Mais Superior | Setembro '12

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Valorizamos o teu futuro!

SETEMBRO 2012

Nº 7 - Mensal - Distribuição gratuita - Não pode ser vendida

PDF disponível em www.maissuperior.com

Caloirada A T L À SO É o adeus à casa, comida e roupa lavada... Mas o abraçar da independência e dum curso Superior.

Limite de Velocidade Tirar a carta de condução com ‘Segurança Máxima’

Look at me

Do penico à chupeta, um caloiro veste-se bem!

Dá-te ao trabalho Se ainda não tens quarto, o Home4Students arranja-te

Com o patrocínio



ÍNDICE | BINGO À BOLEIA DAS PRAXES

3 | ÍNDICE . BINGO

20 | LER PARA CRER

4 | NOTÍCIAS EM CURSO

26 | LOOK AT ME

8 | PLAYLIST

28 | LIMITE DE VELOCIDADE

10 | TAKE 1

32 | DÁ-TE AO TRABALHO

16 | ZAPPING

34 | MANUAL DE INSTRUÇÕES

18 | EM FORMA

BINGO

PASSATEMPO Participa e ganha!

ÍNDICE

Ei-los que chegam de todo o país, trazendo consigo sotaques, alguns medos, muitos sonhos, mudas de roupa q.b. e dicas de receitas práticas e saudáveis das mães mais preocupadas. Rebolam na relva, viram a roupa ao contrário, sabem os cancioneiros de curso na ponta da língua e esboçam os primeiros sorrisos para as novas amizades que fazem na fila da praxe e que cuja imagem imortalizarão até ao final do seu percurso académico que agora começa graças a umas simpáticas e opulentas orelhas de burro. A Mais Superior andou à boleia dalgumas das mais genuínas tradições académicas portuguesas e concluiu que “Uma vez caloiro, sempre caloiro!”, palavra de Doutores e Engenheiros

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Porque um curso Superior tem muito que se lhe diga, a Mais Superior e a PACTOR têm 5 livros “Como Fazer Investigação, Dissertações, Teses e Relatórios – Segundo Bolonha” para oferecer. Leituras muito úteis Nos dias que correm, a formação superior ao longo da vida é fundamental para uma atividade profissional de sucesso. Seja com uma Licenciatura, um Mestrado ou um Doutoramento, o aluno tem como meta final a elaboração de relatórios, dissertações ou teses. O livro “Como Fazer Investigação, Dissertações, Teses e Relatórios – Segundo Bolonha” pretende, por isso, servir de auxiliar para o processo de investigação inerente à elaboração deste tipo de trabalhos. Estruturado à luz dos cursos segundo Bolonha e apresentando de forma muito objetiva e com uma linguagem simples e clara, o livro centra-se nos principais conceitos e aspetos formais relacionados com a elaboração de trabalhos científicos.

Para seres um dos vencedores, apenas tens de responder acertadamente à seguinte pergunta: Para que áreas editoriais está direcionada a PACTOR? Visita a página de facebook da PACTOR em www.facebook.com/editorapactor e descobre a resposta correta. Boa sorte! Esta informação foi facultada pelo departamento comercial.

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NIPC nº 510080723 Empresa jornalistica inscrita com o nº: 223852 Administração Graça Santos, gracasantos@youngdirectmedia.pt DIRETORA GERAL DA EMPRESA Graça Santos, gracasantos@youngdirectmedia.pt DIRETOR ADJUNTO DA EMPRESA Paulo Fortunato, paulofortunato@youngdirectmedia.pt Sede de redação: Rua Ester Bettencourt Duarte, Lote 76, 2625 - 095 Póvoa de Santa Iria Tlf: 21 155 47 91 Fax: 21 155 47 92 Email geral: geral@youngdirectmedia.pt

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Condições gerais dos passatempos da Mais Superior 1. Os passatempos da Mais Superior têm uma data de início e de fim (que corresponde à duração do mês da publicação da revista) fora das quais todas as participações recebidas serão recusadas. | 2. Das respostas recebidas, apenas serão consideradas válidas as que preencherem devidamente os campos solicitados no formulário de resposta. | 3. Só é aceite uma resposta válida por endereço de e-mail e por concorrente. | 4. Do conjunto de respostas válidas recebidas, os premiados serão selecionados de acordo com o método de seleção e o número de prémios comunicados no respetivo passatempo. | 5. No caso do número de participações ser inferior ao número de prémios disponíveis, serão contemplados todos os participantes que responderem acertadamente. | 6. A lista dos premiados será publicada online, na área de Passatempos, sendo os vencedores ainda notificados via e-mail ou telefone, pelo que os participantes deverão facultar sempre os seus contactos corretos e atuais. | 7. Todas as demais dúvidas e questões podem ser endereçadas para o e-mail passatempos@maissuperior.com. | 8. Caso os prémios não sejam levantados após 3 meses de serem anunciados os vencedores, esse vencedor perderá o direito a esse prémio.

Banco de imagens: Todas as imagens utilizadas na publicação, salvo as que estão creditadas, são retiradas do depositphotos.com Esta publicação já se encontra escrita ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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NOTÍCIAS EM CURSO

Knockout Knockout em Nova Iorque

André Guiomar, estudante da Universidade Católica Portuguesa (UCP), não acreditava que Juliana, a rapariga simpática e brincalhona que conhecia há tempos, pudesse ser também uma lutadora implacável em cima dum ringue de boxe. Para tirar as teimas, foi assistir a um combate e, tempo depois, mostrou ao mundo “Píton”, o documentário com sotaque nortenho já galardoado no Festival Audiovisual Black & White 2011 e, que este ano, arrecadou também o NY Portuguese Film Festival, deixando os realizadores rendidos ao seu talento. Texto: Bruna Pereira Fotos: André Guiomar

André Guiomar e os seus mil projetos

Portugal é um país mais de futebol... Porquê a temática do boxe no feminino? “Píton” surgiu como um projeto final da minha Licenciatura em Som e Imagem na UCP. Foi desenvolvido durante todo o meu 3º ano e depois distribuído por festivais. Estava eu ainda de férias, após finalizar o 2º ano, quando a minha mãe, numa conversa, me conta que a Juliana (pessoa que conhecia há já alguns anos), era tricampeã nacional de boxe. Despertou-me o interesse e decidi assistir a um treino para ver com os meus próprios olhos, a Juliana, rapariga com 17 anos na altura, a ‘jogar’ boxe com alguém. Sendo que a tinha como uma das pessoas mais simpáticas, calmas e brincalhonas que conhecia, custava-me acreditar que ela mudasse assim tanto e se tornasse ‘implacável’ em cima dum ringue. Mais impressionado fiquei quando percebi que ela treina quase totalmente com homens. Aí, e sabendo da necessidade de desenvolver uma curta para o meu ano final, decidi ir atrás da motivação que a levou a entrar e continuar num desporto violento a nível físico. Conhecia também o pai, o que facilitou o processo e o contacto com o treinador Pinto Lopes. Com uma cara completamente angelical, a Juliana transforma-se quando sobe ao ringue. O que foi mais marcante para ti ao longo da realização de “Píton”? Numa fase inicial, foi o primeiro impacto de assistir ao vivo a um combate de boxe. Mas o que mais me interessou foi sempre conseguir presenciar o momento de preparação: o aquecimento, o ambiente no balneário, a motivação por parte do treinador e a conversa que tem sempre com o pai. Isso pareceu-me, ainda mais do que o combate, um momento único e bastante privado, até. Mas um dos momentos mais marcantes foi, sem dúvida, quando o pai ao falar com ela lhe pede que logo a seguir ao normal cumprimento entre as duas atletas lhe responda logo com a outra mão num murro direto. Nessa altura, fiquei a olhar para a produtora Catarina a pensar: será que poderei usar isto no filme?

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Já alguém te fez alguma comparação com o Clint Eastwood, por causa do “Million Dollar Baby”? Nunca me fizeram essa comparação nem tinha visto o filme até fazer o “Píton”. Curiosamente há dois filmes que me parecem ter a ver ainda mais, mas também esses apenas os vi depois de fazer a curta. O primeiro é o “Raging Bull” (1980), de Martin Scorsese, devido ao genérico inicial a preto e branco e também em câmara lenta. O segundo é o “Belarmino” (1964), do Fernando Lopes, um grande filme português e com algumas parecenças em relação à forma e à imagem. Não foram influências diretas, mas agora que vi os filmes penso que, dalguma forma, alguém pode achar que foram referências fulcrais no “Píton”. Porquê o preto e banco para a curta e não cores? O preto e branco surgiu inicialmente depois dos primeiros testes que realizei para o genérico em câmara lenta. A partir daí, decidi que o filme seria assim, e isso facilitou-me o não ter de me preocupar tanto com as cores e a preocupar-me mais com o jogo da luz, algo que me agrada bastante. Assim, pude usar o contraste do preto e branco como beneficio narrativo a partir da imagem. Fala-me da vitória no NY Portuguese Film Festival 2012: estavas à espera? Não estava à espera deste prémio. Fico sempre muito contente com as seleções para os festivais, porque é para o filme ser visto que o fazemos. Como tal, a seleção não dá só a permissão de ser visto com boas condições numa sala (e até em vários países), como funciona como um “carimbo” de qualidade. Obviamente, chegar ao fim e ainda vencer, depois do filme ter passado em Nova Iorque ao lado de realizadores nacionais com mais experiência que eu, sabe muito bem. Qual foi o prémio? O prémio foi um troféu fantástico desenhado pelo artista Nuno Vasa e o facto do programa Onda Curta da RTP2 adquirir os direitos de transmissão do filme.

André tem apenas 24 anos, uma licenciatura em Som e Imagem pela Universidade Católica Portuguesa (Escola das Artes, Porto) e ainda “mil ideias de projetos cinematográficos que gostava de desenvolver”. Mas, por enquanto, o jovem realizador vai acabar o Mestrado de Cinema e Audiovisual, acabando assim também a 'carreira' de estudante. “Tenho muita vontade de trabalhar a tempo inteiro e vou começar por um Estágio Profissional. Depois logo se vê”, confessa à Mais Superior André, acrescentando que “sempre que fizer filmes” vai tentar participar em festivais de cinema como este. Nós desejamos boa sorte!

NY Portugues e Film Festival? Sim, trata-se dum festival de curtas-m etragens portuguesas nos EUA, nascido em 2011 e promovido anua lmente pelo Arte Institute. Com passagem ob rigatória por Nova Iorque, Lisboa e Porto, a ini ciativa pretende div o cinema feito pe la nova geração de ulgar realizadores naciona is. O sucesso ameri cano foi tanto que o fes tival se mudou tam bé para o Brasil – em dezembro de 2011 m passou pelo Rio de Janeir o, ampliando o nú mero de espetadores de lín gua oficial portugu esa.



NOTÍCIAS EM CURSO

Formação com devoção Quem passa pelo número 29 da Rua Andrade Corvo, em Lisboa, dá logo pela presença da Alta Lógica. O que os olhos não sabem, mas que este texto conta em pormenor, é toda a motivação que está por detrás da fundação desta instituição, que deixa para trás os programas formativos rígidos, dando a oportunidade a cada aluno de moldar o curso escolhido às suas necessidades e horários. Texto e fotos: Bruna Pereira

Informática e Gestão para todos os gostos “Começámos com Informática, depois fomos alargando, e hoje possuímos uma boa oferta na área da Gestão, cobrindo praticamente todas as áreas”, refere o Diretor-Geral da Alta Lógica, aludindo à grande variedade formativa que a instituição oferece e cujo leque engloba opções como Web Design & Development (PHP, Flash CS5, Dreamweaver CS5...); Programação (Java, Excel VBA, C++...); Desenho Gráfico (Photoshop CS5); Estatística (SPSS fundamental); ou mesmo Módulos Fundamentais e Avançados (Word, Excel, Access...). A outra novidade é a plataforma de e-learning, lançada recentemente e que permite assistir a formação da Alta Lógica em qualquer parte do mundo de maneira não presencial. Para ti, que estás na universidade, fica ainda a saber que a Alta Lógica está à procura de protocolos com Associações de Estudantes “para poder organizar alguns cursos mais específicos para os universitários, atendendo a necessidades que eles tenham não só na área da Informática como da Gestão, podendo a formação ser dada até na própria faculdade”, refere Aziz Issá. Informa-te na página oficial: www.altalogica.com.

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Praticada desde 1997, a metodologia de formação da Alta Lógica assume-se como “inovadora”, nas palavras do seu Diretor-Geral Aziz Issá, que explica, com orgulho, como tudo começou: “a minha formação de base é Informática e iniciei funções como programador em 1983, mas sempre fui uma pessoa que gostou de comunicar e de ensinar, pelo que enveredei também pela atividade de formador”. Durante os vários trabalhos de formação que ia tendo, Aziz Issá reparou que havia um denominador comum que o deixava indignado – “os programas lecionados eram muito rígidos, tinham horas estabelecidas e a matérias eram a standard para todos, não havendo diferenciação para aqueles que apresentavam necessidades formativas específicas. Havia aquelas pessoas que não precisavam de saber tanto e eram obrigadas a assistir a programas demasiado aprofundados para os seus conhecimentos e outras que, pelo contrário, acabavam por aprender coisas repetidas. Em suma: todos saíam prejudicados, porque uma formação baseada num determinado número de horas significa também que, no final desse número de horas, o curso termina, independentemente de se a pessoa adquire ou não as competências previstas”. O sonho de criar um novo método formativo à medida de cada aluno foi crescendo, passo a passo, e dum salto nasceu a Alta Lógica, que procura com cada formando que haja, pelo menos, um upgrade de conhecimentos: “a pessoa pode não adquirir todas as competências estabelecidas no curso, por ter iniciado com um nível baixo, mas entre o início e o fim da formação, o que se espera é que essa pessoa melhore visivelmente as suas competências. Foi por isso que decidi lançar-me por conta própria”.

Gonçalo Castro

Sara Hassamo, 22 anos

“Cada um aprende o que mais precisa”

“Sou gestora e acredito que a formação constante é essencial”

“Trabalho como formador de Informática na Alta Lógica há cerca de um ano e meio e a experiência está a ser muito boa. Os conteúdos programáticos são variados e cada matéria é aprofundada conforme o que a pessoa precisa, já que os formandos se encontram em diferentes pontos de conhecimento quando iniciam os cursos.”

“Este não é o meu primeiro curso na Alta Lógica, pois já fiz aqui anteriormente cursos de Excel, Access e Web Design... (risos). Desta vez, vim aprender Dreamweaver, tendo em conta que quero aprender a fazer sites.”

José Maria Travasso

António Morais, 36 anos

“Na área da Informática, o saber nunca é de mais”

“Uma nova formação pode abrir muitas portas”

“Sou finalista de Economia no ISEG e decidi aprofundar os meus conhecimentos de Excel, Word e Access. Além de ser um interesse pessoal, é, sobretudo profissional, pois procuro conseguir competências técnicas de trabalho na área de Informática que me sejam úteis futuramente.”

“Mais do que um gosto pessoal, optar por uma formação em Web Design e Dreamweaver prende-se também com questões profissionais. Aqui encontro todo o material que preciso e sempre que tenho alguma dúvida, os formadores são sempre muito prestáveis. Uma equipa impecável!”


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PLAYLIST

Por quem cantam

as tunas?

Nem só de setembro vivem as tunas, mas é este o mês em que se podem dar a conhecer aos novos alunos. De aprendizes, nabos ou aspirantes a veteranos, tunos ou batadas vão algumas provas de distância. As tunas há muito que conquistaram um lugar de destaque na vida académica e, masculinas, femininas ou mistas, nunca passam despercebidas. Fomos conhecê-las e perceber o que afinal as faz cantar. Texto: João Diogo Correia

Canções da nossa terra Chegada a altura de percorrer as escolhas musicais de cada tuna, os representantes não hesitam – os temas originais e as homenagens à terra de cada uma são as prioridades. A Tuna com Elas faz disso uma das principais batalhas. Originária dos Açores, descreve o seu cancioneiro, nas palavras da Maestrina Vanessa Amaral, como “um espirituoso momento académico de nostalgia insular”. A cultura açoriana, diz, é “muito própria” e a sonoridade da Tuna com Elas tenta preservá-la, através “de influências a nível de música regional”, das letras que cantam o “ser açoriano”, o “estar rodeado de mar”, “a cultura e as gentes”. Essa preservação chega até aos instrumentos e assim se explica a aposta na Viola da Terra, “um instrumento da região capaz de produzir as mais belas melodias”. Para além dos já tradicionais viola, cavaquinho, pandeireta e contrabaixo, a tuna açoriana realça os instrumentos que utiliza para a secção rítmica, que incluem um djambé, uma caixa, um bombo, ovos, pratos, caixa chinesa e reco-reco, e com os quais foi capaz de “produzir uma batida fenomenal”. O violino é outro dos instrumentos que gostam de incluir nalgumas músicas, “seja em temas mais alegres, seja em temas mais melancólicos ou melodiosos”. No final, o que conta é o desafio de tocarem temas originais, já que “sabe muito melhor e é muito mais emotivo ouvirmos um público a cantar músicas feitas por nós do que por artistas que todos conhecem”, concordam Sara Gomes e Vanessa Amaral, respetivamente Magister e Maestrina da Tuna com Elas. “A maior parte das músicas que cantamos é da

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nossa autoria o que na minha opinião tem muito valor”. Susana Guerreiro, Magister Tunae da TunaBebes, tuna mista da Universidade do Algarve, parece partilhar da teoria da homóloga dos Açores “podermos mostrar algo totalmente realizado por nós é motivo de orgulho”. A principal dificuldade surge com a dependência dos conhecimentos musicais dos alunos que vão chegando e dos instrumentos que estes sabem tocar: “a angariação de novos caloiros, infelizmente, torna-se cada vez mais díficil, sobretudo no nosso Campus, que é um meio extremamente pequeno, onde entram cada vez menos alunos e a probabilidade de entrar alguém com conhecimentos musicais é ainda menor”. De Lisboa vem a AgriculTUNA, que vai buscar inspiração à vida nos bairros da capital, pincelada por festas, tradições, encontros, amores e desamores. “A nossa música é muito marcada pela tríade fado, Lisboa e vivência académica”, assegura Pedro Bago d’Uva. Confirmando a importância dos temas originais, Pedro garante não enjeitar a possibilidade de a AgriculTuna dar uma roupagem própria a músicas já existentes. Foi o que fez com a canção Marcha de Alfama, a qual teve “a honra de gravar com João Afonso, sobrinho de Zeca Afonso”, e que é um dos temas que acompanha a tuna desde a fundação. Não esquecendo o ‘outro Portugal’, que é também o seu, a AgriculTUNA criou Ruralidades, tema que serve de introdução ao álbum que lançou (e que se chama, precisamente, “agriculTUNA”). Pedro Bago d’Uva descreve-o assim: “é uma incursão ao imaginário

Tuna com Elas

“A festa, os convívios e o ambiente de tuna são fundamentais. Gostamos de nos divertir em conjunto, de festejar sempre que podemos e de animar qualquer espaço onde estejamos”; “a nossa tuna não é diferente das outras, temos lugar para tudo, mas acho que a diversão é o mais importante”; “como grupo de amigos que somos, é natural que a festa surja quando nos reunimos e isto é suficiente”. Ninguém o nega: o divertimento e o caráter lúdico estão para as tunas como os ovos estão para as omeletes. Sem os primeiros, os segundos não existem. O que não significa que as tunas se possam resumir a festas e excessos. Pedro Bago d'Uva é um dos veteranos da agriculTUNA, do Instituto Superior de Agronomia (ISA), em Lisboa, e garante que ali se procura “acima de tudo, fazer música”. “Essa é a razão primeira da nossa existência. A música possibilita o estabelecimento de fortes laços de amizade entre os membros da tuna”. Sara Gomes, Magister Tunae da Tuna com Elas, sedeada na Universidade dos Açores, concorda que há muito para lá do que se ouve dizer: “a festa e o álcool fazem tanto parte de uma tuna como da vida de um qualquer estudante. Mas a música é o elemento essencial, ninguém vai para uma tuna só porque gosta de beber uns copos”. Na TunaBebes, da Universidade do Algarve (UAlg), a Magister Tunae Susana Guerreiro reforça a ideia: “a festa é muito importante mas não é o que nos define, pois o que nos define é, sem dúvida, aquilo que somos quando estamos em cima de um palco”. Pedro conclui - “a festa surge, mas em segundo lugar”. E é assim que elas querem ser vistas. Afastando a conotação, muitas vezes depreciativa, que lhes é atribuída, mostram ao que vêm. “Divertirmo-nos em palco”, “animar quem nos está a ouvir”, “passar a 'mística' da tuna” e da vida académica aos mais novos e manter uma profunda “dedição à música, que é o motivo pelo qual nos reunimos”.


rural – parte integrante dos cursos do Instituto Superior de Agronomia – na intenção de oferecer aos ouvintes uma proposta distinta da habitual ‘música de tunas’, e também uma tentativa de uma forma nova e criativa de olhar para o rural, tão importante nos dias que correm”. Para que tudo isto resulte da melhor forma, mantendo uma sonoridade tradicional, a tuna do ISA atribui um papel de destaque ao bandolim, investindo ainda nos cordofones, “a que se juntam percussões simples mas capazes de imprimir profundidade e andamento”. Os coros e a os arranjos de voz ‘uníssonos’ também lá estão, aos quais se juntam alguns apontamentos com instrumentos de sopro. Pedro conclui - “o resultado que procuramos é um som tradicional, mas simultaneamente inovador e progressista, muito peculiar e identitário da agriculTUNA”.

agricultuna

PLAYLIST

E afinal, de que Ano novo, sexo são as tunas? tuna nova As opiniões divergem e os argumentos também. A questão do sexo das tunas faz parte da agenda de muitas delas. Para alguns membros, a definição de “tuna” já pressupõe que esta seja constituída por homens, dada a origem do próprio termo. Pedro Bago d'Uva explica assim: “historicamente as tunas são de formação exclusivamente masculina. Hoje em dia, apesar do aparecimento de muitas tunas femininas e mistas, algumas com muita qualidade, as tunas masculinas continuam a ser predominantes”. É o caso da agriculTUNA, da qual faz parte: “trata-se do modelo que escolhemos de forma deliberada, por entendermos que é aquele que melhor se adapta à nossa forma de estar”. Um exemplo? “A Serenata ocupa um papel muito importante na vida da nossa tuna e em nosso entendimento só faz sentido executá-la para donzelas e enquanto tuna masculina”. Nos Açores, a tendência era a mesma e tunas femininas nem vê-las. Até que nasceu a Tuna com Elas, orgulhosamente a primeira apenas para raparigas: “a ideia de uma tuna exclusivamente feminina surgiu precisamente porque não havia nenhuma no arquipélago, logo, fazia todo o sentido fundar uma tuna só com raparigas”. Quem o diz é Sara Gomes, que não vê especiais vantagens ou desvantagens na questão do género. Aponta objetivos e dificuldades que, garante, nada têm a ver com o sexo da tuna. No entanto, encontra algumas particularidades de uma tuna feminina, no “tipo de praxes, no género de música e de atuação, nos convívios, no traje, entre outras”. Já Susana Guerreiro defende a posição escolhida pela TunaBebes - de se formar com elementos dos dois sexos -, lembrando que “é possível realizar coisas variadas devido à diversidade de vozes”, o que pode tornar a tuna mista “muito mais equilibrada e a nível musical muito mais interessante”. E acrescenta: “permite que qualquer membro da comunidade académica possa participar, o que facilita também na angariação de novos membros”.

TUNABEBES

Não será exatamente como diz o título, mas a verdade é que, confirma Susana Guerreiro, “o início do ano é extremamente importante” para as tunas, que nesta fase aproveitam para ‘recrutar’ novos elementos, já que “a entrada de caloiros é absolutamente necessária para que se dê continuidade à tuna e à tradição académica de uma universidade”. Também em termos lúdicos, acrescenta Sara Gomes, “setembro é um mês forte”, com a visibilidade que é dada às tunas por entre festas e receções académicas. Sara dá o exemplo da Algazarra do Caloiro, “em que todas as tunas têm oportunidade de mostrar quem são, como são e como tocam”. Já Pedro Bago d’Uva lembra que setembro é “o mês das praxes mais generalistas”, mas que não será necessariamente o mês das tunas. Esse “será provavelmente o período abril/maio, em que surgem bastantes convites para festivais, encontros e outras atuações, que são um combustível muito importante e motivador na vida das tunas”. Este mês serve, no entanto, de “preparação da ‘nova temporada’”, que na agriculTUNA funciona com a organização dos elementos da tuna em três graus hierárquicos: o Nabo - “aquele que acabou de chegar e que, por isso, não está familiarizado com a forma de funcionar da tuna, com o repertório, com os instrumentos tradicionais e com as regras e tradições tipicas” -, o Caloiro – que é o que ascende da posição de Nabo depois de dominar o funcionamento da tuna e que já pode “ir a palco”, estando também responsável por tarefas logísticas, como o transporte ou a manutenção dos instrumentos - e o Veterano – aquele que já passou por um período, “normalmente de dois anos”, de dedicação e empenho em prol da tuna. Para qualquer Caloiro chegar a Veterano é preciso que tenha passado por todo o processo de compreensão das regras para um bom funcionamento e para atingir o necessário espírito de grupo. A passagem é discutida numa Assembleia de Veteranos, proposta por algum desses elementos. Caso a decisão seja favorável, o ex-Caloiro “é submetido a um ritual de passagem muito típico, carregado de simbolismo, em que lhe é concedido o grau de Veterano”. Ainda que mais curto, o processo na Tuna com Elas não é muito diferente. À caloira (sim, que esta é só para meninas, lembras-te?) é feita uma mini audição, para que o resto do grupo consiga perceber o registo de voz e enquadrá-la na tuna. A caloira passa assim a Aprendiz, estando impedida de atuar e de usar traje. Para passar a Batada (e poder fazer tudo isso) “terá que demonstrar muito espírito académico, bem como saber cantar todas as músicas”, avisa Sara Gomes. No entanto, não há

uma praxe ou prova específica, “qualquer menina que queira ingressar na Tuna com Elas, já sabe que está sujeita a diversas praxes que servirão para que seja mais fácil a sua integração”. Na TunaBebes, o candidato chega a Projeto-a-caloiro depois de assistir aos ensaios e ouvir várias vezes as músicas. Este membro usa um traje ‘especial’, que inclui ceroulas, t-shirt branca e a parte superior de um garrafão metida na cabeça. O passo seguinte é, em caso de total dedicação à causa, a passagem para Projeto-a-tuno, altura em que passa a poder trajar normalmente e recebe o emblema da tuna para ser colocado no traje.

Elas ganham vida O facebook há muito que se tornou fundamental na hora de divulgar eventos como os espetáculos ao vivo e as tunas aproveitam-no como podem. Querem que o trabalho chegue mais longe e a mais gente. Susana Guerreiro dá o mote - “não podem perder uma atuação nossa porque nos divertimos imenso em palco enquanto tocamos e realmente gostamos do que estamos a fazer e isso transparece para o público”; Sara Gomes desafia - “se gostam de divertir-se, apreciar boa música e um bom espectáculo de frente de palco, então, sem dúvida que não podem perder uma actuação nossa”; e Pedro Bago d'Uva remata - “temos uma sonoridade muito característica que nos distingue. O ideal será mesmo confirmarem com os vossos olhos e ouvidos, comparecendo nas nossas atuações!”

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TAKE 1

Estudante, estranha

FORMA de vida

Única em Portugal durante vários séculos, a Universidade de Coimbra é a instituição em que logo pensamos quando o tema é praxe, semana académica ou mesmo queima das fitas. São de lá os choupais, as tricanas e os fados que fazem chorar tanta água como a que carrega o Mondego. Os culpados? Os estudantes, esses sedutores que tornam o destino das raparigas casadoiras tão negro como a capa que cruzam nos ombros, senão veja-se o filme “Capas Negras”, onde até Amália Rodrigues se perde de amores junto à janela de casa. É também de Coimbra o famoso “Rasganço”, tradição que inspirou a Raquel Freire na sua primeira longa-metragem, com título homónimo, 2001. Mas Lisboa capital também guarda boas relíquias da vida boémia dos universitários... Quem não se lembra do “Fado do Estudante” de Vasco Santana na “Canção de Lisboa”, onde interpreta um calaceiro estudante da Faculdade de Medicina? É também pelas academias de Aveiro, Beja e Évora que Bruno Moraes Cabral viaja para a realização da sua curta-metragem “Praxis”, onde vê caloiros a mastigar alho e a rastejar na palha. A Mais Superior convida-te a recordar alguns dos filmes made in Portugal que fazem parte do imaginário das tradições académicas: das comédias musicais a preto e branco pró-regime de Salazar, quando os estudantes eram apenas homens aos documentários de meia hora mais recentes, mas capazes de integrar competições nacionais e internacionais, eis no que resulta a vida de estudante quando elevada a arte: Texto: Bruna Pereira

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TAKE 1 “A canção de Lisboa”, 1933

Rasganço, 2001

Vale sempre a pena rever este que é o primeiro filme sonoro português só para ouvir pela boca do Vasco Leitão (interpretado magistralmente por Vasco Santana) o mítico Fado do Estudante, principiado assim: “Que negra sina ver-me assim/ Que sorte e vil degradante/ Ai que saudades eu sinto em mim/ Do meu viver de estudante. Nesse fugaz tempo de Amor/ Que de um rapaz é o melhor/ Era um audaz conquistador das raparigas/ De capa ao ar cabeça ao léu/ Só para amar vivia eu, sem me ralar! A vadiar e tudo mais eram cantigas”. É precisamente o Vasquinho (como lhe chamavam as duas tias ricas da província que financiavam, às cegas, os estudos do sobrinho na capital), estudante boémio e cábula da Faculdade de Medicina de Lisboa, o protagonista da película. A par dele temos Alice (Beatriz Costa), a “traidora de franja” e premiada costureira do Bairro dos Castelinhos (ver conhecido momento musical “A agulha e o dedal”, já imensas vezes recriado), que sonha que o seu amado Vasco assente a cabeça e se case com ela... Para desgosto do seu pai, o Alfaiate Caetano (António Silva). Destaque ainda para a cena em que Vasquinho passa no exame de Medicina com 20 valores (graças à célebre resposta do esternocleidomastoideo), tornando-se então médico a sério, fadista, marido de Alice e cidadão respeitado e idolatrado por todos. A “Canção de Lisboa” continua a ser um pilar do cinema português, tendo ironicamente sido realizado não por um cineasta, mas sim por um conhecido arquiteto: José Cottinelli Telmo.

A primeira longa-metragem de Raquel Freire começa pelo título, pelo “Rasganço” que torna tão singulares as tradições académicas coimbrãs: várias mãos, uma finalista, e roupa que se despedaça ao ritmo de quem segura a tesoura que marca o fim da vida académica de Sofia. “E para a Sofia não vai nada, nada, nada? Tudo!...”. “Já é Doutora”, diz Ana Rita (Ana Teresa Carvalhosa) a Edgar (Ricardo Aibéo), desabafando ao recém-chegado que “Coimbra é uma espécie de estufa feita para os estudantes... Mas não se pode ficar aqui para sempre”. Ao não ser universitário, Edgar não pertence ao mundo das residências, do teatro académico, das manifestações estudantis e das aulas em anfiteatros seculares, sendo a sua única praxe alternativa raptar e violar estudantes, com um cunho satânico, através do qual deixa as vítimas marcadas a faca com iniciais que remetem ao ambiente académico, como “AAC”, “U” ou “Saber”.

José Cottinelli Telmo

Raquel Freire

Foto: a3.ec-images.myspacecdn.com

Título: Rasganço País de origem: Portugal Ano: 2001 Género: Drama Foto: associazionetucatula.files.wordpress.com

Título: A Canção de Lisboa País de origem: Portugal Ano: 1933 Género: Comédia musical

Foto: 1.bp.blogspot.com

Fotos: Rasganço

Ficha Técnica Realização: Raquel Freire Argumento: Raquel Freire Elenco: Ricardo Aibéo, Ana Teresa Carvalhosa, Isabel Ruth, Paula Marques, Ivo Ferreira, Ana Brandão, Paulo Rocha, Ana Moreira, Luís Miguel Cintra, Paulo Sucena

Foto: 1.bp.blogspot.com

Ficha Técnica Realização: José Cottinelli Telmo Argumento: José Cottinelli Telmo Elenco: António Silva, Beatriz Costa, Manoel de Oliveira, Vasco Santana

Capas Negras, 1947 Armando Miranda

Não há rapariga alguma que não gostasse de encarnar a personagem de Maria Lisboa (Amália Rodrigues), que junto a uma janela, debaixo do luar, se deixa seduzir pelo fado do estudante de Direito José Duarte (Alberto Ribeiro), que sem dó nem piedade é capaz de transformar qualquer bom coração português em esponja: “Coimbra é uma lição/ De sonho e tradição/ O lente é uma canção/ E a lua a faculdade/ O livro é uma mulher/ Só passa quem souber/E aprende-se a dizer saudade”. Mas ela lembra, nesta Coimbra de 1947 onde só estudam homens, que o futuro para as raparigas é tão negro como as capas que eles usam. Na cidade dos estudantes, onde a tristeza teima em imperar em locais como a “Quinta das Lágrimas” ou o “Penedo da saudade”, “Capas Negras” revisita as alegrias da paródia e da mocidade, que se brindam entre amigos e sem grandes dilemas que fazem a cabeça em água, pois para isso se faz bom uso do vinho e das memórias de Coimbra, dos choupais e do Mondego. O filme, estreado em maio de 1947, bateu todos os recordes de exibição da altura – até porque coincidiu com a época de Queima de Fitas, bem representada na película, com os cortejos académicos e a caloirada que ouve os últimos “Sai daqui, bicho!”. E porque de Residências Universitárias também se faz um estudante, “Capas Negras” apresenta parte das filmagens na Real República do Rás-Teparta, onde amores e ódios, pratos, jogatinas de cartas e espelhos de fazer a barba se partilham irmamente.

Praxis, 2011 Bruno Moraes Cabral

A praxe continua a ser, para muitos, a melhor forma de fazer novas amizades num novo local que não é mais a escola secundária. Polémicas à parte, Bruno Moraes Cabral quis apenas mostrar o que de norte a sul de Portugal se vai passando nas primeiras semanas de receção ao caloiro. Nesta espécie de boas-vindas onde manda quem traja de negro, muitas são as formas de acolher os recém-chegados, sendo que nas 19 faculdades visitadas pelo jovem realizador – e que incluíram cidades como Coimbra, Lisboa, Aveiro, Évora e Beja – o primeiro contacto com a universidade incluiu mastigar alho, ficar com os olhos vendados, rastejar no meio da palha e ter insetos colados ao suor que pingava das costas. Mas Bruno Moraes Cabral nunca quis “fazer juízos de valor”, sendo “Praxis” um espelho que em 30 minutos resume o que o próprio viu e ouviu: “o critério foi muito o de ‘ir atrás’ e filmar quando os estudantes nos diziam que se ia passar alguma coisa”, disse o realizador à Mais Superior, por alturas da edição de maio, onde saiu um especial sobre a sua curta-metragem, acrescentando que “o filme confronta-nos com coisas que existem e, por isso, não cai no vazio. Não estamos a falar de um momento de abuso específico, mas de um panorama, com exemplos concretos”. Bruno Moraes Cabral acredita que as praxes podem incluir brincadeiras, pois as mesmas têm potencial, a ordem de valores é que pode ser outra: “se for sempre à base de uma submissão, de uma hierarquia, uns mandam e outros fazem, há sempre mais riscos de alguém se ofender”. Posto isto, “Praxis” arrecadou o prémio para Melhor Curta-Metragem no DocLisboa 2011.

Fotos: Frames Capas Negras

Título: Capas Negras País de origem: Portugal Ano: 1947 Género: Drama Musical

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Ficha Técnica Realização: Armando de Miranda Argumento: Alberto Barbosa e José Galhardo Elenco: Amália Rodrigues, Alberto Ribeiro, Artur Agostinho, Vasco Morgado, Barroso Lopes, Humberto Madeira, António Sacramento

Fotos: Praxis

Título: Praxis País de origem: Portugal Ano: 2011

Género: Documentário Ficha Técnica Realização: Bruno Moraes Cabral


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TAKE 1 EM DESTAQUE

Já escolheste sessão para esta semana?

Textos: Bruna Pereira

Balas e Bolinhos 3 – O último capítulo Em 2000, aparecia o primeiro “Balas & Bolinhos” de Luís Ismael e o mundo conhecia os criminosos com capacidade de soltar mais palavrões por segundo. Rato, Tone, Culatra e Bino regressaram em 2004, com “Balas & Bolinhos 2 - O Regresso”, uma espécie de paródia do crime à Indiana Jones. 12 anos depois, é a vez de “Balas & Bolinhos – O último capítulo”, filme que encerra a cómica trilogia e - pior – que pode ser o derradeiro onde vejamos a mítica t-shirt azul do Bino com um tubarão. Neste terceiro episódio da saga, os nossos bandidos à portuguesa envolvem-se numa trama de espionagem internacional, onde não faltam referências a James Bond, explosões estilo Missão impossível e até perseguições que recriam o famoso plano de Alfred Hitchcock, em “North by Northwest/ Intriga Internacional”, com Gary Grant debaixo duma avioneta. Novidades são também as aparições de Jel, Fernando Rocha, Francisco Menezes e Jason Ninh Cao, ator vietnamita que entrou em “Snatch - Porcos e Diamantes”... Mas não nos iludamos, porque o miolo da trama acontece quando Tone, o homem do mundo, regressa a casa para tentar salvar o pai, que está (aparentemente) às portas da morte. Quando o reencontro acontece, os nossos heróis (ou será vilões?) partem para a mais surpreendente das suas aventuras que, como sugere o trailer de apresentação, se resume ao “Se tudo estava mal, agora vai ficar pior!”.

Morte aos zombies!

E se um dia o mundo que entendes como ‘teu’ tivesse simplesmente desaparecido e um estranho vírus se tivesse apoderado dos teus amigos e família, transformando-os a todos em zombies? Este é o drama da bela e mortal Alice (Milla Jovovich), uma mulher em busca de sobreviventes num planeta assolado pelo vírus mortal da Umbrella Corporation, onde vivem agora perigosas legiões de mortos-vivos, Título: Resident Evil: Retaliação (3D)/ Resident Evil: Retribution (3D) País de origem: EUA Ano: 2012 Género: Ficção Científica Estreia: 27 setembro Site oficial: www.residentevil-movie.com Ficha técnica Realização: Paul W.S. Anderson Argumento: Paul W.S. Anderson Elenco: Jason Isaacs, Michelle Rodriguez, Milla Jovovich, Kevin Durand, Sienna Guillory, Li Bingbing e Oded Fehr

Fotos: balas3.com

Título: Balas e Bolinhos 3 – O último capítulo País de origem: Portugal Ano: 2012 Género: Comédia Estreia: 6 de setembro

Site oficial: www.balas3.com Ficha técnica Realização: Luís Ismael Argumento: Luís Ismael

Ruby Sparks

A rapariga dos teus sonhos nasceu dum livro Calvin (Paul Dano) é um escritor que atravessa uma fase pouco criativa. Com problemas também na vida pessoal, o seu mais recente livro está longe de começar a ganhar forma... Até que se lembra de começar a escrever sobre uma rapariga, Ruby Sparks (Zoe Kazan), que poderia muito bem ser a rapariga dos seus sonhos. O enredo flui, de vento em popa, até ao dia em que a protagonista do seu romance lhe aparece na cozinha de casa, com uns enormes cabelos ruivos, um sorriso e a frase: “Senti a tua falta ontem à noite...”. Título: Ruby Sparks País de origem: EUA Ano: 2012 Género: Comédia Estreia: 6 de setembro Ficha técnica Realização: Jonathan Dayton, Valerie Faris Elenco: Paul Dano, Zoe Kazan, Annette Bening, Antonio Banderas, Chris Messina, Elliott Gould

Foto: www.magazine-hd.com

Resident Evil: Retaliação (3D)

ema.com Foto: mundo-do-cin

Tone, o teu pai está a morrer, Tone!

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Foto: playeraffinity.com

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Foto: files.list.co.uk

Foto: content9.flixster.com

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ZAPPING

Aceitam-se apostas para os EMMYS

Os vencedores serão anunciados a 23 de setembro, em Los Angeles (EUA), mas a Mais Superior ajuda-te a vislumbrar a noite mais aguardada pelos fãs dos 'óscares da televisão', que não perdem um episódio das suas séries favoritas. Vamos às apostas? Este ano, parece que o retro volta a estar de moda, mas nada de roer as unhas... Texto: Bruna Pereira

Foto: www.zuil.com.br

A Academia de Televisão dos Estados Unidos confirmou o que já se suspeitava: as séries "Mad Men" e "Modern Family" são as favoritas, nesta que é a 64ª edição dos prémios Emmy. Caso vença novamente, a glamorosa "Mad Men" baterá o recorde da série dramática mais premiada de sempre – contando com quatro Emmys, tal como "Hill Street Blues", "L.A. Law" e "The West Wing". Este ano, na categoria dramática, "Mad Men" concorre com "Downton Abbey", "Boardwalk Empire", "Breaking Bad", "Game Of Thrones" e "Homeland". No que toca às comédias, o título televisivo favorito é "Modern Family", com 14 nomeações e dois anos seguidos cheios de prémios. Seguem-se "The Big Bang Theory", "30 Rock", "Curb Your Enthusiasm", "Veep" e "Girls".

Foto: artesc

ritorio.com

As personagens de ir às lágrimas Os candidatos ao galardão de melhor ator dramático são Hugh Bonneville ("Downton Abbey"), Bryan Cranston ("Breaking Bad"), Michael C. Hall (o nosso querido serial killer "Dexter"), Jon Hamm (o derrete corações de "Mad Men"), Damian Lewis ("Homeland") e Steve Buscemi ("Boardwalk Empire"). Na secção feminina, as nomeadas para melhor atriz dramática são a veterana Glenn Close ("Damages"), Michelle Dockery ("Downton Abbey"), Julianna Margulies (a advogada de "The Good Wife"), Kathy Bates ("Harry's Law"), Claire Danes ("Homeland") e Elizabeth Moss ("Mad Men").

Foto: www.1zoom.net

E aquelas que são de ‘partir o coco’ a rir Nas comédias, os atores à beira do ‘óscar televisivo’ são Alec Baldwin (como o excêntrico executivo de “30 Rock”), Don Cheadle (o empresário sem escrúpulos de “House of Lies”), Louis C.K. (“Louie”), Jon Cryer (“Two and a Half Men”), Larry David (“Curb Your Enthusiasm”) e Jim Parsons (“The Big Bang Theory”). As atrizes nomeadas para a categoria de comédia são Zooey Deschanel (a adorável Jess de “New Girl”), Lena Dunham (“Girls”), Edie Falco (a promissora “Nurse Jackie”), Tina Fey (“30 Rock”), Julia Louise-Dreyfus (“Veep”), Melissa McCarthy (“Mike and Molly”) e Amy Poehler (“Parks and Recreation”).

eport.com burghsportsr

itts Foto: www.p

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EM FORMA

Eles vão salvar-nos!

Não são pássaros, não são aviões e não são super-homens de capa esvoaçante e cuecas de lycra prontos a salvar o mundo. Do que falamos hoje é dos 50 super alimentos portugueses que preenchem o primeiro livro dos nutricionistas Pedro Carvalho e Vítor Hugo Teixeira. Do tesouro nutricional que é a castanha ao poder antioxidante dos orégãos e do dióspiro, passando pela surpresa de que afinal a famosa 'trilogia da esplanada' da qual fazem parte os tremoços, os amendoins e a cerveja também pode trazer muitos benefícios para a saúde... Muitos são os legumes, peixes, frutos e bebidas produzidos em Portugal e com verdadeiros super poderes para o nosso organismo. Prontos para as revelações? Texto: Bruna Pereira Fotos: Matéria-Prima Edições A contagiante capa amarela e a escrita simples, direta e bem-disposta que as páginas do interior guardam não deixam enganar: “50 super alimentos portugueses (+10)” é um livro digno de qualquer mesinha de cabeceira, prateleira de cozinha ou até mesmo secretária de trabalho, como afirmam os seus dois autores: “Tivemos sempre a preocupação de escrever para pessoas e não para colegas, pessoas essas que podem estar por fora da área das Ciências da Nutrição e que precisam mais do que simples tabelas nutricionais com as vitaminas e os minerais para serem incentivadas ao consumo de alimentos saudáveis”, disse à Mais Superior Pedro Carvalho. Por seu turno, Vítor Hugo Teixeira acrescentou também: “Tentamos também que seja útil desde a pessoa que vai fazer o almoço ou o jantar ao colega mais erudito – acreditamos que pode abranger este espetro todo”, referiu o outro autor durante a apresentação do livro na Bertrand lisboeta do Chiado, que contou com a presença da Ministra da Agricultura, Assunção Cristas, para

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quem esta obra é exemplo do que há a fazer em Portugal para ultrapassar a crise de que se fala, sendo essencial aliar a teoria à prática e “ultrapassar os tempos difíceis com a nossa própria riqueza e com o consumo dos nossos próprios alimentos”. A Ministra acrescentou ainda que “comer o que é nosso deixou de ser um discurso pacóvio de quem não conhece mundo. É antes uma atitude sustentável que valoriza a nossa herança cultural e familiar”, disse a governante, ao mesmo tempo que elogiou o calendário de alimentos presente no final do livro e que remete os leitores para a sazonalidade de cada um dos alimentos descritos nas páginas. “Este calendário permite-nos saber comer tudo a cada tempo e saborear as estações como quem saboreia as primeiras cerejas do Hugo Teixeira ano... Ao mesmo tempo que se Pedro carvalho e Vítor respeita o ciclo natural de cada cultura”. Edição: 2012

Quais são os alimentos magníficos?

Mais do que uma brincadeira de Halloween, “a abóbora é uma excelente forma de não ficarmos reféns da batata”. Já a amêijoa, devido ao seu cardápio nutricional que inclui vitamina A, zinco, selénico e cálcio, é “um autêntico coktail antianémico”. “No que concerne à saúde digestiva, tem sido reportado o efeito benéfico dos coentros na diminuição da flatulência” e o feijão desempenha um papel fundamental no controlo de apetite, pois ao ser pouco calórico “tem uma grande quantidade de proteína e fibra”... O livro continua até perfazer a saudável soma de 50 super alimentos. “O critério base era serem alimentos produzidos no nosso país. Escolhemos estes 50 porque achámos que eram os que deviam ser promovidos e consumidos, por serem extremamente portugueses e saudáveis”, refere Vítor Hugo Teixeira, aludindo à extraordinária lista de alimentos presentes no livro, tal como a couve-galega, que ao possuir um perfil nutricional único, alcança o estatuto de alimento per-

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)”

“50 super alimentos (+10

Páginas: 276 ções Editor: Matéria-Prima Edi PVP: 16 euros

feito e porta-voz da identidade gastronómica portuguesa. “Se não estivéssemos nós na capa e tivesse de aparecer um alimento, certamente seria uma couve-galega”, explicam, rindo, os autores do livro, gabando as qualidades gastronómicas da também chamada “couve de todo o ano”, muito popularizada no caldo verde. Além dos 50 magníficos alimentos portugueses, o livro acrescenta mais 10 alimentos: cinco que não sendo nossos estão tão enraizados na nossa alimentação que não nos importávamos nada que fossem lusos (bacalhau, canela, gengibre, manga e soja) e outros cinco chamados de “Healthy guilty pleasures”, ou seja aqueles prazeres proibidos que se for preciso ingerimos às escondidas para ninguém ver (café, cerveja, chocolate, mel e vinho tinto), mas que afinal não devem ser comidos e bebidos com culpa, pois fazem bem ao corpo e à alma...



LER PARA CRER

Caloirada

À SOLTA Lisboa,

menina e moça... Caloira A mochila trazida às costas parece herdada ainda do Secundário, mas o espírito é agora outro. O Metropolitano de Lisboa anuncia às 8:30h, em ansiosos néones verdes, a estação da Cidade Universitária e todos eles saem. Lá fora, Doutores gritam pujantemente “Caloiros de Direito?”. E a esta pergunta vão sendo levantados dedos no ar - não vá o primeiro “caloiro não fala!” surgir da boca dos trajados. Uma vez chegados à superfície, as equipas junto do Jardim do Campo Grande parecem formadas: e se dum lado os Doutores e Veteranos se apresentam de preto e branco, do outro, T-shirts e calças de ganga parecem ser a indumentária mais adequada para quem joga na equipa dos caloiros.

o ndo consig o país, traze mudas de o d to e d m s, ega nho Ei-los que ch uns medos, muitos so s e saudáveis ca lg ti a rá s, p e s u a q it ta , viso as de rece ic m na relva s d la e o . b e .b R q s. a d iro a e roupa p n o cu os canci ais preo das mães m ao contrário, sabem çam os primeio a ram a roup onta da língua e esb es que fazem ad ap iz n m o a rs s cu a v e d no lizarão s para as em imorta ros sorriso xe e que cuja imag mico que agora dé na fila da p o seu percurso aca lentas d l ticas e opu oleia a á n p fi m si s a até ao m b u à graças a r andou ra começa urro. A Mais Superio es académicas b içõ orelhas de s mais genuínas trad ez caloiro, semv da a s a m m “U u e lg u a q os. d concluiu e Engenheir s e sa s e re u g to u o D portu e d ra !”, palav ia pre caloiro Diogo Corre

Humildade, União e Inteligência Mas as tradições académicas passam por muito mais do que cantarolar músicas que ninguém deverá levar a mal (pede-se o favor). Mariana Capítulo mostra, a propósito, um colar que traz ao pescoço e onde aparecem inscritos os três princípios da praxe que lhe foram já incutidos: Humildade, União e Inteligência. “Aqui ninguém humilha ninguém. Somos muito bem recebidos, os doutores estão sempre disponíveis para nós e princípios como estes servem para a vida toda. A praxe é uma experiência única e estou a adorar!”, explicou a também caloira de Biologia da FCUL.

ão unato a Pereira e Jo Texto: Brun Fortunato e Paulo Fort e Fotos: Duart

O André não esconde a emoção dos tempos em que também ele rebolava na relva de roupa virada ao contrário. “Mas agora também me divirto, faço jogos com eles, tento integrá-los em grupo e procuro que passem a conhecer-se melhor.”, refere o Doutor do 3º ano do Curso de Ciências da Cultura, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL).

Vernizes, pinturas, terra, farinha... E muita risota

A 'guerra de sexos' entre os cursos Tomás Pereira tem 18 anos e acaba de ingressar no Curso de Biologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FUCL). “Estou muito contente, porque era mesmo a minha primeira opção!”. Quanto a praxes, a experiência não podia estar a ser melhor: “Comecei já a semana passada. Aprendi a dançar e a cantar umas músicas bastante sugestivas... (risos), sobretudo dedicadas ao Curso de Informática, cujos estudantes são maioritariamente homens, ao contrário do que se passa em Biologia, onde prevalecem as mulheres”. A Mais Superior perguntou ao Tomás pelo refrão de tamanho hit e aqui fica a amostra do que poderá ser ouvido durante as próximas semanas pelas ruas de Lisboa: “É sexta-feira! Ye! Vocês queriam brincadeira! Ye! Mas hoje é dia de picanço! Preparem-se para um enrabanço! Bom, bom, bom, bom! Já, já, já, já!...”.

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“Tenho saudades de ser caloira todos os dias!” Quem o admite é Andreia Oliveira, membro da Comissão Organizadora da Praxe Académica (COPA) de Biologia da FCUL. “Fazemos questão de ir buscar qualquer caloiro que nos pareça mais sozinho, explicamos em que consiste a praxe, perguntamos se está interessado em participar e sublinhamos, acima de tudo, que nada nesta semana de receção ao caloiro tem a ver com humilhação. O que queremos é que se divirtam, façam novas amizades, conheçam a instituição onde vão estudar nos próximos anos e recordem com muito carinho estas semanas – eu, por exemplo, tenho saudades de ser caloira todos os dias!”, garante ‘Micro’, a Doutora que herdou este nome de praxe por ter arranjado uma madrinha com o mesmo nome que viu nela uma versão júnior (neste caso, micro) dela mesma.

É sexta-feira! Ye! Vocês queriam brincadeira! Ye!

Seja responsável. Beba com moderação.

A euforia por ter conseguido entrar no Superior estava ao rubro – melhor, só mesmo se Rita Martins tivesse conseguido entrar na sua primeira opção. “No entanto, estou muito feliz e já estou toda pintada a rigor e pronta para aproveitar o meu momento de caloira, como podem ver... (risos)”.

Respeitinho à Dux! Ver uma mulher no comando da colher de pau é uma honra, pelo menos no ver de Inês Miranda. “Eu sempre vivi muito o espírito académico, tendo inclusivamente sido a caloira do ano no meu tempo, por ser muito participativa. E a verdade é uma: fazia de tudo para voltar a ser caloira”, refere a aluna de Ciências da Saúde e também Dux, ou seja, órgão máximo da praxe, momento antes de autorizar uma caloira a fumar... Mas só com recurso a sapatos nas mãos, nada de dedos no cigarro!


LER PARA CRER “É a primeira vez que tento fumar com os ténis... (risos)”, explica a caloira Íris Galvão, vinda da Amadora diretamente para o Curso de Ciências da Saúde, onde já fez algumas amizades.

Aveiro é nosso/ e há-de ser/ Aveiro é nosso até mor rer Ovações a encher a casa

Do Alentejo veio Tiago Botelho. Com apenas 17 anos, este benjamim de Ciências da Saúde anseia ingressar em Medicina, mas para já repete várias vezes as palavras “adorar” e “muito fixe” quando se lhe pergunta o que pensa das praxes académicas e dos Doutores que o acompanham pela relva afora em altura de operação ‘croquete de lama’.

Aveiro,

Pás, lenços e papiros para contar a história O relógio ainda não marcava 9h da manhã e já o aglomerado de alunos à porta de um dos blocos do campus da Universidade de Aveiro (UA) fazia parar quem por ali passava. Os alunos mais experientes preparavam as boas-vindas aos que ainda só conseguiam apalpar terreno. Por entre os notáveis, trajados a rigor, sobressai Paulo Pintor ou, como passará a ser conhecido, Mestre Salgado. Uma enorme ‘pá do sal’ distingue-o dos que na praxe são seus súbditos. É ele o principal orientador da semana de receção aos caloiros - “se eu tiver de faltar, por algum motivo, substitui-me o Mestre Pescador, que usa um lenço, e em último caso o Mestre Escrivão, que leva um papiro”. Mestre Salgado segue com a pá, que usa para indicar o caminho aos que o vão seguindo: “a pá representa a nossa história, a história da cidade, dos pescadores e das salinas da cidade de Aveiro”. Na UA, o primeiro dia não inclui praxe e o mais importante é a ambientação ao campus. “Vamos fazer um peddy-paper pela Universidade, para eles conhecerem alguns pontos”, com direito a perguntas e desafios, garante Mestre Salgado, enquanto aponta a direção do Pavilhão Polidesportivo Prof. Dr. Aristídes Hall. É lá que está Manuel António Assunção, Reitor da UA desde 2010, que os espera para uma primeira saudação.

“Queria dar as boas-vindas não a todos, mas a cada um”. O Reitor da Universidade de Aveiro ainda mal tinha falado e já o Pavilhão estremecia ao som dos aplausos. Manuel António Assunção não deixou de destacar o papel da inovação dentro de uma universidade cinquentenária e a importância dos novos alunos: “vocês são o maior impulso de renovação, por isso são tão importantes para nós”. Sobre a educação resumiu: “fará sempre de cada um de nós melhor pessoa”, não esquecendo que permite “maior liberdade de escolha para aquilo que queremos que seja a nossa vida”. E para a maior ovação deixou um voto de esperança: “espero que tenham um sonho que vos trouxe até aqui”. Com espaço para outras intervenções, como a do presidente da Associação Académica da Universidade de Aveiro, Tiago Alves, ou a da Tuna Universitária de Aveiro, a TUA, os alunos despediram-se do Pavilhão com alguns ‘gritos de guerra’ na cabeça. “Aveiro é nosso/ e há-de ser/ Aveiro é nosso até morrer” marcou as despedidas. Cá fora, Francisco Carvalho, natural de Famalicão, ouve as explicações dos veteranos e vai tirando conclusões: “sinto que vai ser fácil integrar-me, estou a gostar muito desta receção”. A experiência do irmão, que estudou na UA, trouxe-o à cidade de Aveiro e os pais já sentem a “pena de ‘perder’ mais um filho”. Depois deste dia de adaptação, espera com entusiasmo as praxes que aí vêm. “A praxe é o que nos distingue, até porque vestimos de maneira diferente de toda a gente”. Mestre Salgado aponta para o traje que ostentam veteranos e doutores. O gabão, em vez da tradicional capa, a gola e o capuz, são marcas da indumentária académica da UA desde 1996.

tação”. Ana Caetano ainda não o descobriu e, por isso, sente o receio natural de quem enfrenta “uma nova experiência”. Colocada na terceira opção, Administração Pública na UA, Ana abandonou a Guarda, cidade natal, para se entregar à vida académica aveirense, do campus universitário aos bares do bairro dos pescadores. Esta foi só a primeira noite na nova casa, mas as expetativas são já elevadas: “está a correr bem e as pessoas estão a ser muito simpáticas”. “Aveiro é bonito”, remata.

O lado mais rural de

Coimbra

De ilustres desconhecidos a convictos aveirenses A acompanhar os primeiros passos dos novos alunos está Carlos Oliveira, já com alguns anos disto a que chamamos receção aos caloiros. Carlos chama-lhe também o início do “ano da inocência”. Natural de Oliveira de Azeméis, agora no 5º ano de Engenharia Mecânica, vem acompanhar a chegada de novos alunos para “matar o bichinho”, e atira com certeza: “por mim era caloiro todos os anos”. Fala, por experiência própria, da dificuldade inicial perante a cidade desconhecida. Mas enaltece as capacidades de Aveiro como fator de integração: “é uma cidade acolhedora, onde toda a gente se conhece, o que facilita a adap-

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Coimbra da Sé, Coimbra do Mondego, Coimbra das ruas polvilhadas de capas pretas, qual carreiro de formigas unidas por uma tradição académica secular... E Coimbra da Escola Superior Agrária (ESAC), onde impera a pompa e a circunstância para receber todos os ilustres convidados. A Mais Superior beneficiou duma ‘comitiva’ de boas vindas onde estiveram presentes, por exemplo, a Professora Leila Rodrigues, coordenadora do projeto “Praxe que eu quis, Praxe feliz”, que averiguou junto dos caloiros do ano letivo 2011/12 que “sujar o corpo com lama”, “estar de quatro” ou “molhar o corpo com água” fazem parte das atividades que

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LER PARA CRER menos agradaram a estes alunos durante a praxe. Pelo contrário, o lançamento de tomates durante a tomatina, o “momento Real Praxe”, o “convívio do pijama” e o cantar das músicas pertencem ao gripo de atividades mais apreciadas pelos caloiros. Também o Presidente da ESAC, José Gaspar, e a Vice-Presidente, Aida Moreira da Silva, sublinharam a importância destas dinâmicas académicas que acolhem os novos caloiros, ao mesmo tempo que Adriano Fatal, estudante do 2º ano de Agricultura Biológica e Presidente da Comissão de Praxe da ESAC, explica que, independentemente das hierarquias, entre Engenheiros e caloiros, “o que se procura é integrar os alunos, maioritariamente provenientes fora de Coimbra – havendo muitos vindos dos Açores, por exemplo”. Quanto a atividades, a variedade é mais do que muita e para todos os gostos – sobressaindo, por exemplo, a conhecida ‘Ordem do dia’ que traz para a escola rapazes vestidos de mulher e raparigas vestidas de homem (“o dia travesti”, alguém ri). Catarina Félix, estudante do 3º ano de Engenharia dos Recursos Florestais, continua a palavra e acrescenta que “a praxe coletiva é a mais utilizada, até para que os caloiros não se sintam melindrados e se divirtam em conjunto”.

Até ao dia do batismo, estes caloiros terão a árdua tarefa de encontrar uma madrinha (os rapazes) e um padrinho (a Beatriz), “alguém que os vai acompanhar sempre e que, por isso, convém ser alguém responsável e com quem haja afinidades”, sustenta Catarina Félix, que dá o seu próprio exemplo, referindo que já foi com pais de caloiros ver quartos e falar com senhorios, pois “os padrinhos servem para isso mesmo: ajudar em tudo o que puderem”.

O caloiro Ricardo Luís concorda, autorizado a responder às nossas perguntas sob o olhar atento dos seus doutores, dizendo que a experiência está a ser “espetacular” e que a praxe vai ajudá-lo, certamente, a concluir “ainda com mais sucesso” o Curso de Engenharia de Ambiente que agora ingressa.

Coimbra ao entardecer... E ao charrua eu fui ter

Um traje de fazer inveja Com os seus seis anos que leva de implementação, o traje azul-escuro da ESAC ainda cheira a novo. Carlos Gonçalves, Estudante de Agricultura Biológica e Presidente da mesa do Senado, sublinha que é este traje de monta o 'oficial' dentro da escola e enumera os motivos por que se tem tornado tão popular entre os os alunos que o envergam: “Os homens usam calças, camisa branca com um laço, colete, jaqueta, chapéu e capote. Para as raparigas, a moda ordena que não usem laço na camisa, que enverguem uma saia de monta e que o capote apresente as golas mais arredondadas, em detrimento das golas bicudas masculinas”.

Caloiro não morre à fome... Porque há febras e muita bebida O Núcleo de Estudantes de Direito da Universidade de Coimbra organizou uma festa nas antigas instalações da Faculdade de Farmácia – que agora passam a pertencer a Direito, e não faltaram atuações de Djs, de tunas académicas e de bandas com fartura. No que toca a assuntos de faca e garfo, Felipe Santos, estudante de Direito no 4º ano, garante que ninguém fica de barriga a dar horas: “o convívio é para todos os estudantes e Direito tem muita honra em convidar caloiros e Doutores doutros cursos que se queiram juntar a nós. Temos muita carne, como podem ver!”.

Orgulho em ser caloiro AGRÁRIO! Porcos, burros, vacas, ovelhas... Os caloiros da ESAC podem ser várias espécies animais, como comprova o seu BI Agrário colocado ao pescoço. “Há várias atividades coletivas onde os novos estudantes são reunidos de acordo com a sua espécie, promovendo as novas amizades, independentemente do curso em que se matricularam”, explica Beatriz Bessa, a caloira de Penafiel prestes a estudar Biotecnologia com toda a garra do mundo. O BI apresenta até um campo para observações, onde o caloiro pode escrever que usa lentes de contacto, se for o caso, para haver mais cuidado com o tipo de atividades a ser sujeito. Nuno Santos ri-se sozinho antes de ser entrevistado, pois acha engraçado isto da praxe. “Estou radiante! Entrei em Agricultura Biológica, era a minha primeira opção e é isto que eu quero fazer pela minha vida fora. Sobre a praxe... Estou a adorar!”, refere o caloiro, algo rouco devido aos treinos intensivos de canto, mas com ‘o freio à mostra’ para a fotografia. “Já me apresentaram as instalações e gostei bastante. Os Engenheiros pareceram-me muito simpáticos e acho que vão continuar assim”, espera Tiago Lima, o lisboeta recém-chegado ao curso de Biotecnologia da ESAC com muito orgulho.

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Coimbra

continua difícil de resistir Não é cisma nem mania, é o coração a palpitar e Coimbra, que continua a ser a cidade-princesa das capas pretas e até as paredes e as pedras da calçada o comprovam, enquanto o passo se faz firme e os ouvidos atentos adivinham por entre ruelas ainda vazias: “Lá vêm eles, os caloiros!”.

“Isto ainda está a aquecer” “Os Exames Nacionais não foram lá muito acessíveis e o número de caloiros parece ter baixado”, acredita Tiago Pinto, estudante do 2º ano de Engenharia de Ambiente, muito bem-disposto e sorridente, ou não estivesse “isto ainda a aquecer”, como diz ele, ansioso por que cheguem mais caloiros. “Não estamos aqui para gozar os caloiros, é para os bem receber e mostrar que ontem fomos nós, hoje são eles e amanhã haverá mais caloiros a quem praxar”.

Seja responsável. Beba com moderação.

Amigos para sempre Julien dos Prazeres estuda Engenharia Eletrotécnica e, juntamente com o seu compincha João Marques, não falham uma festa... E não deixam um coração feminino por partir. “É o convívio entre todos, as novas amizades, a festa da celebração na entrada no Superior... Estamos felizes e gostamos de celebrar isso entre amigos”, diz Julien, sublinhando que o espírito académico de Coimbra não tem igual no país... E, quem sabe, em todo o mundo.


LER PARA CRER Porto

vozes afinadas no hino à nova vida

Já Rita Bilizário parece não deixar de conversar com as Doutoras em seu redor: “São super fixes e todas as dúvidas que tenho, tiro com elas”. Agora que se prepara para viver numa cidade nova, admite que chegou a altura de “deixar de ser criança” e enfrentar o futuro com esperança e coragem.

Encontro marcado no Bigorna “O Bar da Associação agora vai fechar à meia-noite e o pessoal dispersa-se por outros bares, o que acho bem, porque há toda uma Coimbra repleta de monumentos que os novos estudantes devem ficar a conhecer enquanto cá vivem”, sustenta Ígor Moreira, estudante de Engenharia Informática “do Polo II”, como faz questão de sublinhar efusivamente. André Gonçalves, Luís Lopes e João Oliveira, os restantes membros do grupo que encontrámos no largo do Bigorda Bar e de cara para a Sé, aparecem cá várias vezes para “ver turistas que gostam de nos tirar fotografias, porque acham que parecemos o Harry Potter” ou, simplesmente, para “conversar”. Mas no que todos estão de acordo é que a Cidade de Coimbra vive dele e eles dela. “Não dá para explicar, convidamos todos os finalistas de 12º a virem para Coimbra estudar e viver este espírito académico. Depois podemos falar sobre isso”, acrescentam, contentes por se terem conhecido durante o curso e para a vida, acreditam.

“A minha casa eu deixei/ E a família abandonei/ Só pra dizer/ Que até morrer/ Fernando Pessoa te amarei”. É com a adaptação de alguns hinos que costumamos ouvir às claques que enchem os estádios de futebol que os alunos introduzem a Universidade Fernando Pessoa (UFP), no Porto, aos caloiros. E estes, quando a tarde ainda nem vai a meio, parecem ter a lição bem estudada. Cristiano Nogueira, há cinco anos na UFP, confirma a ideia de Fernando: “ficámos em primeiro lugar no ranking das melhores privadas e estamos de 'peito feito', claro”. Antigo responsável pela Comissão de Praxes, este ano a acompanhar de forma mais informal a semana de receção, Cristiano explica a ideia de juntar todos os alunos no mesmo espaço: “a comunidade da Fernando Pessoa é grande e dispersa os alunos, mas a praxe acaba por agregar”. Aponta, sem pestanejar, que os melhores amigos que fez na universidade “são de outros cursos, de outras faculdades, e se não fosse a praxe isso não seria possível”.

A minha casa eu deixei/ E a família abandonei/ Só pra dizer/ Que até

morrer/ Fernando Pessoa te amarei

Sem espaço para exageros

Lara Fonseca e Carolina Sarmento começam a ter fome: “vamos jantar!”, pedem aos doutores, aproveitando para contar à Mais Superior a sua aventura pela praxe coimbrã, enquanto os trajados se decidem a ir finalmente comer. “Já nos conhecemos desde do 5º ano de escolaridade e agora voltamos a estar juntas no Curso de Direito, embora houvesse alguma indecisão em seguir Jornalismo”, acrescentam, emocionadas, enquanto relatam o que fizeram neste que foi o primeiro dia ‘a sério’ como caloiras: “Foi tudo porreiro, estivemos sempre a cantar, virámos a roupa do avesso... O que eu sei é que dormi muito pouco e não ‘tou com ‘moca’ de sono!”, diz Lara.

Abel Silva não é propriamente um novato da praxe. Está no 2º ano de Ciências Empresariais, mas a experiência em cursos anteriores da UFP permite-lhe dizer que a praxe “é quase um vício, como o álcool ou o tabaco”. “Eu tento fugir, mas não consigo”, garante. E porquê? “Temos dezenas de cursos e estamos aqui todos juntos, tentamos criar um bocado uma família”. Tal como Cristiano, quer apagar a imagem que, por vezes, se espalha em relação à praxe - “nós nunca os incentivamos a beber, é preciso beber com moderação”. “Pode haver aquele momento de relaxe, estar a beber um fininho, agora beber até cair não”, avisa Abel. Cristiano remata: “evitamos exageros, até porque acabaram por estragar a festa”. Fernando Póvoas é um dos alunos que ocupa o anfiteatro da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da UFP. Acaba de entrar em Engenharia Civil (curso lecionado na Faculdade de Ciências e Tecnologia da UFP), mas é neste polo que está a ser recebido por toda a comunidade: “acho que esta é das semanas mais importantes do ano e estou a achar fantástica a receção”. Considera a cidade do Porto “ideal” para garantir uma boa experiência académica e destaca a UFP pela reputação e pela qualidade de infraestruturas e acessibilidades.

Seja responsável. Beba com moderação.

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LER PARA CRER O dia para não mais esquecer No Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto (ISCAP) o dia já vai longo quando Tiago Ferreira, caloiro do curso de Comércio Internacional, afirma que, apesar de cansado, se sente recompensado: “fiquei com as expetativas em alta para uma boa vida académica e praxista”. O primeiro dia de receção foi feito “com base na oratória” - segundo Joaquim Lima, Colher de Pau do ISCAP e “líder operacional da praxe” -, e Tiago mostra-se entusiasmado com a sessão de esclarecimentos, apesar do conhecimento prévio que tinha da experiência do pai, ex-aluno do ISCAP.

Piolhices’ de quem tem a vida pela frente

Tal como Tiago, Patrícia Soares conhece quem tenha estudado no Porto e estava “ansiosa” por seguir os mesmos passos. “Vivia num meio pequeno e queria muito mudar-me para o Porto”, conta Patrícia. Joaquim Lima, como Colher de Pau, assume o papel de Veteranos e Doutores no processo de adaptação: “queremos criar redes de amizades, que os podem ajudar a arranjar casa, sair à noite...”. No fundo, “fazer desta semana um ponto de partida para as suas vidas académica e letiva”. E Ana Torres sabe bem como ela pode influenciar o processo: “acho que é das semanas mais importantes, porque estamos todos em pé de igualdade”. Inscrita em Comunicação Empresarial, Ana já teve a experiência de ser caloira noutra instituição e quer aproveitar da melhor forma “o acompanhamento” que os mais velhos lhe vão dispensando. Joaquim é um deles e conclui: “nunca me esquecerei do meu primeiro dia aqui no ISCAP”.

No Porto, a noite universitária pode ganhar várias formas e contornos, mas é quase garantido que vá incluir o Piolho d’Ouro. Antigo Âncora d’Ouro, o café adotou o nome por que era conhecido entre os estudantes. A designação é alvo de várias teorias, espalhadas no boca-a-boca, e uma delas é a de que o espaço era demasiado pequeno para tanta gente que ali parava, o que levou os frequentadores a chamar-lhe ‘piolho’. A outra ganhou força por altura do centenário - em 2009, o café completou um século de existência - e reza que os estudantes apaixonados pelo espaço (a maioria do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, da Universidade do Porto, num edifício neoclássico colado ao Piolho) se cruzavam com os professores que também lá paravam para cafés e tertúlias. Como a relação entre alunos e professores era, no mínimo, mais formal que a que hoje conhecemos, uns terão chamado aos outros ‘piolhosos’ ou dito que tudo aquilo era uma ‘piolhice’. Piolho ficou, Piolho será.

O certo é que a mística do Piolho nunca mais desapareceu e, como diz Miguel Teixeira, aluno da Cooperativa de Ensino Superior, Politécnico e Universitário (CESPU), sentado numa das mesas do Piolho, “toda a gente sabe ao que vem”. As pessoas “chegam aqui, bebem o seu copito, conversam e vão à sua vida”. Há noites em que o Piolho é apenas o ponto de partida e outras “em que ninguém quer sair daqui”. Miguel é natural de Chaves e percebeu-o bem depressa. Quando a vida de universitário acabar, vai ter “saudades deste convívio”, de todas as horas que dedicou às amizades que nasceram na universidade: “ainda hoje só dormi duas horas, porque tive a preparar a praxe”. Cristiano Nogueira também o fez no tempo em que liderou a Comissão de Praxes da UFP e nunca esqueceu o Piolho: “costumamos inclui-lo no nosso cascos-papper, um peddy-paper de tasca”. A carga histórica que lhe está associado e o facto de ser “um espaço agradável”, que promove o convívio, fizeram dele ponto obrigatório no mapa dos caloiros e os “bares aqui à volta aproveitaram”.

A Adega dá uma ajuda Entre alguns outros, Cristiano refere-se à Adega Leonor. Perpendicular ao Piolho, a Adega apresenta-se, por trás do balcão, com uma série de cachecóis de várias universidades, não deixando margem para dúvidas: “é um bom sítio para fazermos o ‘aquecimento’. “Hoje começamos aqui e depois seguimos para os Aliados”, conta Cristiano. A Adega Leonor, apesar de pequena, “tem muito espaço cá fora, à volta, e faz com que isto aconteça”. O ‘isto’ de que fala Cristiano é fácil de entender: vários grupos reunidos em amena cavaqueira, religiosamente acompanhados por um copo, normalmente de cerveja, numa das mãos. Joana Marques faz parte de um desses grupos e, natural de Vizela, já se sente integrada. A Adega Leonor, “pequenina, rústica e com bons preços” promete continuar a ajudar.

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Seja responsável. Beba com moderação.



LOOK AT ME

Orelhas de burro

Não sejas teimoso, vá lá, usa as orelhinhas do jerico que só te ficam é bem para a foto de perfil do facebook – assim todos ficam a saber que estás no Superior a curtir milhões no meio da restante caloirada... Ui, alguém disse caloirada? Por isso que já me cheira a estábulo...

O que é que o caloiro tem? T-shirt

Esta T-shirt faz parte dos legados que todo o avô deve deixar ao seu neto no fundo dum baú carcomido de traça. Se a mantiveres suada, cheia de gema de ovo, farinha, pasta dos dentes, terra e tinta, o seu valor poderá subir consideravelmente em leilões online daqui a umas décadas. Pensa nisso.

Tem orelhas de burro, tem! Tem T-shirt personalizada, tem! Tem passaporte em dia, tem! Tem penico moderno, tem! Tem chupeta a condizer, tem! Tem restos de gema de ovo no pescoço, tem! E tem lata como ninguém... Se do outro lado do Atlântico, a Carmen Miranda visse, em 1939, os nossos caloiros em pleno mês de setembro, até uma banana lhe caía do turbante de frutas. Vamos ver de que forma estão os mais recentes estudantes de Ensino Superior portugueses apetrechados. Texto: Bruna Pereira

Chupeta

Não vale a pena espernear, porque aqui quem manda são os doutores. Os teus dias de menino da mamã acabaram e agora estás entregue às feras, perdão, às praxes. Por isso, guarda a tua chupeta mas nada de lágrimas, que isso é para bebés.

Penico

Os teus avós também tinham um vermelho às bolinhas debaixo da cama, verdade? Mas isso era há 40 anos! Agora, em tempo de praxes quem tem um traje é rei. Por isso, prepara-te para as mais variadas necessidades e mantém o teu penico (se for o caso um pack de fraldas para incontinência também) sempre à mão.

Passaporte

Daqui a uns anos, vais trocar estas semanas de praxe por uma ida e volta às Maldivas com estadia incluída, sabias? E para que não faltes a nenhum dia de tradições, não te esqueças de atualizar as presenças no teu passaporte... Seja qual for o nome com que te batizarem – sim, porque desejar ‘boa sorte’ nesta matéria não vai ajudar muito, estás avisado.

Latas... Para uma Super Latada! Pu

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Para quê um penoso mergulho no Ecoponto amarelo da tua rua em busca de alumínios, se podes juntar os amigos para uma mega inauguração da tua nova casa na companhia da Super Bock? No final da festarola, junta uns bons quilos de latas Super Bock Original e Super Bock sem Álcool e começa a treinar para o concurso “a ver quem é que faz mais chinfrim com isto pendurado ao corpo”. Et voilat, estás pronto para a tua latada! Seja responsável. Beba com moderação.


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LIMITE DE VELOCIDADE

Foto: www.gruposegurancamaxima.com

A caminho da estrada... Com Ainda estamos longe de fazer os 18 anos e já o desejo de circular sobre rodas ao volante existe. Além de aumentar a autonomia face aos transportes, possuir a carta de condução faz parte dos requisitos essenciais estabelecidos pelos empregadores, cada vez mais exigentes nos dias que correm. Mas passar nos exames de código e de condução não basta, há toda uma atitude defensiva e de respeito para com os demais condutores a cultivar ao longo da vida, “por um lado, os jovens não têm tanta experiência para conseguir evitar os acidentes, mas por outro lado, experiência a mais nos condutores mais velhos também faz com que eles não estejam tão atentos às coisas...”, resume Olga Brandão, Instrutora na Escola Segurança Máxima Gare do Oriente Parque das Nações Texto e fotos: Bruna Pereira

O irmão de Beatriz Goulart já tem carta de condução e ela bem vê o jeito que dá “para transportar a tralha toda no carro para a faculdade”. Mas as vantagens de possuir o título de condução para Beatriz continuam, já que ao viver longe da área de conforto dos transportes públicos, um carro torna-se a solução ideal para poder sair à noite em segurança, acrescenta: “já sei que tenho de ser responsável, mas uma vez que não bebo, vou ser uma condutora fiável de certeza (risos)”. Para tornar o seu sonho realidade, esta quase caloira no Curso de Engenharia Química do Instituto Superior Técnico (IST) decidiu tirar a carta de condução na Escola de Condução Segurança Gare do Oriente Máxima Parque das Nações, por ser “mais perto de casa”, “mais barata”, mas não só. “Os instrutores são jovens e conseguem ligar-se mais a nós. Também acho muita piada aos simuladores, que tornam as coisas muito mais fáceis antes de irmos mesmo para a estrada ter a primeira aula prática”, explica a aluna há sensivelmente um mês na escola. Já Maria Carreira começou a tirar a carta por alturas da Páscoa. Devido aos estudos, teve de parar, mas agora que entrou em período de férias, retomou as aulas e está ansiosa por ter o seu próprio volante nas mãos... Também por motivos familiares: “tenho irmãos mais pequenos e os meus pais precisam de alguém que os vá buscar a vários sítios”. Mas assuntos do seu próprio interesse movem ainda esta aluna de Design de Moda na Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa, nomeadamente a gestão do tempo. “Eu sei que existem transportes, mas não é a mesma coisa – de transportes até à minha faculdade demoro uma hora, por exemplo. Num bom dia de carro, demoro apenas 20 minutos no mesmo percurso. É um tempo que eu ganho, se for de carro”, resume a aluna que aprecia bastante o sistema de aulas existente na Segurança Máxima, pois “permite repetir os mesmos módulos várias vezes... Havia até certas coisas que eu não entendia e agora consigo perceber tudo!”.

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“Temos uma escola muito gira e muito fashion” Não é difícil andar por aí e dar de caras com um veículo da Segurança Máxima no meio do trânsito, enquanto atravessamos uma passadeira ou até mesmo da janela de casa ou do trabalho. Mas o dinamismo não existe apenas nas cores dos carros usados pelos instrutores em aulas práticas. Entrar numa das várias escolas Segurança Máxima é quase como chegar ao fim do arco-íris: as escadas, as mesas, as paredes, os WC e até os tapetes estão personalizados. “temos de facto uma escola muito gira e muito fashion”, concorda Ana Vieira, uma das primeiras caras que os alunos conhecem mal entram na Escola Gare do Oriente Parque das Nações. Ao exercer funções de secretariado, Ana executa tarefas tão diversas como receber os alunos nas primeiras inscrições; explicar quais são condições para ir a exame de código e, mais tarde, a exame de condução; pedir esses mesmos exames; confirmar as respetivas datas e recolher e introduzir no sistema relatórios de aprovação e reprovação, por exemplo. “A grande diferença deste para outros sítios onde trabalhei é que aqui o contacto é muito mais direto com as pessoas e acaba por ser muito mais informal, criando uma certa intimidade”, partilha Ana, confessando que, com frequência, acaba por conhecer os alunos, pois eles aparecem com alguma frequência: “acabamos por nos tratar pelo nome: eu a eles e eles a mim. E isso é muito giro”. A lecionar na Escola Parque das Nações há quase três anos, a instrutora Olga Brandão faz um bocadinho de tudo: tanto dá aulas teóricas, como leva os alunos a conduzir fora das paredes da escola ou os ensina a praticar nos simuladores, aulas antes. “Os simuladores acabam por ser muito vantajosos para os alunos – principalmente os que nunca pegaram num carro, porque acabam por ter as primeiras noções de onde é que fica o volante, a embraiagem... Os alunos acabam por ter aqui as primeiras cinco/ seis aulas antes de iniciarem mesmo a condução e já vão mais preparados”. Além de achar a Segurança Máxima uma escola “muito gira, muito fashion e muito juvenil”, Olga acredita que os atributos da escola continuam a chamar muitos novos alunos pelo facto dos instrutores serem muito jovens, incentivando aos alunos ao diálogo; assim como pelo método de estudo. “Esta escola acaba por seguir tudo muito certinho, mesmo a nível dos horários: se um aluno começa a primeira aula, no dia seguinte consegue logo apanhar a lição dois, a lição três... E acaba por, num espaço de pouco tempo, conseguir fazer as aulas todas. Isso é umas das diferenças em relação a outras escolas”.


LIMITE DE VELOCIDADE “Aquilo que os alunos mais receiam é integrarem-se no trânsito” Se para alguns condutores ficar meia hora diária no trânsito é um inferno, para Alberto Baptista são ossos do ofício, já que circular pelas estradas, ruas e avenidas de Lisboa é o que faz há já quatro anos. “Gosto muito da minha profissão. É uma profissão interessante em que ensinamos as pessoas a conduzir e depois, mais tarde, encontramo-las por aí a conduzir sozinhas nos seus carros... E isso é muito bom (risos)”. Quanto aos principais medos apresentados pelos alunos, quando passam da teoria à prática, estes prendem-se com a dimensão da cidade. “Como estamos em Lisboa, aquilo que os alunos mais receiam é integrar-se no trânsito, porque temos que circular juntamente com outros condutores. Também sinto, por vezes, algum desrespeito e falta de cuidado por parte doutros condutores em relação aos formandos das escolas de condução - muitas vezes, temos que intervir nos comandos do carro para não bater, porque as pessoas não deixam as distâncias regulamentares, não têm os cuidados que deveriam ter com pessoas que estão a aprender a conduzir...”.

“Aulas muito dinâmicas”

Carta antes dos 18 anos

O preço é muito convidativo Depois o próprio conceito e apresentação da escola e da formação em si, a Segurança Máxima destaca-se da concorrência por apresentar um preço “muito convidativo”, diz Alberto Baptista, alertanto ainda para a importância de possuir Carta de Condução num CV. “Muitas entidades patronais pedem aos seus candidato a carta de condução e eu penso que a a Segurança Máxima, nesse aspeto, vem revolucionar um bocadinho o mercado, tornando a carta acessível às pessoas mais novas, que estão em início de vida, de forma a que elas, quando vão às entrevistas de emprego, possam já ir com essa mais-valia”, conclui.

Acabada de sair de mais uma aula teórica, a Beatriz Goulart aprendeu que afinal o alcatrão derrete. “não fazia a mínima ideia de que o piso se pode tornar escorregadio por causa disto”, refere a aluna, sublinhando a importância do teste realizado no final de cada aula e que acaba por “condensar a matéria na cabeça”.

“Há alunos que aparecem antes de ter 18 anos completos e perguntam quais são as hipóteses de tirar a carta de condução”, recorda Ana Vieira, sobretudo em período de férias, quando aparecem muitos alunos entusiasmados para ‘despachar’ já o código da estrada. “Muitos começam a tirar a carta aos 17 anos e meio, sabendo que depois só podem concluir o processo quando fizerem 18”, termina.

“Estou ansiosa por ir para a estrada!”

“Tenham sempre uma condução defensiva” A todos os que se preparam para tirar a carta, a instrutora Olga Brandão alerta: “por um lado, os jovens não têm tanta experiência para conseguir evitar os acidentes, mas por outro lado, experiência a mais nos condutores mais velhos também faz com que eles não estejam tão atentos às coisas...”. Assim sendo, o melhor será optar por uma condução sempre defensiva e respeitadora. “Devemos também ser cívicos e termos um bocadinho de tolerância para quem está a aprender a conduzir agora: às vezes digo aos alunos: vocês agora vão ter um bocadinho de calma, porque há sempre pessoas que buzinam e que já se esqueceram do processo por que passaram antes de terem a carta na mão”.

Maria Carreira está tão empolgada por pisar a estrada que confessa já ter experimentado pegar num carro: “Já experimentei, mas não correu lá muito bem, porque estava a tentar fazer o ponto de embraiagem e carreguei de mais no acelerador e o carro uhhhhhhhh (risos)”. Agora a aluna está com muita vontade de ir para a rua e vai treinando nos simuladores da Segurança Máxima.

Foto: www.gruposegurancamaxima.com

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No chat com a Maria Entra em www.gruposegurancamaxima.com e descobre qual a escola Segurança Máxima mais perto de ti, preços, serviços, procedimento para inscrições... Se não quiseres sair de casa para obteres resposta às tua primeiras dúvidas, pergunta à Maria, a assistente que responde a todas as tuas questões.

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LIMITE DE VELOCIDADE

A arte de

bem beber Já sabes que as palavras conduzir e beber (álcool) só ficam bem na mesma frase se lhes juntarmos um decidido 'não'. Se conduzires não bebas, se beberes não conduzas, são as hipóteses. Se ainda não sabes, é bom que te apercebas depressa e aproveites as vantagens de ser um condutor responsável. A campanha 100% Cool comemora 10 anos de existência e os resultados já estão à vista. Texto: João Diogo Correia

Em Portugal, como no resto da Europa, não faltam estudos e dados estatísticos sobre o consumo de álcool entre os jovens. Há uns menos simpáticos que outros, mas os mais alarmantes são os que relacionam o consumo com a condução. No início deste século, morriam nas estradas portuguesas mais de 2500 pessoas por ano, indica a Associação Nacional de Empresas de Bebidas Espirituosas (ANEBE). Hoje, o número desceu para menos de 700. Um dos motivos para esta redução que nos deve orgulhar (apesar de ainda haver muito por fazer) é a criação da campanha 100% Cool, que anda desde 2002 a sensibilizar os jovens entre os 18 e os 30 anos para um consumo moderado de bebidas alcoólicas. A ideia é “procurar evitar o lado repressivo, apostando antes na educação, motivação e responsabilização dos jovens para um consumo moderado de álcool”, refere a ANEBE, impulsionadora do projeto. Assim, em vez de se concentrar no castigo com pesadas multas, a campanha oferece prémios aos condutores bem comportados. O exemplo mais recente deu-se

no primeiro fim de semana de setembro, nas zonas de Lisboa e do Porto, onde uma patrulha normal da GNR atribuiu compensações – simbólicas, claro – a todos os jovens com uma taxa de alcoolemia de 0% que transportassem, pelo menos, dois amigos. A PSP, o Ministério da Administração Interna e a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária são outras das entidades envolvidas na 100% Cool. Só em 2011, a campanha esteve em mais de 400 operações, em eventos que certamente te são queridos, como festivais de música ou festas académicas. O primeiro, há dez anos atrás, até tem o nome de uma marca de cerveja agarrado: o festival Super Bock Super Rock.

De pequenino

bor Sem álcool, mas com muito sa

Aquela ideia de que precisas s de beber para te conseguire ante. dist s mai vez a cad está rtir dive de ra altu ta nes nte Especialme émicas, celebrações e receções acad espírito não vão faltar apelos ao teu e ou pod que – vívio con O ivo. fest –ea es prax osas fam as não incluir desta música estão lá sempre, mas te vez nem a cerveja precisa de r. falta o uma Talvez ainda não tenhas dad eja verdadeira oportunidade à cerv quer sem álcool. A partir de agora, quer sejas o condutor de serviço,

diferente, queiras ter uma experiência rições!) rest (sem er experimenta beb Bock cerveja sem álcool. A Super garante tem-na em lata ou garrafa e –o iro inte por lá está or que o sab preserva processo de desalcoolização A espuo paladar genuíno da cerveja. não bém tam osa, crem e ca bran ma, ente iram lige é or sab O . rece desapa pto do amargo, mas se fores mais ade a cerveja doce a Super Bock preparou suave e Sem Álcool Preta. O aroma é ncia eriê exp uma para o, izad caramel ainda mais inovadora.

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Seja responsável. Beba com moderação.

se experimenta o copinho

É uma tendência que não desaparece. Os jovens portugueses começam a beber desde muito cedo e a primeira embriaguez não é caso isolado – abre espaço para uma série de outras. Dados do Instituto da Droga e da Toxicodependência referentes a 2011 mostram que 37,4% das crianças com 13 anos já experimentou álcool, sendo que mais de 8% garante já se ter embriagado. À medida que a idade avança os valores vão também aumentando. Aos 18 anos, já mais de metade dos jovens se embriagou pelo menos uma vez na vida, sendo que, dos rapazes, 15% diz ter apanhado uma bebedeira entre seis a 19 vezes no ano anterior. Nas raparigas da mesma idade, o excesso acontece menos vezes, descendo o valor para os 9%. O fenómeno do 'binge drinking' – beber em grandes quantidades no menor tempo possível, para alcançar o estado de euforia – é um dos problemas que prejudica os jovens nesta faixa etária.



DÁ-TE AO TRABALHO

'Mi casa

es tu casa'

Home4Students, isto é, casa para estudantes. Em quatro passos. Vamos lá outra vez: Home4Students. Isso mesmo, um projeto empreendedor criado por três recém-licenciados do Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB) e que permite aos estudantes encontrar casa de uma forma mais fácil e rápida. A grande inovação? Promover o intercâmbio entre jovens de diferentes zonas do país, numa versão portuguesa da máxima ‘mi casa es tu casa’. Texto: João Diogo Correia Fotos: Home4Students

Fábio Agapito tem 21 anos e, juntamente com Cristiano Santos, de 22, e André Gonçalves, de 23, criou uma empresa - a AroundExtreme Informática – depois de concorrer a um concurso de ideias de negócio, o Poliempreende 2010/2011, criado pelo IPCB. A empresa funciona agora nas instalações da Escola Superior de Tecnologia (EST) da instituição, onde os três colegas fizeram a licenciatura em Engenharia Informática. E é através da empresa, garante Fábio, que o Home4Students ganha alguma sustentabilidade em termos financeiros. O projeto pretende ajudar as famílias portuguesas num momento especialmente difícil. Para isso, além de criar um espaço priveligiado de arrendamento de casa, permite a um estudante deslocado encontrar uma forma de poupar muito dinheiro, trocando de morada com outro estudante.

“Evitar o abandono escolar” Em situações limite, é isso que acontece. O agravar da situação financeira dos portugueses, já de si pobre, pode aumentar o número de jovens a abandonar os estudos por falta de posses. Foi por isso que o sogro de Fábio Agapito lançou o desafio: por que não criar uma forma de pôr os estudantes a trocar de casa entre si? Fábio e os colegas não pensaram duas vezes. O Home4Students foi a solução que encontraram. “Em vez de alugarem um quarto, os estudantes ficarão a morar na casa um do outro, como se fossem para uma casa alugada, só que com a vantagem de não terem de pagar renda da casa, água, luz, etc.”, explica Fábio. A ideia tem algumas semelhanças com outras implementadas para viajar ou passar férias, como é o caso do couchsurfing, mas é inovadora no que toca a estudar cá dentro. Por isso mesmo, reconhece Fábio, pode gerar alguma desconfiança por parte de pais mais conservadores - “o nosso receio é um pouco esse, do qual estamos cientes, uma vez que choca um pouco com a cultura portuguesa”. No entanto, nem os velhos costumes fazem esquecer a principal preocupação por esta altura do ano: poupar. “Tendo em conta a atual crise e as medidas de austeridade impostas à população, pensamos que a vontade dos pais de continuarem a querer oferecer um futuro melhor aos filhos falará mais alto, levando-os a aceitar e a aderir ao intercâmbio”, conclui. Por enquanto, ainda não há estudantes a servir de 'cobaia' para o projeto, “em primeiro lugar devido ao facto de só agora o ano letivo se estar a iniciar e, ainda, por o Home4Students ser relativamente recente e não muito conhecido”. O objetivo é, por isso mesmo, divulgar, divulgar, divulgar.

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Um, dois, três, quatro, já está Se o intercâmbio é mesmo a grande inovação, o Home4Students não deixa de oferecer espaço para um aluguer de casa mais tradicional. Em quatro passos, qualquer estudante pode encontrar a sua - “a pessoa deve registar-se [passo 1], efetuar login [2], introduzir a localidade pretendida [3] e, por último, fazer um pedido ao anunciante ou contactá-lo diretamente [4]”. Para quem quer alugar, também não há grandes dificuldades, já que o serviço é gratuito e o público que visita o site é maioritariamente jovem, o que pode facilitar a procura por um interessado. O Home4Students, segundo Fábio Agapito, tem ainda outra funcionalidade que pode ajudar tanto os que procuram casa como os anunciantes – um conjunto de informação que dão outro valor qualitativo aos imóveis, como “a proximidade e acesso a serviços públicos, bares, cafés, papelarias”, tudo locais habitualmente frequentados por quem procura casa nesta faixa etária. Fábio garante que a equipa está a desenvolver uma ferramenta que melhorará esta capacidade, avaliando o meio envolvente de cada casa, segundo critérios como o lazer, o acesso a serviços de saúde e educação ou as acessibilidades. A internacionalização já está a ser pensada - “o site está a ser desenvolvido também em inglês, apesar de essa versão ainda não se encontrar disponível” -, já que é objetivo dos três jovens empreendedores “cooperar com os atuais planos de Erasmus e outros de intercâmbio”, ajudando tanto as os alunos que vêm do estrangeiro, como os portugueses que se preparam para uma aventura fora de portas.


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MANUAL DE INSTRUÇÕES

Aprender sem esforço…

Financeiro Parabéns. Acabas de ingressar no Ensino Superior. O teu esforço foi recompensado. Vais agora entrar numa etapa determinante para que te realizes profissionalmente. A entrada no Ensino Superior implica um conjunto de alterações na tua vida pessoal e familiar, nomeadamente ao nível financeiro. Em muitos dos casos, e exceto para quem tem a sorte de morar junto à instituição de ensino, é necessária a alteração de residência ou, na melhor das hipóteses, aumenta a distância das deslocações diárias. Isto implica, de imediato, custos com alojamento e custos de transporte mais avultados, além das despesas com alimentação. As propinas são outro gasto que os alunos terão de suportar, já para não falar dos gastos com material escolar que são muito superiores neste nível de ensino, embora também dependam do curso que o aluno escolheu. Texto: Susana Albuquerque

É, assim, fundamental fazer um planeamento muito eficaz dos gastos, para que as despesas não coloquem em causa a estabilidade financeira do agregado familiar e possibilitem ao jovem continuar a estudar. Este planeamento deverá ser feito pela família, caso seja ela que vá suportar os gastos do estudante. Em conjunto, devem ver o que é possível e, caso sintam a necessidade de aumentar os rendimentos para não entrar em colapso financeiro, deves equacionar, de forma natural e sem qualquer preconceito, a hipótese de trabalhares. No Ensino Superior é natural que isso aconteça, existindo mesmo condições especiais para quem trabalha e estuda em simultâneo. Informa-te na tua instituição como obter o estatuto de trabalhador estudante. Além dos trabalhos em regime de part-time, existem agências a contratar para trabalhos pontuais, como são exemplo as promoções de produto. Nesta área, a criatividade e as novas plataformas de comunicação têm-se revelado verdadeiras fontes de rendimento para algumas pessoas. Estou a referir-me, por exemplo, a quem desenvolve pequenos negócios através da internet, nomeadamente das redes sociais. Caso tenhas de procurar alojamento, tem em conta a distância até à universidade versus o valor da renda. É preciso ver se te compensa financeiramente estar mais perto do teu novo local de estudo ou se a diferença de preços justifica ficar mais afastado e ir de transportes. A rede de transportes públicos também é um aspeto a ter em consideração. A partilha de casa ou o aluguer de um quarto é sempre uma excelente opção para encurtar os custos. O segredo está em colocar todas as hipóteses em cima da mesa e fazer contas. Investe algum do teu tempo nesta pesquisa, pois pode fazer muita diferença no orçamento mensal. E, por falar em orçamento mensal, recordo que esta é uma ferramenta que não deves descurar para o domínio das tuas finanças. Basicamente, estamos a falar duma simples folha em que apontas todas as tuas receitas e despesas. Um documento imprescindível que te permite controlar os gastos e perceber onde tens de cortar, acabando com a velha história “não sei para onde foi o meu dinheiro!”.

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MaisSuperior . Setembro 2012

Os Ser viços de Ação Social dão uma ajuda

Para tornar o Ensino Superior acessível a todos , independentemente das condições socioeconó micas dos estudantes, o Estado disponibiliza Servi ços de Ação Social. Atribuição de bolsas, alojamento em residências universitárias e alimentação são alguns dos apoios concedidos aos alunos. Informa-te nos Serviços de Ação Social da tua universidade.

Susana Albuquerque é Secretária-Geral e coordenadora do programa de educação financeira da ASFAC – Associação de Instituições de Crédito Especializado. A também autora do livro “Independência Financeira para Mulheres” colabora mensalmente na revista Mais Superior para te dar dicas práticas que poderás aplicar no teu dia-a-dia.




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