Revista U 1

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A REVISTA SEMANAL D´A UNIÃO

www.auniao.com

MARES EM TEMPOS CRÍTICOS o alerta é DO fotógrafo profissional Nuno Sá

edição 01 · 19 de março de 2012 · preço capa 1,00 € (iva incluído)


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E-mail: clipraia@gmail.com • Telefone: 295 540 910 • Fax: 295 540 919

Área Clínica Análises Clinicas Cardiologia Cirurgia Geral

Médicos Laboratório Dr. Adelino Noronha Dr. Vergílio Schneider Dr. Rui Bettencourt

Cirurgia Vascular

Dr. Fernando Oliveira

Cirurgia Pediátrica

Dr.ª Catarina Fragoso

Cirurgia Plástica Clínica Geral Clínica Geral (Doenças de Crianças)

Ginecologia/Obstetrícia

Dermatologia Endocrinologia

Dr. António Nunes Dr. Domingos Cunha Dr.ª Patrícia Galo Dr.ª Paula Bettencourt Dr. Lúcio Borges Dr.ª Helena Lima Dr.ª Ana Fonseca Dr. Rui Soares Dr.ª Lurdes Matos Dr.ª Isabel Sousa

Gastroenterologia

Dr. José Renato Pereira Dr.ª Paula Neves

Medicina Dentária

Dr.ª Ana Fanha Dr.ª Joana Ribeiro Dr.ª Rita Carvalho

Medicina Interna

Dr. Miguel Santos

Medicina do Trabalho Nefrologia Neurocirurgia Neurologia Neuropediatria Nutricionismo Otorrinolaringologia Pediatria Pneumologia

Dr.ª Cristiane Couto Dr. Eduardo Pacheco Dr. Cidálio Cruz Dr. Rui Mota Dr. Fernando Fagundes Dr.ª Andreia Aguiar Dr. João Martins Dr. Rocha Lourenço Dr.ª Paula Gonçalves Dr. Carlos Pavão

Psicologia

Dr.ª Susana Alves Dr.ª Teresa Vaz Dr.ª Dora Dias

Psiquiatria

Dr.ª Fernanda Rosa

Oftalmologia Imagiologia (TAC/ECOGRAFIA/Ressonância Magnética) Neuroradiologia (TAC/Ressonância Magnética)

Dr. Francisco Dinis Dr.ª Ana Ribeiro Dr. Miguel Lima Dr. Jorge Brito Dr.ª Rosa Cruz

Reumatologia

Dr. Luis Mauricio

Terapia da Fala

Dr.ª Ana Nunes Dr.ª Ivania Pires

Urologia

Dr. Fragoso Rebimbas


EDITORIAL / SUMÁRIO

U que é? TEXTO / Marco de Bettencourt Gomes / director@auniao.com

O jornal diário A União passa a editar a partir de hoje uma revista semanal. Assim, às segundas-feiras não haverá jornal; haverá sim a revista. Chama-se U, impressa na própria tipografia da empresa União Gráfica Angrense, empresa da Diocese de Angra, proprietária do matutino. Esta revista surge com um duplo objectivo: apresentar aos leitores um produto que escasseia no arquipélago e racionalizar custos numa conjectura económica apertada. O mercado dos periódicos está em profunda transformação e esta é uma estratégia criativa de oportunidade. Relativamente aos conteúdos da U, os temas estarão distribuídos por diversas secções: Revisão (tratamento jornalístico da actualidade); Ferramentas (produtos tecnológicos e gadgets); Ciência (vários ramos de conhecimento); Montra (bens de consumo); Mesa (gastronomia e alimentação); Palavras (poesia); Retrato (instituições e pessoas); Destaque (tema de capa tratado e desenvolvido nas páginas centrais); Lojas (mercado e comércio); Ensaio (crítica literária); Fotógrafo (imagem fotográfica e comentário); Partidas (viagens e lugares); Ócios (propostas de lazer); Arte e Cultura (eventos); Agenda (propostas e sugestões) e Opinião (artigos assinados por colaboradores convidados). A apresentação da Revista U realizou-se ontem na Sala dos Reservados da Biblioteca Pública e Arquivo de Angra do Heroísmo. U está nas bancas a partir de hoje.

SUMÁRIO Editorial

03 Retrato

Revisão

Ferramentas

Ciência

05 07

14

Fotógrafo

23

José Júlio Rocha

25

Ócios

28

10 Partidas

26

Mesa

11

Palavras

13

Cultura

30

Teodoro Medeiros

15

Agenda

31

NA CAPA... NUNO SÁ / pág. 16

Fotógrafo profissional desde 2004, especializouse em fotografia de vida selvagem de temas marinhos. Conta com 3 livros publicados, bem como várias dezenas de artigos publicados a nível nacional e Internacional. É co-autor do “Guia de Mergulho dos Açores” o primeiro guia de mergulho a ser editado em Portugal e colaborador regular de várias revistas, entre elas a National Geographic portugal. 19 Março 2012 / 03


REVISÃO

PSD/A AMBICIONA MAIORIA TEXTO / João Rocha / jrocha@auniao.com

“No governo e em todo o aparelho político regional queremos menos políticos a tempo inteiro e mais participação cívica activa e independente”.

Uma “maioria” no parlamento que permita a estabilidade governativa. É este o objectivo do PSD/Açores para as eleições regionais de Outubro. Na apresentação da sua recandidatura à liderança regional dos socialdemocratas, Berta Cabral assumiu a ambição sem rodeios: “o objectivo eleitoral do PSD/Açores em 2012 é ganhar as eleições e formar governo com apoio maioritário, para a estabilidade governativa que é essencial aos próximos tempos”. Berta Cabral foi a única candidata ao cargo de presidente da Comissão Política Regional do PSD/Açores nas eleições directas que se realizaram na última sexta-feira, nas quais os cerca de 10 mil militantes com direito a voto elegeram também os delegados ao 19.º Congresso do PSD/Açores, que decorre entre 13 e 15 de Abril, no Coliseu Micaelense, em Ponta Delgada. A líder regional social-democrata pretende, caso vença as regionais de Outubro, “formar um governo competente para os Açores do futuro, mais pequeno e mais articulado” “No governo e em todo o aparelho político regional queremos menos políticos a tempo inteiro e mais participação cívica activa e independente”, especificou. Na moção de estratégia que vai apresentar ao congresso regional, intitulada ‘Criar oportunidades para todas as ilhas”, Berta Cabral preconiza a criação de uma “autêntica região económica” nos Açores como um dos objectivos

do PSD/Açores, que também assume o emprego como uma prioridade no modelo de desenvolvimento que defende para a região. O documento destaca a importância da política de transportes, frisando que “a redução significativa do preço do transporte aéreo é condição absolutamente necessária para impulsionar a economia e desenvolver o turismo”. “É uma prioridade absoluta para mim”, assegurou, defendendo “um modelo agilizado que defenda os passageiros, residentes e não residentes, por via da fixação de uma tarifa de teto máximo”. A aposta na agricultura e no mar foi também assumida por Berta Cabral, que salientou ainda a importância do turismo e do ambiente, assumindo, por outro lado, a “manutenção de um Estado social sustentável”. Num discurso em que traçou as linhas gerais do que será o futuro programa de governo do PSD/Açores, a líder regional social-democrata traçou um quadro negativo da actual situação do arquipélago. “O PS deixa aos Açores responsabilidades de 3,3 mil milhões de euros. É um valor que corresponde a 86 por cento do PIB da Região”, afirmou, acrescentando que “ao PSD caberá a tarefa

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REVISÃO

gigantesca de travar este percurso que compromete seriamente o futuro dos açorianos”. Berta Cabral manifestou preocupação com a dívida do sector da saúde, que cresceu “cerca de 30 vezes” nos 16 anos de governos socialistas na região, defendendo a celebração de um memorando de entendimento com o Estado para promover o saneamento do Serviço Regional de Saúde. Uma “defesa inflexível dos interesses dos Açores” nas relações com o poder central foi também assumida pela líder regional social-democrata, que prometeu “cooperação” com o poder local e estabeleceu também como meta, além da vitória nas regionais de Outubro, a vitória nas autárquicas de 2013. A nível europeu, Berta Cabral reafirmou a sua proposta de um programa específico de apoio aos transportes nas regiões ultraperiféricas e defendeu a instalação de uma “estrutura física” em Bruxelas para defender os interesses do arquipélago na União Europeia. A ligação às comunidades emigrantes também mereceu referência neste discurso, pretendendo Berta Cabral transformar as Casas dos Açores em “espaços de diplomacia económica e cultural”.

“O PS deixa aos Açores responsabilidades de 3,3 mil milhões de euros. É um valor que corresponde a 86 por cento do PIB da Região”, afirmou, acrescentando que “ao PSD caberá a tarefa gigantesca de travar este percurso que compromete seriamente o futuro dos açorianos”.

O QUE VALE BERTA CABRAL? TEXTO / João Rocha / jrocha@auniao.com

Berta Cabral tem, nas próximas eleições regionais, um verdadeiro teste (que até poderá ser o último) ao seu verdadeiro capital político ao nível arquipelágico. No fundo, o acto eleitoral determinará o que realmente vale fora do concelho de Ponta Delgada, autêntico bastião laranja. Se o PSD ganhar as regionais (mesmo CÂMARA MUNICIPAL DE PONTA DELGADA

com uma maioria relativa), a imagem de Berta Cabral sairá revitalizada e a liderança partidária, muito obviamente, nem sequer será tema de discussão.

ELEIÇÕES MARCAM TESTE POLÍTICO A BERTA CABRAL

Em caso de insucesso eleitoral, o cenário ganhará cores bem mais sombrias. O tempo de Berta Cabral terá passado irremediavelmente, abrindose o futuro para nomes como Duarte Freitas ou Victor Cruz, cujo regresso à política é sempre uma possibilidade em aberto.

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REVISÃO / OPINIÃO

JORNAL I MUDA DE DIRECÇÃO TEXTO / João Rocha / jrocha@auniao.com

Eduardo Oliveira Silva vai assumir a direcção do jornal i no próximo dia 26, confirmou o próprio à Lusa, indicando ainda que contará com Ana Sá Lopes e Luís Rosa como directores-adjuntos. “Vou ser o director do i a partir do dia 26. Comigo mantém-se na direcção a Ana Sá Lopes e vai entrar o Luís Rosa. O António Ribeiro Ferreira mantém-se no jornal como redactor principal”, disse à Lusa Eduardo Oliveira Silva. Luís Rosa, ex-jornalista do semanário Sol, estava actualmente envolvido apenas com projectos e entra para os quadros do i. A indicação de que o jornal i estava em processo de mudança de direcção editorial foi confirmada à Lusa na terça-feira pelo administrador executivo da publicação, Pedro Costa, que não quis então adiantar nomes concretos por ainda não haver confirmações, ainda que a revista Meios & Publicidade, que avançou com a notícia, tivesse desde logo avançado com o nome de Eduardo Oliveira Silva como o do futuro director da publicação. Eduardo Oliveira Silva mantém-se até dia 23 como director do centro de formação da RTP, empresa com que tinha já iniciado um processo de rescisão. “Já tinha manifestado a minha vontade de sair, iria sempre sair da RTP, não contava ficar, não havia era data acertada”, indicou à Lusa Eduardo Oliveira Silva. Em declarações à Lusa na terça-feira, Pedro Costa destacou e agradeceu o trabalho desempenhado por António Ribeiro Ferreira na direcção do jornal nos últimos meses, referindo, ainda, que a redefinição do periódico terá como objectivo “fazer face aos novos desafios que se colocam à comunicação em geral”. “Neste momento ainda estamos a fazer uma análise em torno daquilo que deverá ser o futuro do i”, explicou o administrador executivo. No começo de Fevereiro, o empresário Manuel Cruz adquiriu a posição de 66 por cento que Jaime Antunes detinha no jornal i, garantindo que vai manter os 70 postos de trabalho do diário, confirmaram na altura à agência Lusa as duas partes envolvidas no negócio.

contas o Dia do Pai? O Dia do Pai, que se comemora a 19 de Março, é aquele dia em que nós aproveitamos para dizer ao nosso pai o quanto o amamos, e o quanto o amamos, e o quanto estamos agradecidos pelo seu amor e dedicação. No outro dia perguntei ao meu pai o que é que era para ele ser pai, e ele respondeu: ‘‘Ser Pai é ter a maior felicidade do mundo. é o sonho e o desejo de qualquer homem nesta vida’’. Eu amo muito o meu Pai, e adoro brincar com ele à apanhada, às escondidas, jogar futebol e jogar basquetebol, entre outras coisas. E agora para finalizar, vejam se conseguem adivinhar o que vem a seguir. Há um senhor que é meu tio. TEXTO / Gabriel Morais (4 anos) Esse tio tem um irmão. O meu nome é Gabriel, tenho 4 O meu tio é meu tio mas o anos e vivo nos Açores, com os irmão não. meus pais e a minha irmã mais O irmão do meu tio o que me será? nova, a Núria. Estamos quase a chegar ao Dia do Pai, mas o que é afinal de (Resp: o meu Pai)

O DIA DO PAI

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FERRAMENTAS

O iPad sem nome TEXTO / Paulo Brasil Pereira

iPad só lá para o fim do mês

É irmão à nascença da revista U. São duas novas inovações, mas esta mais hi-tech, mais interactiva e melhorada relativamente aos seus antecessores. Falo claramente do denominado ”iPad 3”, uma ferramenta que criou o conceito tablet e que já vendeu mais de 55 milhões em todo o mundo. Apesar de nos últimos meses se ter especulado muito sobre o novo iPad, na realidade há certos aspectos que os seus fãs gostariam de ver resolvidos como uma porta USB ou um leitor de cartões incorporado. Meus amigos... vão ter que esperar! Mas não desanimem... Por agora fiquem com um processador mais potente (A5X quad-core), a hipótese de navegar a 4G, uma câmara de 5MP com grava-

ção video FullHD 1080p inspirada no iPhone 4S, um novo ecrã com a tecnologia “retina display” que lhe vai permitir ver videos com qualidade blue-ray em FullHD, facto que vai tornar o seu televisor lá de casa mais ciumento. A má notícia é que “só” chega a Portugal a 23 de Março. Crises à parte, o mercado tablet prevê um crescimento em Portugal de 55,7% relativamente a 2011 e em todo o mundo prevê-se que 5 milhões de pessoas comprem um segundo tablet. Não será provavelmente um problema o preço deste iPad que varia entre os 499$ e os 829$. Seja iPad 3, iPad Pro ou apenas New iPad, provavelmente daqui a dias estarei a ler a U em FullHD.

GADGETS DA SEMANA LEGENDA \\\ 01// “O meu iphone é tão bom, que até tira cervejas” 02// “O boby é a luz dos meus olhos” 03// “Já tenho banda sonora para as insónias”

02//

01//

03//

Dr. António Nunes CIRURGIA PLÁSTICA

19 a 26 Março M a r c a ç õ e s : 295 54 0 910 / 96 877 0 45 3 PUBLICIDADE


CIÊNCIA / OPINIÃO

Parentalidade passa pelo “não”

NÃO, NIM OU SIM? Iniciamos com esta primeira coluna uma colaboração do CIPP (Centro de Intervenção Psicológica e Pedagógica) com a revista “U”. Nesta coluna quinzenal, procuraremos partilhar algumas ideias, reforçar mensagens e potenciar o raciocínio crítico sobre temáticas do quotidiano do CIPP, enquanto estrutura especializada na prestação de serviços, entre outras, nas áreas da Psicologia Clínica e Pedagogia. Sendo a Educação Parental uma das áreas que marca a nossa acção, abordamos a problemática que resulta da conjugação de três letras e um pequeno til que formam a palavra “não”, uma das faces do complexo poliedro da parentalidade, que, muitas vezes, assombra os pais e a relação que estabelecem com os seus rebentos. Importa reforçar alguns pontos que, não sendo mandamentos infalíveis e imutáveis, são aspectos que poderão auxiliar a reflexão daqueles que nos lêem e que enfrentam, diariamente, o desafio da parentalidade. O “não” é uma palavra, uma ideia que, comummente, aflige os pais, confundindo o seu quotidiano e abalando as suas certezas e expectativas parentais. O medo que possa ser algo de traumatizante, que possa ser demasiado duro para as pequenas mentes em crescimento ou que possa funcionar como um elemento

TEXTO / Centro de Intervenção Psicológica e Pedagógica

de afastamento dos filhos para com os castigadores pais que o proferem são temáticas habitualmente referidas. É importante que se reforce que nenhuma abordagem parental fica completa sem o “não”. Há que perceber que o “não”, na dose certa e contextualmente justificada, é uma óptima e necessária vacina contra a intolerância à frustração que, ao longo do desenvolvimento, pode ser responsável por diversas dificuldades e ansiedades. Educar é uma maratona e não uma corrida de sessenta metros, pelo que os pais terão que conseguir educar para vida e não para o momento, rejeitando uma (mais) confortável visão a curto prazo, definindo para consigo mesmos que o “não” deverá ser treinado, trabalhado, utilizado! Até porque há que reflectir se os “nãos” não são uma estranha espécie em vias de extinção que, recorrentemente, se transfigura para uns constantes “nins” que, rapidamente, evoluem para uns automáticos “sins”, proferidos ao sabor da aspereza e do bulício de um quotidiano (cada vez) mais agitado e stressante… O “não” dá que pensar, certo? Ainda bem… Boas reflexões parentais! Aguardamos comentários, sugestões (correiodoleitor@cipp-terceira.com, www.cippterceira.com). Até à próxima!

crise de saber TEXTO / Martinha Martins

Num estudo realizado pelo Fórum Estudante, na sua edição de Fevereiro, com o intuito de se apurar quais as áreas científicas em que os jovens devem investir na sua formação, sendo as que actualmente podem garantir um emprego, foi publicado o ranking dos 10 cursos superiores com menos saídas profissionais cujo primeiro lugar é ocupado pela Filosofia. Na qualidade de estudante de Filosofia considero-me ultrapassada na medida em que não compreendo o facto das for19 Março 2012 / 08


MONTRA / OPINIÃO

MONTRA

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mações académicas com maior popularidade serem orientadas por estatísticas. Deste modo, promove-se a aversão ao chamado “amor à sabedoria”, conforme a origem grega do conceito. Tendo em conta as palavras de uma das minhas professoras, “a Filosofia não se prende ao presente, mas sim antecipa-se ao futuro”, e, por isso, o filósofo não estagna no seu tempo nem se limita a viver nas circunstâncias que o rodeiam. Pelo contrário, o tem em consideração uma dimensão mais profunda da lei de causaefeito. Não pretendo de todo afirmar que a Filo-

sofia é futurologia, pelo contrário desejo apenas referir que o filósofo, privilegiando a razão e o pensamento, não sobrevaloriza os factores económicos como se verifica na sociedade em geral. A Filosofia é, assim, essencial à conduta humana em sociedade e ao estabelecimento de princípios reguladores da sua acção, privilegiando o pensamento racionalmente concebido e uma harmoniosa interacção (consciente) entre o indivíduo, a Natureza e o Outro, seja um Ser Humano ou a própria Transcendência (Deus). * Aluna de Filosofia e Cultura Portuguesa da UAç

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CIÊNCIA

TEXTO / Cristina Viveiros

O artífice era Marc Bloch, historiador francês contemporâneo da II Guerra Mundial que acabaria por morrer fuzilado lutando ao lado da Resistência. Tal como outros historiadores da sua geração, a História e investigação histórica assumiam, muitas vezes, a forma de uma busca interna de respostas às dúvidas e situações suscitadas e vividas no âmbito da sua própria contemporaneidade. Grelhas pré concebidas a partir de matrizes do presente não podem ser aplicadas na análise do passado, mas o estudo e decomposição do Tempo e do Homem passado conduzirão inevitavelmente à explicação do presente. É nesse sentido que esse conhecimento histórico se constitui como um ADN existencial. Quantos de nós conhecem, ainda que parcialmente, a história das nossas ilhas? Que percurso fizeram estas nove ilhas ao longo de 500 anos de história? Quem nos governou? Como fomos governados? Com que finalidade se encetaram as reorganizações administrativas e económicas das nove ilhas ao longo desses 500 anos? O que foram os Açores dos Capitães-Donatários e dos Capitães-Generais?

“Pai, digame lá para que serve a História? qual o artífice, envelhecido no ofício, que nunca perguntou a si mesmo, com o coração apertado, se fez uso avisado de sua vida?” Como se justifica a ligação de proximidade TerceiraGraciosa, Faial-Pico ou São Miguel-Santa Maria? Onde se fundamenta a famosa “rivalidade” Terceira-São Miguel? Desde quando há um projeto “Açores” enquanto entidade arquipelágica física e humana? Fomos sempre e somente uma economia de exportação, sem preocupação pela construção de um mercado interno? É nesta estrutura de lógica cognitiva e interpretativa da História, enquanto processo e enquanto ciência, que enquadramos a sua maior utilidade enquanto ferramenta de formação de cidadania (local, regional, nacional e mundial) e enquanto instrumento de melhoria e intervenção social, política, económica e social. Façamos, por isso, uso desse contexto para alicerçarmos o nosso presente pois a sua maior dádiva não está na “viagem ao passado”, mas no “regresso ao futuro”.

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O ADN DO HOMEM


MESA

Fui, comi, vi e bebi… Marcelinos, um restaurante com dois ambientes. Para chegar ao restaurante no primeiro andar, filme de detectives finais de anos 70.

Marcelinos, carne e vinho

TEXTO / Joaquim Neves

Faminto, caí em luzes alaranjadas dos candeeiros forjados antigos, atenuados pela neblina nocturna desvanecendo-se entre véus sob preto noite, penumbra a pensar em aconchego, de umas das ruas da baixa desta cidade. Numa mescla de ilusões entre Ribeira Porto anos 80, canal em Amsterdão anos 70 ou Soho em Londres anos 60, brincavam com a minha fantasia numa ilusão tal como quem bebe mais que a sede. Sem vivalma na rua, como nos filmes e com o meu estado de espírito romântico, a fachada do restaurante, que me havia sido sugerido, por si só já era toda uma nova história. Um restaurante com dois ambientes. Para chegar ao restaurante no primeiro andar, filme de detectives finais de 70, a escada de madeira, com ranger melódico de todo o tempo de sua vida, o pequeno hall e porta à direita passa-se para um barco, num barco com nostalgia ou mesmo saudade em que podia viajar com baús em vez de bagagem de mão, num click está-se noutro lugar twilight, deparei-me num

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MESA

Ambiente british

Receita

Charlote

Não vou nesta primeira edição falar sobre receita alguma, vou só falar de “charlotes”. Nome do francês, a que atribuem o significado: aquela que é forte. Charlote é “Wikipedianicamente” denominada Charlotte Russe ou charlota russa. É uma sobremesa que faz parte da culinária russa. Não é mais do que a ligação entre palitos à la reine com um creme aromático feito com chocolate e café. Esta sobremesa foi criada em São Petersburgo e, por essa razão, entrou na história da culinária com o nome de Sharlotka ou Charlotte Russe. O seu criador foi Antoine Carême (1784-1833), gastrónomo francês que a criou para os czares. As duras condições climáticas na Rússia levou-os das tradicionais e constantes sopas até aos enlatados. Com a ascensão e riqueza das famílias reais e aristocracia desde o séc. XVI ao XVIII, principalmente desde Catarina a Grande, passaram a importar, já que tinham que o fazer, alimentos cada vez mais refinados e exclusivos da cozinha europeia, o que abriu portas à extravagância, requinte e exclusividade de iguarias e produtos. Tal como o nosso verdelho do Pico ir adoçar a euforia dos Czares. C´est çá! Dosvidânia! Bom apetite!

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estilo clássico misto, elegante momentos Paris, momentos algo inglês, moveis da sala de jantar de nossas mamãs, a preto e branco Fellini, flashes influenciados por madeiras em castanho escuro. Louça, copos talheres, oferecidos para se ter maneiras à mesa, comer devagar, relaxar, ementa, dilema da escolha, sugestão, opção, vinho, dos que havia, conversa, cigarro na rua. No piso de baixo, vi melhor o restaurante mais para almoços mas com bar à noite como que um filme de anos oitenta a filmar num café dos anos setenta, “Hill Street” de São Francisco, leve tons de madeira meiga, castiço em integrar-se nos arcos da estrutura do prédio. Jantei, bem. Durante alguns ocasionais dias colhi de conversas e opiniões sobre este restaurante, o Marcelinos, muitas informações tais que penso, e pensar é humano, tendenciosamente desumano, que: Com 30 anos celebrados no dia 2 de Janeiro deste ano, o Marcelinos pareceume um lugar parado no tempo. O Senhor Agnelo Aguiar e a esposa Dona Lígia recriam e reinventam pratos tradicionais, uns por encomenda, outros da variada ementa como: de alcatra de peixe a polvo guisado, pepper steaks a flamejados, morcela e inhame, pratos vegetarianos e saladas. Detêm também a melhor charlote russa que já comi, adaptada ao gosto da Dona Lígia. (Queria sugerir um receita de charlote para pôr na coluna ao lado, mas o senhor Director deste Jornal considerou um disparate, para tal que fossem provar ao Marcelinos). Entre muitas perguntas, uma disparatada pareceu-me perguntar: “Pratos económicos tem?” “Já os fazemos há 30 anos, arrependo-me até hoje!”, respondeu-me o Senhor Agnelo.


PALAVRAS

Tudo o que se escrevE DEPOIS d’isto TEXTO / Ricardo Rego

Aculturação: “Faça favor de entrar e fazer o gasto”. Sinestesia: às vezes, nem tudo o que se lê se entende, mas cheira. Lê-se o gesto do jornaleiro e o bater da tampa da caixa do correio. O jornal sabe ao café que toma o cliente da outra mesa. O canto da mesa é ainda o canto depois do canto da última página. Canto de cantar: contar cantos paginados melodicamente. Mente. Sociologia de cultura: o acto do pegar no jornal resume-se ainda ao âmbito da motricidade (culturismo?), da psico-motricidade (ocultismo?), no máximo, ao reflexo psico-afectivo, ao hábito (o que faz o monstro?); o ler para se ter o que é lido é lembrar que também valemos o que lemos em nós dos outros. (Desoutros?). Os “nós dos outros”: cultura é talvez saber desatar os nós dos outros, desatando-nos eles a nós. Identidade cultural: a língua a modos que nos distingue de cultura outra que modo outro não tenha de fazer de “nós” palavra homónima. Volta ao texto: regresso ao texto depois de pousado (e pensado) o jornal; ou (pretexto) expressão que, por outras, conceptualiza o proveito próprio do trocadilho usado. Ousado. Contexto: (Tudo o que se escreve depois d’isto) é aquilo que fica antes d’aquilo que fica. Aquilo que fica.

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RETRATO

CONSUMO NAS ESCOLAS TEXTO / ACRA - Secretariado de Angra

A ACRA – Associação dos Consumidores da Região Açores efectuou um trabalho de sensibilização junto das escolas de ensino básico da ilha Terceira, com o intuito de informar as crianças sobre os cuidados necessários no uso sustentável dos recursos esgotáveis, tornálas comprometidas com o ambiente, conscien-

cializar perante as consequências decorrentes da falta de higiene, assim como os perigos de saúde e qualidade de vida consequentes da má alimentação, já que os Açores apresentam os níveis de obesidade infantil mais elevados do País. As referidas acções ocorreram entre Dezembro de 2011 e Janeiro de 2012, nelas foi apresentada a associação, focou-se a importância da reciclagem e da preservação ambiental, sobretudo ao nível hídrico, e ainda cuidados a ter com brinquedos. Como previsto, este público precoce não conhecia a ACRA. Contudo, o interesse das crianças foi constante, sendo muito participativas e mostraram-se receptivas a aprender a essência da Associação e divulgaram pela família, o que é fundamental. Solicitaram outras palestras e sugeriram áreas a discutir nas mesmas, tendo ficado a promessa de a ACRA regressar às mesmas escolas. As acções, realizadas nas escolas da EB1/JI Ribeirinha, EB1/JI Infante, EB1/JI Carreirinha, EB1/JI São João de Deus, EB1/JI Santo Amaro, EB1/JI Beato, EB1/JI Altares, EB1/JI Raminho e EB1/JI Biscoitos, decorreu da melhor formar, sendo essencial a sensibilização dos mais novos, de modo a que o futuro seja garantido e que essas gerações zelem pelos seus direitos e interesses.

SEGURANÇA EM CASA TEXTO / ACRA - Secretariado de Angra

Alertas em manual

Da sala de estar ao jardim, na praia ou no campo, o Manual de Segurança, publicado pela Direcção Geral do Consumidor alerta para os problemas da acidentalidade doméstica e de lazer que, recordamos “ocorre independentemente da nossa idade e encontra-se presente quando estamos em casa, praticamos actividades desportivas ou de puro lazer”. “Pare um pouco para pensar no assunto, percorra cada divisão da sua casa e veja qual é a melhor maneira de prevenir os acidentes. É fácil, rápido e compensa”, alerta a publicação. Na sala, as lareiras, aquecedores e velas representam as principais preocupações, por serem os utensílios mais propiciadores de acidentes: “por vezes os grandes incêndios começam com uma pequena chama”, existindo ainda o “risco de intoxicação por monóxido de carbono”. No quarto, os berços, alcofas, camas de grades e beliches merecem destaque com um olhar atento para o seu correcto uso. Mas é a cozinha o local da casa onde “ocorrem mais acidentes, pois a quantidade e diversidade de produtos disponíveis é muito grande e o seu armazenamento nem sempre é o mais adequado. Bebidas, utensílios de cozinha, produtos de limpeza e outros produtos químicos são usados sem se tomarem os cuidados necessários face às suas características e, muitas vezes, guardados em locais acessíveis às crianças”. Em caso de emergência, o manual indica uma diversidade de contactos e instituições a quem se deve recorrer. 19 Março 2012 / 14


OPINIÃO

Forever young Neil Young TEXTO /Pe. Teodoro Medeiros

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O que é um cantor bem sucedido? Às vezes pensa-se que é o que passa muito na rádio e vende muitos discos. Ora, esse é um grande mito e pode ser desconstruído facilmente: basta ver a quantidade de artistas medíocres que alcançam grandes sucessos. Vou abster-me de fazer referências para não ferir susceptibilidades. Um músico não será mau só porque vende muito... será mau porque repete sempre a mesma fórmula; porque compõe para vender; porque não tem alma: porque tem uma alma pobre. E o todo é mais que um somatório das partes: um solo de guitarra ou um arranjo podem ser fabulosos mas estarem perdidos em obras monótonas ou pretensiosas. E o inverso é verdade: quantas vezes uma instrumentação mais modesta não serve como clímax de uma mensagem que se quer libertar? Um exemplo de talento desperdiçado são os grupos de música pesada: a mensagem é boa porquê? É libertadora porquê? Porque afugenta os adultos dos quartos dos adolescentes? A filosofia de vida e a reflexão, a relação com certos valores abrem janelas nos nossos ouvidos... da mesma maneira que a amizade mútua potencia o desempenho de um coro ou qualquer outro grupo de músicos. Acima destas considerações ficará alguma outra? Possivelmente a emoção genuína de um músico ou intérprete... é nesse campeonato que as coisas ganham mais valor. Isto supondo, claro, que outros partilhem das mesmas ideias. E porque não? Alguns dos discos que mais ouço hoje são fenómenos de expressão de emoções, antes de mais. Sempre achei curioso o conceito dos discos ao vivo: em alguns casos, o que se ouve é uma repetição da matéria de estúdio com palmas de um público qualquer nos finais. Será que vale os tostões que demos? Não me parece, num disco ao vivo quer-se ouvir algo de diferente e original, mesmo em

relação ao próprio artista em causa. Com esta introdução quero apresentar um artista especial: Neil Young. Um herói tão absoluto que correu sempre imensos riscos: só por isso é uma espécie de ícone imortal da música popular. Este canadiano tem coberto territórios musicais tão diversos como Rock and Roll, Country, Hard Rock, Techno, Rockabilly e Blues. Mas pode-se acusá-lo de ter uma dimensão jazzística subjacente: a música não é uma repetição de standards mas está em constante evolução. Não é para todos. Improvisar em palco, deixar-se arrastar pelo momento e menos ainda fazer disso a sua arte permanente. Harvest Moon Chega-te mais perto Ouve o que tenho a dizer Dormindo como crianças Podemos sonhar pela noite fora Mas a lua cheia surge Vamos dançar lá fora na luz Sabemos onde estão a tocar música Vamos sair e sentir a noite Porque ainda estou apaixonado por ti Eu quero te ver dançar outra vez Porque ainda estou apaixonado por ti Nesta lua cheia Quando ainda não nos conhecíamos Eu olhava-te de longe E quando éramos namorados Eu amei-te do fundo do coração Mas agora está ficando tarde E a lua está subindo ao céu Eu quero celebrar Vê-la brilhando nos teus olhos Porque eu ainda estou apaixonado por você Eu quero te ver dançar novamente Porque eu ainda estou apaixonado por você Nesta lua cheia


DESTAQUE

Mares em tempos críticos MARCAMOS CONSULTAS DE OFTALMOLOGIA

CONSULTÓRIOS EM Angra

Praia

Velas

Madalena

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cos

Revista “U” (U)» Tem conquistado diversos prémios de fotografia subaquática que têm revelado a vida, pouco conhecida, dos mares açorianos. Trata-se de um universo que, do ponto de vista fotográfico, foi ao longo dos tempos pouco explorado ou agora as atenções, turísticas também, viraram-se para debaixo do mar? Nuno Sá (N.S.)» Penso que ambos os factores contribuem para que nos últimos anos sermos cada vez mais surpreendidos pela incrível vida marinha dos Açores. O facto das empresas marítimo-turísticas profissionalizarem-se cada vez mais levou a que explorassem melhor as potencialidades do nosso mar e procurassem novos produtos. Por outro lado, em termos fotográficos é um facto que a presença de certas espécies eram do conhecimento de algumas pessoas ligadas ao mar, mas ainda não tinham sido fotografadas por nunca ninguém ter investido o tempo e esforço necessário para o fazer.

TEXTO / Humberta Augusto haugusto@auniao.com FOTOS / Nuno Sá

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em

DESTAQUE


DESTAQUE

U» Os Açores ainda estão por descobrir pela comunidade profissional de fotógrafos subaquáticos? N.S.» Por incrível que pareça penso que os fotógrafos profissionais são mesmo o grupo de pessoas que há mais tempo sabem do potencial deste pequeno oásis de vida no meio do atlântico. Há décadas que os Açores

os Açores de outros destinos de mergulho do mundo. Sem dúvida que com o crescimento que estas actividades têm sofrido nos últimos anos, e se queremos que os Açores se afirma como um grande destino de mergulho de excelência terão de ser adoptadas medidas para preservar a vida marinha de alguns destes

Orcas, AO LARGO DA ILHA DE SÃO MIGUEL

são regularmente visitados por equipas seja de fotografia seja de vídeo das grandes produtoras como a National Geographic ou BBC. Penso que não há um único fotógrafo de topo a nível mundial que não tenha estado já nos Açores. Por outro lado os fotógrafos profissionais que visitam estas nossas ilhas vem regra geral com objectivos concretos (por exemplo fotografar cachalotes ou tubarões) e com pouco tempo disponível enquanto que os segredos deste nosso mar são imensos e muitos estão ainda por revelar. U» Existem locais que, no seu entendimento, devem ser restritos ao mergulho turístico, inclusivamente aos fotógrafos subaquáticos? N.S.» Penso que estes locais só deverão existir para fins científicos. Penso que os nossos mares vivem tempos críticos e só protegendo mas mostrando e envolvendo as pessoas na natureza conseguiremos mudar a realidade. U» Os bancos de pesca, costeiros ou não, estão, pelo que observa, bem conservados? N.S.» Os bancos ou monte submarinos são locais por excelência de concentração de vida marinha. A sua gestão é um tema complexo uma vez que representam locais com uma grande biodiversidade e portanto procurados tanto para actividades de pesca como de ecoturismo, em especial o mergulho. É um facto que os montes submarinos têm sofrido com o excesso de esforço de pesca. Eu sou da opinião que estes locais têm um grande potencial de exploração turística e são o que distinguem

locais, seja pelos motivos económicos seja por motivos ambientais. Por outro lado apenas três ou quatro montes submarinos estão a uma profundidade que permite a sua exploração turística e são nesses que urge ser criada protecção especial, nomeadamente nos casos de: Banco Princesa Alice, Banco Dom João de Castro, e Ponta dos Rosais, sendo que as Formigas e Dollabrat já constituem uma área protegida. U» Que avaliação faz do aproveitamento do Parque Arqueológico Subaquático da Baía de Angra do Heroísmo? N.S.» A iniciativa da sua criação é sem dúvida um excelente exemplo de preservação do nosso património cultural e da abertura de uma área com grande importância histórica à população e paralelamente à actividade turística. Um exemplo nacional e que deve ser seguido tanto na região como no resto do país. Exemplo aliás que acaba de ser seguido com a aprovação da legislação que permitirá a protecção do navio da

MERO

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segunda guerra mundial “Dori”, em Ponta Delgada. U» Concorda com a construção de um cais de cruzeiros nessa baía? N.S.» Não concordo com qualquer construção que ponha em causa este património arqueológico. U» O que falta fazer pela promoção do mergulho nas ilhas e qual o seu entendimento quanto à aposta no “mergulho com tubarões”? N.S.» O que falta definitivamente para que os Açores se afirme como destino Internacional de mergulho são na minha opinião apenas um ponto e de grande importância: reservas marinhas criadas propositadamente para a prática do mergulho. Áreas pequenas, de acesso fácil e de fácil fiscalização. Não existe praticamente nenhum destino de mergulho de sucesso a nível mundial onde esta actividade não seja praticada em áreas especificamente protegidas para este fim. O mergulho com tubarões é sem dúvida uma grande “chamariz” ou um ícone em termos turísticos para os mergulhadores que procuram um destino, tal como o são os montes submarinos. No entanto devemos ter em consideração que estamos a oferecer duas experiências equiparadas com os melhores destinos de mergulho do mundo, mas que são caras e menos acessíveis e se fazem apenas uma vez durante uma estadia. Se um mergulhador faz uma semana de mergulho nos Açores e em dois dias faz mergulhos de grande qualidade mas nos outros seis dias faz mergulhos costeiros em zonas altamente pescadas sai dos Açores com uma experiencia menos positiva. U» Qual o melhor conselho que deixa aos operadores turísticos e decisores políticos quanto aos dividendos a retirar do potencial submerso da região? N.S.» Penso que nos últimos dois anos o governo e as associações de turismo tem feito um excelente trabalho na divulgação dos Açores como destino de mergulho. Estive aliás recentemente na maior feira de mergulho da Europa e os Açores eram a única região nacional presente e contava com um espaço de dimensões iguais a muitos dos maiores destinos mundiais de mergulho. De salientar também que os próprios operadores estão cada vez mais envolvidos na promoção dos seus serviços a nível nacional e internacional. Na minha opinião, se conseguirmos criar um mínimo de uma pequena zona costeira por ilha (dois ou três quilómetros de costa em zonas com boas condições para o mergulho) podemos dentro de alguns anos ter uma indústria de mergulho que irá trazer grandes proveitos para a região.

Nuno Sá trocou carreira de advocacia pela de fotógrafo profissional


LOJAS

LEGENDA \\\ 01// Vinho Tinto Bolota dourada 02// Relógio Casio 03// Peugeot 508: Carro do Ano

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05// 04// Livro “O espião improvável” 05// Jóia em basalto dos Açores 06// Perfume senhora “Amor Amor” 07// DVD “As aventuras de Tintin”

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Revista U Rua da Rosa, 19 9700-144 Angra do Heroísmo tel. 295 216 222 fax. 295 214 030 email. u@auniao.com Director Marco Bettencourt Gomes Editor João Rocha Redacção Sónia Bettencourt, Humberta Augusto, Renato Gonçalves

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Colaboradores desta edição Adriana Ávila, Cristina Viveiros, Frederica Lourenço, Joaquim Neves, José Júlio Rocha, Júlio Ávila, Luís Godinho, Marília Simões, Martinha Martins, Paulo Brasil Pereira, Ricardo Rego, Rui Jorge Martins, Rui Soares, Teodoro Medeiros Design gráfico Frederica Lourenço Paginação Elvino Lourenço Ildeberto Brito


ENSAIO

Auge! Arte, genTE E cultura visual TEXTO / Ricardo Rego

A edição de conteúdos culturais pelos jornais regionais tende a ser conduzida pelos jornalistas não especializados, não existindo nos jornais locais actualmente nenhum tipo de edição regular ligada à cultura artística. A imprensa terceirense assistiu com o passar dos anos, com maior incremento há volta de trinta anos, ao aparecimento continuado de suplementos culturais. Nos últimos anos porém, tal deixou de se verificar. Com o desaparecimento do suplemento literário “Vento Norte” (jornal Diário Insular, tendo como coordenador o escritor Álamo de Oliveira), aliás, deixou de existir espaço para congregar a produção de artigos de e sobre cultura ou arte. Agentes culturais houve no passado recente que propuseram o desenvolvimento entre nós de uma política editorial conducente à especialização dos jornalistas. Contudo, num artigo de opinião publicado na condição de leitor pelo designer e agente cultural local Rafael Barcelos (Diário Insular, 8 de Janeiro de 2009, pág. 2), este acusa: “Por razões de natureza diversificada que facilmente se compreendem e que aqui não cabe discutir, o jornalismo cultural não está nos nossos hábitos, limitando-se de um modo geral à notícia, raramente tocando a crítica especializada, e poucas vezes colhendo nesse imenso espaço intermédio, afinal tão acessível, que fica logo depois da notícia. e se isso é notório no que toca à actividade cultural entendida como acção isolada e autónoma, muito mais é notório no que toca à questão das políticas para a Cultura. “ Como resposta, coube ao redactor, seguido ao artigo, deixar uma Nota com a seguinte afirmação: “No caso em apreço, RB parece afectado pelo trauma, antigo em si, do “jornalismo cultural”, conceito que não se encaixa e muito menos se esgota, nas baias em que a “cultura oficial” da Região o procura confinar com alguma insistência.”

No entanto, a discussão é reduzida no contexto do próprio jornalismo, e, ainda assim, quando surge, não é suscitada pelo próprio meio. Exemplo disso, porventura único, foi o colóquio e debate levado a cabo pelo Instituto Açoriano de Cultura no Palacete Silveira e Paulo, precisamente (!) quatro anos antes do artigo de Rafael Barcelos (a 8 de Janeiro de 2005), sob a designação de “A Cultura Depois da Notícia – Colóquio Jornalismo Cultural no Palacete” Com a participação dos jornalistas regionais Rafael Cota, Armando Mendes, Rui Messias e Marta Silva, o editor micaelense Pedro Arruda (Revista Ilhas, de Ponta Delgada), bem como da jornalista da Revista Actual e Semanário

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ENSAIO

Expresso Luciana Leiderfarb e o editor do Jornal de Letras José Manuel Rodrigues Da Silva. Alicerçava-se a empreitada na verificação então lançada: “A iniciativa parte da constatação de que, apesar da actividade cultural que marca hoje o quotidiano da Terceira ser relativamente intensa, a actividade jornalística a jusante da notícia é praticamente inexistente na ilha e na Região, por motivos diversos, sendo alguns facilmente identificáveis e compreensíveis, e permanecendo outros, e mesmo aqueles, por discutir publicamente e com profundidade.” “(...) mas a iniciativa visa a análise aberta, descomplexada e muito objectiva, não apenas da prática local neste domínio por parte dos órgãos de comunicação social como também das hipotéticas responsabilidades e ineficiências das instituições privadas, e sobretudo públicas, que promovem e/ou apoiam realizações culturais.” Apesar do esforço, mesmo com o acréscimo no número de jovens formados na ilha nas áreas da cultura artística, restou-nos apenas como epitáfio, único e último, o artigo citado de Rafael Barcelos e a conclusiva réplica que recebeu junto do jornal. Junto dos leitores e agentes, salvo alguma discussão de “bastidores”, nada mais se seguiria. Passando a uma memória descritiva mais explanada do conceito gráfico por nós proposto (ainda que o corpo, além do cabeçalho venha a ser fiel ao que fora delineado pela designer do jornal), podemos acrescentar que o “Auge!” surge como que camuflado na grafia de um “AU!” (que poderíamos interpretar como um grito de despertar) ou até como “NU!” (aqui, quase como que o apontar para o caminho antes trilhado, como que a dizer que “assim vai o rei”). O registo irónico, antes mais criativo, do grafismo (apoiado no empréstimo do grafismo do “U” proposto pela designer do restante jornal; sua inversão

no. 1 de “A União”

a cinza, antes) aponta para essa ideia exclamativa (como estilizadamente é “exclamativo”, simula o ponto, o “ge” – por pouco percebido como um “9”; algarismo associado ao número de ilhas do arquipélago açoriano) de uma emergência do olhar sobre a criação. “Olhar”, cuja palavra em línguas de países mais a norte (norueguês, alemão, por exemplo) é precisamente a palavra “AUGE”, proveniente do latim oculus. Este, no entanto, é o “nosso” “Auge”, na assunção dada na nossa língua e no nosso sentir presente. A “gente” é, ela mesma, simbolicamente, o ponto de emergência; levar à gente, traçar um ponto de “União” entre a arte, o património artístico e os seus intervenientes e potenciais (ou potenciáveis) receptores. Pensar a arte com os outros e para os outros.

Projecto de logótipo

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PALAVRAS

FELICIDADE TEXTO / Júlio Ávila FOTO / Rui Soares

A poesia em movimento da lava quente, qual sangue, a espirrar do corpo verde a fazer de ilha. Gostava de poder falar olhos nos olhos com as sensibilidades de cada um, e assim o sentimento poderia facilmente substituir a pouca inspiração e os parcos conhecimentos que tenho sobre fotografia, textos para sair na imprensa, dança ou felicidade. Há quem diga que se treina. Treina-se a prosa, a fotografia e a dança, que a técnica, para ser apurada e roçar a perfeição, tem de repetir e repetir e repetir dia após dia os processos até que estes se tornem mecanizados. Só assim se atingem resultados efectivos. Admiro e invejo (até por não os conseguir promover sempre) o esforço, o trabalho árduo, a persistên-

cia e a dedicação. Restam-me é poucas dúvidas que o que arrebata mesmo as pessoas é o romantismo do inesperado, o rasgo de inspiração, o suspiro, o bater mais forte do coração, o arregalar de olhos, o arrepio na pele, em suma, o sentimento. Podia muito bem invocar ondas de fogo, era uma metáfora bonita para o xaile esvoaçante, a poesia em movimento da lava quente, qual sangue, a espirrar do corpo verde a fazer de ilha, uma coisa assim do género. Podia tentar ornar o texto com referências alegóricas à fotografia que me calhou em sorte complementar, mas não me ia satisfazer. E não porque, se olhar para ali, há um elemento maior que salta à vista e que não se pode treinar nem traduzir em imagens ou palavras, que é a felicidade. Há o sorriso, que a anuncia, rasgado e amplo, o escárnio da plenitude perante a inquietação derrotada, mas toda a gente sabe que até um sorriso se treina e produz em laboratório. De maneira que vos deixo com um lugar-comum a aconselhar o que já sabem: que treinem, que programem, que prevejam, que controlem quase tudo se vos dá prazer ou paz de espírito. Não o tentem fazer com a felicidade.

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A Caixa Económica da Misericórdia de Angra do Heroísmo pretende seleccionar para um contrato trabalho a termo certo de 12 meses, funcionários de Atendimento ao Balcão para a ilha Terceira, nas seguintes condições: Requisitos: -- Licenciatura em Gestão, Economia, Contabilidade, Marketing, Informática, Sistemas de Informação ou equivalentes; -- Conhecimentos no sector bancário; -- Domínio da língua inglesa; -- Bons conhecimentos de informática na óptica do utilizador; -- Facilidade de comunicação e de relacionamento interpessoal; -- Flexibilidade de horário de trabalho; -- Disponibilidade para deslocação e formação. Informações: -- A selecção será feita através de avaliação curricular e entrevista; -- Os candidatos deverão enviar carta de apresentação, até 30 Março 2012, acompanhada de “curriculum vitae” detalhado, de foto e BI/CC, para: Caixa Económica da Misericórdia de Angra do Heroísmo Recursos Humanos Rua Direita n° 118 9700-066 Angra do Heroísmo recursos.humanos@cemah.pt


OPINIÃO

A TUA MÃO É UM LUGAR DISTANTE TEXTO / Pe. José Júlio Rocha

Pousava, demasiadamente lento, o cigarro sobre aquele cinzeiro anos 70, verde loiça, que era uma espécie de mão que, nos intervalos dos dedos, se podia pousar o cigarro. Naquele quarto arrumado tudo era verde ou castanho, ou de qualquer cor parecida. Se calhar até as entranhas dele, que aos cinquenta e tal anos já se dava por velho. Com a ponta do dedo anular direito, falangeta trémula, foi ajuntando, uma a uma, todas as faulhinhas de cinza que um gesto mais brusco deixara cair no plástico que cobria o tampo da mesa. Castanho, com imagens de flores desbotadas. Tudo tinha um lugar certinho naquela casa cheia de pobrezas direitinhas. Tudo menos aquele cheiro frio a tabaco de há anos, que já se tinha entranhado até ao íntimo de todas as coisas, dos panos, das madeiras, das paredes, das loiças, das pedras. E ele magro, a voz como cascalhos a rolar no fundo do esófago cavernoso, que dizia solidão até no eco da última palavra. Camisa irritante de engomada, malha irritante de verde, pele irritante de macerada, dedos castanhos de cigarro. Tudo tinha o sabor do tabaco frio, aquele sabor que têm as casas e os corpos dos que não conseguiram senão escolher ficar sozinhos para o resto das suas vidas. «É uma Lisboa suja, esta», rolavam as pedras lá de dentro dos seus cem anos de solidão. Fora importante no tempo em que os cigarros davam respeito e idade, que hoje ninguém a quer, nem naquele tempo, que já se fugia a ser velho. E aquela dor de cabeça a dar-lhe a dar-lhe, por debaixo da graxa do cabelo, que nem a nada cheirava. Livros, tinha-os. Dera a volta ao mundo e ao tempo na poltrona velha, ou na cama, onde, mais que dormir, lia fumando, sem nunca deixar cair uma faúlha que fosse do seu cigarro absoluto. E a Lisboa suja atirava-lhe pela janela semiaberta sons e cheiros de cidade, recalcados de gente a ir e vir, de carros a rosnar, uma ou outra ambulância a ganir ao longe e aquela zoada monótona das cidades. Homem de guerra em África, daqueles que, não tendo deixado nada atrás, não tinham medo de nada. Agora só tinha medo de estar sozinho, da indiferença de todas as gerações que passaram por ele sem o chamar pai, irmão, filho, ou tio que fosse. Era nada no léxico da família. Se ele morresse ali, com o cigarro enterrado nos dedos castanhos, joelhos cruzados, inclinado sobre a mesa, só o amontoar do pão de três dias à porta havia de alertar a vizinhança. É uma espécie de sábio, que escreve alguns livros de poesia e contos e faz conferências de literatura, e até já deu algumas aulas numa universidade. Não acredita em nada. Nem Deus, nem homem, nem futuro. Nem em si. «Há-de perceber, meu caro amigo», rolavam as pedras lá de dentro, «que esta crise só vem revelar que o homem é apenas um animal como os outros». E eu a pensar nos gatos e nos cães, nas leoas e nos alces que nunca viveram crises económicas. A solidão, às vezes é um vício, como o álcool que grasna na garganta, o tabaco que carboniza os pulmões, a droga que electrocuta a massa cinzenta. Não se pode viver sem ela, mas viver com ela é insuportável. Esta é a época das pessoas sós. O Próximo colocou-se – ou foi colocado – a uma distância a que a minha voz e o meu pensamento não chegam. E há imensa gente que ri e conta anedotas, e vai a almoços e jantares, e saúda metade dos transeuntes da rua da Sé e colocou os ouvidos a mais de cem metros da pessoa mais próxima. O amigo de que vos falei lê leituras numa missa na diocese de Lisboa, todas as semanas. Faz parte do Conselho pastoral e é o braço direito do pároco. Dá catequese ao décimo ano. Perdeu o dom da fé. A solidão roubou-o. Reza todos os dias. 19 Março 2012 / 25


PARTIDAS

DAQUI, DA ILHA DO LADO… TEXTO / Marília Simões FOTO / Luís Godinho

Já parti várias vezes, sempre dentro do velhinho continente, mas a maior das minhas partidas deu-se em 2006, para aqui, de onde vos escrevo, a ilha de São Miguel. As minhas outras partidas tiveram sempre regresso marcado, esta não faço ideia até quando durará. No final de 2006, com 25 anos, acabadinhos de fazer, e licenciatura pronta, feita também aqui na ilha, eis que me aparece uma oportunidade de trabalhar na minha área, em Ponta Delgada. Com outras razões que também me prendiam à ilha verde, na altura, lá me tornei um “Rabo Torto” no “Japão”, a tempo inteiro. Esta ilha, para além das oportunidades que me

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foi dando, e que conheço desde os meus 4 anos, quando também pela primeira vez andei de avião, também me tem vindo a seduzir, todos os dias, pelo seu contraste, entre o desenvolvimento, onde o homem tem vindo “a colocar as mãos”, e a natureza intata. É uma ilha diferente das outras. Com costumes diferentes. Não é melhor, nem pior, mas é uma ilha “orgulhosa”, com uma fé que não reconheço em nenhuma das outras. Subir à Vista do Rei e ver as Lagoas das Sete Cidades, sentir a água quente da Ferraria, tomar um banho de água férrea nas Furnas, seguindo-se um belo almoço de cozido à portuguesa, cozinhado durante 5 horas nas caldeiras, e com aquele cheirinho a enxofre, que nos relembra como nasceram as nossas ilhas, beber um chá, produzido na ilha, acompanhado por um fresco bolo lêvedo, são especialidades que só a ilha de São Miguel nos dá. Quem me lê pode pensar que me tornei “micaelense de alma e coração”, mas não. Adotei esta terra como minha, mas nunca nego as minhas raízes. Muito pelo contrário. Prezoas como ninguém. Continuo a apreciar uma divertida tourada, desola-me não passar todos os anos a noite de São


PARTIDAS

João na minha cidade, a noite que mais me diverte do ano, bem como não poder pegar no carro e ir até às águas frescas dos Biscoitos. As saudades da terra e das pessoas que me viram nascer são muitas, mas partir para Ponta Delgada fez-me crescer e, neste momento, não abdico deste lugar. Ser terceirense na terra de Antero de Quental e de Natália Correia, muitas vezes, não é fácil. Especialmente à chegada, até assentarmos raízes e sermos acolhidos. Ainda existe aquela rivalidade ou “bairrismo” entre “as minhas duas casas”. A maior parte, sem fundamento lógico, apenas para nos espicaçar. Mas que, com o tempo, nos diverte…

Lá me tornei um “Rabo Torto” no “Japão”

NÚVENS SOBRE AS FURNAS


ÓCIOS

“Só Deus e alguns génios raros continuam a avançar pelo campo da novidade.”

Denis Diderot

CARTOON

F.S.

QUESTIONÁRIO

CONCORDA COM A ALTERAÇÃO DO NOME DO AEROPORTO DAS LAJES?

ONLINE

AS MAIS VISTAS

congresso sobre o ESPÍRITO SANTO

SIM

DECO alerta

NÃO

atento às iniciativas internacionais nessa área e quer apostar na sensibilização dos católicos para o tema. «Queremos que o Observatório se converta em espaço de reflexão e formação em torno da Sétima Arte e das suas amplas possibilidades», explicou o padre Peio Sánchez Rodriguez, citado pelo site da Signis, Associação Católica Mundial para a Comunicação. O responsável pela paróquia de Santa Ana, sede do novo organismo, considera que se atravessa «um momento muito interessante» e «há que aproveitá-lo, sobretudo no que se refere ao âmbito educativo e pastoral», bem como ao diálogo entre fé e cultura». «Um dos grandes desafios é educar o olhar e ensinar a ler este género de filmes com mensagem e valores espirituais», sublinhou o sacerdote em declarações publicadas pelo site “Religión digital”. O sacerdote com especialização em educação audiovisual e doutorado em teologia dogmática está convencido que o cinema espiritual «constitui hoje uma ferramenta privilegiada para a pastoral e a evangelização». TEXTO / Rui Jorge Martins A criação do Observatório visa tamO Observatório do Cinema Espiritual, bém coordenar as mais de 50 iniciatirecentemente criado na cidade es- vas que em todo o mundo promovem panhola de Barcelona, pretende estar mostras de cinema espiritual.

Observatório de Cinema Espiritual criado em Barcelona

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CULTURA

Mulher, POESIA “Pedaços de uma Mulher” é o primeiro livro da autoria de Sandra Fernandes, natural da ilha Terceira, mas residente há vários anos em São Miguel.

NOVOLIVRO Este seu primeiro livro tem como objectivo apresentar a poesia em diversas dimensões, sugerindo que, para além de lermos, sintamos a força das palavras que

SANDRA FERNANDES escreve. A autora justifica o título do livro pela dicotomia do coração e do cérebro. O gosto pela poesia nasceu ainda quando andava na escola primária e tinha até agora expressão no seu blog Poesias de Terra e de Mar.

OCTOBER Flight Os terceirenses October Flight participam, entre 21 a 25 de Março no Canadian Music Fest em Toronto, o maior evento musical do Canadá que este ano tem Porugal como um dos países convidados, seguindo depois para Nova Iorque onde irão actuar no Drom Club. A banda constituída por Flávio Cristóvam – voz e guitarra, Timothy Lima – voz e guitarra, João Orne­ las – baixo, André Gomes – teclas e João Mendes –bateria tem estado em tourneé por Portugal Continental, levando na bagagem “Make you Mine”, single de apresentação do seu primeiro álbum “The Closing Doors” com lançamento previsto para o primeiro trimestre deste ano. Nas palavras de Flávio Cristóvam, em entrevista à revista Blitsz pode-se esperar ao longo dos 12 temas “ um álbum que leva o ouvinte a uma viagem pela vida de cinco jovens músicos que querem ir um pouco mais longe do que o normal nas suas ilhas. Uma história sobre sonhar e tentar fazer acontecer”. 19 Março 2012 / 29

Faro, Portugal, 1998. Maria, médica ucraniana, vem passar o fim de ano com o marido, senegalês, empregado nas obras da Expo98. Ao aterrar em território nacional é confrontada com suspeitas de ser uma imigrante clan­destina, interrogada e detida na cela do aeroporto, onde passa a noite com o fogo de artifício na cidade como pano de fundo. Após um breve encontro com o marido e saturada da humilhação das autoridades a e ro p o r t u á r i a s , toma a decisão de comprar um bilhete de regresso à Ucrânia. Esta é a premissa, baseada numa história verídica, de onde parte Sérgio Tréfaut, para um olhar assumidamente comprometido sobre o controlo de entradas nos aeroportos europeus e a questão da emigração ilegal. Assim nasceu “Viagem a Portugal”, filme que estreou na edição do ano passado do IndieLisboa, com Maria de Medeiros, Isabel Ruth e Makena Diop nos principais papéis. O filme passa dia 21 de Março, pelas 21h00, no Centro Cultural de Angra do Heroísmo.


CULTURA

Panda Bear / tomboy TEXTO / Adriana Ávila

O Jovem norte-americano de 33 anos - Noah Lennox, um dos dois elementos integrantes dos Animal Collective, tem seguido um percurso a solo com o pseudónimo de Panda Bear desde 1999 aquando do lançamento do seu primeiro álbum homónimo. Apesar de morar em Lisboa há alguns anos, raramente actua por terras lusitanas; no entanto, nos passados meses de Novembro e Dezembro apresentou o seu mais recente álbum em Portugal, intitulado: «Tomboy», álbum já lançado em Abril de 2011 pela Paw Tracks. Panda Bear, um criativo da pop experimental actual, recorre à voz, particularmente no seu último disco «Tomboy, albúm este que conta com um alinhamento muito melódico e repetitivo onde são aplicadas guitarras com efeitos electrónicos. Temas como «Slow Motion», «Last Night at the Jetty» e «Drone» merecem destaque pela sua particularidade e sonoridade, em específico o tema «Drone» que nos remonta a cânticos religiosos. Para os seguidores de Panda Bear, «Tomboy» não ficou aquém das expectativas.

Rádio Fugu “Música despida para gente vestida” é o slogan da Rádio Fugu, nome japonês mas projecto lusitano de uma rádio na internet onde a música é a razão de ser e para ser consumida por todos. Com uma programação baseada em programas de autor, a descobrir em www.radiofugu.com.

Joel E O Romance “Os Sítios Sem Resposta” marca o regresso do terceirense Joel Neto ao romance, doze anos depois de “O Terceiro Servo”. O lançamento nacional está marcado para 12 de Abril em Lisboa, seguindo-se Porto, 19 de Abril, Ponta Delgada a 11 de Junho e a apresentação na sua terra natal, Angra do Heroísmo, por altura das Sanjoaninas. Joel Neto publicou, também, entre outras obras, “O Citroën Que Escrevia Novelas Mexicanas” e “Banda Sonora Para Um Regresso a Casa”.

O Corvo no cinema Estreia a 29 de Março «É na terra não é na Lua», documentário de Gonçalo Tocha, sobre a ilha do Corvo que lhe valeu o grande prémio do DocLisboa em 2011. Rodado durante quatro anos, com uma equipa de filmagem onde apenas constavam um operador de câmara e um técnico de som, o filme relata ao longo de 180 minutos o dia a dia de uma “microcomunidade fechada em si própria”.

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OPINIÃO / AGENDA

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. Sempre assim foi e sempre assim será. O que se passou com a revista não foi diferente; impunha-se uma publicação com “cara nova” e aspecto jovem, que fosse uma alteração aos cânones estéticos postos em prática. À partida o objectivo primordial foi a criação de uma revista de aspecto arrojado, que primasse pela actualidade da imagem afastando-se, desta forma, das restantes edições convencionais existentes na Ilha Terceira. O facto de não se tratar de um jornal e de não explorar os temas habitualmente explorados na região, torna este objectivo mais acessível pois as restrições não são tantas. Todavia, limitações houve-as à partida. Estarmo-nos a debruçar sobre uma revista impressa a preto e branco parece limitativo, e obriga à consideração e colocação em prática de outras formas de apelabilidade. Optou-se por jogos

Actualidade página a página… TEXTO / Frederica Lourenço

de títulos e tipos de letra diversos, textos aparentemente desalinhados, páginas diferentes entre elas aparentando uma anarquia que, bem analisada, é lógica. Neste momento, olhando para a publicação desperta a curiosidade pelo que é novo e desconhecido. Criou-se a necessidade de ser falado e comentado, tal como acontece com tudo o que foge à regra. Sem dúvida que esta revista veio trazer inovação estética aos meios de comunicação impressos dos Açores.

Como diz o Outro Bruno Nogueira e Miguel Guilherme são os protagonistas de “É como diz o outro”, comédia sobe dois colegas de trabalho que falam, basicamente, de tudo e de nada.

Dia 24, 21h30 Partilhando o mesmo escritório, os protagonistas alternam o trabalho, com diálogos sobre as suas vidas, aspirações, dúvidas e

Teatro Angrense confidências. A peça surge a partir dos sketches criados por Henrique Dias e Frederico Pombares para o programa da RTP2 “5 para a Meia Noite”. Os argumentistas desafiaram Bruno Nogueira a adaptar os textos para teatro, tendo convidado para o projecto Miguel Guilherme e o encenador Tiago Guedes. No próximo dia 21 de Março, quarta-feira, pelas 21H00, realizarse-á na Sé Catedral um concerto pela organista Olga Lysa, em memória de Jorge de Almeida Leal Monjardino. Durante o espectáculo serão interpretadas obras de J. S. Bach, M. Reger, C. Frank e J. Alain. A entrada é livre.

19 Março 2012 / 31



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