Yemni Magazine #05

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Yemni 15 anos

PUBLICAÇÃO YEMNI – BRANDING, DESIGN & COMM

MAI . 2011

Nº 05 – ANO I

marcas e valores

04 Gestão por valores // 10 Renasce a tipografia 12 Entrevista: Luciano Bussab // 14 Notas

# 05

ah!

Caro leitor, Chegar aos 15 anos é um marco importante para uma empresa. Assim, especialmente nesta edição, queremos mostrar aos leitores o que isso representa para nós, como montamos cada pecinha dessa história, com a construção das marcas de nossos clientes e, consequentemente, da nossa própria.

Para sinalizar este momento, desenvolvemos uma ação que nos desafia à transformação e à evolução. Seu mote é uma pergunta: what’s your move? Para nossa equipe, a resposta adquire múltiplas direções: incentivo aos movimentos profissionais, pessoais e corporais, seja no esporte, na dança ou na arte. Para o nosso dia a dia de trabalho e relacionamento com o mercado, o objetivo é aplicar esses moves, por meio de pesquisa, definição de estratégia, estímulo à criatividade e comprometimento com o resultado. Com isso, revelamos nossos valores, que são reforçados no posicionamento da Yemni.

A matéria de capa conta a trajetória da agência por meio de alguns trabalhos desengente que contribuiu e contribui para formar o que somos hoje.

A seção yestrategy trata da gestão por valores e como essa forma de gerir empresas se relaciona com a construção e gestão de marcas. Muito da maneira como trabalhamos pode ser entendido a partir dessa leitura, pois a identidade de uma marca ultrapassa sua representação visual; engloba desde as dependências físicas da empresa até os valores pessoais de todos os seus colaboradores.

Conversamos com Luciano Bussab, um arquiteto-bailarino (ou seria um bailarino-arquiteto?) que transpõe diariamente os valores da dança contemporânea para a arquitetura e vice-versa. Movimento e evolução pessoal são temas com os quais ele lida diariamente.

Os softwares de diagramação afastaram os designers do processo de produção gráfica, mas existe um movimento de reaproximação. yexplore mostra um reduto em São Paulo onde se produz um design atual usando a velha composição manual de tipos móveis.

Espero que aproveite!

Vitor Patoh

Publicação da Yemni – Branding, Design & Comm Produção e Execução: Yemni – Branding, Design & Comm Diretor Executivo: Vitor Patoh Edição: Henrique Ostronoff (Jornalista responsável - MTb. 14.856) Editora Assistente: Luiza Medeiros Design e Diagramação: Pauliana Caetano Revisão: Eleonora B. Rantigueri Foto de Capa: Arquivo Yemni Impressão e Acabamento: Atrativa Gráfica Tiragem: 1.000 exemplares © 2011 Yemni – Branding, Design & Comm Todos os direitos reservados – www.yemni.com.br

Esta revista é impressa em papel. O papel é biodegradável, renovável e provém de florestas plantadas. Essas florestas são lavouras que dão emprego a milhares de brasileiros e as árvores plantadas amenizam o efeito estufa, pois absorvem o gás carbônico durante o seu crescimento. Imprimir é dar vida!

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magazine 03

volvidos para clientes que nos acompanham por mais de uma década. Também fala de

strategy

magazine 04

Gestão por valores

e o branding POR LUIZA MEDEIROS

Uma boa estratégia de gestão de pessoas vai ao encontro dos valores da marca

téria de gestão empresarial, existem basicamente três mo-

C

delos praticados ao longo da história.

O primeiro é a gestão por informação, caracterizado pela hierarquização da estrutura organizacional. A eficiência de cada funcionário é medida pelo cumprimento ou

om a evolução da tecnologia, as empresas ten-

não da ordem recebida, sem que se leve em conta valores

tam adaptar-se às novas exigências de velocidade de um

como respeito pelo individuo e pelas diferenças culturais.

mercado que busca práticas de gestão mais humanizadas.

“Quanto mais perto você está dos primórdios da organiza-

Por outro lado, as empresas devem saber transmitir a es-

ção, mais perto está desse tipo de mentalidade primitiva

sência de suas marcas para as pessoas e criar vínculos emo-

associada a hierarquia, ordem, informação, cumpra-se”,

cionais com elas. Do relacionamento da marca com seu

acrescenta Boronat.

público ao relacionamento interno da empresa com seus

O segundo modelo é a gestão por objetivos. Nesse

colaboradores, os processos avançados de gestão de pesso-

contexto, os colaboradores passam a entender os rumos da

as, aliados a uma estratégia de marca completa, constituem

organização como um todo. Eles recebem objetivos indi-

boas ferramentas para o crescimento da organização.

viduais e os administradores da empresa, responsáveis por

O professor de economia da Fundação Instituto de

controlar resultados, contam com a inteligência de cada

Administração (FIA), Oscar Boronat, explica que, em ma-

um para atingir as metas. Assim, novos valores passam a ser

Ele tem que aprender a identificar e aceitar as necessidades, os valores e as emoções alheias, porque não basta entender. É preciso haver harmonia, aderência entre os valores de uns e de outros” Oscar Boronat, professor de economia da Fundação Instituto de Administração (FIA)

ção de resultados. Segundo Boronat, é a partir desse modelo de gestão que a maior parte das empresas funciona.

No entanto, a atual demanda da era da informação, exige que todos os subprocessos de uma organização sejam mais acelerados e se sustentem sobre um menor número de níveis hierárquicos para que as decisões sejam tomadas com mais desenvoltura. Dessa forma, é preciso abrir um espaço maior de autonomia para os participantes e depositar neles mais confiança. Para fazer com que

Efeitos da gestão por valores 1. Desenvolvimento de participação e

compartilhamento

2. Melhoria e aprendizado contínuos 3. Criatividade 4. Confiança mútua 5. Respeito mútuo

essa relação se concretize e dê resultados, é necessário

6. Comprometimento

ter ao lado colaboradores que compartilhem os valores da

7. Sentimento de propriedade do trabalho realizado

empresa, ou seja, os valores que sua marca transmite.

Após observar a constante pressão de gestores pelo aumento da produtividade nas empresas, o pesquisador

tão e notaram o resultado com a alta performance das

israelense Simon L. Dolan desenvolveu, em conjunto

equipes envolvidas. Também podemos citar gigantes,

com o médico espanhol Salvador García, a ideia da ges-

como Google, Disney e Natura, que conseguem dissemi-

tão por valores. Baseado na psicologia social, o modelo

nar a identidade de sua marca desde a arquitetura de seus

busca absorver a complexidade organizacional, agilizar

espaços físicos até a dinâmica do trabalho. Mas existem

as adaptações exigidas pelo mercado, direcionar a visão

casos de pequenas empresas que praticam gestão por va-

estratégica da empresa e integrar direção e crescimento

lores sem necessariamente conhecer a teoria. Evoluíram

profissional com qualidade de vida.

naturalmente para o modelo, pois são formadas por um

Nesse contexto, os líderes exercem um papel funda-

pequeno grupo de pessoas que compartilham valores.

mental, pois têm a visão estratégica do direcionamento dos

Em ambientes assim, é mais fácil praticar o método e

negócios. Além de entender esses objetivos, o líder precisa

agregar valor à marca.

saber exercer duas outras funções: comunicar essa visão

Na empresa ideal, onde a gestão por valores é apli-

para todos os seus colaboradores e conseguir motivar e ins-

cada, as equipes chegam a um nível de entendimento

pirar as pessoas. “Ele tem que aprender a identificar e acei-

tal que os objetivos não precisam ser comunicados. Os

tar as necessidades, os valores e as emoções alheias, porque

valores são simplesmente compartilhados, e tornam-se

não basta entender. É preciso haver harmonia, aderência

o norte pelo qual todos se orientam. Cada célula da or-

entre os valores de uns e de outros”, esclarece Boronat.

ganização funciona em razão desses valores. Ninguém

Grandes corporações, como a General Electric e a Cisco Systems, implementaram as novas formas de ges-

precisa ser cobrado, pois todos sabem o que devem fazer e como. •

magazine 05

observados: motivação, eficiência, racionalização e avalia-

magazine 06

xperience

Uma história

de marcas a yemni completa uma década e meia e incentiva o movimento PESSOAL E profissional

H

á quinze anos, surgia a primeira logomarca criada pela Yemni.

O Hotel Estância Atibainha foi o primeiro de um portfólio hoje formado por empresas dos setores industrial, comercial, de serviços e agronegócio – de multinacionais a negócios de atuação local. Construir marcas capazes de conquistar mentes e corações tem sido a proposta da Yemni desde sua origem, em 1996.

“Mais do que por meio de prêmios, o reconhecimento do trabalho se dá como consequência direta do sucesso dos clientes”, avalia o sócio diretor da agência, Vitor Patoh. “Aprendemos com todos os que passaram pela empresa e a variedade da demanda nos proporcionou trânsito por diferentes áreas de negócio”, acrescenta. Grupo CCR, Restaurante

»

magazine 07

POR Luiza Medeiros

magazine 08

xperience

A Yemni acompanhou o surgimento da CCR, apoiando na criação, no desenvolvimento e no crescimento de nossa marca. Se hoje somos parte de sua história, a Yemni também é parte da nossa” Renato Vale, presidente do Grupo CCR

América, Clube Atlético Monte Líbano, Siemens,

Grupo, lidando, inclusive, com temas mais amplos da comu-

Heineken e Grupo Batistella estão entre os mais de 200

nicação da marca e sua estratégia. “A Yemni acompanhou o

clientes atendidos pela Yemni.

surgimento da CCR, apoiando na criação, no desenvolvi-

Desafio, investigação, pesquisa, planejamento, criati-

mento e no crescimento de nossa marca. Se hoje somos parte

vidade, inovação e vivência são valores que a agência tem

de sua história, a Yemni também é parte da nossa”, afirma

praticado e que se solidificaram ao longo de sua história de

Renato Vale, presidente do Grupo CCR.

construção e manutenção de marcas. E, ao completar 15

Outro grande desafio da Yemni foi lançado pelo

anos, a Yemni quer reforçar esses valores por meio da ação

Clube Atlético Monte Líbano. No início, o trabalho de-

what’s your move? Determinação de estratégias, incentivo

senvolvido tinha como objetivo uma comunicação com

à criação e empenho nos resultados são moves que com-

os associados que provocasse o aumento da frequência ao

põem o seu posicionamento diante do mercado.

clube. As produções trouxeram o retorno almejado e a

Afinal, Patoh sabe o que é desafio. E, com diversas

Yemni foi recebendo outras encomendas instigantes, que

aventuras nas costas — o Caminho de Santiago, trekking

culminaram com a criação da nova marca do clube.“Já

no Himalaia e ultramaratona, entre outras —, a experi-

havíamos tentado mudar a marca diversas vezes, nunca

ência de se pôr a prova para ir cada vez mais longe ele

com resultados satisfatórios. Quando a Yemni trouxe a

estende a sua empresa.

nova marca, nos conquistou pela criatividade e funda-

Um dos grandes desafios da Yemni foi a parceria com o

mentação da apresentação. Foi aprovada por unanimida-

Grupo CCR, uma parceria formada no surgimento da hol-

de pelo Conselho”, relembra o presidente do conselho

ding e que dura até hoje. A agência dedicou-se ao branding do

do CAML, Sami Bussab.

A coerência e a consistência na forma de atuação estende-se à equipe de colaboradores, pois a Yemni sempre buscou trabalhar com pessoas que acreditam em valores semelhantes aos da agência e os praticam. “Tivemos períodos muito férteis de trabalho, fizemos boas campanhas, resultado de uma equipe coesa, confiante e bem-humorada”, relembra o ex-sócio Renato Laragnoit. Mesmo após sua saída, Laragnoit continuou contribuindo com a Yemni e, hoje, toca sua própria agência.

“Eu vejo a Yemni como um sonho que virou realidade e, por mais que a gente sonhasse com o futuro, nunca imaginou que chegaria aqui tão bem”, diz o parceiro dos primeiros anos.

Ainda sob o mote what’s your move? a agência tem desafiado — e incentivado — os colaboradores a investir em formação profissional, a focar no desenvolvimento pessoal e a envolver-se com atividades corporais nos esportes ou nas artes. Ao mesmo tempo, move-se na direção de soluções inovadoras e criativas em sua prática diária. O sucesso dos clientes, entretanto, continua sendo o grande estímulo na busca pelo melhor resultado.•

Quando a Yemni trouxe a nova marca, nos conquistou pela criatividade e fundamentação da apresentação.”

Sami Bussab, presidente do Conselho do Clube

Bia pode ser tomada como exemplo. Ela teve um avanço marcante. Começou como estagiária, resolveu buscar outras experiências e voltou para a Yemni em 2006.

Por seu crescimento profissional e por sua perseverança no esporte, representa os valores que what’s your move? quer divulgar.

“Voltar para a Yemni em 2006 foi uma escolha motivada por um momento importante da minha profissão, quando eu me decidi pelo design gráfico. Percebi as possibilidades que a empresa me oferecia e me senti confortável para realizar o trabalho.

Mas em 2009 me peguei numa situação de acomodação com meu bem-estar corporal. Eu não fazia nenhuma atividade física, então decidi correr. Comecei moderadamente e fui me envolvendo mais. A cada treino, saía feliz da vida, energizada.Tanto que, neste ano estou me preparando para correr a maratona de Berlim com patrocínio da Yemni. Uma coisa que nunca tinha imaginado. E essa evolução no campo pessoal coincidiu com um momento profissional na Yemni.

Participei de uma consultoria na empresa que me auxiliou a identificar meu perfil profissional, e o engraçado é que minha intuição foi confirmada pelo resultado da avaliação — de que me dou bem trabalhando na área de coordenação e planejamento. Fui, então, assumindo tarefas diferentes, mudando minhas atribuições. No começo, achei que não ia conseguir, mas a sensação que tenho hoje é que deu supercerto! Óbvio que eu ainda tenho muito que trabalhar e aprender pessoal e profissionalmente, mas agora eu sei que é possível. Isso me motiva a querer fazer cursos e aprender mais. Tem muito chão pela frente. Quero crescer junto com a Yemni.”

magazine 09

O move de Beatriz Abud

xplore

tipos

volta dos

magazine 10

POR Henrique Ostronoff

retomada da impressão tipográfica estimula novas criações

P

or volta de 1450, o alemão Johannes Gutenberg imprimiu, pela

primeira vez, 11 linhas de texto por meio de uma prensa desenvolvida por ele para o uso de tipos móveis de metal. Em seguida, tirou 300 exemplares da Bíblia, com 614 páginas cada, empregando o mesmo método. Foram 5 anos de trabalho para produzir os livros.

A ideia não é repetir o passado, mas recontextualizar o uso desse material hoje”

O processo tornou possível reproduzir textos de forma sistemática em quantidade e rapidez inimagináveis para a época — até então, os livros eram copiados à mão e um exemplar da Bíblia de Gutenberg demandaria cerca de um ano para ficar pronto. A nova tecnologia de impressão foi o início da revolução nos meios de comunicação que dura até hoje.

As prensas com tipos móveis passaram por aprimoramentos e continuaram importantes durante séculos até começarem a ser paulatinamente substituídas. No Brasil, até recentemente, as tipografias estavam a pleno vapor, produzindo folhetos, cartões de visita, notas fiscais, convites de casamento e outros impressos mais simples. Hoje, praticamente desapareceram.

No entanto, foi a tecnologia “gutenberguiana” o germe das moder-

Marcos Mello, diretor-presidente da Oficina

nas gráficas informatizadas que hoje rodam por hora centenas de milhares de páginas de jornais e revistas para abastecer o imenso mercado de leitores.

Só que no lugar dos tipos e clichês montados para compor as páginas, os atuais softwares de diagramação distribuem, quase automaticamente, manchas de texto e imagens nos espaços em branco, oferecem uma imensa coleção de fontes a um simples clique e, depois do trabalho pronto, mandam tudo para a gráfica via internet.

Como instrumento de produção em escala de impressos, as tradicionais impressoras Minerva e os valentes linotipos viraram peças de museu. Mas, quinas um meio de criação de arte gráfica.

Tipografia

revivida

A Oficina Tipográfica São Paulo foi criada

impondo entre o designer e o impressor.

em 2004 pelos designers gráficos Claudio Ferlauto,

“Valorizamos o trabalho do tipógrafo quando

Claudio Rocha e Marcos Mello, que se encontraram

comparamos com os programas que automatizam

em torno de interesses comuns: as letras, as formas

os processos de diagramação”, analisa Pauliana

caligráficas e o universo tipográfico. “Já tínhamos al-

Caetano, designer gráfica da Yemni que assistiu ao

guma experiência com este processo de impressão

curso de Composição Manual da OTSP. Sua colega

e vislumbrávamos explorar, investigar suas possibi-

de curso e de trabalho, a também designer Letícia

lidades na área da criação e impressão gráfica”, diz

Anguito, acrescenta: “Nós passamos quase um dia

Mello, diretor-presidente da Oficina, também artista

inteiro compondo um cartão de visitas. Quando se

plástico e professor da Universidade Anhembi Mo-

está acostumado a fazer tudo por software, não se

rumbi. “A ideia não é repetir o passado, mas recon-

tem consciência de como era trabalhoso o processo.

textualizar o uso desse material hoje”, acrescenta.

Se você quer mexer no espaçamento entre as letras,

Colocar a Oficina de pé não foi fácil. “Somos

aciona um comando no computador e resolve no

garimpeiros tipográficos. Realizamos um verdadeiro

mesmo instante, mas na tipografia tem que arrumar

garimpo procurando esse material”, afirma Mello

toda a série de tipos. Além disso, a composição é es-

sobre a dificuldade de adquirir o equipamento para

pelhada. É preciso muito cuidado e atenção”.

a OTSP, hoje, um centro de cursos e serviços.

As designers também concordam que a tipo-

Para a Oficina, “olhar para o passado” estimu-

grafia pode ser um subsídio para a criação. “A tipo-

la a criação do design gráfico. O uso da tipografia

grafia agrega valor aos trabalhos gráficos por ser um

serve não apenas como recurso estético, mas como

recurso raro”, afirma Letícia. “Lidar com os tipos

um método de raciocínio visual ao recompor os

móveis pode enriquecer o design desenvolvido em

princípios formadores do pensamento da comuni-

meio digital, pois estimula o uso de novas formas e

cação visual gráfica. E, também, ajuda a diminuir a

texturas, diferentes das que usamos normalmente”,

distância que o processo de informatização acabou

analisa Pauliana. •

magazine 11

aliando-as à tecnologia atual, alguns designers encontraram nessas velhas má-

xpression

A cooperação é um dos maiores aprendizados que tive” Luciano Bussab, arquiteto da Designio Arquitetura e Urbanismo e bailarino contemporâneo da Cia. 8 Nova Dança

magazine 12

O movimento da dança e da

arquitetura POR Luiza Medeiros

A arte ensinou cooperação e presença de espírito

A

s carreiras de arquiteto e a de bai-

larino encontraram-se no circo. Luciano Bussab interessou-se, ainda na faculdade, pela arquitetura circense e, aos poucos, foi se envolvendo cada vez mais com as artes do corpo até chegar na dança contemporânea. Hoje, ele exerce as duas profissões. A rotina é puxada, começa no escritório de arquitetura, das seis às onze da manhã, e continua no Estúdio Oito Nova Dança, em Perdizes, onde o ensaio acontece a tarde toda e, por vezes, segue noite adentro. Em seu move cotidiano, Luciano concilia cerca de 30 horas de ensaio por semana com as atividades diárias na Designio Arquitetura e Urbanismo.

: Como você escolheu a arquitetura?

alta performance. Hoje, sou tratado como bailarino profissional,

Luciano Bussab: Fui criado praticamente dentro do escritório

então, não posso pisar num palco e falar que sou arquiteto. Não

de arquitetura do meu pai e via a profissão como um métier diver-

tem desculpa, se você está no palco, tem que fazer bem feito.

tido. Para mim, escritório onde todo mundo desenhava era um espaço onde todo mundo brincava. Comecei muito cedo a me

O que você leva da dança para sua vida?

divertir dentro do escritório, a desenhar, não só livremente, mas

Nas aulas de improvisação, estudamos muito a questão da presen-

também tecnicamente. Com 13 anos eu já tinha a habilidade de

ça. Em cena, é preciso pensar rápido, oferecer algo para o público.

usar instrumentos, réguas e tudo mais. Foi uma paixão construída

A vida é um pouco assim também. Já não me preocupo tanto em

mesmo, eu não diria que foi uma paixão inata.

ir para as reuniões superpreparado; vou com o intuito de resolver.

E como você começou a dançar?

que existe a preparação; na dança, é a rotina de ensaios e na arqui-

No final da faculdade, fiz um projeto de arquitetura para a Cia.

tetura, a fundamentação para chegar no escritório e saber resolver.

Cênica Nau de Ícaros, uma companhia de circo contemporâneo

Outra coisa que levo é a questão da confiança no outro. Nossa

que eu integrava. Era um projeto de centro cultural. A elaboração

companhia é um grupo heterogêneo de 13 pessoas. Não existe

do projeto me aproximou ainda mais desse universo artístico. Em

uma divisão de núcleos. Existe uma célula-base, que são as pessoas

2005, fizemos uma turnê européia, resolvi ficar por lá e conheci

que participam de mais projetos, e as que dedicam menos tempo,

a Sônia Mota, bailarina brasileira que vivia na Alemanha. Foi ela

porque dançam em outros lugares ou se dedicam a outros proje-

quem me incentivou a estudar dança contemporânea. A Sônia

tos. É uma relação muito boa. Dessa maneira, a gente consegue

escreveu uma carta de recomendação e eu consegui estudar seis

valorizar as ações de cada um dentro da companhia. Eu levei isso

meses, como aluno convidado, na School for New Dance Develo-

para o escritório. Lá, tem gente que prefere trabalhar com horários

pment (SNDO), que integra o Conservatório Nacional da Holan-

fixos para entrar e sair, mas isso não é obrigatório. O salário de cada

da. Nessa época, atingi um estágio muito legal dentro da dança.

um é estipulado de acordo com a quantidade e a importância das ações dentro do escritório. Quem tem mais tempo de profissão re-

Quando você decidiu que seguiria com ambas atividades?

solve questões complexas com um telefonema, por exemplo. Mas

Antes de viajar, acreditava que, no Brasil, eu teria dois caminhos:

tem toda uma experiência como respaldo para aquela ação.

ou seguiria a carreira de arquiteto como meu pai ou eu seria um artista muito louco. Enquanto que, na Europa, eu acreditava que

E do circo?

seria reconhecido como artista. Tive, porém, várias oportunidades

A cooperação é um dos maiores aprendizados que tive. A estrutura

de trabalhar ao mesmo tempo com arte e arquitetura e foi aí que

não pode ser rígida. Em cena, você está manipulando energia. O

eu saquei, ‘pô esse negócio rola’. Eu conseguia levar as duas coi-

lance é como você mantém essa transferência de energia constan-

sas. Em Amsterdã fiz um curso de iluminação e desenvolvi com

te. O segredo é: quanto mais você manda, mais recebe. Quanto

meu pai, via internet, um projeto para um restaurante no Brasil.

mais liberdade você dá para alguém que trabalha com você, mais

Quando acabou o curso, decidi voltar. E comecei um projeto se-

aceitará as suas ideias. Acontece o mesmo com o cliente. No es-

melhante, que marcou minha reentrada no escritório.

critório, não desenvolvemos a partir de um estilo fechado. Você tem que entrar em contato com a pessoa, entender o que ela quer

E a dança?

e saber como traduzir isso, em parceria. Você pega todo o reper-

No Brasil, encontrei bailarinos que também tinham estudado na

tório de formas e mostra os caminhos. Dá a estrutura para ela e a

SNDO e formavam o extinto Estúdio Nova Dança, que passei a

deixa passear um pouco nesse universo. Sem querer reter, sem

integrar. Cheguei no momento em que companhia ressuscitava,

dizer “isso aqui é meu, é minha criação”. Para qualquer projeto,

ganhava prêmios. O trabalho crescia e exigia de mim muita disci-

a criação passa por uma linha bem pessoal e, como em qualquer

plina. Precisei me adaptar para conseguir manter um cotidiano de

trabalho, a confiança é o verdadeiro contrato.

•

magazine 13

No escritório, quem assume um trabalho deve resolvê-lo. É claro

tc...

“Tipoesias” visuais Uma revista voltada para a produção do design tipográfico nacional e suas manifestações na cultura em geral, assim é Tupigrafia. Criada em 2007, a publicação está na nona edição. Do conteúdo, fazem parte também informações sobre o cenário internacional e sobre a produção da arte caligráfica no Brasil e no exterior. Cada edição vem com mais de uma opção de capa, criadas por artistas diferentes.

Uma leitura interessante não só para os envolvidos com o processo gráfico e editorial, mas também para os que valorizam a arte de organizar os recursos visuais em páginas de livro, cartazes, placas de sinalização. Pode ser encomendada pelo site www.tupigrafia.com.br.

magazine 14

Elenio Pico

Hoje me sinto...

O site We Feel Fine disponibiliza um aplicativo que mapeia as emoções humanas no mundo. Segundo os criadores, o objetivo do projeto é mostrar às pessoas a beleza dos altos e baixos da vida. O aplicativo recolhe das publicações de blogs as frases “Eu sinto” e “Estou me sentindo”, em inglês, e salva a sentença completa. O resultado é um banco de dados com milhões de sentimentos, representados por símbolos coloridos que reagem aos movimentos do mouse.

Usando interfaces divertidas, é possível navegar pelos textos e organizá-los de diversas maneiras e descobrir respostas para perguntas como: “Os brasileiros são mais felizes que os

Sonhos de criança

ingleses?” “Como sentem-se as pessoas neste momento no Japão?” “As mulheres sentem-se mais gordas que os homens?”

“Um dia, sonhei que estavam vendendo meu

Veja no www.wefeelfine.org

irmão. Perguntei a minha irmã se tinha dinheiro para comprá-lo. Ela tinha, então o comprei”. O trecho faz parte de Meu Irmão Vendido, baseado na descrição do sonho da pequena María Elena, do México. O texto é um dos “200 Sonhos Ilustrados”, coleção que reúne textos de relatos oníricos de crianças mexicanas, espanholas e brasileiras recolhidos por Roger Omar e ilustrados por mais de 200 artistas de diversos países. Confira: http://migre.me/4eYEW

Sua marca não vai ficar só na primeira impressão Para a Yemni, a qualidade não termina na prancheta. E, para que a qualidade esteja presente do começo ao fim do processo, criou sua própria unidade gráfica e uma rede integrada de fornecedores gabaritados, o que garante mais agilidade e controle na produção com menores custos.

Assim, não importa o tamanho das peças ou a quantidade a ser produzida, o padrão de qualidade Yemni não vai ficar só na primeira impressão.