Jefferson e Janaína
A G O S T O / 2 0 2 1 dist rib uiç ão gr at uita em v ir acopos
Rueda É no sítio do casal, em São José do Rio Pardo, que nasce a alta gastronomia servida na Casa do Porco e no Bar da Dona Onça
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Sumário
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AG OSTO 2 02 1
11 Hora Campinas
# 1 3 9/1 3 AGOSTO 2 02 1
Hotel Villa Rossa, em São Roque, é destino privativo em meio a muito verde
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@revista29horas @29horas Publisher Pedro Barbastefano Júnior Conselho editorial Chantal Brissac, Clóvis Cordeiro, Didú Russo, Georges Henri Foz, Kike Martins da Costa, Luiz Toledo, Paula Calçade e Pedro Barbastefano Júnior redação Paula Calçade (editora de redação); Kike Martins da Costa (editor contribuinte); Rose Oseki (editora de arte), Helena Cardoso (estagiária) Colaboradores André Hellmeister, Chantal Brissac, Didú Russo, Fernanda Meneguetti, Georges Henri Foz, Greg Estrada, Juliana Simões, Luiz Toledo, Patricia Palumbo, Procoletivo, Tecla Music Agency P U B L I CI DADE CO M E RCI AL comercial@29horas.com.br equiPe: Rafael Bove (rafael.bove@29horas. com.br), Angela Saito (angela.saito@29horas. com.br) Gerente reGional Giovanna Barbastefano (giovanna.barbastefano@29horas.com.br) CaMPinas – Marilia Perez (marilia@ imediataonline.com.br), Mariana Perez (mariana@imediataonline.com.br)
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2 9 HO RAS é uma publicação da MPC11 Publicidade Ltda.
Vozes da cidade
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Lugares com bons pratos e drinques em Campinas
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17 Agora é agro
Aumentar a produtividade no campo é produzir mais consumindo menos água
A TIRAGEM E DISTRIBUIÇÃO DESTA EDIÇÃO SÃO AUDITADAS PELA BDO.
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A alta gastronomia com toque caipira de Jefferson e Janaína Rueda
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Jornalista resPonsável Paula Calçade MTB 88.231/SP
FOTO MARIA VRAGAS
rio de Janeiro – Rogerio Ponce de Leon (rogerio.leon@viccomunicacao.com.br)
Foto da capa: RicardoD'Angelo | Prazeres da Mesa
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O berço caipira da mais alta gastronomia É EM UM SÍTIO EM SÃO JOSÉ DO RIO PARDO QUE COMEÇA O TRABALHO DE JANAÍNA E JEFFERSON RUEDA, QUE CONQUISTAM OS PALADARES MAIS EXIGENTES COM SUAS CRIAÇÕES NA CASA DO PORCO E NO BAR DA DONA ONÇA
POR
FERNANDA MENEGUETTI
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ÃO, NINGUÉM PASSOU ILESO PELA PANDEMIA. Jefferson Rueda, o homem por trás do melhor restaurante do país, vulgo A Casa do Porco, teve um burnout, palavra de ares chiquetosos e efeitos nefastos que nomeia a síndrome psíquica provocada pela exaustão profissional extrema. Palavra que sintetizou andanças sem rumo, olhares para o nada, silêncios empedrados e a certeza de que não havia saída. Janaína Rueda, a mulher à frente, por trás e ao lado desse homem, soltou as garras como nunca. Mais do que manter a soberania da tal Casa, permitiu que do restaurante brotasse uma horta, um frigorífico prestes a abrir as portas, uma padaria na mesma situação, um restaurante-escola e um reality show a ser gravado pelo Sabor & Arte (canal de TV por assinatura sobre culinária recém-lançado pelo Grupo Band), entre mais um bocado de coisa. Lockdowns, mais de uma centena de colaboradores, inexistência de delivery, mãe com câncer, filhos adolescente e pré-adolescente 100% do tempo em casa. Nenhuma armadilha paralisou a felina chefona. Nem seu Bar da Dona Onça, nem o Hot Pork, nem a Sorveteria do Centro. E nenhuma decisão foi mais afiada do que a de comprar um sítio no interior paulista e convertê-lo no cenário mais fértil da gastronomia nacional.
FOTO FERNANDA MENEGUETTI
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Vida Caipira Já quase se confundindo com Minas Gerais, São José do Rio Pardo abraça Cerrado e Mata Atlântica, tem a estátua que substituirá o Cristo Redentor carioca em caso de uma tragédia, tem onça-parda e lobo-guará. Bem ali, em um casebre às margens do rio, Euclydes da Cunha refugiou-se três anos para escrever “Os Sertões”. Em outro casebre pertinho dali, há um ano Janaína Rueda prepara licores, enquanto entre ruínas de casarão, galinheiro, horta e floresta intocada, Jefferson planta e colhe. Ingredientes e ideias orgânicos. A vizinhança é velha conhecida de Jeffim, em contrapartida, o grande laboratório a céu aberto é pura novidade, mesmo para um filho daquelas terras: “O sítio estava abandonado, era só mato. Aí você vai descobrindo que tinha uma casa aqui, uma hortinha ali, uma cozinha sem teto no meio do nada. Começa a plantar girassol para reciclar os nutrientes do solo e ver a vocação da terra. Cultive ervas para não precisar ir à farmácia. Aí já começa: vem lagarta, vem passarinho, aí vem bicho que come passarinho. Aí você compra umas galinhas, porque galinha come tudo o que aparece, mas já vem um mais esperto querendo pegar a galinha. Na roça é assim, tudo tem um sócio”, conta o chef. Às vezes, o sócio mora sob o mesmo teto. Baunilha, um dos quatro cães do lugar, não resiste a uma penosa: “Ela já matou umas vinte, quase acabou com as galinhas d’angola. Minha mãe queria dar a cachorra, a Janaína finge que quer se livrar, mas sabe que a cachorra é um bebê e que tem espírito caçador”, confessa. E, como pai coruja diante do filho que faz arte, o sorriso sai largo. O cotidiano do Sítio Rueda é essa mistura de comédia da vida privada,
“
Aqui os porcos vivem pelo menos um ano, e não apenas quatro meses, como na suinocultura ‘industrial’. Assim é mais ‘humano’. A carne pode não ser tão macia e branca quanto a de um leitão, mas tem personalidade, mostra que eles tiveram uma vida boa. E eu preciso honrar isso, né?
”
bastante trabalho e muita comida, embalado pela Rádio Imprensa FM, de Vargem Grande Sul, e por todo tipo de música popular brasileira. Logo cedo, Seu Zé, pai do chef e vizinho prestativo, faz uma ronda. Passa pelo galinheiro para fazer a contabilidade das aves e recolher os ovos, checa se não há nada para ser reparado e toma um café na mesa sempre posta. Pode ter suco do que houver no pomar ou geleia do que já houve, vai ter pão de queijo com um queijo curado por ali, presunto caseiro e um bolo, quiçá feito por sua esposa, dona Carminha, que, mais do que ninguém, adoça o sítio com fornadas de biscoitinhos, bolos e pudins. Janaína já vai estar preocupada com o almoço, com as aulas dos filhos, com a enxurrada de mensagens nas redes sociais, com o noticiário. Mas não abrirá mão de compartilhar uma xícara com o sogro, nem de saber o que ele viu de novo, muito menos de inquirir o
marido sobre os planos do dia. Há que ver se tem tomate para ser apanhado, pegar um pouco de couve, checar se sobrou um quiabinho. Já está na hora de abrir mais canteiros, mas também é preciso passar para ver os porcos. Afinal, embora o rancho Rueda ainda não tenha seus próprios chiqueiros, eles estão na gênese de tamanha metamorfose. Protagonistas dos banquetes servidos no Centro de São Paulo, piaus, canastras, carunchos e pirapitingas passam a vida no Sítio São Francisco, sob o zelo de José Luís Bertoletti. Impressiona o silêncio e o asseio dos suínos. Pretos, marrons, malhados, eles são livres para se espalharem pelos gramados, entre raízes de árvores e, quando o sol escalda, para rolarem na lama. “O Zé Luís tem olho para saber que porca vai ser boa mãe, que porco não está bem, conversa com eles. Tudo parece ser tão fácil... Por isso que eu digo: para fazer cozinha brasileira tem que amar o seu principal ingrediente e conhecer cada passo desse chão, conhecer a criação”, pontua o cozinheiro. Jefferson conhece e se envolve nela: distribui carinho quando passa por ali, sabe quantas toneladas de cenoura e beterraba precisam vir do hortifruti e quantos milhares de litros de soro de leite, vindos de um outro vizinho, o Queijos Roni, alimentam diariamente os mais de mil animais. É quase o mesmo número consumido a cada ano em seu restaurante: 1.200 porcos. Do focinho ao rabicó, nada é desperdiçado. “Eles vivem pelo menos um ano, porque é mais sustentável e mais ‘humano’. A carne pode não ser tão maciazinha e branquinha quanto a de leitão, mas tem personalidade, mostra que eles tiveram uma vida boa. E eu preciso honrar isso, né?”
FOTO LUIS FERNANDO POURRAT | DIVULGAÇÃO
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FOTO MAURO HOLANDA | DIVULGAÇÃO
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Quitutes servidos no menu Da Roça para o Centro, servido no restaurante A Casa Do Porco
Na volta para a casa, dá sempre tempo de fazer um pit stop no Bar do Carlão, em São Sebastião da Grama. Torresmo, limão caipira e cerveja podem atrasar e diminuir o apetite para o almoço, o que Janaína tenta, em vão, evitar: “Jeffinho, é sério que você se encheu de torresmo? Eu fiz feijoada”. Ela arregala os olhões azuis, menos bravos do que ela gostaria que parecessem. Se em qualquer família feijoada é sinônimo de festa, na vida dos Ruedas ela não faz cerimônia, aparece assim, sem mais nem por que, talvez por sua própria alma festeira ou por ser o prato preferido da matriarca. A menina urbana deixou-se cativar pelo novo habitat: “Cresci no morro da Vai-Vai, tenho medo de cobra, gosto de gente. Sou da boêmia, de ir dormir às cinco da manhã, e não de acordar a essa hora. Aí vêm a vida e os ensinamentos. E você vê o privilégio que é poder plantar, trabalhar, conversar, colher e cozinhar no lugar mais lindo para mim e, se Deus quiser, permitir que qualquer cozinheiro do Brasil ou do mundo possa ter essa mesma vivência.” Além de roteirizar o que será a Escola Rueda, em menos de um ano,
Jana apagou incêndio não no sentido figurado, viu o renascimento do marido, debulhou muito milho, catou amora e caqui, depenou galinha para reproduzir em casa a célebre galinhada que é um dos carros-chefes de seu Bar da Dona Onça e se deu ao direito de observar as garças no fim do dia. Por essas e por outras, naquele clã não há feijoada que comprometa o arado da tarde ou os planos para o jantar, pois, às margens do Rio Pardo, mesmo que a agenda tenha mais tarefas do que o dia dá conta, tem leveza. Quando dá, tem pescaria de lambari também. Tem propósito por trás dos gestos.
Da Roça para o Centro Os 250 km que separam São José de São Paulo podem ser feitos e refeitos em um mesmo dia. O casal Rueda é capaz de madrugar para colher brotos e flores, levar tudo para a Praça da República, servir almoço e jantar e refazer o caminho da roça. A bem dizer, Jefferson é afeito às caminhadas, especialmente depois de ter pisado os 380 km que separam sua
São José de Aparecida do Norte. “Você vai sem nada, vai com bolha. Só vai. Você se transforma”, diz. O chamado “Caminho da Fé” poderia metaforizar a trajetória do chef na cozinha: estabelecer-se numa zona pouco glamourosa, celebrar uma proteína famigerada, conquistar o posto de 4º melhor restaurante da América Latina, produzir organicamente a maior parte de seus próprios insumos. A marcha da Casa do Porco é um pouco como a de enfrentar tempestade sem guarda-chuva, a de ter o pé em carne viva e seguir. Tem o passo a passo do criar, do plantar, do colher, do cozinhar e do democratizar – o que significa servir menus degustação a menos de US$ 35, acolher vegetarianos e veganos e também colocar em prática uma escola de alta cozinha caipira popular brasileira. No campo ou no coração da metrópole, as andanças dos Ruedas são e serão sempre sala de aula, porque servem de lição e alimentam os sonhos – de serem autossustentáveis, de colocarem a roça no mapa da gastronomia mundial, de fazerem cada vez mais pessoas felizes à mesa.
hora
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Retomada consolidada
CAMPINAS
O MELHOR DA REGIÃO
AEROPORTO O Aeroporto Internacional de Viracopos registrou alta de 42% na movimentação de passageiros no primeiro semestre de 2021, em relação ao mesmo período do ano passado. O resultado indica a consolidação da retomada de embarques e desembarques no aeroporto. Nos seis primeiros meses do ano, passaram pelo terminal de passageiros mais de 4 milhões de pessoas. Além da vacinação dos funcionários, Viracopos recebeu, no final de 2020, o certificado internacional de segurança em saúde pelo Airport Health Accreditation (Programa de Acreditação de Saúde Aeroportuária) do Airports Council International (ACI).
HO RA CAMP INAS
H O S P E DAG E M
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Mil e uma possibilidades na Mata Atlântica Hotel Villa Rossa é destino de esportes ao ar livre, descanso em acomodações espaçosas e eventos corporativos em meio a muito verde
POR PAULA CALÇADE
A APENAS 40 MINUTOS DE SÃO PAULO e uma hora
e meia de Campinas, o Hotel Villa Rossa, em São Roque, tem arquitetura inspirada em vilas italianas, e garante esportes ao ar livre e relaxamento em acomodações privativas. Em meio a 350 mil m2 de Mata Atlântica, o local contou com uma consultoria da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein para controle dos protocolos sanitários. O Villa Rossa oferece hospedagens em apartamentos de até 70 m2, mas o descanso mais charmoso fica na Villa dos Lofts, que possui 18 acomodações desse tipo. Os Lofts de 110 m2 contam com lareira, piscina privativa e recebem até cinco pessoas. Por ali, é possível fazer as refeições no restaurante à la carte Siracusa, de gastronomia internacional. Fora da Villa, o hotel ainda disponibiliza outros cinco restaurantes, com buffet incluso na diária, além de três bares com adega climatizada. Entre as opções de esportes e lazer ao ar livre, há caiaque, tirolesa, parede de escalada, campo de golfe, quadras de tênis e poliesportiva, campos de futebol e piscinas. Academia, spa e saunas completam as possibilidades de descompressão do estresse no hotel. Para aqueles que planejam reuniões e encontros corporativos em breve, o local ainda tem seis salões, oito salas de apoio e o Anfiteatro Paulo Autran – um Auditório para 212 pessoas –, com uma equipe profissional do hotel à disposição para eventos, em 3.200 m2 destinados aos negócios no Villa Rossa. HOTEL VILLA ROSSA
Rua Cora Coralina, 350 - Vila Darcy Penteado, São Roque – SP Diárias nos apartamentos a partir de R$ 800,00 Diárias nos lofts a partir de R$ 2.000,00
Piscina, loft, passeio de caiaque e vista aérea do hotel Villa Rossa, em São Roque
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Fernanda Raucci na plantação de café em sua Fazenda Terra Preta A G R I C U LT U R A
De Pedregulho para o mundo A Fazenda Terra Preta se destaca por seu café de origem, que conquista prêmios e é reconhecido no exterior POR CHANTAL BRISSAC
PARA FERNANDA SILVEIRA MACIEL RAUCCI, o café não é apenas uma bebida incrível, com seu aroma e sabor inigualáveis. O café é a história de suas raízes. Seu pai e seu avô paterno eram cafeicultores; seu avô materno, comerciante de café; e o bisavô materno corretor de café no Brasil e na Europa. Proprietária da Fazenda Terra Preta, parte remanescente de uma centenária fazenda de café situada em Pedregulho, na região da Alta Mogiana paulista, ela vê com orgulho a quarta geração, com seus filhos Felipe e Regina, dar continuidade a esse forte vínculo familiar com o grão. “O café corre nas minhas veias, é meu projeto de vida”, diz Fernanda, que começou a tocar a fazenda em 1990, quando eram raras as mulheres produtoras na região. “Hoje queremos aumentar a presença feminina em todos os processos do negócio, por isso criamos o grupo Cerejas do Café, que une cafeicultoras de São Paulo e Minas Gerais.” O café Terra Preta foi destaque no concurso Florada Premiada, da marca Três Corações, focado nas cafeicultoras; conquistou o título máximo no Concurso Nacional de Cafés da ABIC; e a classificação no Cup of Excellence de 2016 e
2017. Fernanda exporta o café verde, sem torrefação, e o produto industrializado para China, Estados Unidos, Espanha e Reino Unido. Levemente frutado, com sabor caramelo e corpo licoroso, o Terra Preta está na categoria dos cafés especiais, determinados por características sensoriais. Livres de defeitos e com pontuação acima de 80 em uma escala de 0 a 100, os especiais têm torra mais clara e sabores e aromas distintos. Fernanda explica que o café tradicional acaba sendo mais escuro porque é excessivamente torrado para esconder impurezas como grãos brocados e fragmentos. Durante a pandemia, ela se surpreendeu com o alto consumo do café especial, o nicho que mais cresceu nesse período: “Mais em casa, as pessoas começaram a experimentar cafés diferenciados e aprender sobre métodos de preparo.” Preocupada com a sustentabilidade, a fazenda alia novas tecnologias agrícolas ao respeito e cuidado com o meio ambiente, e tem vários certificados, como o Rainforest Alliance. “Trabalhamos com dedicação para oferecer nossos melhores grãos. Na torrefação, o mestre é meu filho Felipe, que conhece como ninguém cada característica, cada detalhe dos cafés, do plantio à xícara”, diz Fernanda, apaixonada por essa bebida.
HO RA CAMP INAS
FOTO ROSANETUR | FLICKR
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PA S S E I O
Cores do campo Inspirado nos jardins europeus, lavandário do interior de São Paulo atrai turistas com paisagem cheia de romantismo
POR HELENA CARDOSO
FAMOSOS NA REGIÃO DA PROVENÇA, no sudeste da França, os campos de lavanda não são exclusividade do visual europeu. Tapetes naturais igualmente charmosos podem ser apreciados no interior paulista, a pouco mais de 300 km da cidade de Campinas. Localizado no município de Cunha, o Lavandário ostenta uma paisagem repleta de romantismo e elegância, ideal para passeios de inverno. São mais de 40 mil pés de lavanda situados em uma região montanhosa com vista privilegiada para a Serra do Mar. O panorama é de encher os olhos: as cores vibrantes das plantações, que variam do lilás ao azul dependendo do ângulo e da intensidade da luz solar ao longo do dia, se misturam ao perfume singular das pétalas, proporcionando uma experiência sensorial marcante. O cenário sublime e altamente instagramável atrai turistas sobretudo no final da tarde, para acompanhar o
pôr-do-sol entre as montanhas floridas. Nesse horário, os campos viram prato cheio para selfies e ensaios fotográficos – esses devem ser agendados com antecedência pelo site. Não é permitido realizar piqueniques no gramado, mas o público pode fazer uma boquinha no simpático café que compõe o visual bucólico. No cardápio, delícias gastronômicas preparadas com lavanda despertam o apetite e a curiosidade. As flores são as protagonistas do estabelecimento até nos cupcakes, sorvetes e chás produzidos por lá. Já para aqueles que estão em busca de momentos de bem-estar, é possível reservar previamente um horário no spa do Lavandário. Por um valor adicional, os visitantes têm acesso a sessões de massoterapia com óleos essenciais extraídos e destilados no local. Os preços variam de R$ 60 a R$
220 para sessões entre 20 e 45 minutos. Para quem deseja levar um pouco dessa experiência relaxante para casa, na lojinha desse refúgio estão à venda sabonetes, cremes, colônias com fragrância de lavanda, além de peças de cerâmica e bolsas com estampas florais. Esse oásis roxo fica aberto para visitação de quinta a domingo, das 10h às 16h30, e os serviços encerram com o pôr-do-sol. Visitas particulares em carros de passeio não necessitam de agendamento prévio. Os ingressos individuais custam R$ 15 e devem ser obtidos diretamente na portaria. Idosos têm direito a meia-entrada e crianças com até 12 anos de idade não pagam ingresso. Rodovia SP-171, Km 54,7 Bairro Boa Vista, Cunha (SP) www.lavandario.com.br
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Ao lado, ilustração do cartaz do Salão do Humor, desenhado por Silvano Mello. Acima, Leandro Hassum, um dos jurados deste ano
HUMOR
Piracicaba vive
dias de ‘capital do riso’
Tradicional Salão de Humor, que reúne artistas do mundo todo na cidade, realiza sua 48ª edição, que será online por causa da pandemia
POR KIKE MARTINS DA COSTA
ENTRE OS DIAS 21 de agosto e 31 de outubro acontece a 48ª edição do Salão de Humor de Piracicaba, que tradicionalmente conta com a participação de cartunistas e chargistas do mundo todo. Em 2017, por exemplo, o concurso recebeu 2.985 inscrições de 560 artistas originários de 57 países diferentes. Por causa da pandemia, em 2021 o evento será online pelo segundo ano consecutivo. “O salão nasceu em meio à repressão, durante a Ditadura Militar, e resistiu por 47 anos. Não é uma pandemia que vai impedir sua realização”, afirma Erasmo Spadotto, diretor do salão e do Centro de Documentação, Pesquisa e Divulgação do
Humor (Cedhu). “Ao mesmo tempo que existe o distanciamento físico dos artistas, o acesso virtual proporciona uma grande aproximação para quem nunca pôde estar presente”, completa. O cartaz da 48ª edição do salão foi criado pelo cartunista Silvano Mello, de 47 anos, natural de Jaboticatubas, em Minas Gerais. Ele fez um desenho que, de certa forma, conta a história de 2021. Quem observar esse cartaz imediatamente reconhecerá vários acontecimentos desse ano diferentão. O desafio do evento é arrancar um sorriso das pessoas nesse momento tão delicado que o mundo inteiro enfrenta. Já que a orientação das autoridades é “fique em casa”, o salão se propõe
a levar virtualmente um pouco de humor até cada pessoa, pelo seu smartphone ou pelo seu computador. Os trabalhos selecionados podem ser visualizados no site salaointernacionaldehumor.com.br. O salão oferece cinco prêmios, nas categorias Charge, Cartum, Caricatura, Tiras/HQs e Tema Especial – que este ano é a Olimpíada. Os humoristas Marcelo Madureira (ex-“Casseta & Planeta”) e Leandro Hassum (ex-“Caras de Pau”) vão compor o júri, ao lado de desenhistas, ilustradores, criadores de memes, quadrinistas e editores. Conhecidos cartunistas brasileiros contribuíram para a transformação do Salão de Piracicaba em um dos mais importantes encontros do humor gráfico do Brasil e exterior nessas últimas quatro décadas. Entre eles, Ziraldo, Fortuna, Millôr Fernandes, Zélio, Henfil, Jaguar, Luis Fernando Veríssimo, Paulo e Chico Caruso, Miguel Paiva, Angeli, Laerte e Glauco. Em paralelo à realização do Salão Internacional de Humor de Piracicaba, acontece a 19ª edição do Salãozinho de Humor, que tem como objetivo incentivar os jovens à prática artística e contribuir com o seu desenvolvimento intelectual e crítico por meio da linguagem do humor gráfico. Direcionado a estudantes da rede pública e privada, reúne crianças de 7 anos a adolescentes de 14 anos e premia os 12 melhores trabalhos apresentados.
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HO RA CAMP INAS
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Vozes da cidade
As dicas e os segredos de quem adora a região
POR *MAYROS GAMA
A sofisticação do Cambuí
Sugestões para pequenos encontros com boa culinária e excelentes drinques nos melhores pontos de Campinas
JANGADA CAMBUÍ
Jangada Cambuí “O Jangada é um restaurante especializado em peixes e frutos do mar. A unidade do Cambuí, exclusivamente, traz um conceito inovador para a culinária japonesa. É ótimo para os amantes da alta gastronomia oriental. O local conta com um ambiente sofisticado e tem o melhor sushi premium. Vale a pena conferir!” Avenida José de Souza Campos, 575 - Cambuí, Campinas
D’Autore Restaurante “Indico o D’Autore para aqueles que apreciam a gastronomia contemporânea, com um toque moderno e sofisticado, além de bons vinhos. O restaurante tem ainda um ambiente aconchegante, ideal para famílias, reuniões corporativas e casais. Não posso deixar de citar o excelente atendimento.”
D’AUTORE RESTAURANTE CB HOUSE
Rua dos Bandeirantes, 313 - Cambuí, Campinas
CB House “Com um conceito diferenciado, agitado e inovador, a CB House, do empresário Caio Bocão, é um espaço para comemorações em estilo petit comité, seja entre amigos ou corporativas. O lugar tem ainda um espaço gourmet, onde você faz as suas próprias refeições. Experimente os excelentes e diferenciados drinques, e destaco também a boa música do ambiente!” Rua Rággio Nóbrega, 156 - Cambuí, Campinas
Chef Theo Medeiros Bistrô “Localizado no coração do Cambuí, o Bistrô do chef Theo Medeiros tem uma varanda arejada e muito agradável. Sugiro um almoço ou jantar ali para os amantes da culinária francesa e internacional. O cardápio oferece pratos muito bem elaborados, e, sem dúvidas, você vai fazer ali excelentes refeições!” Rua Dr. Sampaio Ferraz, 175 - Cambuí, Campinas
*MAYROS GAMA
é sócio e RP da Miura Investimentos
CHEF THEO MEDEIROS BISTRÔ
kikecosta@uol.com.br
COLUNA
Agora é agro
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POR
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Kike Martins da Costa
Prosa rápida Frio cruel
Agro precisa reduzir seu consumo de água Com o ciclo de chuvas cada vez mais irregular no país todo, a crise hídrica pode deixar de ser esporádica e se tornar permanente. Aumentar a produtividade no campo significa produzir mais consumindo menos recursos naturais - como a água Com a crise hídrica que só se agrava no Brasil com as mudanças climáticas, seria interessante que o agronegócio passasse a investir em técnicas de racionalização do uso da água. De toda a água consumida no país, a agropecuária é responsável por cerca de 60%. O consumo de todas as residências, onde vivem os nossos mais de 200 milhões de compatriotas, é representa “apenas” 28% do total. O agro precisa economizar um pouco, e a população brasileira precisa adotar hábitos de consumo mais sustentáveis. Quando conhecemos a pegada hidrológica de cada alimento (quantidade de água empregada em todo o ciclo produtivo de determinado produto), entendemos de onde vem toda essa “gastança”. Por exemplo, para cada xícara de café chegar à sua mesa, são gastos 132 litros de água. E, para produzir um ovo são necessários 196 litros de água. Mas os recordistas são a carne
bovina e o chocolate: para obter um quilo de carne, são dispendidos 15.400 litros, enquanto um quilo do doce oriundo da mistura de cacau, açúcar e leite exige 17.200 litros para ser elaborado! Por isso, enquanto rogamos aos agricultores que desenvolvam metodologias e estratégias para reduzir o uso de água no campo, pedimos a você, consumidor, que também reveja alguns de seus comportamentos: Antes de comprar, reflita sobre a real necessidade do alimento; Não desperdice, deixando produtos estragarem na geladeira ou despensa; Use todas as partes do alimento; Prefira alimentos da estação e produzidos perto de onde você mora; Reduza o consumo de carne bovina, substituindo-a por frango, queijo e alimentos com menor pegada hídrica. Água é um recurso finito, devemos usá-la com sabedoria e comedimento.
As ondas de frio deste inverno estão um pouco mais intensas do que as de anos anteriores. E, como consequência disso, agricultores de diferentes regiões estão tendo perdas com as geadas. Prejuízos vêm sendo notificados pelos cafeicultores do Sul de Minas, pelos produtores de trigo do Paraná, pelos donos dos grandes milharais do Mato Grosso do Sul, pelos citricultores de Limeira (SP) e até pelas fazendas de cana de Ribeirão Preto!
Onda ruim A pororoca no rio Araguari, no estado de Amapá, não existe mais. O fenômeno, formado pelo encontro das águas do rio ao desaguarem no Oceano Atlântico, atraíam surfistas do mundo para deslizar por suas ondas que duravam longos minutos e percorriam mais de dez quilômetros. É que os criadores de búfalos da região criaram valas para drenagem em seus pastos e esses canais causaram o assoreamento do rio, que ficou raso demais até para a navegação.
Praga feroz Assim como aconteceu aqui na tríplice fronteira entre Brasil, Argentina e Uruguai no ano passado, uma nuvem de gafanhotos está devastando agora pastagens e plantações nos Estados Unidos. A superpopulação de insetos está deixando seu rastro de destruição por 15 estados do Oeste, como Montana, Wyoming, Oregon, Idaho e Nebraska. Gafanhotos são comuns nesta região, mas houve uma explosão populacional este ano, turbinada pela seca e pelas altas temperaturas.
A 29HORAS CONVIDA VOCÊ A GIRAR A REVISTA E VIAJAR PELAS NOVIDADES DE SÃO PAULO