CAPA
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EDITORIAL
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SEM SOSSEGO Quem vai de Mineiros a Goiânia com frequência sabe que é preciso uma boa dose de paciência com o trânsito e, com certeza, já deve ter aprendido a usar o tempo de viagem a seu favor. São 430 km de distância que servem tanto para melhorar as habilidades de direção, pensar na vida, discutir a relação, como também para aproveitar o repertório musical que, muitas vezes, passa batido na correria do dia a dia. Além de servir para tudo o que foi citado acima, a minha última viagem à capital também foi responsável pela mudança do tema desta edição aos 45 do segundo tempo. Com o som do carro ligado no modo shuffle, a trilha sonora seguia entre os sucessos do Queens of the Stone Age, The Doors, passando por Etta James, Nina Simone, Chico Buarque, Jorge Benjor até cair em um rap, o qual passei adiante automaticamente, ao passo que fui questionada pelo motivo em seguida. Explicações e discussão adentro, acabei ouvindo a seguinte sentença: “você é preconceituosa demais em relação a algumas manifestações artísticas e culturais, sobretudo as mais populares.” Mesmo não havendo muita saída, me defendi prontamente, mas toda a argumentação que construí a partir de então teve caráter redundante. Terminada a discussão, a viagem seguiu tranquila. Eu, não. Por isso, resolvi tocar
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direto na ferida. Descartei o tema proposto até então para trabalhar as perspectivas do preconceito o quanto antes e me recordei que, na apresentação do seu último romance (Caim), José Saramago disse que o motivo pelo qual ele escreve é para desassossegar os seus leitores. Portanto, é exatamente isso que você deve esperar do conteúdo desta edição, que tem como objetivo principal tirar seus leitores do lugar comum através da opinião de seus colunistas. Agora deixe o preconceito de lado e abrase para uma ótima leitura!
FICHA TÉCNICA Editora Chefe: Kilze Teodoro – kilze@foccusrevista.com.br Diretor Executivo: Murilo Borges – murilo@foccusrevista.com.br Projeto Gráfico: Juicebox Publicidade e Propaganda – (64) 3661-1960 Direção de Arte: Andre Rezende, Leonardo Martins e Tiago Batista Produção Gráfica: Gráfica Mineiros – (64) 3661-1862 Comercial: Larissa Lima – (64) 9615-4441 Circulação: Mineiros, Goiânia, Rio Verde, Jataí, Alto Araguaia, Alto Taquari, Chapadão do Céu e Chapadão do Sul Endereço: Avenida Ino Rezende, Qd. 12, Lt. 11, Piso 02, Setor Cruvinel, Mineiros-GO, CEP 75830-000
QUAL É O SEU PRECONCEITO?
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COLABORADORES
GUILHERME SANTANA
MARÍLIA BILÚ
DANILO XIDAN
Coveiro por opção. Pai por paixão. Glutão por convicção. santanagui@hotmail.com santanagui.blogspot.com
Professora de inglês, graduanda em História pela Universidade Federal de Goiás, colunista do site GOTOGO e da Revista Foccus.
Publicitário e gourmet viajante. Um mochileiro maluco que curte Comer e Viajar. Acompanhe www.facebook. com/comereviajar2 e @comereviajar no Instagram.
MICHEL EDERE
GUMA
PABLO KOSSA
Nascido no dia 11 de abril de 1980, já com a profissão de ariano definida para o resto da vida, Michel Edere é original de fábrica de Goiânia. Filho de uma crente com um piauiense, estudou muita coisa, aprendeu algumas, esqueceu a maioria e não se formou em nada.
Conhecido também como João Marcelo, estuda Publicidade e Propaganda na ESPM-SP. Resolveu provar seu amor pela boa culinária abrindo um blog gastronômico e se oferecendo para almoçar na casa dos outros.
Pablo Kossa é jornalista, produtor cultural e mestre em Comunicação pela UFG.
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QUAL É O SEU PRECONCEITO?
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ÍNDICE
Senta Que Lá Vem História |
GUILHERME SANTANA ............................................................................................
PABLO KOSSA .........................................................................................................
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KILZE TEODORO .................................................................................................................................................................
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Tudo ao Mesmo Tempo Agora | CAPA |
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Para Toda Obra
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Entre Olhares |
MICHEL EDERE ...............................................................................................................................................
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Comer e Viajar |
DANILO XIDAN ...........................................................................................................................................
GUMA ............................................................................................................................................
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MICHEL EDERE ............................................................................................................................................
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MARÍLIA BILU ..................................................................................................................................................................
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Refogando as Mágoas | Nos Bastidores | Lado B |
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SENTA QUE LÁ VEM HISTÓRIA
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VERDE, ANIL, AMARELO, COR DE ROSA E CARVÃO TEXTO POR GUILHERME SANTANA
Certa ocasião estava eu em uma reunião de negócios com um sargento da Rotam (para os que não são de Goiás, corresponde a Rota de SP). Um profissional de alto gabarito, que apesar do cargo aparentemente rude que ocupava, de uma gentileza ímpar. Devido aos anos de trabalho em conjunto, o sargento se viu na liberdade de comentar o tom da camisa que eu usava no dia. Cor de Rosa. O comentário foi o seguinte: “uai Comandante, não sabia que você era afeito a essas cores de camisa?”. Eu, como num reflexo, olhei a cor da camisa que ele usava. Preto. E puxei pela memória as vezes que estivemos juntos, tentando lembrar as cores das vestimentas que ele estivera usando. Sempre Preto. Na mesma hora devolvi, de maneira amistosa a brincadeira: “De vez em quando eu uso rosa Comandante. E você? Não usa?”. Eis que ele em tom sério me respondeu: “Não Comandante! Já imaginou bandido ver Rotam de rosa?! Perde o respeito!”. A conversa continuou em tom de brincadeira e o assunto morreu ali. Durante muito tempo fiquei com essa conversa na mente esperando os fatos do
universo se juntarem para entender que ela não tinha sido em vão. Há exatos dois anos, os principais formadores de opinião do Estado de Goiás estavam às voltas com uma notícia bombástica. A Rotam, depois de 8 meses de uniforme cáqui, iria voltar a usar a cor preta. Palavras do Comandante da Polícia Militar. Enfáticas. Talvez se tivessem sido proferidas corriqueiramente, não teriam causado tanto impacto quanto provocaram. O que não fazem alguns pontos de exclamação a mais. Foi a deixa para suscitar rodas de discussões em todo o Estado. A cor preta intimida mais? Não deveria a Rotam se preocupar com coisas mais importantes? Não deveriam os formadores de opinião se preocuparem com coisas mais importantes? O fato é que a discussão tomou conta dos jornais, rádios e rodas de botecos. Todo mundo tinha uma opinião a dar. Lembrei-me da conversa com o amigo Sargento da Rotam de uns anos atrás. Os fatos estavam se juntando. Esses dias estava eu levando as crianças na escola quando meu filho mais novo
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SENTA QUE LÁ VEM HISTÓRIA
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“Educamos nossos filhos para o que está no mundo ou para o que gostaríamos que estivesse no mundo?”
me fez uma pergunta. Do nada. Assim de supetão como fazem as crianças. “Papai, porque você está usando uma camisa cor de rosa?”. Mais que de repente, sem que eu pudesse responder, minha filha mais velha, muito diplomaticamente, emendou: “Sabe o que é papai? O Otávio não gosta de cor de rosa!”. Vendo que estava na berlinda, e tudo que eu dissesse naquele momento poderia ser usado contra mim no tribunal, puxei o fôlego e esclareci. Expliquei que cada pessoa tinha um gosto por cor. Uns gostavam do preto, outros do amarelo e outros de cor de rosa. Expliquei também que o gosto é uma questão muito particular. Fiz com que eles recordassem que no meu armário haviam camisas de cores sortidas. Enquanto tentava convencê-los a não rotular um ser humano pela cor da sua vestimenta, lembrei que no fundo os grandes culpados por esses rótulos, somos nós, pais. Desde pequenos impomos a nossos filhos alguns padrões que nos foram impostos em nossa infância e juventude. Menino usa azul. Menina Rosa. Mulher é que usa brinco. Homem não chora. Será que nossos padrões atuais correspondem ao que tentamos ensinar a nossos filhos? Educamos nossos filhos para o que está no mundo ou para o que gostaríamos que estivesse no mundo?
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Nesse momento, os fatos narrados acima fizeram sentido e entendi que os acontecimentos nos ocorrem para serem juntados e aprendidos. E se possível, ensinados. Diante de tudo isso segue uma declaração. Eu uso cor de rosa. E minha esposa diz que fica bem em mim (espero que ela não esteja mentindo). E vou dizer mais ainda. Isso não afeta em nada minha opção sexual. Hétero convicto. Posso ter sido criado para usar azul, mas entendi ao longo do tempo que isso é bobagem. Não conta nada sobre ninguém. São somente rótulos. E muitas vezes oprimem as pessoas e lhes tira o direito de se expressar e de ser feliz. Se a Rotam usa preto ou branco, não me interessa. O que importa é que eles façam o seu trabalho com dignidade e eficiência. Se o cidadão tem tatuagens, piercings ou usa brincos não me interessa. Importa que ele cumpra seus deveres como cidadão. Eis a essência do pensamento. Preocupemos mais com o que somos do que o que aparentamos ser. Espero que meus filhos façam na vida o que lhes fizer bem. Esse é um dos segredos da felicidade. Penso eu.
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QUEM VOCÊ ODEIA SEM TER RAZÃO? “E se eu fosse apostar todas minhas fichas em uma estratégia, diria que a mistura é o melhor caminho.” TEXTO POR PABLO KOSSA
Qual é o seu preconceito? E não me venha com o papo politicamente correto de que você é alguém imune a todos os preconceitos. Não, você não é. Jesus não voltou e você não vai mentir dizendo que é o próprio Messias andando novamente pela Terra. Todos temos preconceitos. Alguns explícitos e violentos, outros internos e facilmente domáveis. Mas todos nutrimos algum tipo de trava com alguém que tem uma característica qualquer que nos inspira ódio/medo/asco/qualquersentimento-ruim sem uma razão racional que justifique tal reação. E o preconceito aparece naquele momento de fúria, quando você fica cego de raiva e o discernimento fica eclipsado pelo ódio. Ele sai do fundo da alma e mostra sua face mais horrenda: “japonês safado”, “preto vagabundo”, “mulher vadia”, “judeu ladrão”, “bicha escrota”, “crente desgraçado”... O impropério vem justo no momento em que você não está completamente dono da situação.
O preconceito tem raízes explicáveis se observarmos o passado. Era bem mais prudente ter medo do diferente do que tentar um contato. Imagine o mundo pré-histórico. Sua tribo topa com alguns membros de outra que vocês não conhecem. O mais prudente seria exterminar todos por mera questão de segurança. Veja bem, disse o mais prudente e não o mais humano. Um estranho era um risco real. A hipótese mais provável seria que ele matasse ou escravizasse os machos, estuprasse e escravizasse as fêmeas, e aniquilasse crianças e idosos. Era a lei do cão. Sob essa ótica, o melhor seria botar fim no diferente antes que ele viesse para cima de sua galera. Essa marca está tatuada em nosso DNA. E por isso que é tão difícil apagá-la ainda nos dias de hoje, quando esse preconceito não faz mais o menor sentido.
Mas aí já era. Você escancarou ao mundo sua pior faceta.
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“Derrubar as barreiras entre todos os guetos é essencial. Quanto mais diferentes conviverem, conversarem, se relacionarem, procriarem, melhor será.”
Quanto mais misturado melhor Não é minha intenção soar apocalíptico. Vejo um horizonte positivo. Acredito que existem saídas para que cada vez menos ocorram atos preconceituosos nas relações sociais. E se eu fosse apostar todas minhas fichas em uma estratégia, diria que a mistura é o melhor caminho. Derrubar as barreiras entre todos os guetos é essencial. Quanto mais diferentes conviverem, conversarem, se relacionarem, procriarem, melhor será. Aquele ímpeto inicial de excluir o diferente esmorece quando percebemos que no nosso convívio existe alguém com as mesmas características e que você admira. Sua cabeça entrará em curto. E isso é bem salutar. Estado é responsável pelo fim das barreiras O ente público tem uma responsabilidade gigante para acabar com as fronteiras entre os diversos grupos sociais. No aspecto simbólico, a política de cotas raciais é interessantíssima. Se temos um percentual X de negros autodeclarados, não há razão para não termos essa mesma distribuição proporcional em todas as
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classes sociais. E não é o que acontece. Basta olhar para o Congresso Nacional ou para os alunos de uma universidade pública de elite para ver que essa conta não bate. Aí deve entrar a mão pesada do Estado, corrigindo essa distorção historicamente construída. Mate o preconceito dentro de você Quando sentir subindo aquela fúria incontrolável contra alguém motivada por uma diferença étnica, política, religiosa ou de orientação sexual, respirar fundo, contar até dez e pensar que seu filho ou filha poderia namorar alguém assim costuma amansar o monstro dentro de você. Logo, seus amados netos seriam descendentes de alguém que você despreza. Esse exercício pode soar agressivo, mas é extremamente eficaz para derrubar as paredes internas. Que são justamente as mais resistentes para cair.
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QUAL É O SEU PRECONCEITO? “Falando bem a verdade, todo mundo tem um preconceito para chamar de seu.” TEXTO POR KILZE TEODORO
De acordo com o Aurélio, o prefixo é um elemento adicionado ao início da palavra, que é capaz de modificar o seu sentido. Dentro dessa análise, o preconceito pode ser compreendido como um conceito que carrega um sentido atribuído, que manifesta-se através dos mais variados comportamentos.
conhecida como “A Escala de Preconceito e discriminação de Allport”, que é divida em cinco níveis e identifica desde o comportamento de grupos maiores que fazem piada abertamente sobre um grupo minoritário, até o comportamento de grupos majoritários que executam membros do grupo discriminado.
Em sua obra, “A Natureza do Preconceito”, o psicólogo Gordon Allport define o preconceito como uma atitude negativa em relação a uma pessoa, baseada na crença de que ela tem características negativas conferidas a um determinado grupo e afirma que essa atitude é constituída por dois componentes: um elemento cognitivo, que ele define como generalização categorial e um disposicional, que ele determina como a hostilidade, que influencia fortemente os atos discriminatórios. O autor ainda destaca que o pré-julgamento é uma capacidade normal da mente humana e as situações provenientes a partir dele serão constantes e casuais no dia a dia de qualquer indivíduo.
Apesar da obra citada ser de 1954, suas premissas são válidas até os dias de hoje e o comportamento de alguns grupos da sociedade atual ainda encaixam, com folga, nos níveis mais críticos da Escala de Allport. Dados que informam o aumento de crimes de ódio no Brasil e colocam o país na liderança mundial de mortes por preconceito em relação a orientação sexual comprovam a aplicabilidade da obra. Outros fatos também apontam que, apesar de velado, o preconceito ainda corre solto pelo mundo. Informações colhidas na revista Você S/A (edição 179) afirmam que as mulheres ganham menos e são minoria em posições de liderança nas empresas, mesmo superando os homens e tempo de estudo. Em abril de 2013, o jornal Folha de São Paulo publicou uma matéria informando que em Canguçu, no interior do Rio Grande do Sul, Luteranos dividem os
O psicólogo criou uma escala para medir o grau de preconceito de uma sociedade,
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fiéis entre duas igrejas, uma para brancos e outra para negros, há 85 anos. Ao passo que, no mesmo mês foi ao ar através do canal CNN, a notícia de que, pela primeira vez na história do Condado de Wilcox (na Geórgia, Estados Unidos), os alunos da escola Wilcox County High School teriam um baile de formatura integrado. Até então haviam bailes distintos para estudantes de raças diferentes. Muitos tratam as ocorrências de segregação e as mortes causadas por preconceito atualmente como casos isolados, assim como preferem enxergar os números que apontam as dificuldades da mulher no mercado de trabalho apenas como detalhes. Porém, é justamente nos detalhes que o preconceito se esconde hoje em dia, aparecendo disfarçado em salários mais baixos, no tratamento diferente gerado tanto pela mídia quanto pelos detentores de poder, nas piadas racistas e sexistas difundidas através do boca a boca ou da internet, nos comentários levianos que envolvem diferenças raciais, sociais e sexuais e, se fizermos uma reflexão mais profunda, talvez sejam esses detalhes que consideramos inofensivos, que amparam e impulsionam os atos que fogem da esfera das pequenas coisas, tais como os crimes de ódio e discriminação. Mesmo sabendo que esses detalhes fazem toda a diferença em um contexto mais amplo e conhecendo de cor o discurso
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politicamente correto tão presente no nosso dia a dia, estamos certos de que o leque de preconceitos ainda é enorme e, falando bem a verdade, todo mundo tem um preconceito para chamar de seu. Eu, por exemplo, tenho preconceito de gente que pode, mas não viaja, não aprende outras línguas, não se abre para novas experiências, que não usa o tempo a seu favor. De pessoas que vivem alardeando que precisam perder peso e sentem-se infelizes consigo mesmas, mas não criam uma rotina saudável ou aprendem a conviver com o seu biótipo de maneira harmônica. Minha lista é grande, mas não posso deixar de manifestar o meu preconceito com gente que fala mal dessa “gente sem cultura”, mas não ultrapassa a linha de consumo dos Best Sellers ou dos Blockbusters; que arrisca um post da Clarice Lispector nas redes sociais, mas não tem disposição para ler uma obra inteira; que fala mal do BBB, mas acompanha todas as novelas da emissora; que diz adorar Bossa Nova, mas só ouve sertanejo universitário. Gente que não dá nenhuma chance para um clássico da literatura, do cinema ou das artes em geral; que arrota cultura e educação, mas se sente no direito de jogar o próprio lixo pela janela do carro. Gente capaz de dar palestra sobre a moral e os bons costumes e incapaz de tratar um funcionário com respeito e dignidade. E vamos lá, também assumo ter preconceito de Croc’s (já inventaram algo mais feio?), assim como de unhas decoradas,
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sombra azul, calça listrada, relógio e óculos brancos; de gente que faz checkin o tempo todo, que posta foto pessoal com frase motivacional, como também daqueles que usam as redes sociais como diário ou mural de indiretas. Os exemplos citados podem até não parecer agressivos, mas um olhar mais atento pode identificar um pré-julgamento carregado de preconceito nas entrelinhas de cada item mencionado. Pode não parecer, mas talvez estes exemplos sejam parentes muito próximos de jargões bastante conhecidos e que eu jamais falaria, como “isso é coisa de pobre”, “ tá parecendo serviço de preto”, “é ‘viado’, mas é meu amigo”, dentre muitos outros.
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tão corriqueiro e redundante em nosso país, ouso dizer que assim como fomos obrigados a rever nossos conceitos sobre bullying, chegará o momento em que teremos que romper as barreiras dos nossos comportamentos, eliminando a distância entre o que consideramos certo e inofensivo e o que é realmente correto. A parte mais extensa desse caminho já foi percorrida e as maiores barreiras foram rompidas por gente como Martin Luther King, Nelson Mandela, Harvey Milk, Susan Anthony e tantos outros. O resto está por nossa conta e risco.
Portanto, mesmo correndo o risco de pender a balança para o lado do discurso politicamente correto, que se tornou
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QUAL É O SEU PRECONCEITO?
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PARA TODA OBRA PARA VER
PARA ler
BLUE JASMINE
A SOMA DE TUDO
Marcado por flashbacks constantes, o novo filme de Woody Allen retoma os EUA como palco, assim como uma das faces do cenário marcado pela crise econômica de 2008.
Dúvidas sobre o que vem após a morte. Quem nunca?
Em uma atuação surpreendente, Cate Blanchett faz a personagem Jasmine, que perde tudo quando seu marido Hal (Alec Baldwin), especulador financeiro de Nova York é preso por fraude. Falida, a sua única saída é hospedar-se na casa da irmã adotiva em São Francisco, a proletária Ginger (Sally Hawkins), ponto em que o filme ganha forma e o talento do diretor desponta, pois à medida que o comportamento de Jasmine flutua entre agradável e hostil e vai de encontro aos flashbacks que marcam o filme, mostrando o abismo existente entre a boa vida que ela levava e a condição em que se encontra, Woody Allen dá o seu toque de mestre. Com o distanciamento necessário, ele consegue transformar o drama em humor, ácido como é de costume e bastante marcado pela ironia.
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Com o autor do livro SUM nunca foi diferente, mas ele resolveu responder a questão através da escrita, lançando este livro, que é uma coleção de 40 contos, com 40 possibilidades que podem acontecer no além retratadas de maneira leve e criativa. O livro de David Eagleman já é Best Seller na lista do The Guardian, da Time, do The Week, da Wired, dentre muitas outras, e está disponível em português como A Soma de Tudo.
PARA TODA OBRA
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PARA COMPARTILHAR
PARA DAR UM UP
MUSICOTECA
TINDER
A musicoteca é um site dedicado tanto para quem quer conhecer, quanto para quem quer mostrar a nova música brasileira, sem censura de estilos.
Sites de relacionamentos são coisas do passado, a moda agora é o Tinder.
O espaço é livre e o usuário pode conhecer, deixar a sua opinião e baixar o que quiser de uma maneira muito simples e com autorização prévia dos artistas. ESTANTE VIRTUAL
A Estante Virtual é um site em que você encontra a maioria dos títulos que procura com preços bem mais acessíveis e, além de comprar, você também pode vender on-line. A compra é feita de maneira simples e segura. Você recebe o seu pedido no tempo determinado e ainda pode rastreá-lo enquanto ele chega até você. Além disso, o site ainda conta com um blog super interessante, no qual você pode encontrar desde dicas de livros até curiosidades sobre seus autores preferidos.
Baseado na localização e nos interesses em comum de seus usuários, o aplicativo usa o perfil do Facebook para conectá-los sem violar a sua privacidade, a não ser que eles permitam. De match em match (termo designado para as combinações realizadas), o aplicativo vem aderindo cada vez mais usuários, pois seus diferenciais vão além da praticidade que o aplicativo proporciona. Os adeptos do Tinder não temem ser descartados, pois eles tem a oportunidade de conversar (através de um chat do próprio app) somente com pessoas que também gostaram e escolheram o seu perfil. O Tinder é gratuito e pode ser baixado pela App Store e pelo Google Play.
Acesse o endereço estantevirtual.com.br e faça parte do maior acervo de livros seminovos e usados do Brasil.
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QUAL É O SEU PRECONCEITO?
Ciça Carvello
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PARA DAR UM UP
PARA APRECIAR
DEEZER
PLUS GALERIA
Se você não vive sem música, precisa conhecer o Deezer.
Quem tem bom gosto não precisa ir longe para encontrar obras de arte de artistas profissionais.
Com uma interface muito simples e intuitiva, o aplicativo permite que você ouça mais de 30.000 faixas gratuitamente, baixe praticamente qualquer álbum e crie suas próprias playlists. Você também pode compartilhar as suas músicas através das redes sociais, ouvir os álbuns baixados sem conexão com a internet, além de receber indicações de playlists e faixas baseadas no seu gosto musical, assim como informações sobre as novidades de seus artistas favoritos. Baixe o aplicativo em seu Smartphone ou use a plataforma em seu computador através do site deezer.com.
A Plus Galeria trabalha com obras de arte originais e com gravuras feitas 100% pelos próprios artistas. Sua loja on-line conta com um atendimento ágil e muito eficiente em todos os momentos (do pedido a entrega) e todo o seu acervo também está disponível no escritório da empresa em Goiânia. Para agendar uma visita basta entrar em contato com a equipe Plus através do e-mail contato@ plusgaleria.com ou pelos telefones (62) 8428-3867 e (62) 3278-2582. Além de trabalhar com obras únicas e artistas de peso como Oscar Fortunato (foto acima), Zé Otávio e muitos outros, a Plus Galeria é um importante difusor de arte e cultura no estado e no país, por isso ela segue como uma das melhores indicações feitas neste espaço. Acesse o site plusgaleria.com.br e aprecie.
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Thercles Silva
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PARA ouvir CHIMPANZÉS DE GAVETA
Qualquer previsão tacanha poderia chegar à extinção quando estes primatas começaram em julho de 2006. Desde lá, quebrando galhos e trabalhando num processo coletivo, os ChimpanZés percorreram e ainda percorrem, de forma independente a cena local e outros palcos do Brasil. Aglomerar sempre foi uma das maiores características da banda. Várias parcerias com músicos, compositores e outros artistas foram feitas. Seja no Rap ou no Hard Core, o trânsito é livre. O próprio nome do mais novo trabalho da banda,“Produto Interno Groove”, veio dessa intenção. Muitos fazendo, transformando e acontecendo.
Com Lucas Ribeiro na bateria, Erick Magalhães no baixo, André Hiromi na guitarra, Adriano Zago no teclado e Michel Edere no vocal, os ChimpanZés de Gaveta fazem uma mistura rítmica com letras que questionam o cotidiano “sub-anormal”. Conheça a banda através da Fanpage da banda facebook.com/oschimpanzes e do seu canal no Youtube youtube.com/user/ ChimpanzesDeGaveta.
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ENTRE OLHARES
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FILHO PREDILETO TEXTO POR MICHEL EDERE
Dentre os filhos O preferido não se conhecia Dependia muito.
Que a pobreza o deixe com o tempo. Não pode um homem valer só o que pensa. Não pode uma mulher valer além...
Se fosse gordo Poderia não caber na sua mente pequena. Se fosse preto Talvez não o visse na televisão. Se fosse gay Teria espaço no seu coração? E se mulher fosse Poderia passar do portão? Dependendo da região Se sotaque tivesse Qual seria sua posição?
Dentre os filhos Este país tem os seus preferidos, Mas jamais permitiria um ato de preconceito. Que esse ventre se cale E que a margem abra suas pernas Pois mais excluídos devem chegar.
Que não se tornasse puta Mas poderia ser jogador de futebol. Nada de maconha, Mas poderia tomar “umas” com os “amigos” Antes de presidir no tribunal.
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COMER E VIAJAR
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PRA QUEM TU SERVES, Ô GARÇOM ? TEXTO POR DANILO XIDAN
W.F. não morreu. Nem é menor de idade. W.F é bem empregado, tem um salário de R$10.000,00 mensais e, sempre que pode, viaja com a família. Aviões, Copacabana, a vida é boa. Ele tem muitos amigos. Muito comunicativo, sempre com um agrado inesperado e um sorriso marcante no rosto. Mas, esta noite, ninguém sorriu pra ele de volta. As pessoas que olharam diretamente em seu olho não estavam muito satisfeitas, ou será apenas pressa? Ou será mau humor? Ou será simplesmente educação? (ou a falta dela?). “Você não fez isso!”, “você esqueceu daquilo”… W.F. não morreu. Ele apenas perdeu o emprego bem remunerado e sua última viagem com a família foi para deixar sua cidade, e sua filha chorosa, para tentar a sorte a 200km de saudades distantes. A vida é difícil. Trabalha de dia e é garçom à noite para complementar sua renda. Ele não tem muitos amigos mais. Porém, continua muito comunicativo, sempre com um agrado inesperado e um sorriso marcante no rosto.
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Chegando a Goiânia, eu dei continuidade no Comer e Viajar com minha preparação culinária e também fui garçom em dois restaurantes com propostas diferenciadas. O primeiro foi o Pitanga Sabor e Equilíbrio. Um lugar que dá vontade de passar o dia todo. Tem slackline, cama elástica para adultos, piquenique, rede para o cochilo, biblioteca e criativos sanduíches e sucos, além de massas artesanais e saladas, tudo com um sabor fresquinho. O segundo foi o P Di Pizza. Uma pizzaria que te conquista a cada pedaço. Um cardápio com nomes divertidos e ousadas combinações, muito bem acompanhadas de singulares cervejas artesanais e vinhos. E a seleção de músicas vai de Cartola, passa por Creedence Clearwater Revival, Jimi Hendrix, e surpreende os mais entendidos chegando ao Demon Fuzz. Apesar das diferenças, posso dizer que vivi uma realidade em comum. Trabalhar de garçom, na maioria das vezes, é viver o paradoxo de ter que estar sempre visível e ser tratado como um ser invisível. É tentar ser comunicativo com muitas pessoas que não querem, muitas vezes com um
COMER E VIAJAR
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desagrado inesperado. Mas, você sempre tem que manter um sorriso no rosto. E, nas longas noites de trabalho, não fique muito chateado se ninguém te sorrir de volta, meu amigo W.F.
Danilo Xidan terminou sua preparação em 3 restaurantes, e agora pega a estrada para um mochilão sem roteiros pelo Brasil. Acompanhe tudo em www.facebook.com/comereviajar2 e pelo Instagram @comereviajar.
Comei e viajai!
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REFOGANDO AS MÁGOAS
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DIGA NÃO À CEBOLAFOBIA “É preciso educação, não só para respeitar o próximo, mas também a si mesmo. E a cebola também, coitada.” TEXTO POR GUMA
O ser humano é um ser sem limites mesmo, é preconceito com negros, homossexuais, judeus e cebola. Valendooo! É inegável que a indústria da diabetes e da obesidade são covardes, principalmente com os pais e mais ainda com os pais que não têm aquele hábito alimentar dos mais exemplares. Afinal é fácil gostar de um alimento que vem com uma bomba de sal ou de açúcar, o corpo tem um prazer mais rápido e de duração curta com alimentos assim. “Quer dizer então que comer uma promoção do McDonald’s é como fumar crack?” A resposta é “não, não exagera, cara.” Infelizmente é muito comum ver um adulto falar que não gosta de nenhuma verdura, nenhum legume e que a única fruta que consome é maçã. Talvez não seja falta de chinela de borracha na orelha. É preciso educação, não só para respeitar o próximo, mas também a si mesmo. E a cebola também, coitada.
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Eu vou dar um “share” aqui da experiência de minha vida. Meus pais com certeza não imaginavam que quando eu crescesse fosse me interessar tanto por comida, comer igual um peão de obra e muito menos “perder” um tempo só pra escrever sobre isso porque afinal de contas eu fui aquela criança que era exageradamente chata pra comer. Não comia quase nada, minha progenitora sofreu bastante para que eu pudesse me alimentar de forma bacana e consumisse os devidos nutrientes. Coisas que eu me lembro de não gostar: berinjela, cebola, rúcula, uva passa, côco ralado (?), azeitona, pequi, manteiga (???) e por aí vai... Imagina só que moleque maldito pra comer. Mas o desafio foi interessante para minha mãe porque assim ela desenvolveu uma sensibilidade gastronômica surpreendente, tornando-se doutora em combinação de sabores. Para ilustrar bem o que estou dizendo vou contar uma historinha:
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IMAGEM Na mesa da sala estavam minha mãe e eu almoçando, comíamos o bom e velho bife acebolado com arroz, feijão, uma salada de tomate e outra de rúcula. Houve um momento que minha mãe estava com a cabeça apoiada nas mãos olhando com um olhar levemente sofrido pro meu prato e disse: - Coma uma ruculazinha, é tão gostoso. - Poxa, mãe, eu não gosto. - Pegue um pouco de rúcula e coma junto com a carne, você vai ver que vai ficar bom. Como um bom filho eu fiz o que ela tinha pedido...Macumba materna, como pode? Que maravilha o amargo da rúcula que estava no azeite e no vinagre balsâmico que contrastava com sabor do bife de alcatra. Rúcula passou a ser uma das minhas verduras preferidas.
Moral da história: “explorar” o paladar com tentativas de combinar alimentos inusitados (e eu nem estou me referindo a combinações esdrúxulas daquele seu amigo maconheiro que comeu lingüiça com brigadeiro ao chegar da noitada), não só abre a cabeça como abre possibilidades de se comer uma simples cenoura que afinal não é só uma cenoura crua e tenra, ela pode ser um bolo de cenoura, um suflê de cenoura, um purê de cenoura, a cenoura cozida no vapor (que também tem outro sabor) e por aí vai. Quero deixar claro que ninguém precisa parar de comer fast-food, mas que coma de tudo sem preconceito e frescura. E sem chineladas também.
Momentos como esse me fizeram abrir a cabeça para experimentar outras coisas que eu não comia de birra e também desenvolver uma boa vontade para experimentar outras coisas que nem imaginava que eu gostava.
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NOS BASTIDORES
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MEU AMIGO NELSON MORA NA ESQUINA TEXTO POR MICHEL EDERE
Quem diria senhoras e senhores. Quanta evolução neste nosso ocidente. Hoje celebrado por todos, quando antes era considerado um “inimigo público”, um “terrorista”. Uma vez foi até defendido o seu enforcamento. É o que acontece diariamente pelo mundo. Em pequenas ou grandes cidades. Enforcam-se pessoas, enforcam-se ideias. Ideais. E alguém lá sabe o que é isso? E essência? Alguém entende? Se entendessem ou pelo menos respeitassem, algo de diferente estaria acontecendo nessas ruas por onde passam nossos belos ou velhos carros poluentes. A realidade poderia ser bem sorridente ou inteligente se não tivéssemos tanta preguiça de questionar. Não é que exista um revolucionário em cada um. Não. Isso é coisa de livro de autoajuda. Mas é de virar o estômago, ver “castrados intelectuais” por motivos raciais. Ou pior, por motivos sexuais ou financeiros.
história. Pequenas, ou quase invisíveis. Mas os jornais não mostram. Uma vez na Faculdade, antes de largar o curso, aprendi um termo que define bem o “Estado Comunicativo”, o nosso famigerado “4º Poder”. Os jornais impressos, televisivos ou radiofônicos; seus profissionais; são “office-boy do poder”. Sustentam a mesmice, a desigualdade social e por consequência, sustentam um pensamento racista e de forma sistemática, um pensamento preconceituoso. Um pensamento cheio de clichês, estereótipos e adágios. Nelson nem deve existir mais. Pelo menos não como era. Hoje deve ser uma imagem distante, meio apagada. Sem interesse, sem mudança, sem revolução. Nelson hoje dever ser preconceituoso como eu e você. Não fazemos diferença. Mas a culpa é dele que não lutou. Mentira! A culpa é nossa que o castramos.
Em 1998, na esquina de onde morava, tinha um Nelson. Geralmente em todas as esquinas tem um. Gente que a cidade comeu ou enlouqueceu. Gente que faz
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AS PULGAS DO PRECONCEITO “Meu maior preconceito é com os que dizem que não têm preconceito algum.” TEXTO POR MARÍLIA BILU
Preconceito: todo mundo tem e tirando toda a seriedade do conceito e todo o peso do estatuto negativo que ele carrega, não passa daquela pulguinha que fica atrás da sua orelha e que coça, toda vez que algo que não é tanto da sua praia chega até você. Todos temos essa pulguinha, mas algumas são mais ignorantes que as das outras.
rua perto de você, ou quando o mesmo te pede um emprego. O preconceito de ver um índio e xingar, porque, afinal, ele é preguiçoso. O preconceito com a raça pra mim é o mais descabível possível. Eu chego a rir e ao mesmo tempo contorcer de ódio de pensar que existem pessoas que classificam as outras pela cor da pele ou pela raça.
Existem algumas pulguinha fúteis, leves, que foram criadas a base de anos e anos, no cansaço, na irritação do dia a dia que só começaram a ter “razão própria” depois de muito viver e de muito obter respostas da vida - nada de sério, nada de pesado, nada de rancoroso, nada de odioso: preconceito com gente feia, gente burra, gente brega, com gente que anda só de branco, com hippies, mendigos, com ateus, com religiosos extremistas, meninas que fazem o que querem, com black metals, com maconheiros, dogmáticos, com boêmios, com pobres e por aí vai.
Esses dias conversando sobre isso com um cara que mora há tempos em Nova Iorque, ele logo soltou:
Ao mesmo tempo, existem aquelas pessoas com a pulga mais perigosa. Aquela pulga que pode engendrar ódio, guerra e o caos. Aquela pulga que faz coçar só de encontrar um negro atravessando a
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- Tenho preconceito com negros. - Então você é racista. - Não, não sou racista. Eu tenho preconceito com aqueles negros que entram no metrô, com um som nas costas e começam a dançar e cantar lá no meio. Odeio. Eu ri e pensei em como esse preconceito baseado no estereótipo é um preconceito “leve”, corriqueiro. Se fosse um branco, carregando o mesmo som, ele também se irritaria, como ele mesmo disse. O preconceito estereotipado é o mais comum de todos, todo mundo tem e não me venham com lenga-lengas.
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Em contrapartida, vos apresento os grandes representantes das pulguinhas más: os preconceitos racial e sexual. Esses são dignos de nojo e as pessoas que se utilizam da ciência, da genética e da religião para argumentar a favor desse tipo de preconceito deveriam pensar que essas foram criadas para melhorar a vida humana e não para aumentar mais ainda a discórdia entre os homens. A escravidão dos negros fez parte de um processo histórico e é legal lembrar que esse processo já acabou há mais de um século, da mesma forma que o homossexualismo existe desde... desde... desde...? Enfim. Todos nós temos preconceitos e é bem aquela coisa: se não gosta, não faça. Não precisa difamar, apedrejar e causar o caos por causa disso. Acho justo lembrar que é bem aquela velha história: todo mundo tem sentimentos, medos e o famoso teto de vidro. Às vezes esse teto de vidro é tão “de vidro” que acaba ficando chato: “O Pedro? Que Pedro?”. “O negão”. “Nossa, larga de ser preconceituosa”. Oi?
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mesma forma que “branquela”, “leitinho” e por aí vai. Fazendo esse texto, acabo de pensar no preconceito da mesma forma que tenho o bullying. Deixando a pulguinha pesada e causadora de desavenças de lado, assim como o bullying desesperador, coercivo e abusivo, considero que ambos são levados em consideração demais pela sociedade. É tão comum, tão existente e acho que talvez sejam a força necessária para o crescimento de uma pessoa. Afinal, quem nunca? Portanto, respondendo a pergunta dessa edição, acho que escolhi minha resposta: meu maior preconceito é com os que dizem que não têm preconceito algum (lêse: hipocrisia).
O jeito de falar de uma pessoa talvez não seja tão preconceituoso como sua cabeça e que esse “negão” tenha sido empregado da
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