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Agosto 2014 | Ano 03 Edição 04 | SÍMIOS REVISTA ONLINE E GRATUITA | PRODUÇÃO INDEPENDENTE | FAÇA VOCÊ MESMO

REVISTA DE ARTE E CULTURA | BRASIL

Entre com os dentes nesta edição. Tem macacos para todos os lados! Acompanhe a evolução de nossa espécie com a Zativa ou então, se preferir, retorne às origens...


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Arte - Priscila Gurski

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Capa do Albúm - Velvet Underground and Nico de Andy Warhol 4 ZATIVA | SÍMIOS 2014


MACACOS ME MORDAM

Olá Símios, Humanos e Aliens! Estamos abrindo mais uma edição da Revista Zativa. Nesta edição exploramos tudo sobre os Símios, bananas (qual macaco não gosta de uma banana?) e evolução. Esperamos atingir vocês de alguma forma com nossas matérias, seja pela origem ou pela evolução de nossa

espécie. Vamos tribalizar ainda mais a Zativa e tentar evoluir um pouco. Só temos a agradecer a todos vocês. Portanto, descasce sua banana, no bom sentido, e explore esta edição da Zativa. Você já faz parte desta tribo. Família Zativa

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MACAQUICES 08.

CAPA Arte de Erick Alves e sua ilustração dos três macacos

40. TIRAS Twentybucks, trazendo mais tiras cheias de humor e crítica para esta edição

10. ENTREVISTA A Zativa falou com Anderson Lima, um dos macacos velhos do Underground

42.

14.

FESTA O Professor Daniel Pala conta um pouco sobre Woodstock

48. COMIDA A Chef Carolina Tikerpe fala sobre a importância da Banana

18.

BEBIDA Degustamos a cerveja Flying Monkeys

20.

FILME Planeta dos Macacos, o sucesso da macacada no cinema

24.

ARTE Arte de Henrique Ferreira e Mariana Martinez

32.

VIAGEM Um passeio pelo Museum of Natural History – Viena

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ROCK N CARDS Mais cartas do jogo de cartas desenvolvido pela Zativa

50.

ARTIGO Trecho do livro de Saides Lamarca sobre o estilo de Kung Fu Macaco Chinês

52.

REPORTAGEM Matéria sobre a ONG “Continue Macaco”

54. MÚSICA Separamos duas bandas antigas do cenário Underground de São Paulo 56.

POESIA Filipe Lazarini escreveu uma poesia especial para a Zativa


EQUIPE ZATIVA Coordenação, Diagramação e Projeto Gráfico Fábio Bertho Júnior Colaboradores Carolina Tikerpe; Daniel Abramvezt; Daniel Pala Abeche; Filipe Lazarini; Guilherme Padredi; Henrique Ferreira da Costa; Márcio Moreira de Andrade; Mariana Martinez Nietto; Priscila Gursky; Miguel Mod; Saides Lamarca; Victor Toush. Revisão Tatiane Mota. Ilustradores Erick Alves; Henrique Ferreira da Costa; Mariana Martinez Nietto; Priscila Gurski; Victor Toush. Fotografia Márcio Moreira de Andrade; Miguel Mod; Rita Aprile; Victor Toush. Parceiros Agência Chove Aqui Estúdio Fotográfico Foto Dema Giro da Velha guia de baladas e restaurantes Contato revistazativa@gmail.com http://www.facebook.com/RevistaZativa

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MACACOS DA CAPA A arte da capa desta Zativa foi criada pelo ilustrador e músico Erick Alves.

“O tema da edição é símios, então meu primeiro passo foi pesquisar o maior número de imagens e possibilidades referentes ao tema para não cair em algo pouco interessante. Entre uma imagem e outra, acabei me deparando com os macacos sábios, um símbolo japonês que possui um significado interessante e é conhecido por bastante gente. Há diversas representações dos macacos sábios – desenhos, esculturas, pinturas e também um notório relevo na porta de um templo japonês do século XVII. Geralmente, nas representações, cada um dos macacos executa uma ação ou negação – o primeiro tampa os ouvidos, o segundo a boca e o terceiro os olhos. Aparentemente, a sonoridade da palavra macaco em japonês (saru) é semelhante à palavra negação (zaru). O que provavelmente deu origem ao provérbio Mizaru Kikazaru Iwazaru (miru significa olhar; kiku, ouvir; iu, falar e zaru quer dizer negar). É uma forma de lembrar que, se os homens não olhassem, não ouvissem e não falassem o mal alheio, teríamos harmonia nas comunidades*. Pessoalmente, e sempre que

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possível, prefiro trabalhar fora do computador. Gosto de pintar usando aquarela, guache ou nanquim e depois digitalizar usando um escaner ou fotografando a imagem. Para a ZATIVA, usei aquarela, que é a técnica que tenho trabalhado mais ultimamente. Ela é bastante complexa e os materiais são caros (o que me limita um pouco), mas ao mesmo tempo permite várias camadas em uma mesma composição. Para a finalização acabo usando o Photoshop e uma mesa digitalizadora simples, mas muito boa, que é a Conect Bamboo. Mas ainda me sinto bastante humilde diante dos programas, porque comecei a trabalhar recentemente e tenho mais experiência com o desenho feito à mão. Além de usar técnicas manuais, também gosto de inverter as temáticas – se algo é sábio, acho interessante mostrar esse símbolo de um jeito menos distante e mais errático e humano. Então o meu primeiro macaco explode os miolos, o segundo bebe veneno e o terceiro arranca seus próprios olhos - e é o único que está feliz. Acho que cada leitor pode interpretar isso da maneira como quiser, usando seu próprio repertório. A ideia não é tão depressiva ou agressiva quanto parece, é mais uma questão de humor mórbido. Erick Alves


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ENTREVISTA

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ENTREVISTA ANDERSON LIMA

Anderson no Estúdio Subway - Foto por Rita Aprile

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ENTREVISTA

Um dos macacos velhos do cenário underground de São Paulo, Anderson Lima Trabalha sempre com sua banda Blear e também produz outras bandas no Estúdio Subway. Anderson está sempre bem animado e pronto para jogar uma conversa fora. Foi numa dessas visitas ao Subway que decidimos bater um papo com ele para sabermos como anda este cenário musical e o que ele tem de novo para apresentar à Zativa. ZATIVA - A quanto tempo você toca na Blear? Quem esta atualmente na banda? ANDERSON - A banda começou com uma ideia do Erick Alves e do Rodrigo Lima. Eu fui entrando na conversa e começamos a banda em meados de 2012. Além de nós três, também tem o Victor Kajiro tocando batera. Z - Como você descreveria a banda? Quais os pontos fortes para os leitores que se interessarem pelo som da Blear? A - Nós só fazemos aquilo que realmente gostamos, então não rola aquele lance de fazer som pra agradar tal público. O negócio é esse, barulho, microfonias, dissonâncias, sem frescura pra quem curte essa desgraceira toda rs. Z - Qual a primeira banda que você tocou? Lembra do primeiro show? A - Nossa, aí vai longe, volta lá pra 1993, com meus amigos de escola.

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Se não me engano o primeiro show foi em 95, com uma outra banda, em um bar que se chamava Blues & Company, no bairro de Santana. Oorra, ficou longe mesmo rs. Z - O que você acha do cenário underground atual? A - Acho que tem uma galera fazendo muita coisa boa, mas é uma pequena parte. Como hoje em dia tem muito mais bandas do que há 20 anos atrás, a concorrência aumentou muito e ficou mais difícil conseguir visibilidade. Aí tem banda que acaba esqueçendo que o negócio é música boa e manda um sonzinho água com açúcar pra tentar agradar todo mundo. Isso é um verdadeiro pé no saco! Lembrando que garimpando bem você pode encontrar coisas realmente boas por aí. Z - Indique algumas novidades de artes no cenário underground de São Paulo. A - O que esta surgindo aqui no estúdio. Rsrs Z - – Quais casas de shows valem a pena tocar? A - A Hotel Tees, na Matias Aires com a Augusta. Lá sempre cola uma galera que tá afim de ouvir um som e tomar uma breja. A casa do Mancha também é bem legal. Z - O que você está produzindo atualmente no estúdio Subway? A - Agora, além do estúdio, temos uma gravadora independente, a Howlin Records (www.howlinrecords.com.br). Trabalhamos lado a lado, e isso acabou aumentando


o número de bandas que estamos produzindo por aqui. Já fazem parte desse projeto as bandas Billy Negra, Blear, Chalk Outlines, MonstroMonstro e Poltergast. E gravando aqui no estúdio estão as bandas Cidadão Plebeu, Twinpines e um split com 5 bandas (Blues Drive Monster, Chabad, Hollowood, Vapor e We Are Piano). Z - Quais os macacos velhos, que continuam na ativa e no underground até hoje, você citaria? A - Tem uma galera das antigas que continua tocando, não dá pra citar todos, mas vão dois aqui que eu admiro muito: o Magoo Felix, batera da banda Twinpines e que também é artista plástico, e o Pirata Homes, vocal da banda Anjo dos Becos que sempre está movimentando

a cena por aí. A - Quais os pontos principais que uma banda precisa ter para se manter na ativa? A - Muita vontade de tocar e saber que não vai ter nenhum retorno financeiro com isso, rs. Z - O que você melhoraria no cenário underground? A - Acho que está faltando hoje em dia é um pouco de velho espírito rock’n’roll, tem uma geração de bandas muito coxinha aparecendo por ai, ainda torço pra galera parar com essa parada de fazer som pra agradar a familia e voltar a quebrar tudo. Anderson Lima é músico e passa seus dias, tardes, noites, madrugadas no estúdio Subway

Anderson no Estúdio Subway - Foto por Rita Aprile

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FESTA

WOODSTOCK E

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Lollapalooza 2014. Sampa, Brasil. Um jovem está na fila do stand mais bem intencionado do evento: artistas faziam cartazes com refrões de músicas que os fãs pedissem. O rapaz, aparentando 20 a 25 anos, diz que foi ao evento para ver o Arcade Fire. No palco estava o Arcade Fire. Se você vai a um festival caro para ver determinada banda, e quando ela está no palco, você está em um

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longínquo stand para fazer um cartaz, algo está estranho. Não digo que algo está errado, pois não quero parecer maniqueísta; mas o adjetivo estranho, você há de concordar comigo que cabe na colocação. Festival de Glastonburry, 2013. O maior festival a céu aberto do mundo. Dezenas de atrações, palcos monumentais, telões de altíssima definição e pirotecnia agigantam-se em relação ao artista, esteticamente diminuto, frente ao rol de adereços e aparatos futuristas. A imagem hiper real do músico no telão - quase tão real quanto o próprio sujeito - impõe-se sobre a realidade ali presente (ele mesmo), tornando-a escassa, insignificante, um mero detalhe. O excesso prevalece, pós-modernismo na prática. Welcome my son, welcome to the machine. O auspício tec-

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Fotos desta Matéria: Acervo Woodstock Internet

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O PRIMITIVISMO

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nológico megalomaníaco ocultou a premissa “menos é mais”. Em tempos de megashows em que o artista é mero detalhe, é necessário fazer um exercício histórico (para não dizer dialético) e retornar à origem desses grandes festivais. Sim, ao longínquo ano de 1969, em que acontecia, na fazenda de Max Yasgur, o Woodstock

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Music & Art Fair. The Who, Janis Joplin, Jimi Hendrix, Creedence, Canned Heat, Sly and the Family Stone, Joe Cocker, Jefferson Airplane, Crosby, Stills, Nash & Young e tantos outros nomes subiram ao simplório e único palco do mais importante festival de música da história, sob o slogan de “3 dias de paz e música”.

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FESTA

Sem aparatos tecnológicos, sem pirotecnias, sem grandes corporações patrocinadoras, o evento, embasado por ritualidade e um semitribalismo, prezou pelo encontro do indivíduo com sexo, drogas e rock and roll da melhor qualidade.

Dados e Curiosidades • Público Total: 1.000.000 • Público esperado: 20.000 • Portões de acesso: 2 • Número de mortes: 3 (uma por overdose de heroína, outra por apendicite e outra ao ser atropelado e arrastado por um trator.) • Nascimentos no concerto: 2 • Preço da entrada por três dias: $18 • Casos de internação por “viagem com LSD”: 400 • Policiais que renunciaram no primeiro dia do concerto: 346 • Vacas que andavam soltas nos três dias do concerto, entre os assistentes: 450

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O primitivismo que marcou o festival nega a superestrutura de seus eventos posteriores. Nega e faz oposição. E não quero aqui parecer saudosista de um tempo que não vivi, mas sim colocar em pauta a importância do que há de mais relevante em um festival de música, por mais óbvio que possa parecer: o músico e sua arte. Há 45 anos, 650 mil pessoas pisaram na fazenda onde acontecia a catarse sonora e cultural que fez história. Em um momento inesquecível, caótico e assombrado pela desorientação social e política do final dos anos 60, John Roberts, Joel Rosenman, Artie Kornfeld e Michael Lag usaram e abusaram dos jargões da contra-cultura e resolveram idealizar o “festival dos festivais”. O Woodstock não objetivava contratos, patrocínio de grandes selos ou de qualquer empresa interes-


sada em promover a sua imagem. A integração era tamanha que diversos recados eram passados no alto falante sobre o tempo, problemas no palco e o uso de drogas . Para se ter uma ideia, do número total de presentes citado acima, apenas 200 mil pagaram para entrar no festival - a organização esperava metade deste número nos três dias de festival. Óbviamente que problemas técnicos e estruturais ocorreram - atrasos nos shows, choques nos músicos enquanto tocavam... – como persistem em ocorrer nos atuais eventos multimidiáticos. Mas o que talvez seja mais nostálgico em todo o primitivismo do festival - e que perdeu-se exponencialmente - seja justamente a sua essência. Com todos os atributos aderentes (em especial o sexo e as drogas), o foco era a música. Por mais que houvesse tantos signos dignos de uma maior análise em toda a aura do festival - a liberdade, a ruptura de padrões, a arte vanguardista – o holofote estava no artista e em sua música. Difícil

negar que os gigantes festivais contemporâneos tornaram-se vitrines de anúncios publicitários, patrocinadores milionários e instrumentos de lucro de grandes empresários. Esse foi o trunfo do Woodstock e de toda a sua tribalidade: um primitivismo quase ingênuo e um senso raro de cooperação, colaboração, idealismo e mudança. Sensações essas que nos parecem extremamente distantes em festivais contemporâneos recheados de atrações extras; mas saiba que existem festivais extremamente competentes que mantém viva e acesa a tal essência, guardadas as reservas, obviamente. No Brasil, alguns exemplos falam por si: Psicodália, Pira Rural, Roça n’ Roll e Abril Pro Rock, para ficar no óbvio. Resta torcer para que em poucos anos patrocinadores variados não os transformem em super produções, em que aparatos mil eclipsem o que há de melhor a ser apreciado: o bom e velho rock n’ rol. Matéria por Daniel Pala. Músico, professor e comunicólogo. danielpala@gmail.com

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BEBIDA

SMASHBOMB ATOMIC IPA - INDIA PALE ALE FLYING MONKEYS CRAFT BREWERY - CANADA Cerveja canadense com uma promessa grande que começa a partir do seu rótulo, o qual explora quase um perigo a se consumir o líquido sagrado, passando por seu aroma...mas já chego lá. No copo, tem cor laranja forte e com alguns feixes mais amarronzados. Opaca. Espuma branca de baixa formação e persistência. No aroma (Aaaahhhh, o aroma!) percebi um mix de cítrico e terroso, provavelmente pelos diferentes tipos de lúpulo utilizados. Laranja e caramelo do malte bem equilibrados. Curti bastante. Na boca, espuma/gás/carbonatação leve. Cerveja com corpo médio para alto, levemente aveludada, mas efêmera. Assim que engolida a percepção de corpo some rapidamente junto com o amargor, que não deixa

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de ser latente e bem saboroso. Novamente sabores cítricos e terrosos, também bem equilibrados com o caramelo do malte. Por fim, aquela secada na boca pra curtir o retrogosto e pedir outro gole. Enfim, uma ótima breja, mas essa explosão de “amargores radioativos” eu não encontrei. O que por um lado é bom, já que ela harmonizará bem com boas quantidades e dias de sol. Matéria e Fotos por Márcio Moreira publicitário e cervejeiro

FICHA TÉCNICA País: Canadá Teor Alcoólico (ABV): 6,0% IBU’s (unidade de amargor): 70 IBUs Volume: 330ml Preço: R$ 15,00 Estilo: India Pale Ale Onde encontrar: Qualquer loja ou quiosque da Mr. Beer

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FILME

DAS CINZAS AS CINZAS NO PLANETA DOS MACACOS Assim como algumas pessoas, alguns filmes são mais bem compreendidos com o passar dos anos. Quando foi lançado em 1968, O Planeta dos Macacos tornou-se imediatamente um fenômeno pop. Baseado no livro de 1963 do ex-agente secreto Pierre Boulle, o filme foi aos poucos ganhando cada vez mais respeito e deixando de ser visto como uma ficção-científica restrita ao público nerd. Hoje, em suas novas versões cinematográficas, seu universo atinge todos os tipos de espectadores, desde aqueles que procuram um bom entretenimento como

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também os cinéfilos mais cultos. A película original, protagonizada por Charlton Heston com seu final marcado na história das grandes cenas do cinema faz a gente se perguntar até onde o que entendemos por civilização pode nos levar. O bicho trata o homem como o homem tratou o bicho. Não há esperança de revolta para o homo sapiens, mesmo porque não se lembra de seu passado como dominante. Não fala e não conversa (diferente da versão de Tim Burton, de 2001). Além disso, quem assistia pela primeira vez não se dava conta


de que, ao menos, tratava-se de nosso próprio planeta, pois o personagem principal, astronauta, estava distante da Terra, no início do filme. Em outra cena antológica, quando os macacos ouvem pela primeira vez seu capturado humano gritar em sua defesa, cria-se uma crise em sua comunidade. Uma aberração aos olhares símios, pois o homem que conheciam antes só era capaz de fugir ou realizar tarefas simples, nunca de contestar. Mesmo falando, a opinião do homem em questão não é respeitada, porque ainda assim continua em

sua condição de homem bicho. Na famosa cena da praia, Charlton Heston perde suas esperanças ao encontrar os restos da Estátua da Liberdade. Percebe que não se tratava apenas de corrigir sua vinda acidental para aquele lugar. Agora, estava respondendo pelo erro de toda a raça humana. Pelo conjunto de nossa história, todos juntos aniquilamos nossa própria espécie. Como mudar? Como evitar um destino trágico? Outro grande questionamento é se você também entende sua parcela de culpa ou se exime dela e a joga nas

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FILME

autoridades ou no seu vizinho. A escolha do autor desta evoluída raça de macacos não foi despropositada. O símio é nosso parente e ancestral. Segundo os filmes, cometemos erros tão graves em nossa evolução que fomos capazes de regredir na escala evolutiva. E é curto o espaço de tempo até que outras espécies possam nos ultrapassar nessa corrida, desvendada pelo genial Charles Darwin. O homem saiu do bicho e voltou ao bicho. Das cinzas às cinzas. As saudosas continuações, apesar de não terem a mesma qualidade do original, aprofundaram os acontecimentos, mostrando o antes e o depois do primeiro filme. No sentido técnico, o espectador atual é bem mais exigente. Numa era de remasterizações e de novas versões de produções consagradas, os “amantes” dos macacos tiveram sorte. Esta nova sequência, iniciada com Planeta dos Macacos: A origem (2011) é muito boa. Independente do gosto individual (claro, sempre existe quem não tenha gostado), a produção tem qualidade de sobra. Ótimas interpretações, roteiro bem elaborado, efeitos especiais impecáveis.

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A continuação Planeta dos Macacos: O confronto (2014) continua o tema polêmico. Foi a redenção da série de filmes originais, pois não tenta suplantá-la, mas homenageá-la e levar a um passo adiante suas intenções de questionamento. Graças à tecnologia, pode-se explorar mais a fundo os sentimentos sinceros do símio protagonista, construído por meio da captura de movimentos dos mais ínfimos


músculos faciais do ator Andy Serkis, um especialista quando se trata da mesma pessoa que deu vida ao Gollum, de O Senhor do Anéis, e ao King Kong], em sua última aparição. Esse personagem é Caesar (no original inglês), criado em um laboratório, mas recebendo todo o carinho de uma família humana, até o dia em que confronta o homem em toda sua preponderância. Esse César bom, quando maltratado, é capaz de se

tornar um equivalente ao César romano em dominação e força. E ainda escolher ou orientar o rumo de seus semelhantes e se defender ou atacar qualquer que seja o inimigo. Nesse caso, o ser humano parece não estar sofrendo uma grande injustiça, ou seja, o filme tenta passar a ideia de que essa grave punição, que é a possibilidade de nossa extinção, é quase merecida. O homem planta sua própria destruição. Há uma semelhança com outro filme em cartaz até recentemente: Noé. Épico bíblico com releitura de Hollywood, no qual quase toda a vida é exterminada para uma nova chance de recomeço. Já estamos pagando um preço por nossa espécie gerir mal os recursos naturais e pelos conflitos bélicos e políticos que não demonstram ter evoluído muito desde o século passado. A cultura humana cria ficções, mas estas ficções também são uma influência para nossa história e podem servir de alerta para nossa sociedade. Matéria por Daniel Coquinho, músico

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ARTE 3D

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ARTE 3D

ARTE 3D Ultimamente tenho estudado muito sobre a técnica de ilustração em 3D, então decidi preparar uma ilustra desse tipo para esta edição. A ideia foi simples: brincar com o paradoxo macaco-homem, discutir nossas origens e mostrar um talento que talvez os gringos que nos chamam de macacos não conhecem lá fora. Por isso mesmo que decidi fazer uma ilustração com um estilo bem comercial e atual, usando a linguagem “Low Poly”.

A técnica foi complexa. Primeiro modelei os bustos em um programa que chama Mudbox, que permite esculpir um sólido, como se fosse uma argila digital. Nele esculpi o macaco e o humano. Depois, passei esses objetos para o Cinema 4D, o programa que eu uso para configurar as minhas cenas (trabalho bastante com maquetes eletrônicas e cenografia). No C4D, eu simplifiquei os bustos, reduzindo drásticamente a contagem de facetas da escultura (ou polígonos), o que deu esse visual geométrico. Decidi usar cores não usuais e combinações exóticas, para brincar também com o nosso design brasileiro que não é frio, ao contrário, é multi-colorido. Espero que você goste desta edição e que reflita sobre os assuntos tratados. Boa leitura! Henrique Ferreira Costa

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ARTE

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ARTE

SELFIE MONKEY A moda dos selfies já pegou faz tempo. E quem disse que os macacos não podem? Esse ilustra é uma satira do pessoal antenado em moda, tecnologia e cultura. Roupas coloridas e estampadas e alta tecnologia representam o egocentrismo dos macacos modernos que somos hoje. Estamos cada vez mais preocupados em mostrar novidades, roupas caras, viagens e roles para os nossos

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“amigos” internéticos. Construímos uma imagem idealizada de nós mesmos e vendemos uma falsa realidade para os demais desejarem estar no nosso lugar. Como numa propaganda enganosa, viramos péssimos publicitários de nós mesmos. E detalhe que muitos deixam de aproveitar bons momentos por estarem mais preocupados em tirar suas selfies do momento. Mariana Martinez Nietto


PERSONAGENS

AQUI TEM MACACO MACACO LOUCO (MOJO JOJO) Personagem do Desenho: Meninas Super Poderosas / Cartoon Network Era o macaco de estimação do Professor Utônio. No estante que o Professor preparava suas filhas o Macaco por brincadeira empurrou o Professor Utônio fazendo ele derramar o “Elemento X” sobre os ingredientes. No momento da explosão Macaco foi atingido por parte do Elemento X fazendo seu cérebro crescer, logo em seguida enquanto as Meninas Superpoderosas e o Professor se conheciam o Macaco agora chamado de Macaco Louco, fugiu. E desde então são inimigos. GORILA GRODD Personagem dos Quadrinhoso: The Flash / DC Comics Inimigo de “Flash” (Barry Allen). É um primata muito inteligente da secreta Cidade Gorilla, onde símios possuem uma ciência avançada, transmitida por visitantes alienígenas. Grood se tornou o líder dos gorilas. Sua inteligência e poderes telepáticos garantem ao macaco super-desenvolvido uma grande posição entre o universo dos supervilões. BABAO Personagem do Desenho: Eu sou o Máximo / Cartoon Network É um babuíno desajeitado. Ele é frequentemente mostrado a fazer o contrário do que seria considerado razoável e, às vezes, exibe comportamento obsessivo e compulsivo. Máximo é seu único melhor amigo, mesmo assim, Babão tem muita inveja do sucesso dele.

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VIAGENS

MUSEUM OF NATURAL HISTORY - VIENA

Museum Of Natural History País: Austria Endereço: Burgring 7, 1010 Wien, Áustria Inauguração: 10 de agosto de 1889 Tickets: €5,00 a €10,00 www.nhm-wien.ac.at/en/ museum

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Viena é a capital da Áustria e considerada uma das melhores cidades do mundo para se viver. Atualmente ela ocupa o primeiro lugar em qualidade de vida, devido à sua ordem, limpeza, segurança e alta eficiência dos serviços públicos, assim como pela variedade de opções de cultura e entretenimento. A cidade possui diversas atrações,

desde uma das maiores catedrais góticas medievais, como a Catedral de Santo Estêvão, até centros de música erudita. Dentre essas atrações, vale destacar o Museum of Natural History (em português, Museu de História Natural), um dos maiores, mais antigos e notáveis museus de história do mundo. Hoje, ele abriga uma coleção com

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VIAGENS

cerca de 30 milhões de espécimes e artefatos. Em suas 39 galerias, conta a história da humanidade e o surgimento dos primeiros seres vivos, passando por meteoritos, minerais, fósseis, dinossauros, era do gelo e micro-organismos. A exposição antropológica sobre a evolução humana é um destaque a parte. Em diversos períodos, o visitante pode acompanhar toda a evolução do homem e de seu cérebro até o surgimento do Homo Sapiens (Homem Moderno Cosmopolita). Algumas estações contam com réplicas de homens e mulheres pré-históricos e permitem também que os visitantes possam detectar a diferença entre o crânio de um Neanderthal e o de um Homo Sapiens, por meio do toque. A Estação de Realidade Aumentada mostra a fase de transição de quadrupedia (ou seja, de quatro patas) para o bipedalismo (duas pernas).

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Com inúmeras variedades de atrações fica até difícil expor tudo no papel e transmitir o fascínio que este museu provoca. Mas sem dúvida é uma viagem incrível à nossa história e passado que não pode faltar no seu roteiro em Viena. Matéria e Fotos por Miguel Mod, publicitário


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FOTOGRAFIA

Foto por Victor Toush

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PRODUTOS

PRODUTOS Escolhemos os produtos mais marcantes que tiveram os macacos como seu atrativo principal. Alguns antigos e outros atuais. Alguém lembra dessa macacada?

URSINHOS PARMALAT A Parmalat lançou uma promoção com ursinhos de pelúcia. Lógico que os símios não ficaram fora dessa.

CHAVEIRO KIPLING A marca Kipling marcou pelos chaveiros de macacos que vem pendurados em suas bolsas e mochilas.

MACACO MURPHY A Estrela lançou uma coleção de macacos estilosas na década de 90. Ele tinham um brinco de banana e fazendo ronf ronf quando se apertava a barriga deles.

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CAMISETA WHITE STRIPES A clássica camiseta vermelha da banda White Stripes com o Macaco tocando bateria.


BOX PLANETA DOS MACACOS Box contendo 07 DVDs com os filmes dos Planetas dos Macacos. Para nenhum fanático botar defeito.

CD GORILLAZ

CARTUCHOS DONKEY KONG

A banda Gorillaz não poderia ficar fora dessa com seu visual todo inspirados nos Símios.

Os cartuchos da Nintendo dos jogos Donkey Kong. Marcaram época no Super Nintendo e Nintendo 64.

CELULOSE ULTRAECO A UltraEco invadiu os mercados de tabacaria com sua celulose para quem fuma cigarros alterantivos. Vale lembrar o símio em seu logo.

MINIATURA SPAWN Esta cover-art do Spwan versus Cygor é uma belíssma miniatura colecionador. Detalhe da luta que Spawn teve com o Macaco Cibernético na edição número 57.

HQ SPAWN A HQ onde foi inspirada a miniatura da cover-art da edição número 57 do Spawn.

MONSTRO DO PANTANO Esta HQ Especial do Mosntro do Pantano traz uma breve descrição dos Símios da DC Comics. Além de conter envolvimento com os Símios em sua história principal.

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TIRAS

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Twentybucks Victor Toush vinteconto.wordpress.com/ facebook.com/VintecontoHQ


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O JOGO DE CARD´S COM OS MAIORES MÚSICOS DO ROCK MONTE A BANDA DOS SEUS SONHOS DESAFIE SEUS AMIGOS PARA UM DUELO A CADA EDIÇÃO A ZATIVA LANÇA10 NOVOS CARD´S PARA VOCÊ MONTAR A MELHOR FORMAÇÃO DE BANDA DE TODOS OS TEMPOS! Na edição passada tivemos: White Stripes; The Who; Kiss. Nesta edição você encontra as bandas: Rolling Stones; Deep Purple. Veja as Regras nas edições 1 e 2 da Revista Zativa. 42 ZATIVA | SÍMIOS 2014


IMPRIMA, RECORTE, COLE E COMECE A JOGAR COLECIONE OS 10 PRIMEIROS ROCK N CARDS

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ROCK N CARDS

IMPRIMA, RECORTE, COLE

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E COMECE A JOGAR

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ROCK N CARDS

IMPRIMA, RECORTE, COLE

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E COMECE A JOGAR

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COMIDA

QUEM ME DERA SE AINDA COMESSEMOS BANANA Não em referência em nos assemelharmos com nossos ancestrais, mas porque hoje em dia as pessoas preferem comer uma rosquinha frita com creme feito com óleo vegetal hidrogenado (margarina) e açúcar refinado do que uma banana. As escolhas alimentares tem uma ocupação grande no nosso dia a dia. Mas em algum ponto na evolução do tempo e da história, genericamente, o mundo preferiu o industrializado, o que cresce mais rápido, mais produtivo, mil embalagens, maior shelf life e processos que acabam desvalorizando o artesanal, a qualidade sobre quantidade e a humanidade, em um pedaço de comida. Talvez há “terracidade” num pedaço de comida, porque qualquer comida de verdade tem um pouco da água da chuva, dos minerais da terra, do pólen da abelha, da sutileza de quem a colheu. Vem então a diferença entre comer e nos alimentarmos. Alimentar nutre o corpo, conforta a mente (ou instiga), tem convívio numa refeição ou num simples café, seja você com outras pessoas ou com o que está comendo.

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A verdade que importa é o seu bem estar e o impacto no seu corpo (e talvez algumas outras ideias que você queira compactuar ou não), pois a partir do alimento, alimentamos nossa saúde ou doença. Quando percebemos isso, esse alimento potencializa nossa saúde, e gera bem-estar, possibilitando uma mente saudável, sonhos realizados e potenciais criativos em ebulição. Proporcione para si mesmo uma alimentação consciente, prazerosa e saudável. Por falar em banana... A banana tem um design fantástico. Vem numa embalagem de atacado (cacho), mas você pode comprá-la em pencas ou por unidade. Cada unidade vem em uma embalagem orgânica (casca) que é 100% compostável e que muda de cor em degradê, indicando sua melhor função. Se estiver verde, se fazem chips ou biomassa de banana. Se estiver verde-amarelado, em um estado ainda firme mas já adocicado, indica uma milanesa perfeito ou farofa. Se estiver amarela, está no auge para comê-la crua ou fazer um purê. Amarela com pontinhos marrons,


congele-a e bata no liquidificador para um ótimo sorvete natural, bolo ou torta. E quando estiver mais marrom que amarela, faça uma bananada ou um processo de fermentação natural para um pro-biótic• que aprendi a fazer na Tailândia. A simplicidade da natureza tem uma tecnologia incrível. *Biomassa de banana /pré-biótico: massa feita a partir da banana cozida e processada para virar uma pasta, que contem naturalmente fibras solúveis e insolúveis e são responsáveis por beneficiar o trato digestivo. Serve de alimento para os pro-bióticos ou outras bactérias. *pro-biótico: alimento feito a partir da fermentação natural, que conservou suas bactérias benéficas e enzimas que beneficiam a flora intestinal e, por consequência, o organismo.

TIKERPE GASTRONOMIA NATURAL

A Tikerpe Gastronomia Natural é um pouco da vivência que a chef Carolina Tikerpe adquiriu viajando pelo mundo – absorvendo culturas, aprendendo receitas e se aprimorando. Seu trabalho tem inspiração vinda das brisas doces de Bali e Tailândia, técnicas precisas da Suíça, regionalidades do nordeste do nosso lindo Brasil e a miscelânea de tudo isso e mais um pouco que só uma metrópole como São Paulo poderia traduzir. www.gastronomianatural.com facebook.com/gastronomianatural

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ARTIGO

HOU QUAN O MACACO CHINES Hou Quan – O macaco chinês “Primeiro, o inimigo ri; depois, há de lamentar-se e chorar” Hou Quan é como se denomina a forma do macaco no wushu. É, também, chamado de Tai Shing Pek Kwar. Nenhum dos outros oito animais possui tantos saltos e acrobacias como o Hou Quan, e por isso mesmo podemos dizer que, assim como o Chan Quan, o Ditang Quan e o Zui Quan, esta é uma forma que deve ser praticada desde a mais tenra idade para se ter pleno domínio d`ela. O praticante precisa, antes de tudo, possuir resistência física e histamina muito acima do comum, visto que no Hou Quan não existem paradas. O atleta deve (como os macacos) estar em movimento constante, muitas vezes em passos com os joelhos extremamente dobrados e as mãos rentes ao chão. Outras das características principais dos macacos são os seus gestos característicos, como o de agarrar coisas pelo chão e olhá-las curiosamente, procurar piolhos em si mesmo, além das – muitas vezes cômicas – centenas de expressões

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faciais, que mudam muito rápida e constantemente, da mesma forma como em os animais reais. Estilo proveniente da região de Emei, fora criado por Kou Si (Kau Sei) no final da dinastia Qing (1911). A lenda diz que Kou Si estava preso e, enquanto aguardava sua sentença, ele percebeu que fora da prisão havia muitos macacos nas árvores das proximidades. Kou Si era praticante da vertente de wushu conhecida como Ditang Quan, e ele se deu conta de que seria perfeitamente possível acrescentar aos movimentos do Ditang os maneirismos desses animais, e batizou a nova forma de “Da Sheng Men” (“grande sábio”) em homenagem ao personagem Sun Wukong do célebre livro chinês “Jornada para o Oeste”. Ao Hou Quan foram acrescentadas características de outras formas, entre elas o Hung Gar, Zui Quan (na forma “O Rei Macaco rouba a garrafa de vinho”) e o Pi Gua Quan. Trecho do Livro “A Dança do Tigre Branco” de Saides Lamarca


Pétalas de

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MATERIA

CONTINUE MACACO O projeto “Continue Macaco” foi criado pela ONG “Operação Sorriso”, que atua em mais de 60 países desde 1982. A organização é formada por profissionais da saúde e oferece cirurgias gratuitas a crianças portadoras da fissura labio-palatina, descrita como “uma abertura na região do lábio ocasionada pelo não fechamento dessas estruturas, que ocorre entre a quarta e décima semana de gestação”. Estimam-se que mais de 200.000 crianças nascem por ano com esse mal. No Brasil, o número é de aproximadamente 5.600. Essa doença dificulta a alimentação, a fala e inclusive o sorriso. Dentro do projeto foi escalado o macaco por se tratar de um animal cooperativo e solidário. Para comprovar, foi realizado um vídeo em que um macaco encontra-se enjaulado e faminto enquanto outro está solto com acesso a diversas frutas. Ao invés de alimentar-se de tudo, liberta o outro para que ambos possam dividir a alimentação. Ele foi baseado em um estudo realizado pela Duke University, USA e e nos demonstra, de certa forma, que a

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evolução talvez seja nós retornarmos aos nossos ancestrais e sermos mais macacos, pensando no bem comum e sem destruir tudo que tivermos ao alcance, desde natureza, pessoas, etc. A ONG está passando por um momento financeiro muito dificil, e as doações são fundamentais para a continuação do projeto. Então é muito importante que todos façam viver o “macaco” que existe dentro de nós e ajudemos. Acesse www.continuemacaco.orgr e faça sua parte! Matéria por Guilherme Padredi


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MUSICA

MUSICA Fomos atrás de duas bandas a muito tempo na ativa do Underground de São Paulo. Os macacos velhos! AGUA PESADA Alternativo Desde 2001, o trio formado na capital paulista faz música pesada em português, sem se apegar a estilos determinados aproveitando o melhor e o pior das influências pessoais de seus integrantes. Água Pesada É: Ricardo Faller - guitarra/voz; Fernando Sioni - bateria; Fábio Domingues - baixo Momo Morto (2013) - EP http://www.aguapesadarock.com.br/ BLEAR Alternativo Formado em 2013, o Blear surge a partir da junção de integrantes de bandas do cenário underground de São Paulo: Anderson Lima (baixo), Erick Alves (vocal e guitarra), Rodrigo Lima (guitarra) e Sandro Dias (bateria). Com inspiração em bandas alternativas dos anos 90, o Blear constrói suas músicas com guitarras carregadas de distorção, com uma profusão de riffs, alavancadas e microfonias, bateria e baixo enérgicos e vocal ora melodioso e melancólico, ora furioso e rasgado. A combinação desses elementos é facilmente identificada no primeiro lançamento da banda, o single “Melting Sun”, que tem em seu lado B a faixa “Tell The Truth Nancy”. Melting Sun (2013) - EP blear.bandcamp.com / blearband@gmail.com

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POESIA

PRIMEIRA VEZ Que cheiro é esse. Olho abre. Olho fecha. Olho abre. Olho fecha. Onde está ela? Desespero se abre Sobre a cara no ferro. O que é isso? O que é este cubículo escuro que treme? Que fumaça é esta Entrando nos meus ouvidos? Grito, grito. O escuro não vê. O peito quase apaga. A luz aparece. ---Outros animais a minha volta. Folhas verdes trocadas de mão. Bípedes me olham. Fisgada no pescoço. Dor do sono. ---Esta não é minha floresta. Esta não é minha floresta. Meu horizonte não era tão pequeno. Onde estará ela? Onde está ela? Onde está ela? Quem são estes macacos brancos? Quem são estes macacos brancos? Comida. Comida. Comida. Comida. Comida. Comida. Onde estará ela? Onde estará minha floresta? Meu horizonte não era tão pouco assim. Meu horizonte não era tão sem horizonte Assim. Filipe Lazarini

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O Garota da Vila é a verdadeira mistura entre a garota mais famosa do mundo, que vai “num doce balanço a caminho do mar”, e um dos bairros mais badalados de São Paulo. Venha experimentar os clássicos da culinária carioca na hora do almoço ou currr um diverrdo happy hour com a sua galera.

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Confira ao vivo os principais campeonatos do brasil e do mundo.

FEIJUCA CARIOCA

Experimente a tradicional feijoada do Garota às quartas e sábados. ZATIVA | SÍMIOS 2014 57


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CORTANDO O RABO

EEnfins descascadas todas as bananas desta revista. A Zativa deste mês foi a evolução! Esperamos que você tenha evoluido junto conosco! Mais uma vez agradecemos imensamente a força, a vontade e a coragem de ter chegado até aqui. Foram longos três anos até a Zativa estar aqui, em sua constante evolução, luta e busca por espaço na arte underground.

Viva a força das uniões. Viva a força das tribos! Viva a força primitiva! Um viva, viva! Agora a Zativa se retira para seu galho, e já espere por novidades da próxima edição. Pois a evolução não pode parar! Da sua Tribo Favorita! Família Zativa

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