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ABF se consolida como a 'festa' dos empreendedores
Feira reúne franquias dos segmentos de Alimentação, Educação, Saúde, Beleza, Turismo, Entretenimento, Tecnologia, além de microfranquias
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Por Paula Cal Ade
A ABF FRANCHISING EXPO, feira oficial do setor de franquias, chega a sua 30ª edição consolidada como a maior do mundo. O evento engloba as principais redes de franquia do país, lideranças e profissionais do setor com candidatos a franqueado de diferentes perfis e de todo o Brasil. Em 2022, a feira recebeu mais de 60 mil pessoas, mostrando a força de um mercado que superou em grande parte os impactos da pandemia e ultrapassou o faturamento anual de R$ 211 bilhões, com quase 185 mil unidades em operação, mais de 3 mil marcas e com, aproximadamente, 1,6 milhão de empregos diretos.
Neste ano, o evento se realiza de 28 de junho a 1º de julho, no Expo Center Norte (pavilhões Branco e Azul), em São Paulo. A ABF Franchising Expo deve reunir mais de 400 marcas expositoras em seus 32 mil m2. Em entrevista à 29HORAS, Tom Moreira Leite, presidente da ABF, destaca os segmentos prósperos no mercado de franquias e discorre sobre as expectativas para o setor.
A Feira ABF 2022 ressaltou o crescimento do mercado de franquias após a pandemia, firmando modelos virtuais e até mesmo home based de negócios. A expectativa, este ano, é que essas mesmas tendências permaneçam? Há novidades específicas que devem estar em alta em 2023?
A grande digitalização da economia – e de nossas vidas – deve continuar alavancando esses modelos, mas esperamos que neste ano franquias mais associadas a atividades presenciais ganhem força. É o caso dos segmentos de Alimentação, Hotelaria e Turismo, Entretenimento e Lazer, e Moda. Esperamos ainda uma presença representativa de novas marcas (muitas empresas de vários mercados têm adotado o franchising como estratégia de expansão), franquias de serviços no geral (B2C e B2B) e da área de estética. Não chega a ser uma novidade, identificamos esse movimento em outras feiras, mas o desenvolvimento de modelos mais enxutos para chegar a cidades do interior e fora do eixo Rio-SP também é uma tendência.
Todos os 11 segmentos elencados pela entidade registraram crescimento no ano passado, com destaque para Hotelaria e Turismo, Alimentação e Saúde, Beleza e Bem-Estar. Por que esses setores prosperaram? Quais comportamentos dos consumidores justificam esses números positivos nessas áreas?
A alavanca geral foi o retorno das atividades presenciais com força e durante todo o período e, somado a isso, temos fatores particulares. Hotelaria e Turismo tiveram sua reação mais forte em 2022 mesmo, com retorno de viagens de turismo e corporativas, inclusive para grandes eventos. Já em Alimentação, temos uma demanda reprimida pelo serviço do salão e confraternizações com a manutenção do delivery em níveis elevados. A maior digitalização do segmento foi algo que contribuiu também. Por fim, Saúde, Beleza e Bem-Estar é aquecido pelos segmentos acima e reflete também a tendência de busca pelo bem-estar e gratificação.
Polos regionais e mercados para além do eixo Rio-São Paulo também estão em expansão no mercado de franquias. Dentre essas localidades, quais você destacaria e por quê?
Com o mercado de franquias retomando os níveis pré-pandemia (superamos a marca de R$ 211 bilhões), a tendência é que as marcas mirem outras regiões. Com a pandemia, de fato, mesmo nas grandes cidades, houve uma maior disposição de pontos comerciais, mas agora a competição já retornou. Por isso, se dirigir a regiões menos visadas e com custos, em geral, menores. E, mais uma vez, a digitalização auxilia esse processo, pois é mais fácil agora acompanhar à distância, dar orientações, fazer ações de comunicação etc. O crescimento dos multifranqueados, que são aqueles franqueados que administram mais de uma unidade, também ajuda neste movimento. Quanto às regiões, é difícil precisar, pois varia muito de acordo com o segmento, mas ocupar melhor as regiões do Norte, Nordeste e Centro-oeste continua sendo uma oportunidade para o setor, assim como cidades de cerca de 200 mil habitantes, incluindo aí em todos os casos polos regionais e ligados ao agronegócio.
O predomínio entre as franquias Top 10 se manteve dentre as marcas do segmento de Alimentação. Por que esse segmento tem desempenho positivo e contínuo no país? Saúde, Beleza e Bem-Estar também seguem essa mesma lógica e justificativa?
Temos que reconhecer o pioneirismo e grandes investimentos das franquias de Alimentação no país, tanto que, pela primeira vez, uma delas ocupa a primeira posição do ranking (Cacau Show). Não raro, nossas primeiras experiências com franquias foram com essas marcas. A representatividade dessas franquias está muito ligada ao tamanho de nossa população, ao fato de focar uma necessidade básica e, principalmente, ao amadurecimento da tendência de comprar refeições fora de casa. Por exemplo, muitas pessoas passaram a pedir mais intensamente o delivery. A situação de Saúde, Beleza e Bem-Estar é um pouco diferente. Trata-se de uma expansão mais recente, muito associada a serviços, incluindo estética e saúde (odontologia, clínicas populares) e a busca por itens para uma melhor qualidade de vida.
Quais são as expectativas para o mercado de microfranquias neste ano?
Quais segmentos estão em alta nesse modelo? Qual seria o aporte financeiro inicial para um empreendedor dessas franquias?
Deve manter sua trajetória de ascensão, tanto por causa do mercado de trabalho ainda não ter acelerado, como por ser uma alternativa para empreendedores em início de carreira com menos capital disponível para investir. Além disso, muitas redes têm desenvolvido seu modelo de microfranquia para chegar em mercado menores, como o interior ou bairros de regiões metropolitanas. Quanto ao segmento, o destaque continua a ser serviços de forma geral, especialmente associados a atividades digitais, Educação e Gestão, além de Alimentação que também aparece aqui. Quanto ao aporte financeiro, nossa principal recomendação é que o empreendedor faça um investimento do tamanho de seu bolso, considerando ainda que o negócio demora alguns meses para atingir a performance almejada e que é necessário ter um capital de reserva. Além disso, conhecer o setor de franquias, sua legislação, bem como fazer um estudo profundo da rede em que se quer ingressar (conversando até com franqueados e ex-franqueados da rede) é fundamental.