Revista U 13

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A REVISTA SEMANAL D´A UNIÃO

www.auniao.com

BRAVA FESTA BRAVA Estalagem da Serreta: tesouro arquitectónico em ruínas PÁG. 08

edição 34.767 · U 13 · 11 de junho de 2012 · preço capa 1,00 € (iva incluído)


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E-mail: clipraia@gmail.com • Telefone: 295 540 910 • Fax: 295 540 919

Área Clínica Análises Clinicas Anestesiologia Cardiologia Cirurgia Geral

Médicos Laboratório Dr. Adelino Noronha Dr. Pedro Carreiro Dr. Vergílio Schneider Dr. Rui Bettencourt

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Dr. Domingos Cunha Dr.ª Ana Fanha Dr.ª Joana Ribeiro Dr.ª Rita Carvalho Dr. Rui Soares Dr.ª Lurdes Matos Dr.ª Isabel Sousa Dr. José Renato Pereira Dr.ª Paula Neves Drª Paula Bettencourt Drª Helena Lima DrªAna Fonseca Dr. Lúcio Borges Dr. Miguel Santos Dr.ª Cristiane Couto Dr. Eduardo Pacheco Dr. Cidálio Cruz Dr. Rui Mota Dr. Fernando Fagundes Dr.ª Andreia Aguiar Dr. João Martins Dr. Rocha Lourenço Dr.ª Paula Gonçalves

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Reumatologia

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Terapia da Fala

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Urologia

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EDITORIAL / SUMÁRIO

Tudo é relativo TEXTO / Marco de Bettencourt Gomes | director@auniao.com

Tenho medo disto que vou escrever. Mas não tenho medo de ter esse medo. Sei que pode ser apenas fruto da época em que vivemos, de uma mentalidade ocidental que cultiva o individualismo e o sincretismo à la carte. Nada é absoluto, tudo é relativo. Tudo é mas pode deixar de ser. Aquilo que agora é certo aqui e agora é errado mais logo além. Tudo é revisível, tudo é provisório, tudo é ambíguo. Tudo. É que neste mundo não há nada que seja sempre uma coisa só. A duração é limitada, a aparência é ilusória, o conhecimento é provisório. Pode o homem viver ao relento? Pode o homem viver de tal forma ao desabrigo, sem nenhum ponto de ancoragem? Necessita o homem de inventar super-estruturas que lhe tornem menos penosa a sua perduração terrena? E se tudo é relativo também esta afirmação é portanto ela mesma relativa. Em que é que ficamos? Como se a vida estivesse aí para brincar connosco à cabra-cega, a ver se damos com o sentido das coisas em tempo útil. E mesmo que o consigamos, o que beneficiamos com isso? Também isso é vaidade. Lamento, mas aonde é que fui desencantar a ideia que vida tem um objectivo, um propósito, um sentido? Não será também isso uma construção psicológica que funciona como zona de conforto para apaziguamento pessoal? E porque é que existe o ponto de interrogação? E quem é que me disse que todas as perguntas têm que ser respondidas? Quem é que me disse que eu tenho que saber tudo acerca de mim?

SUMÁRIO frutas de rua

o património divino

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a televisão que ninguém quer pagar

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relógio à 007

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dislexia

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da utilidade do inútil

poema

a vinha do meu amigo

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formação de seniores

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rock in rio, 3 de junho

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japão, lapas e “petcheno” a servir vinho

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i am a fan of legos

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liberdade

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azure com programa

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NA CAPA... ENTREVISTA / pág. 16

A tauromaquia é ‘festa brava’ para os aficionados e ‘festa bárbara’ para os activistas. Nos Açores, em particular na ilha Terceira, é um modo de vida. Os toiros fazem parte da identidade de um povo, quer na tradicional tourada à corda quer na corrida de praça, e esta realidade transparece ou não fosse aclamada de Capital Atlântica da Tauromaquia. Hélder Milheiro, da Prótoiro, lança, em entrevista à revista “U”, o olhar de fora para dentro sobre esta matéria. 11 junho 2012 / 03


REVISÃO

ESPÍRITO DA carne, vinho E pão

O PATRIMÓNIO DIVINO “O próprio congresso, certamente, vai dar força a essa candidatura”. A candidatura das Festas do Divino Espírito Santo a Património Imaterial está a ser preparada por um grupo de investigadores, que pretende obter a distinção da UNESCO para estas festividades celebradas no arquipélago e nas comunidades de emigrantes açorianos. “Entendo que é uma força tão grande dos açorianos nos seus próprios espaços e em todos os sítios para onde foram, que é natural pensar-se nesta candidatura”, afirmou Maria Norberta Amorim, uma das promotoras da iniciativa. Maria Norberta Amorim, ex-docente universitária, falava à margem do V Congresso Internacional sobre as Festas do Divino Espírito Santo, que decorreu na ilha Terceira, e onde foi lançado o repto para que os investigadores presentes contribuam para a candidatura. A iniciativa, que surge depois de há 10 anos a UNESCO ter rejeitado uma candidatura idêntica, é agora lançada pela antropóloga terceirense Antonieta Costa e pelos investigadores Maria Norberta Amorim e Manuel Serpa, da ilha do Pico, a quem se vai também associar a Direcção Regional das Comunidades. “O próprio congresso, certamente, vai dar força a essa candidatura”, afirmou a directora regional, Graça Castanho, salientando que o fenómeno “está a ser estudado por uma

quantidade cada vez maior de investigadores e por centros de investigação de universidades de renome internacional”. As festas em honra do Espírito Santo realizam-se em todas as ilhas dos Açores, geralmente nas sete semanas depois da Páscoa, sendo também assinaladas em algumas localidades do continente, no Brasil, EUA e Canadá. As celebrações variam de freguesia para freguesia, mas, de um modo geral, as pessoas acolhem em casa bandeiras e coroas, que simbolizam o Espírito Santo, rezando o terço durante uma semana, no fim da qual as levam à igreja, onde se realiza a coroação, normalmente seguida de um almoço, sendo que em muitas localidades também se distribui carne, vinho, pão ou massa. Graça Castanho considerou que as festas em honra do Espírito Santo têm “todos os ingredientes para que a candidatura vingue e seja uma referência no panorama do Património Imaterial da Humanidade”. ASSOCIAÇÃO DE MORDOMOS A Associação de Mordomos das Festas Tradicionais da Ilha Terceira será uma realidade a breve prazo, depois de recentemente, num encontro realizado na Vila Nova, ter sido nomeada uma comissão administrativa para a criação deste organismo de defesa da cultura popular.

CANDIDATURA TEM TUDO PARA VINGAR

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REVISÃO

Arnaldo Ourique, Rui Nogueira, José Henrique Pimpão e Manuel Drummond são alguns dos nomes que fazem parte da comissão cuja principal função passa pela inscrição no Registo Nacional de Pessoas Colectivas. O presidente da Junta da Vila Nova pretende que este organismo já esteja a funcionar em pleno no final de Junho. “Queremos dar passos seguros, há muito trabalho para fazer, do o ponto de vista legal até criarmos uma bandeira para a Associação e definirmos a sede”. A Associação de Mordomos das Festas Tradicionais da Ilha Terceira vai funcionar nesta Na reunião da Vila Nova marcaram presença cerca de meia centena de pessoas de várias freguesias da Terceira que aprovaram por unanimidade a constituição deste organismo e os seus primeiros estatutos. Segundo Rui Nogueira, a ideia de criar uma associação para defender as festas tradicionais foi muito bem acolhida, “as pessoas apresentaram os seus problemas e ideias e nós explicamos o que pretendemos fazer”. A grande questão por detrás da formação deste organismo prende-se com o aumento dos custos de organização das festas populares, especialmente das licenças camarárias e de policiamento. Referindo com agrado o facto de nalgumas touradas já se notar a presença de menos agentes da PSP, Rui Nogueira refere que pretendem con-

tinuar os contactos com as câmaras municipais e a polícia de forma a conseguir baixar os custos para os mordomos e assim trazerem mais gente para a organização das festas. Para além disso, afirma que os fundadores da Associação têm em mente várias ideias para a organização das festas tradicionais como a celebração de protocolos com diferentes entidades. A comissão administrativa está já a trabalhar na elaboração do cartão de sócio da Associação, tendo já ficado estabelecido que a cota será de cinco euros por ano. Os responsáveis pretendem ter o maior número de Impérios e Juntas de Freguesia da Terceira como associados, destacando que este organismo está aberto a toda a população que se pretenda juntar ao projecto.

A GRANDE QUESTÃO POR DETRÁS DA FORMAÇÃO DESTE ORGANISMO PRENDESE COM O AUMENTO DOS CUSTOS DE ORGANIZAÇÃO DAS FESTAS POPULARES.

ÂNCORA DE FÉ E SENTIDO DE PARTILHA TEXTO / João Rocha / jrocha@auniao.com

FESTAS DO POVO

OS “BODOS” REPRODUZEM O SENTIDO DE PARTILHA

O culto ao Espírito Santo é prática comum às nove ilhas do arquipélago açoriano. A fé na Terceira Pessoa da Santíssima Trindade é sagrada para o nosso Povo e serve de “âncora” nos momentos mais angustiantes das vivências individuais e comunitárias. Trazidas para os Açores na época do seu povoamento e decorrendo entre a Páscoa até ao final de Verão, as Festas do Espírito Santo resumem a história de um Povo nas relações com o Sagrado, com a terra e com ele próprio. É a invocação à Terceira Pessoa da Santíssima Trindade que espontaneamente acode à boca de cada açoriano nos momentos mais dolorosos da sua existência. Estas aflições são depois traduzidas no pagamento de Promessas ou Votos. Os motivos são variadíssimos (de saúde, profissionais, académicos e pessoais), sendo inquestionáveis como a própria fé. As Festas ao Divino Espírito Santo relevam, na sua essência, fraternidade e igualdade entre todos. E os “bodos” reproduzem exactamente isto, ou seja, o sentido de partilha.

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OPINIÃO

A TELEVISÃO QUE NINGUÉM QUER PAGAR TEXTO / Carmo Rodeia

Há uma semana que a RTP/A iniciou um novo caminho, concentrando a sua produção diária entre as 17h00 e as 23h00, mantendo, no entanto, a autonomia na definição da grelha de emissão entre as 8h00 e as 17h00, só que sem programas regionais em directo. Faz hoje, também, oito dias que o Governo Regional interpôs uma providência cautelar pedindo a suspensão da decisão da administração da RTP, alegando incumprimento do Contrato de Concessão do Serviço Público de Televisão. Admito que a medida deixa a Região mais pobre. A RTP/A vai ter de fazer um esforço para aumentar a sua produção própria diária, estando por perceber qual é a maleabilidade deste horário, imposto artificialmente, sem qualquer estudo audiométrico, a não ser o sentimento de que possa ser essa a hora nobre da televisão dos Açores. O que me deixa mais perplexa são as sucessivas omissões do poder político açoriano. Especialmente do Governo Regional que, teimosamente, se escudou no actual contrato de concessão e nada fez de concreto, ao longo de 16 anos, para evitar esta situação, quando já é falada com alguma seriedade desde que o Canal 1 passou a ser emitido em sinal aberto nos Açores. O problema da RTPA, ontem como hoje é financeiro. Quem é que a paga? Não tenho dúvidas de que deverá ser o Estado, seja através da alocação directa da taxa do audiovisual (perto de 3 milhões /ano) seja através de indemnizações compensatórias a definir. Mas, não tenho reservas em aceitar que a Região comparticipe nesse financiamento como aliás está previsto na lei. Do que é que o Governo está à espera? O Serviço Público de Televisão é uma função do Estado no arquipélago. Mas o primado da autonomia constitucional obriga o executivo regional a não se demitir do seu papel. A providência cautelar é apenas mais uma decisão de quem decide não decidir. Pelo menos até Outubro!

Cursos de Verão TEXTO / Tomaz Dentinho

Estou em São Miguel com quatro cartões na lapela: o 2o Curso de Verão da Regional “Science Association International” com alunos doutorados de França, Suécia, Portugal, Holanda, Croácia e Turquia; o 13o Workshop da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Regional com participantes de todo o mundo; o Curso sobre Análise de Políticas sobre Sistemas Complexos de Transportes organizado no âmbito de um projecto que reúne cientistas europeus e americanos; e o Colóquio Luso Francês sobre Métodos Quantitativos em Ciências Sociais e Humanas. Os cientistas são sem dúvida

os melhores do mundo nestes campos. Vêm aqui com muito poucos subsídios da região. Vêm apenas porque as ilhas são bonitas e têm por cá gente que sabe organizar encontros deste género e uma Universidade com espaço livre para as sessões. Isto é o lado bom. O lado estranho é que são poucos os açorianos e mesmo os continentais que participam. Será porque teriam de se candidatar a participar e isso é um passo grande? Será porque iriam confrontar o seu saber com outros saberes que custa aprender. Será porque esses outros saberes são pouco usados nos processos de consulta e decisão que ainda se fazem por cá? Ou será porque quem organiza vem da ilha ao lado e não pode ser boa coisa o que o trás por cá? Resta-nos assim explorar a beleza da Ilha de São Miguel porque não aparecem por aqui seres humanos interessados nos assuntos que outros vêm aqui debater: os transportes, o desenvolvimento regional, os métodos de análise ou o ordenamento regional e urbano. Exploremos então as belezas das ilhas. São de facto bonitas.

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FERRAMENTAS

Relógio à 007 TEXTO / Paulo Brasil Pereira *

Smart Watch custa cerca de 150€

Os filmes do espião de sua majestade sempre nos levaram para o imaginário das novas tecnologias, aliás, muitas vezes serviu de inspiração para coisas que hoje em dia fazem parte do nosso quotodiano. Não sei se será o caso deste “Smart Watch da Sony”, mas poderia muito bem ser. Este gadget da Sony funciona como um “apêndice” do teu Android. É como se fosse um controlo remoto, pois através de Bluetooth ele liga-se ao telemóvel e consegue aceder às suas mensagens texto, verificar o email, ver se o tempo estará bom para um dia de praia e a grande revolução deste aparelho é que.... Também consegue ver as horas nele! Porreiro né? Hehe Como ele comunica diretamente com o

seu smartphone, ele também indicará que está recebendo uma chamada, mas para aceitar a chamada vai ter que tirar o seu telemóvel do bolso e atender da forma tradicional. O Verão está chegando e as corridas pelo Monte Brasil também começam a surgir, nada melhor que ter este relógio como seu companheiro para o ajudar a cronometrar o tempo e até funcionar como mp3 para ir ouvindo os principais hits deste Verão, mas sempre tendo o seu smartphone como armazém das suas faixas. É claro que em tempo de crise tem que se cortar no fútil...mas nada como um gadgetzito para fazer esquecer esses tempos dificeis. Até tem pulseiras às cores e tudo! *paulo.pereira@media-9.pt

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CIÊNCIA / OPINIÃO

Texto escrito por criança disléxica

DISLEXIA. O QUE É? Do grego, a palavra Dislexia significa ‘dificuldade’ (“dys”) na ‘palavra escrita’ (“lexis”) e diz respeito a uma perturbação ao nível da consciência fonológica, que surge como ’sequela’ de um problema neurológico. A consciência fonológica corresponde à capacidade de compreensão de que as palavras são constituídas por sons individuais (fonemas), o que nos permite isolar ou segmentar em um ou mais fonemas a palavra falada, bem como retirar, combinar ou manipular sequências de fonemas. Esta é uma capacidade que, estando afectada, dificultará os processos de aquisição da leitura e da escrita (que constituem a base de toda a aprendizagem). Ao apresentar dificuldades nestas duas valências, a criança manifestará lacunas nas restantes matérias, o que poderá ter grandes repercussões ao nível da sua evolução académica. Existe um conjunto de características preponderantes para o diagnóstico da Dislexia: - Letra rasurada, com traçado irregular e disforme; - Falhas ao nível do processamento fonológico; - Dificuldades na relação grafema/fonema; - Omissão/adição de letras e de sílabas à palavra; - Confusão de grafemas com som e/ou grafias semelhantes (ex. /p/-/b/; /t/-/d/;

TEXTO / Colaboração da Clínica Médica da Praia da Vitória

/f/-/v/; /n/-/u/…); - Leitura silabada (tarefa lenta e decifratória); - Dificuldades na interpretação de textos; - Desorganização textual; - Erros ortográficos inconstantes; - Défice na memorização de informação verbal e na automatização de palavras. É de referir que as características anteriormente mencionadas não terão que estar todas reunidas para que se esteja perante um quadro de Dislexia. Para além disso, salienta-se que, para um correto diagnóstico, deverá recorrer-se a uma avaliação minuciosa com profissionais experientes neste domínio. Convém ainda ter presente que este diagnóstico que só deverá ser feito por volta dos 7 anos de idade (só nesta altura terá havido tempo suficiente para a aquisição da literacia). O terapeuta da fala para além de diagnosticar a Dislexia, poderá intervir precocemente junto destas crianças, fornecendo-lhes estratégias que facilitam o processo de aprendizagem (indispensável à evolução escolar). Por todos estes motivos, a Dislexia corresponde a uma das perturbações mais comuns na infância e representa um grave problema escolar, para o qual pais e professores devem estar sensibilizados.

A NOSSA ESTALAGEM TEXTO / Baltazar Pinheiro

Muito (mas não o suficiente) tem sido escrito acerca da Estalagem da Serreta. É bom sinal. É sinal de que as pessoas percebem que se trata de um tesouro arquitectónico único que valoriza a costa Norte da ilha Terceira. Esta zona tantas vezes desprezada pela sua insignificância nas contas eleitorais. A beleza do edifício fala por si e a crónica do encontro de Marcelo Caetano, Richard Nixon e George Pom11 junho 2012 / 08


MONTRA / OPINIÃO

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pidou figura entre os acontecimentos mais ilustres da história local. Sem direito a páginas escritas nos livros de história, estão os momentos passados na Estalagem pelos que ali pernoitaram e pelos casais de noivos que, depois de darem o nó, escolheram o espaço para celebrar o seu enlace. Parecem ser estes ilustres desconhecidos os que têm acompanhado de perto a triste degradação de tão nobre edifício. O nível de ruína é tal que os adjectivos dão lugar a um silêncio resignado. César Costa, natural do Raminho, de

im dit,geração veniendae simaximod molorpo uma recente mas com igual ressund igendis non conessit reperae paixão pela Estalagem e também cuptatur? voluptur? revoltado Siminte com o seu actual Poreium destino, am, quas mi, voluptus, as porrorenis decidiu realizar um vídeo e uma fopra dolut quam, quia derum, natibustomontagem estabelecendo a ponte to illa nonecea cusdam alignimporro entre a carcaça e o passado vivo da que ex etum ut lam aut laborias infra-estrutura. Maslam o mais imporpedignimenis excea volorro ma dertante é a sua homenagem à nossa natquam aut molesequata dis repuda herança colectiva. sam resera id magnimpos Espero quevoleceriae possam divulgar o seu sum sincit quas alitemod ipsundi-a trabalho no sentido de et chamar tium explabo. Ebitdos fugit, sitiae eicim atenção para um nossos maiores dem simus eicit qui aut aut expelit as tesouros arquitectónicos e que muito et Offictur? Illaut–quatur sa a temporio. sido negligenciado www.sistelendam Aniatur aut modi cuptat masystem.com

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CIÊNCIA

Formação De Seniores TEXTO / Ana Pereira* FOTOS / Sónia Bettencourt

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O envelhecimento demográfico e o aumento da longevidade com mais autonomia têm-se traduzido numa nova velhice, em que os novos velhos são cada vez mais saudáveis, com mais formação e espírito de iniciativa, constituindo-se, cada vez mais, como um novo público para a educação. Promotora do envelhecimento ativo, a formação dos seniores potencializa a sabedoria; melhora o funcionamento cognitivo, desenvolve competências; aumenta a satisfação de vida; reforça os sentimentos de autonomia e de capacidade de comunicação; evita o isolamento e promove o estabelecimento de laços de amizade e de interajuda entre os seniores. Reconhecendo as potencialidades da formação dos seniores e seguindo alguns exemplos de outras Universidades Seniores, em 2004, a Misericórdia de Angra do Heroísmo, abraçou esta causa. Este projeto tem tido um percurso crescente e tem dado provas da sua viabilidade e utilidade junto dos seus participantes, que todos os anos encontram motivação para continuar e para “angariar” outras pessoas para a Academia. Esta tem conseguido re-

Academia da Terceira Idade dá resposta a cerca de 150 seniores numa lógica de intervenção teórico-prática e de utilidade para a (re) invenção da vida quotidiana tirar algumas pessoas da solidão e da falta de objetivos e de sentido para a vida, porque aqui os alunos encontram formas de aprender e partilhar conhecimentos; ter prática frequente de exercitar a memória e o físico; estar em convívio com outras pessoas e até despertar o sentido de voluntariado e de partilha intergeracional. A Academia da Terceira Idade dá atualmente resposta a cerca de 150 seniores, desde os 50 aos 80 e muitos anos, numa lógica de intervenção teórico-prática e de utilidade para a (re)invenção da vida quotidiana e para a preparação e/ou vivência da velhice de forma saudável e ativa. Para este efeito, conta com a excelente colaboração de 26 formadores voluntários, que asseguram 20 disciplinas de diversas áreas. *Educadora Social e Coordenadora da Academia da Terceira Idade da Santa Casa da Misericórdia de Angra do Heroísmo


MESA

Japão, lapas e “petcheno” a servir vinho

TEXTO / Joaquim Neves

Pedi uma pimenta da terra e só me deu para “buer” e ficar menos “destarelado” que o costume.

SERVIR DO TACHO COM SORRISO

Bons ventos levaram-me ao “Japão” em S. Miguel. Desencantaram-me para S. Brás no Cantinho do Cais. Os amigos que me indicaram o local calmo sem que estivessem pessoas a fazer um leilão, o “petcheno” corisco bem amanhado que com mestria servia à mesa dava conversa para umas gaitadas. Decoração, com madeiras, acolhedora, sem exageros. Discreta. Eu, esganado, às cegas, sem pedido ou escolha. O repasto começou com possibilidades de fazer crescer água na boca. Antes do “petcheno” bem ensinado botar sentido em servir o vinho do Pico, a sopa de peixe e o seu cheiro não deixava “avos a biqueiros”, que não deixou mais dúvidas com as favas e o arroz de lapas que se seguiram, já dava para festim. Faltava ainda amanhar um alqueire de comida, mas também não tínhamos pressa, também ninguém pensou em ficar meio boião, mais certo seria encostar num cabeçal, mas ainda assim de repente faltavam cinco pratos. Seguiu-se polvo. Pedi uma pimenta da terra e só me deu para “buer”

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MESA

e ficar menos “destarelado” que o costume. Seguiu-se chicharro frito, primeira vez que comi com satisfação. Não aprecio peixe frito, porque geralmente esturricado, por tempo excessivo, deixa-os muito secos. O chicharro veio com inhame, salada, cebola curtida e recheio. Coisa que nunca havia comido e gostei bastante. Não gosto de inhames pensava eu. Um dia minha querida prima, lá do Pico, disse-me perante o meu olhar céptico que inhame era como batata. Lembrando-me de tal, e enquanto desbastava uns inhames, que no continente servem de decoração no jardim, resolvi provar um pouquinho cru. A minha língua inchou de tal forma, que quase não coube na boca o litro de Tantum verde. A refeição seguiu com cherne assado com o mesmo acompanhamento e outro vinho: Quinta do Jardinete de 2010, perdi o norte ao que havia comido. Ó, depois desta refeição dá para ficar menente, mas mais meiozinho ajudou à digestão, não sem antes só provar uma queijadinha com canela. Foi tudo muito riquinho. Sabe bem de quando em quando poder saborear um pouco de tudo do que é oferecido. O que sinceramente gostei foi a forma simples, caseira, saborosa, sem grandes elaborações, sem grandes apresentações, de servir comida regional realmente bem feita e saborosa. Só não provei uma gueixa, já que estava no Japão. Teria sido de bom tom, mas nem isso me tirou o tino nem me deixou desconsolado. Mas a comer assim sem consumição não admira que haja cada calafona maior que a outra. Pois é, S. Miguel sabe cozinhar bem para fora. Dos poucos restaurantes que conheci nem enricei, nem esborralhei, escarolei nem fiquei estarraçado. Quero voltar se visitar mais lugares como este e declaro S. Miguel o fim do mundo em cuecas.

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O petcheno mestre de servir

Receita

Tempos certos poucas críticas

Cozer ou fritar de mais é um desperdício. Já se sabe que o peixe é muito nutritivo. Ele é rico em omega 3, além de possuir pouca gordura, é ideal para uma dieta equilibrada. Existem várias maneiras de o preparar: 1º - Preparase um caldo aromático com água (proporcional ao peixe a cozer), sal, cebola, cenoura, alho, um raminho de cheiros, pimenta em grão e um pouco de vinagre; 2º - Faz-se ferver durante 15 minutos e depois deixa-se arrefecer até que fique apenas tépido; 3º - Mergulha-se o peixe no caldo e, numa caçarola ou peixeira, põe-se a aquecer em lume brando. Logo que comece a ferver, reduz-se o lume, ficando a água apenas a estremecer levemente. Deixa-se cozer durante 7 a 15 minutos (ou mais, conforme o tamanho do peixe). TEMPO DE COZEDURA Peixe normal: 7 a 10 minutos. Peixe grosso: 10 a 15 minutos. Quando o peixe está cozido, deve ser manuseado com muito cuidado, pois desagrega-se facilmente. Peixes indicados: Robalo, pescada, ruivo, rodovalho, pargo, badejo, peixe galo, etc. Peixes indicados para fritar à temperatura ideal 158º, se não tiver termómetro um fósforo acende colocado quase a tocar no óleo a 180º, serve de dica, os peixes: Sardinha (sem escama), marmota, faneca, robalo, robalete, enguias, petingas (passadas por ovo e farinha), lavadinha, salmonete (com molho de tomate), ruivacas, tainha (em postas), etc. Para filetes: Cherne, tamboril, anchova (esfolada e deixada em vinho de alhos), pescada, badejo, etc. Não deixe esturricar, nem deixe cozer de mais. Pela sua saúde.


PALAVRAS

LIBERDADE TEXTO / António Félix Rodrigues

Esperei por ti quando vagueava, por entre dunas, na busca da Terra Prometida. Senti a tua ausência nos circos de feras famintas. Chamei-te quando me queimavam a carne em dias de bestas, cruzadas e anti-Cristos. Chorei por ti quando me agrilhoaram numa roça perdida do Novo Mundo. Pensei nunca mais te ver depois de Auschwitz. Evoquei-te na longa noite do fascismo. Reanimei-me com a queda do muro de Berlim. E só agora percebi, que serei um eterno prisioneiro,

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das opções daqueles, que permito que me oprimem.


CONSUMO/OPINIÃO

MALAS E BAGAGENS PELO AR TEXTO / ACRA / Angra do Heroísmo

Chegou ao seu destino, mas a sua bagagem ou não chegou ou está danificada. Saiba que pode pedir uma indemnização até 1000 DSE (Direito de Saque Especial). Trata-se de um valor que ronda os 1150 euros, mas que varia de dia para dia. Para conhecer o câmbio actual pode consultar o site do Banco de Portugal.

S e transportar v a lores mais elevados, para q u e esse montante seja assumido pela transportadora, terá de efectuar no momento de entrega da bagagem, ou seja, no check-in, uma declaração especial de interesse da entrega no destino. Atenção, que lhe poderá ser pedido um pagamento suplementar. No caso de atraso na entrega de bagagem a transportadora poderá oferecer logo uma quantia para compras de emergência, mas os seus montantes poderão variar de transportadora para transportadora. Se efectuar alguma despesa guarde os recibos para os juntar à sua reclamação. Para reclamar, apresente uma reclamação escrita antes de sair do aeroporto, fazendo uma descrição detalhada da bagagem através de uma lista do seu conteúdo com o valor específico de cada artigo. A não reclamação imediata poderá fazer presumir que recebeu a sua bagagem. Atenção: Existem prazos máximos para a reclamação. Para os danos na bagagem tem sete dias a contar da data da sua entrega. Para o atraso na chegada tem 21 dias a contar da data da sua entrega. Para a perda de bagagem não existe prazo limite fixado. A bagagem é dada como perdida passados 21 dias sobre a data em que deveria ter chegado. *Associação de Consumidores da Região Açores

VIAGENS Ao cerne das coisas VI

FRUTAS DE RUA TEXTO / Antonieta Costa *

Uma jaca pode chegar aos 15 KG

O Brasil surpreende em todos os sentidos, no positivo tanto quanto no negativo. Mas mais ainda pela doçura das gentes (creio até que dos bandidos…). No Rio de Janeiro, que é onde estive por mais tempo (a família materna era de lá), essa qualidade da “doçura” é açambarcadora, entrando-nos pelos olhos e pelo nariz principalmente, pois as ruas são autênticos pomares… com árvores de fruto por todo o lado e carregadas ao ponto de terem que ser constantemente vigiadas pelos funcionários da municipalidade, para protecção dos transeuntes. Não é fora do comum levar com um fruto na cabeça… mas de todos o mais sensacional é a Jaca. Imagine-se um fruto com a forma (e por vezes a dimensão) de um tronco humano (sem cabeça nem membros), uma casca rugosa verde forte, presa nos troncos mais grossos da jaqueira, pois os outros não lhe aguentam o peso, que pode chegar aos 15kg. O perfume que exalam espalha-se por todo o lado e misturados com os outros formam um cocktail indescritível. A jaca vende-se às fatias dada a sua dimensão e sabe a uma mistura de ananás com banana: um verdadeiro manjar dos deuses! O Leblon, que é o último bairro, junto do monte “os dois irmãos”, na linha de praia que vai até ao centro da cidade, é dos que maior diversidade de frutos de rua apresenta. Pasma-se com esta abundância. E pasmada também fiquei ao descobrir o nome de uma das suas Praças: “Antero de Quental”! *Historiadora

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OPINIÃO

História com animais TEXTO / Pe. Teodoro Medeiros

Abrir a porta do jipe do lado do condutor e ver a cadelinha pastor alemão que um senhor ofereceu a meu pai. E que ele trouxe, de surpresa, para os 5 filhos (desculpa Paula... durante muito tempo fomos só cinco). -Tem uma coisa lá no jipe, vai ver! Ou foi o Ricardo ou foi a Patrícia quem executou a ordem; só me lembro que ia logo atrás. A diana foi a nossa «lassie» de serviço: aprendeu a «dar a patinha» para nos cumprimentar e, logo nesse primeiro dia, teve de andar um pouquinho ao colo de cada um. A nossa cadela era especial e não havia, será preciso insistir, nenhuma que lhe chegasse aos calcanhares. Quando ela cresceu passou a dominar a extensão do casario mais próximo com os seus latidos graves. Tudo nela era imponente; a maneira como parava a escutar, de cauda levantada e a seguir arrancava a toda a força, disposta a salvar o mundo, justifica por si só este artigo. Dos domínios quotidianos da nossa mascote constavam vários afazeres. As mulheres que iam de manhã buscar o leite? Um cão menos dotado teria feito finca pé em dar sinal todos os dias mas a nossa diana não; só ladrava se elas trouxessem as netas ou se se fizessem representar por alguém diferente. Era um reinado que incluía momentos de silêncio, portanto (desculpa Paula, o bob veio muito depois e não tinha a classe da mãe). Nunca fui próximo de gatos. E com o que por aí se diz deles, ainda bem... os amigos querem-se fiéis e carinhosos... o serem macios e poderem enroscarse em nós em regime de sofá vem em segundo lugar. Junte-se a isso as considerações sobre a simples majestade e imponência física e acho que estamos conversados. De modo que a única outra espécie de animal de estimação que tive foram ca-

lavandarias

racóis (os coelhos eram do meu irmão). Os ilustres gastrópodes marcaram a sua presença no meu quarto da rua do Rego durante uns bons meses; comiam folhas de certas árvores e, na sua falta, papel molhado. Eu contemplava-os na sua caixinha de tampa de plástico com uns furinhos. Entre horas diferentes, era vê-los em outras posições ou então não, sempre na mesma. Às vezes era eu quem os fazia sair de casa, os preguiçosos! Quando chegava ao quarto ia ver o que era feito deles. Até aconteceu fugirem de dentro da caixa... o adesivo estava mal posto e eles saíram, os marotos! Passaram a ser gremlins! Perdeu-se uma folha de papel que estava em cima da secretária... o óbito registava: embabamento abrasivo de origem criminosa! Depois veio o serafim, canino de raça incerta chamado ao justo dever de proteger o lar de incursões criminosas. Eu gostava do serafim; ele é que não devia gostar de toda a gente. Não, não é caso de ciúme: só que a espionagem a favor do inimigo é felonia, é alta traição! De resto, foi memorável a iniciativa de atacar com coragem um cão maior do que ele, um tal de excalibur. Entra em cena dostoyevski. Chegou cachorrinho precoce, mal desmamado, tinha sido abandonado. Ganiu como um demónio nos primeiros dias e eu não sabia o que fazer (então Teodoro, era só metê-lo dentro de casa num caixote e fazer-lhe companhia... next time!). Com a trasladação para uma nova casa, uns meses depois, o bicho inocente tornouse dono da área circundante. Mas tive de devolvê-lo... digamos que se revelou como um «exterminador implacável». Nem me lembrei, é caso de agora, que meu pai também foi pedir desculpa a uma vizinha uma vez que a diana desbaratou, num festim bastante sangrento, não sei quantas galinhas.

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DESTAQUE

Há vozes a favor e contra a “festa brava” espalhadas pelos quatro cantos do globo, sendo a tradição a tese dos primeiros e a violência o argumento dos segundos. Desde o 1º de Maio, e prolongando-se até 15 de Outubro, a época oficial das tradicionais touradas à corda nas ‘canadas’ e nos terreiros da ilha Terceira renova-se no arraial e, noutra vertente, nas corridas na arena. Esse património tem sido alvo de debate nos últimos tempos e, por isso, o início deste ano ficou marcado pela segunda edição do Fórum Mundial de Cultura Taurina, que decorreu em Angra do Heroísmo, subordinada ao tema “A Comunicação”. A iniciativa permitiu o encontro de especialistas oriundos de diversos países. A revista “U” falou com Hélder Milheiro, um dos rostos mais jovens à frente da acção protaurina em Portugal – Prótoiro – Federação Portuguesa das Associações Taurinas. Revista U (U) - A Comunicação foi o tema de fundo que dominou o II Fórum Mundial de Cultura Taurina. Actualmente, os Media dão visibilidade à tauromaquia? Hélder Milheiro (HM) – Existem duas realidades distintas. Em relação aos média generalistas (televisão, rádio, jornais), estes vivem alheados da realidade tauromáquica, que em muitos casos é intencional, sendo vetada a publicação de notícias sobre tauromaquia, por puro preconceito. Isso é claro se olharmos para os cerca de 900 mil espectadores que acorrerem anualmente às praças de touros, aumentando para cerca de três milhões de pessoas, se juntarmos os festejos de rua, como a tourada à corda, as largadas, entre outras. Apesar de ser um dos espectáculos culturais mais frequentado pelos portugueses os media insistem em não o noticiar. É uma situação que a Prótoiro trabalha para alterar.

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TEXTO / Sónia Bettencourt sonia@auniao.com FOTOS / Samuel Fagundes

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DESTAQUE

A outra realidade são os média regionais. Estes estão muito mais atentos, sem preconceitos e cuidadosos com as manifestações culturais que ocorrem na sua região, como é o caso da “A União”, aqui nos Açores. Estes seguem e noticiam todas as manifestações culturais, prestando um serviço fundamental à cultura portuguesa.

só porque muitos dos perfis de activistas online são perfis falsos geridos por uma só pessoa, como no caso das acções de protesto por email, são usados mecanismos informáticos de criação artificial de contas de email para multiplicar os envios. A grande parte desses emails enviados não correspondem a uma pessoa, são fraudes completas.

“A cultura não é de ninguém, é de todos”

U - Considerando os blogues e as redes sociais, de resto o seu tema de intervenção no âmbito do mesmo Fórum, as páginas de conteúdo pro-taurinas surgem por necessidade de defender a ‘festa brava’ ou por alternativa aos meios de comunicação social? HM - Pelas duas razões. É sempre necessário a existência de alguns standards de qualidade, quer seja nos média tradicionais quer seja nos meios on-line, como os blogues e redes sociais. Em termos de uma periodicidade diária, os blogues vieram substituir essa ausência de um standard de informação taurina, quer nos média generalistas quer nos média taurinos. Acima de tudo creio que estes novos órgãos de comunicação têm sido de uma riqueza extraordinária. Por um lado revelam a enorme proactividade e paixão que move os aficionados, por outro lado, revelam o quanto a festa é dos aficionados. ANTITAURINOS VIRTUAIS U - Os movimentos sociais anti-taurinos parecem mais expressivos hoje em dia e as suas manifestações assumem ambientes por vezes teatrais como o caso de Pamplona, organizado pela PETA. É uma forma de exercer a democracia? HM - A liberdade é a expressão máxima da democracia e todas as formas bem-intencionadas de viver a liberdade são legítimas e louváveis. Antes de mais é preciso clarificar que os movimentos antitaurinos não são mais expressivos, pois o número de elementos que vemos nessas manifestações é sempre muito reduzido. O movimento antitaurino é um movimento virtual, alimentado na web, mas que não tem correspondência com a realidade. Não

U - Em declarações à imprensa regional, a presidente da Associação ANIMAL, defendeu a possibilidade de “abolição dos toiros”. Existe tal probabilidade? HM - Esse é o sonho desses extremistas e proibicionistas que pretendem impor “à força” as suas ideias aos portugueses. Isso é algo que nunca poderemos aceitar, porque somos pela democracia e pela liberdade. A cultura não é de ninguém, é de todos e todos devem ter a liberdade de a viver como é próprio de um Estado de direito democrático. Aliás, convém não esquecer que a ANIMAL defende tanto a abolição da tauromaquia, quanto defende a abolição do consumo de carne, o fim da caça, da pesca desportiva, da utilização de animais em espectáculos ou manifestações similares. Apesar dos desejos de uma pequena minoria, a abolição é uma realidade bem distante da nossa realidade, se me permite a redundância. U - Como classifica os Açores no contexto mundial da cultura tauromáquica tendo em conta a sua situação geográfica? HM - Os Açores têm vindo a afirmarse gradualmente como uma referência no mundo taurino, sendo hoje a capital atlântica da tauromaquia, fazendo a ponte entre os dois continentes taurinos, a Europa e a América. Para isso muito têm contribuído, além da enorme afición dos açorianos, os dois Fóruns Mundiais de Cultura Taurina, que têm levado o nome e as magníficas imagens e tradições dos Açores a um vasto público-alvo turístico. Por outro lado, as Sanjoaninas são hoje seguidas em todo o mundo taurino. A eleição da ganadaria terceirense, Rego Botelho, como a melhor da tempora-

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da do Campo Pequeno de 2011, criou um marco na história da tauromaquia açoriana e nacional. Não só porque consagrou a qualidade do touro criado nos Açores, mas também porque teve eco em todo o mundo taurino. Há uma vivência tão profunda e tão autêntica das tradições taurinas, sobretudo na Terceira, que fazem com que os festejos taurinos sejam indissociáveis da identidade açoriana. festejos taurinos IDENTITÁRIOS U - Com base na acção da plataforma PROTOIRO, e depois dos resultados favoráveis aos pro-taurinos, em Janeiro, na Assembleia da República, contra a tentativa de abolição das touradas em Portugal, o que se seguirá? Luta pela classificação da tauromaquia de Património da Humanidade segundo as normas da UNESCO? HM - A PROTOIRO aderiu recentemente ao Projeto TauroUnesco, que pretende levar a tauromaquia à classificação de Património da Humanidade, em conjunto com todos os países taurinos. Além disso, a Convenção da UNESCO para a salvaguarda do Património Cultural Imaterial dos Países, criou um novo instrumento de defesa, preservação e promoção das culturas imateriais dos países, estando os países signatários, como Portugal, obrigados a criar uma lista desse património cultural imaterial (PCI). A Capeia Arraiana, tradição taurina do concelho do Sabugal, foi a primeira manifestação a ser classificada como património cultural imaterial pelo estado português, ao abrigo desta convenção. Vila Franca de Xira, declarou recentemente os seus festejos taurinos como património cultural imaterial, sendo que vai solicitar a inscrição desses festejos na lista portuguesa de PCI. Há ainda muito trabalho e caminho a realizar. U - Olhando o futuro da tauromaquia, as camadas mais jovens da sociedade estarão sensibilizadas para dar continuidade a esta manifestação cultural? HM - A juventude quebrou os tabus e está cada vez mais ligada à tauromaquia. Já se ultrapassou a ideia de que tauromaquia é algo antiquado e velho, compreendendo-se que a este é um sector cultural bem dinâmico e ativo, sendo criativo como qualquer arte o deve ser. Para isso, muito têm contribuído os empresários, que criaram bilhetes a preços mais acessíveis, destinados aos jovens, as redes sociais, os mais diversos movimentos de aficionados e a proactividade destes. Também aqui a Prótoiro, tem vindo a realizar um trabalho definido no seu plano de acção, junto das camadas jovens, com acções em escolas e apoio de diversas outras iniciativas. Pelo feedback que temos recolhido fica demonstrado que as camadas mais jovens revelam um interesse real pela cultura do seu País.

“A abolição da tauromaquia é uma realidade bem distante”


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Revista U Rua da Rosa, 19 9700-144 Angra do Heroísmo tel. 295 216 222 / fax. 295 214 030 Email u@auniao.com Director Marco Bettencourt Gomes Editora Humberta Augusto Redacção João Rocha, Humberta Augusto, Renato Gonçalves, Sónia Bettencourt Design gráfico Frederica Lourenço Paginação Ildeberto Brito

Colaboradores desta edição Adriana Ávila, Ana Pereira, Antonieta Costa, António Félix Rodrigues, António Marujo, Baltazar Pinheiro, Carmo Rodeia, Dulce Vieira, Frederica Lourenço, Joaquim Neves, Inês Ramos, José Júlio Rocha, Paulo Brasil Pereira, Rildo Calado, Samuel Fagundes, Teodoro Medeiros e Tomaz Dentinho Contribuinte nº 512 066 981 nº registo 100438 Assinatura mensal: 9,00€ Preço avulso: 1€ (IVA incluído) Tiragem desta edição 1600 exemplares Média referente ao mês anterior: 1600 exemplares

A UNIÃO PARA SER ASSINANTE, RECORTE E ENVIE ESTA FICHA Nome _____________________________________________________________________________________________ Morada ___________________________________________________________________________________________ Telefone _______________________________________ Contribuinte nº ______________________________ Freguesia ________________________________________________________________________________________ Assinatura: Mensal (9,00€)

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Diálogo

DA utilidade DO inútil TEXTO / António Marujo | SPNC

«O que é mais importante (criar, manter, repensar) na relação da Igreja com a Cultura?» Primavera é sinónimo de novos ares, horizontes abertos, cores renovadas. Esta Primavera, mesmo se pouco respeitadora da tradição climática, trouxe-me pequenos sinais do que pode ser uma resposta à pergunta: “O que é mais importante criar, manter, repensar na relação da Igreja com a cultura?” Dei comigo a pensar porque é que, em plena crise, centenas de pessoas aproveitaram a hora de almoço de 21 de Março para ir ouvir a Sagração da Primavera, de Igor Stravinsky, ao fundo do Parque Eduardo VII, em Lisboa. Temos que trabalhar para sermos úteis ao país, ouvimos todos os dias. Temos que trabalhar muito, repetemnos à exaustão. O que estávamos, então, ali a fazer naquela saudação primaveril convertida em música, usando um tempo útil (tempo é dinheiro...) para ouvir uma orquestra ao ar livre, coisa inútil? Afinal, sem crise, com crise ou apesar da crise, as pessoas procuram divertirse, fazer pausas no quotidiano. Muitas vezes, para tentar fugir dos problemas, assumindo uma alienação pouco saudável. Outras, entrando no divertimento industrializado e massificado que, por vezes, deixa de ser divertimento e passa a ser apenas mais uma ocupação forçada do tempo. Mas ele existe, o tempo do divertimento, do lazer, da festa. E levanta tremendos desafios aos cristãos. Quer na forma como se divertem ou usam o tempo livre, quer na forma como propõem a utilização. Que fique claro: não defendo que tenha que haver filmes cristãos, festivais de música cristã ou bares cristãos numa espécie de sociedade “purificada” e alternativa ao que existe. Mas na forma como cada um se situa ou naquilo que se propõe pode ser também traduzida uma identidade. No precioso texto Do Tempo Livre à Libertação do Tempo, do Secreta-

A sagração da primavera

riado Nacional da Pastoral da Cultura (disponível em http://www.snpcultura.org/do_tempo_livre_a_ libertacao_do_ tempo.html), podemos ler que “a democratização, o incremento das propostas culturais de vivência dos tempos livres são aspectos positivos de uma mutação profunda nos modos de vida, consolidando uma consciência do direito ao bem-estar e à qualidade de vida”. Por isso, a sua utilização é um “factor de desenvolvimento e acréscimo que dá vida à vida”. Entre outras ideias importantes para os tempos que correm, o documento diz ainda que “a gratuidade do lúdico mostra uma dimensão existencial que não podemos negligenciar, abre uma

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Diálogo

clareira no utilitarismo habitual com que se pensa o tempo (time is money) e, em consequência, o homem. (...) Pensar o que se faz do tempo é reflectir como se define o homem.” Esta afirmação leva-me a pensar que tive pena ter visto a Igreja abdicar tão prontamente da afirmação de uma outra antropologia que não a que nos pretende vender o homo economicus como única via: perante a ditadura financeira que nos cerca, a atitude deveria ter sido a de dizer a políticos, economistas, comentadores e financeiros que não deveríamos perder salários nem nenhum feriado – nenhum mesmo, civil ou religioso. Para além das razões económicas que outros já sublinharam (trabalhar mais quatro ou cinco dias não resolve o problema do país; a questão não é que os portugueses trabalham pouco...), há outra razão mais funda: a celebração, a festa, introduz um tempo de diferenciação fundamental para a vivência dos afectos, do lúdico, da contemplação. E é isso que nos torna mais pessoas. O discurso da Igreja repete-o incessantemente, teria sido bom tê-lo traduzido numa posição concreta. O tempo livre coloca-nos perante outra questão: ele é hoje um território ocupado em grande parte pelos jovens. E não é preciso fazer grandes esforços para reconhecer a dificuldade de a Igreja chegar aos mais novos – seja pelo discurso, seja por algumas práticas. Na sua Breve História da Alma, o cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício da Cultura, cita Jack Kerouac, em Pela Estrada Fora: “A vida é sagrada e cada momento é precioso.” Esta é uma imagem da cultura juvenil actual, perante a qual a mensagem “eterna” da Igreja deve aceitar pôr-se em causa (por isso, penso que se teria acertado muito mais se, no ano de Guimarães Capital Europeia da Cultura e de Braga Capital Europeia da Juventude, se tivesse escolhido o tema da cultura juvenil para a sessão do Átrio dos Gentios que terá lugar em

Caricatura de Jackson Pollock: alienação?

Guimarães, em Novembro). Jogar a vida. Os afectos, os anseios, as expectativas, o trabalho, o amor, a contemplação, o gratuito. Poder simplesmente olhar o mar, escutar uma música, ler um livro, ver um filme, passear, estar com amigos, beber um café... Na mesma entrevista, o cardeal Ravasi acrescentava: “Os modelos de desenvolvimento deveriam ser de tipo humanístico (...). A religião deve fazer qualquer coisa nesta linha. E também a cultura: impedir que tudo esteja nas mãos da finança, que o primado seja o do poder financeiro e do ter. (...) Henry Miller, descrente e anticristão, autor do Trópico de Câncer, escrevia: ‘A arte, como a religião, não serve para nada a não ser para mostrar o sentido da vida.’ Isto não é pouco.” É mesmo muito.

Do Tempo Livre à Libertação do Tempo

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FOTÓGRAFO

POEMA TEXTO / Inês Ramos FOTO / Dulce Vieira

Vi um mocho sobre o piano. E um gato preto dormindo a teus pés. Vi flores nascerem no chão ao som das notas. Seriam papoilas?

Não te sei o nome, mas pressinto-o. Tens o nome das madrugadasde Maio. Das papoilas vermelhas nos campos de trigo. Um nomecom poucas letras e de vogais abertas.

Não te vejo os dedos, mas pressintoos. O frémito tilintar das notas afasta a Não te leio os pensamentos, mas pressinto-os. Uma saudade dorida, um morte e as angústias para lá da sala. desencontro. A carne rasgada por um E a pauta, inútil, já caiu ao chão. amor perdido. O consolo possível nas Não sei onde estás, mas pressinto-o. teclas do piano. Uma sala ampla, aberta de clarões de luz, longe do ruído da cidade. Longe do Deixaram-me entrar na foto em que tocas. Apenas me disseram: entra e mar poluído. sente. Tua envolvente é límpida, como água. E eu entrei. Fiquei parada, de braços Como o brilho do piano lacado. Como o caídos. Espreitando-te por uma fresta a preto e branco, captada num clic, no branco das teclas de marfim. momento preciso. Não ouço o que tocas, mas pressinto-o. Vem ao meu encontro e entra-me cor- Vi um mocho sobre o piano. E um gato po adentro. Percorre-me as veias até ao preto dormindo a teus pés. coração. Depois de uma ligeira paragem Vi flores nascerem no chão ao som das notas. Seriam papoilas? cardíaca, volto à vida, mais serena. Não te vejo o rosto, mas pressinto-o. Sei-te mulher. Tens os olhosfechados e a testa ligeiramente franzida. Interiorizas a música que te sai da alma e volta a entrar pela pele.

E o piano ganhou vida de repente, tornou-se humano. Criou braços que te envolveram. E juntos partiram para uma qualquer nuvem, deixando-me aqui. De braços caídos. Em silêncio.

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OPINIÃO

A VINHA DO MEU AMIGO TEXTO / Pe. José Júlio Rocha

Sentado no banco de uma estação de comboios da cidade decadente. A estação parece ser mesmo a única coisa que permanece nesta cidade dos homens. Passam por ela as pessoas. Passam demasiado apressadas pela frente do banco onde me sentei. Há outras pessoas, muito mais apressadas, que se sentam ao meu lado, ou noutros bancos. Inúmeros, imensos relógios empurram o tempo para a frente e, por causa dos relógios, o tempo anda mais depressa nas estações do que dentro dos próprios comboios lá estacionados. Partem eles também, os comboios, ao som metálico e ausente da menina suave. Só fica a estação. Há pouco, no quiosque, vi uma revista de cariz filosófico com um estranho nome: NADA. Esse era o título. Quem escreve “nada” podia muito bem não escrever nada. E tratando-se de uma revista de cariz filosófico, adivinho que ela transpire um existencialismo mordaz, um niilismo nervoso, a atender para o mais absoluto dogmatismo. De nada, nada se faz, de modo que, se em vez da revista NADA nada houvesse, nada mudaria. É então que passa por mim um palhaço. Não que tenha uma batata vermelha no nariz, uma cara pintada ou faça pantominas. Palhaço porque é uma pessoa absolutamente normal. Vem a rolar os olhos tristes pelo chão sujo da gare. Uma tristeza imensa pesa-lhe nos ombros lentos e a cara feia, de músico, de pianista com um quê de genial e desesperado. Dá a impressão que acabou de tocar na boda do casamento da mulher que ama desesperadamente. E que tocou com todas as cordas da alma aquela angústia e ela não deu por isso. Ao entardecer, as estações enchem-se dessas histórias. Cada transeunte anónimo carrega histórias que existem precisamente para não serem contadas. E é essa tragédia que nos torna palhaços. À minha frente, por exemplo, um homem, que aparente ter mais vinte anos do que realmente deve ter, envermelhece da cara, e os olhos azuis, sofredores e inocentes, parece que vão chorar sozinhos, sem sequer o dono deles chorar com os olhos. Faz-me lembrar um amigo meu que tinha uma vinha. Cercou-a com uma protecção, construiu-lhe um lagar e amou-a como se ama uma mulher ou um filho. Na estação dos frutos, ela só produziu abrolhos. Que fez o meu amigo? Ele não sabe senão amar a sua vinha. Declarou-se a si mesmo ofendido, mas percebeu, há milhares de anos, que amar é deixar partir. O homem com os velhos olhos azuis acabou de olhar para mim vai contarme pelo menos uma das suas histórias. Mas os relógios da estação empurram o tempo para a frente. 11 junho 2012 / 25


PARTIDAS

Rock in Rio, 3 de Junho TEXTO / Pe. Teodoro Medeiros

Vamos começar pelas observações negativas; o «evento» apresenta muitas barracas e diversões e tendas e «experiências». Tudo isso é bom; o que se critica aqui é a “overdose” de publicidade e a mistura de diversão com actividades que são lucrativas. É uma perspectiva pessoal, claro. Mas não gosto que usem os momentos em que me estou a divertir para me venderem seja o que for: por acaso não sei onde ficam as lojas? Outro caso discutível é a localização das casas de banho: se a maior parte de oitenta mil pessoas se concentra num certo ponto, porque razão são localizadas num ponto mais deserto? Talvez seja maneira de fazer circular as pessoas e fê-lo, mas a muitos de má von-

tade, ora essa. Prémio do «quilómetro antes da mijinha» 2012. As positivas. E são bastantes: concertos, alguns, de nomes raros em Portugal, a que se pode assistir e participar num ambiente festivo e descontraído. Um acontecimento marcado por gerações dos mais novos que se preparam para o que vão ouvir memorizando letras de canções. E, depois, é vê-los a acompanhar, a plenos pulmões, as versões ao vivo no concerto. E isso é que é concerto; ouvir em silêncio faz-se em casa na sala. Kaiser Chiefs. Música rock de batida ligeira e refrões arrastados ou por um oh ou por um ah. Música juvenil, a despejar versos solenes tipo «só preciso saber que tipo de rapariga és» ou «não acredito que estou este longe de casa». Vai demorar um mês a destrinçar tudo isto! Ironias à parte, o vocalista esforçou-se e até protagonizou o momento mais insólito da noite musical; sobrevoou a multidão na corda do slide em pleno concerto e sem parar de cantar! Os James debitaram, em chave de profissionalismo absoluto, a sua colecção de êxitos FM adaptados a todos os ouvidos. Os James não têm nenhuma canção muito má mas também não têm nenhuma muito boa: Tim Booth parecia interessado em envolver todos e a sua entrega pareceu dar

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resultados. Nada de novo a dizer sobre Xutos (estão a ficar muito pesados?). Bruce Springsteen apresentou a sua versão da crise (ladrões que comeram tudo o que encontraram e cujos crimes ficam por julgar caminham pelas ruas como homens livres). Também passou com distinção o exame na categoria de animal de palco: vê-lo «provocar» o público com os desmaios fingidos e as poses cómicas ao final é suficiente para nota máxima. No contexto próximo, foi slide sem precisar de corda.

o que se critica aqui é a “overdose” de publicidade e a mistura de diversão com actividades que são lucrativas

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FEVEREIRO

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21 28 22 — 23 — 24 — 25 — 26 — 27 —

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MAIO

9 16 23 30 2 3 10 17 24 31 4 11 18 25 — 5 12 19 26 — 6 13 20 27 — 7 14 21 28 — 8 15 22 29 —

AGOSTO

8 F 1 9 16 2 3 10 17 4 11 18 5 12 19 6 13 20 7 14 21

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NOVEMBRO

7 14 21 28 S — 8 15 22 29 T F 9 16 23 30 Q 2 Q 3 10 17 24 — S 4 11 18 25 — S 5 12 19 26 — D 6 13 20 27 —

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MARÇO

7 14 S — T 1 E 15 9 16 Q 2 Q 3 10 17 S 4 11 18 S 5 12 19 D 6 13 20

21 28 22 29 23 30 24 31 25 — 26 — 27 —

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JUNHO

6 R 20 27 — S — 7 14 21 28 — T — 8 15 22 29 — Q 1 9 16 F 30 — Q 2 S 3 F 17 24 — — S 4 11 18 25 — — D 5 12 19 26 — —

SETEMBRO

5 12 S — 6 13 T — 7 14 Q — 8 15 Q 1 9 16 S 2 S 3 10 17 D 4 11 18

19 26 — 20 27 — 21 28 — 22 29 — 23 30 — 24 — — 25 — —

DEZEMBRO

5 12 19 26 — S — 6 13 20 27 — T — 7 14 21 28 — Q — Q F F 15 22 29 — 9 16 23 30 — S 2 S 3 10 17 24 31 — D 4 11 18 N — —

Desejamos Boas Festas e um Feliz Ano Novo

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PARTIDAS


ÓCIOS / OPINIÃO ENTRETENIMENTO / OPINIÃO

“O cavalo, como toda a gente sabe, é a parte mais importante do cavaleiro.”

“Citação e/ou frase aqui.” Jean Giraudoux CARTOON

F. S. QUESTIONÁRIO

O A ESPÍRIMAÇONARIA TO SANTO INFLUDEVE SER ENCIA A PATRIMÓNIO POLÍTICA DA HUMANIPORTUGUESA? DADE? SIM SIM NÃO NÃO

ONLINE

AS MAIS VISTAS

Adverte Pe Francisco Dolores - OS IMPÉRIOS DO Título Aqui ESPÍRITO SANTO NÃO TÊM LUGAR PARA VAIDADES

79,72% 20,28%

Figura da colecção Jogos Olímpicos 2012

I am a fan of

LEGOS TEXTO / Frederica Lourenço

Sou absolutamente fã de legos desde que me lembro. Das infinitas possibilidades que aquelas peças minúsculas nos dão, de as podermos encaixar conforme “nos dá na telha” e de construir a mais inusitada das figuras, casas, tudo o que a nossa

De 2012 Título Aqui SANJOANINAS LANÇAM PROGRAMA FINAL

imaginação nos disser para fazer. E, no final, desfazer tudo e começar de novo. Nunca gostei particularmente de seguir as regras impostas dos modelos pré-concebidos; fazia-me sempre lembrar aqueles bairros americanos demasiado perfeitos e demasiado impessoais que víamos nos filmes. Não. Uma construção como deve ser tem de ser original, sem seguir padrões estéticos socialmente impostos. Acho que a lego fez muito por mim, à medida que fui crescendo, já que me ajudou a desenvolver o conceito estético que tenho, entre outras coisas. Permitia-nos criar cidades inteiras, absolutamente utópicas, nas quais éramos reis e senhores e onde nós e apenas nós decidíamos quem morava com quem, quem casava com quem, quem fazia o quê. Quando um personagem nos chateava muito, desfazíamos a casa e pronto, construíamos uma vida nova. A LEGO nasceu em 1932, quando Ole Kirk Christiansen, uma carpinteiro dinamarquês, quase entrou em falência. Durante a depressão, ele perdeu tanto trabalho de carpintaria que viu como única solução para não perder o negócio o fabrico de brinquedos em madeira. Dois anos depois, baptizou a empresa com o nome LEGO (do dinamarquês “leg dogt” que significa “jogar bem”. Curiosamente, lego também signifiga “eu pus junto”, em Latim.”). Hoje em dia é uma das marcas de brinquedos mais consagradas do mundo, e não há jogo virtual que a substitua. Percebe-se porquê.

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CULTURA

LER AO SOL O serviço de empréstimo domiciliário da Biblioteca Pública de Angra do Heroísmo apresenta as seguintes novidades:

NOVIDADES “Saudades do céu” de Gaspar Frutuoso; “O rochedo que chorou” de João Pedro Porto; “Quatro loiras” de Candace Bushnell; “Platero e eu” de Juan Rámon Jiménez; “Guia prá-

BIBLIOTECA DE ANGRA tico das urgências familiares” de Anne Geoffroy; “O círculo de Megido” de Nathalie Rheims; “Geração blogue” de Giuseppe Granieri; “O último livro” de Zoran Zivkovic “Peregrinação de Enmanuel Jhesus” de Pedro Rosa Mendes e “Manual de competências pessoais, interpessoais e instrumentais: teoria e prática” de José Gonçalves das Neves, Margarida Garrido e Eduardo Simões.

MANUEL d’olivares É inaugurada a 15 de Junho a exposição de pintura “Vôo Às Memórias” de Manuel D’Olivares patente no Foyer do Centro Cultural de Angra do Heroísmo. Esta mostra remete-nos a recordações que Manuel d’Olivares tem da sua infância e parte da juventude vividas na Terceira e o voo que o artista faz entre Barcelona e Paris, onde vive e trabalha. As obras desta exposição, na linguagem plástica deste artista fortemente inspirado pela realidade urbana, pinturas sobre tela simulando cartazes publicitários sobrepostos, rasgados e deteriorados pelo tempo, trazem-nos recordações de tradições e cultura da nossa terra, algumas que já figuram apenas na nossa memória. Manuel D’Olivares expõe as suas obras com regularidade onde se destacam, em 2009 a individual “Retalls de Ciutat”, Barcelona, e em 2010 na Galeria JN ART em Paris. É co-autor do projecto de música e pintura “Meteorologia para Piano – duplicidade e cumplicidade”. 11 junho 2012 / 29

“José e Pilar” é o filme de Junho do ciclo “Amostrame Cinema Português”, a exibir no pequeno auditório do Centro Cultural de Angra do Heroísmo, dia 13 de Junho, pelas 21H00. Da autoria de Miguel Gonçalves Mendes, o documentário reflecte sobre a relação de José Saramago e Pilar del Rio tendo como ponto de partida “A Viagem do Elefante”, livro onde Saramago relata a viagem de um paquiderme desde a corte de D.João III até à Áustria. Ao longo de 125 minutos o filme mostra o dia a dia do casal em Lanzarote e Lisboa, na sua casa e em viagem, debruçando-se sobre o processo criativo do escritor e a “luta” dos dois na defesa da sua visão de um mundo melhor. “José e Pilar” mostra uma Saramago desconhecido do grande público, desfaz alguns mitos e prova que o génio e simplicidade são compatíveis, num olhar sobre um dos maiores escritores do século XX e onde, como diz o próprio, “se prova que tudo pode ser contado de outra maneira”. Uma organização da Associação Burra de Milho.


CULTURA

RUMPISTOL TEXTO / Adriana Ávila

Jens Berents Christianse, nascido em 1978, dá vida ao projeto Rumpistol. O seu legado enquanto músico compreende-se entre conjugações de música pop e experimental, deixando sempre um traço característico. As suas influencias são sobretudo o dub, click-hop e o downbeat. Com uma discografia homónima iniciada em 2003 pela Rump Records, lança este ano o seu quarto albúm intitulado “Floating”, que conta com a colaboração do vocalista de Los Angeles

RED BARON - FLOATING Red Baron. Este disco transmite um paralelismo entre dois mundos com temperaturas muito antagónicas, transformando-se numa união entre o destino quente do “sonho americano” e a capital fria da Dinamarca.

ESCREVARTE A terceira edição do workshop Escrevarte tem lugar a 23 de Junho, das 10H00 às 13H00 e das 14H30 às 17H30, na Academia das Artes, em S. Miguel. A cargo de patrícia Carreiro, os textos literários produzidos nesta edição serão baseados na exposição “Gente da minha Terra”, de Margarida Faria.

TEATRO NA RIBEIRINHA O Roteiro Cultural pelas Freguesias de Angra do Heroísmo tem paragem na Casa da Lata, Ribeirinha, a 16 de Junho, com a apresentação da peça “ A Varanda” da autoria de Jean Genet, levada a cabo pelo Grupo de Teatro A Sala. Com encenação de Luís Carvalho, a peça conta a história de um bordel dirigido por Irma, onde as Altas Dignidades, bispo, juiz, general e Chanceler, entre outras, decidem os destinos de uma nação. Entrada livre, com o espectáculo marcado para as 21H00.

Azure com programa

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A sexta edição do festival Azure, que decorre de 30 de Agosto a 1 de Setembro na Zona de Lazer de S. Brás, vai apresentar pela primeira vez músicos oriundos de quatro países. Os portugueses Amor Electro, o cabo-verdiano Dany Silva, o DJ alemão Lopazz e os californianos Skywalker 1nine são os cabeças de cartaz do festival, que também inclui actuações de Beatbombers, Miguel Rendeiro, Fitacola, Ganeisha e Noleaf, além dos DJ Ride e Raquel e de bandas regionais.


OPINIÃO / AGENDA

PASSING CLOUD TEXTO / Rildo Calado

Imagine poder embarcar numa nuvem gigante, e viajar sem rumo pelos céus. Trata-se de um balão com estrutura em aço coberta com mantas de nylon branco que simulam uma nuvem real. Sem qualquer mecanismo de direccionamento, a Passing Cloud levarnos-ia literalmente ao sabor do vento. Assim

sendo, os passageiros jamais saberiam o seu destino. Utópico? Talvez, mas a verdade é que o autor deste projecto acaba de ganhar o prémio Condé Nast Traveller Innovation & Design Awards 2012, na categoria Aviação com ele. Chama-se Tiago Barros, é arquitecto e é português. A “Passing Cloud” seria o meio de transporte mais ecológico de sempre, tendo sido o termo sustentabilidade a palavra de ordem para a concepção deste projecto. Tiago acha “necessário propormos novos conceitos de transporte, sustentáveis, que melhorem a qualidade de cada viagem e minimizem custos e impacto na Natureza, que está cada vez mais frágil” www.tiagobarros.eu/

HEADLINE TORNEIO DE HERE S. JOÃO Lores O Pavilhão aut quidebis Municipal dis nitatem de Angra et que do pel ime Heroísmo nosseserá palco quam, officae no dia cesecto 23 deetum Junhorae do quibus Torneioacesto de S. João, uma quaspiet faccum organização iligenimi,da sam Associação et, quidebitis de antia Judo

TITLE HERE dolorestibus consequate int entus quo doluptiatus dolo earum rem arum volora vita da Terceira. arum reictissi utatae.a Esta prova encerra Et aboreroparte cone etur, primeira descuptatem comportiva da que época de moluptas quiae et, ve2012, nos escalões liqui accusam (até facculp de Benjamins 10

JUDO

TITLE 23 DE HERE JUNHO ariorum vel il es core(12 quistib anos), Infantis (11volor anos),simus, Iniciados anos)eribus e Juvoluptis earum vendae cum exerum arum quiant. venis (13/14 anos). Ehendit, verovitio. ut incid inullor O torneiosinto decorre entreUt asest, 10H00 e asquas 13H00. estiusa picaboremque nonsed quibearum que est, quiasped eos auditem poreptas doloriti omnimporiate invellaut expediciis quias mos sam alite quid quas ella Lit et qui debis magnates dolupta erfe

11 junho 07 maio 2012 2012 // 31 31

Xeratem quost autemos dipsam ut imagnam, offic totatur? Quiditam alia iducidentia sitias millupis et omO Auditório do nim ex enis as eost Ramo Grande na eosaperda ibeaquo Praia Vitória ma del ipis dolor ad recebe a 16 de Jueument, con cornho, a partir das ectatiam dolorese 20H30, o VI Festipratiant quam que val da Canção Involo molorro ex fantil Sol Menor. et vit qui ditessunCom entrada gradi unte ella nate tuita, o público ponobitatem derá assistir àsquis acquossimodia quis tuações de quinze delisci psapedi 15 crianças, entre beritem ilit quis inos 8 e os 12 anos, venis consequ unoriundas de diverdignam aut most, sas freguesia da cum fugition eium Terceira. eratur ipsamus O IV res Festival da eatum etur sapitat Canção Infantil iaecaep udaera“Sol Menor” é ortiatur aditatis noganizado pela Câbitib usante qui as mara Municipal da rersperae latis ex Praia da Vitória e exerae. Ipicipitium pela Praia Cultuque et, quatur res ral.



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