JANEIRO/2025 distribuição gratuita no aeroporto santos dumont
Rafa Costa e Silva
Chef comanda a cozinha do Lasai, que atende apenas 10 pessoas por jantar e acaba de ser eleito o 7º melhor restaurante da América Latina 29H SP
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PUBLISHER Pedro Barbastefano Júnior
CONSELHO EDITORIAL Chantal Brissac, Clóvis Cordeiro, Didú Russo, Georges Henri Foz, Kike Martins da Costa, Leonardo Chebly, Luiz Toledo, Paula Calçade, Pedro Barbastefano Júnior e Ricardo F. Marques
REDAÇÃO Paula Calçade (editora executiva); Kike Martins da Costa (editor contribuinte); Rose Oseki (editora de arte), Vivian Monicci (repórter)
COLABORADORES André Hellmeister, Chantal Brissac, Didú Russo, Eunápio Feitosa, Fernanda Meneguetti, Georges Henri Foz, Karen Kohatsu, Luiz Toledo, Patricia Palumbo
TRATAMENTO DE IMAGENS Karen Kohatsu, Rose Oseki
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JORNALISTA RESPONSÁVEL Paula Calçade MTB 88.231/SP
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Vozes da cidade
Passeios em patrimônios históricos do Rio de Janeiro
Hora Rio
Oia, em Ipanema, é especializado em comida mediterrânea e destaca pratos para compartilhar
As diretrizes da cultura organizacional para 2025
Capa
Chef Rafa Costa e Silva, à frente do Lasai, é o brasileiro mais bem colocado no Latin 50 Best Restaurants
Arte negra no CCBB, comédia com Heloisa Perissé e Marcelo Serrado no teatro, e novo resort em Búzios
hora
O MELHOR DA CIDADE MARAVILHOSA
Espantosa pluralidade
musical
GLÓRIA Entre os dias 10 e 19 de janeiro de 2025, a Marina da Glória recebe mais uma edição do Universo Spanta, uma grande celebração artística que faz um gostoso mix de ritmos do Brasil, agradando gregos, troianos, mineiros e baianos. O festival terá Jão, Luísa Sonza, Glória Groove, Pedro Sampaio, Zé Ramalho e Lucy Alves como destaques no fim de semana dos dias 10, 11 e 12. No seguinte, entre os dias 17 e 19, as estrelas serão Felipe Ret, MC Maneirinho, Ludmilla, Belo, Simone Mendes, Ivete Sangalo, Daniela Mercury, É o Tchan! e Bell Marques. Verão no Rio é assim: boa música ao ar livre é algo que não pode faltar!
UNIVERSO SPANTA: Avenida Infante Dom Henrique, s/ nº, Glória. Ingressos de R$ 130 a R$ 1.026.
Todas as cores da arte negra
Em cartaz no CCBB, a mostra “Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira” expõe os trabalhos de mais de 60 artistas negros, do período pré-moderno à contemporaneidade
A presença negra na historiografia da arte no Brasil é o tema da exposição “Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira”, em cartaz até o dia 17 de fevereiro no Centro Cultural Banco do Brasil. A mostra reúne obras de 61 artistas negros brasileiros, nomes de vários períodos da produção artística no Brasil, do século 19 até os contemporâneos nascidos nos anos 2000. Entre eles, Lita Cerqueira, Arthur Timótheo da Costa, Andrea Hygino, André Vargas, Gê Viana, Panmela Castro, Guilhermina Augusti, Maria Auxiliadora, Mestre Didi, Rubem Valentim, Luna Bastos e Yhuri Cruz. Eles criaram pinturas, fotografias, esculturas, instalações, vídeos e colagens que revelam diferentes épocas e discussões, contextos, gerações e regiões. De grande abrangência, a mostra percorre do período pré-moderno à contemporaneidade.
Rua Primeiro de Março, 66, Centro, tel. 21 3808-2020. Entrada gratuita. CENTRO
Centro Cultural Banco do Brasil
BOTAFOGO
Hotel Yoo2 entra para o portfólio do Grupo Hilton
Com 135 apartamentos, localização estratégica e ambientes projetados pelo escritório do designer francês Philippe Starck é o primeiro hotel da bandeira Tapestry Collection na cidade do Rio de Janeiro
Inaugurado em 2016 como fruto de uma parceria entre o grupo brasileiro Intercity e a Yoo Hotels e Resorts, que tem como sócios o magnata britânico Hitchcox e o renomado designer francês Philippe Starck, o hotel Yoo2 Rio entrou recentemente para a Tapestry Collection by Hilton.
Localizado diante da Enseada de Botafogo, fica de frente para o Pão de Açúcar e o Morro da Urca. No total, são 135 apartamentos, distribuídos por 13 andares. No térreo, funciona o restaurante Cariocally, e no último andar fica a piscina com espreguiçadeiras e cabanas e o bar
Rooftop, com ótimos drinques e vista também para Cristo Redentor.
Os ambientes foram projetados pelo YOO Design Studio, e têm murais e colunas pintadas pelo artista Marcelo Ment, exaltando a alma carioca e algumas das mais reconhecidas atrações turísticas da cidade. O hotel tem também academia, spa e espaços para eventos. Bicicletas para alugar ficam à disposição dos hóspedes.
Yoo2 Hotel
Praia de Botafogo, 242, Botafogo, tel. 21 3445-2000. Diárias a partir de R$ 850.
Sassaricando na confeitaria mais antiga do Rio
Casa Cavé ocupa o mesmo prédio histórico onde iniciou sua trajetória há mais de 150 anos. Suas vitrines expõem apetitosos pastéis de nata, travesseiros de amêndoas ou sonhos de bacalhau
GÁVEA
Rir
é o melhor remédio para crises de casal
No espetáculo cômico “Avesso do Avesso”, Marcelo Serrado e Heloisa Perissé encenam situações vivenciadas por todo casal, mas nunca de maneira tão ridícula e hilariante
Parceiros de longa data, Heloisa Perissé e Marcelo Serrado são as estrelas do espetáculo “Avesso do Avesso”, que apresenta histórias cômicas típicas dos casais, desde o primeiro encontro até a disputa pela guarda dos filhos, amigos e cachorro — passando também pela fase da terapia, pela suruba e por uma noitada cheia de exageros num karaokê. Feras do humor, Lolô e Marcelo encenam essas situações com leveza, diálogos afiados e muito sarcasmo, além de algumas pitadas de paixão. A direção do espetáculo é de Marcelo Saback e Lucio Mauro Filho assina a direção musical. Os textos são de autoria de Aloisio de Abreu, Tati Bernardo, Claudia Tajes, Regianna Antonini e Gustavo Pinheiro. A peça fica em cartaz no Teatro dos Quatro até o dia 2 de fevereiro.
Teatro dos Quatro Rua Marquês de São Vicente, 52 (Shopping da Gávea), tel. 21 2239-1095. Ingressos de R$ 70 a R$ 140.
Muita gente pensa que a Confeitaria Colombo, inaugurada em 1894, é a mais antiga do Rio. Mal sabe esse pessoal que a Casa Cavé, instalada em um prédio erguido durante a Belle Époque carioca, funciona desde 1860, quando foi fundada pelo imigrante francês Auguste Charles Felix Cavé.
O imóvel se destaca por sua arquitetura e por detalhes de sua decoração, como os centenários lustres e vitrais importados da Europa. O local é perfeito para quem busca um lugar tranquilo e com charme retrô para tomar um café ou um chá enquanto saboreia um pastel de nata, uma argola dourada, um jalusi (folhado com creme e banana ou de maçã), um travesseiro de amêndoas ou ainda a peculiar almofada de chantily. Tem ainda sanduíches como os clássicos portugueses Bifana e Francesinha e salgados exclusivos, como a pizza de sardinha ou o sonho de bacalhau.
Casa Cavé Rua Sete de Setembro, 133, Centro, tel. 21 2224-2520.
Jogos de cena e de poder
Os atores Osmar Prado e Maurício Machado encenam no palco do Teatro Prio o thriller psicológico “O Veneno do Teatro”, com texto escrito por um consagrado dramaturgo espanhol
JARDIM BOTÂNICO
Dias de calor, pratos com frescor
Menu degustação da Casa 201 investe em criações que chegam à mesa frias ou mesmo geladas — valorizando a refrescância e a leveza dos ingredientes
Nesses dias de calor, o cardápio da Casa 201 aposta no frescor dos ingredientes e em pratos servidos em baixas temperaturas. No menu degustação (R$ 590) criado pelo chef João Paulo Frankenfeld, a sequência inclui delícias geladinhas como o sorvete de abacate que acompanha o tartar de atum. Outra etapa que investe na refrescância é a tartelette de azeite com carne de cordeiro, iogurte, pistache, damasco e sumak.
Pratos “quentes” ganham leveza com a utilização de frutas – esse é o caso do peito de pato dry-aged que vem com molho de acerola e do ravioli de frutos do mar, envolto em molho de espumante, caviar e marmelada de limão.
Na hora das sobremesas, destaque para o macaron de doce de leite feito do soro do queijo produzido na casa e para o
Até 9 de fevereiro, o espetáculo “O Veneno do Teatro” fica em cartaz no Teatro Prio, encrustado no Jockey Club Brasileiro. O texto contundente e já encenado em mais de 60 países é do espanhol Rodolf Sirera, um dos dramaturgos contemporâneos de maior renome na Europa. No palco, o veterano Osmar Prado divide a cena com Maurício Machado, com direção de Eduardo Figueiredo.
Na trama, um ator é convidado pelo excêntrico Marquês para interpretar uma peça teatral de sua autoria. No encontro, o nobre e egocêntrico aristocrata passa a controlar através de um jogo psicológico o ator. E, depois de muitas surpresas, o Marquês revela-se um psicopata capaz de qualquer coisa para atingir seu objetivo. A peça é uma espécie de thriller, que propõe reflexões sobre a ética, a estética, as máscaras das convenções sociais e os jogos do poder.
Teatro Prio Avenida Bartolomeu Mitre, 1.110, Gávea. Ingressos de R$ 50 a R$ 100.
entremet de chocolate, caramelo salgado, castanha de caju e maracujá. Para harmonizar com os pratos, a casa preparou um “combo” só com vinhos brasileiros (+ R$ 380), da Serra Gaúcha, de Santa Catarina e também do vale do São Francisco, na Bahia.
Bora
libar?
Partiu Libô!
Novo bar de vinhos comandado pela chef Roberta Ciasca (do restaurante Brota) chega para resgatar tradições ancestrais associadas ao ato de beber
O ato de libar, na tradição da antiguidade greco-romana, significa derramar um pouco de bebida no solo em honra divina. Nos terreiros, quintais e encruzilhadas do Brasil, é esse rito a que chamamos de “dar um gole pro santo”. É desses tragos sagrados que nasce o Libô, bar de vinhos recéminaugurado pela chef Roberta Ciasca.
Tal qual uma taberna, o Libô investe numa cozinha simples, fresca, sazonal, e, acima e tudo, saborosa. O enxuto cardápio lista beliscos como a rillette de pato com chutney de ameixa, o escabeche de peixe e a tábua de embutidos com bolinhas de queijo e salame artesanal. Para beber, a carta tem cerca de trinta rótulos e pelo menos cinco opções diferentes servidas em taças a cada dia. A curadoria de vinhos é assinada por Maíra Freire, sommelière do restaurante Lasai e eleita sommelier pelo Guia Michelin em 2024.
Libô
Rua Conde de Irajá, 90, Botafogo, tel. 21 96729-8171.
Oia que coisa mais linda, mais cheia de graça
Assim como sua conterrânea, a Garota de Ipanema, restaurante faz sucesso com seu balançado e seu cardápio que são mais que poemas
Batizado com o nome de um dos vilarejos da ilha grega de Santorini, o restaurante Oia é especializado em comida mediterrânea. O recém-reformulado cardápio da casa tem entradas concebidas para serem para compartilhadas, como o vegetariano hommus com falafel de berinjela e coalhada ou o tartare de robalo com molho cítrico, avocado e pão folha. Na seção de pratos principais, destaque para as lulas com arroz de abóbora, para o polvo na brasa servido com salada de beterrabas assadas em molho de iogurte e hortelã, para a kafta de cordeiro com tzatziki (salada de pepinos) e arroz com lentilhas libanesas, e para a sobrecoxa de frango com tabouleh — saladinha refrescante de ervas, pepino, tomate e um toque de abacaxi.
Rua Barão da Torre, 340-A, Ipanema, tel. 21 99659-2271.
BÚZIOS
Em sentido horário, modalidades aquáticas do hotel, prato do Sushi 11, restaurante The Jul's e nova acomodação da categoria Golf Villas
Qualidade em todos os detalhes
Em terreno amplo de 40 mil metros quadrados, o novo Zendaya Resort Beach Sport & Spa reúne em um mesmo espaço esportes aquáticos e "da terra" com infraestutura de ponta, spa com terapias relaxantes e boa gastronomia
Representativo do momento de expansão de Búzios, mas com sofisticação e muita privacidade, o Zendaya Resort Beach Sport & Spa (antigo A Concept Hotel), localizado em frente à Praia de Manguinhos, oferece um leque único de experiências náuticas e esportivas, além de gastronomia e bem-estar imersos em um projeto arquitetônico harmônico e discreto.
São 47 suítes, divididas em quatro categorias, decoradas de forma única com camas extra king size, roupa de cama em 400 fios egípcios e travesseiros de plumas de ganso. Há ainda acabamento em madeira natural, amplas portas, janelas e varandas, que garantem a entrada de luz natural. Por ali, a novidade é o Golf Villas – ideal para famílias e grupos, com duas suítes
independentes, jardim privativo e piscina particular.
O resort transcende o comum nas atividades esportivas, com infraestrutura e tecnologia de ponta. É possível praticar padel em uma quadra fechada, que possui iluminação para jogos a qualquer hora, e fornece raquetes e bolas de alta qualidade. Já a quadra de tênis tem piso sintético, iluminação noturna e equipamentos novos. Destaque também para o campo de golfe de seis buracos do local – projetado pelo espanhol José Maria Olazábal Manterola (duas vezes campeão do Masters de Golfe, em 1994 e 1999) e sua academia equipada com Trackman, uma tecnologia avançada que disponibiliza informações detalhadas para aprimorar habilidades na prática.
Para os momentos na água, os instrutores especializados do Zendaya estão prontos para orientar todas as modalidades disponíveis, desde o wakeboard, kitesurfe, caiaque, surf, até a moto aquática. Para recuperar as energias depois de tanta adrenalina, a dica é garantir uma massagem relaxante no recém-inaugurado spa e reservar um jantar no restaurante japonês Sushi 11 – comandado pelo chef Fábio Mendoza, que destaca ingredientes frescos e uma seleção especial de saquês e drinques.
POR PAULA CALÇADE
Zendaya Resort Beach Sport & Spa Rua Rancho Grande, Manguinhos – Búzios. Tel. 22 2623-1196. Diárias a partir de R$ 2.300.
Vozes da cidade
POR
MAÍRA GOMES*
Férias com muita história
Passeios para conhecer patrimônios culturais e históricos do Rio de Janeiro com programação para toda a família
Biblioteca Nacional
“Uma das maiores bibliotecas nacionais do mundo e com uma arquitetura em estilo neoclássico, abriga em seu acervo a produção literária nacional e conta com salas de leituras e uma pequena praça, com árvores e banquinhos. O passeio é gratuito e pode ser conjugado com um tour pelo Theatro Municipal, por exemplo, que fica a pouco metros de distância.”
Avenida Rio Branco, 219, Centro
Real Gabinete Português de Leitura
“É a maior e mais valiosa biblioteca de obras de autores portugueses fora de Portugal, com mais de 350 mil volumes, que inclui um exemplar da primeira edição de Os Lusíadas, de 1572. Como não abre aos fins de semana, é o programa perfeito para se fazer nas férias.”
Rua Luís de Camões, 30, Centro
Museu da República (Palácio do Catete)
“O Museu da República está instalado no Palácio do Catete, prédio histórico onde Getúlio Vargas se suicidou. Com exposição de mobiliário de época, documentos e obras de arte, é ideal para os amantes de história. O Palácio do Catete também tem uma agenda cultural diversa, com feiras, espetáculos teatrais, atrações musicais e ainda conta com parquinhos para as crianças.”
Rua do Catete, 153, Catete
Paço Imperial
“Localizado na Praça XV, o Paço Imperial foi palco de diversos fatos históricos, como o Dia do Fico, a Proclamação da Independência e a Abolição da Escravatura. Hoje é um espaço que oferece exposições artísticas diversas. É uma visita muito agradável que também pode ser combinada com diversas outras atrações no Centro.”
Praça Quinze de Novembro, 48, Centro
*MAÍRA GOMES é autora de “Infância” (2014), “As Aventuras do Príncipe Ricardinho” e “Cavalo Romão” (2019), e “A Menina e o Tempo” (2020).
As dicas de quem adora o Rio
Uma vez lasai, sempre lasai
ESCOLHIDO PELA 50 BEST COMO O 7º MELHOR RESTAURANTE DA AMÉRICA LATINA E O MELHOR DO BRASIL, É NO LASAI QUE O CHEF
RAFA COSTA E SILVA EXIBE PARA APENAS DEZ COMENSAIS POR NOITE
O SEU TALENTO E A SUA HABILIDADE DE BRINCAR COM OS DIFERENTES
SABORES, CORES, TEXTURAS E AROMAS DOS INGREDIENTES
POR FERNANDA MENEGUETTI
DEFINITIVAMENTE, 2024 FOI O ANO DE Rafa Costa e Silva. Celebrou a primeira década do Lasai, ganhou a segunda estrela Michelin e o prêmio pelo melhor serviço de vinho no país no mesmo guia e, por fim, foi escolhido como o melhor restaurante do Brasil pelo Latin America’s 50 Best Restaurants.
A esses triunfos, ele soma os títulos do Campeonato Carioca e da Copa do Brasil. Pois é... Rafa é flamenguista doente. Até a mudança de endereço do Lasai, há quase três anos, o chef mantinha uma camisa do clube autografada por Zico emoldurada em pleno salão. E é encontrado domingo sim e outro também no setor norte do Maracanã. Mais: quando tem jogo importante, é desses que pega avião só para ver o rubro e negro em campo.
Se é pé quente? Parecia ser na final da Libertadores, em Lima, se bem que o mesmo não se repetiu em Montevidéu..., mas para que revirar águas passadas, não é mesmo? O foco é no cozinheiro, e não do torcedor do ano.
Nasce um chef
“Como eu decidi cozinhar? Eu acho que nunca decidi. Eu nunca fui de cozinhar em casa, de ajudar minha mãe, minha avó. Fiz Administração no Rio e, no meio da faculdade, já não queria mais fazer e falei: quero fazer Gastronomia. Eu era mais festeiro, queria ter um bar, um negócio assim”, confessa o destaque de 2024.
Zero romantismo, cem por cento comprometimento, Rafa “queria fazer a faculdade de Gastronomia para ter um pouco de noção, não para ser cozinheiro, mais para não ser enrolado”. Porém, como ele ressalta, “uma coisa levou à outra que levou à outra”.
Do desejo de ter um lugar para chamar de seu, foi estudar em Nova York, trabalhou três anos para o multiestelar Jean-Georges Vongerichten em um restaurante de cozinha “meio thai, meio fusion”, onde, com meia dúzia de colegas mexicanos, chegava a servir mais de 500 comensais em um dia. “No meio do serviço, tinha que tirar a camiseta debaixo do dólmã para torcer o suor”, relembra.
Não pelo cansaço físico, mas pela ânsia de cobrir todas as bases, o jovem fez uma passagem por um bistrô francês: “Lá não precisava de papel para trabalhar. Fiquei seis meses para aprender. Para mim foi muito bom, era um bistrô que ficou aberto 48 anos no mesmo lugar, com o mesmo menu e o mesmo dono, um clássico, sem inventar nada. Aprendi sopa de cebola, carré de cordeiro, batata dauphinoise...”. A papelada mencionada, diga-se de passagem, não era um detalhe.
Da prisão ao pódio
Rafael Augusto Passarelli da Costa e Silva ainda não tinha o passaporte italiano quando partiu de Nova York rumo a San Sebastián, na costa setentrional da Espanha. Aliás, o jovem cozinheiro nunca tinha ido à Europa, “nem de férias”, e chegava para estagiar no Mugaritz.
O restaurante vanguardista do chef Andoni Luis Aduriz, hoje com 25 anos, duas estrelas Michelin e desde 2006 ranqueado entre os 50 melhores do mundo, parecia coisa de outro planeta: “Nos três primeiros meses eu não conseguia entender porque eram 45 cozinheiros cozinhando para 40 pessoas”.
Não que Rafa tenha mudado muito, mas vinte anos atrás, reconhece, era “super, super acelerado, tinha saído de um ambiente muito acelerado, de uma pressão muito grande e chegado em uma cozinha que era totalmente o oposto”, conta. Vai daí que ele priorizava a rapidez ao resultado: “Eu não me preocupava tanto com a qualidade, com o método de fazer ou com a precisão, me preocupava mais em fazer rápido, que era como eu tinha sido ensinado”.
Nessa transição, perdeu a conta de quantas vezes escutava “lasai, lasai”, palavra que quer dizer calma em
euskera, idioma local na cidade basca. Nem precisa dizer que o nome Lasai partiu daí, né? Mas bem antes da noção de tranquilidade aterrissar no seu comportamento, Costa e Silva já era membro da brigada do Mugaritz.
“Quando estava acabando meu estágio de três meses, eles falaram, ‘a gente quer te contratar, você quer um contrato de trabalho?’ Óbvio, eu não tinha nada e queria ficar”, relembra ele, que entrou como chef na praça de peixe e, em pouco tempo, assumiu a subchefia “por baixo dos panos”.
Como era setembro, o plano era usar as férias de Natal para ir ao consulado espanhol no Brasil e regularizar a situação. O carioca fez sua parte: deu entrada nos documentos, pediu visto, tudo certinho. Dessa vez, no entanto, quem tinha pressa eram os espanhóis que, sem maiores esforços, convenceram o jovem chef a voltar ao País Basco
com um passaporte novo. “Eu avisei, não posso fazer isso, porque tinham me falado na Polícia Federal que, enquanto o visto não tivesse sido aprovado, eu não poderia voltar para o país, mas eu era garoto, dava a vida por aquilo e falei ‘tá bom’.”
Dito e feito, no Adolfo Suarez-Barajas, Aeroporto de Madrid, não viram maiores méritos no fato do rapaz brasileiro dar a vida, nem em ter trabalhado nove meses dentro de um restaurante premiado. Ele continuava sendo ilegal. “Lembro que o policial perguntou assim: ‘Você gosta de viajar, certo? Então sua próxima viagem vai ser de volta para o seu país’. Aí foi isso, pegam teu passaporte, pegam tuas malas e você vai para uma prisão mesmo, dentro do aeroporto”, lembra com vivacidade Rafa Costa e Silva.
O imbróglio levou alguns dias de xilindró e outros meses distante das panelas do Mugaritz para seu desespero. Contudo, entre de 2008 e 2012, ele foi chef em um dos restaurantes mais reverenciados do mundo – e como manda a lei!
O Rio de Janeiro continua lindo
No final desse período, o carioca não estava ansioso para ter um lugar para chamar de seu, mas havia a possibilidade de abrir algo em Nova York. Não rolou. O Texas de sua esposa Malena Cardiel estava fora de cogitação. O Rio de Janeiro foi a solução.
O imóvel encontrado na Rua Conde de Irajá, em Botafogo, ainda não tinha como vizinhos o paranaense Alberto Landgraf com seu Oteque e nem o Padella, do italiano Nello Garaventa, mas abrigava o restaurante mais gastronômico de Pedro de Artagão, o Irajá. E, sim, a localização estava fadada a um grande futuro gastronômico.
“Eu queria um restaurante para 45 pessoas, com menu degustação, tinha tudo na cabeça”, explica o chef do que seria o Lasai. Na sua cabeça, apenas não contava com mais de um ano de obra. Para driblar o percalço, fazia jantar em
No alto, cesto com os vegetais que serão usados no dia e, em sentido horário, pratos elaborados com verduras e legumes pouco convencionais cultivados na horta do restaurante, perto de Petrópolis: tartelette de grão de bico com couve rábano e oxalis, copa lombo com mostarda de Kyoto, vieira com melão-pepino e peixe com rabanete-melancia
no intervalo das gravações do reality "Mestre do Sabor", da TV Globo
casas de clientes particulares, viajava para cozinhar e plantou a própria horta na região serrana, perto de Petrópolis.
As safras vêm sendo boas desde então, mas nunca deram conta da demanda: “Agora é que vai dar. A produção foi crescendo, chegou a nove canteiros e agora a gente pegou um piquete gigante. Tem vagem, ervilha torta, ervilha amarela, mostarda de Kyoto, couve-de-bruxelas, brócolis ramoso, beterraba e cenouras coloridas”, explica.
Rafa tem também frutas de árvore, como tangerina, caqui e limão galego, que costumam inspirar as sobremesas do Lasai, embora a confeitaria, única área que jamais chefiou, não seja seu forte.
A experiência Lasai
Com ou sem vegetais de produção própria, de dez anos para cá, comer no Lasai não é a mesma coisa. A começar pelo endereço. O da Conde de Irajá converteu-se em espaço de eventos. O do atual Lasai, por sua vez, com um décimo do tamanho, está a poucos metros dali, debaixo de um predinho residencial. Detrás de uma porta discreta de madeira, o melhor restaurante
do Brasil e 7º melhor da América Latina acomoda apenas dez clientes em torno de um único balcão e os serve simultaneamente, no ritmo que o chef mandar.
No show culinário e intimista de Rafa Costa e Silva, o conviva interage com perguntas. Aproxima-se tanto dos preparos que chega a se sentir parte do menu. É conduzido por um serviço impecável, receitas provocantes e uma atmosfera feliz, que reflete a segurança em que se encontra a cozinha.
De snacks para serem comidos com as mãos o mais rapidamente possível às sobremesas, a sinfonia do Lasai atinge 15 tempos. Alterna crocância e cremosidade, brinca com diferentes tonalidades de uma mesma cor, contrasta temperaturas em um mesmo bocado e, invariavelmente, destaca vegetais orgânicos, ainda que tenha frutos do mar de pesca sustentável ou carne de porco caipira na jogada.
Sem grandes spoilers, vale revelar que o flan salgado de coco e ouriço, numa livre interpretação do chawanmushi japonês, é uma loucura, e que dificilmente se comerá pão de queijo melhor do que a nuvem recheada com goiabada. A mandioca de tudo que é jeito, por sua vez, vem salpicada com
ovas curadas para acarinhar estômago e coração.
Entre uma deliciosidade e outra, sem que o comensal perceba, o espetáculo se aproxima do final. A saber: chegar ao final é facinho, difícil (e por difícil considere meses!) é conseguir lugar para ser um dos privilegiados espectadores. Aliás, mais do que os prêmios, é essa alta procura a grande alegria de Rafa Costa e Silva.
Arianíssimo, desses que o sincericídio é incontrolável, o chef de 45 anos confessa que nunca teve uma noite sem clientes (embora o menu degustação saia a R$ 1.250), que se tornou menos controlador e que, graças a isso, nunca teve tanto tempo para o filho Emiliano, de seis anos.
A mesma honestidade faz dele um dos grandes conselheiros de colegas da profissão. Sobretudo depois da experiência na TV, como jurado do programa “Mestre do Sabor”, da Globo, que o ajudou a contornar a própria timidez.
Lasai
Largo dos Leões, 35, Botafogo, tel. 21 3449-1854.
Economia criativa
Pilar para o sucesso
A cultura organizacional é central para o bom desempenho de empresas no mercado, fortalecendo a gestão de equipes e o desenvolvimento de líderes
Cultura organizacional é o conjunto de comportamentos encorajados, desencorajados e tolerados ao longo do tempo nas organizações. Essas condutas são orientadas por elementos estruturais, conceituais e, principalmente, pelo comportamento dos líderes. Em um contexto em que os processos, a tecnologia e até mesmo os recursos financeiros são acessados de modo cada vez mais fácil, a cultura de uma organização é um dos principais pilares para o sucesso e a competitividade das empresas.
Em 2025, novas tendências prometem transformar esse cenário, impulsionando mudanças significativas nas relações de trabalho e nos ambientes corporativos. Recentemente, a Gartner – empresa de consultoria fundada em 1979 por Gideon Gartner – divulgou os resultados de sua pesquisa anual sobre as principais prioridades de Recursos Humanos. Os insights obtidos podem servir como base para a elaboração de planos estratégicos, alinhando-os às demandas futuras das empresas.
Analisando o top 5 do estudo, há destaque para o “Desenvolvimento de Líderes”, em que o treinamento da liderança
continuará sendo essencial, uma vez que o mundo dos negócios está em constante transformação e a atualização é uma exigência. Já em relação à “Cultura Organizacional”, a prioridade é a implementação de projetos estratégicos de cultura organizacional e a capacitação contínua dos profissionais de RH, integrando a cultura de forma eficaz aos subsistemas de gestão de pessoas.
O quesito “Planejamento Estratégico da Força de Trabalho” também apareceu na pesquisa, evidenciando que o planejamento estratégico da força de trabalho vai além da simples contagem de pessoal e o desenvolvimento de competências é necessário. Já sobre “Gestão de Mudanças”, os líderes de RH e gestores de cultura organizacional devem priorizar processos bem estruturados, capacitando equipes para administrar, desenhar e monitorar processos que são prioridade.
Por fim, “Tecnologia para RH” remete à necessidade de que líderes concentrem esforços no valor agregado da tecnologia, não apenas como ferramenta operacional, mas como aliada na construção da cultura organizacional.
EUNÁPIO FEITOSA é especialista em cultura organizacional e consultor da DHEO Consultoria.
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