revista U 8

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A REVISTA SEMANAL D´A UNIÃO

www.auniao.com

PARQUE POR INTERPRETAR A FORÇA DOS NEGÓCIOS SOBRE A RAZÃO DOS DIREITOS pág. 06

edição 34.739 · 07 de maio de 2012 · preço capa 1,00 € (iva incluído)


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EDITORIAL / SUMÁRIO

O fim das palavras TEXTO / Marco de Bettencourt Gomes | director@auniao.com

O silêncio é a palavra mais cara que conheço. Vale ouro o silêncio. É uma palavra cara. O silêncio é a palavra que mais fala e nada fala tanto quanto o silêncio. Quando se esgotam as palavras, quando a alma não encontra léxico para verbalizar o que lhe vai dentro, buscamos no silêncio essa linguagem misteriosa que nos comunica. O mundo está cheio de ruído. Há uma inflação de palavras que tornam impossível a escuta. Como se vivêssemos numa praça e fossemos vendedores de mercado, cada um a apregoar mais alto que todos o seu peixe para conquistar o monopólio da atenção da freguesia. As palavras estão esvaziadas de conteúdo. As palavras dizem pouco, quase nada. As palavras já não valem. A palavra escrita perde força pela proliferação em catadupa de publicações nas mais diversas plataformas. A palavra proferida perde força pela multiplicação babilónica de audiovisuais. Perdemos a memória das palavras. Resta-nos agora o silêncio. O silêncio que grita melhor e mais alto. O silêncio da beleza, o silêncio do rumor dos passos, o silêncio do caminho. O silêncio da janela, o silêncio das mãos. Esquecemos a beleza das palavras. Perdemos a escuta do eco. Desaprendemos o alfabeto dos signos. Vivemos em surdina com telemóveis, com televisores, com internets. Ouvimos as palavras que são só sons e só escutamos um vazio doloroso como se fosse o esgar de uma ave branca em debandada. Falamos sozinhos e já ninguém faz caso. Até as palavras já gastaram os poetas. Que venham, então, os poetas do silêncio falar ao homem que não ouve.

SUMÁRIO 06

sinto-me amputado

a sereia do pescador a ver navios por causa dos aviões

05 07

2.ª caixinha mágica

11

3 poemas da ilha terceira

13

o imaterial das viagens

14

steve earle

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08

convite para pensar

o nosso chão

23

o livro de receitas comestível

28

insularidade obrigatória

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pontes sobre o tejo

21

a viola de arame dos açores

10

olh’ó véééélho…

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NA CAPA... FOTO / SIARAM/SRAM

São várias as novidades que o Parque Natural da Terceira prepara para apresentar: o projecto para o futuro centro de interpretação, o guia, e a sinalética do parque. A revista “U” falou com a directora desta unidade de gestão de áreas protegidas, Sónia Alves, que, neste momento, enceta esforços na procura de parceiros para a dinamização do parque que ocupa 22% da área terrestre da ilha. 07 maio 2012 / 03


REVISÃO

NOS AÇORES SÃO FREQUENTES OS AVISTAMENTOS DE ESPÉCIES RARAS

O MAR NA ONDA DO TURISMO FOTOS / João Costa

As jamantas podem ter “potencial para serem exploradas no ecoturismo”. O grupo de jamantas que pode ser encontrado nas águas dos Açores tem potencial para aproveitamento em ecoturismo, já que este é um dos poucos locais do mundo com agregações destes animais que possam ser vistas por turistas. Esta é uma das conclusões de um estudo que está a ser realizado por investigadores do Departamento de Oceanografia e Pescas (DOP) da Universidade dos Açores, que marcaram cinco jamantas junto ao banco submarino ‘Princesa Alice’, a 80 quilómetros a sul/sudoeste do Faial. “É a primeira vez que se está a fazer este trabalho”, afirmou Jorge Fontes, um dos responsáveis pelo estudo, em declarações à Lusa, acrescentando que se estão a usar pela primeira vez aparelhos de telemetria por satélite colocados no dorso destes animais. O biólogo marinho salientou que as jamantas são uma espécie “pouco conhecida em todo o mundo”, o que aumenta o interesse desta investigação, cujos dados recolhidos já permitiram chegar a algumas conclusões. Uma delas é que as jamantas podem ter “potencial para serem exploradas comercialmente para o ecoturismo”, já que, frisou Jorge Fontes, “existem poucos pontos no globo onde há agregações” desta espécie susceptíveis de serem avistadas por turistas. As jamantas “permanecem algum tempo nos Açores”, especialmente durante o verão, e partem depois para sul, em bus-

ca de águas mais quentes. “Todos os animais que marcámos foram em direcção a Cabo Verde e foi lá que as marcas se libertaram, ao fim de seis meses”, revelou Jorge Fontes, acrescentando que a informação recolhida permitiu conhecer melhor os perfis de mergulho, as velocidades de deslocação, a temperatura e a luminosidade das águas por onde passaram as jamantas. Jorge Fontes alertou que as jamantas são muito vulneráveis, porque apresentam uma “longevidade relativamente grande e taxas de crescimento e fecundidade baixas”. “Em regra, têm uma cria por cada fêmea e, em situações excepcionais, poderão ter duas crias”, salientou, concluindo que estas características colocam as jamantas num “patamar de vulnerabilidade muito elevado”. Apesar de a imagem das jamantas ter estado associada a animais perigosos para o homem, Jorge Fontes assegurou que estes animais “são inofensivos” e até “dóceis”. “Os seus hábitos alimentares não incluem mergulhadores”, ironizou, recordando que as jamantas “não têm dentes” e alimentam-se de plâncton e pequenos peixes, não constituindo risco para os humanos. DESTINO DE EXCELÊNCIA PARA MERGULHO A aposta na promoção dos Açores

JAMANTAS COM potencial para o ecoturismo

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REVISÃO

como “destino de excelência” para a prática do mergulho, que inclua a criação de uma marca identificadora e tarifas aéreas mais económicas, foi uma das principais conclusões da III Bienal de Turismo Subaquático. “Os Açores, pela sua localização e génese geológica, apresentam um grande potencial para a prática do mergulho”, refere o documento final da reunião, que define a ética, a formação e o profissionalismo como os princípios fundamentais para assegurar o futuro deste mercado turístico. Os participantes na bienal, que decorreu na Graciosa, em Outubro último, salientaram que o mergulho costeiro e recreativo tem sido o “motor” deste segmento turístico, mas defendem que podem ser abertas “novas linhas de promoção”, como o mergulho técnico e o mergulho com grandes pelágicos, nomeadamente tubarões baleia e jamantas. O mergulho recreativo com recurso a recifes e estruturas artificiais, como as criadas com o afundamento de navios, é outra das vertentes a explorar na promoção do turismo de mergulho nos Açores, que deve também aproveitar a recente criação de parques arqueológicos subaquáticos. As conclusões da bienal alertam, no entanto, que o crescimento deste segmento turístico no arquipélago “não pode descurar aspectos ligados à segurança”, defendendo uma aposta na “informação, formação, prevenção e minimização dos riscos”.

O mergulho recreativo com recurso a recifes e estruturas artificiais, como as criadas com o afundamento de navios, é outra das vertentes a explorar na promoção do turismo nos Açores.

A VER NAVIOS POR CAUSA DOS AVIÕES TEXTO / João Rocha / jrocha@auniao.com / FOTO / Eduardo Resendes

CHAMARIZ PARA TURISMO DE AVENTURA

OBSERVAÇÃO DE ESPÉCIES MARINHAS E MERGULHO SÂO UM CHAMARIZ DO ARQUIPÉLAGO.

O mar é, inegavelmente, um verdadeiro tesouro dos Açores. Além da pesca e da ciência, os recursos marinhos abrem também uma verdadeira onda de oportunidades a nível do turismo. As potencialidades são amplas e deveras atractivas. Observação de cetáceos e mergulho constituem um chamariz do arquipélago que tem uma natureza mágica que nunca pode deixar de lado os encantos da maresia. Um turista mais aventureiro pode até arriscar um mergulho na companhia dos tubarões. O cardápio das emoções marítimas só parece encalhar nos… aviões. Para se chegar a estas bandas, há que assegurar ligações aéreas e, neste domínio, o preço das passagens continua proibitivo para a maioria das bolsas. Enquanto não for desfeita esta força de bloqueio, o turismo nos Açores nunca ganhará asas e fica condenado a ver navios. E, sendo assim, os efeitos negativos irão se manifestar pelo ar, terra e mar, apesar da Região ter encantos mil e ser muito agradável aos sentidos.

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REVISÃO / OPINIÃO

A FORÇA DOS NEGÓCIOS SOBRE A RAZÃO DOS DIREITOS TEXTO / Carmo Rodeia

A primavera árabe que muitos esperavam que pudesse terminar na Síria, com uma abertura do regime de Bachar Al Assad, está a transformar-se num verdadeiro holocausto para o povo. Em vez de liberdade de expressão, respeito pelos direitos do homem, da libertação de presos políticos e da realização de eleições livres, os sírios estão a ser massacrados e impedidos de serem apenas pessoas livres. Governados por um ditador ocidentalizado, que tanto agradou a todos na Europa e nos Estados Unidos, quando se exibia em visitas de estado ao lado da mulher Asma, os sírios vivem oprimidos e, agora, reprimidos pela força das armas do exército que jurou defendê-los. Nem as sanções económicas da Liga Árabe e da União Europeia nem a pressão da comunidade internacional para a retirada de Assad da esfera do poder, em particular o plano de Kofi Annan, surtiram qualquer efeito. O que espanta no meio disto tudo é todos estarem longe de assumir um posicionamento racional, como era desejável e expectável, sobretudo se atendermos ao que aconteceu na Líbia. O número de baixas estimadas excedeu em cinco vezes o que aconteceu no conflito contra Kadaffi, além dos inúmeros refugiados que partiram para países vizinhos como a Turquia, o Líbano ou a Jordânia. A questão, de resto, já nem é apenas política e militar; assume contornos de uma dramática crise humanitária. No entanto, o único campo em que a comunidade internacional parece continuar apostada é no político-diplomático. Até quando? Qual é o interesse da Rússia e da China para não apoiarem o Ocidente quando, apesar das reservas, é certo, não se opuseram a uma intervenção na Líbia? E porque é que os EUA, como fizeram noutras ocasiões, não se juntam aos seus naturais aliados, com o apoio de forças regionais, para contribuir de outra forma para o fim deste regime? Se calhar porque há interesses superiores, nomeadamente negócios e favores no domínio do armamento, quer ao regime sírio quer à oposição. Acresce que muitos dos que se opõem ao regime são aliados da Al Qaeda e outros grupos radicais islâmicos, não oferecendo grandes credenciais democráticas ou de respeito pelos direitos humanos. Até quando é que a população síria vai ter de aguentar com este equilíbrio de interesses?

Sinto-me amputado TEXTO / João Aguiar Campos *

A reestruturação da empresa onde trabalhava colocou um amigo de longa data no desemprego. As condições da saída e a estrutura familiar constituem uma almofada que não tornam dramáticos os seus tempos mais próximos. Apresenta-se, apesar disso, visivelmente afectado. Explicou-me o que lhe vai na alma: “nem imaginas quanto me custam as passagens periódicas pelo Centro de Emprego... Enquanto espero, sinto que uma estranha deficiência me atingiu, após acidente sem culpa. Acreditas que tenho vergonha?” As minhas palavras não têm valido de nada: reafirma em cada conversa a sua condição de “amputado”. De facto, sempre sentiu o trabalho como um direito, um dever, um contributo e não apenas como uma fonte

de rendimentos – protestando a injustiça de se ver transformado numa “despesa a reduzir”... Admite que o patrão também viveu momentos de angústia e se pode ter sentido sem alternativa. Mas, em todo o caso, reafirma que são indisfarçáveis as dores… Se ouvirmos amputações e dores, ganha alma o debate do desempregos – tantas vezes traduzido em percentagens e números, sem olhos, nem família; ou em pouco menos que estéreis indignações. Com 202 milhões de desempregado em todo o mundo e o mercado em ponto morto, parece um ideal fora de alcance; mas importa não perder de vista a obrigação de tudo fazer para que todos tenham acesso ao trabalho e o possam assegurar. O emprego tem de ser uma prioridade social. E, neste esforço, cabe importante papel aos cristãos, cuja obrigação é lutar contra tudo o que afecta a pessoa, pois acreditam num Deus solidário com o homem. * Director do Secretariado Nacional

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das Comunicações Sociais


FERRAMENTAS

2.ª caixinha mágica TEXTO / Paulo Brasil Pereira

WD TV LIVE

Já ouvimos falar imensas vezes dos discos multimédia, que ligamos à TV lá de casa, e que vemos no ecrã da sala o que até então só o computador conseguia. Foi mais uma ferramenta para ajudar a decidir o que vemos na televisão da sala. O WD TV Live é a segunda “caixinha que mudou o mundo”, reproduz praticamente qualquer tipo de formato de áudio, fotografia e vídeo (incluindo Full HD 1080p24). Pegue na tralha toda do seu pc, passe para uma pen ou disco rigido externo e ligue a esta caixa. Este aparelho permite a reprodução directa no televisor de vídeos do YouTube, Vimeo e DailyMotion, conteúdos do Facebook e estações de rádio na Web... Sim, esta caixinha

permite ligação de rede com e sem fios. Se o seu pc está cheio de coisas intediantes, não desanime, esta amiga traz-lhe o arcade às mãos. Troque pedras preciosas com o Rockswap ou tente a sua sorte com o Texas Hold’Em ou teste as suas capacidades matemáticas com Sudoku. Este equipamento, na minha opinião, só peca por não ter um disco duro, precisa sempre ligar a um dispositivo de armazenamento, caracteristica que tem outros equipamentos da marca, mas não são tão polivalentes como este em análise. Resumindo, veja tudo o que lhe apetecer (incluindo video e som HD) e esta caixinha põe lá na tv da sala por 119€, mas já com o IVA.

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CIÊNCIA / OPINIÃO

PROCEDIMENTO DEVE SER FEITO NO INÍCIO DO INVERNO

RESURFACING PARTE II

TEXTO / Rui Oliveira Soares *

Na continuidade do anterior artigo sobre Resurfacing, hoje abordamos os problemas que o procedimento pode causar. Durante o procedimento a dor é controlada com sedação e anestesia local. No pós-operatório imediato (primeiros dias) são próprios do procedimento dor moderada, inchaço, erosões e crostas, que podem ser minoradas com medicação. O efeito adverso mais comum é a hiperpigmentação transitória, acastanhada (semanas a meses). A vermelhidão persistente (até 3 meses) é menos frequente. Infecções e cicatrizes são complicações raras. Em quem deve evitar-se o resurfacing? Pessoas de pele escura. Pessoas que tomam determinados medicamentos (ex. isotretinoína). Predisposição a cicatrizes anormais. Doença cardíaca, renal ou hepática grave e distúrbios psiquiátricos exigem avaliação cuidada antes de se decidir pelo tratamento. Também a expectativa irrealista de resultados por parte do doente deve dissuadir o clínico de efectuar o procedimento. Em que altura se deve efectuar? De preferência no início do Inverno, mas pode efectuar-se até fim de Março. Nunca antes ou durante o verão. O motivo é que a exposição à radiação ultravioleta aumenta o risco de hiperpigmentação transitória. Que outras alternativas há, cientifi-

camente credíveis, para obter efeito parecido ao de um resurfacing no envelhecimento cutâneo? LASER não ablactivos: actualmente existem aparelhos capazes de provocar microdestruição em pontos separados da derme levando a remodelação de colagéneo nesta última. Quem os comercializa afirma que se obtêm os resultados de um resurfacing sem provocar dor, erosões e crostas. No entanto, os resultados são piores que os do resurfacing no que respeita a atenuar irregularidades, manchas e cicatrizes. Outros aparelhos de LASER (ex: nd Yag) e outras técnicas (ex: radiofrequência) permitem obter remodelação de colagéneo na derme superficial, mas não obtêm efeitos nem tão imediatos, nem tão espectaculares como o resurfacing. Por outro lado, existem tratamentos injectáveis (por ex. com ácido hialurónico) capazes de obter bons resultados na textura da pele e modulação do rosto. Finalmente, há tratamentos cirúrgicos invasivos, no âmbito da cirurgia plástica, como o lifting, a suspensão com fio fino de metal (ouro, por exemplo) e o enxerto de gordura própria. Deve olharse para estes tratamentos não como exclusivos, mas complementares. * Dermatologista Colaboração: Clínica Médica da Praia da Vitória

CONVITE PARA PENSAR TEXTO / Melânia Pereira *

As relações humanas são um convite para pensar, pois ocupam a totalidade da existência humana. O homem desde o seu nascimento até à morte vive dependente deste sistema de ligações que estabelece com os vários seres que com ele partilham o mundo. Pensar-se a si próprio é, de certo modo, pensar os outros e o mundo. É pelo pensar que somos capaz de afirmar a existência, tal como Descartes declarava “Penso, logo existo”, pois “torna-se necessário que eu que penso 07 maio 2012 / 08


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seja alguma coisa e não nada.” Mas este pensar não é um acto fechado sobre si mesmo, é antes um exercício de retorno à própria existência na e pela qual encontramos o seu próprio sentido. É pelo pensar que somos conduzidos a uma exigência de interpelação do sentido da vida, que nos projecta para a relação com o outro. Assim, ser convocado para a Vida é sempre uma solicitação para pensar, para se ser chamado a viver em relação-desentido. Mas só pelo pensamento filosófico é possível apreender a possibilidade da existência do todo relacional. Este desafia-nos não só a usarmos a razão na me-

im veniendae simaximod molorpo didadit,certa para encontrarmos na vida ressund non conessit um lugarigendis para a utopia e para oreperae sonho, como para Siminte a dimensão real e objectiva cuptatur? voluptur? Poreium do mundo nos apela constantemenam, quas que mi, voluptus, as porrorenis te a sermos a mais genuína expressão de pra dolut quam, quia derum, natibusvida. to illa nonecea cusdam alignimporro No entanto, este pensar não pode, nem que ex etum ut lam lam aut laborias deve, ficar encerrado na dimensão filopedignimenis excea volorro ma dersófica; é antes um convite que transbornatquam aut molesequata dis repuda da para o nosso dia-a-dia para aprendersam voleceriae id magnimpose mos aresera reflectir os nossos pensamentos as nossas sum sincitligações. quas alitemod et ipsundiAdiar este pensar é correr pertium explabo. Ebit fugit,o risco sitiaedeeicim der um momento único de compreensão dem simus eicit qui aut aut expelit as e de aproximação ao sentido da Vida. et porio. Offictur? Illaut quatur sa a lendam Aniatur aut modi cuptat * Aluna de Filosofia e Cultura Portuguesa da UAç

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CIÊNCIA

A VIOLA DE ARAME DOS AÇORES TEXTO / Wellington Nascimento *

A Viola e outros cordofones foram transportados pelos Portugueses para os Açores, Ilha da Madeira, Cabo Verde e Brasil, tornando-se bastante comuns entre as populações. Estes cordofones possuíam características semelhantes às Violas actuais e tiveram grande importância na música popular da península ibérica durante toda a Idade Média e Moderna, constando em fontes iconográficas dos séculos XV ao XVIII. No Arquipélago dos Açores e segundo o cronista Gaspar Frutuoso, a Viola da Terra, terá chegado na segunda metade do séc. XV, trazida pelos primeiros povoadores. Desenvolve-se então a construção de uma identidade açoriana vinculada à Viola da Terra. Essa construção identitária tem vários aspectos dos quais vou enumerar dois: a utilização do corpo do instrumento como repositório de símbolos e a tradução destes símbolos de forma a vincular a Viola da Terra a uma identidade açoriana e a utilização sistemática da imagem da Viola da Terra e sua vinculação a personalidades de relevo de modo a valorizar e

A VIOLA DA TERRA TORNOU-SE NO ÚNICO INSTRUMENTO MUSICAL TÍPICO DOS AÇORES sedimentar a sua importância no contexto identitário açoriano. Essa construção identitária é explicada com o aparecimento nas últimas décadas do séc. XVIII na Europa e em Portugal do movimento artístico, político e filosófico denominado “Romantismo”. Deste modo a Viola da Terra assumiu ao longo dos séculos grande importância social e cultural no arquipélago açoriano, tornando-se o único instrumento musical típico dos Açores, com presença em todas as ilhas e em todas as manifestações lúdicas da sociedade. Hoje viva, mais do que nunca, e mantendo uma ponte sólida entre o passado e o presente, a Viola da Terra dá-nos uma ideia da sua importância como símbolo identitário e como amálgama da Cultura Açoriana. * Centro de História de AlémMar do Centro de Estudos Gaspar Frutuoso

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MESA

A SEREIA DO PESCADOR TEXTO / Joaquim Neves

Comida é poema, é prosa do paladar, sem excessos ou gulas difícil de parar

A Sereia do Pescador

Em vilas piscatórias, poéticas e históricas há por vezes um Pescador; oferece o peixe pescado ao prato do provador. Limpo, fresco com tons deste oceano, regala a vista, amacia a língua e deixa a alma de consolo grata. Não fosse o pescador conhecedor do modo de bem servir. Obrigação tem de não dar argumentos a discutir. E sem algum dilema, nem me atrevo a pensar donde vem o camarão fresco sem ser do alto mar. Mas isto são só conversas, nada relevantes, ao segredo que descobri neste restaurante da praia, vitoriosa memória de outro tempo. Há uma sereia, como marinheiros a descrevem, encanta com sorrisos de mesa em mesa, em pés de anjo marinho. A seu tempo e ritmo e a seu gosto sugere. Gosto disto e daquilo e convence que o gelado caseiro, verdadeiro, mesmo feito nesta casa, é o melhor a seu gosto, o mais guloso dos doces, derrete em céu a cada colherada. A Sereia dança entre mesas de gente alegre, circundadas de madeiras feitas traves e paredes, armários cheio de vinhos, luzes suaves bem já de noite, aconchegam o mais esfomeado, como se estivesse num barco, a balouçar suaves ondas e prepara os olhos a quem tem barriga funda. Seja com o prato escolhido lulas ou abró-

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MESA

tea, sopa com funcho da avó, naco de carne na ilha engordado, vence o paladar ao mais duro crítico esmagriçado. “Ó sereia, linda menina, que vinho me vais servir? – Escolha você mesmo, que o vinho só sei abrir. Espere só um pouco, que a outros vou sorrir, mas volto já só um pouquinho, há sobremesas primeiro que tenho que servir.” Comida é poema, é prosa do paladar, sem excessos ou gulas difícil de parar. Deveria ter pedido uma dose inteira tipo à Terceira mais que enfardar. Mas cada refeição, entrada, meio e fim, inspira do prato vazio outro dia voltar e pescar aqui. Cara nova vinho velho, bolsa a decidir, há muita escolha e pede quem comigo quer beber. Beber traz história e histórias de outros tempos, não tão velhas como Darwin se encontrasse novo peixe empratado com legumes, sem batatas cozidas, pois estas não haviam viajado aos sete mares do mundo esfomeado. Nem Hemingway aqui jantou, que teria escrito sobre lulas à Guilho e do vinho picaroto sugerido pela sereia, livre de sorriso maroto. Pessoa, Quental, Almeida Garrett teriam gostado. Mas por outro lado, tem fotos em molduras com memórias e gravuras de outras gentes faladas deste tempo encruzilhado. Este Pescador nasceu recente, anos oitenta e tal do século passado, balouça entre dias calmos e mar encrespado. Só falta mencionar a quem bebe mais que a sede, há garrafas XXL para quem pouco não é suficiente prazer. Para que tudo seja servido como manda o Pescador, da estante observa o cozinheiro, se cada garfada provada, combinada e degustada, corresponde à expectativa saciada da opção seleccionada do cardápio sortido. Esqueçam lá a perca do Nilo, amêijoas do Vietname, camarão descascado quem sabe no Suriname, de viveiros e antibióticos que mate qualquer verme, só quero dizer se não é daqui não é fresco, se quero comer bem, como o que há chegado fresco daqui à nossa gente. “Ó sereia linda quando te volto a ver?” ”Pois venha cá jantar. Estou aqui para servir.” Nota: O Pescador, Praia da Vitória.

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O Cozinheiro atento

Receita

CEVICHE

Cebiche, ceviche ou seviche, é um prato de origem Peruano, desde o tempo dos incas e seu prato nacional, que celebram nas vésperas de S. Pedro, a 28 de Junho. Baseado em peixe cru, cortado em tiras ou cubos, marinado em sumo de limão ou preferencialmente lima ou outro cítrico como os nossos limões tangerinos. O essencial é que o peixe seja preferencialmente branco, sem muita gordura, nem músculo vermelho, e camarão, lagosta ou mesmo polvo podem ser usados. Um importante ingrediente da preparação do Ceviche é o “leche de tigre”, suco feito com o peixe marinado na lima com os outros componentes. O nome “leite” deve-se à cor branca e o “tigre” ao facto desse molho ser usado no Peru para curar “ressacas” e para dar força a quem o ingere. Tempere com cebola, pimenta. Pode servir-se como entrada, acompanhado com pão, bolachas de água e sal, tortilhas mexicanas e batatas fritas. Ou pode ser o prato principal duma refeição, acompanhado com batatas “portuguesas” ou acompanhe com abacate, milho ou batata-doce. Acrescente salsa, coentro e outros “cheiros verdes”.


PALAVRAS

Três poemas da Ilha Terceira TEXTO / Rui Almeida

Para a Luísa Ribeiro

I De terra e magma Se faz chão E terreno fendido por raízes Pequenas e grandes E se faz mundo habitado E suspenso Da profundeza. II No extremo da ilha Há uma fórmula diurna de encontro Com o oceano. Salpica das rochas para dentro Do corpo a sensação De ausência longe e de encontro com segredos Em céu luminoso Através de janelas abertas No solo táctil. E vejo o que a mim chega devagar, Rasgo de chão Sem nuvens para recolher os sentidos. III Hás, um dia, de mergulhar Em oceano mais calmo ainda De braços alinhados por Um outro corpo. Hás, em silêncio, de emergir Com os olhos neste mesmo azul.

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RETRATO

COMO DEVE COMPRAR CARRO TEXTO / ACRA / Angra do Heroísmo

Se decidir comprar um carro novo, há alguns cuidados prévios que não deve descurar, nomeadamente: compare preços e as características de vários modelos e marcas que correspondam às suas necessidades; peça para consultar o guia de economia de combustíveis, mais tarde pode sentir a diferença na carteira; conheça os períodos de

temp o entre revisões e o sistema de garantia, existem diferenças importantes entre marcas; informese sobre a garantia de fábrica, prazo da garantia, ou qualquer outra garantia dada pelo fabricante; não abdique do direito de experimentar o veículo. Se a sua opção é por um carro usado, redobre os cuidados, nomeadamente: se lhe for possível, peça um parecer sobre o veículo a uma oficina da sua confiança ou a um centro de inspecção técnica para ter informação o mais fiável possível sobre o seu estado; confirme o dono do veículo e o número de proprietários anteriores; consulte o livro de revisões, analise o livrete ou o documento único e o relatório da inspecção periódica; no contrato de compra e venda devem constar o preço, as condições de transacção, características, ano, quilometragem, garantia e tudo o mais respeitante a pagamentos. Guarde bem uma cópia para eventuais reclamações futuras; informese sobre a garantia que todos os veículos usados têm de possuir (prazo ou um determinado número de quilómetros) ou outra garantia que o vendedor entenda conceder. Quer se trate de um carro novo ou usado, todas estas informações devem constar num documento escrito que deve ser entregue ao consumidor no momento da compra.

AO CERNE DAS COISAS I TEXTO / Antonieta Costa *

O IMATERIAL DAS VIAGENS

Sempre viajei muito. Logo depois de casar (com 19 anos incompletos), e devido ao gosto que o meu marido tinha nessa altura por viagens, comecei as minhas deambulações. Mas nunca viajei apenas para sair da Ilha. Informava-me sobre os sítios para onde íamos e procurava vê-los com os olhos de quem lá vivia. Ganhavam assim maior profundidade e compreensão as impressões que geralmente as diferentes culturas causam. Mas mesmo assim, esse tipo de viagens é sempre um passo no escuro, pois são muitas as nuances e especificidades que configuram os modelos culturais. Temos esse exemplo mesmo nos Açores, nas diferenças que se notam de ilha para Ilha, não obstante pertencerem à mesma cultura. Aparentemente os detalhes parecem não ter importância, nem a interpretação que se lhes pretende dar, mas em certos casos, trata-se de posições de charneira, marcando o próprio crescimento moral das populações, tanto quanto dos visitantes. Não obstante a dificuldade de leitura, fascinam-me as culturas complexas, diferentes, cheias de enigmas, de comportamentos inesperados e de significados misteriosos. Foi sempre para essas a minha atenção, porque a variedade de novos horizontes que abrem são, para além de estimulantes, uma aprendizagem constante sobre as formas de vida (animal e vegetal) originais e o modo como o ser humano se relaciona com elas e as interpreta. As diferenças geográficas e climáticas parecem ser as determinantes principais na caracterização das diversidades culturais. Mas a cultura que se desenvolve em cada uma dessas zonas cria ela própria, ao longo de milénios, simbólicas e imaginários específicos no seu relacionamento com o ambiente físico, que vão enriquecendo e desenvolvendo o seu património imaterial. *Historiadora 07 maio 2012 / 14


OPINIÃO

Steve Earle TEXTO / Pe. Teodoro Medeiros

Outro herói americano e outra voz contra o sistema: Steve Earle, o radical de esquerda que nunca vacilou quando a questão é criticar o seu próprio governo. Mas não sejamos redutores: este senhor nasceu no country de Nashville e isso ainda se nota na sua voz algo nasalada e de timbre ligeiramente metálico. O primeiro álbum, Guitar Town, data de 1986, embora o songwriter já estivesse em atividade muito tempo antes: esse primeiro trabalho tinha sabor country mas denunciava uma apetência rock em temos como Fearless Heart ou Someday. O mesmo se diga dos 3 álbuns seguintes mas o essencial é a qualidade da escrita: poemas fortes sobre a solidão e o adeus, histórias de emigração e de foras da lei. As melodias acentuam essa tendência clássica de quem se revê na tradição dos trovadores. A composição de Earle sempre teve uma componente social muito forte: um sucessor de Dylan, oscila entre a crítica mordaz e a descrição detalhada de situações limite. As canções atingem o ouvinte por via direta, a crueza do que contam, ou por uma inata capacidade de transmitir tristeza. Mesmo se há temas mais leves e fáceis, Steve Earle e música pop não rimam um com o outro.

No início dos anos 90, o cantor teve uma paragem forçada na carreira: a dependência de drogas pesadas levou a que não pudesse fazer atuações em palco. A sua decadência tornou-se evidente e começou até a vender as suas guitarras para adquirir drogas. Como se isso não bastasse, teve mesmo de cumprir pena de prisão por não comparecer em tribunal. Foi então que fez uma desintoxicação e voltou com renovada energia aos discos. Para além de beber sonoridades rock, Steve usa instrumentos como bandolim, violino e dobro quando a intenção é ser “bluegrass”. Essa vertente tem discos tão fantásticos como “Train A Comin’” e “The Mountain”. Este último mais leve em sonoridade e de tom decididamente folclórico, mas muito bem conseguido e agradável ao ouvido. Talvez a maneira de se gostar de musica da qual nunca se gostou. A canção Pilgrim tem assistência em 2.º plano de Emmylou Harris e há ateus que dizem que percebem porque é que se tem fé quando a ouvem. Foi composta a pensar no baixista do disco anterior, falecido de cancro de pulmão aos 40 anos. Recomenda-se vivamente, como se ainda fosse preciso dizê-lo, uma visita a são youtube.

Pilgrim (Peregrino), de Steve Earle Sou apenas um peregrino nesta estrada, rapazes Esta nunca foi a minha casa às vezes havia pedras no caminho, rapazes Mas eu nunca viajei sozinho Encontrar-nos-emos numa auto estrada iluminada canções para cantar e histórias a contar Mas eu sou apenas um peregrino nesta estrada, rapazes Até te ver, estejas tu bem

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Não é preciso chorar por mim rapazes Em algum ponto do caminho vais compreender Porque eu hei de tocar a sua mão, rapazes e, se puder, dar uma palavrinha por ti


DESTAQUE

PARQUE POR INTERPRE


DESTAQUE

Está fase final de concurso o projecto para a construção do futuro Centro de Interpretação do Parque Natural da Terceira, a instalar em Santa Bárbara, na antiga casa do guarda florestal, localizada junto à estrada regional, perto da subida para a serra. Este será, porventura, um dos principais investimentos a surgir no âmbito da recémcriada unidade de gestão das áreas protegidas da Terceira. O imóvel vai ser alvo de obras de recuperação e de adaptação para as futura funções que, segundo a directora desta unidade de gestão, Sónia Alves, “terá como principal objectivo promover o conhecimento do património natural da ilha Terceira, divulgando-o de forma dinâmica e interactiva, de modo a despertar o interesse da população residente, bem como daqueles que nos visitam”. “Pretende-se que seja um espaço de divulgação do conhecimento científico e de promoção de acções destinadas a diferentes públicos desafiando-os para a exploração do meio envolvente”. Outras das novidades vai para a criação de sinalética própria e de outras estruturas informativas: “pretendemos apoiar a visitação do Parque. Serão colocadas no terreno placas de identificação das áreas do parque e outras de interpretação. Estas últimas serão instaladas em zonas de miradouro ou de contemplação e possuirão informação sobre os valores ambientais que se destacam em cada local”.

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ETAR

TEXTO / Humberta Augusto haugusto@auniao.com FOTOS / SIARAM / SRAM


DESTAQUE

A articulação com outros circuitos de visitação também, adiantou, foi pensada: “nos trilhos será colocada sinalética adicional, cuja correspondência dos pontos assinalados no guia do parque permitirá aos pedestrianistas aprofundar o conhecimento sobre os locais por onde passam”. Ao todo, estão definidos três percur-

infra-estruturas instaladas, o Parque Natural do Faial tem, sem dúvida, contribuído para a promoção turística do Faial e, por inerência, dos Açores. Exemplo disso foi o recente prémio conquistado na Bolsa de Turismo de Lisboa: grande vencedor português no programa Europeu de Destinos de Excelência – “EDEN”.”

Futuro Centro de Interpretação do Parque Natural da Terceira

sos pedestres: Serreta, Mistérios Negros e Baías da Agualva. Para breve, realçamos ainda, está o lançamento do Guia do Parque.: “O guia do Parque consistirá numa publicação idêntica à dos guias já editados para os Parques Naturais do Faial e S. Jorge. Nele constará informação geral sobre a ilha Terceira e mais específica sobre o parque natural, com a apresentação e descrição das diversas áreas protegidas e estruturas de visitação. Para além disso, o guia descreverá alguns pontos de interesse que estarão marcados ao longo dos percursos pedestres inseridos no parque natural, realçando paisagens, edificações, ocorrência de espécies de flora ou fauna e de formações geológicas, ou seja, possibilitando a interpretação ambiental dos trilhos. Esta informação será complementada com um guia de campo onde constarão espécies da flora e fauna, marinha e terrestre, que poderão ser encontradas no Parque Natural da Terceira”. PARCEIROS NATURAIS Neste momento, o parque está na fase de “angariação” de parceiros. No programa “Parque Natural – Parceiro para o desenvolvimento sustentável”, Sónia Alves explica que procuram “todas as entidades que desenvolvam a sua actividade no parque natural e se comprometam a contribuir, de forma activa, para o desenvolvimento sustentável. O objectivo é criar formas de promoção mútuas e de valorização do Parque”. Neste campo, o seu congénere no Faial é, indica, um bom exemplo a seguir: “com mais anos de trabalho e

Até ao momento, a promoção do parque assentou no programa “Parque Aberto”, que decorreu entre Novembro de 2011 e Fevereiro de 2012. “Embora a iniciativa tenha terminado, o Parque Natural continua a promover actividades de divulgação junto de diversos públicos e em colaboração com outras entidades, sendo o exemplo mais recente a realização de um circuito de interpretação ambiental destinado a avós e netos, que decorreu no âmbito do programa regional do Ano Europeu do Envelhecimento Activo e Solidariedade entre Gerações”. Mas para os “próximos meses”, informa, será montada uma exposição itinerante, de momento, em preparação. PARQUE AGREGA PROTECÇÕES Questionada sobre o que, na prática, muda para o utilizador com a criação do Parque, seja ele um visitante, um investigador ou produtor, dada a intensa exploração agropecuária da ilha, Sónia Alves explica que “antes

O Parque Natural da Terceira é constituído por 20 áreas terrestres e marinhas

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da sua criação existiam diversas áreas classificadas ao abrigo de diversos diplomas legais. O Parque Natural da Terceira, tal como acontece em cada uma das outras ilhas dos Açores, vem agregar num único documento todas estas áreas. Surge assim como uma ferramenta facilitadora quer para as entidades oficiais que têm a responsabilidade de gestão quer para o utilizador. O Parque Natural da Terceira é constituído por 20 áreas terrestres e marinhas que representam 22% da área terrestre da ilha Terceira”. É por isso que refere que, agora, em termos de restrições, a estrutura “não veio acrescentar muito ao que existia anteriormente, uma vez que a maioria das áreas que o constituem já detinha algum estatuto de protecção”. Contudo, na gestão entre a necessidade de protecção ambiental e o usufruto do espaço, a directora considera que “o facto de na Terceira existirem áreas bem conservadas, como são exemplo as três reservas naturais (“Serra de Santa Bárbara e Mistérios Negros”, “Biscoito da Ferraria e Pico Alto” e “Terra Brava e Criação das Lagoas”), demonstra que o desenvolvimento socioeconómico, através de uma utilização racional dos recursos naturais permitiu preservar as espécies e habitats naturais existentes”. Caso particular, é o da Caldeira da Serra de Santa Bárbara que, com o parque, passou a ser uma reserva integral, tida como um ex-libris: “o facto da Caldeira da Serra de Santa Bárbara ter sido classificada como reserva natural integral significa que estamos perante uma área que se encontra praticamente inalterada pela intervenção humana, e que representa uma das mais bem conservadas manchas de vegetação natural dos Açores, com grande diversidade de espécies, habitats e ecossistemas protegidos”.

Sónia Alves, directora desta unidade de gestão


LOJAS

LEGENDA \\\ 01// www.anthropologie.eu 02// www.atelierlzc.com 03// www.amenityhome. com

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Revista U Rua da Rosa, 19 9700-144 Angra do Heroísmo tel. 295 216 222 / fax. 295 214 030 Email u@auniao.com Director Marco Bettencourt Gomes Editor João Rocha Redacção Sónia Bettencourt, Humberta Augusto, Renato Gonçalves Design gráfico Frederica Lourenço Paginação Elvino Lourenço, Ildeberto Brito

Colaboradores desta edição Adriana Ávila, Antonieta Costa, António Lima, Carmo Rodeia, Filipa Toledo, Frederica Lourenço, João Aguiar Campos, João Amaro Correia, Joaquim Neves, José Júlio Rocha, Júlio Ávila, Luís Godinho, Melânia Pereira, Paulo Brasil Pereira, Rildo Calado, Rosa Cassis, Rui Almeida, Rui Oliveira Soares, Rui Sousa, Teodoro Medeiros e Wellington Nascimento. Contribuinte nº 512 066 981 nº registo 100438 Assinatura mensal: 9,00€ Preço avulso: 1€ (IVA incluído) Tiragem desta edição 1600 exemplares Média referente ao mês anterior: 1600 exemplares

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Leitura

Pontes sobre o Tejo TEXTO / João Amaro Correia | SPNC

Mas para que este tempo em declínio não nos escape, Como aos que se julgam sábios, já vou ao teu encontro, Até aos limites dos campos, onde as águas azuis Circundam a minha amada terra natal e a ilha do rio. Friedrich Holderlin, Elegias

Todas as cidades crescem de modo diverso e singular. Os acidentes e acasos da história e a vontade humana sobrepõem-se, nos tempos e nos lugares, e são a matéria ligante da edificação das cidades. A explosão demográfica urbana no norte da Europa, no séc. XIX, não foi acompanhada pela contingência histórica portuguesa. Ainda hoje em Lisboa são visíveis os sinais, a um tempo, a necessidade de coincidir o passo histórico com as demais capitais europeias e dessa mesma distância que, de tempos a tempos, o poder político se propõe suprir. Assim, Lisboa teve um crescimento diverso das grandes capitais europeias. A revolução industrial, por tardia e lenta em Portugal, não teve as consequências dramáticas como na Londres ou Paris de oitocentos. Daí, e ao contrário de Paris, não exiba as marcas monumentais do progresso em equipamentos urbanos nem em grandes boulevards, ou, distinta de Londres, no tecido urbano surjam as grandes extensões de construções de carácter social e de rendimento destinadas a atender à rápida transformação social e cultural por que atravessava. O séc. XX do urbanismo lisboeta testemunha com rigor estes movimentos de desfasamento e aproximação aos modelos europeus de desenvolvimento urbano, quase sempre suportadas pelo esforço público e estatal, o único, aliás, capaz de produzir importantes operações de transformação no tecido urbano. A paisagem urbana lisboeta é a evidência dessas cesuras históricas que pretendiam orientar e planear o

Paisagem urbana lisboeta

crescimento da cidade: das Avenidas Novas de Ressano Garcia, no virar do século, ao plano de Alvalade de Duarte Pacheco; do Restelo das habitações para a burguesia adjacentes à Exposição do Mundo Português de 1940, sob autoridade do mesmo Duarte Pacheco – e a florestação de Monsanto, da mesma época – aos planos de Olivais Norte e Sul em tempos de incertezas e rápidas transformações sociais e políticas. Ainda que pareçam manifestamente exageradas as notícias da obsolescência e morte da cidade tradicional, assente num sistema de relações de ruas, praças e quarteirões, de espaços abertos e fechados, públicos e privados, e da escala da necessidade do corpo humano, hoje, numa propalada

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Leitura

e, de certa forma equívoca, condição urbana global, a cidade genérica, os instrumentos tradicionais do planeamento – e podemos já considerar também tradicionais as próprias categorias urbanas de Le Corbusier: habitação, trabalho, lazer, circulação – são necessariamente motivo de reflexão por parte dos intervenientes na construção das cidades. Para evitar quer a evidente ditadura do mercado, quer as múltiplas e contraditórias opções individualistas, que possam aproveitar as brechas no edifício do bem comum da polis, importa, com abrangência e apoio em múltiplos saberes, pensar a condição urbana como uma das circunstâncias da contemporaneidade. Por esta razão, importa revisitar Lisboa em vésperas do Terceiro Milénio (Assírio & Alvim, 2002) do fotógrafo Luís Pavão. O último grande momento da planificação da cidade de Lisboa remonta à preparação da Expo98 em que se pretendeu, e com algum sucesso, recuperar e juntar à cidade, um território ocupado por estruturas industriais desactivadas ou desfasadas quer do tempo, quer do lugar. A época era de alguma euforia económica e social sob uma atmosfera de optimismo irrestrito no futuro, emanado na percepção da, finalmente, integração do país e da sociedade portuguesa no concerto das nações mais desenvolvidas da Europa. Não exclusivamente focado nesse bocado da cidade de Lisboa, a colecção de fotografias de Luís Pavão evoca uma Lisboa modernizada segundo o compasso do desenvolvimento e progresso europeus. Uma Lisboa dotada de equipamentos e estruturas sociais, urbanas e culturais – escolas, universidades, novas redes viárias, parques e jardins, conjuntos habitacionais renovados – numa cidade que se afirma decididamente cosmopolita e aberta sem as feridas necessariamente abertas num processo de veloz transição para uma sociedade pós-industrial.

Lisboa em vésperas do Terceiro Milénio, DE Luís Pavão

Não assumindo uma expressão crítica mas nem por isso meramente ilustrativa, importa neste conjunto de fotografias a visão da cidade onde se acumulam significados e paisagens numa época que, à distância de pouco mais de dez anos, nos parece já remota ou mesmo antagónica à experiência do contexto que atravessamos. Mas importa mais, agora neste tempo difamado pelo medo e pela angústia da(s) crise(s), convocar o passado e a História, tanto pessoais como colectivos, reactivá-los no interior da construção de uma memória, não como refúgio nostálgico em tempos turbulentos, mas que nos permita uma experiência das cidades e dos lugares despojadas quer do optimismo artificioso com que muitas vezes a sociedade de consumo nos conduz, quer do pessimismo que deturpa qualquer possibilidade de um viver completo, individual e comunitário, do presente e do futuro. Evocando G.K. Chesterton, «o optimista achava que todas as coisas eram boas, excepto o pessimista, e que o pessimista achava que tudo era mau, excepto ele próprio», «a única maneira de sair disto parece amar» incondicionalmente o real, os lugares e as cidades para que possamos viver, transformar e construir as cidades e o real.

Panorâmica da Ponte Vasco da Gama

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FOTÓGRAFO

O NOSSO CHÃO TEXTO / Rui Sousa FOTO / Filipa Toledo

A tua coragem compensou o meu medo e devolveste-me a liberdade com o teu adeus Partiste e levaste contigo o que me sobrava de esperança. Obrigado. Agora sinto-me mais leve. Agora sim posso realmente respirar sem o teu peso no meu peito. A tua coragem compensou o meu medo e devolveste-me a liberdade com o teu adeus. Estas lágrimas são de alegria, estes soluços são felizes, sim, quero acreditar que sim. Não é possível que nós tenhamos sido em vão. Esta casa não foi em vão, o primeiro beijo não foi em vão, não foi, pois não?

Quero apagar o pensamento, quero gritar mais alto ainda, quero levantar-me do nosso chão... Em frente. Continuar. Erguer a cabeça e colar os pedaços de memória à minha maneira, formar um quadro que me agrade e pendurá-lo atrás do espelho. Enxugo as lágrimas noutras lágrimas e o tempo parece ter fugido contigo. Cobardes! Vocês são todos iguais! E o pior de tudo é a roupa por dobrar, e o pior de tudo é o cigarro deixado a meio, e o pior de tudo são todas as pequenas coisas nossas deixadas à chuva. E o pior de tudo é que nunca chegaremos a saber. Nunca. Fechaste a porta com demasiada força. A tua necessidade de me proteger escondia o apenas o medo que tinhas da minha força. E será sempre esse medo disfarçado de orgulho que te vai impedir de voltar. E sei que não voltas mais! Acendo o que resta do cigarro e atrás de mim ouço a chave encaixar na fechadura. Nunca esquecerei o abraço silencioso que se seguiu...

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Livraria

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Livraria Obras Católicas

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OPINIÃO

OLH’Ó VÉÉÉÉLHO... TEXTO / Pe. José Júlio Rocha

Quem desce a Fonte do Bastardo, junto à casa do senhor Soares, que hoje é a Casa do povo, tem uma vista quase inteira da igreja paroquial. Dali pode ver a lateral da sineira, com uma entrada sinistra que dá para o patamar mais alto da igreja, à volta do telhado. Há uma porta afundada ali para dentro. Em miúdo aprendi a ter medo daquilo. Nessa altura disseram-me que havia ali uma cadeira cravejada de pregos voltados para cima, onde se iam sentar os rapazes que se portavam mal na catequese. Era a história do boiceiro – alguns diziam que era o calhaboiço – mas eu sempre tive mais medo do boiceiro. Havia um demónio escondido lá atrás, que carregava na cabeça desses rapazes mal comportados, para doer ainda mais. O meu medo cresceu quando alguns rapazes da minha idade garantiram ter visto esse demónio dentro da igreja. Eram nove da noite e, como eles contavam, alguém fechara as portas da igreja e eles tinham ficado lá dentro. Dois rapazes. Às tantas, viram ondular uma daquelas cortinas grandes, vermelhas, que cobrem as portas laterais. Voltaram-se ambos e viram uma silhueta negra, de mais de três metros, com uns olhos enormes, esbranquiçados, a gemer e a dirigir-se para eles. Não me contaram bem como é que fugiram, mas eu cheguei a ter medo de entrar na igreja. Ainda minha mãe era criança e já se contava que a tia Fátinha das Vindimas, viúva de velha, tinha ido ao chafariz, cinco da manhã, noite, e viu, ao pé de si, o seu homem, que morrera, com uma espécie de luz por dentro e a crescer, a crescer sempre. E o cemitério velho da Fonte do Bastardo estava cheio de almas penadas que vinham por aí abaixo prestar contas ou mendigar orações. De todos os mitos da infância, aquele que, no entanto, mais calafrios me provocou, foi o do Velho da Saca Grande, assim chamado porque levava sempre uma saca de lona pela cabeça, surrada, suja, vestia sempre de preto e andava sempre descalço, uns pés roxos por cima, gretados de calos por baixo. Cuspia sonoramente para o chão, depois de arrastar pelos pulmões acima as excreções da sua doença. Dizia-se que, de noite, falava com almas e gritava tão alto que se ouvia na Ponta de Baixo. Eram as dores dos penados que lhe passavam para o corpo. Não falava com ninguém e deambulava pelas canadas com os olhos presos no infinito, a respirar a própria alma, e com rugas na cara que mais pareciam sulcos de arado em terra branda. Um dia, passando com meu irmão mais velho pela Ribeira dos Lagos, vi-o ao longe e atirei-me para o lado de lá de um murinho que dividia a ribeira da estrada, transido de medo. O pobre velhote morreu como morrem os nossos mitos e medos infantis: sem ninguém dar por ele, sem ninguém sentir a sua falta. Acho que todos nós vivemos esses medos ancestrais. Acho que quase todos nós deixámos de acreditar nessas coisas que nos metiam medo. Mas não deixámos de ter medo. Muitas vezes não sabemos sequer do que é que temos medo, coisa ainda mais estranha do que os medos objectivados da infância. O medo e a tristeza são semelhantes. O homem é um animal de hábitos e a tristeza, uma certa tristeza, ou uma certa angústia, ou um certo medo, são hábitos. Julgamos que estamos tristes por aquela razão. Quando passa essa razão, sentimos um grande alívio. Que não dura muito porque, já a seguir, voltamos a estar tristes e, talvez inconscientemente, procuramos outra razão para dar azo à tristeza. E perdemos tanto tempo a dar de comer a essas mazelas cá dentro. Criámos esse vício de estimação, tão difícil de vencer como qualquer outro. E com a dificuldade acrescida de que julgamos que as razões da tristeza estão fora de nós. Conheço uma pessoa que tem sempre os mesmos sintomas de abatimento para muitas causas. E ninguém lhe diga que é a sua tristeza a tingir os acontecimentos! Nós não atraímos azar nem sorte. Nós é que os inventamos. Julgo que a alegria também é um vício. 07 maio 2012 / 25


PARTIDAS

INSULARIDADE OBRIGATÓRIA TEXTO / Júlio Ávila FOTO / Luís Godinho

Estava eu no Alto das Covas, a tarde ia a meio, era dia de tourada em São Carlos, Angra quase inteira estava dispensada do expediente pós almoço. Nesse dia eu pertencia à minoria. Era um dia de final de estio quente, húmido, sufocante, e eu suava em bica agarrado às funções de reparação de um daqueles monitores encavalitados num poste metálico que desfila horários dos autocarros. Sabia que muita gente tinha melhor sorte que eu, invejava secretamente e com moderação os desocupados que pass(e)avam a aproveitar a meia folga. Um de-

les, passando de carro, apitou-me, num cumprimentos entre a saudação e a chacota, descendo em direcção aos semáforos. Foi aí que se deu o milagre. Um daqueles pequeninos, aquilo a que agora vou chamar de epifania pela observação. Os meus olhos deixaram o carro e o condutor gozão, subiram, atravessaram umas léguas de azul e foram dar com a silhueta das ilhas irmãs, São Jorge na frente, a ponta da Piedade escapandolhe à guarida um pouco fugida à esquerda, para ir subindo até ao alto da montanha a anunciar o Pico, ali logo atrás do biombo em primeiro plano. Espectacular, pensei eu, apesar de já conhecer o quadro de cor. Sem querer dei por mim a repetir o exercício que faço quando atravesso o mato ensonado para enfrentar mais um dia de quotidiano arrancado à rotina e ao tédio. Passado o Pico da Bagacina, já a mais de meia recta, olha-se à direita, e em dias que a visibilidade o permite lá as encontramos, sempre iguais nas formas, contornadas a sombras diferentes conforme a luz. E por uns momentos fogese a este pedacinho de terra rodeado de mar, dá-se um salto àqueles outros ou à Graciosa, aqui mesmo à distância dum semicerrar de olhos e de um mínimo de orientação geográ-


PARTIDAS

fica. É esta a minha escapadela favorita. Olhar e acenar ao de longe às gentes que lá conheci e aos que falta conhecer, aos nossos vizinhos, dizendo baixinho cá para dentro eu sei que vocês estão aí e olham para nós também, haja saúde e fiquem bem. Conforta pensar que se o stress apertar já faltou mais, daqui a dias começam os barcos, o vaivém, não é preciso muito dinheiro, mete-se uma semana ou duas de férias e vai-se por aí abaixo espairecer, acenar a outras gentes, quem sabe de volta a si, caro leitor.

São Jorge na frente, a ponta da Piedade escapandolhe à guarida um pouco fugida à esquerda, para ir subindo até ao alto da montanha a anunciar o Pico Olhar e acenar ao de longe às gentes que lá

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conheci e aos que falta conhecer


ÓCIOS / OPINIÃO ENTRETENIMENTO / OPINIÃO

“Não serve de nada atormentarmo-nos com uma coisa depois de a termos feito, a não ser para torná-la pior.”

“Citação e/ou frase aqui.” Bonaventure Périers

CARTOON

F. S. QUESTIONÁRIO

A TURISMO MAO ÇONARIA RELIGIOSO INFLUÉ UMA BOA ENCIA A POLÍTICA APOSTA PARA PORTUOS AÇORES? GUESA? SIM SIM NÃO NÃO

ONLINE

AS MAIS VISTAS

A partir de 11 de Maio Título Aqui PROGRAMA BOM DIA FORA DA RTP-AÇORES

61,02% 38,98%

OPINION ARTICLE HEADLINE COVERAGE TEXTO / Frederica Lourenço

Angra do Heroísmo - SANDRO PAIM REELEITO Título Aqui PRESIDENTE DA CÂMARA DE COMÉRCIO

ci piscit verro quibus repre magnat magnam dis namuma quoideia dolorum À partida sunt até parece conquature scitium quatesto mos alicti denada ao fracasso, mas a velocidarendiae cus, simusant, sae de com similibere, que a primeira edição esgocum as sam ipiende rfernam se pro tou (ou melhor, foi comida) diz-nos eicatibea quosa nonsed evendamet precisamente o contrário: as pessoas maximpo reicabo ritibusci querem, precisam de ideiassequostia diferennobitae ctoribu tes, originais e sciaeca que as boratquatem façam sorrir arumesforço. re repudit voluptate sus quiasi sem apereri pelo onsent aliquatem illiquis est, Criado estúdio de design Koresam qui demporporpor as dolectis fe, é um must have para a próxima aut quisque molupti sit, ut época natalícia, já queassincti os pré-regislabo. Bis derchil ilitam sit ped mi, offitos de venda para a 2ª edição deste cab ipsant estjáveleseq uodiamus es manual estão em andamento e em ilibus, ommoluptatur aci andam et alit contagem decrescente. autconceito volorep ellendaero mod os et O é simples.dolore Primeiro, ulparum incias molorro to blaboria leitores lêem com atenção as indisimoluptate nostion sectene cações que vêem em cada umavent das undam ium qui quide consed quisfolhas de massa fresca aprendendo, sequatus imint, que repara quo assim, os magnien passos necessários moditate volore laut asitatus, quiapreparar este clássico da gastronotemosUtilizando que venetasrestia mia. folhasquia de corunt. massa Ciendio con rehenis ipsunt ullupta si (leia-se, do livro) como base, juntamnet os dolore nos assitatqui di-se ingredientes extra rerrovi de forma cidunt, quatur rectiumque rem que a complementarmos esta receita de netur? Acerum voluptiore misonho; levamos eicae ao forno e… voilá!, nihillabo. Vitatus, omnihicitate nihilit temos lasagna! qui“The ut etReal volorCookbook” audae quam foi essunti O criaossum, omnim hic totat. Uga. Itatem do para a editora Gerstenberg, para alibus dolo tem. Lesciam complementar a sua secçãoevelectur de livros sanihiciae pos porum, si temporr ovirelativos a culinária e arte. dunt iatqui et volupiene voPara quemutenis quisernis saber mais inforlupta denduci llaces sinum, occus aut mações ou reservar já o seu exemplar volendi blaborem da 2ª edição, bastafugiaecupici fazê-lo através do

Corat res et pore, siminis et debitas imporrundis dolorem denihil iundis vid explacias am, seque dolupta temqui quaspellandi debis a non eatur, im lam reped ut aliquo omnit aut quaecea voles aut occus ut quatem diation poratem excearumquid que sequaere nonseque niet explitio blabo. Bo. Nam, te sant exerit remodit volore nimod I am a fan magnatat anitofadi quo commolectur aut ium non pedignam invelenim voluptat. Hillabor alibea con repremquid endes sande dunt eaturibusdam aut rest rernam quid eatem sunditasped DE RECEITAS COMESTÍVEL que mi, odion por arciae maio. ItatiTEXTO / Frederica Lourenço bus, si odit ist, quae ditatem nos nes dignatur, dustibus …de ideiasquaepro estapafúrdias comoeatem esta: quis autadealiatiatum net –volorerum, um livro receitas que depois de consed que –rere consultado viraoccuptature lasagna. exper- site therealcookbook.com

LIVRO

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CULTURA

MÚSICA DO MUNDO O Pinhal da Paz em São Miguel recebe de 8 a 10 de Junho o “Festival Curiosidades”, um encontro de “músicas do mundo” que pretende ser espaço de divulga-

CURIOSIDADES ção de músicas de outras paragens e de oportunidade de jovens da região. No dia 8 vão subir ao palco Hiromi Uehara, Barrence Whitfield and The James Montgomery Blues

8 A 10 JUNHO Band, projectos acústicos regionais e uma jam session. No dia 9 é a vez dos terceirenses Ti-Notas, João Frade & Giuliano, Ivo Papasov and the Wedding Band e Babylon Circus, seguindo-se a apresentação de projectos acústicos regionais. A 10 de Junho será a vez de todos os músicos participarem num espectáculo de improviso.

PALAVRÕES gosta? L.C., Sem Companhia – Grupo de Teatro Experimental propõe, para a sua participação na III Temporada de Teatro de Angra do Heroísmo, a apresentação de um conjunto de textos de vários autores, entre os quais se contam “Gosto de Palavrões”, de Miguel Esteves Cardoso, “Os Miseráveis”, de Vítor Hugo, o “Guardador de Rebanhos”, de Fernando Pessoa; “Ricardo III”, de W. Shakespeare; “Alarmes, excursões e brindes”, de Michael Fryan, “Fado Falado”, de João Vilaret (com letra e música de Aníbal de Nazaré e Nelson de Barros). Num palco vazio, de um teatro abandonado, o zelador da casa das artes, então um dos actores residentes, nos seus tempos áureos, dá a conhecer ao público excertos de espectáculos que por ela passaram. Numa viagem de cerca de 60 minutos, o actor levanos da comédia hilariante ao drama mais escarninho, numa constante espiral entre personagem e público, também chamado à cena. 07 maio 2012 / 29

Motivos Açorianos TEXTO / António Lima

Como elemento iconográfico o motivo possui várias qualidades que contribuem para a compreensão e plena experiência do esforço artístico, a sua identificação e classificação na imagem contribui para a clarificação do significado codificado permitindo assim guiar na “leitura” quem tem em consideração a estética presenciada; pode ter uma função decorativa ou ornamental, emprestando de certa forma ao todo o seu particular vigor, é caso para se dizer, o que realmente interessa encontra-se nos promenores. Existe grande variedade de motivos que permeiam a nossa realidade insular, desde os simples objectos do quotidiano, os rostos sulcados como a própria terra, as edificações humanas que brotam em verdes campos, as magníficas composições nubolosas ou o sempre presente Oceano... uma infinidade de opções colocadas à disposição de quem procura produzir uma obra de carácter vincadamente Açoriano. Ainda assim surgem a um olhar devidamente treinado para além do óbvio outros motivos, novas e excitantes possibilidades colocadas em evidência pela maior abertura a influências externas. Nesta perspectiva é possivel uma eventual reavaliação do que caracteriza o nosso meio através de novas ferramentas que permitiram explorar as recentes técnicas de forma adequada para que dai se possa retirar “algo de jeito”. Existem e a sua capacidade para ligar sinapses reminiscentes bem no interior de cada um de nós dando início a uma viagem emocional é bem real, toda a manifestação estética é uma invocação única e pessoal irrequecida pelo valor que concedemos aos nossos motivos.


CULTURA

METRONOMY TEXTO / Adriana Ávila

O coletivo Britânico Metronomy , foi fundado pelo músico Joseph Mount em 1999. Atualmente, a banda é constituída por quatro elementos (Anna Prior, Gbenga Adelekan, Joseph Mount e Oscar Cash). Aproximadamente sete anos mais tarde, realizaram a gravação do álbum de estreia «Pip Paine (Pay The £5000 You Owe)», nesse momento ainda pela Holiphonic. Atualmente, os Metronomy são inerentes à Because Music, editora através da qual gravaram a maior parte dos seus álbuns, EP’s e Singles. O seu estilo musical, aproxima-se mais do electropop experimental, servindo de modelo o seu novo disco, realizado no ano transato «The English Riviera». Fevereiro de 2012, data marcada

THE LOOK/ CORINE pelo single «The Look/Corine», incluindo duas versões originais e duas remisturas. Entre muitos outros nomes, os Metronomy estão inseridos no valioso cartaz do SONAR em Barcelona, com atuação dia 14 de Junho. metronomy. co.uk e http://www.myspace.com/metronomy

ESPANCA VENDE O filme “Florbela”, sobre a vida da poeta Florbela Espanca, estreado a 8 de Março, ultrapassou os 35 mil espectadores, sendo o filme português mais visto dos últimos dois anos. Protagonizado por Dalila Carmo, “Florbela” ainda não tem data de estreia prevista para as salas da Terceira.

DIA DA EUROPA A Biblioteca Municipal de Angra do Heroísmo assinala o Dia da Europa com uma mostra bibliográfica, acompanhada da apresentação de um filme, no dia 9 de Maio. Com esta iniciativa pretende-se contribuir para uma maior divulgação e conhecimento de temáticas relativas à União Europeia, acentuando-se a necessidade de união e pertença, como forma de atingir a paz duradoura. Entre 9 e 31 de Maio, de terça a sábado, durante as horas de abertura.

Rostos da Cidade O Foyer do Centro Cultural e de Congressos de Angra do Heroísmo tem patente ao público até 12 de Junho a exposição “Rostos da Cidade” de Emanuel Félix. Esta mostra retrata o rosto dos edifícios, que nos olham também quando os olhamos e a paisagem humanizada, os rostos, não necessariamente identificáveis de quem torna a cidade viva no seu dia-a-dia.

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OPINIÃO / AGENDA

WORLD TRADE CENTER NYC TEXTO / Rildo Calado

O skyline da Big Apple ganhou uma nova construção, que recebeu no passado dia 30 de Abril o status do prédio mais alto de Nova Iorque. Após o desastre ocorrido em

2001, o Empire State Building ocupou o pódio de prédio mais alto da ilha de Manhattan, título que perdera em 1931. Com a construção do novo prédio do complexo World Trade Center, o edifício do King Kong volta a ficar em segundo lugar da tabela. Há já algumas semanas que a construção ultrapassou os 102 andares do Empire State, mas ainda faltava conquistar a altura da antena do prédio. Após seis anos de construção, o novo WTC ocupa já o posto de prédio mais alto da cidade e, após conclusão da obra, irá ganhar o título do maior prédio do país, a altura final da torre de 104 andares será de 1.776 pés (541,3 metros), altura que simboliza a data da Independência dos Estados Unidos.

CLUBE ORPHEU HEADLINE HERE FOTOS / Rosa Cassis

Lores aut quidebis dis nitatem et que pel ime nosseO Clubeofficae Escolar Orpheu dia 10 de Maio quam, cesectoapresenta etum raenoquibus acesto no Auditório do Ramo Grande, da Vitória, quaspiet faccum iligenimi, samnaet,Praia quidebitis antiaa

10 DE MAIO TITLE HERE peça “A Vida nãoconseé uma dolorestibus dependência” da autoquate int entus quo ria de Teresadolo Valadão. doluptiatus earum Um trabalho desenvolrem arum volora vita vido noreictissi âmbito do proarum utatae. grama “In cone Forma-te” Et aborero etur, da Cáritas de Angra do cuptatem que comHeroísmo quiae e Direcção moluptas et, veRegional da Prevenção liqui accusam facculp

TITLE RAMOHERE GRANDE ariorum velàsilDependências, es volor simus, coreserá quistib eribus e Combate a peça interpretavoluptis cum exerum arum quiant. da por 17earum jovens evendae direccionada a adolescentes e seus Ehendit, sinto verovitio. Ut est, ut incid quas inullor pais. estiusa picaboremque nonsed quibearum est, O espectáculo terá representações no dia 10 que de Maio quiasped eosescolas auditem doloriti omnimpoà tarde para e deporeptas noite para o público em geriate expediciis quiasTomás mos sam alite quid ral. Noinvellaut dia 18, actuam na Escola de Borba e no quas debis amagnates doluptaAngrense. erfe dia 25ella é a Lit vezet dequi subirem palco no Teatro

07 maio 2012 / 31

O Sport Club Lusitânia volta a organizar no dia 12 de Maio mais uma edição do ““Almoço Verde” no Salão da Xeratem quost Santa Casa dipsam da Miautemos sericórdia, em offic São ut imagnam, Carlos. totatur? Quiditam Esta iniciativa, para alia iducidentia sialém de contribuir tias millupis et ompara “aenis viabilização nim ex as eost desta referência do eosaper ibeaquo desporto açoriano”, ma del ipis dolor ad pretende também eument, con corhomenagear a sua ectatiam dolorese equipa futebol pratiant de quam que sénior, campeã volo molorro ex da et 3.ª Divisão Série vit qui ditessunAçores. di unte ella nate Venda dos bilhetes: nobitatem quis Café Aliança; Snackquossimodia quis bar delisciCopacabana; psapedi Realsom; Petisqueiberitem ilit quis inra do Arco Caféundo venis consequ Renato; Pastelaria dignam aut most, Benfica; Bar Havana; cum fugition eium Mercearia Careratur res São ipsamus los; Café eatum etur Roberto sapitat Queijaria Vaquinha; iaecaep udaeraAdega aditatis de São Matiatur noteus; Escritório Digibitib usante qui as tal; Capão; Mercado rersperae latis ex Pão Milho;Ipicipitium Pastelaria exerae. Lusitânia e Terçor. que et, quatur res


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