PARAZÃOHEBDO 3016

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PARAZÃOHEBDO ANO 4 - NÚMERO TRÊS / 03 DE MARÇO DE 2016 / BELÉM - PARÁ

FUTEBOL, HUMOR, ARTE E POLÍTICA

Bora pro rexpa Booooo000ra !!

Nesta edição: Paulo Emman Walter Pinto Ítalo Gadelha João Bento Brahim Darwich

Elihu Duayer e as Olimpíadas

Harold Brand Ondovato João Pedro Maués Marcos Moraes Ricard Duran A.L.Paixão Márcio Couto

A arte de Volney Nazareno

Anna Maria Linhares

Futebol e machismo


Parazãohebdo

emman

BRAHIM DARWICH

PARAZÃOHEBDO Dono da bola Paulo Emman Dona do campo Lu Hollanda Dono do apito Walter Pinto Dono do placar Harold Brand Dono das bandeirinhas Junior Lopes Dono da maca Paulo Mashiro Dono das camisas Ricardo Lima Gandulas especiais Luiz Pê/ Sodré/ Ítalo Gadelha/ Volney Nazareno/ Elihu Duayer/ Fernando Vasqs Ondovato A.L.Paixão Timaço Goleiro: Regina Coeli Lateral direito: Elias Pinto Ala esquerdo: Brahim Darwich Zagueiro central: João Bento 1º Volante: Tomaz Brandão 2º Volante: Alvaro Andrade Meia direita: Pedro Maués Meia esquerda: Versales (SP) Direita: Regina Damasceno Ponta esquerda: Anna Maria Linhares Centroavante: Márcio Couto Administração e internet Alícia e Ana Paulainha Leva e traz: Pablo Galvão Administração Trav. nove de janeiro,2383 Bloco B 1001- S. Brás CEP. -66060-585 Fones: (91) 3199.0472 99223.6464 Redação e contatos: pauloemman@yahoo.com.br hollandaluciane@yahoo.com.br


Metendo a fulhanca

Walter Pinto


Elihu duayer

elihu duayer

Ă?talo gadelha



anna maria linhares

Futebol e machismo Há tempos que converso com amigas que gostam de futebol e, algumas, feministas ou não, se incomodam com a forma que são tratadas por muitos homens quando o assunto é exatamente esse. Geralmente quando se discute futebol, seja na mesa de bar, em casa ou seja lá qual for o ambiente, por mais que a mulher tenha entendimento do assunto, por vezes, sua fala é reprimida. Quando ela “prova” (porque para alguns machos é preciso provar que nós sabemos falar de assunto que eles consideram meramente masculinos) que sabe de futebol, que entende o que vem a ser “Copa Verde”, “Amistoso”, “Copa do Brasil” etc, tem homem que nem acredita. Se ela sabe então quando rola um impedimento... “só pode ser sapatão”. Gostaria de deixar bem claro, como torcedora do maior do Norte, o Paysandu Sport Club, que para entender de futebol bastam três coisas: calculadora, gostar do esporte e saber das posições do jogadores. Para os machistas de plantão serei didática: a calculadora (para mim que não sou muito fã dos números, mas tem amiga minha que faz cálculo de cabeça) serve para fazer a contagem dos pontos, das somatórias, para saber quem vai jogar com quem nas próximas rodadas, o lance de quem vai “encarar” quem de acordo com os gols

e coisa e tal, quem vai subir, quem vai descer! Para melhor visualizar os cálculos, você pode produzir tabelas dos jogos (tem uma dose imensa de ironia no uso da calculadora); o gostar é meramente gostar de futebol, até porque ninguém é obrigada ou obrigado a gostar de futebol. Se você aí, homem com H maiúsculo, foi obrigado a “gostar” de futebol pelo seu pai, se liberta gato, e vai assistir o vôlei que você tanto gosta, a natação ou até a ginástica rítmica. Você não deixará de ser o homem que você é se gostar de patinação no gelo, pois tudo isso é construção cultural. Você pode gostar da cor rosa também. “Ser um ‘homem feminino’ não fere o seu lado masculino, se Deus é menina e menino sou masculino e feminino”. Deixa de pavulagem e vai ser feliz.

Para finalizar minha explicação didática feminista amazônica, devemos saber o que cada jogador faz em campo. Seja o goleiro, os laterais, atacante, zagueiro central, volante (dizem que é o coração do time) etc, é bom você entender as posições de cada qual e as regras, para não pagar o mico de ver uma bola entrar no gol, dá-lhe aquele grito de emoção e não ter acontecido de fato e de direito o tal gol. Aliás, existem bandeirinhas mulheres, poucas, mas existem. Infelizmente muitas bandeirinhas tornam-se modelos ou vão posar nua, porque como os machos não estão acostumados a ver mulheres no que se

convencionou chamar de “espaço masculino”, eles precisam fazer propostas para as moças “objetificarem” seus corpos. Como está tudo tão arraigado, as mulheres vão ganhar um trocado apresentando sua belezura. Daí eles acham que são donos desses corpos etc. Mas isso é assunto para outro momento. Fácil entender de futebol né? Isso é uma explicação para os machos, porque dei uma bisbilhotada em sites e vi que tem muito homem que procura aprender futebol na internet mas não tem coragem de dizer para os amigos. Estamos de olho! Mano, só te digo uma coisa: mulher entende é muito de futebol (quando gostam) e se tu achas que entender de futebol é tão difícil assim, quero ver tu pegares funções atribuídas às mulheres desde o princípio da humanidade e dar conta como, passar o dia inteiro trabalhando, chegar em casa à noite e ainda ter que arrumar os filhos, dar de mamar, fazer tua comida, lavar tuas cuecas e deixar o que tem de ser feito para o dia seguinte pronto e cheiroso, o que se convencionou chamar de “jornada dupla”. Esconjuro. Cruzes! Reveja seus conceitos. Não dói nadinha.

Anna Linhares, feminista, professora e torcedora do Papão, porra!


ondovato

Rivalidade, miojo e papel-alumínio Estou em São Paulo há uma “Ananda”, minha filha, 24 anos, aproximadamente. Para mim, é uma medida de tempo, o tempo que me distancia de Belém. Uma história claramente dividida, em praticamente todos os aspectos da vida, inclusive no futebol. Bicolor convicto, seguindo, atualmente, uma já centenária tradição familiar, via-me numa terra estranha, com três gigantes dos gramados. Cheguei já simpatizante do São Paulo, mas, quando criança, vibrara muito com Sócrates, e torcera feliz pelo título corintiano de 77, depois de 23 anos de jejum. O verde do Palmeiras em nenhum momento chamou minha atenção. O acaso colocou-me no Pacaembu, em um jogo do Timão. Fiquei no meio da fiel torcida paulista; eu, um fiel torcedor paraense. Podia dar liga. Mas, o comportamento dos corintianos em relação às corintianas me fez escolher o Morumbi para substituir a Curuzu como palco. Hoje, só há um jogo no mundo em que torço contra meu segundo filho, Kauan: Paysandu X São Paulo. Como todos aqueles que nutrem um certo encantamento pelo futebol, jamais deixei o Paysandu, o time do coração. Naquela época, a internet não existia, celulares eram ficção científica e conseguir uma camisa oficial era tarefa para programa de auditório da tarde de domingo, um saco, para ser educado. Era impossível. Mas, uma amada amiga,

ouvindo meu relato, resolveu preparar uma agradável surpresa. Em uma pequena loja de materiais esportivos da Rua Augusta, depois de uma persuasiva conversa com o gerente, conseguiu encomendar uma legítima camisa do Paysandu. Recebi-a, orgulhosamente, em meu aniversário. Desde então, renovo meu guarda-roupa quando vou a Belém. Nos últimos vinte anos, venho, de vez em quando, ostentando o manto celestial azul e branco. E isso gerou algumas situações bem peculiares. O caso que vou contar agora, aconteceu uns oito anos atrás, em um hipermercado. Como um ser notívago, prefiro fazer as compras no sossego da madrugada. Mas, ainda era cedo, não dera uma hora. Havia um certo movimento. Venho empurrando meu carrinho pelo corredor dos caixas, procurando o setor de macarrão e extrato de tomate. Era sábado, e eu estava com minha última versão da camisa bicolor, de um azul luminoso e um branco infinito. Caminho

calmamente, sem pressa, esperando os caixas esvaziarem mais um pouco. Quando encontro meu almoço de domingo, aponto o carrinho no corredor, e travo, paraliso. Até aquele momento, jamais encontrara em terras paulistas aquele espécime. Já havia cruzado com alguns iguais a mim, agora, pela primeira vez, eu via – e não existia dúvida – um arquirrival. Dava para perceber que não era alguém com a camisa de um time exótico. Aquele azul desbotado, cor de seda de maçã, era inconfundível. Era um legítimo remista. Ele estava agachado, remexendo os pacotes de macarrão instantâneo. Eu, à espreita, no início do corredor. Menos de dez metros nos separavam. O instinto fez com que virasse o rosto em minha direção. A incerteza não durou um segundo. Ele ergueuse. Se estivéssemos no International Geographic, o encontro seria descrito como o de dois ferozes inimigos em disputa por território. Não mudei meu

trajeto, deixei as prateleiras para ele e segui pelo meio do corredor. Ele tinha uma cesta na mão esquerda. Parecia que seu alimento básico era tudo que ficasse pronto em três minutos, ou menos. Ele veio caminhando, acuado por centenas de pacotes de macarrão. Minha postura relaxada, agora era altiva. Ele era mais baixo. Durante aqueles poucos segundos, sustentamos o olhar. A hostilidade era palpável. Não havia a menor possibilidade de um alegre encontro entre conterrâneos. Ele tinha na mão direita um miojo sabor galinha caipira. Interpretei aquilo como uma atitude belicosa e, sem afastar os olhos, peguei entre minhas compras um rolo de papelalumínio.

À medida que nos aproximávamos, o clima ficava mais tenso, as respirações alteradas, o lado animal quase totalmente aflorado. Se estivéssemos no setor de esportes, teríamos partido para o drible. Agora, estávamos a vinte centímetros,passávamos um pelo outro. Viramos e nos medimos dos pés à cabeça,semparar.Alguns metrosadiante,umpouco antes de sumir de minha vista,eleguardouopacote de miojo, e eu joguei o papel-alumínio sobre o arroz. A adrenalina saía pelos poros, a pressão, com certeza, nas alturas. Por pura sorte, na saída do corredor havia uma geladeira.Pegueiumalata de Bohemia, e quando abri-a,liberandoogás,juro queouviosfogosdeumRE X PA no Mangueirão.


joão Pedro maués

“Aí, já é demais pra mim...” “JP sempre me considerei boa amante, boa amiga, boa companheira e , quiçá, boa esposa.Econômica, dedicada, só faço as coisas que ele aprova. Ele não gosta de carne de porco, lá em casa não entra carne de porco.Ele não gosta de telejornal, eu não vejo telejornal. Ele não gosta que eu use vermelho, eu não uso vermelho. Ele não gosta que eu use saia muito curta, eu não uso saia curta.Ele não gosta que eu beba, eu não bebo. Com exceção de ver filmes,

só faço o que ele gosta.E agora descubro uma carta de amor que ele fez pruma piriguete...Não

dá.Assim não dá...”Calma amiga.Relação a dois pode ter percalços.Acho que não existe um cônjuge

que nunca tenha sentido atração por outrem. Por saturação, ciúme, cansaço ou por enfaro, como diz o Rubem Fonseca .”Mas com carta de amor JP?? Ele dizia pensar nela noite, dia e nos intervalos.Que via o rosto dela na cara da Ginger dançando com o Fred. Que a via na lua, no espelho, no sol, na árvore. Dizia que os sons que ouvia eram dela. Que ela era Mozart, Beethoven... Até os sons das buzinas e sirenes lembravam dela...aí é demais pra mim...”Concordei e desliguei.

Ricard duran

Carta de um catalão-paraense-bicolor Hans Gamper foi o fundador do Futbol Clube Barcelona, a equipe do meu coração ( o Paysandu seria como minha amante periguette). Era suíço,chegou na Catalunha, e fundou o clube. Se chamava Hans Gamper e posteriormente Joan Gamper ( tradução ao catalão do seu nome). E salvando as distâncias temos vidas paralelas. Eu me chamo Ricard e aqui pronunciam Ricarde. Ele foi para Catalunha e eu vim para o Pará, apesar de que não fundei nada, ainda. Gostaria que os gringos

(como vocês chamam os estrangeiros) fossem como Gamper. Que lá chegou, se integrou ao país, aprendeu o catalão e fez que ela se tornasse a língua oficial

do clube. Que vocês entendam o Papa-xibé e que sejam torcedores do Paysandu em Belém, assim como na Catalunha, em que um catalão sabe que o correto é ser torcedor do Barça. Porque será a grande demonstração de afeto ao sentirem a autêntica vida no Norte. De que são torcedores do Papão da Curuzu, de que estão em Belém, vivendo no Grão Pará e compartilhando os valores que todos nós paraenses queremos ter. Que é viver juntos curtindo um açaí, um carimbó como todas as pessoas que vem de fora ao nosso maravilhoso Estado. Por isso, venham de

onde vier, nos integremos todos e façamos uma grande família, a família bicolor. Quero reiterar que não existe melhor equipe no Norte que o Paysandu Sport Clube. Que ir ao Manguerão e ver uma partida da Série B é indescritível, pura emoção o tempo todo. Animando, cantando e xingando sem parar. Essa é uma paixão diferente do teatro burguês do Camp Nou do Barcelona. Sem dúvida o melhor futebol da atualidade, mas falta essa faísca da alegria paraense. A parte, existe a póspartida com churrasquinho de gato e o tecnobrega! Que mais posso pedir? Se aqui sou muito feliz.


A.L.Paixão

Kafka como inspiração Alexandre Lima é desenhista e cartunista natural de Campinas e atualmente morando lá. Depois de tentar Arquitetura e Urbanismo da UNICAMP, acabou optando por Filosofia curso pelo qual se apaixonou. Seu escritor favorito é Franz Kafka, às vezes o livro dele “A Metamorfose” surge como tema na arte que faz. Começou a desenhar quadrinhos em 2011, mas sem intenção de publicar, apenas como um hobby. Depois criou a página

no facebook “Delírios do Subsolo”, o blog (Blogger) e o Flickr todos de mesmo nome em que publica suas artes até hoje. É um apaixonado por arte e tudo o que é está muito presente no seu trabalho, argumenta. “Quando precisa de inspiração gosto de ler quadrinhos do Snoopy e Will Eisner.” – Diz. Agradece pela oportunidade de publicar no PH e está sempre aberto a críticas. Espera que gostem do seu trabalho.


Marcos Moraes

Primeira regata desfigurada Neste Domingo, 6 de março, acontecerá a primeira regata do ano pelo Campeonato Paraense de Regatas, promovido pela FEPAR. O evento será realizado nas águas da Baia do Guajará e a chegada dos barcos será na Estação das Docas. Até o momento, não vi o programa, mas pelo que soube através de amigos remadores, a Tuna está inscrita em apenas um páreo dos 10 que serão disputados, um Double pela categoria de Master, que a Águia não tem tradição de disputar. A Guajará, recém inscrita na FEPAR, será a novidade deste ano. Pelo que conversei com o diretor náutico, Fernando Amadeu, um dos entusiastas do esporte náutico em nossa terra, além de também ser árbitro de nível internacional, a Tuna participará para não ficar

de fora e com isso talvez ser prejudicada. Na minha visão e opinião como torcedor da Tuna, não acho uma boa a Tuna participar de apenas um páreo, ainda por cima ser Master e sendo o próprio diretor náutico o remador. É desgastante para um clube com 113 anos e com uma história na Náutica de pelo menos 107 anos. É possível que alguns adversários possam provocar torcedores cruzmaltinos tirando graça com a situação, embora outros, os verdadeiros amantes do belo esporte náutico, poderão lamentar a situação. Mas o certo é que os torcedores, estes sim, vão sofrer e alguns, como este escriba, com certeza não irão para a Regata temendo um sofrimento maior. Só digo que uma regata sem a Tuna é triste. Com certeza desfigurada.

É importante que a diretoria da Tuna saiba -a meu ver, o Fernando Amadeu tem conhecimento disso!- que Tuna, Remo e Paysandu, como fundadores da Federação Paraense de Remo- FEPARnão podem ser punidos por não participarem de uma regata. Os três têm uma história nesse esporte e por isso têm prioridade estatutária que lhes permite só remarem se estiverem em condições técnicas e financeiras. A Tuna, por sua vez, é sempre bom lembrar, o único clube dos três que nunca fechou sua Garagem Náutica e se hoje está passando por um problema de falta de atletas por vários motivos (sendo o principal o assédio financeiro que Paysandu e Remo fazem com os jovens atletas cruzmaltinos), tranquilamente pode voltar

na segunda ou terceira regata pra realmente competir. Tive uma rápida conversa com o diretor náutico Fernando Amadeu e falei para ele o que penso, como também para outro dirigente do Clube. Costumo dizer -e não é da boca pra fora!- que a Tuna é maior do que qualquer vaidade. Seja no Esporte Náutico, no Vôlei, no Basquete, na Natação, no Futebol Feminino e no Futebol Profissional, os verdadeiros tunantes estão -e estarão!- sempre prontos para ajudar. Mas a maneira tem que ser discutida, valorizada, porque torcedor que participa, que está presente na vida do clube, respeita a instituição, mas também tem que ser respeitado. Saudações Cruzmaltinas a todos!


Márcio Couto henrique

Somos colonizados? Desde pequeno somos educados para torcer por “clubes nacionais” de futebol. Tendo visto Zico, Adílio e Adão jogar, não podia deixar de ser Flamengo no Rio de Janeiro. Depois me apaixonei pelo futebol de Cerezo, Cafu, Raí, Palinha e Muller, eis um torcedor do São Paulo no Estado homônimo! Pronto! Já tinha meus “times nacionais”, meus “times no Brasil”. Intrigante isso: morando no Pará, Norte do Brasil, me sentia pressionado a torcer por “times do Brasil”. Conclusão óbvia: em alguns lugares, o Brasil é mais Brasil do que em outros. No meu Estado, futebol é coisa séria, coisa grande, estádio lotado, de times que, muito embora já tenham ganhado títulos nacionais, são vistos como “clubes locais”. Mas, parece que ,futebol mesmo, de verdade, é o que se faz no Brasil, leia-se: Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul. É muito parecido com o que aprendemos na escola: o que acontece nesses Estados é ensinado como “História do Brasil”. O que sobra é “história regional”, é “estudos amazônicos”, é “história do Pará”. Precisamos estudar essas disciplinas aqui porque não nos reconhecemos na “História do Brasil”! Quando a gente tenta mudar isso, o Ruy Castro choraminga na Folha de São Paulo! Ainda tem a música: a que é feita lá é “Música Popular Brasileira”. Fora

de lá, é “música regional”, “música popular paraense”. Huum, tá, cheiroso!! Égua, não, para! Quando me dei conta disso, dei meu próprio Grito do Ipiranga: meu clube nacional, o único time para o qual eu torço, se chama Paysandu Sport Clube! O Glorioso Papão da Curuzu, o maior da Amazônia, um dos poucos que venceu o Boca Juniors dentro de La Bomboñera! O que tem 45 títulos estaduais, dois títulos nacionais da Série B, um título da Copa Norte e um título da Copa dos Campeões. Meu clube nacional é o maior detentor de títulos do Norte do Brasil. Égua, tu és doido?! Papão, porraaa!! Égua, se jogar Seleção Brasileira e Paysandu, é Papão, porraaaa! Morei seis meses em Barcelona e ensinei duas palavras de português para o garçom que me atendia

todos os dias, Benjamin Gandara Subirats: Égua e Paysandu!! Quando chegava brasileiro lá, ele perguntava: “Donde és? Rio, São Paulo... Flamengo no, Corinthians no. Mira, lo mejor és Paysanduuu”. Era lindo! Eu fico espiando meus amigos remistas que continuam colonizados por cartolas e mídia esportiva do Sul: comemoram o título do Palmeiras, sofrem com a derrota do Vasco, choram com o título do Galo e tem aqueles corinthianizados que, mesmo morando em Belém, são corinthianos daquele jeito peculiar dos Manos de Sampa... Ver um torcedor do Remo se orgulhar dizendo que é um “torcedor misto” é bonito. Mas, é feio! Meu, pergunta para um corintiano, em São Paulo, para qual clube ele torce no Norte. Uai! Pergunta para um mineiro, em Minas, se ele é Remo

ou Paysandu. Bah! Pergunta para um gaúcho, em POA, quem foi o último campeão do campeonato paraense. Demorou! Os cariocas torcedores do Fluminense, quando o time vem jogar aqui, dizem que vai ser fácil vencer o “time dos índios”. A gente passa o ano todo escondendo que é índio, mas nessa hora se encaralha e enche o Mangueirão! Experimenta, então, perguntar para um torcedor de time paulista para qual clube ele torce no Rio de Janeiro, e vice-versa! Pergunta e corre, porque se não, o pau te acha! O quê? “Uma vez Flamengo sempre Flamengo”? Maninho, isso é teleguiação midiática! Não, não estou dizendo que eles estão errados! Estou dizendo que nós é que somos lesos, colonizados que aceitam esse lugar à margem, seja na História, na música ou no futebol! Ah! Então, não posso torcer por times de fora de meu Estado? Pode sim! Quem gosta de futebol, torce pelo bom futebol! Mas, mano, valoriza teu time! Eras de ti, maninho! Isso aqui tudo, depois de roubado dos índios, virou Brasil! É tudo Brasil! Deixa de ser leso para o que vem de fora! É tudo dentro! Depois tu ficas aí de mi mi mi cantando que “vão destruir o Ver-o-Peso pra construir um shopping center...” PS: generalizações propositais. Texto provocativo para reflexão. Alea jacta est.


Walter Pinto

volney nazareno

A arte de Volney. Uma ex A ideia desta página é começar a receber relatos de artista profissionais de várias áreas para dar um depoimento sobre seu processo criativo ou sua vida profissional. Começo com o desenhista, quadrinista e roteirista Volney Nazareno. Algumas pessoas tendem a criar ideias sobre a maneira como eu desenho. Como achar que eu desenho simplesmente baseado em beleza. Costumo dizer que tenho um gatilho emocional dentro de mim, algo que me desperta a vontade de criar, e penso: não teria sido assim com vários artistas na historia da arte? Mas o que seria esse gatilho? O que me faz escolher entre essa ou aquela pessoa pra desenhar? Não sei se chega a ser uma resposta, mas a maioria dos que eu desenho (homem ou mulher) faço pra satisfazer algo, uma vontade, uma energia, sexo, amor, amizade, uma

gentileza, um sentimento de gratidão, não existe uma resposta apropriada, tenho varias fotos arquivadas aqui de pessoas amigas que penso não se ofendem se eu fizer isso. Às vezes, encontro

fotos postadas pela rede social, então aí começa este processo de criação com os indivíduos que fazem parte deste meu circulo virtual de amizades, alguns muito próximos de mim na vida real, e outros com quem apenas mantenho contato virtual. Inicialmente, achava um porre que as pessoas viessem me pedir pra desenhá-las. Me sentia oprimido. Você se sentir oprimido a fazer algo não é prazeroso,

por que isso interfere na qualidade do que se faz. Por prazer é bem diferente. Sem comparação. Certo dia, comecei a pegar fotos de pessoas queridas, que declararam abertamente

este sentimento de amizade a mim, e a vontade de retribuir de volta vinha na forma de um desenho, entendam que nunca me considerei um bom desenhista perto de vários outros amigos de profissão, por isso fui procurar por formas alternativas aplicando conhecimento adquirido com a prática e o estudo, me voltei assim ao desenho digital. Ainda pinto com

aquarela, desenho com caneta, escrevo roteiros de quadrinhos, estudo e leio sobre estas coisas porque quero simplesmente ser bom e ter o respeito de colegas da mesma profissão. Com uma mesa


volney nazareno

xperiência, um exercício digitalizadora (esse não e o nome correto), ou tablete não demorei a me acostumar com a nova ferramenta, e ao contrario do que muitos colegas pensam a respeito o computador não faz o serviço por você, e tão pouco se deve tirar o mérito de quem trabalhar com isto, e simplesmente tecnologia a seu serviço, mas que ainda assim necessita de estudo é pratica tendo o desenho e o conhecimento de varias outras coisas como base, construído com o conhecimento de uma vida. Tenho um grande amor por vários tipos de arte que vão de historias em quadrinho, animação, cinema etc. Entre estas a Arte Pop era algo que me fascinava na adolescência, e por falar nisso, este e o motivo de aplicar reticulas (pontos Ben-Day ) aos meus desenhos, processo também utilizado nas historias em quadrinhos em meados dos anos 50 e pelos artistas da próprio movimento de Arte Pop como Andy Warhol, ou Lichtenstein que se apropriavam delas em suas obras. Bah! Em alguns textos que li se dizia que a fotografia havia chegado para libertar a pintura, não é engraçado que a mesma estaria nos auxiliando a criar de diferentes formas nos dias de hoje? Obras consideradas como Arte. A fotografia estaria ali para dá oportunidade a

pra nós desenhistas ver as mais diversas reações das pessoas a serem confrontadas com o modo como a vermos através dos traços.. No final o que eu queria era apenas transformar aquilo que me despertou a vontade, em outra coisa, não é uma fotografia, não é um desenho. Às vezes paro e fico vendo aquilo que fiz como algo sem sentido, não me vejo como um artista plástico, no entanto existem diversas pessoas que simpatizam com as coisas que desenho e posto na minha sala de exposição, as redes sociais. pintura de se descobrir, e de certa forma e o que faço com os meus desenhos, sim, me aproprio de fotos e as transformo em outra coisa, são representações virtuais de alguém real, e na forma de pixels, o menor ponto que vem dá forma uma imagem digital, se tornam a base de um

desenho meu feito com algum software. “Isto não é um cachimbo”, não é que René Magritte estava certo? Eu poderia até vender as imagens que produzo, mas isso ia me causar problemas com estes que foram a base dos desenhos, se bem que não fiz os desenho para estas pessoas, mas sim como um exercício criativo, ou para satisfazer este desejo, mas confesso que as vezes e curioso

Volney Nazareno, Paraense, desenhista e quadrinista formado em Estudos Artísticos pela Universidade de Coimbra, aluno do curso de Artes Visuais da UFPA, é membro do Estúdio Casa Velha. Autor e produtor de dois Graphic Novels: “Belém imaginaria” (IAP-2004) e “Encantarias - A Lenda da Noite” (Banco da Amazônia-2006), convidado em 2012 a participar do 3º álbum (MSP - 50 Novos Artistas) em homenagem aos 50 anos do empresário e quadrinista Mauricio de Souza, nas horas vagas e um cavaleiro da noite em Gotham City.


harold Brand

E começa a corrida eleitoral Desde que Pelé nos anos 70 disse que “brasileiro não sabe votar”, a frase ganhou novos sentidos à direita e à esquerda, conforme as conveniências, a frase é do período da abertura democrática lenta e gradual promovida pelo Governo Geisel , então temos o espetáculo das eleições a partir de 1982 com as eleições para Governadores, no Rio foi eleito Brizolla e no Pará, Jáder Barbalho. Optamos por um tipo de democracia em que pululam partidos inúteis, legendas de ocasião, lei/ justiça eleitoral que tenta se aperfeiçoar mas nada que tenha detido a voracidade do poder econômico influenciando todo o circo eleitoral e seus resultados. O ápice é a situação em que nos encontramos: proliferam partidos nanicos de ocasião, fisiologismo e a ascensão decisiva dos novos magos que são os marketeiros, aliás não precisam de eleição para mostrar trabalho. A atual gestão municipal em Belém nos dá a sensação de sermos ou burros ou não termos sensibilidade para perceber o quanto a prefeitura “trabalha”: as imagens não mentem, BRT futurista, unidades de saúde equipadas com médicos suficientes, guarda municipal garantindo a integridade do patrimônio público,

(taí a sede da FUNBEL como exemplo), o trânsito plenamente controlado pela SEMOB, trabalhadores e trabalhadoras tendo como deixar o filho na creche, canais desobstruídos, etc. Convenhamos: é quase uma Copenhagen. O que qualquer José ou Maria percebem é que além das fantasias marketeiras nas diversas mídias, a elite também está dividida em seu jogo de interesses representadas por Maioranas e Barbalhos que se digladiam em seus jornais respectivos, onde o que menos interessa é o fato de fato, mas sim factóides.Um crédito para o Diário que é mais crítico por não estar no momento aliado nem ao poder estadual e muito menos ao

municipal, fazendo portanto o papel de “crítico”. Em um trabalho de fôlego ao qual tivemos acesso, a FUNPAPA concluiu e apresentou no dia 08/01/2016 o Diagnóstico Sócio Territorial de Belém, trabalho que durou um ano e meio e se revela uma fotografia a qual todos os candidatos a Prefeito deveriam dar uma “olhada”. A metodologia incluiu consulta às lideranças comunitárias e resultou em um panorama sócio econômico de Belém onde Guamá, Terra Firme e Jurunas alternam liderança em índices negativos de violência doméstica, urbana, aglomerados sub-humanos, ausência de cobertura em diversas políticas

públicas, levando Belém a ocupar a 12ª posição em homicídios e a 5ª posição em homicídios contra as mulheres, em termos de Brasil. Na última segunda feira dia 29 de fevereiro Edmilson Rodrigues saiu na frente lançando sua candidatura. Com todas as críticas, entre 1997 e 2004 havia um projeto para a cidade das mangueiras quando ele foi Prefeito. Se constitui em novidade qualquer um que se candidate e não enfrente processos por corrupção, má gestão etc. Por outro lado a população será bombardeada para que um super-herói ou um Pinóquio assuma ou dê continuidade a cadeira do Antônio Lemos. É ver pra crer, o tempo dirá!


João Bento O cartunista paraense João Bento é um profissional atuando no mercado paraense há mais de 30 anos. Ilustrador, caricaturista e muralista realiza cursos e oficinas no

Espaço João Bento de Artes

Conheça e peça seu orçamento, “in box” no facebook ,ou wattsap pelo número

(091) 98056.1047 (TIM)



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