GUIA DE ACESSO AO ENSINO SUPERIOR 2022/23

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Entrevista

Instituto do Emprego e Formação Profissional: “Os jovens também devem ter em consideração aquilo que os motiva, e não unicamente as necessidades e tendências do mercado.” Conceição Matos, Diretora do Departamento de Formação Profissional do IEFP O mercado de trabalho atual está em constante mudança devido à rápida evolução da tecnologia e, consequentemente, do meio digital. Um aluno que está a finalizar o ensino secundário, o que deve ponderar de modo a fazer uma escolha que contribua para o seu sucesso académico e profissional e que vá ao encontro das necessidades futuras do mercado? Efetivamente, a transição digital tem vindo a mudar a forma como vivemos e como trabalhamos e como nos relacionamos, sendo fundamental que nos adaptemos a essas mudanças. E, se há algo que se tornou um dado adquirido com a pandemia de COVID-19 é que o digital assumiu uma dimensão sem precedentes, afirmando-se em áreas como o teletrabalho, o ensino à distância, o comércio eletrónico, as consultas online, o entretenimento e os contactos sociais. Não obstante, para além do digital, são hoje reconhecidos três tipos de transição com profundos impactos no mercado de trabalho e no que poderá vir a ser o desenho das profissões do “futuro”: a transição climática; a transição demográfica; e a transição digital, onde se incluem as transformações associadas à designada indústria 4.0, em consequência da crescente introdução nos processos produtivos da robotização, da automação, da impressão 3D, da internet das coisas e da inteligência artificial, entre outros. Assim, para um aluno que esteja a finalizar o ensino secundário, e tendo em consideração os dados que hoje são conhecidos, bem como as tendências de evolução do mercado, as suas escolhas profissionais poderão passar por ter em consideração as áreas STEM – Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática e/ou TICE – Tecnologias de Informação, Comunicação e Eletrónica; as profissões ligadas à designada economia verde (sustentabilidade do meio ambiente) a economia azul que assim é denominada quando nos referimos às profissões relacionadas

com a sustentabilidade dos oceanos, bem como tudo o que se possa associar com o envelhecimento ativo e o apoio às pessoas idosas, onde se incluem as áreas da saúde e dos serviços pessoais e à comunidade. Os jovens devem procurar fazer escolhas informadas e, para esse efeito, procurar responder a três questões fundamentais: 1. Quais são as minhas áreas de interesse e motivações? 2. De entre as minhas áreas de interesse, será que tenho o perfil adequado? 3. E, por último, a questão não menos importante é a de procurar saber “para que me serve esta profissão e onde a posso exercer? Implica explorar informação

Os jovens devem procurar fazer escolhas informadas e, para esse efeito, procurar responder a três questões fundamentais

sobre o mercado de trabalho, sobre os setores possíveis onde essa profissão pode ser exercida, etc. Na verdade, o que procura fazer é listar as áreas de interesse, projetar-se enquanto pessoa no desempenho dessa profissão e procurar saber qual é o potencial de inserção no mercado de trabalho. Para apoiar esta importante decisão (que deve ser tomada não no momento da conclusão do ensino secundário, mas antes de ingressar neste ciclo de estudos), as escolas dispõem de

Guia de Acesso ao Ensino Superior 2022/23 | Edição especial da Revista Mais Educativa

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serviços de orientação. Também no IEFP ou nos Centros Qualifica, caso a opção passe pelo ingresso num curso de formação profissional, pode ser prestado este apoio ao processo de encaminhamento e de tomada de decisão. Com a generalização da utilização das novas tecnologias, é imperativo que os formandos tenham maior especialização e competências a este nível. De que forma(s) os formandos poderão obter essa especialização? No que ao IEFP diz respeito, estamos, precisamente, a desenvolver várias medidas e projetos de formação na área digital que visam a aquisição ou o reforço de competências da população portuguesa a este nível. Concretamente no que diz respeito aos jovens, temos vindo a promover várias medidas, sendo que, tendo em conta o público em apreço, gostaria de destacar o Programa Jovem + Digital e o UPskill. O Programa Jovem + Digital insere-se no âmbito da política pública de formação profissional que visa o desenvolvimento de competências digitais em tecnologias e aplicações digitais, com vista a uma maior qualificação do emprego e à resposta a necessidades atuais e prospetivas do mercado de trabalho. Pretende promover a obtenção de competências específicas na área digital e contribuir para o reforço de competências profissionais de jovens adultos, com vista a melhorar o seu grau de empregabilidade. Os seus destinatários são jovens adultos, com idade entre os 18 e os 35 anos, inscritos no IEFP como desempregados, sendo que, quanto às habilitações, podem encontrar-se numa das seguintes situações: •possuir o 12.º ano de escolaridade completo ou habilitação de nível superior; •ter frequentado o ano terminal do ciclo formativo de nível secundário, sem o ter concluído;

Rita Coelho

Cedidas pela entrevistada/ Adobe Stock


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