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PASSATEMPOS Queres ganhar um destes prémios fantásticos?
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Vai a www.maissuperior.com, visita a secção Passatempos e vê o que temos guardado para ti. Só tens de entrar no artigo, preencher o formulário e enviar a melhor participação. Boa sorte!
MEGA NEWS O melhor de 2015/2016!
GANHA 4 BILHETES PARA O FESTIVAL FORTE!
PLAYLIST Cut Slack
EM FORMA Portugal nos Jogos Olímpicos PVP: 90 euros . Informação cedida pelo departamento comercial FOTO: Organização
LER PARA CRER
GANHA 2 BILHETES PARA 2 DIAS DO ANDANÇAS!
A vida de um backpacker
PVP: sob consulta . Informação cedida pelo departamento comercial FOTO: Organização
GANHA 1 PAR DE SAPATOS CR7 FOOTWEAR
PÁGINA A PÁGINA Extremo Ocidental
PVP: sob consulta . Informação cedida pelo departamento comercial FOTO: Organização
GANHA 4 BILHETES PARA O HAPPY HOLI
EDITORIAL Ficou para trás mais um ano de faculdade, e agora há praia e mar, amigos e muita diversão pela frente! E depois de um ano de trabalho, não há nada como umas merecidas férias. Por isso é que, para esta edição de julho/agosto, fomos à procura das melhores histórias de quem se aventura a viajar sozinho. Quem sabe se @ próxim@ não és tu? Mas há mais. Uma reportagem sobre a presença portuguesa nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, a viagem do jornalista Paulo Moura pela nossa costa, e uma entrevista com o Cut Slack sobre um dos discos que tens de ouvir neste verão. Neste verão, já sabes: Chinelo no dedo, toalha ao ombro, e... Mais Superior na mão! Boas leituras!
Tiago Belim, Diretor Editorial
FICHA TÉCNICA Proprietário/Editor: Young Direct Media, Lda
NIPC nº 510080723 | Empresa jornalistica inscrita com o nº: 223852 ADMINISTRAÇÃO E DIREÇÃO GERAL DA EMPRESA Graça Santos, gracasantos@youngdirectmedia.pt | DIRETOR ADJUNTO DA EMPRESA Paulo Fortunato, paulofortunato@youngdirectmedia.pt | Sede de redação: Rua António França Borges, nº 4A loja Dta. 2625-187 Póvoa de Santa Iria Tlf: 21 155 47 91 Fax: 21 155 47 92 Email geral: geral@youngdirectmedia.pt
www.maissuperior.com Revista de conteúdos educativos para os alunos do Ensino Secundário REDAÇÃO DIRETOR EDITORIAL Tiago Belim, tiagobelim@youngdirectmedia.pt; JORNALISTA Beatriz Cassona, beatrizcassona@youngdirectmedia.pt DEPARTAMENTO COMERCIAL DIRETOR COMERCIAL E DE PUBLICIDADE Duarte Fortunato, duartefortunato@youngdirectmedia.pt; ACCOUNT Gonçalo Pires, goncalopires@youngdirectmedia.pt; Marco Sampaio, marcosampaio@youngdirectmedia.pt COLABORADORES EDITORIAIS Guilherme Ferreira da Costa, Susana Albuquerque, MEGA HITS DESIGN Patrícia Fernandes, patriciafernandes@youngdirectmedia.pt COMUNICAÇÃO Cláudia Silva, comunicacao@youngdirectmedia.pt RECURSOS HUMANOS Samuel Fortunato, samuelfortunato@youngdirectmedia.pt ESTATUTO EDITORIAL A Mais Superior é uma revista mensal de informação geral e de âmbito nacional, que pretende fornecer aos jovens estudantes do Ensino Superior conteúdos sobre as suas áreas de interesse, como educação, cultura e tecnologia, entre outros. A Mais Superior pretende incentivar o gosto pela leitura e pela escrita, e contribuir para a informação e formação dos jovens. A Mais Superior rege-se, no exercício da sua atividade, pelo cumprimento rigoroso das normas éticas e deontológicas do Jornalismo, bem como pelos princípios de independência e rigor editorial. É interdita a reprodução, parcial ou integral, de textos, fotografias ou ilustrações desta revista, sob quaisquer meios e para quaisquer fins, sem a autorização escrita da Mais Superior. TIRAGEM: 10.000 exemplares DISTRIBUIÇÃO: Gratuita PERIODICIDADE: Mensal REGISTO NA ERC Nº 126168 DEPÓSITO LEGAL: 339820/12 TIPOGRAFIA E MORADA: Monterreina, Cabo da Gata, 1-3, Área Empresarial Andalucia, sector 2 28320 Pinto Madrid - Espanha - diego@monterreina.com BANCO DE IMAGENS :
GANHA 6 BILHETES DIÁRIOS PARA O INDIE MUSIC FEST!
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ESTA PUBLICAÇÃO JÁ SE ENCONTRA ESCRITA AO ABRIGO DO NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO.
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CONDIÇÕES GERAIS DOS PASSATEMPOS DA MAIS SUPERIOR
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PVP: 13,41 euros . Informação cedida pelo departamento comercial FOTO: Saída de Emergência
1. a) O passatempo “Ganha 4 bilhetes gerais para o Festival Forte!” termina às 12:00h de 8 de agosto de 2016. b) O passatempo “Ganha 6 bilhetes simples diários para o Indie Music Fest!” termina às 12:00h de 16 de agosto de 2016. c) O passatempo “Ganha 2 bilhetes individuais para 2 dias do Andanças!” termina às 12:00h de 25 de julho de 2016. d) O passatempo “Ganha 2 toalhas de praia para o teu verão” termina às 12:00h de 15 de julho. e) O passatempo “Ganha 4 bilhetes individuais para o Happy Holi” termina às 12:00h de 29 de julho. f) O passatempo “Ganha 3 livros de futebol Relato” termina às 12:00h de 11 de agosto. | 2. Os vencedores serão anunciados até ao final do dia de fecho do passatempo. | 3. Das respostas recebidas, apenas serão consideradas válidas as que preencherem devidamente os campos solicitados no formulário de participação. | 4. Para poderem participar no passatempo, é obrigatório que os participantes se registem no site Mais Superior, e que indiquem no formulário o email utilizado, no espaço correspondente. | 5. Só é aceite uma resposta válida por endereço de e-mail e por concorrente. | 6. Do conjunto de respostas válidas recebidas, os premiados serão selecionados a cada dez participações, até a totalidade dos prémios estarem atribuídos. | 7. No caso do número de participações ser inferior ao número de prémios disponíveis, serão contemplados todos os participantes que responderem acertadamente. | 8. A lista dos premiados será publicada online, na área de Passatempos, sendo os vencedores ainda notificados via e-mail ou telefone, pelo que os participantes deverão facultar sempre os seus contactos corretos e atuais. | 9. Se algum prémio não for reclamado e/ou for devolvido e não nos for possível contactar o vencedor, ao fim de 60 dias esse prémio será atribuído a outro participante. | 10. Todas as demais dúvidas e questões podem ser endereçadas para o e-mail passatempos@ maissuperior.com. | 11. Só são permitidas participações de residentes em Portugal Continental. | 12. A Mais Superior reserva-se o direito de excluir participações que sejam consideradas fraudulentas ou ofensivas.
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MEGA NEWS TEXTO E FOTOS: MEGA HITS
A MEGA HITS AO TEU LADO NO MEO SUDOESTE PARA
O MELHOR VERÃO DE SEMPRE! Estás preparado para encher o feed do teu Facebook com as fotos mais invejáveis do verão? E no Snapchat… ui, aí então ninguém te vai aturar! A MEGA HITS está contigo no mais mítico festival de verão em Portugal. Nada mais, nada menos, do que o MEO Sudoeste, na lendária Herdade da Casa Branca! Junta-te à Tribo e faz com que o teu verão seja só um dos melhores da tua vida! De 3 a 7 de agosto, a MEGA HITS vai estar ao teu lado na Zambujeira do Mar. E isso quer dizer o quê? Quer dizer que, basicamente, vamos estar lá a curtir contigo e a tornar o teu festival ainda mais especial. Vais poder passar pelo estúdio da MEGA HITS no recinto do festival e conhecer os teus Mega Animadores… e quem sabe até ser entrevistado! Para quem não puder ir ao festival, vamos contar-te tudo o que lá se vai passar, e transmitir os melhores concertos! Basta que ligues o rádio ou a aplicação da MEGA HITS no teu smartphone.
E claro que, quando a MEGA HITS se mete nas coisas, mete-se dos pés à cabeça! E porque somos a rádio oficial do MEO Sudoeste, é claro que também temos borlas para ti. Para ganhares bilhetes para o Sudoeste, só tens de ficar atento à MEGA HITS! Este ano há 3 palcos: Palco MEO, Palco Santa Casa e o Moche Room por onde vão passar: DVBBS, Martin Garrix, Wiz Khalifa, Steve Aoki, Sia, James Morrison, Steve Angello, Cali Y El Dandee, Nervo, ÁTOA, Kura, Kura, Damian “Jr. Gong” Marley… Já chega? Claro que não! Por isso tens o cartaz completo aqui em baixo! E que cartaz! Não se pode! E porque o MEO Sudoeste está mesmo bom, o Pack Tribo e o Fã Pack Fnac já estão esgotados, por issom se fôssemos a ti, tratávamos da vidinha! Sabe tudo em megahits.sapo.pt! O pessoal encontra-se na Zambujeira do Mar, de biquíni, calções e óculos de sol…. Sempre cheios de estilo!
5 de agosto Palco MEO – Kura, Damian “Jr. Gong” Marley, Seu Jorge, C4 Pedro Moche Room – Curadoria Orelha Negra: Holly Hood, Slow J, DJ Kwan, Dynamic Duo, ProfJam, Maze, Nerve e Orelha Negra DJ Set Palco Santa Casa – Mishlawi, DEAU
Já confirmados no
MEO Sudoeste: Noite de Receção ao Campista – 3 de agosto Palco MEO – DVBBS, Yellow Claw, Club Banditz 4 de agosto Palco MEO – Martin Garrix, Wiz Khalifa, Virgul, Josef Salvat Moche Room – B26, SlimCutz & Ace Palco Santa Casa – ÁTOA, Leonor Andrade
6 de agosto Palco MEO – Steve Aoki, Sia, James Morrison, Diogo Piçarra Moche Room – Landrick, DJ Overule, Von Di Carlo Palco Santa Casa – João Pedro Pais, NBC 7 de agosto Palco MEO – Steve Angello, Cali Y El Dandee, NERVO, Sunnery James & Ryan Marciano Moche Room – Deejay Telio, Pete Kingsman, Ben Ambergen Palco Santa Casa – April, Neev
Mega Hits! 45 minutos de música sem parar! Os maiores Hits e as melhores músicas novas!
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JULHO | AGOSTO’16
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LISBOA 92.4 FM | PORTO 90.6 FM | COIMBRA 90.0 FM | SINTRA 88.0 FM | AVEIRO 96.5 FM | BRAGA 92.9 FM
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PLAYLIST ENTREVISTA: Beatriz Cassona | FOTOS: NOS Discos
fiança, paciência e estar bem relacionado a nível de cooperações, porque as outras pessoas podem dar inputs criativos.
Quando olhamos para o alinhamento do teu CD, salta logo à vista o facto de todos os temas falarem de amor ou sentimento. O que é que isto nos diz sobre o Fred? É um momento da tua vida que estás a explorar aqui? Eu acho que as decisões que fazemos na nossa vida podem ter sempre a influência de desgostos amorosos ou vitórias nesse campo. Mas atenção: quando eu falo em amor, é amor entre amigos, amor entre pais e filhos, ou seja, é qualquer tipo de amor. Pode ter coincidido também com o nascimento do meu filho, com o término da minha relação, etc. São reboliços, montanhas russas de sentimentos! Eu como não sei escrever letras, conto com a ajuda do Nuno Just, que é um artista espetacular com quem eu colaboro já há muito tempo. Nós temos o mesmo género de feeling e aquilo acaba por ir sempre lá dar. Eu gosto de estudar esse mundo das emoções, até porque a própria música é construída assim.
Este é um disco para o summer loving?
Os seus temas são “reboliços” de feelings, e “montanhas russas de sentimentos”. Falamos-te de Cut Slack, a.k.a. Fred Campos Costa, que estuda no seu novo álbum, Lovers On The Line, o mundo das emoções. Lançaste o Lovers On The Line no final do mês de maio e, nas tuas palavras, este é um álbum onde tentaste “dar prioridade a emoções e sentimentos”. É por essa razão que deste este nome ao disco? O que significa este título? Podia ter escolhido um nome que não fosse relacionado com nenhuma das músicas, mas por acaso há uma faixa no álbum que se chama Lovers On The Line, que é cantada pelo Rodrigo Gomes dos Thunder&Co. Fiquei logo automaticamente com um feeling de que essa música resumia o álbum. Isto porque o título Lovers On The Line tem vários significados: podem ser dois amantes que estão na mesma linha, ou que poderão estar em risco... tem uma conotação de caminhar pelo mesmo caminho ou de seguir quase por caminhos opostos. E o álbum resume muito isso porque são histórias de amor, histórias de alegrias, sentimentos, saudades...
Este é um disco que podemos dizer ser dinâmico, vibrante e energético. É isto que podemos esperar sempre do Cut Slack e dos discos que fizeres daqui para a frente? Sim, sempre. Este disco tem uma sonoridade muito própria, e tem fortes influências dos anos 80, porque é uma década que para todos os efeitos me influenciou, e continua a influenciar muito a música que faço hoje em dia. No entanto, os meus horizontes musicais não se resumem a essa estética. Mas qualquer que seja a estética que eu adote num futuro álbum, EP ou conjunto de faixas que lance avulso, terá sempre essas
características, espero eu. Como produtor, fascinam-me muito as técnicas sonoras da altura.
Foste tu quem gravou e produziu o álbum todo, e ainda escreveste letras. Isto dá muito trabalho não? Como é que se consegue ser responsável por todo este trabalho de criação? Não masterizei, só produzi, mas sim, tenho coautoria em algumas letras, apesar de ser um departamento que infelizmente não domino. Dá muito trabalho, intercalado com outras produções que fui tendo com outros artistas, posso dizer que nos últimos seis meses, antes do lançamento do álbum, tive única e exclusivamente focado em terminá-lo. Mas diria que foi nestes últimos seis ou oito meses que avancei bastante, e torna-se difícil fechar as músicas quando estamos muito ligados a elas. É como um filho que vai para a escola pela primeira vez, tens de saber largar. Mas acima de tudo envolve muita organização e muito jogo de cintura.
Tens dicas para quem se queira envolver neste tipo de processos? Acima de tudo (e isto é quase um clichê), o meu conselho é: façam o que querem fazer. Obviamente que nos deixamos sempre levar por influências doutros artistas, mas eu por exemplo ouço muito pouca música nova, e não é que isto seja uma coisa boa, mas também não é uma coisa má. Eu mantenho-me muito fiel ao meu género, mas também é bom de vez em quando sairmos da nossa zona de conforto. Acima de tudo, para quem quiser seguir esta vida, é preciso ter con-
Sim pode ser, mas também pode ser para aquela depressãozinha engraçada do inverno! Pode ser summer loving no sentido de ser um disco para ouvir no carro quando se vai de férias de verão pela costa alentejana ou uma coisa assim. Mas também pode ser um disco, na minha opinião, para ser ouvido naquela melancolia do inverno, em que não se passa nada.
Da Chick tem um estilo muito diferente de Isaura, que por sua vez também é muito diferente de Thunder&Co. A esta altura, já se tornou possível misturar vários estilos de música ou querias mesmo colaborar com estes artistas? Eu produzi todos esses artistas. Eu geralmente nunca aceito colaborações a este nível quando trabalho para outras pessoas, porque basicamente eles convidaram-me para trabalhar com eles. Tem de haver sempre algo comum entre nós, logo à partida. E eu já tendo trabalhado para eles, foi mais fácil colaborarmos para as minhas faixas. Em comum, há uma grande paixão pela música, somos artistas na luta. Eu nem me considero artista, considero-me produtor. Eu sou um rato de estúdio, um executante de estúdio, não tanto ao vivo como eu gostaria.
Onde é que te vamos poder ouvir este verão? Por onde vais andar? Tens algo de novo programado para o live set? Neste momento ando a desmontar todas as músicas e o que eu tencionava fazer não sei se é para daqui a um mês ou dois meses. A minha intenção primária é tocar isto ao vivo com uma banda. Basicamente terei de desmontar as músicas todas e depois hei-de fazer uma versão mais dance, quase um remix live do álbum. Quando eu fizer live set as músicas que vamos ouvir serão músicas novas, mas sempre com os vocals do álbum, ou seja, as pessoas vão poder identificar os temas.
f Cut Slack JULHO | AGOSTO’16
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cutslack
DIZ MUITO DE TI
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EM FORMA TEXTO E ENTREVISTAS: Tiago Belim | FOTOS: cedidas pelo Comité Olímpico de Portugal
Os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro estão aí à porta, e voltamos a chegar ao Brasil carregados de esperança. Mas desta vez, o motivo é o desporto, e as dezenas de atletas que prometem superar-se para levantar o esplendor de Portugal. E há vários a fazê-lo enquanto tiram... um curso superior. A Filipa Martins e o Rui Bragança são dois dos atletas que vão representar Portugal nos Jogos Olímpicos (JO) deste ano. À partida, não existe nenhuma relação entre eles – uma é mulher, o outro é homem, uma pratica ginástica acrobática, o outro taekwondo. Mas também há algo que os une – são ambos muito jovens (20 e 24 anos, respetivamente), e ambos estão a tirar um curso superior. Como é que se conciliam os estudos com as exigências do desporto de alta competição?
“Há que aproveitar a universidade para nos dedicarmos ao desporto”
Rui Bragança, 24 anos, atleta de Taekwondo na categoria -58 kg e aluno do 6º ano de Medicina
Vais participar nos teus primeiros Jogos Olímpicos, e chegas lá com o título de Campeão da Europa. Quais são as tuas expetativas para a prova? Chego como Campeão da Europa, mas há cinco campeões continentais, e todos eles capazes de ganhar uma medalha. O Taekwondo é uma das modalidades onde é mais difícil chegar aos Jogos, e lá estão apenas os 16 melhores do mundo. Passar o primeiro combate já será muito bom, e se ganhar quatro já estarei nas medalhas. É um dia de competição muito intenso.
Tens hoje 24 anos, és um atleta de alta competição, e estás a terminar a tua formação superior. O que é que é preciso para chegar até aqui? É precisa muita dedicação. É preciso estar disposto a fazer todos os sacrifícios e ter muita persistência, mesmo quando as coisas correm pior. É preciso continuar a acreditar e olhar para a frente, e quando sentirmos que tudo está mal, é trabalhar ainda mais para que possamos inverter isso. E quando pensas em desistir, ao que é que te agarras? Nesta altura já não penso em desistir, muito sinceramente. Gosto demasiado do Taekwondo, é a minha paixão e isso nunca esteve em causa. O núcleo em que estou inserido – treinador, colegas de treino, etc. - é como uma segunda família, e a minha família sempre me apoiou, ganhando ou perdendo. Muitas vezes, mais ainda na altura da derrota.
És um exemplo de que é possível conciliar os estudos com o desporto ao mais alto nível... O desporto não dá futuro a ninguém. Até podemos sair-nos muito bem numa determinada modalidade, mas devemos sempre tentar tirar um curso superior, e até aproveitar o tempo que estamos na universidade para nos dedicarmos ao desporto, sem descurar os estudos. Podemos até demorar mais tempo a completar o curso, mas pelo menos, quando o tempo de praticar desporto ao mais alto nível chegar ao fim, teremos algo a que nos agarrar. Mas não é fácil conciliar as duas coisas. Todos os dias perco 6 horas de estudo por causa do Taekwondo, e o cansaço também não é grande ajuda. No final, ainda tenho de fazer aquilo que os outros alunos fazem. Escolheste o curso de Medicina... Que ideias tens para o futuro? Neste momento, escolheria Anestesia ou Ortopedia. Mas ainda falta muito tempo! (risos)
“Com sacrifício é possível conciliar tudo”
Filipa Martins
, 20 anos, atleta de Ginástica Artística e aluna do 1º ano de Ciências do Desporto Mesmo sendo tão nova, já tens algumas medalhas no currículo, conquistadas na Taça do Mundo. O que esperas da tua primeira ida aos Jogos Olímpicos? Em primeiro lugar, quero muito fazer uma prova olímpica para testar o meu nervosismo, num ambiente diferente e na competição mais importante de todas. O meu objetivo é tentar chegar à final all around, que é a que reúne os quatro aparelhos.
JULHO | AGOSTO’16
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O que é isso dos quatro aparelhos? Chama-se Ginástica Artística, e é o desporto que pratico. Abarca as barras assimétricas; a trave olímpica (uma barra situada a 1,25 metros do chão, com 5 metros de comprimento e 10 centímetros de largura); o salto de cavalo (uma mesa de saltos, onde tocamos depois de correr numa pista com um máximo de 25 metros, para realizar uma acrobacia); e o solo, onde há 90 segundos para realizar movimentos acrobáticos e gímnicos acompanhados de música. Fazes ginástica desde os 4 anos de idade. Como é que foste conciliando a prática desportiva com a escola, ao longo dos anos? É sempre um pouco difícil, porque do pouco tempo que temos, ficamos ainda com menos. Mas com o apoio dos meus pais e da minha treinadora torna-se mais fácil gerir as coisas. Para além disso, agora na faculdade tenho a vantagem de estudar no mesmo sítio onde treino – na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto – mas o facto de ter muitas aulas práticas, acumuladas com os treinos, significa que chego ao fim do dia
completamente esgotada. Mas lá está, com sacrifício – e acaba por não ser um grande sacrifício quando gostamos realmente do que estamos a fazer – é possível conciliar tudo. O que é que precisaste de fazer para alcançares este nível? Eu acho que, quando temos um sonho, devemos segui-lo até ao fim, independentemente de quaisquer dificuldades que possam surgir. E foi sempre assim que encarei a ginástica, mesmo nos momentos mais difíceis e nos quais cheguei a pensar duas vezes se era mesmo isto que eu queria. E sim, é mesmo preciso sabermos responder sem dúvidas a essa pergunta, para conseguirmos abdicar de várias outras coisas. Por isso só posso aconselhar a nunca desistirem daquilo em que acreditam, nem dos objetivos que traçaram. Que objetivos tens para a tua carreira e para a tua vida depois disso? Neste momento quero acabar a faculdade, e mais tarde gostava de vir a ser treinadora de ginástica. Mas depois destes Jogos, ainda queria tentar ir aos próximos! (risos)
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10 LER PARA CRER TEXTO E ENTREVISTAS: Beatriz Cassona | FOTOS: cedidas pelos entrevistados
Já pensaste em como seria se saisses porta fora e fosses descobrir o mundo de mochila às costas, completamente sozinh@? Nos dias que correm, há cada vez mais jovens a pôr o medo de lado e a partir à descoberta numa viagem a... um. Neste artigo, vamos dar-te a conhecer as histórias de quatro backpackers que largaram família e amigos para se lançarem à aventura!
PORQUÊ VIAJAR SOZINHO? Do que vão à procura os backpackers e o que trazem de volta? O que é que os faz agarrar nas malas e deixar tudo para trás? De certeza que já te questionaste sobre o que inspira e incita alguém a arrancar para o desconhecido.
“OS BACKPACKERS PROCURAM AVENTURA, NO SENTIDO DE SE ABRIREM A ALGO NOVO, INESPERADO, QUE OS SURPREENDA”
Quem o diz é a Dra. Salomé Marivoet, Socióloga e Diretora dos cursos de 1º e 2º ciclo de Sociologia, na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, que acredita que “a experimentação do desconhecido é sempre exterior e interior”. Porquê? Porque quando te aventuras sozinh@, “tudo o que fazes depende única e exclusivamente de ti”, e isso ajuda a conheceres-te cada vez melhor. De acordo com esta especialista, quando viajas sozinh@ “os roteiros e os tempos em cada espaço ficam por tua conta, o que pode ser muito prazeroso. Ficas entregue a ti próprio e cabe-te a ti decidir o quê, onde e quando comer, andar, parar, etc.”. Trata-se não só de uma descoberta do mundo, mas também de uma descoberta interior. “O exterior estimula a percorrer o interior”, o que te leva a uma “enorme sensação de liberdade” e a uma “renovação de ti própri@”. Tudo isto vai fazer com que te sintas “mais segur@, mais confiante e com uma maior autoestima”. No entanto, e de acordo com a Dra. Salomé Marivoet, “precisas de te sentir preparad@ para dar esse passo” e, para isso, deves ter em mente que o risco “faz parte da aventura, até porque a aventura não existe sem ele”. Mas regra geral, acabas por “não pensar no desastre e focar em pensamentos positivos”.
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LER PARA CRER
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Há quem já tenha pensado muito nisso, mas da teoria à prática vai um grande passo. Estas são as histórias de quatro backpackers que quebraram a rotina e deixaram tudo para trás, menos a força de vontade.
“ACONTECIMENTOS QUE NÃO SE AGENDAM” O Miguel Militão é um Customer Service Advisor de 23 anos que partiu à descoberta com um único objetivo: percorrer o maior número de países na Europa durante um ano. A sua viagem durou 200 dias, desde setembro de 2015 a fevereiro de 2016, e, ao todo, viajou por 14 países. Começou a viagem na sua cidade, Lisboa, onde apanhou um autocarro até Valença do Minho. Percorreu o Caminho de Santiago durante 7 dias e, depois desta experiência que diz ter sido fantástica, andou em autostop. No primeiro dia que o fez, encontrou trabalho, e manteve-se na vindima, em Rioja, Espanha, durante 16 dias, “com cama, comida e dinheiro”. Após atravessar todo o norte de Espanha, percorreu o sul de França, desde Biarritz até ao Mónaco, e chegou por fim ao “país mais desejado”: Itália. Ficou por lá durante três meses, foi trabalhando à medida que seguia caminho, e foi desde Génova, passando por Milão, Florença e Roma, até Frosinone. Entre Nápoles e Roma, começou a subir até Veneza. Depois de tudo isso, cruzou a Eslovénia, em direção à Croácia, e subiu até à Lituânia. Foi na Polónia que conheceu aquela que é a sua atual namorada, pela qual voltou, e hoje em dia encontra-se a trabalhar numa empresa e a viver em Katowice, uma cidade no sul da Polónia. Começou a viajar porque se sentia “parado, a viver uma vida rotineira, sem sabor”. Quando se iniciou nesta aventura, disse para si próprio que estava na altura de deixar tudo para trás e de mergulhar numa nova etapa. A sua curiosidade pelo mundo transformou-o num descobridor de “novas culturas, de novas caras, e de novas histórias”. Olha para a estrada como o sítio perfeito para conhecer novas pessoas. Foi nas estradas que conheceu a antiga estrela de futebol Zlatko Zahovic, apanhou boleia de um famoso político italiano, conheceu o único músico brasileiro na Croácia, muitos médicos, professores, pescadores, polícias... A lista é infindável. Sempre foi um “viajante solitário”, e por isso vê mais vantagens em viajar sozinho do que acompanhado. Não estar preso a outro, ter mais tempo para decidir o que quer fazer e com quem quer estar são alguns dos motivos que o fazem percorrer o mundo isolado. Sozinho, sente-se “mais livre”, até porque se torna “difícil conciliar os gostos” quando se viaja com alguém. Para o Miguel, viajar sozinho significa ser muito mais aberto e grato pelo que lhe é oferecido - “num mundo que cada vez te pede mais, quando viajas sozinho sentes-te muito mais movido e motivado também a dar mais”. E a sua viagem acaba por ser um exemplo disso mesmo: “Estava sem lugar para dormir em Marselha, em França. Quando chegou a noite, deitei-me perto do porto no museu MuCEM, onde estavam poucos pescadores a pescar. Por volta das duas da manhã, um deles pisou-me acidentalmente. Acordei, ele pediu-me desculpa, e ofereceu-me uma cerveja. Começámos a falar e passados alguns minutos estávamos a pescar. Este tipo de acontecimentos não se marcam na agenda, não se esperam. É fantástico.” Mas os obstáculos não deixaram de surgir, e a sua estadia no norte de Espanha é prova disso. O Miguel encontrava-se sozinho, no meio de uma montanha nas Astúrias, no norte de Espanha, a cozinhar o seu jantar com apenas uma lanterna acesa. Ao ouvir uns barulhos
estranhos vindos das árvores, virou-se para trás e, com a ajuda da sua lanterna, deparou-se com dois javalis. Para os afastar, atirou alguma comida para longe e fechou-se dentro da tenda, à espera que fossem embora. Assim foi, e passados alguns minutos pôde comer tranquilamente. Em todas as aventuras existem riscos, e os obstáculos são quase inevitáveis, e por isso é necessária uma preparação não só material mas também mental. Para o Miguel, o essencial é saber aceitar o que o caminho oferece e estar aberto ao que vai surgindo. Hoje em dia, recorda constantemente todos os momentos com saudade. A viagem abriu-lhe “muitas portas”, tanto a nível profissional como pessoal. E agora vê-se como uma pessoa mais forte, mais madura, e “mais humana”.
“DESENRASCAR E EXPERIMENTAR” Ele já tinha a Holanda em mente desde os 19 anos, mas foi apenas aos 23 que se lançou à descoberta. Falamos-te de Alexandre Fernandes, um estudante de 24 anos que durante uma semana caminhou pelas ruas de Amesterdão. A sua partida de Lisboa foi tranquila, e não teve problemas em chegar ao hostel e fazer o check-in. Mas quando se aventurou num passeio deu por si perdido, à procura do caminho de volta para o hostel, durante uma hora. A língua holandesa “é complicada”, mas por sorte o inglês é quase como uma “segunda língua bem vincada na cultura dos holandeses”, e por isso facilmente encontrou o caminho de volta com a ajuda dos trabalhadores de um café local. A partir do hostel, guiou-se bem pela cidade, “dado que tudo é plano e a deslocação é facilitada”. “Muitos dias de festa passaram, a conhecer pessoas novas e a experimentar todas as delícias da zona”. Juntamente com um grupo de australianos e canadianos, chegou até a passar pelo Red Light District, que ao início pode “parecer bastante constrangedor, porque vês as pessoas a exibirem-se nas montras, mas é um sentimento passageiro e de fácil de habituação”. Escolheu Amesterdão não só por ser a “capital da festa da Europa”, mas também por ter uma cultura e arte diferentes dos países vizinhos. Foi sozinho para pôr à prova a sua “tenacidade e autonomia” e para conhecer pessoas novas. Aprendeu a desenrascar-se e a orientar-se sozinho numa cidade que conhecia muito mal. No entanto, o Alexandre garante não se ter sentido “intimidado”, mas talvez um pouco sozinho por não ter com quem partilhar as boas experiências. Conheceu pessoas com quem ainda hoje mantém amizade: “alguns chegaram a vir a Lisboa e eu próprio soltei o guia que há em mim para lhes mostrar a cidade”. Arrepende-se apenas de não ter feito o reconhecimento da cidade previamente, algo que considera ser essencial para quem decide viajar para terras desconhecidas e sozinho. Acima de tudo, considera fundamental “evitar sarilhos” e manter uma atitude descontraída. Graças a esta experiência, é agora uma pessoa mais confiante e independente, capaz de fazer as coisas por si próprio. Ganhou o gosto pela descoberta, pela aventura e pela exploração de novas terras.
JULHO | AGOSTO’16
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12 LER PARA CRER
“VIAJAR NUNCA É UMA MÁ AVENTURA” O André Graça tem 22 anos, é estudante e explicador, e desde cedo fomentou o seu gosto pela descoberta e pela aventura. Foi por isso que, durante o inverno do ano passado, fez as malas e partiu, sozinho, em busca de novas experiências. O seu destino era a Suécia, mas passou por Inglaterra à ida, e por França na volta. Durante 22 dias, os grandes trajetos foram feitos de avião, numa companhia low-cost, e já dentro dos países os comboios e autocarros foram os transportes de eleição. De vila em vila, o André precisou apenas de uma bicicleta para se deslocar e descobrir as maravilhas locais. O primeiro avião levou-o a Londres, onde esteve alojado numa casa onde só viviam homens. Para ele foi “um brilhante início de viagem”, pois serviu não só para conhecer uma das maiores cidades do mundo, que há tanto tempo desejava visitar, mas também para “afinar o caminho e direção espiritual” que desejava para a sua viagem. Após alguns dias, o avião seguinte levou-o para o destino final: Suécia. Na Suécia viajou do norte para o sul, e visitou várias cidades. Foi dormindo em casa de amigos e fazendo couchsurfing. Para o André, o couchsurfing não é um simples método de alojamento, mas sim uma forma de se aproximar do estilo de vida dos habitantes do país: “a partilha e o confronto de ideias com quem me acolheu foi sempre fascinante e de uma riqueza enorme”. Como não podia deixar de ser, a capital foi um ponto de passagem, e a cidade universitária Uppsala, “onde viveu o famoso biólogo Linnaeus”, foi um dos locais que mais o marcou. Mais a sul, teve a oportunidade de conhecer as pessoas com quem tinha contactado anteriormente apenas via e-mail. Marcou-o especialmente a simpatia e disponibilidade no acolhimento que recebeu por parte de todos os que lhe “abriram a porta de suas casas”. Já na viagem de regresso, o André fez uma paragem por Paris, onde ficou duas noites, sendo que na primeira cumpriu o desejo de permanecer na Basílica do Sagrado Coração. O motivo que o fez agarrar nas malas foi a busca por momentos de “conforto e relaxamento, reflexão interior e organização de ideias”, mas também de “coisas novas nunca antes vistas”. Partir à aventura sem companhia garantiu-lhe “a liberdade de viver momentos em que estar só é importante”, o que lhe permitiu encontrar-se e relacionar-se mais facilmente com quem se cruzou no seu caminho. Já houve quem lhe chamasse de maluco, e quem lhe chamasse de corajoso. Mas a verdade é que é necessária uma certa “desinibição” quando se viaja sozinho. No entanto, o André acredita que “a segurança é fundamental”, e que mesmo durante a ação da viagem, é preciso saber por onde se anda, que caminho se pode tomar, e estar sempre de “olho aberto para o ambiente que nos rodeia”. Apesar dessa preocupação, o André deu primazia e valor ao contacto com os locais: “conhecer a terra não é só conhecer a geografia e todo o património, mas acima de tudo a gente, os costumes, os sorrisos e os olhares”. Os momentos que passou nos seus destinos foram tão importantes quanto aqueles que viveu até lá chegar. Para o André, esta foi uma jornada espiritual, que além de ter sido uma experiência única, fez dele um “mestre exímio em empacotar tralha e fazer uma mala”. E duma coisa ele tem a certeza: “uma viagem nunca é uma má aventura”.
JULHO | AGOSTO’16
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“FUI UM POUCO DE TUDO” A Joana Rebelo Chaves é uma Engenheira Civil de 25 anos, que se aventurou durante 8 a 9 meses no Equador, na América do Sul, depois de se apaixonar pela cidade. Em maio de 2015, foi aceite para um intercâmbio internacional promovido pelo programa universitário IAESTE, na Universidade San Francisco de Quito, no Equador, com o objetivo de realizar um estágio de 8 semanas numa empresa local de Engenharia Civil. Mas a aventura chamou por ela, e 8 semanas transformaram-se em 8 meses. Em setembro de 2015 foi em direção ao Equador e por lá permaneceu, sendo que durante o mês de dezembro e parte de janeiro viajou pelo Brasil e voltou a Portugal, regressando a Quito em finais de janeiro. Ao início, o medo tomou conta. Viajar sozinha para o outro lado do mundo, “sendo rapariga e jovem”, fê-la pensar duas vezes. Mas não houve como dizer que não à experiência de uma vida. Passou pelas mais variadas situações ao longo desses meses: fez um estágio curricular, um estágio profissional, voluntariado, ajudou durante o terramoto e foi viajante independente. Foi “um pouco de tudo” durante a sua estadia, e garante que “cada momento foi especial a seu modo”. Mas claro que, ao longo da sua aventura, não só viveu grandes momentos e um turbilhão de sensações, como também se viu obrigada a superar alguns obstáculos. Por um lado, sentiu-se mais “independente e livre para conhecer mais pessoas” e ser ela própria. No passado, teve a oportunidade de viajar muito e em diferentes contextos, fosse com família, com namorado e/ou amigos, sendo que nessa situação “privamo-nos de conhecer outras pessoas, culturas ou até mesmo idiomas”. Por outro lado, enquanto viajante independente, viu-se obrigada a estar mais “alerta a nível de segurança, a ter um maior cuidado em geral, e a não confiar à primeira”. No início, confessa ter sido mais cautelosa ainda, principalmente quando saia à rua de noite, por não ter ninguém consigo. Para evitar dissabores, antes de se aventurar, a Joana pesquisou sobre o seu destino e sobre as principais cidades, tendo em conta “a cultura e as tradições locais”. Para ela é importante estar informada e saber integrar-se, principalmente se for um país de uma religião distinta. No entanto, não há nada como “manter uma mente aberta, dar a conhecer pontos de vista, mas também estar predispost@ a ouvir e a receber outras formas de pensar”. Vai depender do país, mas há que estar sempre “alerta e preparad@ para um choque e diferença cultural”. Por isso, pouco a pouco, a Joana foi entendendo e integrando-se na cultura, que acima de tudo respeita. “Não precisamos de aceitá-la mas respeitá-la pelo menos, para termos uma boa e saudável experiência”. Felizmente, não se deparou com grandes obstáculos, integrou-se rapidamente e conheceu “excelentes pessoas” a quem hoje chama de amigos. Agora sente-se mais sábia, mais experiente e conhecedora do mundo que a rodeia. Quando relembra a sua viagem, instalam-se sentimentos nostálgicos e uma pequena grande “vontade de partir para uma nova aventura, com novas culturas, idiomas, pessoas e cheiros”.
14 PÁGINA A PÁGINA ENTREVISTA: Tiago Belim | FOTO: Elsinore
Se há livro bom para se ler nas férias, é aquele que fala de belas paisagens, de costa e de praia. Paulo Moura é jornalista e atravessou Portugal de norte a sul, sempre virado de frente para o mar, e conta-nos as histórias que povoam o nosso Extremo Ocidental. Li que investiga mais aprofundadamente sobre cada história, depois de a conhecer de forma espontânea. Como foram então definidos o roteiro e os locais onde parar a mota? Defini fazer uma viagem pela costa portuguesa, com o objetivo de contar histórias que por lá se passam. O título Extremo Ocidental refere-se ao caráter dessas histórias – histórias da beira-mar, com pessoas que lá vivem. Numa viagem deste género, nada é planeado, a não ser o percurso que delineei. Acaba por viver do improviso, de coisas que vou vendo e de que escolho falar, mas depois de decidir sobre que história quero falar, concentro-me nela e vou até ao fim. Havia milhares de histórias para contar. Procurei escolher as melhores, doseando as minhas opções para não deixar de parte nenhuma das várias regiões do nosso litoral. Nota-se, em boa parte das histórias, a nostalgia, onde se fala daquilo que era e que já não é. Isso é premeditado e tipicamente português, ou é um retrato de uma costa cada vez mais descaracterizada? Não foi premeditado, até porque não ia com uma ideia predefinida. Mas quando a primeira história com que me deparo é a do Casino de Afife, em Viana do Castelo – um edifício imponente, fechado, e completamente descontextualizado da paisagem envolvente – e encontro mais abaixo a história dos estaleiros de São Jacinto, ou participo na noite de encerramento da discoteca Living Opera, em Santa Cruz, é natural que se possa interpretar dessa forma. Mas este acaso revela também que há uma zona da costa portuguesa que está em ruínas, e que eu achei interessante por refletir uma espécie de época áurea que já não existe. E, na sua opinião, é necessário intervir na costa portuguesa para a revitalizar, ou o melhor é não mexer para não desvirtuar o seu estado mais puro? Há muito essa ideia filosófica do estado natural das coisas, mas a minha opinião é, à partida, contrária a isso. As coisas têm de evoluir de alguma maneira, e o que é preciso é tomar alguns cuidados para evitar que saiam do nosso controlo. Acima de tudo, é necessário olhar para as populações locais, e perceber que, muitas vezes, a opinião pública não é a mesma das pessoas que lá vivem, nem vai ao encontro do que elas valorizam.
JULHO | AGOSTO’16
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Nesta viagem, constatei que o turismo em Portugal – para lá do Porto, de Lisboa e do Algarve – é um mito. São Jacinto, por exemplo, é uma zona lindíssima com um parque de campismo com condições fantásticas, e em agosto estava completamente deserto. E em relação aos nossos grandes centros turísticos, acha que estão a ser intervencionados da forma mais correta? Não, não estão. Essas intervenções estão a ser feitas de forma selvagem, com uma política orientada por ninguém, a não ser pelos empresários que identificam oportunidades de negócio. É natural que o turismo acarrete algumas transformações, mas tem de haver um controlo, de forma a proteger o que existe de autêntico nessas cidades, que também acaba por ser o que atrai os turistas. Isso quer dizer que nos deixamos mudar pelas piores razões? Historicamente, temos vários exemplos de desaproveitamento dos nossos recursos, numa perspetiva de futuro. Concentramo-nos no momento e falta-nos uma visão estratégica, e o turismo é um exemplo disso. Devíamos aproveitar para criar em quem nos visita o hábito de regressar, dando-lhes motivos de interesse e dando a conhecer vários locais da nossa costa, e isso não está a ser feito.
e cada uma delas corresponde a uma faixa que atravessa Portugal na horizontal – a praia da Figueira da Foz é a praia das gentes de Coimbra; a praia da Foz do Arelho é a praia das gentes das Caldas da Rainha, e por aí fora. As pessoas são diferentes também, tanto quanto podem ser, muito por culpa das questões culturais. Às vezes percebes essa diferença numa distância muito curta. É um apaixonado por música. Se fizesse esta viagem de carro ou de autocaravana, em vez de a fazer de mota, qual seria a banda sonora que escolheria para o acompanhar? Teria sempre muito a ver com a minha ideia de praia, e com o facto de ter descoberto a relação única que os portugueses têm com a praia. Nós vivemos virados para o mar, e se pensares, vais achar ridículo ver alguém numa esplanada virado de costas para o mar, e há países onde isso é algo perfeitamente normal. Na costa norte da Europa, por exemplo, as gaivotas são vistas como um pássaro horrível, e em Portugal há todo um imaginário a elas dedicado. Há todo um conceito muito positivo associado à praia, e ela é um dos poucos hábitos sociais que temos. Por tudo isso, escolheria uns Eagles ou uns Beach Boys, algo dentro da onda californiana.
E nesses locais da nossa costa, encontramos as melhores histórias na tasca e no café central? Podem estar. Mas estão, com toda a certeza, onde estiverem as pessoas. Depois é falares com elas e estabeleceres contactos que te permitam descobrir uma boa história. Muitas vezes, o que acontece é que, ao investigar sobre uma determinada história, acabo por descobrir outra melhor, e agarro-me a essa. O que é preciso é começar por algum lado, e não andar ali à espera que nos caia qualquer coisa no colo. Chegado ao final da viagem, quão semelhantes ou diferentes são as gentes de Caminha e de Monte Gordo? As pessoas, as paisagens, toda a costa portuguesa é muito diversa. O sotaque, a maneira de ver as coisas, a gastronomia, tudo é bastante diferente, e isso reflete aquilo que somos enquanto país. À medida que descemos, vamo-nos apercebendo das várias camadas que existem,
Extremo Ocidental Paulo Moura EDITORA: Elsinore PÁGINAS: 320 PVP: 17,69 euros
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