A VERDADEIRA ESPIRITUALIDADE

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5ª Edição - Dezembro / 2017

ISBN: 978-85-8283-002-4

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T exto B ásico 1 João 1.1-2.6

1ª Lição ::

A Verdadeira Espiritualidade :: Objetivo :: Conhecer e viver a verdadeira espiritualidade

João testemunha e anuncia a vida eterna

:: Leitura Diária :: Segunda-Feira João 1.1-14 Terça-Feira Romanos 3.9-20 Quarta-Feira Isaías 53 Quinta-Feira Salmo 51 Sexta-Feira Salmo 32 Sábado João 15.1-7 Domingo Efésios 4.3-21

Iniciamos hoje o estudo da Primeira Carta de João. Não é possível datá-la com precisão, mas provavelmente foi escrita no final do primeiro século entre os anos 80 a 90 d.C, na cidade de Éfeso, pelo apóstolo João. Ele escreveu aos crentes da sua época, com o objetivo de motivá-los a enfrentar o falso ensino. Os falsos mestres questionavam a pessoa e a obra de Jesus bem como a segurança da salvação daqueles que criam no Filho de Deus. Por que estudarmos hoje a Primeira Carta de João? Vejo três motivos principais: • Ela nos ensina a melhorar a nossa comunhão íntima e pessoal com Deus e, consequentemente, aumentar o amor pelos nossos irmãos. • Ela nos instrui quanto a ter convicções doutrinárias sólidas a respeito da pessoa de Deus (Trindade), da identidade do cristão e da conduta que agrada a Deus. • Ela nos fornece critérios para podermos avaliar e rejeitar o falso ensino, bem como identificar aqueles que se dizem filhos de Deus, mas na realidade não são. Vários comentaristas bíblicos afirmam que João, para atingir o seu objetivo de denunciar os falsos mestres e os falsos cristãos, usou o método do teste ou das provas. Augustus Nicodemus Lopes fala de três testes: (1) o teste de uma vida santa – teste moral; (2) o teste do amor ao irmão (teste social); (3) o teste da verdade sobre a pessoa de Jesus – teste doutrinário. Warren W. Wiersbe fala de dois testes: (1) O teste da verdadeira comunhão: Deus é luz – cap. 1-2; (2) O teste da verdadeira filiação: Deus é amor – cap. 3-5. Vejamos o primeiro capítulo. 3


Verdadeira Espiritualidade

1. Introduzidos à Comunhão (1Jo 1.1-4) O apóstolo João inicia a carta de forma objetiva e direta. Ele dispensa apresentações e saudações. Há três pontos importantes que precisam ser destacados aqui: A autoridade do autor João era um dos doze apóstolos de Jesus, testemunha do ministério, da morte, da ressurreição e da ascensão de Cristo. Ele ouviu, viu e tocou a Jesus (Jo 20.20,25 e 27). Ele utiliza os verbos “testemunhamos” (marturomem) e “anunciamos” (apangellomen), palavras que implicam na autoridade de um apóstolo, que envolvia testemunho e proclamação. Ele escreve, portanto, sob autoridade de um apóstolo (At 1.21,22; 2Pe 1.16). Mas João vai além. Ele testemunha e proclama como alguém que teve uma experiência real com Jesus, uma pessoa “nascida de Deus” (1Jo 5.1). Ele teve um encontro pessoal com Jesus Cristo. Ele experimentou “o novo nascimento” (Jo 3.3,6,7). O anúncio do autor João anuncia o Evangelho que é “a palavra de Deus” (At 4.31), “a palavra do Senhor” (At 12.24), “a palavra do Evangelho” (At 15.7), “palavra de salvação” (At 13.26), “palavra de reconciliação” (2Co 5.19), “a palavra da cruz” (1 Co 1.18), “palavra da verdade” (2Co 6.7) e a “palavra da vida” (Fp 2.16). João testemunha e anuncia a vida eterna, a qual estava com o Pai e nos foi manifestada pelo Filho. O objetivo do autor Warren W. Wiersbe declara que João escreveu esta carta para compartilhar Cristo conosco visando cinco propósitos: (1) Para que tenhamos comunhão 1Jo 1.3. (2) Para que tenhamos alegria 1Jo 1.4. (3) Para que não pequemos – 1Jo 2.1. (4) Para que não sejamos enganados – 1Jo 2.26. (5) Para que saibamos que somos salvos – 1Jo 5.13. No prefácio, João proclama o Evangelho com dois propósitos: (1) Comunhão: que as pessoas tenham comunhão com Deus e umas com as outras. Comunhão vertical e horizontal. Comunhão significa “ter em comum”. Quando Cristo morreu por nós, criou-se a possibilidade de Deus nos perdoar e de nos receber em sua família. (2) Alegria: para que as pessoas possam experimentar a plenitude da alegria. Calvino diz: “A completa e perfeita felicidade que podemos obter do evangelho”. Esta alegria é resultado da 4


1ª Lição :: A Verdadeira Espiritualidade

comunhão com Deus, pois “Na tua presença há plenitude de alegria” (Sl 16.11). Veja: Jo 15.11e 16.22. Em síntese, a vida eterna foi revelada, pode ser experimentada e deve ser compartilhada.

2. Preservando a Comunhão (1Jo 1.5-10) João diz com todas as letras: Ora, a mensagem que, da parte dele, temos ouvido e vos anunciamos é esta: que Deus é luz, e não há nele treva nenhuma (1Jo 1.5). Três lições importantes: (1) A origem da mensagem: a mensagem que João anunciava não era dele, mas veio de Jesus – Jo 8.12; 9.5; 11.9,10. (2) O conteúdo da mensagem: Deus é luz, isto é, Deus é totalmente puro e cristalino (1Tm 6.16 e Tg 1.17). (3) A aplicação da mensagem: a pureza de Deus denuncia os nossos pecados, pois a luz e as trevas não podem coexistir. E não há nele treva nenhuma. Três mentiras relacionadas ao pecado: João combate três ensinos falsos difundidos pelos hereges gnósticos de sua época. Estas mesmas ideias ainda são ensinadas hoje e precisam ser combatidas. • Eu posso viver no pecado e ter comunhão com Deus Algumas pessoas acham que podem viver pecando sem que isto afete a sua comunhão com Deus. João responde: Se dissermos que mantemos comunhão com ele e andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade (1Jo 1.6). Deus é luz e não há possibilidade de comunhão da luz com as trevas (2Co 6.14). O pecado prejudica ou rompe a nossa comunhão com Deus (Is 59.1,2). Há muitos que se dizem cristãos ou evangélicos hoje e continuam na prática de vários pecados, achando que isto é normal e não prejudica o seu relacionamento com Deus. Grave engano, afirma João. • Eu não sou um pecador Os gnósticos ensinavam: não temos pecado ou não há pecado inerente à natureza humana. João responde: Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós (1Jo 1.8). Ele reafirma o ensino bíblico de que o homem é pecador por natureza (Sl 51.5; Rm 3.9-18). É do coração do homem

• Aprendemos que para não sermos enganados espiritualmente, precisamos discernir entre o certo e o errado, usando critérios bíblicos. • Aprendemos que Jesus Cristo é a revelação pessoal de Deus e por isso Ele recebe o nome de Verbo da vida. • Aprendemos que por intermédio de Jesus temos plena comunhão e alegria espiritual.

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Verdadeira Espiritualidade

• Cada cristão deve ser honesto consigo mesmo, com os outros e com Deus. • Todo ensino que nega a realidade do pecado humano é falso e mentiroso. • O coração humano mente sobre a sua comunhão, a sua natureza e os seus atos pecaminosos.

• Aprendemos que podemos esconder ou confessar e vencer o pecado. • Confessar o pecado é dizer sobre ele a mesma coisa que Deus diria sobre tal transgressão. • O verdadeiro cristão é aquele que luta para não pecar.

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que procedem todos os pecados e todas as maldades (Mc 7.21-23). Ninguém se engane acerca do poder do pecado (Jr 17.9). • Eu não tenho cometido pecados A terceira e mais grave heresia dos gnósticos era negar que pecamos na prática. João responde: Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós (1Jo 1.10). Dizer que não pecamos é uma grave mentira, é chamar Deus de mentiroso e demonstrar que não conhecemos a Palavra de Deus (Sl 14.3 e Is 53.6).

Três atitudes para com o pecado: João ensina que devemos ter três atitudes contra o pecado: • Andar na luz – 1Jo 1.7 Quando fomos salvos, Deus nos tirou das trevas e nos trouxe para a sua luz (1Pe 2.9). Somos filhos da luz (1Ts 5.5) e devemos andar na luz (Ef 5.8-14). Andar na luz é andar em sinceridade e verdade, não escondendo nada de Deus. • Confessar os pecados cometidos – 1Jo 1.9 A atitude correta do cristão com o pecado é o seu reconhecimento, confissão e abandono. Quem tenta esconder os seus pecados não terá sucesso na vida espiritual, mas Deus perdoará aquele que confessar e abandonar os seus pecados (Pv 28.13). • Não pecar – 1Jo 2.1 João explica que o crente deve lutar para não pecar, mas infelizmente ele cairá em pecado. Contudo, se um crente comete um pecado continua sendo filho de Deus. Quando peca, o crente prejudica a sua comunhão com Deus, mas não perde a sua condição de filho de Deus.




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