Revista U 3

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A REVISTA SEMANAL D´A UNIÃO

www.auniao.com

“DEUS ESTÁ NOS DETALHES” MIES VAN DER ROHE, PÁG. 21 SIZA VIEIRA, PÁG. 16

edição 34.712 · 02 de abril de 2012 · preço capa 1,00 € (iva incluído)


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E-mail: clipraia@gmail.com • Telefone: 295 540 910 • Fax: 295 540 919

Área Clínica Análises Clinicas Cardiologia Cirurgia Geral

Médicos Laboratório Dr. Adelino Noronha Dr. Vergílio Schneider Dr. Rui Bettencourt

Cirurgia Vascular

Dr. Fernando Oliveira

Cirurgia Pediátrica

Dr.ª Catarina Fragoso

Cirurgia Plástica Clínica Geral Clínica Geral (Doenças de Crianças)

Ginecologia/Obstetrícia

Dermatologia Endocrinologia

Dr. António Nunes Dr. Domingos Cunha Dr.ª Patrícia Galo Dr.ª Paula Bettencourt Dr. Lúcio Borges Dr.ª Helena Lima Dr.ª Ana Fonseca Dr. Rui Soares Dr.ª Lurdes Matos Dr.ª Isabel Sousa

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Medicina Dentária

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Medicina Interna

Dr. Miguel Santos

Medicina do Trabalho Nefrologia Neurocirurgia Neurologia Neuropediatria Nutricionismo Otorrinolaringologia Pediatria Pneumologia

Dr.ª Cristiane Couto Dr. Eduardo Pacheco Dr. Cidálio Cruz Dr. Rui Mota Dr. Fernando Fagundes Dr.ª Andreia Aguiar Dr. João Martins Dr. Rocha Lourenço Dr.ª Paula Gonçalves Dr. Carlos Pavão

Psicologia

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Psiquiatria

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Oftalmologia Imagiologia (TAC/ECOGRAFIA/Ressonância Magnética) Neuroradiologia (TAC/Ressonância Magnética)

Dr. Francisco Dinis Dr.ª Ana Ribeiro Dr. Miguel Lima Dr. Jorge Brito Dr.ª Rosa Cruz

Reumatologia

Dr. Luis Mauricio

Terapia da Fala

Dr.ª Ana Nunes Dr.ª Ivania Pires

Urologia

Dr. Fragoso Rebimbas


EDITORIAL / SUMÁRIO

CASAR AS PEDRAS TEXTO / Marco de Bettencourt Gomes | director@auniao.com

Nessa tarde desse dia em que chovera da parte da manhã espantei-me por ver pela primeira vez o brilho nas coisas, a nitidez luminosa dos contornos dos objectos, a textura da calçada à porta do oculista na baixa da cidade. Todas aquelas pedrinhas ali colocadas, pacientemente engastadas, mosaicamente dispostas, puzzladas padronadamente. A arte dos calceteiros, pior que a dos engraxadores que não limpam as solas que calcam os tapetes da calçada. A calçada portuguesa no continente celebra o basalto, nos Açores celebra o calcário. É a lei da economia da procura e da oferta aplicada na pedra. Lá como cá os desenhos são feitos no material mais nobre porque mais escasso. Lá o basalto. E cá o calcário. E quanto mais prezada a rua, quanto mais central a artéria, mais motivos pictóricos. As travessas modestas, os becos, as vielas, calcetadas a seixos do mar; as avenidas, as ruas pedonais, as marginais, repletas de geométricos e emblemáticos ormanentos. Maravilho-me a descobrir segredos inscritos nas pedras dos passeios, arte sublime dos mestres calceteiros. Dãolhes o padrão, e eles, secretamente, maliciosamente, fazem dentro dos grandes padrões dos arquitectos outros pequeninos padrões só seus, os calos das dobras das suas mãos nas pedrinhas lindas que pachorrentamente vão cinzelando e casando no chão. A preto e branco. Cá, não gosto de lancis de pedra que não é basalto nem de desenhos na calçada que fazem as casas parecer mais baixas. Gosto é dos calceteiros e homenageio-os tentando andar de pé no passeio do lado esquerdo, de frente para os carros.

SUMÁRIO 03

editorial

o novo hospital hospital a mirar o futuro

04 07

ferramentas

plâncton marinho nas ilhas

14

fotógrafo

23

josé júlio rocha

25

ócios

28

10 inovação e tradição

16

six hours para jantar

11

palavras

13

desfrutar do nosso mar…

26

teodoro medeiros

15

agenda

31

NA CAPA... MIES VAN SER ROHE, PAVILHÃO BARCELONA / pág. 21

O Google homenageou no passado dia 27 de Março, o arquitecto Mies van der Rohe. Para comemorar a data o doodle de hoje forma um prédio rectangular, feito de vidro e aço, onde é reproduzido o projecto Crown Hall. Os doodles consistem em mudanças no visual do logotipo do Google, geralmente utilizadas para celebrar feriados, aniversários e grandes acontecimentos da história. Até agora, mais de mil intervenções foram criadas. 02 abril 2012 / 03


REVISÃO

INAUGURAÇÃO DO HOSPITAL DA TERCEIRA

HOSPITAL A MIRAR O FUTURO FOTO / Humberta Augusto

O novo Hospital da Ilha Terceira será pago “solidariamente por todos os açorianos” em 30 anos. “Um dos empreendimentos mais importantes e mais complexos realizados nos últimos anos” no âmbito do sistema de saúde regional. Foi assim que Carlos César classificou o Hospital do Santo Espírito da Ilha Terceira, inaugurado na última 2ª feira. Realçando o facto de o novo hospital ser pago “solidariamente por todos os açorianos ao longo das próximas três décadas”, manifestou-se convicto de que “será compensador para todos os que a ele recorrerem muito para além desse espaço temporal”, constituindo, por isso, “uma grande obra, feita com o esforço e destinada a servir várias gerações”. Segundo avançou o presidente do Governo dos Açores, “o valor actualizado previsto para os encargos futuros plurianuais é, de acordo com o critério de cálculo que o Tribunal de Contas efectuou no continente para as PPP, de 139 milhões de euros, sendo que o orçamento deste ano já inclui o pagamento da renda correspondente, tal como, aliás, da renda do projecto rodoviário de

VISITA ÀS INSTALAÇÕES

S. Miguel.” “Estas duas obras, bem como o pagamento integral de toda a dívida pública, incluindo a das empresas públicas, no mesmo período, representará apenas 3,5% das receitas previstas da Região”, especificou Carlos César. Considerando que “diversas entidades nacionais e internacionais têm reconhecido a boa gestão das finanças públicas açorianas” – o que permitiu a realização de obras importantes –, acrescentou que “só na visão toldada pelo clima pré-eleitoral é que isso não é justamente destacado pelos que se sentem despeitados por qualquer sucesso que lhes seja estranho.”

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REVISÃO

NOVOS CONCEITOS O novo hospital – “feito a pensar no futuro, capaz de dar resposta aos novos conceitos de saúde”, como frisou Carlos César – tem 216 camas de internamento geral e 25 camas técnicas de internamento especial, dispõe de quartos para pernoita de pais que acompanhem os filhos internados na pediatria, permite o funcionamento em simultâneo de seis salas cirúrgicas, dispõe de ressonância magnética e terá condições para albergar meios de terapêutica de nova geração, como a radioterapia ou a instalação de uma câmara hiperbárica, estando prevista a implementação da medicina nuclear e outros meios, tais como a hemodinâmica ou a angiocardiografia. Por outro lado, adiantou Carlos César, o Serviço Regional de Saúde, cujas dívidas ultrapassam 600 milhões de euros, deverá conseguir atingir este ano o “equilíbrio de exploração”, disse hoje o presidente do Governo dos Açores. “Apesar das enormes dificuldades de gestão de um sistema de saúde destinado a servir nove ilhas, nem por isso as nossas dificuldades financeiras no sistema são maiores do que as nacionais”, frisou, acrescentando que este ano espera-se “uma situação de equilíbrio de exploração”.

O novo hospital tem 216 camas de internamento geral e 25 camas técnicas de internamento especial.

ENCHER OS OLHOS É INSUFICIENTE TEXTO / João Rocha / jrocha@auniao.com

A saúde não depende apenas das novas e modernas unidades

A construção de um novo hospital é a concretização de um velho desejo dos terceirenses. O edifício, recentemente inaugurado, “enche os olhos” a todos nós, restando aguardar pelas respostas a nível funcional. Na realidade, a saúde não depende apenas das novas e modernas unidades. Acima de tudo, estão as práticas e eficácia na gestão dos recursos humanos e materiais. O novo Hospital da Ilha Terceira não irá resolver, per si, velhos e angustiantes problemas como a falta de médicos de família e listas de espera nas cirurgias. Acresce a não entrada em funcionamento do Centro de Radioterapia, apesar de integrar o projecto de execução do hospital. Argumentar que está em causa uma poupança anual de 100 mil euros é, no mínimo, afrontar todos os açorianos que, directa e indirectamente, lidam com o flagelo das doenças oncológicas.

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REVISÃO / OPINIÃO

O Peregrino da Caridade e a insus­ tentável dureza de um regime TEXTO / Carmo Rodeia

Durante três dias os símbolos católicos pontuaram as principais ruas de Santiago de Cuba e de Havana, naquela que foi uma das mais sentidas e políticas visitas do Papa Bento XVI ao continente americano. Para a história fica a mensagem do Papa ao regime castrista: o marxismo não serve aos dias de hoje e não servirá, certamente, aos homens de amanhã. As palavras do Peregrino da Caridade (designação inscrita nas tarjas autorizadas pelo regime cubano) não poderiam ser mais incisivas e claras do ponto de vista político. Cuba tem em curso uma abertura económica incentivando e permitindo a iniciativa privada mas, no palco político, as reformas continuam adiadas com o terrifico sistema de partido único. Falta de liberdade de expressão e de informação, direitos fundamentais violados, presos políticos (na véspera da chegada do Santo Padre foram detidos 70 opositores do regime, 15 dos quais integram o Grupo Damas de Branco, que reúne viúvas e familiares de dissidentes) …em suma uma ditadura marcada fortemente pela corrupção, pela economia subterrânea e sufocada pelo mais velho embargo do mundo, imposto pelos Estados Unidos desde 1962. O modelo que Cuba ensaia vem da China e da ex União Soviética dos anos 80: pequenas lojas, frágeis negócios privados; depois zonas económicas especiais e, finalmente será o abandono da economia estatizada . A China pensada por Deng Xiaoping é uma das economias mais poderosas do planeta. Só que continua a ser, também, um dos mais musculados regimes totalitários do mundo. Afinal, ontem como hoje, não é o primado da economia que fundamenta e legitima liberdades! Deng Xiapoing terá dito “não sei se Marx concorda com tudo o que está a ser feito aqui. Mas vou encontrar-me com ele no céu e conversamos”. Será que Fidel e Raúl Castro temem politicamente um encontro póstumo com Marx? Talvez o Papa lhes possa dar na terra a absolvição!

CRECHE E ATL RURAL “OLHAR INFAN­ TIL” “Conhece a nossa PIZZA BIOLÓGICA?” é um projecto desenvolvido pela Creche e Atl Rural “Olhar Infantil” da freguesia da Vila Nova. Sendo a primeira Creche Rural a nível nacional, onde os princípios, valores, metas e estratégias do Projecto Educativo são direcionados para o mundo rural, inaugurou

em 2011 a Horta Pizza Biológica. Sendo os Açores uma região onde existe o reconhecimento público pela agricultura, a Creche e Atl Rural “Olhar Infantil” criou a Pizza (agrícola) Biológica, sendo entendida como uma resposta motivacional para captar o interesse das crianças. Para além de desmistificar o conceito de pizza como alimento calórico e pouco nutritivo, com este projeto pretende-se educar as crianças para os bons hábitos ambientais, alimentares e sensibilizar para a agricultura biológica. A estrutura circular e existência de atalhos e fatias de terra uniformes, são razões aliciantes para experimentar juntamente com outras escolas esta aventura agrícola. Os novos agricultores infantis, poderão conhecer na terra e (posteriormente) no prato quais os produtos que semearam e plantaram, trataram e recolheram da nova horta. A Creche e Atl Rural “Olhar Infantil” já recebeu a participação das crianças da EB1/JI Vila Nova, estando também já agendada a visita da EB1/JI Agualva e EB1/JI São Brás. Para as instituições que queiram conhecer o projecto e participar na iniciativa os contactos são sandraserpa@olharpoente.pt ou pelo 295903124.

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FERRAMENTAS

Jogar ≠ Kinecticar TEXTO / Paulo Brasil Pereira / FOTO / Kinect

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Foi uma tecnologia criada pela Microsoft para fazer frente à concorrência dos videojogos no que diz respeito à interacção do jogador com o mundo virtual. Ao contrário das outras marcas, a tecnologia Kinect não obriga o jogador a segurar nenhum dispositivo móvel para a jogar. O Kinect possui uma câmara que faz o reconhecimento facial do jogador, um sensor de profundidade para criar em 3D o ambiente que o rodeia, um microfone para captar as vozes mais próximas, além de um processador e software que no conjunto consegue captar 48 articulações do nosso corpo, fazendo com que haja uma precisão sem precedentes. Pode estar a pensar: “Isto não é novidade nenhuma…” pois não… mas no final do

ano passado atingiu a marca dos 18 milhões de unidades vendidas, tornandose desde a sua entrada no mercado em 2010, no bem de consumo vendido mais rapidamente de todos os tempos. (e esta hein??) Os especialistas afirmam que a tecnologia Kinect é a base para abrir novos caminhos no desenvolvimento da interacção homem/máquina, tendo desde a sua aparição no mercado outras utilizações, como por exemplo a que o médico Calvin Law deu nas suas cirurgias para monitorização do doente. Se pretende jogar com o Kinect, basta comprar uma Xbox 360, mais este periférico e gastar cerca de 279,99€ e tem tudo para “kinecticar” lá em casa!

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CIÊNCIA / OPINIÃO

A OPOSIÇÃO NA ADOLESCÊNCIA

A NORMALIDADE E O DESVIO

TEXTO / Centro de Intervenção Psicológica e Pedagógica

Presentemente, os adolescentes são alvo de uma vigilância muito particular. Investigadores, pais, professores ou órgãos de comunicação social, todos à sua maneira e com as suas ferramentas, procuram entender, gerir e/ ou conter os comportamentos do adolescente. Período de desenvolvimentos rápidos e de (des)continuidades, a adolescência tende a ser vista como uma zona de passagem. Mas é muito mais do que isso. Entre outros aspectos relevantes, trata-se de uma etapa em que o processo de socialização acelera e a respectiva interiorização de normas e regras sociais pode (ou não) sedimentar-se. Não se trata, pois, de um período em que a imaturidade ou a falta de experiência devam justificar as campanhas de banalização que, por vezes, pontificam no discurso público sobre os jovens. A afirmação do adolescente implica, ao mesmo tempo, a síntese de valores essenciais de adultos significativos, mas também a opção por normas próprias e divergentes. Daqui resulta que a adolescência implica uma dose expectável de oposição, desafio e recusa. Todavia, investigações recentes mostram como uma boa parte da conflitualidade induzida pelos adolescentes acaba por ser fogo-de-vista. A maioria tende a assumir, em diferentes culturas, que

tem dificuldade em aceitar a interferência parental e de outros adultos em certas áreas das suas vidas (como por exemplo, as amizades e a vida social), mas não só compreendem como aceitam que estes supervisionem comportamentos de risco (como o tabagismo, por exemplo). Por outro lado, a resistência não será igual em todos os adolescentes. Por exemplo, nas fases iniciais da adolescência, por volta dos 12/13 anos, são mais notórios comportamentos de oposição e desafio, os quais tendem a esbater-se com o passar dos anos. Estes pequenos indicadores mostram que a tensão essencial da relação com o adolescente se centra não tanto na sua oposição ou desafio, mas antes no conhecimento das áreas e das fases em que a intervenção do adulto poderá ser mais sensível. Promover a autonomia não se compadece, pois, com estilos parentais indulgentes, tal como não resultará do controlo estrito. E pelos vistos, os adolescentes estão bem cientes disso. E os adultos, será que também estão? Aguardamos os vossos comentários, sugestões e achegas para o correiodoleitor@cipp-terceira.com, bem como uma visita à nossa casa na Internet, em www.cipp-terceira.com. Até à próxima!

SIZA EM ANGRA TEXTO / Juliana Couto *

Angra recebeu o Arqt. Siza Vieira no passado dia 28 no âmbito das comemorações do Dia Nacional dos Centros Históricos. O mais conhecido Arquiteto português explanou acerca do tema “A Arquitectura e a Cidade”. A Arquitectura nunca deverá ser pensada/criada como um objeto singular, como num ato egoísta de quem a concebe ou é seu proprietário. Esta afirmação tem um sentido mais forte em centros históricos e urbanos, em que na mesma malha coesa e densa se articulam tecidos de várias 02 abril 2012 / 08


MONTRA

MONTRA Eames Lounge Chair criada em 1956 por Charles Eames 887,96€€ www.bluesuntree.co.uk

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épocas, marcando várias gerações… ou assim deveria ser. A visão dos nossos grandes nomes de Arquitectura Portuguesa poderá ajudar numa análise mais clara e desintoxicada do tema, sendo necessário um certo afastamento dos objetos para uma mais acertada reflexão. Poderemos estar demasiado embrenhados em Angra para a poder Ver como ela é e merece. Neste sentido foi gratificante ouvir Siza, ele que interveio no Chiado, na reabilitação de espaços públicos do Porto e no Centro Galego de Arte Contemporânea de Salamanca por exemplo.

Acerca do Chiado Siza escreveu “Não existe um monumento importante na cidade sem a continuidade anónima de múltiplas construções (…). E contudo, na evolução da cidade, a perda deste sentido do papel de cada construção está aos olhos de todos. A generalizada ambição de protagonismo torna por isso impossível qualquer forma de protagonismo.”(1) * Arquitecta (1) SIZA, Álvaro- Imaginar a Evidência, Edições 70, 1998, p.97. Imagem in A Reconstrução do Chiado. Lisboa. Álvaro Siza, Ed. Livraria Figueirinhas, 2.ª ed. 2000, p. 117.

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CIÊNCIA

Um conhecimento detalhado sobre estes organismos reveste-se de grande importância por diversas razões, das quais destaco o facto de serem a base da cadeia alimentar nos oceanos, produzirem cerca de 50% do oxigénio que respiramos, desempenharem um papel fundamental na regulação do clima, terem um papel primordial na absorção e fixação de carbono da atmosfera e oceanos, e possuírem um grande potencial biomédico. Para além do enorme valor da informação específica obtida sobre estes organismos, esta expedição gerou uma fonte apreciável de dados, que permitirão melhorar, por exemplo, os modelos sobre o aquecimento global e as previsões sobre a distribuição espacial de populações de grandes organismos marinhos, como é o caso das espécies de peixes comerciais.

plâncton marinho

© Yann Chavance/Tara Expeditions

O plâncton marinho encontra-se em todos os oceanos e mares, desde a superfície até às zonas profundas. Ainda assim, a maioria das pessoas desconhece a sua existência e importância. Estes organismos, que vivem na coluna de água e derivam com as correntes oceânicas (capacidade de locomoção fraca ou nula), incluem, a título de exemplo, as microalgas (que fazem fotossíntese), as medusas, o krill ou as larvas de peixe. Falo-vos deste assunto a propósito da recente passagem pelos Açores da expedição científica Tara Oceans, que se encontra na sua recta final. Esta expedição, que decorre a bordo da escuna Tara, iniciou-se em Setembro de 2009, tendo percorrido todos os oceanos com o objectivo de fazer o primeiro estudo global sobre o plâncton marinho. Doze áreas de investigação estão envolvidas neste projecto, que reúne no total uma equipa internacional de 150 cientistas. A primeira conclusão deste projecto é que a diversidade de espécies planctónicas é 80% superior ao que se julgava. Estamos a falar à volta de um milhão e meio de diferentes espécies de organismos no plâncton marinho.

ESTÃO ENVOLVIDAS NA EXPEDIÇÃO CIENTÍFICA TARA OCEANS QUE REÚNE UMA EQUIPA INTERNACIONAL DE 150 CIENTISTAS.

amostras recolhidas

© V. Hilaire/Tara Expeditions

TEXTO / Ricardo Cordeiro *

A escuna Tara Na Horta

* Biólogo marinho

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© C. Sardet/CNRS/Tara Oceans

PLÂNCTON DOZE ÁREAS MARINHO DE INVESNAS ILHAS TIGAÇÃO


MESA

SIX hours para jantar TEXTOE FOTOS / Joaquim Neves

Desafio a mastigar 30 vezes comida pré-cozinhada ou enlatada e depois diga se conseguiu engolir.

comer e beber com tempo para se ter

Se demora-se 60 segundos a degustar uma garfada? Já imaginou a quantidade de sabores que pode extrair? À medida que as moléculas dos alimentos abrem e revelam sabores, cheiros, sensações, tons, cores, momentos. Ao invés das duas “mastigadelas” engolir quase em seco para encher, lavar o que restava de sabor com alguma porcaria em lata refrigerada. Pior três garfadas seguidas na boca, mal passam pela língua, sem alguma impressão gustativa e já está, à enfarta brutos? Pois, animais são assim e mesmo estes só comem o que gostam, ou então pessoas que não gostem de comida, engolem para viver, ou que nunca lhes foi ensinado a comer. Sem falar de maneiras. Sim, há falta de tempo, não somos franceses para ter uma hora um prato à frente, mas somos gente que gosta de comer, porque não levar o prazer de comer a outro nível? Menos é mais! Degustar é comer muito bem e ficar cheio. Se é caro? Não sabe o que comprar, escolher, selecionar! Pense bem nas porcarias em que gasta o seu dinheiro, se poderia ter uma alimentação melhor, nem é pela sua saúde, metade do que todos pagamos à Segurança Social é para pagar custos da nossa gula, por isso seria mesmo só pelo prazer de também ser saudável. Note degustar é: “Avaliar o sabor de

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MESA

cada prato seu tacho

Receita

AZEITE, IOGURTE E MAIONESE

Vinagretes, Dressings ou molhos para Saladas? Sem viver só da alfaces e tipos de alface, afinal é a menos nutritiva de todas as folhas, existem para comer as incrivelmente nutritivas folhas de Batata Doce (Sim é mesmo muitíssimo bom geralmente deita-se fora) rúculas, agriões, espinafres de jardim, folhas da beterraba. Tubérculos crus em geral, como a batata doce crua (sim crua, é do mais saudável que existe) courgette, nabo, cenouras, (menos o inhame e batata). Repolhos roxo, verde etc. (couves não) cebolinho, pepino. Maçã, ananás, pêssego. Corte, como achar apetecível, mastigável, criativo. É um mundo imenso! Mas para simplificar partimos de 3 bases. Saudável o Azeite, menos: o Iogurte, sem comentários: Maionese. Base: Use sal, e use só sal que não seja refinado q.b.. Pimenta preta moída na hora, potencializa os nutrientes. (tanto bons como maus) Ervas aromáticas que no caso do Azeite, pode deixar macerar por muito tempo. Junte Estragão, cominhos, tomilho, salsa, coentros, manjerona, orégão (entre numa loja e cheire, prove) alho. Azeite e vinagre resulta nos vinagretes. Iogurte, mesma base e para matar junte natas, vai morrer! E para morrer mesmo e mais depressa, na maionese junte também natas, as ervas e as especiarias. (não tem como sair errado se for provando e acrescentando mediante seu paladar). Junte alguns tipos de queijo nas bases. (Gorgonzola, Roquefort, Ilha…experimente) Evite, molhos para saladas pré-confecionados. Sirva separado para cada pessoa pôr na sua mistura de folhas e legumes. Serve também para legumes cozidos, mas pense, tudo o que cozer perde muitos dos seus nutrientes. Tente comer os legumes o mais cru possível. Coragem, boa sorte, bom apetite e uma vida longa.

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um alimento; provar. Deliciar o paladar, deliciar-se pelo gosto”. É um prazer que acredito que ultrapassa o prazer hedonístico. É vida comedida. É a graça do alimento de cada dia, que esquecemos de dar devido valor, parece gratuito mas paradoxalmente pelo dinheiro que custa só o, tendencionalmente, devoramos em vez de o saborear inteira e verdadeiramente. Seja duma batata com salsa a um manjar dos céus. O prazer de comer devagar de viajar em recordações, de momentos, de memórias é como um bom livro ou um bom filme. Tem o revês que começa a perceber-se da “nhaca” que por vezes come. Desafio a mastigar 30 vezes comida pré-cozinhada/enlatada em micro-ondas e depois diga se conseguiu engolir. Desafio a mastigar 30 vezes cada garfada de uma refeição boa e dizer se não ficou saciado com metade do que normalmente comeria com as duas três “mastigagens” engolidas, enfardadas, mal provadas. Fui algumas vezes ao SIX, experimentei seis entradas seis pratos, seis sobremesas. Senti-me em casa, quando cozinho dias seguidos para amigos, ou quando tenho, raros, convidados que cozinhem para mim. Além da refeição gosto, entre cada momento do jantar, sair para o jardim, estar no alpendre da magnífica casa reconstruida, sem agredir como tantas outras o bom gosto e denominador comum de uma arquitetura açoriana, que me leva a questionar muitas vezes quem é o (in)responsável por aprovar ou criar tantas aberrações arquitetónicas vaidosas sem estilo e desmedidas. Não serão interessantes daqui a cinquenta ou cem anos, cairão, já caiem no ridículo dos visitantes de outros lugares. Uma possibilidade que o espaço e tempo no SIX oferece é conversar, estar, filosofar, rir, tontear. Enquanto João cria e cozinha, mediante sua disposição, o prato escolhido no momento, do princípio ao fim, que leva tempo, Dela a companheira, serve com à vontade, convidativa sem rodeios do requinte que apresenta. Não vá ao SIX, se não souber apreciar comida, tempo, espaço, conversa, convívio é que não merece. Sinceramente não vou ao SIX para comer, vou para degustar.


PALAVRAS

De todas as histórias de amor que me contaste TEXTO / Pedro Soares

De todas as histórias de amor que me contaste Essa foi a mais bonita... A que estavas calada A que só olhaste para mim A que disseste que me amavas só com o olhar... A que me tocaste no braço com a ponta dos dedos... Mel, eu senti... Directo ao coração Contigo, Com o teu cheiro... Todas as vezes que olho para ti Todas a vezes que te abraço para te beijar Percebo... ...Percebo que és tudo para mim Percebo porque respiro, Percebo porque o Sol brilha... ...Percebo que és tudo para mim De tudo o que ficou para te dizer... De todas as juras que foram no vento do Inverno Das vezes que fiquei de te beijar... De todas as histórias de amor que me contaste Esta foi a mais bonita

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RETRATO

Obesidade Infantil TEXTO / ACRA / Angra

A obesidade é uma doença na qual existe excesso de gordura corporal armazenada, capaz de causar problemas de saúde. Actualmente, esta doença é considerada como epidemia. O que causa a obesidade? Hoje em dia, existe vários factores para o aumento da obesidade, tais como: hábitos alimentares e escolha de alimentos desajustada; falta de actividade física regular; podendo os

factores genéticos t e r influência. “Segundo a Comissão Europeia, Portugal está entre os países europeus com maior número de crianças com excesso de peso: 32% das crianças portuguesas entre os 6 e os 8 anos têm excesso de peso e 14% são obesas. Segundo o último estudo conduzido pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) revelado em 2011 na Conferência Internacional sobre Obesidade Infantil: mais de 90% das crianças portuguesas come fast-food, doces e bebe refrigerantes, pelo menos quatro vezes por semana.” (Associação Portuguesa Contra a Obesidade Infantil). Previne-se a obesidade através de uma dieta alimentar equilibrada, com aconselhamento de nutricionista; actividade física regular e com modos de vida saudáveis. Para diagnosticar o grau de obesidade infantil, é necessário medir a altura, o peso, bem como o Índice de Massa Corporal (IMC). Um IMC com menos de 18,5 valores significa que se está abaixo de peso; entre 18,6 e 24,9 que se é Saudável; entre 25,0 e 29,9 que se tem peso em excesso; entre 30,0 e 34,9 que já se está num grau I de obesidade; entre 35,0 e 39,9 tem-se grau II de obesidade; e com um IMC superior a 40 a pessoa já possui obesidade Grau III (mórbida).

O NOVO HOSPITAL TEXTO / Humberta Augusto / haugsto@auniao.com

PUBLICAÇÃO SOBRE O HSEIT

A nova infra-estrutura do Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira (HSEIT), inaugurada recentemente, está assente em três corpos principais, orientados a Sul e, Segundo consta na publicação lançada pelo executivo regional sobre a nova unidade do Serviço Regional de Saúde, ela “responde às exigências funcionais e às condicionantes urbanísticas”, tendo o imóvel sido adequado à “morfologia do terreno e aproveitando os declives naturais e respectivas plataformas”. A arquitectura funcional do HSEIT assentou num serviço de ambulatório estruturado a partir da admissão de doentes e capacitou o hospital com uma lotação de 236 camas de internamento distribuídas por quatro pisos. A concessionária, a Haçor, refere ter “havido um especial cuidado” ao nível do “conforto acústico, mecânico”, através da “localização das fontes de ruído internas afastadas das zonas ocupadas por doentes” e da escolha de “elementos construtivos adequados ao isolamento acústico”. Duas entradas, uma para doentes, visitas e pessoal e outra para abastecimentos e circulação de carros funerários são os acessos directos ao novo hospital que, até final de Abril, funcionará em pleno, possuindo um estacionamento para 954 lugares. A obra, que arrancou em Janeiro de 2010, “foi concluída na data prevista, a 26 de Dezembro de 2011. Durante o mês de Janeiro de 2012 foram efectuados ensaios previstos, tendo sido assinada a recepção provisória no dia 10/2/2012”. 02 abril 2012 / 14


OPINIÃO

Onde fica a terra dos sonhos? TEXTO / Pe. Teodoro Medeiros

«Jack of All trades» é um desempregado que faz de tudo, aprendeu todas as profissões, mas acusa o toque: os banqueiros engordam, os trabalhadores emagrecem; aconteceu antes e vai acontecer depois também. Jack resistiu igualmente à seca e à inundação; ele faz tudo. E imagina-se até a dar uns tiros neles: os banqueiros, o alvo a abater mencionado em 3 canções pelo menos. E segue uma homenagem... uma reescrita de Land of Hopes and Dreams da forma que poderia existir num universo paralelo. E agora existe no nosso. Land of Hopes and Dreams So many days on the road they picked the fruit from the ground in the desert there´s no time to load on the mountain they heard the sound of trumpets calling the Kingdom of songs singing The Name They were running, they were reaching to the sunbeams There ain´t no Land of Hopes and Dreams Terry worked on the garage all day he worked all nights and all weeks it´s been a month now, he gets no pay you can see it in his children´s cheeks And now, for the love of his son he´s been carrying a gun He´s running fast now, just another loss, it seems This is no Land of Hope and Dreams Some guy comes by in his machine he tells the workers: Life, ain´t it though? he´s too busy, living his own dream and the world ain´t big enough Someday we must talk ´bout the way out Still we´re all good as slaves now it seems There´s no Land of Hopes and Dreams And brother, you been ripped apart it seems There´s no Land of Hopes and Dreams

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E, de repente, Bruce Springsteen ressuscitou! E em Portugal, ainda por cima: estou a sério, o homem lançava discos e fazia concertos passando sempre despercebido (entre coletâneas e originais e discos ao vivo, uns 15 nos últimos 20 anos). Mas agora não se abre revista que não apareça uma foto acompanhada de citação (que se desiludiu com Obama, que começou por ter um talento pouco acima da média). Às vezes são perguntas doutas: «O novo disco de... será um programa político?» A fome deu em fartura, se bem que a maioria não conheça as canções e a novidade seja que ele vem a Portugal em Junho. É pena que seja só por isso porque essa notícia, boa que é, ganha sentido quando se ouve as canções. E vamos já a Wrecking Ball, o último disco. É o mais arrojado em termos de sonoridade: nunca se ouviram certas batidas eletrónicas antes num disco seu e há até uma pequena incursão rap em «Rocky Ground». Outras novidades num disco de originais são o uso de instrumentos de tom celta, muitos sopros e samples de canções antigas. «We are alive» pisca o olho a Jonnhy Cash, lembrando «Ring of Fire» e «Ghostriders in the sky». Se se junta a isto que há um regresso «synth and drums» dos anos 80, então dá-se ideia da diversidade apresentada. Land of Hopes and Dreams já era cantada há mais de dez anos mas a nova versão, com a mesma letra, arranca de forma mais majestosa. Bem, o essencial nos discos do The Boss nunca foi a sonoridade mas a mensagem: e neste é a revolta contra os causadores da crise financeira de que se tem falado, dia sim dia sim senhor, nos últimos tempos.


DESTAQUE

INOVAÇÃO

TRADIÇÃO


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Angra do Heroísmo é um bom exemplo de recuperação urbana pós-sismo. A consideração é de Álvaro Siza Vieira, aclamado arquitecto do Porto, 79 anos, e autor de um traço arquitectónico reconhecido dentro e fora do seu país. Passeou pelas ruas da Cidade Património Mundial, pela primeira vez, a 28 de Março, aquando a sua deslocação à ilha Terceira no âmbito das comemorações do Dia Nacional dos Municípios com Centro Histórico (DNMCH). E diz ter confirmado o que sabia: Angra é cidade histórica e não simplesmente reconstruída. Considera que num mundo cheio de (inov)acções e (con)tradições, as mudanças estão inerentes à vida. Revelam-se constantes e naturais. Excepto nos burgos em decadência. Os centros históricos, portanto, fazem parte também dessas mudanças, não obstante os valores da arquitectura, das pedras, dos imóveis no seu contexto sociocultural. Aqui, na Terceira e nas outras ilhas do arquipélago dos Açores, salienta, há natureza, mar e todo o ar respira história. Estes são os principais argumentos de Siza Vieira para acolher e perspectivar o projecto de construção da antiga Casa dos Pamplonas localizada na Rua do Marquês, junto ao Jardim Público Duque da Terceira, em Angra do Heroísmo, outrora destinado à nova Biblioteca Pública e Arquivo, após convite endereçado pela autarquia angrense. A edil, Sofia Couto, deu conhecimento público do propósito durante as comemorações do DNMCH, momentos antes de o ilustre arquitecto receber o Prémio “Memória e Identidade” entregue em parceria pela Associação Portuguesa dos Municípios com Centro Histórico e pela Câmara Municipal de Angra do Heroísmo.

TEXTO / Sónia Bettencourt sonia@auniao.com FOTOS / Fausto Costa

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O

DESTAQUE


DESTAQUE

Chiado o que será?… escreveu o distinto arquitecto Álvaro Siza Vieira, nos finais dos anos 80, a propósito da reconstrução de edifícios destruídos pelo fogo, em Lisboa, dizendo não ter opinião formada sobre qualquer obra a realizar cujos problemas desconheça em profundidade. Nesse período haviam passado oito

terpretativo de Angra de Heroísmo, na antiga Casa dos Pamplonas, localizado no centro histórico, na Rua do Marquês, junto ao Jardim Público Duque da Terceira. “Não será cópia nem pastiche do que há mas existem certos valores da arquitectura, na sua maneira de formar cidade, aqui, que devem ser respei-

Prémio Nacional “Memória e Identidade”

anos do Sismo de 80 que abalou fortemente a cidade de Angra do Heroísmo, destruindo as pedras e as almas das gentes locais. Recordou o seu traçado arquitectónico e cultural, mesmo sem conhecimento de causa, depois de reconstruída e elevada em 1983 a Património Mundial pela UNESCO. Mais do que uma referência diz tratar-se de um protótipo das cidades que os portugueses edificaram pelo país fora. “Coragem, sabedoria e engenho procederam à recuperação da cidade de Angra. É um processo exemplar”, salienta o laureado com o Prémio “Memória e Identidade” atribuído pela Câmara Municipal de Angra do Heroísmo (CMAH) e pela Associação Portuguesa dos Municípios com Centro Histórico (APMCH). Este galardão foi entregue durante as comemorações do Dia Nacional dos Municípios com Centro Histórico assinalado no Salão Nobre dos Paços do Concelho de Angra, a 28 de Março, uma escolha entre 108 municípios do país. Para além do complemento entre inovação e tradição, e por não existir ruptura mas continuidade ao longo da história, Siza Vieira considera a natureza e a sua íntima relação com a ilha importantes factores de harmonia no cenário arquitectónico urbano. “Há aqui um grande equilíbrio entre natureza e arquitectura. E a natureza é também muito feita, é arquitectura. O Algar do Carvão é exemplo disso e, portanto, há sempre a marca arquitectónica nos espaços naturais”, afirma. Neste sentido, Álvaro Siza Vieira foi o arquitecto convidado para traçar as linhas do projecto do Centro In-

tados. É muito uniforme e regular e, contudo, não significa monotonia mas abertura”, adianta perspectivando uma obra cujo projecto, conforme anunciado pela presidente da CMAH, deverá avançar ainda este ano. “A inovação está em tudo, hábitos culturais, nas pessoas, e é uma constante, excepto numa cidade em decadência, o que não é claramente o caso de Angra. Mas a inovação não quer dizer que se dê um ‘pontapé’ na história, pelo contrário, inovação tem que ver com história não é uma coisa à parte”, sustenta. Para já, o arquitecto autor do projecto da reconhecida Casa de Chá-Restaurante Boa Nova, em Leça de Palmeira, aguarda o programa do futuro Centro Interpretativo de Angra onde deverá constar o levantamento topográfico, exposição da cidade e da ilha, entre outras matérias relevantes para o desenvolvimento do seu trabalho. Questionado sobre o menos positivo que, eventualmente, possa ter Angra, a mesma Cidade que passara pela calamidade do Sismo de 1980, Álva-

Cerimónia nos Paços do Concelho

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ro Siza Vieira é peremptório: “Não há cidade nenhuma que não os tenha na periferia ou no centro histórico”. Mas preferiu realçar os lugares que mais sobressaíram ao seu olhar como a histórica baía de Angra e as muralhas dos dois castelos, e, ainda, o Algar do Carvão. nosso tesouro Sofia Couto, autarca da CMAH, anunciou que o projecto do Centro Interpretativo de Angra vai avançar no decorrer de 2012. Essa interpretação surge no contexto e nas razões que contribuíram para a cidade ter a classificação de Património Mundial, em 1983, segundo as normas da UNESCO. “Este é o nosso tesouro. Sentimo-nos honrados com este legado. Queremos dinamizá-lo, badalá-lo e mostrar ao mundo e a quem nos quiser vir visitar que somos história viva. Por esse motivo, avançaremos com o projecto do Centro Interpretativo de Angra do Heroísmo, ainda este ano”, afirma a edil manifestando o seu agrado pela obra que terá a marca arquitectónica de Siza Vieira. “Obrigada por aceitar este desafio e permitir a Angra do Heroísmo ter o primeiro projecto seu nos Açores, ainda mais no importante marco que é o Centro Interpretativo de Angra do Heroísmo”, diz a autarca. As palavras da edil salientaram também a vertente cultural e social da cidade e da ilha Terceira e o que considerou ser parte natural e genuína do povo terceirense. “A nossa tradição não é recriada. É viva! Hoje, como dantes, continuamos a desenvolver as nossas actividades, para nós próprios. Não é um produto, não é um negócio, é o nosso dia a dia”, afirma. a primeira de siza vieira Na mesma cerimónia, o vice-presidente do Governo Regional dos Açores, Sérgio Ávila, deu relevância à escolha de Angra do Heroísmo como palco das comemorações do Dia dos Municípios à escala nacional. Não menos importante, salientou, é a possibilidade de Angra ter a primeira construção efectiva do arquitecto Siza Vieira nos Açores, considerando o futuro imóvel do Centro Interpretativo um “acto significativo” no contexto da história e do património. “É uma festa sobretudo pelas perspectivas que se abrem”, remata o governante. Estiveram ainda presentes na cerimónia do Dia Nacional dos Municípios com Centro Histórico, o presidente da Associação Portuguesa Municípios com Centro Histórico, Francisco Lopes, o professor e arquitecto António Meneres, e demais representantes civis, militares e religiosos.

Angra confia o Centro Interpretativo a Siza Vieira


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Revista U Rua da Rosa, 19 9700-144 Angra do Heroísmo tel. 295 216 222 fax. 295 214 030 email. u@auniao.com Director Marco Bettencourt Gomes Editor João Rocha Redacção Sónia Bettencourt, Humberta Augusto, Renato Gonçalves Design gráfico Frederica Lourenço

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Paginação Elvino Lourenço, Ildeberto Brito

Colaboradores desta edição Adriana Ávila, Carmo Rodeia, Fausto Costa, Frederica Lourenço, João Paim Bruges, Joaquim Neves, José Júlio Rocha, Juliana Couto, Marisa Leonardo, Paulo Brasil Pereira, Pedro Caneco, Pedro Soares, Ricardo Cordeiro, Rildo Calado, Teodoro Medeiros, Tiago Prenda Rodrigues contribuinte nº 512 066 981 nº registo 100438 assinatura mensal: 9,00€ preço avulso: 1€ (IVA incluído) Tiragem desta edição 1600 exemplares média referente ao mês anterior: 1600 exemplares


ARQUITECTURA

MIES VAN DER ROHE TEXTO / Rildo Calado

Dia 27 de Março, a versão do logótipo do motor de busca da Google apareceu dentro de um edifício. O homenageado foi Ludwig Mies van der Rohe, arquitecto alemão, a propósito do seu 126º aniversário. Nascido em Aachen, na Alemanha, em 1886, foi o próprio Mies van der Rohe quem nos ajudou a compreender a sua arquitectura ao comentar, num artigo publicado em 1961, a influência que as construções da sua cidade natal exerceram na sua obra.

MIES VAN DER ROHE

Mies foi trabalhar para Berlim em 1905, no gabinete do arquitecto Bruno Paul. Foi lá que, com apenas 21 anos, projectou o seu primeiro grande trabalho, a residência de Alois Riehl, um dos principais filósofos alemães do início do século XX. E foi este o projecto que lhe abriu as portas da sociedade, pondo-o em contacto com intelectuais e possibilitando-lhe trabalhar com Peter Behrens, para quem os outros pais do movimento modernista da arquitectura - Le Corbusier e Walter Gropius, também trabalharam entre 1907 e 1910.

Passou a sua infância e adolescência entre lápides e igrejas medievais. A sua formação não foi por isso acadé- Foi em 1912 que conheceu Hendrik Berlage, o arquitecto holandês que mica, mas de natureza prática. 02 abril 2012 / 21


ARQUITECTURA

tanto influenciou Mies: os princípios de Berlage baseavam-se no neoplatismo da Idade Média, na filosofia de Santo Agostinho, cuja frase “a beleza é o brilho da verdade” se tornou um axioma para Mies. A partir deste momento, a lei universal deixou de ser uma verdade histórica, passando para a procura da essência, da verdade da construção. E foi mesmo por causa dessa busca constante da essência construtiva e precisão do detalhe, que WalterGropius apelidou Mies de “o solitário caçador da verdade”. A arquitectura de Mies tornou-se na estrutura e membrana externa, ou, como ele mesmo dizia, uma arquitectura de “pele e osso”. A perfeição técnica dos detalhes viria apenas a apoiar este sentimento de vazio do espaço que, segundo Mies, deveria ser preenchido pela vida. Os projectos de Mies são, na maioria das vezes, absurdamente idealistas, quase apenas espaço, como é o caso dos arranha-céus de vidro que projectou em 1922, ou a residência Farnswoth, nos EUA, em 1950.

CADEIRA BARCELONA

Projectada por Mies van der Rohe e apresentada no pavilhão alemão da feira internacional de barcelona em 1929 é, até

Além de projectista, Van der Rohe foi director de arquitectura da escola Bauhaus, encerrada pelo partido Nazi quando Hitler chegou ao poder na Alemanha em 1933. Em 1937 mudou-se para os EUA, onde prossegiu a sua carreira.

hoje, uma das cadeiras mais apreciadas mundialmente. Faz parte de um projecto

completo

de

design de interiores, composta por mesas,

No país, van der Rohe desenvolveu projetos de “edifícios marcos” para as cidades de Chicago e Nova York, como o IBM Plaza e o Seagram Building, respectivamente.

bancos e outros mobiliários. Mies foi um dos pioneiros no desenho de móveis com estrutura

Van der Rohe morreu aos 86 anos, na cidade de Chicago. Hoje, ele é frequentemente associado a aforismos como “menos é mais” e “Deus está nos detalhes”.

de aço tubular, cujo processo permitiu a sua produção em série, um dos preceitos da Bauhaus.

FARNSWORTH HOUSE (EUA)

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FOTÓGRAFO

ACARICIEI O ROSTO DE UMA MAÇÃ TEXTO / Tiago Prenda Rodrigues FOTO / Pedro Caneco

um homem, Junto ao mar, é uma espécie de fome Para que da aurora se aviste a possibilidade de uma fenda, para que se abra, Um homem fotografa junto ao mar. onde descalças se surpreendem as marés em espuma. Um homem fotografa junto ao mar. coisas concretas. que se dão, de mar ainda mergulhadas. Coisas pequenas, concretas, entontecidas como algas. simples coisas enlouquecidas, e no entanto Sóbrias como quilhas mordidas por uma imensa devastação. rochas mergulhadas na verde espuma dos seus limos. Um homem perscruta imagens junto ao mar. A imagem se revela é a mulher. Um homem se fotografa é junto ao mar. apanha com as mãos lírios que se dão cheios de mar nos olhos, e a imagem, se revela, é a mulher amada,

atento e aceso um homem, Junto ao mar, é uma espécie de fome. tem iluminados dentes a sua escuridão, uma profundeza de oceano é o germinar, o desejo a morder a fúria na raiz dos lírios, violar de leite e mel tão delicada carne, esmagar os dentes contra a rocha, para que se abra e amada seja a mulher revelada, se possível, para que se abra, desenhar o grito marítimo das aves, tão simplesmente dizer: amo-te, bela e sem defeito; égua na crina marítima do vento, planície azulada dos meus olhos: cântico no meu cântico eu nasci para te amar! esse o meu nome amada amada! violência do leite e do mel! o teu sorriso que se abre, um homem junto ao mar traz algas e arrasta os braços por entre as rochas, imita nos gestos o arfar do mar, e deixa medusas mortas apodrecendo nos jardins de rochas negras, enseadas que se formam de uma forma vulcânica, de uma vertiginosa forma de assombro que a qualquer forma de escuridão assombra na forma de gritos de aves marítimas. A imagem se revela é a mulher amada.

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OPINIÃO

TREZENTAS E CATORZE PÁGINAS De BONDADE TEXTO / Pe. José Júlio Rocha

Com uma insuportável delicadeza, tinha espalmado a mão direita na areia, naquele lugar instável, onde o vai-e-vem das ondas alisava a praia. A marca da mão ficou ali, a escorregar uns veiozinhos de água, à espera da próxima levada de espuma que a onda seguinte haveria, mais segundo menos segundo, de reduzir a um esboço indefinido. Só os olhos podem traduzir o tamanho indizível da tristeza. Eu podia escrever aqui, me pudessem permitir, trezentas páginas de tristeza. Nada se comparava àquele olhar afundado de cão, quando reparou que aquele negativo da mão na areia era mais consistente que a sua existência redonda. Ninguém lhe dissera nada, mas ele ouviu – de relance, de repente, sem querer, por acaso, por incúria de quem falava – que qualquer pessoa, no seu lugar, faria MUIIIITO melhor trabalho do que ele. Até era bom homem... como se «bom homem» fosse a mais execrável das calúnias dirigidas a um indivíduo do sexo masculino do século XXI: um inútil, mole, bisonho, ridículo espécime de humanidade, nesta época de lobbies, yuppies, metrossexuais, produtos, enfim, da última cartada do evolucionismo. Há quem diga que ouvir – sem querer – uma conversa depreciativa sobre si mesmo é pior que um golpe de faca nas costas. Se eu, ao passar por um banco do nosso jardim, ouvisse, de quem não me visse, que «o padre Júlio é um inútil» sentiria um fraquejar inaudito nas pernas, e desejaria infinitamente que alguém, por cima do meu ombro, dissesse a quem falava que «se ele fosse teu filho, não dizias isso!». Como padre, muitas vezes supus – e supor não é nenhuma certeza teológica – que, no purgatório, algum anjo obrigasse os penitentes a dizer, na cara das pessoas, o que lhes disseram nas costas enquanto viventes na terra. Se, no inferno, isso não fosse obrigatório, muitos prefeririam ficar nos domínios do demo. Voltemos ao homem que, com insuportável delicadeza, espalmou a mão direita na areia húmida da praia. Não se sente traído por colegas; não se sente vítima do moderno bulling; não se sente revoltado, ofendido, ultrajado, incomodado sequer. Sente-se só. Só isso. Só. No seu ofício tinha que dar tudo. Ordens superiores. Ou tudo, ou nada! E ele era o homem dos mil ofícios, das mil voltas, dos mil trabalhos, onde dava tudo o que tinha. Mas se alguém dá o todo a mil pedaços, só cabe uma milésima de si a cada pedaço. No abraçar muito está o apertar pouco. No apertar pouco não está o abraçar muito. Entre o apertar e o abraçar, o homem preferiu o humano abraçar. Muito. Ficou só. Só e o mundo. Só como uma escada que sobe catorze degraus e vai dar a uma parede maciça sem sequer ter o outro lado. Levantou, com infinita delicadeza, a mão da areia húmida que teimava em colar-se-lhe como um vácuo. Vacuidade. Vazio. Vanidade. Vaidade. Vão. Nada. A bondade de José. A bondade de Tomás de Aquino. A bondade de João de Deus. A bondade de Teresa de Calcutá. A bondade de João Paulo segundo. A bondade de Francisco de Assis. Repito sem vergonha nenhuma na cara: a bondade de Francisco de Assis. Tudo isto, mesmo reduzido a cinzas, vale mais que o mundo inteiro. Uma onda de espuma desvaneceu o estigma da mão na areia vã. Compreender que o seu mar é outro, não aquele, é uma travessia de deserto. O Amor e a Bondade não sofrem, nunca, a erosão dos outros estilos de vida, onde se inclui o amor com letra pequena, mesmo o amor com letra muito pequena. Acho que foi essa letra pequena que assustou José Saramago, falso ateu, no meu ver, já que ninguém pode lutar contra o que não existe. E os seus provocatórios itinerários, por mais blasfemos que se mostrem, berram por Deus. O tal homem olhou a mão: água, sal, grãos húmidos de areia. Tenho que ser o sal da Terra, terá pensado. O sal não se vê. Para quê discursar sobre a bondade? 02 abril 2012 / 25


PARTIDAS

Desfrutar do nosso mar… TEXTO E FOTO / João Paim Bruges

Desde miúdo que me lembro de passar o Verão na zona balnear do Porto Martins. O contacto com o mar, entre banhos e pesca submarina ou de calhau, era constante. O respeito pelo mar era enorme, em parte devido às histórias contadas pelos mais velhos, e pela revolta natural das águas salgadas dos Açores. Mas, quando me falavam em andar debaixo de água com uma garrafa às costas, a reacção era imediata e de pavor. Nunca! Passados anos, por influência de uma amiga, num acto corajoso ou desmedido, decidi adquirir a certificação de mergulhador autónomo. E, depois, completada uma década a mergulhar e já com cerca de 600 imersões, algumas a 40 metros, posso garantir que foi uma das melhores opções “des-

medidas” da minha vida. O mergulho de garrafa é hoje uma actividade extremamente segura e divertida, e os nossos Açores são, sem dúvida, um lugar de excelência para a sua prática. Esta actividade não se resume a “flutuar” no fundo do mar. Existe um grande sentido de camaradagem e convívio entre os praticantes. Não é fácil explicar. Assim, nada melhor do que vos descrever um dia de mergulho. Em Agosto, durante as Festas da Praia da Vitória, e chegado às 9h00 ao centro de mergulho no Clube Naval da cidade, já lá se encontravam os anfitriões, Alexandre e Rita, a preparar o material para um mergulho que se adivinhava excelente. As condições climáticas eram as melhores, sol, ‘mar chão’ e alegria como é habitual. De seguida chegaram o Tomás, Filipe e João, praticantes e apaixonados pelo mergulho, oriundos de Portugal continental. Em 10 minutos, atravessada a rua até à Marina e uma curta viagem de barco ao spot de mergulho “Monte Negro”, após o ‘check’ do equipamento, o grupo prepara-se para entrar na água. Da superfície conseguia distinguirse o contraste entre a areia e a rocha vulcânica que constituem o fundo, a 25 metros de profundidade. A trans-


PARTIDAS

parência da água, aliada ao chamado “azorean blue”, faz do mar dos Açores único. Chegados ao fundo, somos recebidos pelo anfitrião habitual do local, de seu nome Rudolph, um simpático peixe de grandes dimensões (Mero), assim baptizado por um grupo de nórdicos que nos visitara, e já habituado à nossa presença. De volta ao barco, espera-nos a Rita, o chá e as bolachas “Mulatas”, e regressamos a terra. É mais uma aventura… Quem vem do mar sente fome e sede, e, ali chegados à Marina da Praia da Vitória e à Feira da Gastronomia, viu-se um atentado à dieta. O nosso excelente dia de mergulho culminou com um lanche de alheira acompanhado de Espumante, no Damar, em plena Feira, e vestidos a rigor. Bendita opção “desmedida” que tomei…

Chegados ao fundo, somos recebidos pelo anfitrião habitual do local, de seu nome Rudolph.

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MERGULHAR NAS FESTAS DA PRAIA


ÓCIOS / OPINIÃO

“A saúde depende mais das precauções que dos médicos.”

Jacques Bossuet

CARTOON

F.S.

QUESTIONÁRIO

ONLINE

CONCOR- AS MAIS VISTAS DA COM O AUMENTO DO NÚMERO DE DEPUTADOS?

Inaugurado hospital da Terceira “MAIS IMPORTANTE E COMPLEXO EMPREENDIMENTO”

SIM NÃO

I am a fan of

JANINA BRANDÃO TEXTO / Frederica Lourenço

Em Ponta Delgada DERROCADA PROVOCOU MORTE DE CRIANÇA DE DOIS ANOS

Faz parte daquela nova geração de criativos carregados de talento que se dedicam a colorir o mundo real, e é daqueles artistas que sabe que o é desde sempre. Com apenas 11 anos conseguiu entrar num curso de pintura a óleo para adultos e, desde aí dedicou toda a sua vida académica às artes. Licenciou-se em Design Gráfico e de Publicidade, trabalha como freelancer nas áreas do design gráfico, ilustração e fotografia. Nas horas vagas, às vezes, dedica-se a experimentar técnicas novas, sendo o graffiti uma delas. O desenho e a ilustração são as suas grandes paixões, e sonha que um dia as pessoas liguem mais à arte e menos ao futebol. (sonha, Janina!) Vale a pena explorarmos o seu website e vermos o seu portfólio. Assim como vale a pena lembrarmo-nos dela se quisermos um retrato a lápis, com a garantia de um óptimo trabalho. Para mais informações acerca do trabalho da Janina, podemos visitar o seu portfolio em www.janinabrandao.daportfolio.com; caso queira acompanhar aquilo que ela gosta de ver e fazer, sugerimos que siga o seu blogue www.janinabrandao.blogs-

Viciada em lápis desde que se lembra, é daquelas miúdas cheias de talento que vive de ideias giras, e que nos levam inevitavelmente para aquele mundo onde nos sentimos sempre a sorrir. pot.com 02 abril 2012 / 28


CULTURA

Museu Doce O Museu de Angra do Heroísmo tem preparadas para as férias da Páscoa uma série de actividades para os mais novos.

Actividades De 3 a 5 de Abril, das 10-11h30 e das 14h00 às 16h00, decorrem várias iniciativas abertas a Atl’s e jardins-de-infância. Desde saber mais sobre a história, confecção e, claro, o sabor, dos pas-

Férias diferentes téis de São Francisco, passando pelo “Cores da horta”, um ateliê onde vão aprender a fazer as suas próprias tintas recorrendo a pigmentos naturais e depois pintar ovos da Páscoa e ou o “Há uma horta no Museu” são várias as propostas para umas férias diferentes. Inscrições através do mail ana.ls.almeida@azores. gov.pt ou do telefone 295 240 800

Colheita na Recreio “A Colheita” é um festival de música, sem propósitos lucrativos, que tem como principais objectivos a divulgação das “bandas de garagem” açorianas e promover as linguagens músicas alternativas convívio entre os músicos mais experientes, o público - Pela palco da Recreio dos Artistas, em Angra do Heroísmo, vão passar entre 6 e 7 de Abril Akustik Rocks by Kit, Anomally, Art Capital, Beyond Confrontation, Eyes for the Blind, Mermaid, Killed Monster, Mufasa, Somnivm e a Banda da Colheita, esta última banda formada por músicos pertences a outros grupos, com o único propósito de actuar no festival. Esta é a terceira edição da Colheita, iniciativa que organizada por Beatriz Reis, Miguel Aguiar, Vitor Moreira, Catarina Melo, Isabella Jimenez e Jessica Neves com o apoio da associação cultural “Burra de Milho” e o site de Metal Açoriano “Metalicidio”. 02 abril 2012 / 29

Aberta de quartafeira a domingo das 16 ás 21h00 e sábados das 18 ás 23h00, a Carmina Galeria de Arte Contemporânea é um espaço singular no panorama cultural da Ilha Terceira. Localizada na Ladeira Grande, Feteira, promove ao longo do ano exposições das mais diversas formas de expressão artística, desde pintura, desenho, fotografia ou escultura, entre outros. No último sábado de cada mês, a partir das 22 horas, há um acontecimento de arte – recital de poesia, música, cinema de arte ou talvez teatro ou uma palestra no Chico Bento Botequim, juntando à produção artística um bom chã, uma merenda ou, ainda melhor, um raro vinho dos Biscoitos de casta verdelho. Para além da galeria de arte e do bar, este espaço possui também uma loja onde estão disponíveis peças em cerâmica, serigrafias, gravuras e objectos diversos de vários artistas a preços acessíveis. A Carmina Galeria oferece igualmente, todos os sábados, aulas individuais de piano e violoncelo.


CULTURA

Glass Candy TEXTO / Adriana Ávila

Glass Candy são uma dupla norte americana de Portland, Oregon que espalha magia desde 1996, mas só em 2002 lançaram o seu primeiro álbum de originais. Ida No (voz) e Johnny Jewel (produção) são os fundadores e os resistentes de quatro que atravessaram este grupo. JEWEL, A FORÇA MOTRIZ DESTE E DE OUTROS PROJETOS, CHROMATICS E DESIRE.

Warm in the Winter (2011) O produtor Johnny Jewel está associado aos Chromatics, Desire e também à Label Italians do Better pela qual lançou o seu mais recente EP enquanto elemento dos GLass Candy «Warm in the Winter».

GAME ON Até 15 de Julho, no Museu de Arte Popular, em Lisboa, decorre a exposição Game On, a maior mostra de videojogos a nível mundial. Pretende ser, a um tempo, um espaço de conhecimento e entretenimento, envolvendo de conferências e eventos em família a torneios e workshops.

O FIM DO POEMA A livraria Poesia Incompleta, a única do país que se dedicava em exclusivo à venda de poesia, fechou a semana passada as portas. A Poesia Incompleta tinha aberto em Novembro de 2008, com um espólio entre oito a dez mil volumes de poesia ou sobre poesia, de mais de 260 editoras, em mais de 30 línguas. Apesar da divulgação da Poesia Incompleta na Internet e de várias entrevistas dadas, o seu proprietário teve como retorno, por dia, “27 tipos chatos a acharem que sabem escrever poesia e meio cliente”.

TEATRO de objectos

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O grupo A.L.A.P.A. – Teatro estreia “O soldadinho de chumbo” de Hans Christian Andersen. Através de uma metodologia forjada a partir da convergência de diversas linguagens (teatro, artes plásticas, cinema, marionetas), apresenta esta peça na qual os objectos de uso quotidiano são convocados para pôr em cena a famosa história, num formato que se enquadra no estatuto work in progress. No Alpendre Grupo de Teatro, a 3 e 4 de Abril, pelas 10h30 para grupos de crianças até aos 8 anos.


OPINIÃO / AGENDA

Com a linha de pensamento em Sociologia, questiono os atuais problemas que enfrentamos. É frequente ouvir que a “família já não é o que era”! Será? Hoje, há Famílias Monoparentais, agregado familiar composto por uma mãe e seus filhos abandonados pelo pai, ou as Recompostas, que são constituídas por filhos de outros casamentos, efeito do divórcio! Somos descendentes da Família Alargada, onde o pai organizava monetariamente a vida de todos os constituintes, e a mãe ensinava às filhas as boas maneiras. Não há um tipo de família ideal! As famílias atuais não são totalmente negativas, há maior empreendimento na formação e no equilíbrio emocional. A família permanecerá, pois o indivíduo necessita de afeto! A família de “hoje” deixa de viver severas regras preconizadas para cada género. Os

Famílias Alteradas? TEXTO / Marisa Leonardo

progenitores incentivam aos papéis sociais que cada um mais deseja seguir e o divórcio é a oportunidade de refazer uma nova família com harmonia! Contudo, existe a abnegação com os restantes parentes, quebrando o zelo para com os mais velhos. As crianças presenciam o divórcio de seus pais entre discórdias, queimando as pestanas em frente ao monitor! São esses os problemas que “nós” (sociedade) temos a obrigação de solucionar! Como “Amante da Sociedade”, deixo-vos a pensar neste tema com um novo olhar!

Coros na Praia O Azores Festival Choirs 2012 passa pelo Auditório do Ramo Grande na Praia da Vitória para dois concertos nos dias 3 e 4 de Abril, ambos com entrada livre.

3 e 4 de Abril Dia 3 actua o Coro Sinfónico Lisboa Cantat e no dia seguinte é a vez do Coro Amici Musicae de Leipzig, Alemanha. O Coro Sinfónico Lisboa Cantat é dirigido pelo Maestro Jorge Alves, e desde a sua fundação,

Ramo Grande em 2007, tem registado obras de compositores portugueses nascidos após 1900, onde se destacam arranjos de mais de 60 canções regionais. Quanto ao grupo alemão, combina um coro misto e orquestra de cordas apresentando obras de Johann Sebastian Bach, Brahms, Tchaikovsky, Schumann, entre outros.

02 abril 2012 / 31

Os melhores do desporto açoriano ao longo de 2011 reúnem-se dia 3 de Abril no Centro Social, Cultural e Recreativo da Silveira e Almagreira, na ilha do Pico, para a XI Gala do Desporto. Este evento pretende homenagear e distinguir os agentes desportivos, as entidades do desporto escolar e as entidades do associativismo desportivo, que se notabilizaram ao longo do ano transacto através dos resultados e classificações alcançados bem como pelo contributo que deram ao desenvolvimento desportivo regional, através do trabalho desenvolvido.



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