Revista U

Page 1

A REVISTA SEMANAL D´A UNIÃO

www.auniao.com

n i l p a h C e i l r a h C

“UM DIA SEM RIR É UM DIA PERDIDO” PETIÇÕES POR TUDO E POR NADA, PÁG. 16

edição 16 de abrilde de2012 2012· ·preço preçocapa capa1,00 1,00€€(iva (ivaincluído) incluído) edição34.723 01 · 02· de janeiro


PUBLICIDADE

E-mail: clipraia@gmail.com • Telefone: 295 540 910 • Fax: 295 540 919

Área Clínica Análises Clinicas Anestesiologia Cardiologia Cirurgia Geral

Médicos Laboratório Dr. Adelino Noronha Dr. Pedro Carreiro Dr. Vergílio Schneider Dr. Rui Bettencourt

Cirurgia Vascular

Dr. Fernando Oliveira

Cirurgia Plástica

Dr. António Nunes

Clínica Geral

Medicina Dentária

Dermatologia Endocrinologia

Gastroenterologia

Ginecologia/Obstetícia

Medicina Interna Medicina do Trabalho Nefrologia Neurocirurgia Neurologia Neuropediatria Nutricionismo Otorrinolaringologia Pediatria

Dr. Domingos Cunha Dr.ª Ana Fanha Dr.ª Joana Ribeiro Dr.ª Rita Carvalho Dr. Rui Soares Dr.ª Lurdes Matos Dr.ª Isabel Sousa Dr. José Renato Pereira Dr.ª Paula Neves Drª Paula Bettencourt Drª Helena Lima DrªAna Fonseca Dr. Lúcio Borges Dr. Miguel Santos Dr.ª Cristiane Couto Dr. Eduardo Pacheco Dr. Cidálio Cruz Dr. Rui Mota Dr. Fernando Fagundes Dr.ª Andreia Aguiar Dr. João Martins Dr. Rocha Lourenço Dr.ª Paula Gonçalves

Doenças de Crianças

Dr.ª Patrícia Galo

Pneumologia

Dr. Carlos Pavão

Podologia

Drª Patrícia Gomes

Psicologia

Dr.ª Susana Alves Dr.ª Teresa Vaz Dr.ª Dora Dias

Psiquiatria

Dr.ª Fernanda Rosa

Imagiologia (TAC/ECOGRAFIA/Ressonância Magnética) Neuroradiologia (TAC/Ressonância Magnética)

Dr.ª Ana Ribeiro Dr. Miguel Lima Dr. Jorge Brito Dr.ª Rosa Cruz

Reumatologia

Dr. Luis Mauricio

Terapia da Fala

Dr.ª Ana Nunes Dr.ª Ivania Pires

Urologia

Dr. Fragoso Rebimbas


EDITORIAL / SUMÁRIO

Meia democracia TEXTO / Marco de Bettencourt Gomes | director@auniao.com

A população portuguesa actual é de 10.577.183. Em 2001 estavam recenseados 9.454.640 indivíduos. A taxa de abstenção nas eleições para a Presidência da república em 1976 foi de 24,6% e em 2011 foi de 53,5%. A taxa de abstenção nas eleições para a Assembleia da república em 1976 foi de 16,7% e em 2011 foi de 41,9%. A taxa de abstenção nas eleições para as Autarquias locais em 1976 foi de 35,4% e em 2009 foi de 41,0%. A taxa de abstenção nas eleições para a Assembleia legislativa da região autónoma dos Açores em 1976 foi de 32,5% e em 2008 foi de 53,3%. A taxa de abstenção nas eleições para a Assembleia legislativa da região autónoma da Madeira em 1976 foi de 25,2% em 2011 foi de 42,6%. A taxa de abstenção nas eleições para o Parlamento europeu em 1987 foi de 79,7% e em 2009 foi de 97,1%. São indicadores e estatísticas PORDATA – base de dados de Portugal contemporâneo. Daqui que concluo: é crescente abstenção em actos eleitorais e tende para um patamar próximo dos 50%. Metade dos eleitores não vota, não mostra interesse ou motivação pelo acto eleitoral ou pela sua representatividade democrática no actual figurino. Um fenómeno recente e contrastante: as plataformas de cidadania proliferam e assistimos a uma explosão de petições para tudo e mais alguma coisa. Não se trata, pois, de alheamento político por parte dos cidadãos eleitores (votantes ou abstencionistas) mas de algo diferente: a população expressa um descrédito generalizado pelos partidos. Não seria 50% mais democrático deixar vagos os lugares correspondentes à abstenção?

SUMÁRIO obama, romney e o estado social

06 açores no petição pública

não lembra mesmo ao diabo

sem romanos come-se melhor

05 11

16

fotógrafo

23

josé júlio rocha

25

casa girassol

29

A REVISTA SEMANAL D´A UNIÃO

www.auniao.com

fraciscanos nos açores

10 é uma casa moderna com certeza...

26

antes/depois

14

palavras

13

ócios

28

teodoro medeiros

15

agenda

31

NA CAPA... Sir Charles Spencer Chaplin, mais conhecido como Charlie Chaplin, nasceu em Londres, a 16 de Abril de 1889. Actor, director, produtor, humorista, empresário, escritor, comediante, dançarino, guionista e músico britânico. Chaplin foi um dos actores mais famosos da era do cinema mudo, notabilizado pelo uso de mímica e da comédia. Faleceu aos 88 anos, com 75 anos de carreira. E disse: “Nada é permanente neste mundo cruel. Nem mesmo os nossos problemas.”

Charlie Chaplin

16 abril 2012 / 03


REVISÃO

Os sete deputados a mais vão custar 800 mil euros por ano

PLATAFORMA CONTRA MAIS DEPUTADOS A plataforma de cidadania defende uma “alteração cirúrgica” à lei eleitoral A Plataforma de Cidadania, um movimento cívico que pretende participar nas eleições regionais de Outubro nos Açores, manifestou-se na última semana contra o anunciado aumento de deputados no parlamento regional, apelando ao sentido de responsabilidade dos partidos para o evitar. “Num momento em que a taxa de desemprego regista um crescimento sem precedentes, em que os impostos sobem para níveis insuportáveis e em que milhares de famílias açorianas enfrentam condições precárias de subsistência, o crescimento do número de deputados é algo que não compreendemos e não aceitamos”, refere o movimento cívico, num documento distribuído aos jornalistas. Em causa está o aumento de 57 para 64 deputados regionais nas próximas eleições, imposto pelo aumento do número de eleitores inscritos nos Açores, já que a lei eleitoral estabelece uma relação entre o número de eleitores e os deputados a eleger em cada círculo eleitoral. “O facto de em 36 freguesias dos Açores o número de eleitores superar a população residente ilustra bem o carácter completamente artificial dos cadernos eleitorais na região”, salienta o documento. Para evitar este aumento de deputados, a Plataforma de Cidadania defende uma “alteração cirúrgica”

à lei eleitoral, apelando aos partidos políticos com assento parlamentar para que aprovem a iniciativa legislativa que já foi apresentada com esse objectivo pelo deputado regional do PPM, Paulo Estêvão. A alteração proposta pretende que o actual texto que prevê, em cada círculo eleitoral, a eleição de dois deputados e mais um por cada 6.000 eleitores ou fracção superior a 1.000, passe a determinar a eleição de dois deputados por cada círculo eleitoral e mais um por cada 7.250 eleitores ou fracção superior a 1.000. Para a Plataforma de Cidadania, esta pequena alteração “evitará uma situação verdadeiramente escandalosa”, defendendo que a aprovação desta proposta no plenário da Assembleia Legislativa, que decorre na próxima semana, ainda permitirá que tenha efeitos práticos nas eleições

Plataforma de Cidadania defende uma “alteração cirúrgica”

16 abril 2012 / 04


REVISÃO

regionais de Outubro. “Os sete deputados a mais vão custar 800 mil euros por ano, ou seja, cerca de 3,2 milhões de euros numa legislatura”, frisou Luís Anselmo, da Plataforma de Cidadania, defendendo que a medida para evitar o aumento de deputados regionais “deveria ter sido da iniciativa dos partidos. ELEITORES A CRESCER O número de deputados da Assembleia Legislativa dos Açores pode aumentar nas eleições regionais de Outubro dos actuais 57 para 64 devido ao crescimento do número de eleitores inscritos no arquipélago. A questão coloca-se porque, de acordo com o mapa publicado pela Direcção Geral da Administração Interna no Diário da República de 1 de Março, o número de eleitores inscritos nos Açores é actualmente de 223.804, mais cerca de 31 mil do que nas eleições regionais de 2008, quando havia 192.943 eleitores. Este aumento do número de eleitores pode representar um aumento de sete deputados no parlamento açoriano, uma vez que o número de deputados depende do número de eleitores. Os novos deputados seriam eleitos por S. Miguel (4), Terceira (1), Faial (1) e Pico (1), ou seja, as ilhas que têm maior número de habitantes na região.

Este aumento do número de eleitores pode representar um aumento de sete deputados no parlamento açoriano, uma vez que o número de deputados depende do número de eleitores.

NÃO LEMBRA MESMO AO DIABO TEXTO / João Rocha / jrocha@auniao.com

LEI DO TRAVÃO

Como houve uma subida de 31 mil eleitores em relação às regionais de 2008, logo os deputados são mais sete.

Há coisas que não lembram mesmo ao diabo. Uma delas será, sem ponta de dúvida, o anunciado aumento de sete deputados para a Assembleia Legislativa dos Açores. Numa altura em que a tónica dominante do discurso político assenta na austeridade (sentida directamente nos bolsos de quase todos os portugueses), a ampliação do número de parlamentares é vista aos olhos do cidadão comum quase como uma imoralidade. Obviamente que também existe o lado da lei. Tudo resulta do mecanismo legal relacionado com o aumento do número de eleitores no arquipélago. Como houve uma subida de 31 mil eleitores em relação às regionais de 2008, logo os deputados são mais sete. Resta saber se este crescimento é real ou não passa de uma artificialidade que abrange a população flutuante, cujo recenseamento na Região tem muito a ver com o benefício na baixa do preço nas ligações para o Continente. E quanto à actualização dos cadernos eleitorais, muito haveria a escrever sobre os eleitores fantasmas…

16 abril 2012 / 05


REVISÃO / OPINIÃO

Obama, Romney e o Estado Social TEXTO / Carmo Rodeia

Não sabemos quem irá ser o novo presidente dos Estados Unidos, mas a história diz-nos que nenhum presidente falhou a reeleição. Por isso, Barack Obama poderá suceder a si próprio se derrotar nas urnas o cada vez mais provável candidato republicano Mitt Romney, o ex bispo mórmon, milionário que se recusou a mostrar a sua declaração de rendimentos quando se soube que só pagava 14% de imposto sobre a sua imensa fortuna. Aquelas fortunas que Obama quer taxar em mais de 30%, redefinindo os critérios fiscais de acordo com a proposta de Warren Buffett. Mas os verdadeiros dramas de Obama são outros. A começar, pelo pacote de saúde sobre o qual paira uma declaração de inconstitucionalidade pelo Supremo Tribunal de Justiça. Em causa está a obrigatoriedade de todos os cidadãos norte americanos terem um seguro de saúde, que o Estado até pode custear, mas cujo objectivo é, para além da dimensão social, reduzir o défice no orçamento de Estado que aumenta todos os anos em 43 mil milhões de dólares devido aos 32 milhões sem seguro. Acrescem o desemprego elevado, a falência da classe média, a perda de competitividade em relação a outras potências como a China…em suma um quadro semelhante ao europeu. Em 1931, quando Franklin Roosevelt chegou à Casa Branca não era só a economia norte americana que estava em crise. O próprio país apresentava sinais evidentes de desagregação, tal como a Europa de hoje. Roosevelt fez uma coisa importante: devolveu esperança e confiança. Lançou as bases do Estado Social com a política do “New Deal”. Criou emprego com grandes programas de obras públicas (umas mais necessárias que outras, é certo!). Ele soube interpretar o momento: percebeu que não haveria retoma económica se os mais pobres não tivessem um mínimo de poder de compra. Lula da Silva fez o mesmo no Brasil, na década passada! Numa altura em que a pretexto do combate à crise das dívidas soberanas se extingue o Estado Social é bom lembrar estes factos. Não é comunismo, como Roosevelt bem assinalou. É apenas a tentativa mais certeira de salvar o capitalismo!

ORIENTE TEXTO / Tomaz Dentinho

Singapura, Díli, Lacluta e Pequim. São como as estrelas. Ao longe podem parecer perto umas das outras mas entre si estão bem mais longe do que nós estamos de cada uma delas. Por isso conversámos com Ministros, Bispos e Embaixadores em Díli levados pela humildade confiante dos nossos alunos de Lacluta mobilizados pelo padre de Soibada; lá, no hemisfério sul, onde a língua portuguesa é o idioma mais falado. Por isso telefonámos aos angrenses de Singapura como se estivessem a fazer compras na loja das chitas da Rua Direita. Por isso nos perdemos no enorme círculo interno de Pequim para descobrir templos vazios da Cidade Proibida e igrejas de encontros cosmopolitas, para viver becos

esconsos de artesãos e artefactos, mais transportes simpáticos e baratos, para constatar avenidas congestionadas, ruelas para riquechós e lagos onde até se nada no frio. Pequim é na verdade uma cidade para nos perdermos para encontrarmos tudo. O que viemos fazer aqui? Viemos porque nos convidaram a falar de economia e de ambiente, de desenvolvimento e sustentabilidade, de urbanização e de gestão de cidades em países em desenvolvimento. Viemos para dar mais um passo na criação na China de uma secção da Associação Internacional de Ciência Regional que tem sede em Angra. Viemos fundamentalmente para ouvir os chineses, os vietnamitas e os japoneses falarem da economia da reciclagem, da gestão da água a cem anos, dos problemas do aquecimento global nas zonas costeiras do Oriente, da optimização da dimensão urbana com base na escala dos serviços públicos, da estimativa dos impactos do maremoto do Japão e da competitividade do chá chinês olhando para o modelo vitivinícola francês.

16 abril 2012 / 06


FERRAMENTAS

756 milhões de euros TEXTO / Paulo Brasil Pereira

Instagram está disponível para Android e Apple iOS grátis

Gostava eu que este fosse o valor de um euromilhões ganho com a minha chave (caso eu jogasse). Pelos vistos quem acertou na aplicação foram Kevin Systrom e Mike Krieger que em Outubro de 2010 lançaram a aplicação Instagram. Embora tenha sido um assunto muito badalado ultimamente, para quem não sabe, não é mais nem menos do que uma aplicação gratuita que permite a partilha de fotografias e a sua edição nas páginas de interactividade como o facebook e o twitter. Agora de onde vêm esses 756 milhões?? Sim, foi o milionário do Facebook que comprou esta aplicação que agora também está disponível para android. Zuckerberg na prática

ficou apenas mais descansado! Embora o Instagram seja gratuito e não dê lucro, imagine o que é um rival do facebook comprar o Instagram que já conta com mais de 1 bilião de uploads por dia!? Numa era em que a principal matéria-prima são os dados pessoais, tudo o que guarda essa informação é vendável e o Instagram como plataforma de partilha de fotografias é mais um desses sucessos. Embora tenha mudado de dono, prometem ser independentes. Esqueça os milhões, registe-se na página do Instagram, tire umas fotos aos petiscos, edite e meta na rede… algum dia chegará a nossas casas ;)

GADGETS DA SEMANA LEGENDA \\\ 01// novo htc velocity LTE 02// mini mini-aspirador 03// mini coluna-portátil

02//

01//

03//

CONSULTÓRIOS EM Angra

Praia

Velas

Madalena

295214980

295512025

295412538

292623321

PUBLICIDADE

MARCAMOS CONSULTAS DE OFTALMOLOGIA


CIÊNCIA / OPINIÃO

O ADN e as estratégias terapêuticas para alterar comportamentos e emoções geradoras de sofrimento

GENÉTICA: Herança Comportamental? Olhando para as teorias deterministas dos finais do séc. XIX, de que Lombroso é o principal representante, não há homem da ciência que resista. A falta de credibilidade das acepções baseadas nas características físicas não precisa de mais discussão, a não ser para comprovarmos a falibilidade da ciência e de como esta evolui com os erros e num contínuo epistemológico raramente feito de rupturas. Se sabemos do exagero de Lombroso, não é menos verdadeira a falibilidade de Durkheim e das teorias sociais do comportamento. Assim, da mesma forma que os dois cientistas foram, ao longo dos anos e para estupefacção dos colegas, convergindo em conclusões que são hoje respeitáveis, também a ciência contemporânea sabe coligar várias perspectivas que possam ser postas à prova de forma a serem confirmadas ou infirmadas. Os avanços tecnológicos têm dado grande ênfase à questão biológica, genética e respectiva influência no comportamento animal. Estudos recorrentes reabrem a discussão acerca das risíveis teorias por comprovar há cem anos. Podemos afinal falar de um certo determinismo muito libertário. Ou seja, sabe-se hoje que a influência parental no comportamento futuro dos filhos tem eficácia óptima até aos seis anos, a partir dos quais o ADN começa a tomar as rédeas. Ora este ADN tem milhares de funções interligadas, pelo que os primeiros 6 anos servirão como escolha dos canais de comportamento a privilegiar. Isto é mau? Não. Todas as características humanas seleccionadas até

TEXTO / Centro de Intervenção Psicológica e Pedagógica

hoje foram, em certo momento, necessárias à evolução. Cabe-nos saber seleccionar as que continuam a dar resultado. Imaginemos a nossa carga genética como um enorme filamento de interruptores em que cada interruptor é uma característica de comportamento. Se até aos 6 anos se faz a instalação eléctrica desse filamento, depois dessa idade, apesar de alguns se ligarem automaticamente, o ser humano tem capacidade de os desligar (indesejáveis) e ligar os necessários. É nesta complexa tarefa que a psicologia tem demonstrado inigualável eficácia. O psicólogo, Nobel em Economia, Daniel Kahneman fez valiosa investigação em que conseguiu ligar conceitos teóricos em uso na psicologia, adaptando-os com sucesso às ciências económicas, provando a versatilidade do ser humano na análise das vantagens de mudança, até de comportamentos enraizados. Aaron Beck tem também desenvolvido e ajudado à criação de estratégias terapêuticas mobilizadoras dos recursos de cada indivíduo para alterar comportamentos e emoções geradoras de sofrimento. São estas ferramentas que, apesar de paralelas ao desenvolvimento da genética, podem ser usadas para contrariar falsas inevitabilidades. Entendamos a carga genética como plasticina que podemos moldar, mas tendo em conta que a plasticina é sempre a mesma. Aguardamos os vossos comentários, sugestões e achegas para o correiodoleitor@cipp-terceira.com, bem como uma visita à nossa casa na Internet, em www. cipp-terceira.com. Até à próxima!

A HISTÓRIA TEXTO / Francisco Nogueira*

As crianças e os jovens açorianos têm perdido o interesse pelo estudo da História. É vê-los a reclamar que esta disciplina não interessa e que não lhes serve de nada, algo que nos assusta, pois estudar História é conhecermonos melhor. A História é a descrição massiva de sucessos que sucedem sucessivamente sem cessar. Ao longo dos últimos anos, o ensino da História perdeu vigor e interesse, os professores não cativam os alu16 abril 2012 / 08


MONTRA / OPINIÃO

MONTRA Hole to another TÍTULO Universe dignim aut wall decal nullamet (autocolante decorativo) landit er sis dolortis nulla30,00€ con

whatisblik.com www.website.com

You´re very, very late (set) TÍTULO dignim aut conjunto 8 nullametde lantatuagens temdit er sis dolortis porárias nulla con 13,00€ www.website.com tattly.com

Polaroid TÍTULO postcards dignim aut transforme as nullamet suas er fotos landit sis em dopostais lortis nulla con

11,50€ (conj. 7) www.website.com photojojo.com

TÍTULO dignim aut Stem nullamet lanespremedor dit er sis dolortis de citrinos nulla con 3,80€ www.website.com quirky.com

nos. Estes sentem-se distantes dos conteúdos da disciplina e acabam por “desprezá-la”. A História pode e deve ser criativa, mostrando que conhecer-se o passado é essencial para se compreender o presente. Os professores devem aproximar os conteúdos a realidades que os jovens conheçam. Assim, é urgente incluir no plano curricular uma síntese da História dos Açores, mesmo que para isso os professores tenham de frequentar núcleos de formação sobre História local. Os professores devem levar os alunos aos monu-

im dit, veniendae simaximod mentos e incentivá-los a molorpo fazerem ressund igendis non conessit reperae trabalhos sobre o património regiocuptatur? Siminte voluptur? Poreium nal, aproximando-os do meio onde am, quas mi, voluptus, as porrorenis vivem. pra dolut quam, quia derum, natibusOs responsáveis pela Educação nas toRegiões illa nonecea cusdam alignimporro Autónomas dos Açores e da que ex etum ut lam aut laborias Madeira deviam terlam a preocupação pedignimenis excea volorro ma derde concretizar esse objectivo do natquam aut molesequata dis repuda ensino da História dos seus prósam resera voleceriaepois id magnimpos prios arquipélagos, só assim a sum sincit quas alitemod et ipsundiHistória conseguirá evidenciar a imtium explabo. Ebit fugit, sitiae eicim portância que o seu ensino tem no dem simus eicitpessoal qui aut eautcultural expelit de as crescimento ettodos porio. osOffictur? jovens. Illaut quatur sa a lendam Aniatur aut modi cuptat *Historiador

abril 2012 2116janeiro 2012/ /09 09


CIÊNCIA

Memórias Franciscanas nos Açores TEXTO / Duarte Nuno Chaves | duartechaves@uac.pt *

PUBLICIDADE

A presença franciscana no Arquipélago dos Açores remonta ao tempo da descoberta e povoamento insular, tendo desempenhado um importante papel no apoio espiritual aos primeiros habitantes. Na sequência da construção do eremitério do Funchal, desembarcam em 1446 na ilha de Santa Maria, não tendo no entanto estabelecido de imediato uma comunidade com carácter de permanência. Por volta de 1455 é criado um oratório em Angra, constituindo-se, assim, o primeiro grupo de casas religiosas insulares, denominadas de Vigararia das Ilhas. Em 1517 os conventos açorianos ganham relativa autonomia com a separação dos seus congéneres madeirenses, formando uma Vigararia autónoma, sob a obediência da Custódia de Entre Douro e Minho. Com a reforma da Claustra em Observância, os conventos do arquipélago passam a fazer parte da Custódia do Porto, até ao ano de 1583, ficando nesta data dependentes da Província de São João Evangelista dos Algarves. Devido às crescentes aspirações insulares, em 1594 forma-se a Custódia dos Açores, subordinada à Província dos Algarves. Mas as pretensões da

comunidade franciscana açoriana não se ficaram por aqui, já que trinta e seis anos mais tarde iniciam movimentações no sentido de uma independência administrativa ainda mais vincada, com a tentativa da criação de uma Província no arquipélago. Para efetivação destas aspirações muito contribuíram os ventos de mudança que sopravam do reino devido à Restauração, já que parte dos franciscanos dos Açores eram acérrimos defensores da Casa de Bragança. Em 1641, é realizado o primeiro capítulo provincial da recém criada Província de São João Evangelista dos Açores, no convento de Nossa Senhora da Conceição em Ponta Delgada. Na primeira década do séc. XVIII dá-se uma cisão junto dos franciscanos açorianos, com os sete conventos de São Miguel e Santa Maria a iniciarem um processo de independência em relação à Província de São João Evangelista. As suas pretensões acabam por ser satisfeitas com a criação da Custódia da Santíssima Conceição de Nossa Senhora da Regular Observância, dependente hierarquicamente do Ministro Geral da Ordem. * Centro de História de Além-Mar

Os franciscanos desempenham um importante papel durante o processo de povoamento dos Açores, garantindo o enquadramento religioso das primeiras populações.

Província de São João Evangelista dos Açores


MESA

Sem romanos come-se melhor TEXTO E FOTOS / Joaquim Neves

E como é a malta por aqui? – perguntei. Respondeu encolhendo os ombros com suspiro: “Comem tudo.”

Assanocarvãotudix

Estamos no ano 2012. Todo o Atlântico foi ocupado pela Coorpocracia dos bancários… Toda? Não! Uma pequena aldeia, povoada por irredutíveis terceirenses resistem à carne com antibióticos importados e hormonas de crescimento rápido, produtos híbridos industrializados e verduras ultracongeladas e pré-confeccionadas. Nada fácil para as guarnições estacionadas perto, sucumbidas a enlatados e comidas artificias, ou seja, se é comestível vem num frasco. Por motivos de disfarce, o Dono do restaurante Os Ilhéus não usa nem tranças nem bigode, mas alguns traços francófonos subliminares muito ancestrais denunciamno. Por exemplo: aperitivos exagerados. Eu, humildemente, Joagoscinnyquim Neuderzoves não queria jantar; acompanhava – petisquei um pãozinho tipo caseiro, queijo fresco com pimenta, e zás uma travessa de entrecosto para entreter. Ponderei se o jantar seria um javali, ou, mais adequado, um porco no espeto… pincelado com alecrim encharcado em óleo picante com

16 abril 2012 / 11


MESA

louro, colorau e alho entranhado lentamente na carne. Voltei outro dia, para jantar, sentei-me à mesa com meus amigos e o sr. Assanocarvãotudix informou-nos que iríamos comer umas espetadas de carnes. Nada de porco inteiro no espeto? Noutra vez, escolhas entre peixe e carne, sugestão de vinhos, recusa de sobremesas, fui à cozinha espreitar, grande grelhador a carvão; nada de caldeirão, nem frascos com nomes estranhos, só tigelas com pincéis em óleos temperados. O sr. Assanocarvãotudix, entretido, grelhava. Quis perguntarlhe se grelharia porcos inteiros, mas seria óbvio de mais. Calei-me. Disse-me: “Aqui o seu jantar está quase pronto.” Apontando para a costeleta, exibindo-a satisfeito. “E como é a malta por aqui?”— perguntei. Respondeu encolhendo os ombros com suspiro: “Comem tudo.”. Também fiquei satisfeito. Apetecia-me também que o acompanhamento fosse grelhado, além da banana. Batata inteira grelhada em papel de alumínio, courgette, ananás. Mais variedades de arroz, acompanhamentos mais criativos e variados. Saladas. Viajei em molhos para legumes cozidos, molhos para carne, molhos para peixe, vinagretes aos molhos doces, são um mundo, dão uma enciclopédia. Pergunto-me se estes redutos, como este aqui, têm os dias contados ou se irão resistir simplesmente porque são bons. Talvez precisem ser melhores. Não pelo fausto decorativo estéril, mas encanto tanto do espaço como da comida, não só por evoluir, mais para relembrar. Mas a costeleta grelhada, suculenta, tenra, mastigável, trouxe-me de volta. Olhei para a pintura, espelho do Ilhéu das Cabras, frente ao restaurante. Nunca os vi daqui. Jantei sempre tarde e os ilhéus não estão iluminados. Sinal que a Coorpocracia ainda não chegou aqui.

PUBLICIDADE

U peixe

Receita

Há molhos aos molhes

Se pensa que são uma mera adição semi-líquida de muitas preparações culinárias, estudadas, aperfeiçoadas, recriadas e, como ingrediente extra num prato, são toda a diferença entre uma receita e outra com os mesmos ingredientes básicos. Sugiro: http://www.gastronomias. com/receitas/molhos.htm. Além disso têm receitas tradicionais de todo o país revisitadas e inovadas. Prático directo sem grandes rodeios: http://www.receitasdecozinha.com. Com boas sugestões, marinadas, temperos: http://www.receitasemenus. net. Ou muito bom também: http://www. moo.pt/receitas/cat/molhos. Se estiver a pesquisar algum molho, compare-o nos diferentes sites. As variações ou formas de fazer podem, espero, ajudar a criar um sabor seu. Se levar o assunto a sério tente perceber as fascinantes reacções químicas que acontecem para criar um molho. Pesquise Antonin Carême que criou os Cinco Molhos Mãe, dos quais derivam todos os demais molhos da cozinha clássica. Bechamel, leite + roux branco, dá origem a todos os molhos brancos. Velouté , fundo claro + roux amarelo, base para sopas e cremes. Espanhol, fundo escuro + roux escuro + mirepoix, base para os molhos escuros como o Madeira. Tomate (tomate + roux, que é opcional) dá origem aos molhos ferruginosos. Holandês, manteiga + gemas, base para os molhos a base de manteiga “Au beurre”. Genial! Sugiro para leitura: “Cooking for Kings: The Life of Antonin Carême, the First Celebrity Chef” de Ian Kelly.


PALAVRAS

Nada Ficou no Lugar TEXTO / Valéria Rocha

Nada ficou no lugar! Quase morri, dentro de mim! O vazio, A solidão do silêncio... A procura ofegante por uma lembrança, Uma memória: - o sorriso, o cheiro, o toque... o teu corpo no meu. Mas, nada ficou no lugar, E eu quase morri, dentro de mim! O cansaço apoderou-se, Procurei-te na janela do meu quarto, Pela janela do carro... Pela janela da porta que fechaste... Não te encontrei, Não te sorri, Não te beijei... Nada ficou no lugar, e tu morrias dentro de mim! Agora em sonhos, reencontro-te... Tu tocas-me, Eu abraço-te, Sorris, apertando-me contra ti... Mas, tu és sombra: - sem cheiro; - sem voz; - sem face... Porque... Nada ficou no lugar... ...e tu morreste, Dentro de mim!

lavandarias

D.A. - Lavandarias Industriais dos Açores, Unipessoal Lda.

ES A 25€

Rua da Palha, 25 • 9700-144 Angra do Heroísmo Telefone: 295 212 544 • Fax: 295 216 424

PUBLICIDADE

RECOLHA GRÁTIS PARA SERVIÇOS SUPERIOR


RETRATO

Serviços Públicos TEXTO / ACRA / Angra

Os serviços públicos essenciais são os seguintes: água, luz, gás, comunicações electrónicas, serviços postais, recolha e tratamento de águas residuais e gestão de resíduos sólidos. Por serem serviços sem os quais a qualidade de vida das populações pode ficar comprometida, conheça os seus direitos: os prestadores de serviços públicos essen-

ciais n ã o p o dem c o brar serviços mínimos, nem qualquer importância referente a aluguer, amortização ou inspecção periódica de contadores ou outros instrumentos de medição; apenas podem ser cobradas taxas e tarifas referentes à construção, conservação e manutenção dos sistemas públicos de água, saneamento e resíduos sólidos; o fornecimento destes serviços pode ser suspenso em caso de atraso no pagamento por parte do consumidor, mas há regras a cumprir; a prestação de um serviço não pode ser suspensa devido à falta de pagamento de outro serviço, ainda que incluído na mesma factura; o consumidor tem direito a uma factura mensal onde os valores apresentados estejam devidamente especificados. Os diferentes serviços prestados devem estar discriminados com as respectivas tarifas; nas comunicações electrónicas, caso o consumidor o solicite, a factura deve traduzir com o maior pormenor possível os serviços prestados; as empresas não podem exigir o pagamento de um serviço que tenha sido prestado há mais de seis meses; quando for cobrado ao consumidor um valor superior ao consumo de facto efectuado, o valor em excesso é abatido na factura, mas se pretender receber o seu dinheiro também o pode solicitar.

ANTES / DEPOIS TEXTO / Carlos Elavai *

OS LIDERES NA CRISE

Nos últimos 20 anos, no nosso país, a entrada de fundos europeus e o acesso a financiamento fácil, resultaram em duas tendências chave: forte expansão do consumo privado com reflexo no aumento das importações; e elevado despesismo e investimento públicos com retorno reduzido. Ambas as tendências permitiram um crescimento momentâneo, que gerou um efeito positivo no nível de vida dos Portugueses, mas que resultou em três importantes impactos negativos: deteriorou a competitividade, pela orientação dos recursos da economia para a produção de bens não transacionáveis; implicou um aumento considerável da despesa e dívida públicas, com consequências ao nível da carga fiscal presente e futura; mascarou a necessidade de reformar estruturalmente a economia nacional. No contexto da atual crise, despoletada pela recessão internacional, o programa, ao pretender eliminar o desequilíbrio das contas públicas num contexto recessivo, contém um enorme risco e torna o seu sucesso, a prazo, dependente de factores que não controlamos: um programa de crescimento Europeu que relance o crescimento nos mercados externos para onde exportamos; ou um ajustamento do nosso programa, concedendo-nos mais tempo. Terão, então, os nossos líderes a destreza suficiente para influenciar os decisores externos a repensarem a estratégia definida para resolução da atual crise europeia? *Consultor & co-fundador da Manjerica 16 abril 2012 / 14


OPINIÃO

Em defesa da vaidade TEXTO / Pe. Teodoro Medeiros

de? Imaginando alguém que se esforça, cansa e persiste até o trabalho estar feito e bem feito, só para acabar e rejeitar qualquer elogiozinho, qualquer breve menção de tudo o que fez. É normal? O A é que se dedica a algo sem um resmungo e, na hora das palmas, dizem que afinal foi o B que fez tudo sozinho e o A sorri e diz que assim é que está bem e fica contente e agradece, garantindo que não, não ficou chateado, ora essa, que ideia, ainda bem: essa pessoa é sã no seu amor próprio? Quais são as consequências de tanta auto-mutilação? Exato, estes processos não são humildade, são manifestações de insegurança acentuada e outras patologias que não são de se entender bem se fora de um quadro clínico não acompanhado. A humildade desejável não é isso: é estar confortável mesmo quando não se está sempre a ouvir dizer que se é o maior do mundo. É saber admitir erros ou falhas e assumi-los como meio de amadurecimento. Também há vaidade que é feita de sobriedade, de pequenos pormenores: como códigos subliminares que são lidos apenas pelos iniciados. Alguns dos filmes de Manoel de Oliveira tentam retratar figuras deste género: personagens distintos que passeiam a sua erudição pelo ecrã. Até em Tarkovsky (Deus me perdoe a insolência!) se nota esta realidade. Por observação direta, o português que mais genuinamente é humilde é o Ricardo Araújo Pereira: nunca vacila em auto-indulgências e quer passar despercebido. O Paulo Futre (mesmo sem observação direta) é um vaidoso irresistível e a aparente solução para o crónico pessimismo português ou seja, um herói nacional. Já o Rui Veloso é tão vaidoso que quase persegue os fãs. Até deu para esquecer que é o mesmo homem que canta «Porto Sentido».

PUBLICIDADE

O que é a vaidade? A dar ouvidos ao Cohelet, é tudo, porque tudo é vaidade. O Cohelet pensava nas coisas vãs e no «correr atrás do vento». Será isso a vaidade? Querer ser notado, não deixar os outros indiferentes? Querer ver os próprios méritos reconhecidos a todo o custo? Parece que sim e é tida na conta de defeito: deve ser evitada. Para juntarmos mais achas à fogueira: quem são os maiores vaidosos que conhecemos? São homens ou são mulheres? Quem busca mais reconhecimento? É do senso comum que as mulheres são vaidosas de uma forma muito mais direta: há pentear, há vestir, há retocar e pintar de forma a pedir reação e elogios imediatos. Os homens não costumam ser assim. De que forma se envaidecem os homens? Por via indireta: são as máquinas, os carros, os desportos e, ultimamente, os gadjets que motivam os aplausos... quem elogia o carro elogia o seu dono masculino. O que o homem compra e maneja é, para ele próprio, o melhor espelho da sua personalidade. Um homem não fica chateado se passarem uma hora à volta do seu carro: ele sentese o centro das atenções nessa bendita hora. Serão as mulheres mais vaidosas que os homens? Não sei responder a essa pergunta, dá impressão que não. Pense-se na época dourada de Hollywood: não havia um Valentino imponente para cada Greta Garbo que se apresentasse ao serviço? Quem destilava mais charme: a Marilyn revestida de cores e jóias ou o discreto homem mais vaidoso de sempre, Cary Grant? O contrário deste defeito é uma virtude, a humildade que, para lhe darmos alguma simetria, será o gozo por passar despercebido mesmo quando isso não se justifique. Será uma atitude correta? Não será um transtorno de personalida-


DESTAQUE

AÇORES NO PETIÇÃO PÚBLICA


DESTAQUE

São sensivelmente meia centena as petições que, actualmente alojadas no portal “PeticaoPublica.com”, dizem respeito aos Açores. Nas contas da “U”, existem, até ao fecho da edição, sensivelmente 51 documentos subscritos naquele que é o mais relevante site de alojamento online gratuito de petições. Numa análise à documentação nele alojada, encontramos as mais variadas preocupações. Há petições que se repetem, que se interligam, petições bem e mal escritas, petições, enfim, para todas as causas. Na era da cidadania digital em que qualquer peticionário, com recurso a uma ligação à internet, faz uso deste instrumento democrático, previsto na lei, a profusão e difusão das petições “online” fazem com que elas existam por tudo, justificadas, e por nada.

PUBLICIDADE PUBLICIDADE

TEXTO / Humberta Augusto haugusto@auniao.com


DESTAQUE

Desde as preocupações com as contas públicas regionais, a defesa ambiental, a gestão do território, passando pela antecipação das eleições regionais, até às ofensas e à adjectivação de “incompetência”, existem as mais variadas e diversas causas, com maior ou menor adesão, no “PeticaoPublica.com”, um portal de alo-

Restauração e Bebidas (1693); “Pela proibição do cultivo de variedades de organismos geneticamente modificados (OGM) na Região (1927); “Não à destruição do Parque Arqueológico Subaquático da Baía de Angra (1556)”; “A favor da avifauna açoriana e contra a sua inclusão na lista de espécies de carácter cinegético

jamento gratuito de petições. Entre as mais recentes, que aos Açores dizem respeito, estão as petições “Pela Protecção dos Tubarões na ZEE dos Açores (com, até fecho da presente edição, 982 subscritores) que vem juntar-se à “Petição Para a Protecção de Todas as Espécies de Tubarões na ZEE dos Açores (10)”; além da petição “Pelo Fim dos Subsídios Públicos à Tauromaquia nos Açores (1521)”; da petição que solicita a “antecipação das eleições regionais” (142); e da que pretende que a aerogare civil das Lajes se passe a chamar Aeroporto Humberto Delgado (243). Mas no top das adesões às petições digitais do portal, estão as ligações aéreas, sendo a “Petição Low Cost nos Açores” (com 14.316 subscrições) a principal. Curioso é constatar que, dentro desta matéria, existem petições que surgem por reflexo, como a intitulada “Um fim-de-semana sem passageiros na SATA Açores” (4) por “nada ter sido ainda feito pelo Governo” em relação à introdução das low costs; outras relacionadas, como: “Liberalização do espaço Aéreo dos Açores - Fim do monopólio da SATA”(403), “Voos directos Terceira-Porto-Terceira” (387), “Contra as Tarifas Praticadas pela SATA” (564); “Voos mais baratos para os Açores” (51); e ainda outras respeitantes à empresa: “Não à Concentração da Frota da SATA Air Açores no Aeroporto de Ponta Delgada” (1.541).

(1166); e “Pela realização de Concursos Interno e Externo do pessoal docente da Educação Pré-Escolar e dos Ensinos Básico e Secundário em 2011, na RAA” (1133). Seguindo-se, a estas, outras que demonstram uma grande amplitude temática: “Somos contra o treino de caças F-22 americanos na Base das Lajes (764), “Pela Linha marítima para passageiros entre os Açores, Madeira e Continente (665); contra o “Corte de 5% nas transferências para os Açores (331), e “Dívida da Região Autónoma dos Açores (124). Por temas, agregamos os alertas públicos relacionados com o território e o ambiente materializadas nas petições: “Pela abolição de todas as referências a Plataformas Logísticas no PROTA (213); “Petição Impactes Ambiental, Geológico, Hidrológico do Projecto Viário em Construção na Ilha de São Miguel, em Modelo de Parceria Público-Privado (53); ou “Petição Alameda dos Plátanos da Povoação a património paisagístico da Região (374); “Solidariedade com a Porto de Abrigo: defesa da dignidade dos pe-

IVA, OGM, F-22, FNAC Ainda entre as que mais adesão registam estão as petições “Contra o Aumento do IVA nos serviços de

CIDADANIA ATRAVÉS DAS PETIÇÕES ONLINE

16 abril 2012 / 18


DESTAQUE

quenos produtores, por uma pesca social e ecologicamente sustentável (487); ou “Classificação dos Caminhos Rústicos dos Açores (49). Neste portal, chegamos a encontrar pedidos de índole comercial, como a “Petição FNAC nos Açores” (50), em que pode ler-se “vamos demonstrar à FNAC, o nosso desejo em haver FNAC pelo menos em Ponta Delgada” ou ainda a relativa à “Petição Projecto AzoresTV (54)”. DESCULPA E INCOMPETÊNCIA O portal serve também para solicitar pedidos de desculpa, como na “Petição Gente da minha Terra – Açores” (87) em que se pretende que a Sic Radical “venha pedir desculpa aos Açoreanos, pela transmissão do programa «Gente da Minha Terra-Açores», que redicularizou a imagem dos Açoreanos com uma falta de respeito nunca antes vista por uma estação televisiva portuguesa” (texto transcrito). Há inclusive uma petição intitulada “Incompetência da Zon Açores” (29). As telecomunicações originaram ainda as petições “Cobertura rede móvel - Feteira (Horta)” (253), a “Queremos Fibra Óptica nas casas do Concelho da Calheta” (8); além da que reclama a “Abertura de sinal da RTP-Açores para o Continente -

NO TOP DAS ADESÕES ÀS PETIÇÕES DIGITAIS DO PORTAL, ESTÃO AS LIGAÇÕES AÉREAS, SENDO A “PETIÇÃO LOW COST NOS AÇORES” (COM 14.316 SUBSCRIÇÕES) A PRINCIPAL. DO TRIBUNAL À BIBLIOTECA As reivindicações locais também estão no “PeticaoPublica.com”, contra o “Encerramento do Tribunal do Nordeste” (296); no “NÃO à demolição do Coreto da Praça Fontes Pereira de Melo da Ilha Graciosa” (80); pela “Preservação do património militar abandonado nos Açores (6); na “Petição à Vila o que era da Vila” (23); na “Defesa da cantaria do Convento de São Boaventura (Flores)” (482); na “Proteção da Ferraria” (41); e até na “Extensão de horário da Biblioteca da Universidade dos Açores - Pólo Ponta

WWW.PETICAOPUBLICA.COM

MEO” (22). Na longa lista, encontramos ainda petições que querem “Tornar oficial Ponta Delgada capital dos Açores (104); “Mais Cultura, Mais artistas Açorianos” (147); “Direito a voto em P. Continental por residentes nos Açores” (66); e a que não quer “no activo médicos, professores e outros funcionários públicos com acesso privilegiado a crianças, condenados por crimes sexuais” (659). Na profusão de petições, há mais repetidas, caso da “Petição Independência dos Açores (29)” e da “Petição Independência para os Açores, JÁ!!!” (10).

Delgada (131) ou na “Substituição do vídeo de divulgação do mergulho nos Açores no site Visit Azores (36). Mas as petições estendem-se também à saúde (“Petição Pelas crianças que consomem álcool nos Açores “ (621); “Petição Lagoa, Por um Centro de Saúde Autónomo” (63)”; e mesmo na “Petição pela demissão do Secretário-Regional e da Director-Regional da Saúde dos Açores (5)”, Chega-se ao cúmulo de, numa petição denominada “Pela aplicação do DLR 26/2008/A de 24 de Julho ao poder local dos Açores”, que reivindica equiparações entre trabalhadores da administração local, regional e municipal, não existir qualquer subscritor.

16 abril 2012 / 19


LOJAS SHOPPING

LEGENDA LEGENDA \\\ \\\ 01// suporte para 01// BONDI legenda da figura iphone númerowww.ibondi.com 01, aparece aqui 02// suporte legendamagnético da figura número 02MAGNUS aparecetenaqui para ipad 03// legenda da figura onedesign.com/magnúmero 03 aparece aqui

nus.php

01//

01//

02//

02//

03//

04// 03//

05// 04// 03// capa para ipad iGUY 04// legenda da figura amazon.com número 04,Cores aparece 04// Apple (fio aqui extra 05// legenda da figura para equipamentos apple) número 05 aparece aqui www.apple-cores.com/ 06// legendatelefone da figura 05// MOSHI, para número amazon.com 06 aparece aqui iphone 07// legenda da figura número 07 aparece aqui

05// 06//

07//

Revista U Rua da Rosa, 19 9700-144 Angra Angra do do Heroísmo Heroísmo 9700-144 tel. 295 216 222 / fax. 295 214 030 tel. 295 216 222 fax. 295 214Email 030 u@auniao.com email. u@auniao.com Director Marco BettencourtDirector Gomes Marco Bettencourt Gomes Editor João Rocha Editor João Rocha Redacção Sónia Bettencourt, Humberta Augusto, Renato Gonçalves Redacção Sónia Bettencourt, Humberta Design gráfico Augusto, Renato Gonçalves Frederica Lourenço Paginação Elvino Lourenço, Ildeberto Brito

Rua da Rosa, 19 9700-144 Angra do Heroísmo tel. 295 216 222 fax. 295 214 030 Colaboradores desta edição Adriana Ávila, António Lima, Carlos Elavai, email. u@auniao.com Carmo Rodeia, Duarte Nuno Chaves, Filipe Leite, Francisco Nogueira, Colaboradores destaFrederica edição Lourenço, Joaquim Neves, José Júlio Rocha, Juliana Couto, colaborador 1, colaborador 2, Paulo Brasil Pereira, Rildo Calado, Sónia Narciso, colaborador 3 Teodoro Medeiros, Tomaz Dentinho e Valéria Rocha Design gráfico Contribuinte nº 512 066Lourenço 981 Frederica nº registo 100438 Assinatura mensal: 9,00€ Preço avulso: 1€ (IVA incluído) Tiragem desta edição 1600 exemplares Média referente ao mês anterior: 1600 exemplares

A UNIÃO PARA SER ASSINANTE, RECORTE E ENVIE ESTA FICHA Nome _____________________________________________________________________________________________ Morada ___________________________________________________________________________________________ Telefone _______________________________________ Contribuinte nº ______________________________ Freguesia ________________________________________________________________________________________ Assinatura: Mensal (9,00€)

Trimestral (27,00€)

Anual antecipada (91,80€)

Forma de pagamento:

Semestral (54,00€)

Anual Final (108,00€)

Transferência Bancária

Cobrador

Cobrança CTT

Local da Distribuição: Morada ___________________________________________________________________________________________ Freguesia ________________________________________________________________________________________ Código Postal ____________________________________________________________________________________ Rua da Rosa, 19 | 9700-171 Angra do Heroísmo | Tel: 295 214 275 | publicidade@auniao.com PUBLICIDADE


CINEMA

TABU TEXTO / Margarida Ataíde / SNPC

Três anos depois de estrear “Aquele querido mês de Agosto”, o realizador português Miguel Gomes conquistou o público e a crítica além fronteiras com o seu mais recente “Tabu”, que chegou na passada quinta-feira ao circuito comercial nacional. “Tabu” é uma composição cinematográfica que desafia o tempo, combinando de forma extraordinária um registo clássico que muitos aproximam de Murnau, sobretudo no silêncio e no jogo de contrastes que o próprio realizador não desmente, e um olhar contemporâneo sobre a relação portuguesa, não política mas afectiva, com África. Tabu é protagonizado, entre outros, por Teresa Madruga, Laura Soveral, Ana Moreira, Carloto Cotta, Ivo Müller, Isabel Cardoso e Manuel Mesquita. Nesta coprodução de Portugal, Alemanha, Brasil e França, seguimos a história de “uma idosa temperamental, a sua empregada cabo-verdiana e uma vizinha dedicada a causas sociais que partilham o andar num prédio em Lisboa. Quando a primeira morre, as outras duas passam a conhecer um episódio do seu passado: uma história de amor e crime passada numa África de filme de aventuras”. A narrativa começa em Lisboa, quando Aurora, já idosa, perde a razão. Antes de morrer pede a sua empregada de Cabo Verde, chamada Santa, e a sua vizinha Pilar, que procurem um homem chamado Gian Luca Ventura (Henrique Espírito Santo), que foi seu amante quando viveu em Moçambique e era casada com um jovem colono, interpretado pelo actor brasileiro Ivo Müller. O velho sedutor ficará encarregado de contar a história deste amor adúltero, que além de tudo isso esconde um terrível segredo de um crime. O cineasta Miguel Gomes afirmou que não se trata de uma homenagem ao cinema. “É um filme que representa o meu amor pelo cinema, especialmente pelo cinema mudo. Não tenho boa memória, esqueço os filmes que vejo, mas com certeza quando eu tinha 15 anos vi na televisão um ciclo de Murnau. Qual-

Miguel Gomes conquista a crítica

quer pessoa que tenha uma alma nunca se esquecerá destes filmes”. “O filme quer aprofundar temas como a velhice e a juventude, a solidão e a possibilidade do amor, saber se é possível um casamento feliz no meio de um mundo de injustiça, como era a colónia”. Durante o filme aparece um pequeno crocodilo, mascote de Aurora, símbolo do mundo “selvagem” que serve de distracção aos colonos. “Existe uma dicotomia entre este paraíso e sua perda; é uma oposição que quero ressaltar. A segunda parte do filme é a história da época colonial”. “A crítica implícita ao colonialismo, a crítica desta sociedade, não exclui a beleza, a evocação de algo destruído.

16 abril 2012 / 21


ENSAIO

Num mundo onde os brancos eram os donos quis pintar as premissas do que viria, o boom demográfico, a guerra e esta história de amor condenada a fracassar”. Foi mesmo o seu carácter inovador que o levou ao prémio Alfred Bauer, além do Fipresci (imprensa cinematográfica internacional) na mais recente edição da Berlinale, Festival de Cinema de Berlim. O filme traz-nos reminiscências de demandas como a de Serpa Pinto, que percorreu a África portuguesa de costa a costa a pedido do rei, na mesma época que Ivens e Capelo, mas muito mais só. Por essa mesma razão se entregou o explorador e representante do rei não só ao registo científico e geográfico de que era incumbido, juntamente com a defesa da recente abolição da escravatura, mas igualmente à reflexão, fundamental para a progressiva ligação que estreita com as gentes imensas com que se cruza. Mas isto é apenas o princípio. ‘Tabu’ divide-se em duas partes, a primeira passada na Lisboa contemporânea - ou nem tanto: “Já é quase um filme de época, porque se passa na segunda metade de 2010, antes da chegada da ‘troika’.” Na segunda parte, “abre-se o tempo, o espaço”, o cenário passa a ser a África de há 50 anos, numa “colónia portuguesa não especificada”. Aqui, há duas partes: o “paraíso perdido”, centrado na velhice e morte de Aurora; e a incursão ao “paraíso”, narrado, que foi a sua vida. Há uma história de vida mas importam sobretudo os afectos que ainda hoje ligam um sem número de portugueses a Moçambique: do que tem de mais exótico e surpreendente, louco e aventureiro, alimentando sonhos e medos, ao mais concreto, real e quotidiano. Há passado e há presente, há juventude e idade avançada, há amizades e desconfianças. Há a relação colonial que foi em diálogo com a ideia presente do que terá sido. “Havia uma vontade neste filme de trabalhar uma ideia de memória, a me-

Memórias de África

mória de coisas extintas, a memória de alguém que morre e de uma sociedade que também já se extinguiu”, conta Miguel Gomes. “Havia também a vontade de dialogar com um cinema que já desapareceu, o cinema clássico americano, e também o cinema mudo.” Daí que ‘Tabu’ tenha sido filmado a preto e branco e numa “matéria que tem sido central na história do cinema”, a película, que está ela própria “também em desaparecimento”, substituída pelo digital. Por detrás, a memória. O morno sibilar de acácias rubras, o tórrido calor da gente e das paisagens, o único e raríssimo som do silêncio... evocações que são, afinal, o que nunca tem nacionalidade e no entanto definem, verdadeiramente, a pátria e identidade de cada um de nós.

História repleta de afectos

16 abril 2012 / 22


FOTÓGRAFO

ECCE HOMO TEXTO / Filipe Leite FOTO / Sónia Narciso

Húmus, terra, pó. A inconsistência excessivamente disposta a ser irrigada e semeada que somos é a grandeza e a tragédia daquilo a que chamamos identidade, próprio. Invenção sem rosto, descarada, aquela que sugere construir linhas, marcações, pedras entre um tudo e um nada. Só grandeza. Só tragédia. Gritos viscerais de revolta perante um qualquer pathos que nos esmaga e ordena suspensão. Histerismo diante de uma vulgaríssima obra criadora. O próprio vive-se no centro, no meio. Tudo e nada: ecce homo. Solidão que atropela e verga; a curvatura que escraviza e impele ao sangue, ao estado permanentemente bélico e belo da inevitável superação. É intrigante o olhar submisso, para o pó, anterior à Criação. Um estado de sítio, caótico, que fere. A bondade da Criação pelo irrevogável rosto de uma arena, da praça, de um outro. Amizade que obriga a erguer os olhos acima do pó. O absurdo torna-se credível; quase Verdade. As vontades tornam-se imperiosas; o Desejo. Sozinho Universal Cósmico; nós e a individualidade do que há

para superar acima da abominação do esmagamento; a roçar a compaixão que dá azo a um único destino, ao silêncio efervescente dos monossílabos melodiosos e criadores, não indiferentemente caóticos. E, de repente, mesmo antes do final da suspensão, tudo foi muito bom. Os rostos vivem-se no centro, no meio. Tudo e nada: ecce fratres. Dedicação sem condições que está no registo contrário ao definhamento e à podridão, lenta ou brusca; nervo ocular que instintivamente suplica a abóbada. Tão longe e tão perto. Só por si capaz de secar, qual estio de água viva, a sinuosidade da besta com chifres, sedenta de linhas, marcações e pedras. “Sai! A tua força são quilos, toneladas de mentira. Temos O Manto suave e leve do Rosto. A entrega impossível do despojamento e da Causa.” Só O Manto. E, de repente, soube tão bem o húmus, a terra, o pó, tanto que a inconsistência transformouse em melodia indescritível de vitória. A Nossa. Oh feliz tragédia grandiosa: ecce Deus!

16 abril 2012 / 23


PUBLICIDADE

Livraria

SEA

Livraria Obras Católicas

Rua Carreira dos Cavalos, 39 e 41 9700-167 Angra do Heroísmo • Telefone / Fax: 295 214 199


OPINIÃO

SILÊNCIO NESTAS 654 PALAVRAS TEXTO / Pe. José Júlio Rocha

A secretária cheia de papéis. Imensos papéis, a maioria dos quais de e sobre coisas que ainda tenho que fazer. Uns enfiados numa caixa de plástico a amarelecer de esperar. Outros espalhados sobre a secretária, dançando de um lado para o outro, à medida que vou precisando de espaço, de tempo, de organização da vida, à medida que vou deixando de saber o que fazer com tantos papéis. Tenho comprado capas, gavetas, caixas. E os papéis vão aparecendo do nada, e com os papéis os compromissos, as preocupações, as coisas que ficarão, por toda a eternidade, por fazer. Ainda por cima – oh vida! – acordei com dores nas costas, não sei se por esforços no dia anterior (que não fiz) ou porque as dores nas costas também nascem, como os papéis, do nada. As dores nas costas são, como quase todas as dores, um tormento, mesmo se pequenino. Quebram-nos o humor, deixam-nos sem posição nem jeito, sem paciência nem desespero. Uma coisa assim difusa e, no fim, Nosso Senhor! Para quê isto! Alivia-me estas dores! Etc., e tal. À noite, as dores continuam, ali, fancadas nas costas, sem serem vistas nem tocadas, a cardar na minha vida como se já fossem donas da casa. Metem o nariz em tudo e são capazes de virar um dia do avesso, sem pedir licença para entrar nem dizer adeus para sair. Andava eu nestas andanças quando uma mensagem na caixa de correio me chamou a atenção. Vinha de uma jovem que eu conheci em Roma há quase vinte anos, também ela estudante. Era uma daquelas pessoas em quem podíamos admirar a simplicidade, a alegria de viver, a seriedade em tudo o que fazia e uma paz inocente que contagiava. Ficámos amigos, mas depois cada um foi para seu lado, eu para cá, ela para lá, e só dez anos depois voltámos a comunicar outra vez. Depois, mais nove anos de silêncio e, no ano passado, o facebook – que é prendado no reencontrar amigos longínquos e nas fotografias antigas – trouxeme essa amiga de volta. Disse que estava casada, tinha uma filha pequenina com algumas doenças, e que ela própria tinha descoberto uma doença grave, um cancro na mama, aos 38 anos. Que coisa! O que é isto? Mandei-lhe mensagens de incentivo, coragem. Disse-lhe que ia rezar por ela e que ia convidar gente a rezar por ela. Ela agradeceu-me e, a partir daí, fez silêncio por mais de quatro ou cinco meses. Eu mandava-lhe mensagens, perguntava como estava e ela nada, um inquietante nada, um silêncio do fundo da distância que me fez pensar no pior. Até que chegou a mensagem. Hoje, em cima das minhas dores. Depois de meses de estóica quimioterapia, tinha cortado um peito. Dizia assim o pedaço da mensagem que me fulminou: «Estou feliz: aqui, no Hospital Católico, há um especialista muito bom. A medicina é maravilhosa. Também os meus cabelos já começaram a crescer outra vez. Vês? Estou muito bem! O resto da terapia que ainda falta (radioterapia) não custa assim tanto. Deus ajudou-me muito e vai continuar a ajudar-me.» Desconheço a origem das duas lágrimas que me bailaram nos olhos. Porque ela estava melhor? Porque ela estava feliz? Porque ela tinha passado tudo isso num abnegado silêncio e só agora, depois do longo sofrimento, me vinha anunciar a boa notícia? Ou porque eu, padre, passara o dia a cramar o destino cruel que me dera umas sumptuosas dores nas costas e uma secretária cheia de trabalhos para fazer, capazes, as duas coisas, de tornar infeliz um santo... e ela. E ela e Deus; e ela e as dores; e ela e a vida; e o peito dela; e a radioterapia; e o seu cabelo; e os anos de tratamento, observação, incerteza que ainda vinham a seguir; e a filha doente; e ela feliz; E ela a dizer que Deus a ajudou e vai ajudar ainda. E eu com dores nas costas ponto final 16 abril 2012 / 25


PARTIDAS

É UMA CASA MODERNA COM CERTEZA… TEXTO / Juliana Couto *

Enquanto esperava na rara fila de trânsito, em hora de ponta, no Caminho de Baixo de São Carlos, olhei para o lado e lá estava esta casa. Construção que passa despercebida a quem circula rapidamente, dentro de um automóvel na via à sua frente, talvez por se apresentar recuada em relação à rua. Quanto a este imóvel em concreto, ressalta à vista que parte da construção está assente em pilares libertando-se assim espaço exterior, o que se pode enquadrar num dos cinco pontos chave da “nova arquitectura” apregoada por Le Corbusier: a construção sobre pilotis.

A não utilização de ornamentos e de pormenores mais apurados, como rejeição aos estilos históricos também surge patente, através da quase ausência de barras (e as que existem parecem não estar coerentes com o resto, anunciando uma possível alteração ao projecto original). Estamos perante o trabalho de um técnico especializado, o que seria raro na altura da sua edificação. Segundo informações do genealogista Jorge Forjaz, obtidas através de Miguel Azevedo, a casa terá sido encomendada por Luís Gouveia (antigo dono da Casa Vidal), quando casou em 1961, sendo o projecto do Arqt. Fausto Mendes Caiado (por sinal, muito amigo do avô de Miguel Azevedo, o Arqt. Fernando Augusto de Sousa). A introdução de novas e modernas técnicas de engenharia, tais como a utilização de estruturas de betão e o sistema laje/pilar/viga vieram revolucionar a forma de construir como também de pensar a arquitectura. Muitas das características que definem a arquitectura moderna podem ser identificadas neste exemplar, tais como a predominância de linhas rectas, a articulação de volumes segundo linhas quebradas, maior pureza na composição arquitectónica, existência de vãos de grandes dimensões, existência de Pilotis (estacas sobre as


PARTIDAS

quais as casas parecem pairar acima do solo) e a estrutura da casa visível do exterior: a função e a construção deviam formar uma unidade. Embora não sejam claras e evidentes todas estas características neste exemplar, é sem dúvida uma obra que surge nesta vertente aqui explanada e que tenta alcançar estes ideais, surgindo num cenário local construtivamente difícil e com lacunas, comparativamente ao restante panorama nacional e internacional. *Arquitecta

Estamos perante o trabalho de um técnico especializado, o que seria raro na altura da sua edificação. existência de Pilotis, estacas sobre as

PUBLICIDADE

quais as casas parecem pairar acima do solo


ÓCIOS / OPINIÃO ENTRETENIMENTO / OPINIÃO

“Eu continuo a ser uma coisa só, apenas uma coisa - um palhaço, o que me coloca em nível bem mais alto que o de qualquer político.”

“Citação e/ou frase aqui.”

Charlie Chaplin

CARTOON

F. S. QUESTIONÁRIO

CONCORA MADA COM O ÇONARIA CONGELAINFLUMENTO DO ENCIA A SUBSÍDIO POLÍTICA DE NATAL E PORTUDE FÉRIAS? GUESA? SIM SIM

ONLINE

AS MAIS VISTAS

TÂNIA ROCHA Título Aqui RAINHA DAS SANJOANINAS

19,71%

NÃO NÃO

80,29%

PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO: Título Aqui A CORAGEM DA ESPERANÇA

pelo bairro, aproveitamos e decoramos a via pública, sempre tão cinzenta, com cores alegres. É isso mesmo que ouviram: actividade ao ar livre. Nada de jogos de computador, redes sociais, dvds, música barulhenta ou qualquer uma das outras actividades

I am a fan of

CHALKTRAIL TEXTO / Frederica Lourenço

É daquelas ideias tão porreiras que queremos mesmo ter um, mesmo que não sejamos putos. Quem inventou isto apelidou-o de “ARTIVITY”, uma espécie de moda que combina outdoor activity e artistic creativity. O conceito é tão simples que nos admira que ninguém tenha inventado isto antes: enquanto andamos a pedalar

a que estamos habituados a habituar as nossas crianças. Só putos, rodas, giz, ar fresco e diversão. O senão é que os seus inventores não vão para a frente com isto a não ser que atinjam um volume de pré-registo de vendas de 37.000 dólares até ao final desta semana. Nós queremos isto, e como nós há muitos outros. O registo dos valores vai aumentando, e resta-nos esperar pelas cenas dos próximos capítulos. Se passar no teste, vai para a montra da U da próxima semana... www.kickstarter.com

16 abril 2012 / 28


ARTE / CULTURA CULTURA

HERE + JAZZ

O Claustro da Academia de Juventude e Artes da Ilha Terceira recebe a 21 de Abril, pelas 21h30 o + JAZZ. O evento, assumidamente generalista, tem como

ae. Et ommod ut mo que luptaque consedi tatiorvolorpo storepe rsperit

ARTE / CULTURA

HEADLINE HERE Atur? Alitasin reprepe ratusdae. Et ommod ut mo que aut la non raeperes acero doluptaque consedi tatiorpore si rem quidita tureium a volorpo storepe rsperit

21 Abril principal objectivo a divulgação e continuação do desenvolvimento do gosto pelo Jazz nos Açores e naturalmente a proTITLE HERE lixidade dos artistas locais e regionais. alit re, non pra dolor

CASA GIRASSOL

CASA GIRASSOL Rildo Calado

Faz parte do projecto Casas em Movimento, do estudante de arquitectura Manuel Ferreira Lopes, (MFL) e integra o projecto LIDERA, da Universidade do Porto. O conceito tem como objectivo aliar o aproveitamento energético à estética. MFL explica que a intenção era “entender os painéis fotovoltaicos como parte integrante da peça”. É uma casa do futuro, sendo a produção de energia eléctrica e o seu aproveitamento o objectivo primordial do projecto. O conceito assenta no dinamismo constante resultante de dois tipos de movimentos combinados. A casa exerce um movimento de rotação sobre ela própria e possui, ainda, uma pala que oscila em função da procura da luz solar. Ao longo do dia é possível sentir a “reacção morfológica” através da adaptação da casa ao percurso do sol. O projecto foi concebido para aproveitar ao máximo energia, térmica e iluminação. Este é um conceito dinâmico que assenta numa estrutura modular criando inúmeras possibilidades de organização e articulação espacial sendo que os espaços estão em constante mutação. Tendo em conta as rotinas de uma família, é possível mudar o tamanho das divisões “em função de um elemento fixo”. Como explica o MFL, “a casa adapta-se à pessoa e dá respostas em função do quotidiano”. Em termos conceptuais, este projecto permite adaptar-se a qualquer lugar do mundo, uma vez que a pala deve ter uma inclinação “igual à latitude onde é implantada”.

modi alique secuptatius essum qui nobitas Rildo Calado dolor am re dersperum remporia sentistiur, O acontecimento conta com uma Jam Session (imprototatis as doloria quas visação) a cargo dos Wave Jazz Ensemble e convidaet volo deristium eni-

Academia Juventude

Faz parte do projecto dos, após a qual decorrerá um afterjazz b2b com o dj em Movimento, Casas Lino e dj João Luís, e uma exposição de artes plásticas SUBTITLE HERE dodo jazz. estudante de arquide Phillipa Cardoso, subordinada ao tema O certame transmissão em directo on- Manuel Ferreira tisque terá vidustambém dero beatum, ommolutet ut occatur, tectura tem. mos ipsundelenis line no siteNese da AzoresGlobal TV. enihillaut et lantemp oriorum volupid etur accum, aut vendi ipictio. Nem(MFL) e integra o Lopes, harum susam repedi te nos as dolorerspita sinciprojecto endit ex endis quam reperio ratistis sitiatio con- LIDERA, da Unisenda dolendi ommo ipsunt magnaturem rempor do Porto. O acit earumen tiaeris rem. Ximagni versidade que millit, sim d conceito tem como objectivo aliar o aproveitamento energético à estética. MFL explica que a intenção era “entender os painéis fotommolutet ut occatur, voltaicos como parte integrante da peça”. enihillaut et lantemp É uma casa do futuro, aut vendi ipictio. Nem A Street Art, que em inglês ficasendo sempre bem,a produção de ou cultura visual urbana muito as dolorerspita sinci-numa tradução energia eléctrica e o Uptiis est, utem aut eseque sum livre Ovitemquunt. há muito que deixou de ser uma expresrectat quodeberum nustrumque rempintam ipsae nobisquod são artística “vândalos” paredes o ratistis sitiatio conseu aproveitamento o quatemo luptatus estis etur simust, si con preptis para ter lugar de destaque nas mais famosas, dolene nis eos aborro mo berum identot ateseque magnaturem rempor e muitas vezes, conservadoras objectivo galerias munprimordial do seque nus ressus moluptur acepudi cus, sandit, diais. vitamillit, volorporrum repudam laciis projecto. dolecae nis aliO conceito magni que dquame Paulobusam, Arraiano ésim um dos nomes deetreferênam, incturibus ne nis quundacia deste género com trabamusa non cuptat.no Metnosso que nonpaís, re lam, sequoss imassenta no dinamismo lhos perion que vão o design editorial à ilusrestiadesde debis volestio ommolup tasimus, qui constante resultante de di a nihiliquam aut assint as aut ulparumqui blandit tração comercial, do design de roupa ao aut res vent aperibus dent quaerum re volupta design de brinquedos, da pintura de paredes tipos de movimentectias siminum fugiaspit pos utna utdois aut à serigrafia, de intervenções ruaesaparciusexpoant late eosant eos sitis reperum rempero dolupit, sições em galerias de todo o mundo, sendo tosla sumque combinados. A casa intectur? Uci ut veniscil is eatur? Quiat ainda director artístico de duas publicações volorep ereiuntor seceat. Licia vel id expliquunt. exerce de cultura e professor na pliasperio Restart. um movimento Tem acieturbana dio experum iunto tem niae É nessa condição que de 16 a 21 dedolore Abril vem até te venti des ipsum nonsequatis sam adi de rotação sobre ela à Academia Juventude e dasdici Artes Praia blandi di da ut omnis volor mintia beatna esecaer Am debialis hic formação temquis quat essimol uptates da Vitória paraaut uma em street art. própria e possui, ainda, uma pala que oscila em função da procura da luz solar. Ao longo do

E

A ARTE da rua

YAY!, title 2

21abril janeiro 2012 / 29 16 2012 / 29


CULTURA

Amon Tobin - ISAM TEXTO / Adriana Ávila

Amon Tobin, um jovem produtor e músico brasileiro, natural do Rio de Janeiro, morou em Inglaterra durante alguns anos, actualmente encontra-se enraizado no Canadá. O seu primeiro pseudónimo foi Cujo, com o qual lançou apenas um álbum «Adventures in Foam», pela NINEBARecords. Considerado por muitos como um dos artistas de música electrónica mais originais do momento, pois conjuga de uma forma aprazível, diferentes estilos musicais como drum & base,dubstep, breakbeat, IDM e trip pop, etc., recorrendo muitas vezes a gravações captadas pelo próprio em situa-

EM TOUR PELO MUNDO ções quotidianas nas suas composições. Tobin encontra-se em tour pelo mundo, sendo um dos propósitos desta, a apresentação do seu último álbum editado pela Ninja Tune «ISAM (Control Over Nature)».

PELA COMUNIDADE Numa sociedade onde a população idosa está cada vez mais abandonada, a Sou – Movimento e Arte organização cultural, criou em Lisboa um projecto comunitário que leva jovens artistas a casa de idosos dos bairros históricos da capital.

Prazer e natureza A banda açoriana “The Joy of Nature” lançou este mês o seu mais recente álbum “My Work Was Not Yet Done”, com as colaborações de Rui Almeida, GrMateo, Mara Neves, Helena Ferreira e Ricardo Farias. Criado em 1999, como “The Joy of Nature and Discipline” este projecto de LC combina elementos de folk, música ambiente, rock progressivo e música clássica. Poderá saber mais sobre o novo álbum e a banda em http://thejoyofnature.bandcamp.com/ ou http://thejoyofnature.blogspot.com/.

Nove =37.25

PUBLICIDADE

Nove bailarinos naturais de São Miguel criaram no final do ano passado o projecto “37.25 – Núcleo de Artes Performativas” com o objectivo de inovar e dinamizar a cultura açoriana no desenvolvimento de projectos nas áreas de performance, literatura, vídeo, fotografia e música. Tendo a dança contemporânea como ponto de partida, pretende-se através desta iniciativa a partilha de experiências e conhecimentos entre os artistas integrantes.


OPINIÃO / AGENDA

Sempre em transição no fulgor da actualidade emergem peculiares criativos que fariam bem em olhar para trás antes de seguirem em frente. O que se pode ganhar do passado é a experiência de um todo a que se chama tradição, a identidade forjada, património cultural herdado da massa de indivíduos que pela força da sua vitalidade moldaram e tornaram mais amena a experiência humana em cada ilha dos Açores. Esplêndidos modernos os nossos antepassados, também eles assaltados por conflituosas contradições, entre as mais recentes ideias e a emergência de novos valores, desejaram apesar de tudo agarrarem-se à sua maneira de ser distinta, assumindo uma postura ética com a dignidade de seres livres, vivendo com a esperança de repensar o seu futuro. A invocação do passado de forma a potenciar as atitudes perante o presente não invalida as possibilidades de inovação; o que tendo em conta o actual acréscimo

Esplêndidos MODERNOS TEXTO / António Lima

do número de jovens formados e interessados na área da cultura artística torna espectável a curto prazo o acesso do público a obras originais de qualidade. Convém alertar o criativo para a humilde autocrítica procurando este por iniciativa própria, à falta de uma critica estabelecida, balizar o seu esforço com o panorama temporal e cultural do espaço onde insere a sua actividade. Respeito pelo legado dos esplêndidos modernos são garante de uma aceitação que nos permite enfrentar sem grandes receios as agruras do destino.

CIÊNCIA E HUMOR Aquecimento Esclarecido é um monólogo humorístico de David Marçal sobre pseudociência. A ciência é hoje usada como argumento de autori-

19 DE ABRIL dade, por vezes para validar alegações sem qualquer sustentação científica. Este espectáculo procura com provocações despertar um cepticismo saudável em relação a essas falsas alega-

PRAIA DA VITÓRIA ções. Em 2006 a Exxon-Mobil Oil instituiu um concurso oferecendo um prémio de 10.000 dólares a quem demonstrar a existência de erros no mais importante relatório sobre as Alterações Climáticas, ou seja o do Painel das Nações Unidas. Nesta peça de teatro o protagonista é precisamente o vencedor desse prémio.

16 abril 2012 / 31

Com as “televisivas” Helena Isabel, Rita Salema e Maria João Abreu nos principais papéis, “As Encalhadas!” é uma comédia musical que satiriza as angústias e prazeres de mulheres de diferentes classes sociais que em determinada altura das suas vidas se encontram sós. Ao longo do espectáculo vão-se debruçando sobre a solidão, problema comum, e como a combater, até descobrirem que partilham igualmente o mesmo homem, Ernesto, marido de Cristina, amante de Graça e pai do filho de Cecília. Dia 21 de Abril, 21h30, no Teatro Angrense.



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.