2ª edição Acervo Educativo | Coleção Assis Chateaubriand do MAC/PE

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COLEÇÃO ASSIS CHATEAUBRIAND DO MAC/PE

2ª edição

Recife, 2015


A História do Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco O Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco (MAC-

Esse museu pertence ao Governo do Estado de Pernambuco

PE) é mais que um museu. É um monumento, datado de

e administrativamente está ligado à Fundação do

1765, que foi planejado a partir de 1722 pelos engenheiros

Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural de Pernambuco

João de Macedo Corte Real e Diogo de Silveira Velozo.

(Fundarpe). A direção do museu, que está cadastrado no

Foi tombado individualmente em 23 de dezembro de 1966 pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Sistema Nacional de Museus, constitui-se de uma chefia com o apoio da Associação dos Amigos do MAC (Aamac).

Por isso, e por se localizar no sítio histórico da cidade de

Hoje, enquanto instâncias relevantes para o

Olinda, é também parte do Patrimônio da Humanidade,

desenvolvimento das funções educativa e formativa, os

tombado que foi pela Organização das Nações Unidas

museus são compreendidos como instituições dinâmicas

para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em

que trabalham com o poder da memória. Com ferramentas

resposta à mobilização do artista plástico e designer

adequadas, que respeitam a diversidade cultural e natural,

pernambucano Aloísio Magalhães, à época Secretário

construindo uma nova via de acesso ao futuro com

Nacional de Cultura do Brasil.

mais justiça social, harmonia, solidariedade, liberdade,

Sua sede foi projetada para abrigar o aljube da diocese de Olinda e Recife, tendo sido a única prisão eclesiástica da qual se tem notícia no Brasil. Foi usada para recolhimento de homens e mulheres acusados de delitos contra a Igreja Católica Apostólica Romana, então sob jurisdição eclesiástica, ou que fossem “pretos, mulatos ou feiticeiros”.

paz, dignidade e direitos humanos, o Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco, através da promoção de cursos, oficinas e projetos culturais e da mostra, em circuito permanente, de seu acervo, tem cumprido bem o seu papel social, contemporâneo e de patrimônio material e imaterial do Brasil e da humanidade.

Com a doação ao Estado de Pernambuco de parte da

Célia Labanca

coleção do Embaixador Assis Chateaubriand, o Governo

DIRETORA DO MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA DE PERNAMBUCO

resolveu por bem instalar nessas dependências o Museu de Arte Contemporânea, que é hoje um complexo cultural. Dele fazem parte a sede do museu, cuja história acima se conta; a Capela de São Pedro Advíncula; e a Praça Assis Chateaubriand, com anfiteatro, ambas em frente à sede, que fica na Rua Treze de Maio, 157, no Varadouro. Ainda fazem parte do museu duas casas construídas com influência da arquitetura do fim do século XIX e início do século XX, denominadas de Reserva Técnica e Galeria Tereza Costa Rêgo, esta última destinada às exposições temporárias de artistas pernambucanos, nacionais e internacionais. O acervo é aberto à mostra pública na sede.

Quem foi Assis Chateaubriand? Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo (Umbuzeiro/PB, 1892 – São Paulo/SP, 1968), mais conhecido como Assis Chateaubriand, foi um dos maiores empreendedores do Brasil nas décadas de 1940 e 1960, destacando-se como jornalista, empresário, político e colecionador de arte. Estudou no Ginásio Pernambucano e, aos 15 anos, entrou para a Faculdade de Direito do Recife, onde se formou. Iniciou sua carreira jornalística escrevendo para o Diario de Pernambuco. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1915 e, tempos depois, tornouse dono de um império jornalístico — os Diários Associados —, sendo também pioneiro da televisão no Brasil, criando a TV Tupi em 1950. Com seu espírito inquieto e empreendedor, foi doador de coleções de obras de grandes artistas,

em sua reserva técnica obras raras, que contam desde

fundando quatro museus no Brasil: o Museu de Arte de São Paulo (Masp), em

o academicismo francês até a contemporaneidade,

1947; o Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco (MAC-PE), em 1966; o

compondo um dos acervos mais importantes do

Museu de Arte Assis Chateubriand (Macc), em Campina Grande (PB); e o Museu

País, com altíssima importância museológica e

Regional de Arte (MRA), em Feira de Santana (BA), ambos em 1967, sendo estes

museográfica por sua consagrada iconografia de

três últimos fundados durante uma campanha nacional para a criação dos

interesse de colecionadores e pesquisadores nacionais

museus regionais, idealizada por Chateaubriand, com o objetivo de possibilitar

e internacionais. Seu total é de mais de 4 mil obras

a descentralização dos museus das grandes metrópoles, viabilizando a

das mais variadas técnicas, épocas, estilos, suportes e

interiorização da arte e o incentivo à descoberta de novos artistas, além de criar

autores, cumprindo assim um papel de relevância.

espaços de lazer e educação que favorecessem a apreciação de obras de arte.

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O Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco tem


acervo educativo Este caderno faz parte do projeto cultural Acervo Educativo e tem como proposta apresentar ao público parte da Coleção Assis Chateaubriand do Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco (MAC-PE) através de propostas de arte-educação. O MAC-PE foi inaugurado em 1966 com a exposição das obras doadas por Assis Chateaubriand ao Estado de Pernambuco. Nesse acervo estão obras de grandes artistas, como Candido Portinari, Tomie Ohtake, Lasar Segall, Manabu Mabe, Francisco Brennand, Almeida Júnior, Djanira, David Hockney, Ladjane Bandeira. A coleção permite uma leitura da História da Arte do Brasil, desde o academicismo do século XIX até o modernismo de meados dos anos 1960. Através de uma curadoria educativa, as obras foram agrupadas por temas sugeridos pela própria coleção e que favorecem o olhar para esse panorama da arte nacional, rico em significados estéticos e culturais. O primeiro tema é A natureza, que mostra três modos de ver a natureza na arte: a paisagem, os animais e a natureza-morta. A representação do ser humano nas obras de arte sugeriu o segundo tema As pessoas e três maneiras de ser percebido: o retrato e o nu artístico, os personagens reais e imaginários e cenas e lugares. O terceiro e último tema é O abstrato, que desvela obras que tratam das formas e cores. Neste caderno você vai encontrar informações sobre os artistas e suas obras, conhecimentos sobre a História da Arte, questões para reflexões, dicas de fontes de pesquisa, além de sugestões de atividades artísticas. Você pode usar este caderno do jeito que achar mais apropriado aos seus interesses. Conhecer o valioso acervo da Coleção Assis Chateaubriand do MACPE é uma rara oportunidade de ter acesso a um patrimônio artístico e cultural brasileiro muito rico. Com a intenção de contribuir com novas experiências perceptivas e cognitivas a partir das obras dessa coleção, este caderno educativo foi elaborado para que você some nossas propostas aos seus conhecimentos e faça relações com o que já sabe, para tornar tudo muito mais interessante.

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a natureza O prazer de olhar a natureza traz para a arte essa percepção como tema. O ser humano observa a natureza como maneira de entender o mundo em que vive. As representações da natureza em obras artísticas datam da pré-história até nossa contemporaneidade. Desde o século XVI, alguns gêneros artísticos ou categorias de obras foram criados a partir desse assunto, como a pintura de paisagem e a natureza-morta. Mesmo quando a natureza não se constituía como o tema principal da obra de arte, ela aparecia como cenário ou pano de fundo para o conceito da obra, como nas pinturas históricas e de retratos. A Coleção Assis Chateaubriand do MAC-PE é rica em obras que trazem a natureza como assunto. Com a intenção de revelar um panorama desse tema nas suas mais diversas representações, foram escolhidas obras que tratam de três modos de ver a natureza na arte: a paisagem, os animais e a natureza-morta.


a paisagem Na arte, a pintura de paisagem é um gênero artístico em que o tema principal representa cenas da natureza, como montanhas, florestas, rios e mares. Há também outros tipos de paisagens, inspiradas na natureza humana, como as cenas urbanas, de interior ou imaginárias. A pintura de paisagens foi observada inicialmente em murais da Roma Antiga e começou a ser reconhecida como categoria artística a partir do século XVI, durante a Renascença. Desde então, e até o modernismo, a imagem da natureza passa a trazer todo um conteúdo simbólico. A paisagem foi vista como modo de entender a vida e conhecer o mundo. Elementos como distância, perspectiva, proporção, luz natural e até mesmo a figura humana provocam identificação com o observador, que se permite experimentar as sensações e emoções representadas nas paisagens. Essas obras são um convite para adentrar nessas cenas poéticas e vivenciar a experiência desse olhar sensível para a vida e o mundo que existe ao nosso redor.

Alberto Guignard

Paisagem, 1942 Óleo sobre tela ELISEU VISCONTI

Igreja da Candelária, 1962 Óleo sobre tela

TELLES JúNIOR

Paisagem Pernambucana, s.d. Óleo sobre tela

JOÃO BAPTISTA DA COSTA

ALDO BONADEI

A Natureza, s.d. Óleo sobre tela

Sem título, s.d. Óleo sobre Eucatex

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Por que estas obras podem ser consideradas paisagens? Qual a natureza representada nestas obras? Quais são as semelhanças e diferenças entre elas?

DJANIRA

Moenda, 1966 Gravura em serigrafia DAREL VALENÇA

Paisagem, 1962 Gravura em metal

Quais são os elementos da pintura de paisagem presentes nesta obra? Que sensações e emoções ela provoca? Esta obra faz você se lembrar de algo?

MáRIO ZANINI

Paisagem, 1942 Óleo sobre tela

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os animais

Desde a arte rupestre até os dias atuais, figuras de animais aparecem nas representações artísticas como uma maneira de o ser humano entender a vida e a natureza. A pintura animalista pode ser entendida como um gênero artístico independente que traz representações do reino animal, como cavalos, carneiros, aves, peixes, de forma a ser reconhecido pelo observador. Arte figurativa é o termo usado para denominar as manifestações artísticas que representam seres e objetos em suas formas reconhecíveis. Do Renascimento até o final do século XIX, a arte figurativa produzia imagens que exigiam requintada capacidade técnica por parte dos artistas para atingir a verossimilhança. A partir do século XX, o figurativismo passa a permitir produções estilizadas, mas ainda com o reconhecimento daquilo que foi representado. Nessas obras, os animais estão representados das duas formas: realistas e estilizados, e simbolizam, acima de tudo, o olhar para a natureza que completa a vida humana. MENOCHI DEL PICHIA

Cavalos, 1915 Óleo sobre tela MARCELO GRASSMAN

Tatu, 1915 Água-forte JOÃO BAPTISTA DA COSTA

Ovelhas, s.d. Óleo sobre madeira

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Como os animais estão representados nestas obras: realistas ou estilizados? Todos os animais representados aqui são da fauna brasileira? Você saberia identificar os lugares onde as pessoas e os animais estão?

Quais os elementos da pintura figurativa presentes nesta obra? Você já viu um pássaro como este? Que relações você faz desta obra com suas memórias?

WELLINGTON VIRGULINO

Menino e Gato, s.d. Óleo sobre Eucatex TIAGO AMORIM

Mulheres e Animais, 1959 Óleo sobre compensado GUITA CHARIFKER

Pássaro, 1965 Óleo sobre tela

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a natureza-morta

O termo natureza-morta se refere à arte de representar composições com elementos da natureza junto a objetos, como frutas, flores, garrafas, copos, mesas com comidas e bebidas, livros, instrumentos musicais. Na maioria das vezes, as composições se referem a ambientes internos, cenas cotidianas e de convívio doméstico. A natureza-morta surge como gênero artístico na Renascença, mas é tema frequente do impressionismo e de outras vanguardas modernas, como o cubismo e a pop art. É uma arte que pretende representar os objetos e a natureza como são observados na realidade, com riqueza de detalhes, mesmo que estilizados. As composições de natureza-morta se preocupam mais com as combinações de formas e cores do que com os conteúdos simbólicos. Entretanto, a natureza-morta ensina o nosso olhar a contemplar as cenas de interiores, os mundos domésticos ou imaginários da natureza humana, como pode ser percebido nestas obras.

DJANIRA

Natureza Morta, 1966 Serigrafia JOÃO BAPTISTA DA COSTA

Natureza Morta, 1937 Óleo sobre madeira

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Por que estas obras podem ser consideradas naturezas-mortas? Quais são os objetos e os elementos da natureza representados nestas obras? Você saberia identificar os lugares destas composições?

Que relação pode haver entre esta obra e seu título? Você saberia identificar os objetos e elementos da natureza nesta obra? FRANCISCO BRENNAND

Jarro com Flores, s.d. Óleo sobre tela DAVID HOCKNEY

Hollywood Collection, Litograph I, 1965 Litogravura MONTEZ MAGNO

Estudo Natureza Morta, 1962 Pigmento e massa e sobre madeira

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as pessoas O ser humano e a humanidade são outro tema constante nas obras de arte. A ideia de representar as pessoas nas suas diversas identidades e culturas é encontrada em diferentes manifestações artísticas, como o retrato e o nu artístico, em cenas históricas, reais ou imaginárias, e na vida cotidiana. A presença humana nas obras de arte é percebida desde a Antiguidade até nossa contemporaneidade, sempre provocando reflexões ao observador quando se depara com a imagem do outro que lhe devolve a imagem de si mesmo. Na Coleção Assis Chateaubriand do MAC-PE, pode-se encontrar um valioso acervo em que as pessoas são o tema central. São obras que revelam uma parte da História da Arte de representar o ser humano e foram escolhidas de forma a mostrar três maneiras de ver e ser visto: retrato e nu artístico, personagens reais e imaginários e cenas e lugares.


o retrato e o nu artístico A arte do retrato e do nu são as duas categorias da arte figurativa que trazem como tema central o ser humano representado de forma realista ou estilizada. A representação artística das pessoas acompanha toda a História da Arte, desde a Antiguidade até os dias atuais, em técnicas diversas, como o desenho, a pintura, a escultura e a fotografia. Os retratos, os autorretratos, os nus e todas as demais representações figurativas de pessoas revelam os anseios de gerar reflexões sobre si próprias e sobre o outro. Olhar para essas obras é um exercício de observação individual e de toda uma sociedade, como também uma oportunidade de compreender as variações estilísticas da arte ao longo do tempo.

JOÃO BAPTISTA DA COSTA

Nu, 1915 Óleo sobre madeira DAVID HOCKNEY

Hollywood Collection, Litograph III, 1965 Litogravura ELISEU VISCONTI

Nu, s.d. Óleo sobre tela NOEMIA MOURÃO

Figura, 1939 Óleo sobre tela

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Quem são estas pessoas? A maneira como foram representadas influencia como imaginamos as pessoas nestas obras? Você já ouviu falar em modelo vivo? Você saberia identificar quais são as semelhanças e diferenças entre estas obras?

O que esta imagem nos conta sobre as pessoas retratadas? Você saberia identificar o lugar onde elas estão? Que relações você faz desta obra com suas memórias?

DAVID HOCKNEY

Hollywood Collection, Litograph V, 1965 Litogravura ANTÔNIO GOMIDE

Figura, 1937 Óleo sobre tela JOÃO BAPTISTA DA COSTA

Figuras, 1955 Óleo sobre tela

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os personagens: reais e imaginários

As pessoas representadas nas obras de arte, muitas vezes, são apresentadas como personagens encontrados na vida real ou em mundos imaginários. Na História da Arte, além das categorias tradicionais — o retrato, a paisagem e a natureza-morta — o termo pintura de gênero faz referência às representações de cenas e temas cotidianos nos quais os personagens inseridos nas LADJANE BANDEIRA

obras trazem conteúdos simbólicos e narrativas

Iemanjá, 1965 Óleo sobre tela

diversas. As paisagens, cenas e os adereços que

CaNDIDO PORTINARI

artistas para contextualizar e dar significado

Homem com Bicicleta, 1942 Têmpera DJANIRA

Paisagem, 1966 Serigrafia LASAR SEGALL

Mangue, s.d. Xilogravura

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compõem a obra são recursos utilizados pelos ao personagem. Essas obras são um convite para refletir sobre os personagens presentes na formação de identidades e da nossa cultura.


Você saberia identificar quais são os adereços utilizados pelos artistas para dar significado aos personagens destas obras? Onde os personagens estão? De que maneira estes personagens estão presentes na nossa cultura?

O que o artista quis representar com os personagens desta obra? Qual o significado do lugar onde eles se encontram? Que relações você faz desta obra com sua vida cotidiana?

CaNDIDO PORTINARI

Jangadeiros, 1942 Têmpera DJANIRA

Pescador, 1966 Serigrafia ISMAEL NERY

Sem Título, 1933 Aguada sobre papel

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cenas e lugares As representações da vida cotidiana, do mundo do trabalho, dos espaços domésticos, do interior de uma casa ou de uma paisagem urbana, comemorações de uma sociedade, festas comunitárias, no campo ou na cidade, são os temas encontrados nas pinturas de gênero. No que diz respeito à História da Arte, é possível dizer que a pintura de gênero começou a ser reconhecida como categoria artística a partir do século XVI, durante a Renascença, e, desde então, sua proposta de representar cenas e lugares que mostram a cultura de uma sociedade pode ser encontrada até hoje em diferentes linguagens da arte além da pintura, como a fotografia e o cinema. Na maioria das vezes, as obras registram temas da vida diária através da representação figurativa, real ou estilizada, captando imagens que tratam da comunhão das pessoas com o mundo, como pode ser observado nestas obras.

ALVES DIAS

Festa de Igreja, s.d. Óleo sobre Eucatex TELLES JúNIOR

Engenho Cachoeirinha, s.d. Óleo sobre tela ADÃO PINHEIRO

Nordeste, 1965 Óleo sobre compensado DJANIRA

Olaria, s.d. Óleo sobre tela CaNDIDO PORTINARI

Favela, 1942 Têmpera

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Quais os lugares representados nestas obras? De que maneira estes personagens estão presentes na nossa cultura? Você saberia imaginar as músicas que estão sendo tocadas?

Que lugar é este? O que o artista quis representar com este lugar? Que relações você faz desta obra com suas memórias?

CaNDIDO PORTINARI

Quarteto de Músicos, 1942 Têmpera DJANIRA

Seresta, 1966 Serigrafia ALMEIDA JÚNIOR

Sem Título, 1899 Óleo sobre tela

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o abstrato A arte abstrata, ou abstracionismo, é geralmente entendida como uma forma de arte não figurativa e que se recusa a imitar as coisas da natureza e do mundo. Ela utiliza as relações formais entre cores, linhas e superfícies para compor a obra de uma maneira não representacional. O termo abstrato surge a partir das vanguardas artísticas europeias do início do século XX, que recusam a herança renascentista das academias de arte. Muitos movimentos e artistas aderem à abstração, que se torna um dos eixos centrais da produção artística do modernismo. Na Coleção Assis Chateaubriand do MAC-PE, pode-se encontrar um valioso acervo de arte abstrata, obras de grandes artistas que permitem conhecer o abstracionismo e suas variantes na trajetória da arte.


formas e cores A simplificação da forma, os novos usos da cor, a decomposição da figura e a não representação ilusionista da natureza são características da arte abstrata surgida no início do século XX. É possível notar duas tendências na arte abstrata: o abstracionismo lírico e o abstracionismo geométrico. No abstracionismo lírico as obras recorrem à emoção, ao ritmo da cor e à expressão individual do artista. Já o abstracionismo geométrico apresenta obras que seguem composições racionalistas e utilizam elementos mínimos, como a linha reta, o retângulo e as cores primárias. A arte abstrata como um todo, desde o modernismo, tem a intenção de encontrar uma nova maneira de expressão plástica, livre das representações figurativas, como pode ser percebida nestas obras.

WESLEY DUKE LEE

Sem Título, s.d. Desenho MÁRIO CRAVO

Arcaico, 1950 Água-forte MARIA BONOMI

Construção, s.d. Xilogravura TOMIE OHTAKE

Composição, 1966 Óleo sobre tela DAVID HOCKNEY

Hollywood Collection, Litograph VI, 1965 Litogravura

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Você reconhece as diferentes tendências da arte abstrata nas obras abaixo? Quais são as semelhanças e diferenças entre elas? Quais as emoções que estas obras lhe despertam?

Que relação pode haver entre esta obra e seu título? Você saberia identificar o que o artista quis expressar nesta obra?

MANABU MABE

Abstrato, 1961 Óleo sobre papel Anchises Azevedo

Sem Título, s.d. Óleo sobre madeira ANTONIO DIAS

Paisagem, 1961 Gravura em metal

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você sabia que... A Arte Acadêmica, ou Academicismo A arte acadêmica, ou academicismo, é o termo dado à arte produzida nas academias de arte. Surgida na Europa, no século XVI, sua influência foi disseminada em vários outros países durante o século XVIII. As academias de arte foram as responsáveis por estabelecer uma formação artística uniformizada, fundamentada pelo ensino prático (aulas de desenho de observação e cópias de moldes) e teórico (estudo das ciências — geometria, anatomia e perspectiva — e das humanidades — história e filosofia). As academias defenderam a criação artística por meio de regras e criaram termos como belas-artes, artes maiores, arte pura. Além do ensino, as academias organizavam exposições, concursos, prêmios, pinacotecas e coleções, assumindo o controle da atividade artística e estabelecendo os padrões de gosto de uma época.

A Missão Artística Francesa e a Academia Imperial de Belas Artes Em 1816, aportou no Rio de Janeiro a Missão Artística Francesa, durante o império de Dom João VI, com o objetivo de lançar as bases de uma instituição de ensino em artes e ajudar nos processos de renovação na nova capital do reino. Dentre artistas e técnicos, destacam-se nomes como o pintor histórico Debret (1768–1848) e o arquiteto Grandjean de Montigny (1776–1850). A Missão Artística Francesa é considerada a fundadora do ensino formal de artes no Brasil. Em 1826, no Rio de Janeiro, foi criada a Academia Imperial de Belas Artes, que inaugurou oficialmente o ensino artístico no Brasil em moldes semelhantes aos das academias de arte europeias, assumindo um papel central na determinação dos rumos da arte nacional durante a segunda metade do século XIX. Com a proclamação da República, a Academia passou a se chamar Escola Nacional de Belas Artes. Foi extinta em 1931, porém retomada pela Universidade do Rio de Janeiro como Escola de Belas Artes da Universidade do Rio de Janeiro até os dias de hoje.

Movimentos de Vanguarda Na arte, o termo vanguarda passou a referirse aos movimentos artísticos que se colocam culturalmente à frente do seu tempo, abrindo o caminho para novas ideias, novas mentalidades, novas culturas. A arte de vanguarda procura romper com toda a concepção artística e cultural vigente à sua época, buscando novas estruturas, estéticas e pensamentos. Os movimentos de vanguarda na arte, advindos principalmente do final do século XIX e início do XX, tinham como ímpeto o rompimento com os códigos estabelecidos especialmente pela arte acadêmica. O modernismo representa a inquietude dessa época e abrange diversas correntes artísticas de vanguarda, como cubismo, futurismo, surrealismo, dadaísmo e expressionismo. 26

Semana de Arte Moderna de 1922 A Semana de Arte Moderna, também chamada de Semana de 22, ocorreu em São Paulo, no ano de 1922, e foi um marco no modernismo brasileiro. O evento marcou época ao apresentar novas ideias e conceitos artísticos em busca de uma identidade própria e de uma maneira mais livre de expressão através da ruptura com o passado. Seu objetivo era renovar o ambiente artístico e cultural brasileiro nas suas diversas linguagens, como pintura, escultura, arquitetura, música e literatura. Participaram da Semana nomes consagrados do modernismo brasileiro, como Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Victor Brecheret, Anita Malfatti, Menotti del Pichia, Heitor Villa-Lobos e Di Cavalcanti.


curiosidades sobre a Coleção Assis Chateaubriand do MAC-PE Coleções dentro da Coleção Hollywood Collection (1965), de David Hockney A coleção intitulada Hollywood Collection, de David Hockney, foi produzida em 1965 e forma um conjunto de litografias em cores. Cada impressão apresenta um gênero diferente da pintura: natureza-morta, paisagem, retrato, nu e arte abstrata. Essa coleção foi doada por Chateaubriand ao MAC-PE em 1966, constituindo parte do primeiro acervo do museu, e pode ser apreciada como uma visão da pop art sobre as categorias tradicionais da arte, criadas por Hockney em um de seus primeiros trabalhos com gravura.

As gravuras de Djanira Em 1961, Djanira, nome de destaque do modernismo brasileiro, produziu uma série de cinco gravuras utilizando a técnica da serigrafia e guache sobre papel. Nesta série, a artista apresenta seus temas mais correntes — os retratos, a música popular, o trabalho e as pequenas unidades urbanas — e mostra seu estilo inconfundível de formas geometrizadas e cores harmoniosamente vibrantes. Como parte da Coleção Assis Chateaubriand do MAC-PE, esta é mais uma oportunidade de percorrer os diferentes temas da arte através do olhar dessa artista que pintou sua paixão pelo Brasil.

O quadro roubado Em julho de 2010, uma obra do pintor paulista Candido Portinari foi roubada do MAC-PE. O quadro intitulado Enterro, de 1959, faz parte da Série Azul do pintor e integra a Coleção Assis Chateaubriand do museu. A pintura, avaliada em R$ 2 milhões, foi reencontrada no Rio de Janeiro um mês após o roubo e devolvida ao MAC-PE. Por esse fato, o quadro virou um dos destaques do acervo do museu e sempre atrai curiosos quando está em exposição.

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propostas de atividades artísticas 1. Se essa paisagem fosse minha… Que tal escolher uma das paisagens da Coleção Assis Chateaubriand do MAC-PE e imaginar que ela pode ser sua? Pra começar, escolha a paisagem com que você mais se identifica e observe bem todos os elementos que o artista usou na obra: as cores, a luz, a distância a que ele estava quando pintou a paisagem, se é realista ou estilizada, se é do campo ou da cidade, enfim, tudo que compõe a cena. Depois disso, procure reproduzir a paisagem utilizando a técnica com que você mais se identifica — desenho, pintura, fotografia, colagem, etc. — sobre o suporte que quiser: papel, tecido, meios digitais, etc. Em seguida, interfira com os novos elementos que você gostaria que estivessem

2. Viva a bicharada!

presentes nessa paisagem, usando a sua imaginação,

Cuidar da natureza também é cuidar dos animais. Então, que tal

experimentando a sensação de recriá-la, como se

espalhar essa ideia por aí com moldes vazados? Para isso você

ela fosse sua... No final da atividade, coloque as

vai precisar criar diferentes silhuetas de animais: pássaros, gatos,

paisagens uma ao lado da outra — a original e a sua

cachorros, vacas, peixes, elefantes, entre tantos outros do reino

— e responda: “Que história pode ser criada a partir

animal. Os bichos podem ser desenhados ou recortados de revistas.

dessas duas paisagens?”.

Crie as silhuetas e também uma palavra ou mesmo uma frase sobre o cuidado com os animais. Use sua imaginação. Transfira sua composição para uma base firme (papel-cartão ou radiografias antigas). Recorte seguindo o contorno da composição para fazer o molde vazado. Aplique o molde vazado sobre diferentes superfícies (folhas de papel, camisetas, adesivos) utilizando uma esponja e tintas de cores diversas (guache ou tinta para tecido). Crie composições e comece sua campanha Viva a bicharada!. No final da atividade, responda: “Quais são os animais que fazem parte do seu cotidiano?”.

3. Que composição é essa? A natureza-morta é uma composição com objetos inanimados e elementos da natureza, como flores e frutas. E se essa composição não fosse tão inanimada assim, tornando-se uma “natureza-viva”? Para isso, vamos fazer um exercício de animação com fotografias, seja com câmeras tradicionais ou de celular. Pra começar, escolha objetos, flores e frutas e distribua sobre uma mesa. Crie diferentes composições com eles e fotografe sempre que mudar suas posições. Em seguida, observe a sequência das fotografias, da primeira à última imagem capturada, e perceba as formas e cores das composições. Apesar de serem composições de naturezas-mortas, quando vistas em sequência, ficam parecendo que são “naturezas-vivas”. No final da atividade, reflita: “O que mais chamou a atenção nessas composições?”. 28


4. Retrato multicultural Olhar para o retrato de uma pessoa ou um grupo de pessoas, seja uma pintura, um desenho ou uma fotografia, leva-nos a refletir sobre o outro e também sobre nós mesmos. Então, que tal fazermos um retrato onde não exista uma pessoa definida, mas várias pessoas em uma só? Um retrato com traços de diferentes raças, identidades e culturas? Para isso vamos precisar de revistas para recortar e montar esse retrato. Escolha rostos de pessoas diferentes, que mostrem a diversidade dos seres humanos. Recorte partes do rosto em tiras horizontais, por exemplo, só os olhos de um rosto, o nariz de outro rosto, a boca, a testa, o cabelo. Depois faça uma colagem, montando um rosto com traços diversos, um retrato multicultural. No final da atividade, eis a questão: “Ao olhar para o retrato de outra pessoa, o que posso descobrir sobre mim?”.

5. Cenas e personagens Muitas das obras da Coleção Assis Chateaubriand trazem pinturas e desenhos de personagens e lugares cheios de significados. Então, que tal exercitar nosso olhar e captar esse mesmo tema através da fotografia? Pra começar, escolha uma obra com que você mais se identifique e observe bem todos os elementos utilizados pelo artista: quem é o personagem, qual é o lugar, quais são as cores, a luz, enfim, tudo o que compõe a cena. Depois disso, imagine de que maneira você poderá criar uma série de fotografias tendo aquela obra como fonte de inspiração. As fotografias podem ser feitas com máquinas digitais ou com telefone celular, e você pode usar sua criatividade para transmitir, através das suas fotos, os significados contidos na obra escolhida. No final da atividade, organize uma exposição com suas fotos junto com a reprodução da obra que lhe inspirou e responda: “Que relações podem ser feitas entre a pintura escolhida e a série de fotografias?”.

6. Para ver o som Muitos artistas se inspiram na música para criar suas obras abstratas. Que tal fazer esse exercício? Para isso você vai precisar de materiais de pintura — tintas guache, lápis de cor, lápis pastel, etc. — e um suporte à sua escolha: papéis, tecidos, etc. Escolha uma música que inspire você a criar relações entre formas e cores, de maneira a não representar a realidade. Use a sua imaginação! No final da atividade, reflita: “Qual é a relação dessa imagem com o som?”. 29


jogando com arte Nas próximas páginas, você irá encontrar imagens das obras deste caderno. Nossa proposta é que você as utilize tanto para criar jogos educativos como também nas atividades propostas. Você poderá imaginar diversos jogos que possam envolver narrativas, desenhos, peças de teatro, músicas, histórias em quadrinhos, novelas e mais uma infinidade de possibilidades que provoquem novas experiências perceptivas e cognitivas. Que essas imagens gerem boas ideias e que você as utilize como a sua imaginação achar mais interessante!

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DJANIRA

DJANIRA

DJANIRA

DJANIRA

Paisagem, 1966 Serigrafia 32 x 48 cm

Moenda, 1966 Serigrafia 32 x 48 cm

Natureza Morta, 1966 Serigrafia 32 x 48 cm

Seresta, 1966 Serigrafia 32 x 48 cm

DJANIRA

ADÃO PINHEIRO

FRANCISCO BRENNAND

ALVES DIAS

Pescador, 1966 Serigrafia 32 x 48 cm

Nordeste, 1965 Óleo sobre compensado 135 x 85 cm

Jarro com Flores, s.d. Óleo sobre tela 100 x 81 cm

Festa de Igreja, s.d. Óleo sobre Eucatex 50 x 65 cm

LADJANE BANDEIRA

DJANIRA

TIAGO AMORIM

GUITA CHARIFKER

Iemanjá, 1965 Óleo sobre tela 130 x 81 cm

Olaria, s.d. Óleo sobre tela 162 x 114 cm

Mulheres e Animais, 1959 Óleo sobre compensado 112 x 161 cm

Pássaro, 1965 Óleo sobre tela 130 x 81 cm



ELISEU VISCONTI

JOÃO BAPTISTA DA COSTA

JOÃO BAPTISTA DA COSTA

JOÃO BAPTISTA DA COSTA

Nu, s.d. Óleo sobre tela 39 x 32 cm

Figuras, 1955 Óleo sobre tela 71 x 96 cm

Nu, 1915 Óleo sobre madeira 45 x 56 cm

Paisagem, s.d Óleo sobre madeira 48 x 58 cm

ALMEIDA JÚNIOR

JOÃO BAPTISTA DA COSTA

TELLES JúNIOR

ALDO BONADEI

Sem Título, 1899 Óleo sobre tela 45 x 54 cm

Ovelhas, s.d. Óleo sobre madeira 48 x 61 cm

Paisagem Pernambucana, s.d. Óleo sobre tela 30 x 52 cm

Sem Título, s.d. Óleo sobre Eucatex 50 x 40 cm

JOÃO BAPTISTA DA COSTA

JOÃO BAPTISTA DA COSTA

TELLES JúNIOR

TELLES JúNIOR

Natureza Morta, 1937 Óleo sobre madeira 24 x 33 cm

A Natureza, s.d. Óleo sobre tela 75 x 55 cm

Engenho Cachoeirinha, s.d. Óleo sobre tela 42 x 60 cm

Cheia na Estrada dos Remédios, 1877 Óleo sobre tela 42 x 67 cm



DAVID HOCKNEY

DAVID HOCKNEY

DAVID HOCKNEY

DAVID HOCKNEY

Hollywood Collection, Litograph I, 1965 Litogravura 77 x 51 cm

Hollywood Collection, Litograph II, 1965 Litogravura 77 x 51 cm

Hollywood Collection, Litograph III, 1965 Litogravura 77 x 51 cm

Hollywood Collection, Litograph VI, 1965 Litogravura 77 x 51 cm

DAVID HOCKNEY

CaNDIDO PORTINARI

CaNDIDO PORTINARI

CaNDIDO PORTINARI

Hollywood Collection, Litograph V, 1965 Litogravura 77 x 51 cm

Homem com Bicicleta, 1942 Têmpera 44 x 34 cm

Favela, 1942 Têmpera 44 x 34 cm

Jangadeiros, 1942 Têmpera 44 x 34 cm

CaNDIDO PORTINARI

CaNDIDO PORTINARI

ANToNIO GOMIDE

NOEMIA MOURÃO

Quarteto de Músicos, 1942 Têmpera 44 x 34 cm

Enterro, 1959 Óleo sobre madeira 24 x 33 cm

Figura, 1937 Óleo sobre tela 55 x 45 cm

Figura, 1939 Óleo sobre tela 46 x 38 cm



MANABU MABE

MONTEZ MAGNO

DAREL VALENÇA

ISMAEL NERY

Abstrato, 1961 Óleo sobre papel 70 x 50 cm

Estudo Natureza Morta, 1962 Pigmento e massa sobre madeira 26 x 30 cm

Paisagem, 1962 Gravura em metal 50 x 70 cm

Sem Título, 1933 Aguada sobre papel 24 x 20 cm

MÁRIO CRAVO

LASAR SEGALL

MARIA BONOMI

WESLEY DUKE LEE

Arcaico, 1950 Água-forte 29 x 16 cm

Mangue, s.d. Xilogravura 32 x 42 cm

Construção, s.d. Xilogravura 51 x 16 cm

Sem Título, s.d. Desenho 70 x 50 cm

ANTONIO DIAS

Anchises Azevedo

TOMIE OHTAKE

MENOCHI DEL PICHIA

Paisagem, 1961 Gravura em metal 35 x 48 cm

Sem Título, s.d. Óleo sobre madeira 94 x 122 cm

Composição, 1966 Óleo sobre tela 55 x 45 cm

Cavalos, 1915 Óleo sobre tela 46 x 55 cm



biografia dos artistas ADÃO PINHEIRO

simples e anônimos e a fidedignidade com que

Brasil em 1929, associando-se rapidamente ao

Adão Odacir Pinheiro | Santa Maria do Boca

retratou a cultura caipira, suprimindo a monu-

movimento de renovação das artes plásticas,

do Monte, RS (1938).

mentalidade em voga no ensino artístico oficial

preconizado pela Semana de Arte Moderna de

Pintor, ilustrador, artista gráfico, gravador,

em favor de um naturalismo.

1922, ao lado de Anita Malfatti, Di Cavalcanti e

entalhador e cenógrafo. Em Pernambuco, participou do Ateliê Coletivo, em 1956, grupo que tinha como intenção romper com a arte acadê-

ALVES DIAS

Antônio Alves Dias | Limoeiro, PE (1934).

outros. Participou do Salão dos Independentes de Paris, da I Exposição de Arte Moderna e da I Bienal Internacional de São Paulo (1951). Em

mica, levantar temáticas regionais e levar a arte

Artista plástico, poeta e sociólogo, teve como

para o povo. Em Olinda, foi um dos organiza-

esposa a pintora Gina Alves Dias (1929–2009).

dores do Ateliê Coletivo no Mercado da Ribeira

O período em que trabalhou com o escultor

CANDIDO PORTINARI

em 1964, ao lado de artistas como Wellington

Corbiniano Lins (1924) foi parte da formação

Candido Torquato Portinari | Brodowski, SP

Virgulino, João Câmara e Guita Charifker. Ainda

do artista pernambucano. Participou de expo-

(1903) – Rio de Janeiro (1962).

em Olinda, foi professor de desenho e entalhe

sições em mostras, salões e bienais, além de,

Portinari é considerado um dos artistas mais

na Escolinha de Arte no Palácio dos Bispos e,

por exemplo, organizar a exposição Em torno

prestigiados do Brasil e foi o pintor brasileiro a

em 1968, foi pesquisador do artesanato popular

de um certo Wellington Virgolino, no Museu do

alcançar maior projeção internacional. Pintou

do Nordeste e da cultura africana.

Estado de Pernambuco, da qual participou ele

quase 5 mil obras que variavam de pequenas

sua pintura prevalece a figura humana.

mesmo junto com outros artistas. A temática

pinturas a gigantescos murais. Iniciou sua

ALBERTO GUIGNARD

de Alves Dias é ampla, abordando temas que

formação artística na Escola Nacional de Belas

Alberto da Veiga Guignard | Nova Friburgo,

vão do misticismo ao cangaço.

Artes, em 1919. Em 1929, foi para a Europa, onde

RJ (1896) – Belo Horizonte, MG (1962).

conheceu obras de grandes pintores como Henri

Pintor brasileiro que ficou famoso por retratar

ANCHISES AZEVEDO

Matisse, Amedeo Modigliani e Pablo Picasso.

paisagens mineiras. Aos 11 anos de idade

Anchises Azevedo | Salvador, BA (1933).

Retorna ao Brasil em 1931, dando início ao seu

mudou-se com a família para a Europa, onde

O pintor e gravador Anchises estudou na Escola

estilo modernista de pintura. A produção de

começou sua formação artística, primeiramente

Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro e

Portinari é variada em seus temas e em algu-

na Real Academia de Belas Artes de Munique,

posteriormente ingressou na Sociedade de

mas telas apresentam jogos infantis, cenas de

depois em Florença e Paris. De volta ao Brasil,

Arte Moderna, em 1955. Em 1958, na cidade de

circo, figuras diminutas, sem rostos, contras-

nos anos 1920, tornou-se um nome representa-

Olinda, o artista montou um ateliê junto com

tando com a imensidão da paisagem, na qual

tivo na arte nacional. Foi um artista completo,

Montez Magno (1934) e Adão Pinheiro (1938).

predominam os tons de marrom. Revela forte

atuando em todos os gêneros da pintura — de

Em 1976, mudou-se para Pau Amarelo, Paulista,

preocupação social, procurando captar tipos

naturezas-mortas, paisagens, retratos até

Pernambuco. Lá, em seu ateliê, pintou uma série

populares e enfatizar o papel dos trabalhadores.

pinturas com temática religiosa e política, além

de marinhas representando o cotidiano dos

de temas alegóricos. Guignard também dedicou

pescadores locais. A diversidade de seus temas é

DAREL VALENÇA

sua vida às aulas de desenho e à pintura que mi-

ponto notório na sua produção.

Darel Valença Lins | Palmares, PE (1924).

nistrou no Instituto de Artes do Distrito Federal e

Gravurista, desenhista, ilustrador e professor ANTONIO DIAS

brasileiro. Em 1937 aprendeu desenho técnico

Antonio Manuel Lima Dias | Campina Gran-

e começou a dedicar-se ao desenho à mão

de, PB (1944).

livre. Entre 1941 e 1942, estudou na Escola de

ALDO BONADEI

Artista multimídia, Antonio Dias frequentou

Belas Artes, no Recife. Mudou-se para o Rio de

Aldo Cláudio Felipe Bonadei | São Paulo, SP

a Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de

Janeiro em 1945, onde aprendeu gravura em

(1906) – São Paulo, SP (1974).

Janeiro, em 1959, e ilustrou capas de livros de

metal. Viveu na Itália de 1958 a 1960, época

Pintor brasileiro que teve importante atuação,

grandes autores. Através de bolsas, residiu em

em que realizou doze murais para a cidade

entre os anos 1930 e 1940, na consolidação

Paris, Nova York e ampliou sua formação atra-

de Reggio Emilia. De volta ao Rio de Janeiro,

da arte moderna paulista. Além de pintar

vés de viagens para a Itália, a Índia e o Nepal.

ilustrou diversas obras literárias, retomou as

naturezas-mortas e paisagens, o artista foi um

No Brasil, foi professor na Universidade Federal

atividades no jornalismo, lecionou litografia

dos pioneiros no desenvolvimento da arte abs-

da Paraíba, onde criou o Núcleo de Arte Con-

na Fundação Armando Álvares Penteado –

trata no Brasil. O interesse por diferentes áreas

temporânea. Ainda como professor, lecionou na

Faap, em São Paulo e executou painéis para a

levou-o a desenvolver atividades em poesia,

Áustria e na Alemanha. Sua produção artística é

sede do Ministério das Relações Exteriores em

moda e teatro. No fim da década de 1950, atuou

ampla, abordando linguagens diversas como a

Brasília (1968 e 1969). Na Europa, criou a série

como figurinista no teatro e no cinema, como na

pintura, a escultura e a gravura — em relação a

Cidades, que sugere casas, ruas e becos das

peça Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, e

esta última, foi aluno do mestre Oswaldo Goeldi

cidades por onde passou.

em dois filmes de Walter Hugo Khoury.

(1895–1961).

ALMEIDA JÚNIOR

ANTONIO GOMIDE

David Hockney | Bradford, Inglaterra (1937).

José Ferraz de Almeida Júnior | Itu, SP (1850)

Antonio Gonçalves Gomide | Itapetininga, SP

Pintor, artista, cenógrafo, fotógrafo e gravador

– Piracicaba, SP (1899).

(1895) – Ubatuba, SP (1967).

britânico, considerado um dos artistas mais

Pintor e desenhista brasileiro da segunda meta-

Com a sua família, Gomide mudou-se para a

influentes do século XX. Durante a década de

de do século XIX. É frequentemente aclamado

Suíça aos 18 anos e lá passou a frequentar a

1960, Hockney teve importante contribuição

como precursor da abordagem de temática

Academia de Belas Artes de Genebra. Em 1920,

para a arte pop. Pintou retratos em diferentes

regionalista, introduzindo assuntos até então

mudou-se para a França, onde manteve um

períodos de sua carreira, muitos deles retra-

inéditos na produção acadêmica brasileira:

ateliê e o contato com os artistas de vanguar-

tavam amigos, amantes e parentes, alguns

o amplo destaque conferido a personagens

da, como Picasso e Braque. O artista voltou ao

em tamanho natural. Em 1965, na Califórnia,

na Escola de Belas Artes de Belo Horizonte, hoje conhecida como Escola Guignard.

DAVID HOCKNEY

39


criou uma série de litografias com temas de Los

pernambucana. Estudou no Ateliê Coletivo

particulares do Brasil, dos Estados Unidos, da

Angeles. Hockney foi um dos fundadores do

da Sociedade de Arte Moderna, no Recife, sob

Europa e de Israel.

Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles,

orientação de Abelardo da Hora (1924). Cola-

em 1979. No início de 1980, Hockney começou

borou, em 1964, com a fundação do Atelier da

a produzir fotocolagens usando impressões de

Ribeira, em Olinda, Pernambuco, do qual par-

fotografias de um único assunto, criando uma

ticipou também João Câmara (1944). Em 1985,

colcha de retalhos para fazer uma imagem

organizou o Ateliê Coletivo, em Olinda, junto a

composta. Desde 2009, pintou centenas de

Gil Vicente (1958), José Cláudio (1932) e Gilvan

retratos, naturezas-mortas e paisagens utili-

Samico (1928), entre outros. As obras de Guita

zando programas e recursos de computadores.

carregam inspirações surreais e representam,

DJANIRA

Djanira da Motta e Silva | Avaré, SP (1914) –

em parte, relações das formas entre animais, humanos e vegetais.

LASAR SEGALL

Lasar Segall | Vilnius, Lituânia (1892) – São Paulo, SP (1957). Pintor, escultor e gravurista judeu brasileiro nascido na Lituânia. O trabalho de Segall tem influências do impressionismo, expressionismo e modernismo. Seus temas mais significativos foram representações pictóricas do sofrimento humano: a guerra, a perseguição e a prostituição. No ano de 1923, Lasar Segall mudou-se

Rio de Janeiro, RJ (1979).

ISMAEL NERY

definitivamente para o Brasil. Já era um artista

Pintora, desenhista, ilustradora, cenógrafa e

Ismael Nery | Belém, PA (1900) – Rio de

conhecido. Contudo, foi aqui que, segundo

gravadora brasileira. Considerada uma das

Janeiro, RJ (1934).

suas próprias palavras, sua arte ficou como o

mais importantes artistas brasileiras do século

Pintor brasileiro de influência surrealis-

“milagre da luz e da cor”. Foi um dos primeiros

XX, interpretou de maneira singela e poética a

ta. Seus temas remetem sempre à figura

artistas modernistas a expor no Brasil.

paisagem nacional e os habitantes e costumes

humana: retratos, autorretratos e nus. Não se

do País. Na década de 1940, sua pintura

interessou pelos temas nacionais, indígenas e

utilizava tons neutros, como cinza e marrom,

afro-brasileiros, que considerava regionalis-

e já apresentava o gosto pela geometrização

tas e limitados. Dedicou-se a várias técnicas

das formas. Na década seguinte, sua palheta se

aplicadas em desenhos e ilustrações de livros.

diversificou com uso de cores vibrantes. Djanira

Foi, também, cenógrafo. A obra de Nery

trabalhou ainda com xilogravura, gravura em

permaneceu ignorada do público e da crítica

metal e fez desenhos para tapeçaria e azulejaria.

até 1965, quando teve seu nome inscrito na

ELISEU VISCONTI

Eliseu D’angelo Visconti | Salermo, Itália (1866) – Rio de Janeiro, RJ (1944). Pintor, desenhista e designer ítalo-brasileiro ativo entre os séculos XIX e XX. É considerado um dos mais importantes artistas brasileiros do período e o mais expressivo representante da pintura impressionista no Brasil. O artista chega ao Brasil junto a sua família entre 1872 e 1875, onde tem sua formação artística concretizada no Liceu de Artes e Ofícios, assim como na Academia Imperial de Belas Artes, tendo nessas instituições mestres como Rodolfo Amoedo (1857–1941) e Victor Meirelles (1832–1903). Durante sua produção artística, revela sua inclinação ao impressionismo, expondo, em suas obras, tons claros e luminosos, referentes à ação da luz sobre os objetos nas paisagens pintadas. FRANCISCO BRENNAND

Francisco de Paula Coimbra de Almeida Brennand | Recife, PE (1927). Escultor, pintor e desenhista que desenvolve seu trabalho em diversos suportes. Entretanto é mais conhecido pelo seu trabalho como ceramista. Na década de 1940, Brennand pinta principalmente naturezas-mortas, flores e frutos com linhas e formas simplificadas,

8ª Bienal de São Paulo, na Sala Especial de Surrealismo e Arte Fantástica. JOÃO BAPTISTA DA COSTA

João Baptista da Costa | Itaguaí, RJ (1865) – Rio de Janeiro, RJ (1926). Pintor, desenhista, professor e ilustrador brasileiro. Em 1885, começou a estudar na Academia Imperial de Belas Artes, no Rio de Janeiro. A partir de 1906, foi professor na Escola Nacional de Belas Artes, instituição que dirigiu a partir de 1915 e onde trabalhou até sua morte. Com amigos artistas, como Antônio Parreiras, Eliseu Visconti e Belmiro

MANABU MABE

Manabu Mabe | Kumamoto, Japão (1924) – São Paulo, SP (1997). Pintor, desenhista e tapeceiro japonês naturalizado brasileiro. Pioneiro do abstracionismo no Brasil. Em 1934, chega ao Brasil com a família para trabalhar nas lavouras de café do interior de São Paulo. Tem uma infância pobre, adaptando um ateliê no meio da lavoura para pintar naturezas-mortas e paisagens. Consegue realizar a primeira exposição individual em São Paulo, em 1948, na qual mescla a caligrafia oriental com a pintura feita com manchas. No ano seguinte, participa do Salão Nacional de Arte Moderna, no Rio de Janeiro. Em 1959, obtém o prêmio de melhor pintor nacional da V Bienal de São Paulo e o de destaque internacional na Bienal de Paris. A pintura de Manabu Mabe percorreu o caminho da figuração até a abstração, explorando a expressão através da cor, textura e do traço.

de Almeida, fez incursões à cidades e pontos

MARCELO GRASSMAN

históricos, dedicando-se à pintura ao ar livre.

Marcelo Grassman | São Simão, SP (1925).

Seu trabalho sempre foi voltado para a paisa-

Desenhista e gravador brasileiro. Ele se destaca

gem brasileira.

por ser um dos mais premiados desenhistas

LADJANE BANDEIRA

Maria Ladjane Bandeira de Lira | Nazaré da Mata, PE (1927) – Recife, PE (1999). Poetisa, crítica de arte, artista plástica, jornalista, teatróloga e escritora brasileira. Nas décadas de 1950 e 1960, no Recife, atuou como ilustradora do Suplemento Literário e como jornalista do setor de artes, publicando entrevistas com diversos escritores, pintores e pessoas ligadas ao teatro. Fez crítica de arte no Jornal do

brasileiros na história da Arte Moderna. Participou de mais de 300 exposições. Famoso principalmente por suas gravuras, Marcelo Grassmann encontrou também nos desenhos uma forma de mostrar seu grande talento. Seus trabalhos possuem um caráter imaginativo e inventivo muito presente, nos quais apresenta uma aparente viagem ao inconsciente, com elementos fantásticos, figuras líricas e criaturas metade homem, metade animal.

Commercio do Recife durante mais de 10 anos.

MARIA BONOMI

Participou da IX Bienal de São Paulo, expôs na

Maria Anna Olga Luiza Bonomi | Meina,

Galerie Internationale, em Nova York, sendo a

Itália (1935)

primeira brasileira a realizar uma exposição indi-

Maria Bonomi é uma artista plástica ítalo-bra-

vidual nesta cidade. Ladjane, Murilo Marroquim,

sileira. Gravadora, escultora, pintora, muralista,

Guita Charifker e Adão Pinheiro, trabalharam

curadora, figurinista, cenógrafa e professora,

GUITA CHARIFKER

junto a Assis Chateaubriand, para formação do

Maria Bonomi veio para o Brasil em 1946,

Guita Charifker | Recife, PE (1936).

Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco.

fixando-se em São Paulo. No início da década

Pintora, desenhista, gravadora e escultora

Seus trabalhos estão em diversas coleções

de 1950, estudou pintura e desenho. Em 1954,

aplicando com predominância cores puras. No Recife, no bairro da Várzea, localiza-se a Oficina Brennand, que é, ao mesmo tempo, oficina e museu com exposição permanente de painéis, murais e esculturas do artista.

40


inicia-se na gravura, com Lívio Abramo. Em

Em 1957, realiza sua primeira exposição indivi-

elegantes e sóbrias, passeia por vários estilos.

1960, em São Paulo, funda o Estúdio Gravura,

dual no Instituto dos Arquitetos do Brasil, no Re-

Participou de diversas exposições, tanto no Bra-

com Lívio Abramo, de quem foi assistente até

cife. A partir de 1960, publica artigos e pesquisas

sil quanto no exterior, que lhe renderam vários

1964. A partir dos anos 1970, passa a dedicar-se

sobre arte em jornais brasileiros. Montez Magno

prêmios. Às terças, quintas e sábados, o artista

também à escultura. Produz também grandes

possui uma vasta produção artística dentre

ministra oficinas de arte e cultura para crianças

painéis para espaços públicos.

pinturas, esculturas, instalações e fotomonta-

carentes. Nesses dias, seu ateliê é aberto ao

gens. Ilustrou o livro O Diabo na Noite de Natal,

público para visitas, na cidade de Olinda.

MARIO CRAVO

Mario Cravo Júnior | Salvador, BA (1923). Escultor, pintor, gravador e desenhista brasileiro. Faz parte da primeira geração de artistas plásticos modernistas da Bahia. Em 1994,

de Osman Lins, e vários livros de sua própria autoria. Sua obra explora ritmos, combinatórias, fragmentações, projetos, métricas e sínteses, atravessando diversas linguagens artísticas.

TOMIE OHTAKE

Tomie Ohtake | Kyoto, Japão (1913). Pintora japonesa naturalizada brasileira. É uma das principais representantes do abstracio-

doa várias obras para o Estado da Bahia, que

NOEMIA MOURÃO

nismo informal. Sua obra abrange pinturas,

passam a compor o acervo do Espaço Cravo,

Noemia Mourão Moacyr | Bragança Paulis-

gravuras e esculturas. Vem para o Brasil em

localizado no Parque Metropolitano de Pituaçu,

ta, SP (1912) – São Paulo, SP (1992).

1936, fixando-se em São Paulo. Após um breve

em Salvador. Em 70 anos de atividade como

Pintora, cenógrafa e desenhista brasileira. Em

período de arte figurativa, a artista define-se

artista plástico, ele reúne inúmeras exposições

1932, estudou com Di Cavalcanti, com quem

pelo abstracionismo. A partir dos anos 1970,

individuais e coletivas, prêmios, esculturas em

casou no ano seguinte. Entre 1935 e 1940, viveu

trabalha com serigrafia, litogravura e gravura

espaços abertos em muitos pontos do Brasil,

em Paris (França) e frequentou as Academias

em metal. Surgem em suas obras as formas or-

sobretudo em Salvador, além de obras adquiri-

Ranson e de La Grande Chaumiere e estudou

gânicas e a sugestão de paisagens. Na década

das por museus internacionais.

Filosofia e História da Arte na Sorbonne.

de 1980, passa a utilizar uma gama cromática

Colaborou como ilustradora, para os jornais Le

mais intensa e contrastante. Dedica-se também

Monde e Paris Soir e foi contratada pela Radio

à escultura e realiza algumas delas para

Difusion Française para participar de um progra-

espaços públicos. Em 2000, é criado o Instituto

ma sobre literatura e artes plásticas, juntamente

Tomie Ohtake, em São Paulo.

MÁRIO ZANINI

Mário Zanini | São Paulo, SP (1907) – São Paulo, SP (1971). Pintor, decorador, ceramista e professor. Filho de imigrantes italianos, desenvolve sua trajetória artística em São Paulo. Em 1927, torna-se amigo de Alfredo Volpi, vindo a integrar, juntamente com esse artista, o Grupo Santa Helena. Tanto

com Cícero Dias, Tavares Bastos e Marcelino de Carvalho. De volta ao Brasil, estudou escultura com Victor Brecheret.

WELLINGTON VIRGULINO

Wellington Virgulino de Souza | Recife, PE (1929) – Recife, PE (1988).

TELLES JÚNIOR

Pintor e desenhista brasileiro. Estudou no

Jerônimo José Telles Júnior | Recife, PE

Ginásio Pernambucano e, em 1950, integrou a

(1851) – Idem (1914).

Sociedade de Arte Moderna do Recife. Em 1969

Pintor, desenhista e professor brasileiro. Com 16

realizou sua primeira exposição individual,

anos, mudou-se com a família para Rio Grande,

ocorrida na Galeria do Teatro do Parque, no Re-

onde iniciou seus estudos de pintura com

cife. Participou de inúmeras mostras coletivas,

Eduardo de Martino. Em 1870 transferiu-se para

dentre as quais destacam-se a VI e a VII Bienal

o Rio de Janeiro, e aí ingressou como aprendiz

Internacional de São Paulo (1961 e 1963). We-

no Arsenal da Marinha, ao mesmo tempo em

lington Virgolino ficou conhecido pela pintura

que estudava desenho e frequentava o Liceu de

de dimensões estilizadas, apresentando certas

Artes e Ofícios. Logo depois voltou ao Recife, e

deformações nos corpos das figuras humanas e

MENOTTI DEL PICHIA

lá se interessou também pela fotografia. A partir

dos elementos que compunham a tela. Autode-

Paulo Menotti Del Pichia | São Paulo, SP

de 1880, passou a se dedicar ao magistério na

nominado de modernista/figurativo, retratava

(1892) – São Paulo, SP (1988).

Sociedade dos Artistas, Mecânicos e Liberais e

gente do povo, operários de construção e as

Poeta, jornalista, tabelião, advogado, polí-

no Liceu de Artes e Ofícios de Pernambuco, do

expressões do sentimento de cada personagem,

tico, romancista, cronista, pintor e ensaísta

qual foi diretor, e à política, trabalhando para a

mostrando as frustrações e os sofrimentos da

brasileiro. A importância histórica de Menotti

melhoria das condições de vida da classe ope-

vida precária do trabalhador brasileiro.

del Picchia para o Modernismo brasileiro é

rária, elegendo-se deputado estadual em 1891.

reconhecida por todos: além de ter sido o

Sua obra de pintura foi finalmente reconhecida

responsável pela apresentação dos conceitos

a partir do final da década de 1890, quando sua

estéticos durante a Semana de Arte Moderna

participação nos salões oficiais do Rio de Janei-

de 1922, o autor militou em favor do movimen-

ro, onde foi contemplado com medalha de ouro.

to em sua coluna diária no Correio Paulistano,

O tema mais comum na sua obra é a marinha.

tornando-se assim um de seus principais

Telles é o grande pintor dos mares do Nordeste.

na gravura como na pintura, o artista representa diversas cenas da cidade de São Paulo. A temática da vida urbana é constante em sua produção, mas realiza também muitas paisagens, em que retrata os subúrbios paulistanos que começavam a ser tomados pela metrópole. Acompanhado por outros artistas do Grupo Santa Helena, realiza frequentes viagens ao litoral e interior do Estado de São Paulo, que lhe servem de inspiração.

cronistas. Embora tenha atuado na linha de

WESLEY DUKE LEE

Wesley Duke Lee | São Paulo, SP (1931) – São Paulo, SP (2010). Artista gráfico, pintor, gravador, desenhista e professor brasileiro. Inicia seus estudos no curso de desenho livre do Masp, em 1951. No ano seguinte, embarca para Nova York, onde

TIAGO AMORIM

estuda na Parsons School of Design e no Ame-

Sebastião Wilson Ferreira Amorim | Limoei-

rican Institute of Graphic Arts até 1955. Nesse

ro, PE (1943).

ano entra em contato com a pop arte. De volta

Pintor, desenhista, escultor, ceramista, gravador

ao Brasil, abandona a carreira publicitária e

e pesquisador pernambucano. Em Olinda, foi

estuda pintura. Nos anos 1980, incorporou a

MONTEZ MAGNO

um dos fundadores do Atelier da Ribeira junto

fotocópia, o vídeo e a computação gráfica ao

Montez Magno de Oliveira | Timbaúba, PE

à Guita Charifker, Adão Pinheiro, entre outros.

seu trabalho. Duke Lee teve trabalhos expostos

(1934).

Atua com artes há mais de 30 anos. Mistu-

na 44ª Bienal de Veneza e na 8ª Bienal de

Pintor, escultor, escritor e ilustrador brasileiro.

rando elementos da arte popular com figuras

Tóquio. Dizia-se influenciado pelo movimento

Estudou desenho e pintura, entre 1953 e 1966.

retiradas da natureza, adicionando-lhes formas

dadaísta, pela pop art e pela publicidade.

frente do movimento modernista brasileiro, Menotti del Picchia desenvolveu obra ainda influenciada pelas correntes estéticas com as quais o Modernismo procurou romper.

41


glossário Acervo  É o conteúdo de uma coleção, privada ou

Gravura  É um modo de produção e reprodução de

pública, podendo ser de caráter bibliográfico, artístico,

imagem através de talhos em suportes sólidos, como o

fotográfico, científico, histórico, documental, misto ou

metal, a madeira ou a pedra, a partir de instrumentos

qualquer outro. Tanto os acervos públicos como os

específicos. Os métodos e materiais utilizados para a

privados podem estar institucionalizados e sistematizados

realização das gravuras são responsáveis pela nomeação

em museus ou sob outras formas de organização.

do processo, entre eles estão a gravura em metal,

Aguada  Essa técnica de pintura é baseada na mistura de água com diferentes tipos de tinta, o que permite um leque de cores mais amplo, com diferentes nuances de uma cor, dependendo da sua diluição. O papel é o frequente suporte usado pelos artistas para o uso da aguada.

Coleção  Reunião de objetos de mesma natureza, que tenham uma ou mais características em comum, escolhidos por sua beleza, raridade, valor documentário ou preço, por exemplo: coleção de selos, coleção de quadros.

litogravura (que tem como base a pedra), xilogravura (madeira) e serigrafia (tela de poliéster ou nylon). A partir do trabalho de intervenção no material específico, obtémse a matriz a partir da qual será transferido o desenho para o papel ou tecido por exemplo.

Pintura a óleo  Essa técnica secular é a mais usada pelos artistas sobre as telas e foi imensamente difundida na Europa durante o século XV. As propriedades principais da tinta a óleo são a capacidade de misturas para obtenção de novos tons e a sobreposição de cores. Esse tipo de pintura

Gêneros da pintura  São cada uma das categorias

permite, por não secar rápido, vários efeitos de cor capazes

que classificam as obras de arte segundo os temas

de provocar o olhar do observador, imitando a aparência das

representados: retrato, natureza-morta, paisagem, pintura

cores dos objetos naturais e artificiais. O pintor pode eleger,

histórica, nu artístico, entre outros.

corrigir ou criar as regras que deseja aplicar em sua obra, assim como a natureza que deseja representar ou inventar. As superfícies às quais é aplicada a pintura a óleo podem ser as mais variadas, da tela à madeira ou até murais.

para saber mais História da arte Arte no Brasil: uma história

Gravura: arte brasileira do século XX

pt.wikipedia.org

na Pinacoteca de São Paulo

Leon Kossovitch. São Paulo: Itaú

itaucultural.org.br

Guia de visita. São Paulo: Pinacoteca

Cultural – Cosac & Naify, 2000.

masp.art.br

do Estado, 2011. A natureza das coisas Teixeira Coelho (curador). São Paulo: Comunique, 2008. Catálogo Coleção Masp. Brasil: arte do Nordeste Carlos de Lima. Rio de Janeiro: Spala, 1986. Dicionário das artes plásticas no Brasil Roberto Pontual. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1969. 42

Sites

História da arte Graça Proença. São Paulo: Ática, 2008. Olhar e ser visto Teixeira Coelho (curador). São Paulo: Comunique, 2008. Catálogo Coleção Masp. Pintura moderna brasileira José Roberto Teixeira Leite. Rio de Janeiro: Record, 1978.

pinacoteca.org.br



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