Revisão de Vida

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REVISÃ O DE VIDA PARA VIVER E NÃO SE ARREPENDER


REVISÃO DE VIDA PARA VIVER E NÃO SE ARREPENDER

autor

Ricardo Agreste da Silva

editor responsável

Alberto José Bellan

revisão

Juana del Carmen C. Campos Rachel Negrão Fernandes Rocha

capa, produção e diagramação

Te l / F a x : 1 9 3 4 6 4 . 9 0 0 0

impressão e acabamento

Associação Religiosa Imprensa da Fé - SP

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Silva, Ricardo Agreste da Revisão de Vida: para viver e não se arrepender / Ricardo Agreste da Silva - Santa Bárbara d`Oeste, SP : Z3 Editora e Livrarias, 2008. 1. Conduta de Vida 2. Espiritualidade 3. Vida cristã I. Título. ISBN: 978-85-98486-37-6 08-04919

CDD-248.4 Índices para catálogo sistemático: 1. Conduta de Vida : Prática Cristã 248.4 2. Vida: Reflexões : Prática Cristã 248.4


REVISÃ O DE VIDA PARA VIVER E NÃO SE ARREPENDER


REVISÃO DE VIDA PARA VIVER E NÃO SE ARREPENDER

1ª Edição - Junho de 2008 2ª Edição - Outubro de 2009

3ª Edição - Abril de 2015 copyright © 2008

por Z3 Editora

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Aos meus queridos pais, Cilas e Débora, fonte de segurança e aprendizado ao longo da vida. À minha querida esposa, Sônia, fonte de amor e inspiração, ao longo da jornada.

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A

o ser desafiado a fazer a apresentação deste livro do Ricardo, fui tomado de um enorme espanto. Explico: os originais da Z3 Editora me chegaram às mãos exatamente no meio de um período sabático que solicitei aos líderes da amada PIB de Florianópolis, onde sirvo no ministério pastoral há 22 anos. Depois de me ouvirem com atenção, os líderes prontamente se dispuseram a levar a igreja à concessão deste tempo que eu havia solicitado depois de 33 anos de carreira. Entendam: eu não queria desistir do ministério. Eu precisava parar. Parar para pensar, meditar e avaliar minha vida e meu ministério. Neste tempo, estive olhando e considerando o meu passado. Uma voz que partia de meu coração insistia em me convencer através das dúvidas oriundas da minha leitura equivocada, baseada em resultados numéricos e na performance. Meu espanto aconteceu ao ler já as primeiras páginas. Parecia–me que alguém havia contado ao 7


REVISÃO DE VIDA

Ricardo Agreste

Ricardo aquilo que se passava comigo nestes últimos anos de minha vida. Não pude parar de ler cada página, cada parágrafo. As palavras ali contidas mais se pareciam com um espelho. Enxergava-me no texto. Espantava-me, pois, o livro de Eclesiastes e os escritos de Paulo - que Ricardo Agreste escolhera como base para suas reflexões e desafios - não me eram estranhos, pelo contrário, eram balizas que me norteavam desde o início de minha decisão em pertencer e lutar pelo Reino de Deus. A surpresa se deu com a maneira simples, descomplicada e atual com que Ricardo aborda cada frase. Veja, eu disse “cada frase” e não cada capítulo. Eu, como talvez milhares de leitores, encontramo-nos atualmente numa fase onde nos questionamos em relação ao nosso passado, nos inquietamos em relação ao nosso presente e nos angustiamos em relação ao futuro. Não raro me passava pela cabeça desistir da maratona ministerial. Ao colocar na balança os resultados dos meus esforços, noites mal dormidas, estresses frequentes, incompreensão, ingratidão, incoerência, decepção com pessoas e com estruturas, ao colocar todas estas coisas no prato da balança . . . o ponteiro parecia indicar: “. . .não valeu a pena.” “. . . foi tempo perdido”, ou então . . . “. . . os resultados foram insignificantes.” Coincidentemente, estava me preparando para ministrar uma palestra no Congresso do Instituto Haggai cujo tema central era sobre “Qual o legado que cada um de nós deixará para as gerações vindouras”. As reflexões que já havia elaborado para esta palestra se somaram com uma energia indescritível que brotava 8


APRESENTAÇÃO

de cada conceito que meu colega Ricardo expõe. Fiquei impactado. Não só isso: meus olhares para o futuro tiveram que passar por uma revisão surpreendente. Tive que revisar também minhas reações e emoções. O Senhor Deus sabe como estes escritos já estão me influenciando e como, seguramente, me ajudarão a tomar decisões futuras baseadas na triagem de minhas buscas infindáveis e insaciáveis. Seguramente olharei para o restante de meus dias escolhendo minhas batalhas com mais sabedoria e critério. Minhas reações não serão tão irrefletidas e míopes. Recomendo especial atenção às comparações entre as reações do autor de Eclesiastes e as palavras do apóstolo Paulo. Leiam com carinho o capítulo cinco “Amadurecer ou amargar?” Depois da leitura e reflexão destas páginas trocarei o medidor de realização de minha balança. Agora, dedique-se à leitura, reflexão e meditação destas páginas, sempre debaixo do poder e orientação do Parácleto – O Nosso Grande Consolador, O Espírito Santo. Pr. Paulo Solonca

Pastor da Primeira Igreja Batista de Florianópolis desde 1985

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Prefácio .............................................................................13 Introdução ........................................................................19 Capítulo 1

Da Vaidade à Eternidade ...............................................25 Capítulo 2

Escolhendo as Batalhas ..................................................43 Capítulo 3

Completando a Maratona ..............................................57 Capítulo 4

Guardando a Fé ...............................................................75 Capítulo 5

Amadurecer ou Amargar? ............................................91 Capítulo 6

Com os Pés na Terra, mas os Olhos na Eternidade ........................................107 Uma Palavra Final ........................................................123 11



Os primeiros quarenta anos de vida nos dão o texto; os trinta seguintes, o comentário. Arthur Schopenhauer

H

á alguns anos, mais precisamente no ano em que completava meus 40 anos de idade, peguei-me completamente imerso na reflexão acerca de minha vida e história pessoal. Afinal, muitas são as ilusões e os sonhos que nascem durante 40 anos. Inúmeras as decepções e as realizações vividas ao longo de 480 meses. Diversas são as lágrimas derramadas e as gargalhadas experimentadas no decorrer de 14.600 dias de vida. Ao longo do tempo, conheci muitas pessoas. Algumas me marcaram positivamente, outras me decepcionaram grandemente. Umas simplesmente passaram, sem deixar muita saudade. Outras se foram, mas deixando palavras e imagens no meu coração, nutrindo o desejo de um reencontro. Mas, ainda existem aquelas que, um dia, chegaram, me cativaram e, para 13


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Ricardo Agreste

minha felicidade, decidiram deixar que suas histórias se tornassem também as minhas histórias. Ao longo do tempo, ousei sonhar. Ainda garoto, numa das ruas asfaltadas do bairro do Sumaré na cidade de São Paulo, correndo atrás de uma bola de “capotão”, sonhei que era um jogador profissional e as calçadas eram arquibancadas cheias de pessoas torcendo fervorosamente. Imaginava-me vestindo a camisa de grandes clubes (mais propriamente o maior deles: o Palmeiras, é claro) e sendo ovacionado por um estádio lotado. Eu e meus amigos sonhávamos. No entanto, com a proximidade da adolescência, este sonho se dissipou para nascer a ilusão de tornarme um cantor. Afinal, quem não teve este sonho um dia? Trazia em minha memória algumas imagens dos famosos festivais de MPB e em meu coração uma paixão pela Bossa Nova de João Gilberto, Vinicius de Moraes, Tom Jobim, entre outros. Mesmo tendo um estilo um pouco fora do convencional para os adolescentes de minha idade, peguei meu violão e ousei. Mas, a realidade me empurrou cedo para o mercado de trabalho. Aos quatorze anos de idade iniciei minha caminhada profissional. Sonhos relacionados ao mundo do futebol ou da música foram gradativamente se dissipando. Mesmo assim, eu insistia em sonhar. Nas salas de uma empresa, entre papéis a serem arquivados e tarefas a serem cumpridas, observava atentamente aqueles homens de terno e gravata entrando e saindo das salas de reuniões. Comecei, então, a sonhar que era um bem-sucedido executivo. Depois, vieram as leituras sobre um diferente tipo de sonho. O sonho de um mundo mais justo e no qual 14


PREFÁCIO

todos poderiam usufruir de seus benefícios. Entrei em contato com a história de homens e mulheres que ousaram morrer por ideais. Comprei uma camiseta de Che Guevara, passei a pesquisar informações sobre a Guerrilha do Araguaia e chamar meus pais de alienados. Era uma época na qual os bancários faziam paralisações enormes e os metalúrgicos do ABC eram motivados por um líder emergente chamado Lula. Na medida em que o desejo por justiça se intensificava, Deus veio ao meu encontro para me envolver com Sua graça. Uma crescente consciência de que a vida só teria sentido se vivida para Ele e a partir dEle tomou conta de mim. Nasceu, assim, uma vocação. É verdade que ainda meio imatura e nebulosa, mas era uma vocação. Confundia-se com as paixões de minha juventude e a simplicidade com que a vida era encarada. Mesmo assim, era uma vocação! Ao longo do tempo, amadureci. A passividade como muitos reagiam diante dos desafios lançados, a incoerência de outros diante da caminhada assumida e a ingratidão que caracteriza as relações humanas quase que me convenceram a deixar de sonhar. Mas, a graça de Deus me sustentou! Por isso, neguei-me a render ao ceticismo para com as pessoas, à vida sem utopias para com a história e aos planos sem fé para com a minha própria existência. Meu casamento com a Sonia e a chegada dos meus filhos - Luiza, Levi e Ligia - gradativamente, me ensinou que a vida não é uma corrida de 100 metros rasos como eu imaginava na adolescência. A vida é uma longa maratona que, às vezes, demanda até mesmo revezamento. Os sonhos não necessariamente se concretizam 15


REVISÃO DE VIDA

Ricardo Agreste

no espaço de uma geração. Eles são semeados com perseverança por uma, regados com lágrimas por outra, cultivados com esperança por outra, para então serem usufruídos na história por gerações futuras. Ao longo do tempo, envelheci. Não sou mais capaz de passar uma noite sem dormir, sem sentir-me cansado e com dor de cabeça no dia seguinte. Não consigo comer de tudo no jantar sem ter uma indisposição durante a noite. Não sou capaz de jogar futebol no sábado de manhã e voltar para o campo à tarde do mesmo dia. Não sou capaz de ouvir um discurso inflamado sem fazer ponderações. Não consigo abraçar desafios sem considerar, antes, alguns riscos existentes. Mas, o envelhecimento não foi capaz de me roubar uma coisa que me mantém vivo: a mania de sonhar. Há pessoas que olham para a vida como ela é e perguntam a si mesmas: ‘’Por que as coisas são como são?’’ Mas, acho que sempre pertenci a um outro grupo de pessoas que sonha com a vida como ela jamais foi e por isso, tendo diante de si a realidade, perguntam a si mesmas: ‘’Por que as coisas não podem ser o que ainda não são?’’ No entanto, admito que hoje é tempo de convergir. Como escreveu recentemente um amigo, descrevendo de forma maravilhosa o sentimento que toma conta de meu coração: Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, agora rói o caroço.1 1

Ricardo Gondim no artigo intitulado Tempo que Foge! 16


PREFÁCIO

Por isso, preciso escolher as batalhas que valem a pena serem travadas, aprender com a alegria daqueles que completam uma maratona sem necessariamente estarem no pódio, cuidar de meu próprio coração para não estar entre aqueles que, apesar de ganharem o mundo, acabaram por perder a própria alma. É tempo de reorganizar a vida em torno da vocação, para no final da mesma poder dizer, como o apóstolo Paulo escrevendo ao seu discípulo Timóteo: Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé. Ricardo Agreste da Silva Verão de 2008

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N

o filme Confissões de Schmidt, o ator Jack Nicholson interpreta o personagem chamado Warren Schmidt. O filme apresenta as crises de um homem com 66 anos de idade e 42 de casamento que, após uma bem-sucedida carreira como executivo de uma empresa de seguros, se aposenta. Na medida em que ele tenta encontrar seu espaço neste novo momento de vida, descobre que, na verdade, não tinha mais uma vida para ser vivida à parte de sua própria carreira profissional. Gradativamente, Warren descobre que, duas semanas após deixar seu cargo na empresa, seu substituto ia muito bem e sua ausência não era nem mesmo notada. Em sua relação conjugal, não existia mais qualquer sentimento significativo entre ele e sua esposa. Viviam como duas pessoas com caminhos bem distintos, morando debaixo do mesmo teto. Sua filha encontravase a centenas de quilômetros de distância, não apenas geograficamente, mas também afetivamente. 19


REVISÃO DE VIDA

Ricardo Agreste

O filme termina com o personagem segurando em suas mãos uma carta e um desenho enviados por uma criança africana, com quem ele regularmente contribuía financeiramente através de uma ONG. Olhando para o desenho e meditando nas palavras de agradecimento escritas por um responsável pela criança, com lágrimas nos olhos aquele homem demonstra concluir que aquela havia sido uma das poucas coisas realmente relevantes que havia feito ao longo de sua existência. Trágico! Como alguém já disse, a vida se constitui de, pelo menos, três fases: nascer, viver e morrer. O homem não se sente nascer; esquece de viver e por isso sofre para morrer. Esta talvez seja a grande constatação de Warren Schmidt. A conclusão de que a vida passou rapidamente e bem pouco do que foi conquistado ou construído transcenderá o tempo de sua própria existência gera dor e sofrimento. Este tipo de remorso torna-se visível na face daqueles que descobrem, no ocaso de suas vidas, que o melhor de sua energia, de sua criatividade, dos seus recursos e de seu tempo foram despendidos em batalhas erradas, em corridas equivocadas e o custo final disso tudo foi sua própria alma. Aí, assim como o autor do livro de Eclesiastes, são levados a concluir que: “Tudo na vida é vaidade! É como correr atrás do vento.” Por sinal, quando o assunto é revisão de vida não podemos deixar de fora este fantástico livro escrito há cerca de 3.000 anos. Bem possivelmente, o autor de Eclesiastes é alguém em plena crise da meia idade, olhando para o seu passado e avaliando o que fez do melhor de suas forças físicas, emocionais e intelectuais. Suas conclusões, para o leitor menos atento, são 20


INTRODUÇÃO

pessimistas e céticas. No entanto, uma análise mais profunda, nos revela uma grande sabedoria em suas palavras. Sendo assim, o livro de Eclesiastes torna-se uma excelente ferramenta de avaliação para aqueles que desejam parar e repensar suas vidas. O autor nos conduz através de interessantes reflexões sobre o tempo, o trabalho, o prazer, os bens, a fama, o poder e a espiritualidade. Seus pensamentos revelam-se um excelente manual para aqueles que não querem chegar ao ocaso de suas vidas com os mesmos sentimentos de Warren Schmidt. No entanto, se no livro de Eclesiastes encontramos uma agenda preventiva, nas palavras do apóstolo Paulo temos o resultado final de uma vida vivida com consciência e sabedoria. Por volta do ano 60 do Século 1, ao escrever sua segunda carta ao seu discípulo Timóteo, o apóstolo Paulo encontrava-se preso na cidade de Roma sob a guarda dos soldados imperiais de Nero. Devido à sua idade já avançada e às circunstâncias que o envolviam naquele momento, ele considera estar vivendo seus últimos dias. Isso o leva a escrever: Eu já estou sendo derramado como uma oferta de bebida. Está próximo o tempo de minha partida. 2 Timóteo 4.6

No entanto, ao contrário de Warren Schmidt, homem cheio de remorsos pelas opções feitas ao longo de sua história, ou mesmo do autor de Eclesiastes que conclui que depositou boa parte de sua vida nas apostas 21


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erradas, o balanço que o apóstolo Paulo faz de sua própria existência reflete um sentimento bem diferente. Ele escreve: Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé. 2 Timóteo 4.7

Isso me leva a considerar que todo aquele que deseja chegar à maturidade da vida e constatar que lutou as batalhas certas, completou a maratona proposta e guardou sua própria alma, precisa olhar para este verso como uma agenda, analisando sua vida e deixando-se transformar a partir das constatações. Observar mais profundamente o que Paulo tem a nos dizer sobre este assunto pode ser de grande benefício para aqueles que desejam viver sem se arrepender. Em sua afirmação, Paulo nos oferece três imagens básicas para entendermos a vida. A primeira delas é a de um soldado avaliando os combates estratégicos de uma guerra. A segunda é a de um atleta fazendo uma avaliação de seu desempenho numa maratona. A terceira e última é a de um fiel mordomo que, após uma vida de serviço prestado a uma casa, com orgulho entrega as chaves ao seu senhor para, então, desfrutar de sua aposentadoria. Como veremos, estas imagens não representam três opções de vida, mas sim três facetas de uma vida que vale a pena ser vivida. A reflexão sobre estas imagens nos oferecerá a oportunidade de contabilizarmos nosso passado, avaliarmos nosso presente e tomarmos as decisões necessárias em relação 22


INTRODUÇÃO

ao nosso futuro. Afinal, como disse a compositora e cantora Joan Baez: Não podemos escolher como vamos morrer, mas podemos decidir como vamos viver.

Boa leitura.

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CAPÍTULO 1

“Que grande inutilidade” diz o mestre. “Que grande inutilidade! Nada faz sentido!” Eclesiastes 1.2,3 “Tudo sem sentido! Sem sentido!” diz o mestre. “Nada faz sentido! Nada faz sentido!” Eclesiastes 12.8

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cordei na manhã do meu 40º aniversário sentindo uma profunda necessidade de reavaliação de minha vida e caminhada com Deus. Aquela era uma data bem propícia para um bom e profundo balanço. Por isso mesmo, após meu banho, passei pela cozinha, peguei minha caneca de café e procurei um espaço confortável e silencioso da casa. Sentei-me numa poltrona no canto da sala, abri minha Bíblia no livro de Eclesiastes e, naquela manhã, não me levantei mais daquele lugar enquanto não havia percorrido cada palavra, frase e pensamento daquele texto milenar. A cada trecho lido eu era levado a uma viagem ao meu passado e a uma profunda avaliação de meus planos futuros. 25


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Certa ocasião, um amigo havia me dito, muito mais em tom de brincadeira do que como informação acadêmica, que se considerarmos os livros bíblicos de Cantares, Eclesiastes e Provérbios como produto do mesmo escritor, teremos três textos representando muito bem momentos distintos da vida de um homem. O primeiro deles, Cantares, representa o momento das grandes paixões e amores. Bem possivelmente, ele se encontrava entre seus 20 e 40 anos. O segundo deles, Eclesiastes, representa o momento das grandes crises existenciais e das reavaliações que caracterizam o período entre os 40 e 60 anos. E finalmente, Provérbios, apresenta a preciosa sabedoria sintetizada entre os 60 e 80 anos por aqueles que, ao longo da vida, procuraram viver com sensibilidade. Por conter esta agenda tão propícia à reavaliação, Eclesiastes foi meu livro-texto naquela manhã. Apesar de seu tom aparentemente pessimista e cético, o livro me confrontou com algumas verdades muito profundas e consistentes sobre a vida, especialmente quando ela é erroneamente concebida como um simples período de tempo vivido entre o nosso nascimento e a nossa morte. Percebi que a maioria de nós consome este período de tempo sem qualquer consciência da existência de uma dimensão maior da vida, enquanto apenas uma minoria procura vivê-lo com sabedoria, encontrando um sentido que transcenda a própria história. Decidi, então, que gostaria de fazer parte deste segundo grupo. No entanto, a diferença entre estes dois grupos não é percebida com tanta facilidade quando olhamos para a rotina que os envolve no dia a dia. Conforme bem descreve o livro de Eclesiastes, todos estão envolvidos 26



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