Fernando Velazquez - Iceberg | Zipper Galeria

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EBER ICE ERG FERNANDO VELÁZQUEZ

ISBN: 978-85-66065-09-1

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Publicado por Zipper Galeria, 2018 Imagem de capa extraída de Google Earth Imagem da quarta capa: European Space Agency ESA Imagem da terceira capa: European Space Agency ESA Textos: Daniela Bousso, Fernando Velázquez e Josué Mattos Tradução de português para o Inglês dos textos de D. Bousso e J. Mattos: Julia Lima, demais tradruções de Fernando Velázquez Fotografias das páginas 26, 28, 30, 32, 33, 34, 42, 46, 48, 63, 64, 65, 80, 82 e 84, Ignácio Aronovich/Lost Art Fotografia da página 114, Fernanda Frazão Imagens pág. 86-101, 102, 104 e 106 extraídas do Google Earth Desenho gráfico: Fernando Velázquez www.blogart.com www.zippergaleria.com.br

Dados internacionais de catalogação na publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Velázquez, Fernando Iceberg [livro eletrônico] / Fernando Velázquez ; [tradução Julia Lima]. -- São Paulo : Zipper Galeria, 2018. 30 Mb ; PDF ISBN 978-85-66065-09-1 1. Arte - Brasil 2. Arte contemporânea 3. Arte eletrônica 4. Artes visuais 5. Poesia visual I. Título. 18-19599 CDD-700.105


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Agradecimentos Agenor Mafra Neto, Luiz Rosa, Eduardo e Mônica Texeira, Nacho Durán, Gabriel Dias Regañon, Leo Ceolin, Maurício Jabor, Giordano Bruno Borges, Richard Garet, Ignácio Aronovich, Daniela Bousso, Josué Mattos, Andre Parente, Jader Rosa, Marcos Cuzziol, Agda Carvalho, Marília Pasculli, Alexis Anastasiou, Red Bull Station, Itau Cultural, Denise Alves, Maria Vitória Bermejo, Otávio Vidoz, Vanessa Torrez, Carol Angelo, Mônica Gambarotto, Rodrigo Barbosa, Winny Choe, Paola Paes Manso, Lucas e Fabio Cimino, Tathiane Oberleitner, Andre Larcher e Rafael Freire.


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Somos presas em um corpo / estímulo à procura de uma segurança em (suposto) risco sugerido pela ação de doutrinas de choque A ansiedade pela proteção é a arma com a qual nos enxertam falso medo a fim de justificar Vigilância e Violência Vamos preparar o contra-ataque sem agressão alarme, alerta, ataque defesa matar nunca mas mantendo viva a raiva contra aqueles que transmitem o pânico covarde e fabricam horrores esculpidos na barbárie midiática bandidos que mantém aberta e alimentam a ferida Multidão comportamento firme dedicado requer que nos pensemos outros sem fugir dos desafios carregados de instintos de resistência de confluência de tangência de cooperação solidariedade empatia e alegria Fogo reação já. f.v 2k17

Texto interpretado em código Morse pelos microcontroladores da instalação Iceberg


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Somos presa, en un cuerpo/estímulo al acecho de una seguridad en (supuesto) riesgo sugerida por la acción de doctrinas de shock La ansiedad por protección es el arma con la cual nos injertan falso miedo a fin de justificar la vigilancia y la violencia Preparemos el contrataque sin agresión alarma, alerta, ataque defensa matar jamás pero sí mantener en alto la ira contra los que difunden el pánico cobarde y fabrican horrores esculpidos en barbarie midiática bandidos que mantienen abierta y alimentan la herida Multitud comportamiento firme dedicado nos exige pensarnos otros sin huir a desafios rellenos de instintos de resistencia de confluencia de tanjencia de cooperación solidaridad empatia y alborozo Fuego reacción ya F.V 2k17

Texto interpretado en código Morse por los microcontroladores de la instalación Iceberg


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We are prey in a body / stimulus lurking in safety at (presumed) risk suggested by the action of shock doctrines Anxiety for protection is the weapon with which they graft us false fear in order to justify surveillance and violence Let’s prepare the counterattack without aggression alarm, alert, attack defense kill never but keep the anger high against those who spread the cowardly panic against those who promote false danger against those who keep open the wound Crowd firm behavior and dedicated we need to think others without fleeing to challenges stuffed with instincts of resistance of confluence of tangency of cooperation solidarity empathy and joy Fire Reaction already F.V 2k17

Text interpreted in Morse code by the microcontrollers of the Iceberg installation


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Páginas/Pages 6-7, 12-13 e 16-17 Desenho, 2006, dimensões variáveis Dibujo, 2006, dimensiones variables Drawing, 2006, variable dimensions


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Iceberg por Fernando Velázquez

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Iceberg por Fernando Velázquez

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Iceberg by Fernando Velázquez

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Introdução por Fernando Velázquez

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Introduction by Fernando Velázquez

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Introducción por Fernando Velázquez

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Fluxo-circuito por Daniela Bousso

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Fluxo-circuito por Daniela Bousso

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Fluxo-circuito por Daniela Bousso

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Fernando Velázquez - Iceberg por Josué Mattos

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Fernando Velázquez - Iceberg por Josué Mattos

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Fernando Velázquez - Iceberg por Josué Mattos

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ICEBERG FERNANDO VELÁZQUEZ


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A licença poética opera um hiato, um curto-circuito - um agente provocador - na atrofia de uma situação que se encontra em estado de crise ou letargia política, social, confessional, étnica, econômica ou militar. Através da natureza absurda e por vezes impertinente do ato poético, a arte provoca um momento suspensão do significado, uma sensação de insensatez que pode revelar o absurdo da situação. Através desse ato de transgressão, o ato poético sinaliza uma passo atrás ante as circunstâncias. Em resumo, pode fazer com que vejamos as coisas de maneira diferente. Francis Alys


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Um iceberg é uma montanha de gelo que, após se desprender de uma geleira, vagueia pelos oceanos e mares até desaparecer. Ilhas, por vezes continentes à deriva, os icebergs são fascinantes, frágeis e poderosos, belos e assustadores. Efêmeros, materializam elegantemente a natureza em processo. São inúmeros os pensamentos que a figura do iceberg dispara em mim, mas o que mais desperta a minha curiosidade e imaginação é o fato de que a maior parte de um iceberg fica oculta, latente, intuída, a priori invisível aos nossos olhos. Esta característica me levou a pensar uma série de alegorias, como por exemplo a de que o inconsciente seria a parte invisível de um iceberg chamado consciência. Sabemos que os sentidos aferem um recorte limitado de informações sobre o ambiente. Necessariamente o campo do que conhecemos será sempre menor do que o campo do que seria possível conhecer. Assim, aguçar o faro à procura do lado oculto de coisas e fenômenos seria uma estratégia substancial para a nossa sobrevivência e expansão. É com base em pressupostos como o mencionado anteriormente que nesta nova série de trabalhos me disponho a refletir seredipticamente sobre o tempo histórico em que vivemos, época pautada pelo embate crítico do homem com a tecnologia. O processo de pesquisa orgânico, intuitivo e antropofágico fez com que se estabelecessem diálogos com minha produção anterior. É possível reconhecer ideias, conceitos, citações e reconfigurações de obras das séries in between, Mindscapes e Reconhecimento de Padrões. A narrativa não linear proposta pelo conjunto de obras sugere um iceberg que contrapõe a “inteligência natural”, desenvolvida pelo Sapiens durante milênios, à inteligência artificial sintética, exponencial e singular dos computadores atuais. coda: Os seres humanos somos basicamente água e, como icebergs, nos desprendemos da nossa matriz para esquivar os atritos da vida até o nosso corpo sucumbir. Nunca vi um iceberg, embora seja um. Fernando Velázquez junho, 2018


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Poetic license functions like a hiatus in the atrophy of a social, political, military or economic crisis. Through the gratuity or the absurdity of the poetic act, art provokes a moment of suspension of meaning, a brief sensation of senselessness that reveals the absurd of the situation and, through this act of transgression, makes you step back or step out and revise your prior assumptions about this reality. And when the poetic operation manages to provoke that sudden loss of self that itself allows a distancing from the immediate situation, then poetics might have the potential to open up a political thought. Francis Alys


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An iceberg is a mountain of ice that, after breaking loose from a glacier, wanders around the oceans and seas until it disappears. Islands, even continents adrift, the icebergs are fascinating, fragile and powerful, beautiful and daunting. They are ephemeral and elegantly materialize nature in its course. The image of the iceberg raises countless thoughts in my mind, but what really awakens my curiosity and my imagination is the fact that the largest part of an iceberg remains hidden, dormant, and invisible to our eyes. This aspect led me to elaborate a series of allegories – for example, that the unconscious was the invisible part of an iceberg called consciousness. We know that our senses are able to assess a limited portion of the environment’s information. What we can access is necessarily smaller than what we could actually know. Thus, provoking the curiosity to search for the occult side of things and phenomena would be an essential strategy for our survival and expansion. It is based on suppositions such as these that, in this new series, I wish to reflect on the historical time in which we live in, a time ruled by the critical conflict between men and technology. The non-linear narrative proposed by this body of works suggests an iceberg that opposes the “natural intelligence” developed by Homo sapiens during millennia to the artificial, synthetic, exponential and singular intelligence of current computers. coda: Human beings are basically water and, like icebergs, we break loose from our matrix to escape the frictions in life until our bodies succumb. I have never seen an iceberg, though I am one. Fernando Velázquez June, 2018


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La licencia poética opera como un hiato, un “agente provocador”, un cortocircuito, en la atrofia de una situación que se encuentra en un estado de letargo político, social, confesional, étnico, económico o militar. A través de la naturaleza absurda y a veces impertinente del acto poético, el arte provoca un momento de suspensión del significado, una sensación de falta de sentido que puede revelar lo absurdo de la situación. A través de este acto de transgresión, el acto poético propone por un instante un paso atrás en las circunstancias. En resumen, hace que uno vea las cosas de manera diferente. Francis Alys


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Un iceberg es una bloque de hielo que después de desprenderse de un glaciar, vaga por los océanos y mares hasta desaparecer. Islas, a veces continentes a la deriva, los icebergs son fascinantes, frágiles y poderosos, hermosos y amedrontadores. Efímeros, materializan elegantemente la naturaleza en proceso. Son innumerables los pensamientos que la figura del iceberg dispara en mí, pero lo que más despierta mi curiosidad e imaginación es el hecho de que la mayor parte de un iceberg queda oculta, latente, intuida, a priori invisible a nuestros ojos. Esta característica me llevó a pensar una serie de alegorías, como por ejemplo, la de que el inconsciente sería la parte invisible de un iceberg llamado conciencia. Sabemos que los sentidos captan un recorte limitado de informaciones sobre el ambiente. Necesariamente el campo de lo que conocemos será siempre menor que el campo de lo que sería posible conocer. Así, aguzar el olfato en busca del lado oculto de las cosas y de los fenómenos sería una estrategia sustancial para nuestra sobrevivencia y expansión. Es sobre la base de presupuestos como los antes mencionados que en esta nueva serie de trabajos me dispongo a reflexionar serendípticamente sobre el tiempo histórico en que vivimos, época pautada por el embate crítico del hombre con la tecnología. La narrativa no lineal propuesta por el conjunto de obras sugiere un iceberg que contrapone la “inteligencia natural” desarrollada por el Homo Sapiens durante milenios a la inteligencia artificial sintética, exponencial y singular de las computadoras actuales. El proceso de investigación fue orgánico, intuitivo y antropofágico, lo que provocó diálogos con mi producción anterior. Es posible reconocer ideas, conceptos, citas y reconfiguraciones de obras de las series, Mindscapes y Reconocimiento de Padrones e in between. coda: Los seres humanos somos básicamente agua, y, como icebergs, nos desprendemos de nuestra matriz para esquivar los atritos de la vida hasta que nuestro cuerpo sucumbe. Nunca he visto un iceberg, aunque que me considere uno. Fernando Velázquez junio, 2018


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da sĂŠrie Iceberg, loop (mente a mente) neon, 150 x 70 cm, 2018

from the Iceberg series, loop (mente a mente) neon, 150 x 70 cm, 2018 Mind and Lie are the same word in portuguese


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de la serie Iceberg, loop (mente a mente) neĂłn, 150 x 70 cm, 2018 En portuguĂŠs, mente y miente son la misma palabra


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Totem Mangue madeira, placa customizada, microcontrolador, sonar, motor servo, display de led, led, alto-falante, laser Mangue Totem wood, customized board, microcontroller, sonar, servo motor, led display, led, speaker, laser Toten Mangue madera, placa customizada, microcontrolador, sonar, motor siervo, display de led, led, parlante, laser


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Um Iceberg é uma montanha de gelo que após se desprender de uma geleira vagueia por oceanos e mares até desaparecer. Efêmeros, (os icebergs) materializam elegantemente a natureza em processo. Os seres humanos são basicamente água e, como icebergs, nos desprendemos da nossa matriz para esquivar os atritos da vida até o nosso corpo sucumbir. Nunca vi um Iceberg embora seja um. Fernando Velázquez, inverno de 2018.

Fluxo-circuito Por Daniela Bousso Mais que uma instalação, Iceberg é uma intervenção que flagra duas mudanças substanciais entre o Séc. XX e o Séc. XXI: a da noção de espaço e a da representação. Fernando Velázquez desloca o conceito de lugar a partir da criação de espacialidades que não se ordenam mais pela ideia de fixidez, que tentam desprender-se da ideia de espaço-tempo. Seu território agora é movediço, é o espaço líquido engendrado por Bauman1 que fala mais alto e a imagem já não representa. Em sua latência e invisibilidade, apenas integra-se a uma reconcepção fílmica que abre mão da narrativa e da montagem linear, para configurar um fluxo imaterial e fictício, no qual a emoção não encontra um ponto de apoio. Jacques Rancière afirma que as imagens de um dado sistema (ligado ao espetáculo) podem evitar se tornarem cúmplices desse mesmo sistema, desde que se contraponham à sua própria passividade enquanto imagens e à sua exitência alienada. Para o filósofo, o único modo de contraposição seria incorporar uma “ação viva” que abolisse as imagens (da tela) e as mergulhassem nas trevas. Só assim existiria uma real oposição ao engodo do espetáculo.2 Pois bem, a desintegração das imagens operada em Iceberg agora é central. Se antes o artista trabalhava com a fusão de diferentes realidades, agora surge a dissolução da realidade, uma ação de des-representação em sua obra. Emergem as subjetividades pela criação do vazio, do desencontro, pela imobilidade e pela ausência de imagens. Adentrar o espaço de Iceberg significa ser imediatamente transportado à uma experiência de estranhamento. Ao som de megafones, estamos sem chão em Iceberg. Sob os nossos pés, por vezes se insurge a luminosidade azul de um laser, resto de pictorialidade, quase nada, a disruptura. Sobre as nossas cabeças paira um laser de fogo, o vermelho. Azul e vermelho estabelecem dois campos de força ortogonais, que podem aludir à Nasa, ou a práticas militares. Criar o abismo é mais eficaz para refletir sobre o tempo em que vivemos. Som e espacialidade se espraiam e desconstroem o ímpeto físico do espectador, ele já não se move. Como mover-se aonde o espaço é pura decomposição, tal qual fumaça, que por vezes ali se desprende? Fracionar os espaços, segmentar as mídias que configuram o terreno instalativo também faz parte de um jogo complementar, em que filosofia e palavras parecem ter se tornado vãs.

1 Bauman, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001. 2 Rancière, Jacques. The emancipated Spectator. London: Verso 2011. p. 85-86. ______. En quel temps vivons-nous? Paris: La Fabrique éditions, 2017.


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Por meio da mediação com dispositivos, o artista apresenta o conceito de fluxo em oposição à ideia de finitude. Há mais três obras, cada qual confeccionada com um tipo de mídia. Mas é a marcenaria, resolvida a partir da configuração de totens em madeira crua, quase precária, que define a plasticidade dos trabalhos e de alguma forma os une, costura a exposição. Elemento comum aos dois espaços que abrigam as obras, a madeira confere um caráter tridimensional à mostra. Dotada de várias camadas, a obra se expande para além dos sensores, da programação e da robótica que permeia a instalação. Do lado de fora da intervenção espacial convivem objetos interativos, desmembrados da instalação, para promover ações entre obra e espectador. Neon para configurar um poema visual, com os dizeres “Loop (mente a mente)”, trocadilho que se refere aos programas mais básicos da tecnologia e alude à questões éticas da invasão tecnológica no cotidiano. Nas conexões mente a mente com a alteridade, buscase as características da mente, o que é, aonde está. Um segundo Iceberg - dotado de um joystick e uma prótese auxiliar da visão, um óculos de Realidade Virtual para navegar em 3D – emite mensagens que podem ou não emergir à consciência, e junto a ele o nosso corpo parece flutuar entre formas e cromatismos lisérgicos. Nesta obra, a multiplicidade de camadas e significados passa pelo desejo de nos tirar da crueza do mundo real, para nos colocar em um mundo mais onírico em meio à maleabilidade das formas. Um celular, um toca-discos e um disco em vinil incolor configuram um sistema de Realidade Aumentada que reproduz a sonoridade da instalação que vai acabar como um iceberg, evanescendo-se em sua efemeridade. A obra discute os ciclos dos objetos tecnológicos e sua obsolescência frente às exigências de perenidade do mercado de arte. Enfim, os significados tornam-se mais claros à medida em que as diferentes plataformas são desmembradas. Iceberg é uma obra sem imagens ou índices exatos, sua programação cria apenas fragmentos, abstrações. Seus insumos estão sob o signo dos desmanches, das fissuras expandidas em descontinuidades, do “embate crítico do homem com a tecnologia”, nas palavras do próprio Velázquez. Ainda que os nossos corpos busquem os sensores de presença que acionam a vinda dos textos e lasers no espaço instalativo, as frases se esvaem. A não linearidade dialoga com a ideia de desaparição e desintegração. A obra cria uma espécie de ficção sem narrativa, uma não-cartografia que flui sem topos, sem perspectiva central. A superfície não planar e flutuante torna o nosso corpo vulnerável, pois elimina qualquer racionalidade possível via a concepção de um espaço anti-renascentista.


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A ausência da perspectiva e o aniquilamento de séculos de filosofia entrelaçam-se no espaço da instalação. Não há um espaço topológico urbano a ser explorado, não mais deambulações aleatórias pelas metrópoles, como ocorria nas cidades surrealistas do Modernismo. Priscila Arantes observou que “a cidade dos surrealistas revela espaços que, tais como os sonhos, trazem encruzilhadas, trechos contraditórios que se misturam produzindo, muitas vezes, curto-circuitos iluminados (iluminação profana)”. Ela comenta, ainda, que Walter Benjamin, em Passagens, aborda a ideia de cidade como “eco da história, das vozes, desejos, sonhos e memórias que compõem o cenário social”3. E ao percebermos Iceberg, como ficamos, será que poesia, estética, desejos, trabalho, memórias, sonhos e existência, teriam se tornado vozes nulas no estágio da vida atual? Tudo se perde frente à corredeira das projeções, dos excertos de textos filosóficos; nas palavras por vezes ilegíveis, na velocidade imposta pela programação da obra, na luz que rasga o espaço expositivo, arena aonde já não há gladiadores. Imagens extraídas do Google Maps são transformadas em lugares sem contorno, sem forma, a intervenção proposital da luz anula contrastes, vaza, invade e dilui as formas. Amnésia, como se a memória tivesse sofrido um apagamento paradigmático. Como um adeus às utopias modernas, fugazes são as frases dos filósofos, inapreensíveis na projeção. No jorro das palavras sobrepostas que subjazem ao excesso de luz, a cegar nossos olhares, tudo se insurge inútil, sem retorno, como se um fenômeno da natureza invadisse a ciência e destruísse o conhecimento acumulado por séculos, varrido sob o tapete do desperdício, de um consumo sem fim. Mesmo os aspectos pictóricos, síntese característica da parte materializada na obra de Fernando até então, agora estão quase ausentes em Iceberg. Quase não há vestígios de pintura ali, apenas os azuis e vermelhos dos lasers atestam um cromatismo persistente, um corpo estranho aos elementos que ali habitam. Do nosso corpo imóvel só restam olhos que se movem inquietos, em busca de uma visão imagética clara, mas o que vemos? Quase nada, redução, ponto quase zero. Mas quase é ainda um vestígio de existência, e mesmo que nada haja a ser consumido, se houvesse, teria que ser algo da ordem do impossível, à revelia do algoritmo. É de uma realidade impalpável que nos fala Velázquez, aonde tudo parece desembarcar em terras que não fixam mais os nossos corpos. Tudo parece confluir para o drama da impossibilidade. Hoje o encontro dos pontos nodais do rizoma de Deleuze, também característico em sua obra em momentos anteriores, torna-se improvável. Foi-se a dobra, o ponto de inflexão. Agora não há caminhada, só mesmo deriva em flutuação, não mais situacionistas ou nomadistas. Houve um escape, um acidente, agora a palavra deriva adquire outro sentido, quando se assentam as derivas dos naufrágios, dos locationless*. São derivas outras, entrópicas, das migrações malfadadas, num planeta com os anos contados**, em que o direito de trânsito e acesso perdeu-se.

3 Arantes, Priscila. Cartografias líquidas: a cidade como escrita ou a escrita da cidade. In: Bambozzi, Lucas; Bastos, Marcus; Minelli, Rodrigo. Mediações, tecnologia e espaço público. São Paulo: Conrad Editora do Brasil, 2010. p. 79-80.


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Se não é exatamente deste lugar que ecoa a voz do artista, pelo menos é neste lugar que ele coloca o nosso corpo para evocar a nossa consciência. Lugar de deslocalização, des-lugar, Velázquez promove um circuito, ou melhor um curto-circuito advindo do fluxo, e estabelece uma paisagem mental junto ao espectador, um campo minado, locationless. Ele como Iceberg – eis uma bela metáfora – enquanto almeja desprender-se da geleira, ou da nossa matriz, quem sabe a tradição da modernidade? A partir da experiência de mediação oferecida por esta obra, aonde a enchente da ausência é capaz de potencializar o nada e o vazio, o artista elabora uma fricção poética e filosófica, um fluxo-circuito entre corpo do espectador e dispositivos de interatividade, ferramentas nem sempre tão lúdicas da arte contemporânea, mas que tem o poder de nos propiciar deslocamentos e trânsito entre linguagens. Como bem afirmou Fernando Velázquez em seu texto de apresentação, a estratégia de busca do lado oculto das coisas e fenômenos seria um modo de sobrevivência e expansão.

*Locationless: aparentemente o termo não existe, mas aqui foi cunhado pela autora do texto para expressar a ideia de sem-lugar, sem-espaço, ou o modo contemporâneo de sub-vida, característico das migrações atuais sobre a terra. **Em recente congresso na Noruega, Stephen Hawking afirmou que devemos deixar a terra em 30 anos. O físico afirma que a destruição da terra por asteróides já é fato, bem como o excesso demográfico e as temperaturas elevadas, é só uma questão de tempo. Para ele, é crucial começarmos a criação de colônias em Marte e na Lua levando plantas, animais, fungos e insetos, o que seria o início da criação de um novo mundo. https://oglobo.globo.com/sociedade/humanidade-podera-ser-extinta-em-30-anos-diz-stephenhawking-21498717


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Desenho, 2018, dimensĂľes variĂĄveis

Dibujo, 2018, dimensiones variables

Drawing, 2018, variable dimensions


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“An iceberg is a mountain of ice that, after detaching from a glacier, wanders the oceans and seas until it disappears. They are ephemeral and elegantly materialize nature in process. Human brings are basically made of water and, like icebergs, we detach from our matrix to avoid life’s conflicts until our bodies succumb. I have never seen an iceberg even though I am one.” Fernando Velázquez, winter 2018.

Circuit-flow by Daniela Bousso More than an installation, Iceberg is an intervention that captures two significant changes between the 20th and the 21st centuries: the notion of space and representation. Fernando Velázquez alters the concept of “place” by creating spaces that aren’t organized by the idea of fixture, that try to break loose from the idea of space-time. This territory is shaky, it is the liquid space construed by Bauman1 that speaks louder and the image cannot represent it anymore. In its latency and invisibility, it integrates with a film re-conception that gives up the linear narrative in order to configure an immaterial and fictitious flow, in which emotions aren’t supported. Jacques Rancière states that images from a given system (associated to spectacle) can avoid becoming accomplices to this very system, as long as they oppose their own inaction as images and their own alienated existence. For the philosopher, the only way to counter something is to incorporate a “living action” that abolished images (from screens) and sent them into darkness. Only then there would be a real opposition to the deception of the spectacle.2 The disintegration of images that Iceberg operates is now central. If before the artist worked merging different realities, now the dissolution of reality arises, an action of un-representing in his work. And thus, subjectivities emerge from the void, from divergence, from immobility and from the absence of images. Entering Iceberg means being immediately transported to a strange experience. To the sound of megaphones, we loose the ground in Iceberg. Under our feet, sometimes, a blue light comes from a laser, a vestige of the pictorial, disruptive. A fire-red laser hovers over our heads. Blue and red establish two orthogonal force fields that evoke NASA or military practices. Creating an abyss is a more effective way to reflect on the time we live in. Sound and space spread and deconstruct the spectators’ physical impulse – they don’t move. How can one move around in a space that is pure decomposition, like smoke? Fractioning spaces, segmenting the mediums that conform the installation is also part of an additional game, in which philosophy and words seem to have become useless. 1 Bauman, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001. 2 Rancière, Jacques. The emancipated Spectator. London : Verso, 2011. p. 85-86. ______. En quel temps vivons-nous? Paris: La Fabrique éditions, 2017.


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Through the mediation of devices, the artist presents the idea of flow in opposition to the concept of finitude. There are three more works, each produced in a different medium. But the woodwork – addressed through the configuration of almost precarious wooden totems – that defines the plasticity of the pieces and, somehow, brings them together. Wood gives the exhibition a three-dimensional aspect, as it is a common element to both spaces in the show. With several layers, the work expands beyond the sensors, the programming and the robotics that permeate the installation. Outside the spatial intervention there are interactive objects, separated from the installation to promote actions between the work and the spectators. A neon piece configures a visual poem: “loop (mente a mente)”*, a wordplay that refers to the most basic technology programs and evokes ethical questions surrounding the technological invasion in our daily lives. In the connections between minds, one seeks the mind’s characteristics, what it is, where it is. A second Iceberg – with a joystick and auxiliary vision prosthesis, virtual reality glasses to navigate in 3D – it emits messages that can emerge in our consciousness or not, and our bodies seem to float between the lysergic shapes and colors. In this work, the various layers and meanings pass through our desire to escape the rawness of the real world, to put us in a more oneiric place within the malleability of the shapes. A cellphone, a record player and a colorless vinyl disc conform a system of Augmented Reality that reproduces the installation’s sounds, which will end up like an iceberg, disappearing in its ephemerality. The work debates the cycles of technological objects and their obsolescence in the face of the art market’s demands for perpetuity. The significance becomes clearer as different platforms are broken loose. Iceberg is an artwork without images or exact contents, its programming only creates fragments, abstractions. It operates under the signs of dismantling, of discontinued expanded ruptures, of the “critical clash between men and technology”, as Velázquez himself puts it. Even though our bodies seek the presence sensors that activate the texts and lasers in the installation, the phrases fade away. The non-linearity is associated to the idea of disappearance and disintegration. The work creates a kind of fiction without a narrative, a noncartography that flows without a topos, with no central perspective. The floating irregular surface makes our bodies vulnerable, for it eliminates any possible rationality through the conception of an anti-Renaissance space.


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The absence of perspective and the annihilation of centuries of philosophy intertwine in the installation. There isn’t a urban space to be explored; there is no random wandering through the cities like in the modernist surrealist towns. Priscila Arantes noted that “the surrealist city reveals spaces that, like dreams, bring crossroads, contradictions that are merged and produce illuminated shortcircuits (profane illumination”. She also comments that Walter Benjamin, in The Book of Passages, approaches the idea of a city as the “echo of history, of voices, desires, dreams and memories that compose the social scenario”.3 And when seeing Iceberg, where does it leave use; have poetry, aesthetics, desires, work, memories, dreams and existence become null voices in our current lifetime? Everything is lost in the rapids of projections, philosophical essays’ excerpts; in the sometimes illegible words, in the speed imposed by the work’s programming, in the light that tears the exhibition space, and arena where gladiators are long gone. Images from Google Maps are transformed into shapeless places; an intentional light intervention voids the contrasts, leaks out, invades and dilutes the shapes – amnesia, as if memory had suffered a paradigmatic erasing. Like a goodbye to modern utopias, the philosophical phrases are fleeting, elusive in the projection. In the flush of superimposed words underlining the light, blinding our eyes, everything becomes useless, with no return, as if a natural phenomenon invaded science and destructed the knowledge accumulated for centuries, swept under the rug of waste, of endless consumerism. Even the pictorial aspects, a characteristic aspect materialized in Fernando’s work up to this point, is now practically lacking in Iceberg. There are nearly no vestiges of painting there, just the blue and red lasers that attest to a persistent chromaticism, a foreign body within the other elements. From our motionless bodies only our eyes move restlessly, seeking a clear image, but what do we see? Almost nothing, reduction, point nearly zero. But nearly is still a vestige of existence, even if there’s nothing to be consumed – if there were, it would have to be something in the order of the impossible, contradicting the algorithm. Velázquez is talking about an impalpable reality, where everything seems to reach places that cannot fix our bodies anymore. Everything seems to move towards the drama of impossibility. Today the meeting of the nodal points in Deleuze’s rhizome, also present in some of his previous works, becomes improbable. The fold, the turning point, is gone. Now there is no more walking, only drifting, floating; no more Situationists or nomads. There has been an escape, an accident, and the word “drift” gains new meaning when the drifting of shipwrecks or of locationless** people settles. These are new drifts, entropic, from ill-fates migrations, in a planet with a finite life***, in which the right to move around is lost.

3 Arantes, Priscila. Cartografias líquidas: a cidade como escrita ou a escrita da cidade. In: Bambozzi, Lucas; Bastos, Marcus; Minelli, Rodrigo. Mediações, tecnologia e espaço público. São Paulo: Conrad Editora do Brasil, 2010. p. 79-80.


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If the artist’s voice doesn’t echo from this exact location, at least it in this place that he places our bodies to evoke our consciousness. In a place of non-location, Velázquez promotes a circuit, or a short-circuit from the flow, and establishes a mental landscape with the spectator, a minefield, locationless. Him and an Iceberg – here is a beautiful metaphor – while wishing to detach from the glacier, from our matrix, or even, who knows, from modernist traditions. From the mediation experience this works offers, in which the flood of absence is able to enhance nothingness and emptiness, the artist elaborates a poetic and philosophical friction, a “flow-circuit” between the bodies of the spectators and the interactive devices, tools that aren’t always playful in contemporary art, but which hold the power to displace and move us between languages. As Fernando Velázquez states in his essay, the strategy of looking for the hidden side of things and phenomena would be a way of surviving and expanding.

*NT. In Portuguese, the word “mente” can mean “mind”, as well as “lie”, so the artist uses this to create a sort of wordplay, meaning either/both “mind to mind” or “the mind lies”. **Locationless: apparently the term doesn’t exist, but it was created by the author to express the idea of a non-place, non-space, or the contemporary way of sub-life typical of current migrations. ***In a recent congress in Norway, Stephen Hawking stated that we sill leave earth in 30 years. The physicist stated that the destruction of earth by asteroids is a given fact, as well as the overpopulation and the elevated temperatures – it’s only a matter of time. For him, it is crucial to start creating colonies on Mars and on the Moon, taking plants, animals, fungi and insects, in what would be the creation of a new world. https://oglobo.globo.com/sociedade/humanidade-podera-ser-extinta-em-30-anos-diz-stephenhawking-21498717


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Desenho, 2018, dimensĂľes variĂĄveis

Dibujo, 2018, dimensiones variables

Drawing, 2018, variable dimensions


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Un iceberg es una bloque de hielo que después de desprenderse de un glaciar, vaga por los océanos y mares hasta desaparecer. Efímeros, materializan elegantemente la naturaleza en proceso.Los seres humanos somos básicamente agua, y, como icebergs, nos desprendemos de nuestra matriz para esquivar los atritos de la vida hasta que nuestro cuerpo sucumbe. Nunca he visto un iceberg, aunque que me considere uno. Fernando Velázquez, invierno de 2018.

FLUJO-CIRCUITO Por Daniela Bousso Más que una instalación, Iceberg es una intervención que flagra dos cambios sustanciales entre el siglo XX y el siglo XXI: la de la noción de espacio y la de la representación. Fernando Velázquez desplaza el concepto de lugar a partir de la creación de espacialidades que no se ordenan más por la idea de lo fijo, si no que intentan desprenderse de la idea de espacio-tiempo. Su territorio ahora es movedizo, es el espacio líquido engendrado por Bauman1 que habla más alto y la imagen ya no representa. En su latencia e invisibilidad, sólo se integra a una reconcepción fílmica que se desapega de lo narrativo y del montaje convencional, para configurar un flujo inmaterial y ficticio, en el que la emoción no encuentra un punto de apoyo. Jacques Rancière afirma que las imágenes de un sistema dado (ligado al espectáculo) pueden evitar convertirse en cómplices de ese mismo sistema, desde que se contrapongan a su propia pasividad como imágenes, y a su existencia alienada. Para el filósofo, el único modo de contraposición sería incorporar una “acción viva” que acabe con las imágenes (de la pantalla) y las submerja en tinieblas. Sólo así existiría una verdadera oposición al engaño del espectáculo.2 Por cierto, la desintegración de las imágenes operada en Iceberg ahora es central. Si antes el artista trabajaba con la fusión de diferentes realidades, ahora surge la disolución de la realidad, una acción de des-representación en su obra. Se sobresalen las subjetividades por la creación del vacío, del desencuentro, la inmovilidad y la ausencia de imágenes. Adentrar el espacio de Iceberg significa ser inmediatamente transportado a una experiencia de extrañamiento. Al sonido de megáfonos, estamos sin suelo en Iceberg. Bajo nuestros pies, a veces se insurge la luminosidad azul de un láser, resto de pictorialidad, casi nada, la disrupción. Sobre nuestras cabezas, un láser de fuego, el rojo. Azul y rojo establecen dos campos de fuerza ortogonales, que pueden aludir a la NASA, o a prácticas militares. Crear un abismo es más eficaz para reflexionar sobre el tiempo en que vivimos. El sonido y la espacialidad se expanden y deshacen el ímpetu físico del espectador, que ya no se mueve. ¿Cómo moverse donde el espacio es pura descomposición, tal cual humo, que a veces de allí se desprende? Fraccionar los espacios, segmentar los medios que configuran el terreno instalativo también forma parte de un juego complementario, en que filosofía y palabras parecen haberse vuelto vanas. 1 2

Bauman, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001. Rancière, Jacques. The emancipated Spectator. London : Verso, 2011. p. 85-86.


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Por medio de la mediación con dispositivos, el artista presenta el concepto de flujo en oposición a la idea de finitud. Hay otras tres obras, cada una confeccionada con un medio diferente. Pero es la carpintería, resuelta a partir de la configuración de totems en madera cruda, casi precaria, que define la plasticidad de los trabajos y de alguna forma los une y costura la exposición. Elemento común a los dos espacios que albergan las obras, la madera confiere un carácter tridimensional a la muestra. Dotada de varias capas, la obra se expande más allá de los sensores, de la programación y de la robótica que permea la instalación. En el exterior de la intervención espacial conviven objetos interactivos, desmembrados de la instalación, para promover acciones entre obra y espectador. Un Neon para configurar un poema visual, con las palabras “loop (mente a mente)”*, juego de palabras que se refiere a los programas más básicos de la tecnología y alude a las cuestiones éticas de la invasión tecnológica en el cotidiano. En las conexiones mente la mente con la alteridad, se buscan las características de la mente, lo que es, adónde está. Un segundo Iceberg - dotado de un joystick y una prótesis auxiliar de la visión, una gafas de Realidad Virtual para navegar en 3D - emite mensajes que pueden o no emerger a la conciencia, y junto a él nuestro cuerpo parece flotar entre formas y cromatismos lisérgicos. En esta obra, la multiplicidad de capas y significados pasa por el deseo de sacarnos de la crudeza del mundo real, para colocarnos en un mundo más onírico en medio de la maleabilidad de las formas Un celular, un tocadiscos y un disco de vinilo incoloro configuran un sistema de Realidad Aumentada que reproduce la sonoridad de la instalación y que va a acabar como un iceberg, evanesciéndose en su efemeridad. La obra discute los ciclos de los objetos tecnológicos y su obsolescencia frente a las exigencias de perennidad del mercado de arte. En fin, los significados se vuelven más claros a medida que las diferentes plataformas son desmembradas. Iceberg es una obra sin imágenes o índices exactos, su programación crea sólo fragmentos, abstracciones. Sus insumos están bajo el signo de los desmanes, de las fisuras expandidas en discontinuidades, del “choque crítico del hombre con la tecnología”, en las palabras del propio Velázquez. Aunque nuestros cuerpos busquen los sensores de presencia que accionan la llegada de los textos y lasers en el espacio instalativo, las frases se desvanecen. La no linealidad dialoga con la idea de desaparición y desintegración. La obra crea una especie de ficción sin narrativa, una no-cartografía que fluye sin topos, sin perspectiva central. La superficie no planar y flotante hace que nuestro cuerpo sea vulnerable, pues elimina cualquier racionalidad posible a través de la concepción de un espacio anti-renacentista.


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La ausencia de la perspectiva y el aniquilamiento de siglos de filosofía se entrelazan en el espacio de la instalación. No hay un espacio topológico urbano a ser explorado, no más deambulaciones aleatorias por las metrópolis, como ocurría en las ciudades surrealistas del Modernismo. Priscila Arantes observó que “la ciudad de los surrealistas revela espacios que, como los sueños, traen encrucijadas, fragmentos contradictorios que se mezclan produciendo, a menudo, cortocircuitos iluminados (iluminación profana). Ella comenta también que Walter Benjamin, en Pasajes, aborda la idea de ciudad como “eco de la historia, de las voces, deseos, sueños y memorias que componen el escenario social”.3 Y al percibir Iceberg, ¿cómo quedamos, será que poesía, estética, deseos, trabajo, memorias, sueños y existencia, se habrían convertido en voces nulas al dia de hoy? Todo se pierde frente a la secuencia de las proyecciones, de los extractos de textos filosóficos; en las palabras a veces ilegibles, en la velocidad impuesta por la programación de la obra, en la luz que rasga el espacio expositivo, arena donde ya no hay gladiadores. Las imágenes extraídas de Google Earth se transforman en lugares sin contorno, sin forma, la intervención intencional de la luz anula contrastes, vaza, invade y diluye las formas. Amnesia, como si la memoria hubiera sufrido un borrón paradigmático. Como dando adiós a las utopías modernas, fugaces son las frases de los filósofos, inapreensibles en la proyección. En la cascada de palabras superpuestas que subyacen al exceso de luz, a cegar nuestras miradas, todo se insurge inútil, sin retorno, como si un fenómeno de la naturaleza invadiera la ciencia y destruyese el conocimiento acumulado por siglos, barrido bajo la alfombra del desperdicio, del consumo sin fin. Incluso los aspectos pictóricos, síntesis característica de la parte materializada en la obra de Fernando hasta entonces, ahora están casi ausentes en Iceberg. Casi no hay vestigios de pintura allí, sólo los azules y rojos de los láser atestan un cromatismo persistente, un cuerpo extraño a los elementos que allí habitan. De nuestro cuerpo inmóvil sólo quedan ojos que se mueven inquietos, en busca de una visión imagética clara, pero ¿qué vemos? Casi nada, reducción, punto casi cero. Pero casi, es todavía un vestigio de existencia, y aunque nada haya para ser consumido, si hubiera, tendría que ser algo del orden de lo imposible, a contragusto del algoritmo. Es de una realidad impalpable que nos habla Velázquez, donde todo parece desembarcar en tierras que no fijan más nuestros cuerpos. Todo parece confluir para el drama de la imposibilidad. Hoy el encuentro de los puntos nodales del rizoma de Deleuze, también característico en su obra en momentos anteriores, se vuelve improbable. Se fue el pliegue, el punto de inflexión. Ahora no hay caminata, sólo deriva en fluctuación, no más situacionistas o nomadistas. Hubo un escape, un accidente, ahora la palabra deriva adquiere otro sentido, cuando se asientan las derivas de los naufragios, de los locationless**. Son derivadas otras, entrópicas, de las migraciones malfadadas, en un planeta con los años contados ***, en el que se ha perdido el derecho de acceso y tránsito. 3 Arantes, Priscila. Cartografias líquidas: a cidade como escrita ou a escrita da cidade. In: Bambozzi, Lucas; Bastos, Marcus; Minelli, Rodrigo. Mediações, tecnologia e espaço público. São Paulo: Conrad Editora do Brasil, 2010. p. 79-80.


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Si no es exactamente de este lugar que resuena la voz del artista, por lo menos es en este lugar que él pone nuestro cuerpo para evocar nuestra conciencia. El lugar de des-localización, des-lugar, Velázquez promueve un circuito, o mejor un cortocircuito proveniente del flujo, y establece un paisaje mental junto al espectador, un campo minado, inasequible. Él como Iceberg - es una hermosa metáfora - mientras anhela desprenderse del glaciar, o de nuestra matriz, ¿quién sabe la tradición de la modernidad? A partir de la experiencia de mediación ofrecida por esta obra, donde la inundación de la ausencia es capaz de potenciar la nada y el vacío, el artista elabora una fricción poética y filosófica, un flujo-circuito entre el cuerpo del espectador y dispositivos de interactividad, herramientas ni siempre tan lúdicas del arte contemporáneo, pero que tienen el poder de propiciar desplazamientos y tránsito entre lenguajes. Como bien afirmó Fernando Velázquez en su texto de presentación, la estrategia de búsqueda del lado oculto de las cosas y fenómenos sería un modo de supervivencia y expansión.

* En Portugués, mente y miente son la misma palabra **Locationless: el término no existe, pero aquí fue acuñado por la autora del texto para expresar la idea de sin lugar, sin espacio, o el modo contemporáneo de subsistencia, característico de las migraciones actuales sobre la tierra. ***En un reciente congreso en Noruega, Stephen Hawking afirmó que debemos dejar la tierra en 30 años. El físico afirma que la destrucción de la tierra por asteroides ya es un hecho, así como el exceso demográfico y las altas temperaturas, es sólo una cuestión de tiempo. Para él, es crucial comenzar la creación de colonias en Marte y en la Luna llevando plantas, animales, hongos e insectos, lo que sería el inicio de la creación de un nuevo mundo. https://oglobo.globo.com/sociedade/humanidade-podera-ser-extinta-em-30-anos-diz-stephenhawking-21498717


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Iceberg Vinil com realidade aumentada, Vinyl and Augmented reality. Vinilo e realidad aumentada

Baixe o aplicativo Iceberg para iOS ou Android no seu celular e aponte a câmara para o rótulo na página ao lado. Você também pode baixar e imprimir os rótulos neste endereço velazquez.com.br/ic e aplicá-los no seu vinil favorito. Download the Iceberg app for iOS or Android on your phone and point the camera to the label on the next page. You can even download and print the labels at this address velazquez.com.br/ic and apply them on your favorite vinyl. Descargue la aplicación Iceberg para iOS o Android en su teléfono y apunte la cámara al rótulo en la página al lado. Usted puede también descargar e inprimir los rótulos en esta dirección velazquez.com.br/ic y aplicarlos en su vinilo favorito.


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US/UK World Magnetic Model - Epoch 2015.0 Main field declination (D)

Contour interval: 2 degrees, red contours positive (east); blue negative (west); green (agonic) zero line. South Polar Region. Polar Stereographic Projection Map developed by NOAA/NGDC & CIRES. http://ngdc.noaa.gov/geomag/WMM Map reviewed by NGA and BGS. Published December 2014


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Fernando Velázquez - Iceberg Por Josué Mattos Iceberg (2018) está cercada por máquinas que estruturam o espaço com linhas retas esvoaçantes. Com formato que se assemelha a corpos longilíneos, ultrapassam levemente as cabeças daqueles que observam imagens aéreas projetadas no chão. Por vezes as linhas vermelhas que produzem sequer são percebidas, enquanto constroem estruturas de cerceamento. Com desejos próprios, apesar de vulneráveis aos cabos condutores de eletricidade, constroem teias provisórias. Vigiam-nos por toda a parte, de alto a baixo. Enredam quem busca apreender, em ritmo acelerado, o que está à volta. Parecem arquivar e preservar o conhecimento produzido ao longo de milênios. Confundidas com a topografia vista de cima em sobrevoo, as máquinas se tornam as hospedeiras de pensamentos evasivos que revisam ou inauguram reflexões equivalentes ao que resta acessar desde a ponta do iceberg. Enunciados aparecem e somem em questão de segundos. Acompanhados do nome do autor e do período no qual estão inscritos, evocam experiências perenes, introduzem perguntas com pequenos excertos de pensamentos afirmativos, como se apresentassem o corpo transportado pelas invisibilidades que carrega. Entregam chaves de leitura do mundo por meio de colagens de pensamentos, enquanto uma mira busca incansavelmente por algo em diferentes partes do iceberg. O ato de mirar e sobrevoar a paisagem está na base do surgimento de ideias avulsas que se complementam de maneira anacrônica. Replicadas à exaustão, convidam olhares irrequietos a sobrevoarem áreas desconhecidas, gerando problemas e textos que se lançam ao experimental. A exemplo da morte, percebida como acontecimento a ser experimentado existencialmente. Enquanto a trilha de Iceberg pulsa como que a nos convidar à longa viagem, conduz o sujeito a pensar sobre o fato de nunca haver tido um tempo em que deixasse de existir. Acabo de imaginar que a instalação não é outra coisa senão um rito de passagem aos que pretendem iniciar-se na ideia de que a existência precede a essência e que o invisível do corpo hospeda a parte imperecível que o estrutura. Em conjunto com a razão, seria outra entidade imortal. Noutro instante do percurso, o ato de educar é apresentado como uma experiência processual que surge do confronto com problemas, o que conduz o leitor à parte invisível do iceberg. O inacessível no pensamento exposto pelas sentenças avizinha-se da ideia de que pouco sabemos sobre nossa identidade como um iceberg. O que se aproxima da ideia do artista quando diz ser um iceberg sem, no entanto, nunca tê-lo visto. Ao longo do percurso, a visibilidade pode ser comprometida por quebras de transmissão de informações que se sobrepõem em ritmo acelerado, gerando turbulências e instabilidades no sobrevoo. A mira segue atravessando áreas inóspitas em ritmo frenético quando lemos sobre a felicidade atrelada à diminuição de trabalho. De súbito, vêm à mente avisos de salvaguarda pronunciados na ocasião da decolagem: “em caso de despressurização, observe as máscaras de oxigênio que cairão automaticamente na frente do seu assento. Coloque-as naqueles que necessitam de ajuda apenas depois de tê-la fixado em si mesmo.” O fato de a informação ser esquecida entre um voo e outro faz com que solicitem atenção geral, mesmo de passageiros frequentes. É que esquecer experiências passadas nos condena a repeti-las, diz o iceberg.


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US/UK World Magnetic Model - Epoch 2015.0 Annual Change Horizontal Intensity (H)

Contour interval: 5 nT / year, red contours positive change; blue negative change; green zero change. Mercator Projection. Map developed by NOAA/NGDC & CIRES. http://ngdc.noaa.gov/geomag/WMM Map reviewed by NGA and BGS. Published December 2014


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US/UK World Magnetic Model - Epoch 2015.0 Main field declination (D)

Contour interval: 2 degrees, red contours positive (east); blue negative (west); green (agonic) zero line. North Polar Region. Polar Stereographic Projection. Map developed by NOAA/NGDC & CIRES. http://ngdc.noaa.gov/geomag/WMM Map reviewed by NGA and BGS. Published December 2014


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Fernando Velázquez - Iceberg by Josué Mattos Iceberg (2018) is surrounded by machines that structure the space with flying straight lines. Shaped in a way that evokes slender bodies, they slightly overpass the heads of anyone observing the aerial images projected onto the floor. Sometimes the red lines they emit aren’t perceived, while they conform curbing structures. With a will of their own, despite being vulnerable to the electrical cables, they build provisional webs. They watch us all around, from above. They involve whoever tries to quickly learn what is around. They seem to archive and preserve the knowledge produced throughout millennia. Camouflaged by the topography from above, the machines become hosts for evasive thoughts that review or inaugurate new reflections similar to what we can access from the tip of the iceberg. Phrases appear and disappear in a matter of seconds. Together with their author and date, they evoke lasting experiences, introduce questions with small excerpts of affirmations, as if presenting the body transported by the invisible things it carries. They give away clues for interpreting the world through collages of ideas, while a target tirelessly seeks something all over the iceberg. The act of aiming and overflying the landscape is the base for single ideas that complete each other in an anachronistic manner. They are exhaustively reproduced and invite anxious eyes to scan unknown areas, creating experimental problems and texts; just like death, which is seen as an event to be experimented existentially. While the soundtrack for Iceberg pulses as if inviting us to a long journey, it also conducts spectators to reflect upon the fact that there has never been a time in which it didn’t exist. It just occurred to me that the installation isn’t anything but a rite of passage to the ones who intend to arise in the idea that existence precedes essence and that the invisible parts of our bodies host the imperceptible parts that structure it. Together with reason, it would be another immortal entity. At another point in the path, the act of educating is presented as a process that comes from confronting problems, which leads the spectator to the iceberg’s invisible part. That which cannot be access in the thoughts embodied in the sentences get closer to the idea that we know very little about our identity as an iceberg. This is closer to the artist’s idea when he states he is an iceberg even though he never even saw one. Throughout this journey, our visibility can be diminished by transmission flaws that overlap one another in an accelerated rhythm, creating turbulence and instability in the flight. The target still frenetically crosses inhospitable areas when we read about the happiness that comes from working less. Suddenly, thw warnings isseud during take-off come to mind: “In the unlikely event of a loss of cabin pressure, oxygen masks will drop from the panels above your seat. Secure your own mask first before helping others.” The crew asks all passagens to pay attention because this information could be forgotten between flights, even among frequent flyers. Forgetting past experiences condemns us to repeating them, says the iceberg.


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US/UK World Magnetic Model - Epoch 2015.0 Main Field Declination (D)

Contour interval: 2 degrees, red contours positive (east); blue negative (west); green (agonic) zero line. Mercator Projection. Map developed by NOAA/NGDC & CIRES. http://ngdc.noaa.gov/geomag/WMM Map reviewed by NGA and BGS. Published December 2014


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US/UK World Magnetic Model - Epoch 2015.0 Main field declination (D)

Contour interval: 2 arc-minutes/year, red contours positive (clockwise) change; blue negative (counter clockwise) chancge; green zero change. North Polar Region. Polar Stereographic Projection. Map developed by NOAA/NGDC & CIRES. http://ngdc.noaa.gov/geomag/WMM


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Fernando Velázquez - Iceberg por Josué Mattos Iceberg (2018) está rodeada por máquinas que estructuran el espacio con líneas rectas flotantes. Con formato que se asemeja a cuerpos largos, sobrepasan levemente las cabezas de aquellos que observan imágenes aéreas proyectadas en el suelo. A veces las líneas rojas que producen ni siquiera se perciben, mientras que construyen estructuras de cercado. Con deseos propios, a pesar de ser vulnerables a los cables conductores de electricidad, construyen telas provisionales. Nos vigilan por todas partes, de arriba abajo. Enredan quien busca aprehender, a ritmo acelerado, lo que está alrededor. Parecen archivar y preservar el conocimiento producido a lo largo de milenios. Confundidas con la topografía vista desde arriba en sobrevuelo, las máquinas se convierten en los anfitriones de pensamientos evasivos que revisan o inaugura reflexiones equivalentes a lo que queda de acceder desde la punta del iceberg. Enunciados aparecen y suman en cuestión de segundos. Acompañados del nombre del autor y del período en el que están inscritos, evocan experiencias perennes, introducen preguntas con pequeños extractos de pensamientos afirmativos, como si presentasen el cuerpo transportado por las invisibilidades que lleva. Entregan llaves de lectura del mundo por medio de collages de pensamientos, mientras una mira busca incansablemente por algo en diferentes partes del iceberg. El acto de mirar y sobrevolar el paisaje está en la base del surgimiento de ideas sueltas que se complementan de manera anacrónica. Replicadas al agotamiento, invitan miradas inquietantes a sobrevolar áreas desconocidas, generando problemas y textos que se lanzan al experimental. A ejemplo de la muerte, percibida como acontecimiento a ser experimentado existencialmente. Mientras la senda de Iceberg pulsa como la que nos invita al largo viaje, conduce al sujeto a pensar sobre el hecho de que nunca haya tenido un tiempo en que dejara de existir. Acabo de imaginar que la instalación no es otra cosa que un rito de paso a los que pretenden iniciarse en la idea de que la existencia precede a la esencia y que lo invisible del cuerpo alberga la parte imperecedora que la estructura. En conjunto con la razón, sería otra entidad inmortal. En otro instante del recorrido, el acto de educar es presentado como una experiencia procesal que surge del enfrentamiento con problemas, lo que conduce al lector a la parte invisible del iceberg. El inaccesible en el pensamiento expuesto por las sentencias se avecina de la idea de que poco sabemos sobre nuestra identidad como un iceberg. Lo que se acerca a la idea del artista cuando dice ser un iceberg sin, sin embargo, nunca haber visto. A lo largo del recorrido, la visibilidad puede verse comprometida por saltos de transmisión de informaciones que se superponen a ritmo acelerado, generando turbulencias e inestabilidades en el sobrevuelo. La mira sigue atravesando áreas inhóspitas en ritmo frenético cuando leemos sobre la felicidad ligada a la disminución de trabajo. De repente, vienen a la mente avisos de salvaguardia pronunciados en el momento del despegue: “en caso de despresurización, observe las máscaras de oxígeno que caer automáticamente delante de su asiento. Colocarlas en aquellos que sólo necesiten ayuda después de haberla fijado en sí mismo. “El hecho de que la información sea olvidada entre un vuelo y otro hace que soliciten atención general, incluso de pasajeros frecuentes. Es que olvidar experiencias pasadas nos condena a repetirlas, dice el iceberg.


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US/UK World Magnetic Model - Epoch 2015.0 Annual Change East Component (Y)

Contour interval: 5 nT / year, red contours positive (east) change; blue negative (west) change; green zero change. Mercator Projection. Map developed by NOAA/NGDC & CIRES. http://ngdc.noaa.gov/geomag/WMM Map reviewed by NGA and BGS. Published December 2014


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Desenho, 2018, dimensĂľes variĂĄveis

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ICEBERG Álbum audiovisual e realidade aumentada Audiovisual album and augmented reality Album audiovisual y realidad aumentada ICE / cat# ce.onl_0027 / Contour Editions, NYC-USA TRACKS 01_ B15 AND THE TOP 10 02_ NATURAL INTELLIGENCE 03_ Decreased Reality 04_ THE FUTURE IS STUPID 05_ CODA: GYMNOPÉDIE NO.1 REMIX, THE HETEROTOPIA OF DYSTOPIA Todas as faixas por / all tracks by / todas las músicas por Fernando Velázquez Programação de RA, Ar programming, programación de AR: Nacho Durán Modelagem 3D, 3D modeling, Modelado 3D: Gabriel García Regañon http://www.contoureditions.com


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Contour Editions é uma plataforma focada em apresentar o trabalho de artistas contemporâneos que estão explorando as várias possibilidades de som e imagem em movimento. Nosso objetivo é fazer trabalhos baseados no tempo que estejam engajados com noções de escuta, visão, exploração de mídia, materialidade, processo e conceito. Essas publicações assumem a forma de trabalhos de audição e / ou visualização on-line, instalações sonoras multicanal, material pós-instalação, texto / fala e muito mais. Contour Editions continuou o esforço para atingir o público globalmente em um nível personalizado, facilitando a apresentação de obras de arte originais independentes. Posteriormente, estabelecer uma comunidade de artistas que compartilham interesses semelhantes para instituir de forma incremental um arquivo significativo de obras de mídia. Financiado, curado e dirigido desde 2008 por Richard Garet em NYC, EUA. Contour Editions is a platform focused on presenting the work of contemporary artists that are exploring the various possibilities of sound and moving image. Our objective is to make accessible time-based works that are engaged with notions of listening, vision, media exploration, materiality, process, and concept. These publications take the shape of online listening and/or viewing works, multi-channel sound installations, post-installation material, text/speech, and more. Contour Editions continued effort is to reach audiences globally on a personalized level, facilitating the presentation of independent original works of art. Subsequently, establishing a community of artists sharing similar interests towards incrementally instituting a significant archive of media works. Funded, curated, and directed since 2008 by Richard Garet in NYC, USA. Contour Editions es una plataforma enfocada en presentar el trabajo de artistas contemporáneos que exploran las diversas posibilidades del sonido y la imagen en movimiento. Nuestro objetivo es hacer trabajos basados ​​en el tiempo que estén relacionados con las nociones de escucha, visión, exploración de medios, materialidad, proceso y concepto. Estas publicaciones toman la forma de trabajos de escucha y / o visualización en línea, instalaciones de sonido multicanal, material posterior a la instalación, texto / voz, y más. Contour Editions continuó el esfuerzo para llegar a las audiencias a nivel mundial a un nivel personalizado, facilitando la presentación de obras de arte originales e independientes. Posteriormente, se establece una comunidad de artistas que comparten intereses similares para instituir incrementalmente un archivo significativo de obras de medios. Financiado, curado y dirigido desde 2008 por Richard Garet em NYC, EUA.


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Fluxo-Circuito #01, Imagem digital sobre metacrilato, 40 x 65 cm, 2018 Circuit-flow #01, digital image on plexiglass, 40 x 65 cm, 2018 Flujo-Circuito #01, Imagen digital sobre metacrilato, 40 x 65 cm, 2018


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Fluxo-Circuito #03, Imagem digital sobre metacrilato, 40 x 65 cm, 2018 Circuit-flow #03, digital image on plexiglass, 40 x 65 cm, 2018 Flujo-Circuito #03, Imagen digital sobre metacrilato, 40 x 65 cm, 2018


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Fluxo-Circuito #02, Imagem digital sobre metacrilato, 40 x 65 cm, 2018 Circuit-flow #02, digital image on plexiglass, 40 x 65 cm, 2018 Flujo-Circuito #02, Imagen digital sobre metacrilato, 40 x 65 cm, 2018


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Iceberg Experiência em RV para Oculus Rift, 3’ VR experience for Rift Oculus, 3’ Experienca RV para Oculus Rift, 3’


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Iceberg Experiência em RV para Oculus Rift, 3’ VR experience for Rift Oculus, 3’ Experienca RV para Oculus Rift, 3’


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Iceberg Imagem digital sobre metacrilato Fernando Velázquez, 2018 150 x 100 cm Modelagem 3D Gabriel Díaz Regañon Iceberg digital image on plexiglass Fernando Velázquez, 2018 150 x 100 cm 3D modeling Gabriel Díaz Regañon Iceberg Imagen digital sobre metacrilato Fernando Velázquez, 2018 150 x 100 cm Modelado 3D Gabriel Díaz Regañon


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Iceberg, after B-15 Imagem algorítmica sobre metacrilato Fernando Velázquez, 2018 150 x 100 cm Iceberg, after B-15 algorithmic image on plexiglass Fernando Velázquez, 2018 150 x 100 cm Iceberg, after B-15 Imagen algorítmica sobre metacrilato Fernando Velázquez, 2018 150 x 100 cm


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Fernando Velázquez [Montevidéu, Uruguai, 1970, vive e trabalha em São Paulo] é artista e curador. Suas obras incluem vídeos, instalações e objetos interativos, performances audiovisuais e imagens geradas com recursos algorítmicos. Na sua pesquisa explora a relação entre Natureza e Cultura colocando em diálogo dois tópicos principais, as capacidades perceptivas do corpo humano e a mediação da realidade por dispositivos técnicos. Se interessa pelo cruzamento da arte com outras áreas do conhecimento como a ciência, a filosofia e a antropologia visual de forma a construir processos e metodologias híbridas. Mestre em Moda, Arte e Cultura pelo Senac-SP, pós graduado em Video e Tecnologias On e Off-line pelo Mecad de Barcelona, participa de exposições no Brasil e no exterior com destaque para a The Matter of Photography in the Americas (Cantor Arts Center, Universidade de Stanford, USA, 2018), Emoção Art.ficial Bienal de Arte e Tecnologia (Itaú Cultural, Brasil, 2012), Bienal do Mercosul (Brasil, 2009), Mapping Festival (Suiça, 2011), WRO Biennale (Polônia 2011) e o Pocket Film Festival(Centre Pompidou, Paris, 2007). Recebeu, dentre outros, o Premio Sergio Motta de Arte e Tecnologia (Brasil, 2009), Mídias Locativas Arte.Mov (Brasil, 2008) e o Vida Artificial (Espanha, 2008). Foi professor convidado na PUC-SP, FAAP-SP e Senac-SP e ministra palestras e workshops em instituições públicas, privadas e do terceiro setor como por exemplo, Stony Brook University (Nova Iorque), Cyberfest (São Petesburgo, Rússia), Naustruch (Sabadell, Espanha), Visiones Sonoras (Morelia, México). Tem organizado projetos e exposições como Motomix 2007, Papermind Brasil, Projeto !wr?, Adrenalina e Periscopio. Entre 2015 e 2018 foi o curador e diretor artístico do Red Bull Station em Sao Paulo.


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Fernando Velázquez, [Montevideo, Uruguay, 1970, lives and works in Sao Paulo] is a visual artist and curator. He research in the field of art and technology exploring the sensorial and cognitive capabilities of human body in relation with the increasing mediation of perception expanded by digital devices. He is also interested in the crossing of different fields of knowledge as art, technology, philosophy, neuroscience, among others, as a way to create hybrid process. His work includes videos, interactive installations and objects, audiovisual performances and algorithms images. He has a Master in Fashion, Art and Culture (SENAC_SP), and is pos graduated in Video and on/off line technologies (MECAD- BCN). He has participated in exhibitions in Brazil and abroad, highlighting The Matter of Photography in the Americas (Cantor Arts Center, Stanford University), Emoção Art.ficial Art and Technology Biennial (Instituto Itaú Cultural, Brazil, 2012), Cyberfest (Russia, 2012), Mapping Festival (Switzerland, 2011), WRO Biennale (Poland, 2011), Mercosul Biennale (Brazil, 2009), Live Cinema (Brasil, 2012, 2009) and the Pocket Film Festival at Centre Pompidou (France, 2007). He be honored with the Sergio Motta Art and Technology Award (Brazil, 2009), Locative Media Arte.Mov (Brazil, 2008), Vida Artificial (Spain, 2008) and 2008 Cultures (Spain, 2008) among others. He taught at PUC, FAAP, and SENAC universities in Sao Paulo and had give lectures in public and private institutions as in independent spaces as Stony Brook University (New York), Naustruch (Sabadell, Spain) and Visiones Sonoras (Morelia, México). He has organized many projects and exhibitions and between 2015 and 2018 he was the curator and artistic director of Red Bull Station in Sao Paulo, Brazil.

Fernando Velázquez, [Montevideo, Uruguay, 1970, vive y trabaja en San Pablo] es artista y curador. Sus producción incluye videos, instalaciones y objetos interactivos, performances audiovisuais e imágenes generadas por ordenador. Investiga el entorno Naturaleza/Cultura desde dos perspectivas principales: la capacidad perspectiva del cuerpo humano y la creciente mediación de la realidad por dispositivos tecnológicos. También se interessa por el cruzamiento del arte con la ciencia y la tecnologia investigando procesos creativos híbridos. Posee Maestria en Moda, Cultura y Arte (Senac-SP), Pós-graduación en Video y Tecnologias on y off line (Mecad-BCN). Participa de diversas exposiciones con destaque para: The Matter of Photography in the Americas (Cantor Arts Center, Universidad de Stanford, EUA, 2018), Emoção Art.ficial Bienal de Arte y Tecnologia (Itaú Cultural, São Paulo, Brasil, 2012), Ciberfest (San Petesbrugo, Russia, 2012), Mapping Festival (Ginebra, Suiza, 2011), WRO Biennale (Wroclaw, Polonia, 2011), Bienal del Mercosur (Porto Alegre, 2009) y el Pocket Film Festival (Centre Pompidou, Paris, Francia, 2007). Ha recibido entre otros diversos premios como el Premio Sergio Motta de Arte y Tecnologia (Brasil, 2009), Vida Artificial (Espanha, 2008), 2008 Culturas (Espanha, 2008), Medias Locativas Art.mov (Brasil 2008). Fue comisario de proyectos como: Periscopio (Galeria Zipper, San Pablo, 2016), Adrenalina (Red Bull Station, San Pablo, Brasil, 2015), Festival Multimedios Motomix (San Pablo, Brasil, 2007). Fue professor en universidades como PUC, FAAP y Senac, en San Pablo en cursos relacionados al arte, al audiovisual y las tecnologias del tiempo real. Participa de conferencias y seminarios en diversos países, dentre las que se destacan las ministradas Stony Brook University (New York, EUA, 2015), Visiones Sonoras (Morelia, México, 2014) , Boulder Museum of Contemporary Art (Boulder, EUA, 2014), MediaStruch (Sabadel, Espanha, 2011), eMobilart (Tesalónica, Grecia), entre otros. Fue comisario de proyectos como: Periscopio (Galeria Zipper, San Pablo, 2016), Adrenalina (Red Bull Station, San Pablo, Brasil, 2015), Festival Multimedios Motomix (San Pablo, Brasil, 2007). Entre 2015 y 2018 fue el curador y director artístico de Red Bull Station en San Pablo.


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A imagem da capa foi tirada em 15 de abril de 2005 pela European Space Agency e mostra o Iceberg B-15A, um apêndice do B-15, o maior Iceberg já registrado. Mediu cerca de 295 quilômetros de extensão e 37 quilômetros de largura, com uma superfície de 11.000 quilômetros quadrados - mais ampla que toda a ilha da Jamaica. B-15, que se desprendeu da Plataforma de Gelo Ross na Antártida em março de 2000, se fragmentou em pequenos icebergs, o maior dos quais foi chamado Iceberg B-15A. Em 2003, o B-15A se afastou da Ilha de Ross para o Mar de Ross e se dirigiu para o norte, terminando em vários icebergs menores em outubro de 2005. A imagem da página anterior foi capturada em agosto de 2018 também pela ESA. Provavelmente será a última imagem de um remanescente de B-15. Devido ao seu tamanho atual, o bloco não será mais capturado pelo sistema National ICE Center. A imagem da quarta capa (ESA) mostra B-15 em 21 de janeiro de 2005.

The cover image image was taken on April 15, 2005 by the European Space Agency and shows Iceberg B-15A, an appendix of B-15 the largest Iceberg ever recorded. It measured around 295 kilometres (183 mi) long and 37 kilometres (23 mi) wide, with a surface area of 11,000 square kilometres (4,200 sq mi)—larger than the whole island of Jamaica. Calved from the Ross Ice Shelf of Antarctica in March 2000, Iceberg B-15 broke up into smaller icebergs, the largest of which was named Iceberg B-15A. In 2003, B-15A drifted away from Ross Island into the Ross Sea and headed north, eventually breaking up into several smaller icebergs in October 2005. The image on the oposite page was captured on August 2018 by the same agency, and show what which will probably be the last image of a remnant of B-15, since due to its size, the block will no longer be captured by the National ICE Center system. The four cover image (ESA) shows B-15 on January 21, 2005.

La imagen de la portada fue tomada el 15 de abril de 2005 por la Agencia Espacial Europea y muestra el Iceberg B-15A, un apéndice de B-15, el Iceberg más grande jamás registrado. Midió alrededor de 295 kilómetros (183 millas) de largo y 37 kilómetros (23 millas) de ancho, con una superficie de 11,000 kilómetros cuadrados (4,200 millas cuadradas), más que toda la isla de Jamaica. B-15, que se desprendió de la Plataforma de Ross de la Antártida en marzo de 2000, posteriormente se dividió en icebergs más pequeños, el más grande de los cuales se denominó Iceberg B-15A. En 2003, B-15A se alejó de la Isla Ross por el Mar de Ross y se dirigió al norte, eventualmente dividiéndose en varios icebergs más pequeños en octubre de 2005. La imagen de la página anterior fue capturada en agosto de 2018 por la misma agencia y muestra lo que probablemente será la última imagen de un remanente de B-15. Debido a su tamaño, el bloque ya no será capturado por el sistema National ICE Center. La imagem de la cuarta portada (ESA) muestra B-15 el 21 de enero de 2005.


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Nunca vi um iceberg, embora seja um.

ISBN: 978-85-66065-09-1


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