Foccus 84

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EDIÇÃO 84 - JUNHO 2014

CAPA Retratos da cultura do estupro SENTA QUE LÁ VEM HISTÓRIA Uma história sobre almas boas TUDO AO MESMO TEMPO AGORA Última chamada para o bom senso NOS BASTIDORES Sobre essência e clichês PENA E PINCEL No traço de Cecília PARA TODA OBRA Uma pá de dicas

CAPA

RODA D’ÁGUA Terra, Ter céu, fogo e poesia POPCORN TIME 10 motivos para você ir ao cinema em 2014


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EDITORIAL

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O FUTURO É AGORA O mundo mudou e eu não estou afirmando isso apenas porque o presidente da maior potência do mundo é negro, a nossa presidente é uma mulher ou porque estamos em protesto contra copa do mundo em pleno país do futebol. O buraco é mais embaixo. A tecnologia, além de ter transformado as relações pessoais profundamente, também mudou o mercado como um todo e impactou a maneira de fazer negócios, política e comunicação. Estamos vivendo um novo momento, com novos valores de mercado, novas regras de conduta, novas maneiras de nos relacionarmos e, por mais que muitos prefiram andar de mãos dadas com o passado, o futuro é agora.

Portanto, a urgência de abandonar valores que sequer deveriam ter sido impostos foi o fator que norteou a escolha do tema da matéria de capa desta edição, que aborda um dos piores produtos da cultura paternalista ainda vigente em nossa sociedade: a cultura do estupro. A mesma urgência que norteou a escolha do tema da matéria de capa desta edição também influenciou a produção das demais colunas presentes na revista, que tratam de assuntos capazes de causar reflexões transformadoras. Aproveite!

FICHA TÉCNICA Editora Chefe: Kilze Teodoro – kilze@foccusrevista.com.br Diretor Executivo: Murilo Borges – murilo@foccusrevista.com.br Projeto Gráfico: Juicebox Publicidade e Propaganda – (64) 3661-1960 Direção de Arte: Andre Rezende

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Produção Gráfica: Gráfica Mineiros – (64) 3661-1862 Comercial: Jéssica Dias – (64) 9994-6294 Circulação: Mineiros, Goiânia, Rio Verde, Jataí, Alto Araguaia, Alto Taquari, Chapadão do Céu e Chapadão do Sul Endereço: Avenida Ino Rezende, Qd. 12, Lt. 11, Piso 02, Setor Cruvinel, Mineiros-GO, CEP 75830-000


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COLABORADORES JUNHO/2014

GUILHERME SANTANA

PABLO KOSSA

PEDRO FAUST

Coveiro por opção. Pai por paixão. Glutão por convicção. santanagui@hotmail.com santanagui.blogspot.com

Pablo Kossa é jornalista, produtor cultural e mestre em Comunicação pela UFG.

Goianiense desde o nascimento. Jornalista pela PUC e aficionado por cinema. Redator Publicitário da Agência Casa Interativa e colunista na Revista Foccus.

PEDRO LABAIG

HUGO VAZ

MICHEL EDERE

Pintor, formado em Filosofia pela UFG, estuda História da Arte na Universidade de Sorbonne.

“Eu moro na cabeça calabouço e jogo dominó com espantalhos, guardo sete fósforos no bolso, na manga do meu truco um três de ouro e um rei na barriga do baralho.”

Nascido no dia 11 de abril de 1980, já com a profissão de ariano definida para o resto da vida, Michel Edere é original de fábrica de Goiânia. Filho de uma crente com um piauiense, estudou muita coisa, aprendeu algumas, esqueceu a maioria e não se formou em nada.

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ED. 84 - JUNHO 2014

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ÍNDICE

Senta Que Lá Vem História |

GUILHERME SANTANA ...........................................................................................

PABLO KOSSA .........................................................................................................

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PEDRO LABAIG ................................................................................................................................................

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KILZE TEODORO .................................................................................................................................................................

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Tudo ao Mesmo Tempo Agora | Pena e Pincel | CAPA |

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Roda d’Água |

HUGO VAZ ..........................................................................................................................................................

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Para Toda Obra

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MICHEL EDERE ............................................................................................................................................

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Entre Olhares |

MICHEL EDERE ...............................................................................................................................................

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Popcorn Time |

PEDRO FAUST ..................................................................................................................................................

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Nos Bastidores |

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We Never Look Up


SENTA QUE LÁ VEM HISTÓRIA

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UMA HISTÓRIA SOBRE ALMAS BOAS “Porque elas se encontram. Onde quer que estejam.” TEXTO POR GUILHERME SANTANA

Essa é uma história sobre almas boas. Ela começa parecida com todas as outras. Era uma vez uma família que estava de férias e pegou a estrada rumo ao descanso merecido. Eles iam acampar. Lonjura só de estrada. Pra mais de mil quilômetros de distância. Percorridos em duas etapas. Dormir no caminho para não cansar as crianças. Quando o pai vê a quantidade de bagagem já pensa logo: “não vai caber no carro”. Respira fundo e começa a arrumar a tralha. Vai enfiando tudo nos buracos que vão se acabando. Parece carro de feirante. Capaz de ter que deixar um dos meninos pra caber. Depois de um quase milagre todos estão no carro. Meninos, bagagem, travesseiros e alegria. Inicia a viagem. A primeira etapa é curta. Para em hotel fazenda achado na internet. Uma formosura. Descanso do corpo cansado para seguir viagem no outro dia de madrugada. O galo ainda não cantou, quando é fé, todos na estrada de novo. O orvalho frio da manhã embala o carro de feirante. Meninos perdidos no meio dos travesseiros. Melhor render na estrada antes que alguém jogue pedra no ninho dos caminhões.

Estrada federal. Anos a promessa de duplicação. Nada. Mas para a família que saía de férias isso era o que menos importava. Seguia num misto de dorme um pouquinho, ipad um pouquinho, livro um pouquinho, música um pouquinho. O motorista não. Só na direção. Costurando caminhões como se fosse um alfaiate. Estrada ruim. Asfalto ruim. Cada caminhão trazia uma carga. Uma história. Vai o motorista em seu intrépido carro de feirante. Tralha pra todo lado. Eis que numa subida o ponto do alfaiate desanda. Um minuto de besteira e o choque inevitável com a traseira de um caminhão. Pesado caminhão. Pra mais de 20 toneladas. Os segundos pareceram minutos. Entre gritos e choros o barulho do susto. Os meninos entre os travesseiros. O carro no meio da estrada. Tenta ligar. Nada. Num reflexo solta o veículo e ele se move lentamente para o acostamento. Choro incontido dos meninos. Pergunta se tudo está bem. O mais novo parece machucado. Tira o cinto de segurança e o acomoda no colo da mãe. Mãe que parece anestesiada. Filho chorando no colo. Pensamentos

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SENTA QUE LÁ VEM HISTÓRIA

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mil passam na cabeça. E as férias? O motorista do caminhão que acompanhava tudo desce e caminha em direção ao carro. Foi ver como estavam todos. Todos parecem atordoados. O pai sai do carro e se aproxima do local da colisão. Parece procurar uma explicação. Não tem. Foi o ponto do alfaiate que saiu do lugar. Espetou-lhe o dedo a agulha. Volta em direção ao veículo. Percebe as labaredas no meio do ferro retorcido. Corre a tirar as crianças de dentro do carro: “está pegando fogo!”. O choro que havia acalmado volta com toda a intensidade. Pega um menino joga na mão do caminhoneiro. Pega o outro coloca no capim à beira do acostamento. Ela está sem sapatos. É mês de seca. O sol está escaldante. A umidade baixa. Pega o extintor. Descarrega no fogo. Apaga. O acampamento também começa a se apagar. O telefone começa a pipocar. Família de longe querendo saber notícia. Começa a via sacra do seguro. Precavido o seguro. Explicar para alguém que está em outro estado a localização. Os nomes não são familiares a quem está a mais de três mil quilômetros de distância. As crianças ainda choram. O motorista do caminhão olha tudo. Propõe levar todos para a cidade mais próxima. Coisa de uma centena de quilômetros. Diante do sol, umidade, choro e decepção o convite é aceito. Todos para a boleia do caminhão. Os meninos nunca andaram no caminhão. Emoção diferente. Não demora muito eles adormecem. Parece que dormem o sono dos justos. O sangue esfria. A mente trabalha. As dores aparecem. As cenas voltam.

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O caminhão lento. O motorista parece sensibilizado. Conta que está num percurso de quase quatro mil quilômetros com uma carga. Conta um pouco da sua história. Parece uma alma boa. Preocupado com as crianças. Vai no seu caminhão devagar. Tentando chegar. Para depois voltar. E chegar. E segue a vida. Interminável caminho. Chegam à cidade. No caminho o celular resolveu o problema. Já havia gente esperando na parada. As crianças queriam que o caminhoneiro almoçasse com elas. Queriam retribuir de alguma forma. Ele declinou do convite. Precisava seguir viagem. Seguir por onde a estrada o levasse. As crianças insistiram, mas ele se foi. Parecia preocupado. Parecia consternado. As crianças não conseguiram almoçar. Não nesse dia. Resolvidos os problemas burocráticos, a família superou seus traumas de férias. Fora as dores do impacto restaram lembranças e lições. No dia seguinte estava o carro em cima do guincho quando o celular tocou. Código de área estranho. Era o motorista do caminhão. Estava mais de mil quilômetros à frente. Seguindo com sua carga. Queria saber como estavam as crianças. Como estava a família. Não perguntou pelo carro. O sinal estava ruim. A ligação caiu. Caiu antes que o pai pudesse agradecer mais uma vez. Apesar de saber que os agradecimentos ali eram desnecessários. Implícitos. Porque ele sabia que aquela história era sobre o encontro de almas boas. Porque elas se encontram. Onde quer que estejam. É a Lei da Correspondência. * Em homenagem ao caminhoneiro Flávio que segue sua história de alma boa.


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Folha de S達o Paulo


TUDO AO MESMO TEMPO AGORA

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UMA MARCHA PELO BOM SENSO “Só na cabeça de lunáticos é possível pedir novamente a intervenção militar para que, na base da força, retirem um governo que foi eleito pelo voto popular.” TEXTO POR PABLO KOSSA

Ainda borbulha Brasil afora reflexões acerca dos 50 anos do Golpe Militar completos no dia 31 de março - as verdadeiras águas de março que fecharam o verão. Muita gente relembrou fatos tristes, muita gente se posicionou contra a barbárie do Estado para com os cidadãos, muita gente refletiu o nefasto legado dos 21 anos de escuridão. Pois é, mas também teve gente (e não posso dizer que foi muita) que demonstrou saudades da truculência fardada.

Para quem não sabe, a malfadada marcha aconteceu como reação ao histórico comício de João Goulart no dia 13 de março de 1964, no qual ele antecipou reformas que desejava implementar. No dia 19 de março do mesmo ano, setores políticos conservadores apoiados por parcela significativa da classe média, empresariado e clero se mobilizaram e foram para as ruas de São Paulo pedir a queda de Goulart que, segundo os mesmos, levaria o Brasil para o comunismo.

E as viúvas dos generais não se contentaram somente em ficar no mimimi de rede social. Conclamaram via Facebook uma nova Marcha da Família com Deus pela Liberdade. Uma espécie de versão 2.0 daquele movimento que em 1964 legitimou a quartelada que tivemos. Nossa sorte é que se a direita raivosa e antidemocrática até mostra as caras com alguma frequência no espaço público virtual, eles não foram tão ousados assim quando foi a hora de ganhar o espaço público real. Como diz Mano Brown, “mas na rua né não”. Pouquíssimos gatos pingados compareceram aos eventos programados.

Naquele momento de nervos à flor da pele por conta da Guerra Fria, só de citar certas palavras ou expressões como povo, reforma agrária ou distribuição de renda já era motivo para ser taxado de comunista comedor de criancinhas. E o pior que nem sei se isso mudou muito com o passar dos anos… Mas aí já é assunto para outro texto! O tom da fala de Jango deixou ouriçada a parcela conservadora da sociedade que clamou aos militares a deposição do presidente que democraticamente tomou posse por ser vice de Jânio Quadros após sua renúncia.

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TUDO AO MESMO TEMPO AGORA

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Corta para 2014. Só na cabeça de lunáticos é possível pedir novamente a intervenção militar para que, na base da força, retirem um governo que foi eleito pelo voto popular. Se não gostam do que está aí, ao invés de ressuscitar fétidos cadáveres, que se articulem e convençam a maioria da população de que o caminho que propõem é realmente o melhor para o Brasil. Assim que se faz em país decente. Assim que se age com civilidade perante adversários políticos. Pelo amor da Virgem, acho que vamos ter que acabar puxando uma marcha pelo bom senso para abrirmos a cabeça de algumas pessoas. Ainda bem que estamos falando de aproximadamente meia dúzia de boçais. COMO DINAMITAR UMA IMAGEM COM UMA CARTA A inabilidade política da presidente Dilma Roussef ao lidar com o caso de Pasadena é algo para entrar para os livros. Daqui décadas vamos ter esse caso como paradigmático: como trazer uma crise para seu colo. Algo que estava passando ao largo do Palácio do Planalto agora está pipocando na Alvorada. E graças a Dilma. Seu padrinho Lula deve ter xingado a estratégia de acusar o relatório que atestou a compra ao Conselho de Administração, presidido então pela pupila, de falho mais do que quando o Corinthians, clube do coração do expresidente, sai de campo goleado. A população que acreditava no perfil técnico e de gerentona de Dilma está agora com a pulga atrás da orelha. Como fiar tais qualidades quando ela,

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como presidente do Conselho, assina um relatório e manda a principal estatal do País encarar um negócio que poucos anos depois se mostrou altamente deficitário? A real é que sabemos que essas vagas em conselhos para ministros e demais figurões funcionam muito mais como complemento salarial do que como algo que o cara vá lá e realmente se dedique com afinco. Só que alguém que encara uma função como bico não pode ter tamanha responsabilidade em suas mãos. E o abacaxi continua com Dilma para ser descascado. OS NÓS NA CABEÇA DE LULA Com o abalo da imagem de Dilma e sua aprovação desidratando pouco a pouco a cada dia que passa, o boato de uma nova candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva cresce mais. É uma baita sinuca de bico para o líder petista. Se ele topa a empreitada, reconhece que falhou ao indicar Dilma como sucessora e terá que passar a campanha toda explicando onde tudo deu errado. Se banca a reeleição da presidente e ela vem a ser derrotada no voto, o PT perde todas boquinhas conquistadas ao longo dos 12 anos governando o Brasil. Tenho certeza de que essa encruzilhada está desenhada na cabeça de Lula e a todo segundo ele tenta uma jogada para melhorar o cenário. Mas não sei se toda esperteza política do ex-presidente será capaz para achar a solução de um desafio tão complexo.


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PENA E PINCEL

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A RESPEITO DE CECÍLIA “Para quem teve apenas o lado cruel de tudo, qualquer delicadeza é inadmissível e injustificável.” TEXTO POR WIGVAN PEREIRA / PINTURA POR PEDRO LABAIG

Cecília praticamente não tinha rosto. Uma dureza que me falava da dor que ela precisava esquecer todos os dias e por isso me comovia mais que se fosse lágrima. Eu via nela, nos mundos atrás de seus olhos invisíveis, a rudeza de tantos homens que a tocaram e transformaram seu corpo em um mapa de caminhos explodidos. Qualquer um que quisesse percorrê-los, o aviso estava ali, escrito em cada poro que se recusava ao arrepio: “aqui, você irá se deparar com uma paisagem de sonhos mortos, volte!”. Os lábios que jamais provei, mas que imagino frios e com o gosto de tudo aquilo que se perde definitivamente, moviam-se apenas para as sílabas de orientação – “não”, “para”, “vem”, “assim”, “forte”, “mais forte”. Talvez fosse tédio. Desde a infância acostumada a amar bichos, Cecília entendia a violência e o sexo como ossos do ofício de estar viva. “Queria que você não estivesse assim, tão machucada”, disse-lhe uma vez. Ela duvidou, como sempre duvidava de qualquer palavra um pouco mais suave. Respondeu: “Você gosta de mim porque eu sou assim.” Estava certa: suas feridas, lambê-las, cheirá-las, fazia com que me esquecesse de cultivar as minhas e, naqueles instantes, sentia um pouco da felicidade dos cães entre as

escaras daqueles a quem amam. Nunca me pediu que as cordas fossem menos apertadas ou se esquivou de alguma vela. “Você se amamenta da minha tristeza”, repetia quando eu me desculpava. Uma noite, aos nos despedirmos, arrisquei beijarlhe a face e a vi se proteger do beijo com as duas mãos como se meus lábios tivessem um peso que ela, castelo de cartas, não tinha forças para sustentar. Para quem teve apenas o lado cruel de tudo, qualquer delicadeza é inadmissível e injustificável. Falávamos pouco, geralmente nos quinze minutos que ela exigia para se recompor antes de voltar à sua casa. Eu ficava porque minha presença não era o suficiente para incomodá-la. Ou talvez ela quisesse mostrar a sujeira que eu causei, como era fácil se limpar de mim e fingir que eu não existia no dia seguinte. Se eu perguntava qualquer coisa, ela me respondia com um olhar adulto de tão cansado, quase nunca palavras. Se eu pedia um trago do cigarro ou um gole da cachaça que ela misturava com suco em pó de morango: “Você ainda é criança, Vicente.” “Mas temos a mesma idade.”

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PENA E PINCEL

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“Eu já nasci velha, até meus filhos já morreram de velhice. Nem lembro onde enterrei seus corpos, se estavam realmente mortos e se eram realmente meus.”

“Eu já nasci velha, até meus filhos já morreram de velhice. Nem lembro onde enterrei seus corpos, se estavam realmente mortos e se eram realmente meus. Só me lembro, e mesmo assim: vagamente, de quando mordiam os meus seios para se alimentarem do sangue que escorria deles.” Ela mostrava a minha infância, os meus desaforados quatorze anos, ao dizer profundidades que eu não era capaz de decifrar. Depois ria, apagava o cigarro com a ponta do all star e desaparecia madrugada adentro para voltar apenas quando eu tivesse outra nota de cem.

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Wigvan é um privilégio pra quem sabe reconhecer o autêntico quando o vê. Se a vida pudesse ser inteiramente velada e escancarada numa só palavra, tal façanha seria facilmente sua. Foi essa ambivalência que me levou a convidá-lo para ser a pena da vez, a primeira, frente a um quadro ambíguo, sem saber que ele, Wigvan que é, já tinha me convidado para ser o pincel da sua palavra.


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CAPA

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A CULTURA DO ESTUPRO “A cultura do estupro está inserida em nossa sociedade de maneira endêmica e revela-se como um produto da cultura paternalista em que vivemos.”

TEXTO POR KILZE TEODORO

Para abrir este texto lhe convido a conhecer a história de duas personagens, Mariana e Manoela. A primeira é uma jovem de 23 anos, que teve sua liberdade roubada enquanto voltava de um baile funk em sua comunidade.

ela estava com uma roupa muito curta, bebendo e dançando ao som das batidas do funk.

Pela falta de condição dos pais, Mariana começou a trabalhar muito cedo e, desde então, tornou-se dona do próprio nariz. Mas toda a independência conquistada foi violada quando um jovem resolveu entender um não como charme e a estuprou violentamente.

Na outra ponta está a adolescente Manoela, que é filha de um político muito influente no cenário nacional e pertence a uma das mais tradicionais famílias do país. Porém, mesmo presenciando diariamente o traquejo social de seus familiares, ela não possui uma postura política e carismática. Pelo contrário. Manoela apresenta sérias dificuldades de relacionamento e encontra-se cada dia mais introvertida.

Quando foi abordada por seu agressor durante o baile, Mariana recusou a cantada, mas a crença de que toda mulher que diz não, na verdade está querendo dizer sim, o estimulou a persegui-la após a saída do evento e usar de sua força para provar para ela e para si mesmo que estava certo.

As aulas de piano, balé e até mesmo as frequentes visitas ao psiquiatra são incapazes de amenizar os sintomas da sua personalidade tímida e arredia porque, na verdade, eles são frutos de um problema muito maior, que tem nome, sobrenome e se manifesta em forma de abuso sempre que seu pai exagera na bebida.

A despeito de todas as marcas da agressão espalhadas pelo seu corpo, a maioria das pessoas que souberam do ocorrido preferiu acreditar que, no fundo, Mariana estava pedindo para ser violentada, afinal

Todavia, os familiares de Manoela preferem oferecer todo o suporte necessário para tratar os sintomas que ela apresenta a enxergar o pai como o problema. Afinal, colocar em cheque

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CAPA

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“A cultura do estupro está tão arraigada em nossa sociedade, que até mesmo as mulheres, que são as maiores vítimas desta realidade, ajudam a propagá-la.”

a figura pública que ele representa juntamente com sua trajetória política e as benesses que ela proporciona pode ser muito arriscado. Desta forma, o pai é considerado pelos membros da família como uma vítima do alcoolismo e, por ser tratado como tal, tem sua culpa atenuada. Apesar de apresentarem retratos sociais bastante divergentes, as histórias de Mariana e Manoela são duas faces da mesma moeda e ambas retratam a cultura do estupro em suas diferentes possibilidades. Enquanto no primeiro caso vemos o seu desdobramento através da culpabilização da vítima, no segundo ela se faz presente no momento em que a culpa do autor do crime é atenuada em função de fatores externos. Mesmo ainda sendo uma expressão estranha a muitos, a cultura do estupro está inserida em nossa sociedade de maneira endêmica e revela-se como um produto da cultura paternalista em que vivemos, onde a prerrogativa masculina é claramente dominante. Logo, o discurso machista proveniente desta realidade é um campo fértil para a perpetuação de variantes que dificultam a plena liberdade

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sexual, pois valida julgamentos que culpabilizam a vítima e relativizam esse tipo de crime, além de menosprezar o estupro contra minorias (leia-se homossexuais, transexuais, prostitutas, mulheres casadas e homens) e legitimar abordagens agressivas, piadas sexistas, cantadas de rua e comportamentos similares. Em consequência dessa cultura, vivemos em uma sociedade que educa mulheres para se prevenirem contra agressões sexuais, alertando-as para não andarem sozinhas em determinados lugares, não usarem roupas curtas, não entrarem em meios de transportes lotados, mas não ensina os homens a não subjugarem as mulheres e muito menos a respeitarem o espaço alheio, assim como não regula a imagem que a mulher representa na mídia e publicidade brasileira, onde seus corpos são incansavelmente apresentados como mercadoria. A cultura do estupro está tão arraigada em nossa sociedade, que até mesmo as mulheres, que são as maiores vítimas desta realidade, ajudam a propagá-la. Afinal, os costumes impostos ao longo do tempo acabaram normatizando de


CAPA

Kurt Stallaert

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forma sistemática o comportamento da população e por isso é tão comum encontrar grupos femininos que julgam as vítimas de violência sexual com a mesma severidade que os demais. A ausência de revoltas e contestações contra a prevalência desses costumes paternalistas reforça a maneira negativa de encarar os crimes contra a violência sexual, aumentando assim o sentimento de impunidade e refletindo diretamente no aumento dos seus números. De acordo com o 7° Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgado em novembro de 2013, o número de estupros no Brasil subiu 18,17% em 2012, na comparação com o ano anterior, sendo que foram registrados 50,6 mil casos em todo país. Todavia, abordar dados para retratar esses casos pode ser irrelevante, pois grande parte dos crimes cometidos contra a liberdade a sexual acontecem no seio familiar ou entre pessoas próximas. Deste modo, o medo de denunciar aliado a sensação de impunidade faz com que os levantamentos feitos a partir do tema sequer se aproximem do número real de casos existentes.

Portanto, já que a realidade é ainda pior do que se apresenta e os números transmitidos pela imprensa são inconsistentes, torna-se necessário destinar menos importância para informações sensacionalistas lançadas na mídia nacional como a recente pesquisa realizada pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) sobre a tolerância social ao estupro - que teve grande apelo nos meios de comunicação, mas acabou gerando descrédito para um assunto de máxima importância, por conta de erros na condução do processo - e voltar mais atenção para a esfera pessoal, pois essa realidade só deixará de existir quando cada pessoa se reconhecer como colaboradora da cultura do estupro e resolver fazer o caminho contrário. O caminho é longo, mas fica mais leve a cada hábito negativo, preconceito e julgamento deixado de lado.

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RODA D’ÁGUA

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TERRA E CÉU “O tempo da vida resume num átimo a toda explosão de verdes e copas.” TEXTO POR HUGO VAZ

Gosto muito de pensar o tempo por flores e ramas, folhas, galhas, bagas e drupas. Tempo de plantas em nada se acerca do tempo vivente de gentes e bichos. Que este tempo dos entes de sangue difere daquele dos entes de seiva fica muito em excesso e demais evidente quando a gente percebe que a árvore em vida é a lenta explosão de uma semente.

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E isso nem lembro quem foi que me disse. Mas se penso das plantas o tempo posto ao lado do tempo das pedras, o tempo da vida resume num átimo a toda explosão de verdes e copas e moitas...folhas chupando os raios do sol e no breu subterra as tais raizadas garradas chupando o planeta, tudo num microssegundo unindo em vida terra e céu.


RODA D’ÁGUA

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O GRITO LUMINOSO “Fogo tem fome é de vento.” TEXTO POR HUGO VAZ

Vê que acordou fogo na ramagem seca do cerrado rupestre? Fogo tem fome, acorda pequeno quando o mundo inteiro está de costas. Muito se pensa que é bicho nervoso, o tal do fogo, faminto por matas de galerias. Fogo tem fome é de vento e engana, Prometeu que o diga, porque fogo não queima. Quando a saroba queima no meio do Cerrado e o calor se levanta malvado, a queima não se vê.

O que se vê é o grito luminoso daquilo que arde, bruxuleante dançando em cenários carbonizados, no mato. Na cidade, já, fogo é instrumento; é tempo matado por bocas queimando cigarros; é vida por baixo do bojo das panelas; é aquilo que busco nos olhos de uma mulher que morre de amor.

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ED. 84 - JUNHO 2014

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PARA TODA OBRA PARA VER

PARA COMPARTILHAR

Quem dá o tom do Para Ver desta edição é o nosso cinéfilo de carteirinha.

HAIKU DECK

Vá até a coluna Popcorn Time e aproveite as dicas do Pedro Faust.

PARA LER MEMORIAL DE AIRES

O último romance de Machado de Assis é mais leve e menos pretensioso que os demais clássicos do autor. Neste, ele investiga a velhice enquanto homenageia os laços conjugais de maneira simples, madura e sutil. Além disso, vários traços autobiográficos já foram indicados pela crítica na obra, portanto a leitura é recomendada não somente pelo ótimo conteúdo, como também para aqueles que desejam conhecer um pouco mais sobre o autor.

O Haiku Deck é uma espécie de Instagram das apresentações. Com ele você monta slides de forma simples e rápida, usando temas para definir o visual. O Haiku permite criar gráficos estatísticos e inclui um prático recurso de busca de fotos na web. O App vem com seis temas gratuitos, sendo que outros podem ser comprados por 1,99 dólar cada. Grátis para iPhone, iPad e Web.

PARA DAR UM UP OBRAVIP.COM

Sem dúvida, o maior e melhor clube de decoração da internet brasileira. O site é uma loja online, que conta com uma grade de produtos variada e de muito bom gosto, que passeia pelas diversas tendências presentes na decoração. A entrega é feita em todo o Brasil e clientes cadastrados participam de ofertas especiais. Além de tudo isso, o grupo ainda possui um blog dedicado para a área, que fornece dicas e pautas interessantes sobre decoração e temas afins.

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PARA TODA OBRA

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PARA APRECIAR

PARA OUVIR

PACIFICIDADE

O DISCO MAIS RÁPIDO DO MUNDO

Pacificidade: s.f. Qualidade de quem deseja a paz. Nesse caso específico, qualidade de quem busca, desesperadamente, por meio das palavras, alcançar a paz.

No último Record Store Day, que aconteceu dia 19 de abril, Jack White entrou para livro dos recordes “com o lançamento do disco mais rápido do mundo”.

Escreve para caber na cidade e para caber em si. Por isso atribui à palavra a importância que um dia já foi capa do blog: “palavras são atos”, muito mais do que narrações ou descrições sentimentais.

No palco de sua Blue Room, o músico gravou e prensou um vinil composto pela música que dá título ao seu novo álbum, “Lazzareto”, no Lado A e pela versão de “The Power of My Love”, de Elvis Presley, no lado B.

Palavras são atos fortes de súplica, libertação e expurgação. Em forma de prosa, em forma de verso, ou da forma que o coração mandar. Esse blog é uma tentativa de compartilhamento verdadeiro, embora isso esteja se tornando raro e se corra grande risco de fracassar. Para afastar esses pensamentos, acredita-se que a própria tentativa de amor afasta o fracasso, mas caso não seja mesmo assim, a autora prefere ser uma fracassada do que morrer trancada em si mesma, sem ao menos tentar. Uma, duas, um milhão de vezes, ou quantas vezes permita a força de seu dedo nas letras do teclado.

Para ver e ouvir o resultado, busque no Youtube por Jack White’s World’s Fastest Record RSD Recap.

Acesse pacificidade.blogspot.com e aprecie.

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Jon Downs

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NOS BASTIDORES

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TE CONTO UM CONTO E VOCÊ ME DÁ UM DOIS TEXTO POR MICHEL EDERE

É o seguinte: Foi permitido ao homem se perder na grama alheia e achar a sua vida uma desgrama. Que vem do instinto de achar que está tudo uma desgraça. E não está? Você pode perguntar. Não responderei. Questionar o estado da sua vida, ou questionar o estado das coisas, vai muito da essência que você guarda. Grama baixa ou grama alta, para cuidar é preciso estar atento às pragas. Aqui embaixo temos falta de tudo. Lá em cima, eles não sabem, mas sentem falta de nós. Somos os clichês que negamos e dos quais não gostamos. Somos a validação de todos os adágios que nos atrasam e nos fazem querer o que não temos, só pelo simples fato de não termos, e não porque realmente precisamos. Partindo sempre do umbigo, a gente não enxerga nada que não nos afete diretamente. É claro, tem sempre “um filho de Deus” para fugir da regra. Mas você sabe, filhos de Deus são poucos por aí. Religião e igreja até que tem muitas, mas filhos de Deus são poucos.

Ainda hoje o herege é quem questiona, quem reclama e pergunta: - Para aonde vai essa grana? Se não perguntar não ofende. Se ficar de bem, sorrir e se conformar não eleva o stress. Ser cara de pau e medíocre é necessário no dia a dia. Afinal, precisamos estar adaptados para desfrutarmos do que a nossa “livre sociedade” nos proporciona. Mas se é para reclamar, eu vi primeiro. Se bem que hoje em dia está fácil reclamar. Na verdade, acho que sempre esteve. Colocar a mão na massa, o pé no lixo, a testa no sol; é que são elas. Então eu fico por aí, você me conta uma história, adiante se distraem com a vida alheia, te conto um conto, bola na rede e na esquina um ou dois, dois ou um. Mudar é bom, né?! Mas dá preguiça de fazer parte.

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Ania Koslowska


ENTRE OLHARES

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DISSO EU SEI TEXTO POR MICHEL EDERE

O isso quando nasce, Não se esparrama pelo chão. Ele já fixa logo na entranha, No neurônio mais vivo. O isso é foda. Causa dor nos lugares imagináveis Deixa sujo momentos lúcidos. O isso sempre traz problema Afinal, isso não se sabe Não se conhece É quase algo ou aquilo. O aquilo? Esse então É mais foda que isso. Ele é alheio Mais desconhecido e barulhento Fica de filhadaputagem Só para confundir E sair meio de lado Como quem diz: Quero só ver.

Eu não preciso disso. Não nasci pra isso ou aquilo Sou das coisas diretas Disso eu sei. Disso eu conheço Disso anda comigo desde sempre. Era pequeno e disso já era sabido. Muito mais que isso, Até porque Daquilo Eu nem conhecia. Também, antes Nem diferença fazia Mesmo que me perguntassem: O que é isso? O que é aquilo? Eu só olhava e dizia: Não sei.

E vê. Vê as coisas bailando Tudo indeciso Entre ele e isso.

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10 MOTIVOS PARA IR AO CINEMA EM 2014 Você pode perder até alguns jogos da Copa, mas não pode perder esses filmes. TEXTO POR PEDRO FAUST

Para quem gosta de se preparar e saber quais os principais filmes que irão chegar às telas dos cinemas brasileiros, aqui estão algumas das principais produções e importantes detalhes de cada uma. GODZILLA: A última vez que vimos esse monstro no cinema foi em 1998 com Mathew Broderick e Jean Reno no elenco principal. Esse ano ele volta em um remake e está bem maior, causando cada vez mais estragos. Bryan Cranston (astro de Breaking Bad) e Aaron TaylorJohnson (personagem principal de KickAss) são quem dão as cartas dessa vez. E o mais interessante é que a origem desse monstro parece que vai ser revelada e trará algumas questões políticas. TARTARUGAS NINJAS: Já se passaram 21 anos desde que essas engraçadas tartarugas apareceram da última vez em um filme de live-action (com atores reais). Nesse caso está acontecendo um reboot, pois vai mostrar a origem deles sob um novo aspecto e com uma nova história. A participação de Michael Bay,(diretor da franquia Transformers) como produtor do filme promete muitas cenas de ação, explosões e até um pouquinho de

comédia. Megan Fox e William Fichtner estão no elenco. PLANETA DOS MACACOS: Há 13 anos Mark Wahlberg trazia uma versão bem fraca da história desses diferentes macacos. Em 2011 o diretor Rupert Wyatt criou um reboot e trouxe uma nova origem para a história. Mostrando uma atmosfera bem mais obscura, onde um remédio que deveria ser usado para combater o mal de Alzheimer se transforma em um vírus letal aos humanos, que traz grandes habilidades para os primatas. Pelo que se viu até agora, a sequência “Planeta dos Macacos – O Confronto” traz um clima bem mais tenso, com batalhas entre os primatas e os humanos e com um elenco renovado contando inclusive com Gary Oldman. TRANSFORMERS 4 – A ERA DA EXTINÇÃO: O diretor Michael Bay continua no comando dessa franquia, só que agora com um elenco totalmente renovado com Mark Wahlberg, Stanley Tucci, Kelsey Grammer, Nicola Peltz e Titus Welliver. Dessa vez os humanos estão entrando em guerra com os “Transformers” sem imaginar que uma nova ameaça muito maior está por vir. Robôs novos como os Dinobots (formato

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de dinossauros) darão as caras e como não podia deixar de ser, tem muita ação, explosões e brigas de robôs gigantes. SIN CITY - A DAMA FATAL: Frank Miller e Robert Rodriguez voltam a dirigir uma nova história dessa HQ histórica. Mais uma vez filmada em sua maioria em preto e branco e com poucas nuances de cor, pode não agradar uma certa parte do público, mas para os fãs de quadrinhos, a volta de Sin City aos cinemas foi uma ótima notícia. Com uma mistura de antigos personagens com novos astros, o filme promete muita ação, romance, suspense policial, bandidos e bastante sangue. MALÉVOLA: Uma história já conhecida, mas contada de um jeito bem diferente. Dessa vez o conto de fadas da “Bela Adormecida” é mostrado pelos olhos da vilã Malévola, que nesse filme será interpretada por ninguém menos do que Angelina Jolie. Os efeitos especiais parecem ser um dos chamarizes dessa versão, juntamente com um elenco bem interessante com Elle Fanning, Juno Temple, Sharlto Copley e Sam Riley. A ação com certeza não ficará de fora, principalmente quando os exércitos inimigos se enfrentarem no campo de batalha. A CULPA É DAS ESTRELAS: A história é baseada no livro homônimo Best-seller de 2012, que conta como uma adolescente diagnosticada com câncer que atende pelo nome de Hazel consegue enxergar a vida com mais alegria depois de conhecer Augustus, um rapaz de 17 anos que freqüenta o mesmo grupo de apoio que ela. É um romance que tenta mostrar que mesmo nas horas mais tristes, as pessoas podem encontrar motivos para sorrir e levar uma vida mais leve.

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O DESTINO DE JÚPITER: Mais uma ficção científica que vem pelas mãos dos irmãos Wachowski (responsáveis pela trilogia Matrix). Dessa vez o tema é focado em Júpiter Jones (Mila Kunis), uma pacata empregada doméstica que descobre que faz parte de uma linhagem que a colocaria como a próxima ocupante como Rainha do Universo. Efeitos especiais, romance, inveja e muitas cenas de ação são os principais ingredientes dessa super produção. Caine (Channing Tatum) será o responsável por ajudar Júpiter a assumir o lugar que é dela por direito. Sean Bean e Eddie Redmayne também estão no elenco. GET ON UP: É pelas mãos do diretor Tate Taylor que a história de James Brown chegará aos cinemas. O filme contará a história desde a sua infância, sua juventude, sua ligação com o álcool e drogas e chega até os seus últimos dias. Chadwick Boseman viverá o cantor em sua fase adulta, e pelo pouco que vimos, parece que manda muito bem tanto na voz quanto no gingado de James. Só resta torcer para que seja um filme tão bom quanto foi o de Ray Charles. NO LIMITE DO AMANHÃ: Para fechar a lista, contamos com a presença de Tom Cruise (Bill Cage) e Emily Blunt (Rita Vrataski), em um conflito com uma raça alienígena que quer tomar o nosso planeta. Bill está preso no tempo e acaba revivendo a mesma data todos os dias. E pelo que parece ele usa disso para ir se fortalecendo e melhorando suas técnicas de batalha pra tentar combater as forças aliens. Tom Cruise mais uma vez embarcando em um filme cheio de ação e romance em um mundo pós-apocalíptico.


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