanhã serão um reflexo dos jovens e adultos de hoje. A percepção sobre o envelhecimento já está mudando, e o idoso passa a atuar em importantes papéis sociais a desempenhar maior poder político. Por outro lado, setores como saúde, previdência, educação, meio ambiente, segurança e família serão afetados com o envelhecimento populacional. As mulheres terão um protagonismo nesta etapa, considerando o balanço entre os sexos, o envelhecimento no Brasil será feminino. Predominado por elas, hoje 54% dos idosos são mulheres; e esse índice aumenta conforme a idade. Já em 2040, dos “super idosos” com mais de 80 anos, 60,3% serão mulheres no Brasil. Logo vemos que quanto mais velha a população, mais feminina ela é.

Com essas mudanças no perfil da sociedade, o próprio cotidiano brasileiro mudará. Como visto, haverá uma queda da população jovem no país. Desta forma os investimentos gradualmente irão para novas direções. Fatores indicam que o novo público mais velho ainda será considerado uma parcela importante da população e assim detendo um maior valor econômico e de consumo as empresas. Deste modo, novas demandas poderão ser alcançadas. Claro que os privilégios adquiridos dependerão da classe social a qual o idoso pertencerá. Os idosos de classes mais baixas continuarão a trabalhar, principalmente em serviços informais, vendo-se que a garantia de aposentadoria estará cada vez mais distante. Futuramente, sua independência econômica e laboral será coercitiva.

Como o processo de envelhecimento é acompanhado com fatores biológicos, é inegável que doenças ainda continuarão a afetar as pessoas mais velhas. Nesta fase da vida, os idosos terão um portifólio de doenças somáticas. Estas serão doenças crônicas, que não tem cura, como diabetes, hipertensão, depressão, osteoporose, osteoartrose etc. Mesmo com incontáveis tratamentos, remédios e dietas, as pessoas ainda continuarão a adoecer. Isso se dará principalmente porque elas vão começar a viver mais e ter mais tempo para adquirir doenças ao longo da vida. O viver mais também aumenta a probabilidades de o idoso brasileiro desenvolver Alzheimer. Dos 60 aos 70 anos, a probabilidade é de 5%. Dos 70 aos 80, essa probabilidade dobra. Já dos 80 aos 90 ela pode atingir 20%. Logo, vemos que avanços na saúde e na qualidade de vida não significará ausência de doenças. Para uma qualidade de vida, serão necessárias mudanças no paradigma da saúde. A prevenção é um fator essencial para que problemas que surjam na velhice sejam impedidos. Esta iniciativa, que deve partir, prioritariamente do governo, garantirá que o Sistema de Saúde não entre em colapso e que não tenha capacidade de atender os novos doentes. Entretanto, já vemos que o cenário atual não é tão animador. Além da prevenção, deverá ser investido também na manutenção da saúde da população. Serão importantes incentivo para uma alimentação mais adequada, prática de atividades físicas e promoção de interações sociais entre as pessoas em condições ideais a todas as classes. A mudança do perfil do idoso no futuro quebrará cada vez mais com os estereótipos sociais e políticos da velhice. Questões como sexualidade, gênero e identidade de gênero serão transpostas para esse novo período de vida da geração Millennial. Além disso, a própria configuração familiar desses novos idosos será modificada. Elas serão habituadas com relações mais fluidas, com separações e “recasamentos”. Elas serão como mosaicos. A vida sexual ativa na Terceira Idade será cada vez mais desestigmatizada. Desta forma, a percepção negativa de todo idoso ser dependente e vulnerável tanto em saúde quanto economicamente será contestada. A capacidade de produtividade e de trabalho será revista. Desta forma, a visão sobre o envelhecimento acaba se tornando cada vez mais valorizada aos indivíduos mais jovens da sociedade acarretando a população idosa o papel mais importante e de aprendizado para o futuro da comunidade.

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