29HORAS - março 2020 - ed. 125 - RJ

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22/03 DIA MUNDIAL DA ÁGUA

RJ

Vire e leia a

29H SP

MAR/2020

distribu iç ão g ratu ita no ae roporto santos du m o n t

Maya Gabeira,

a mulher que surfou a maior onda do mundo


Aluguel de carro consciente. Dar uma movida ajuda no plantio de árvores para neutralizar o CO *. 2

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MAR Ç O 2 02 0

Sumário

06 Maya

#125 MARÇO 2 02 0 WWW.REVISTA29HORAS.COM.BR

Gabeira

/revista29horas

A surfista carioca desafia ondas gigantes em Portugal e representa a preservação dos mares

@revista29horas PUBLISHER Pedro Barbastefano Júnior CONSELHO EDITORIAL Chantal Brissac, Clóvis Cordeiro, Didú Russo, Georges Henri Foz, Kike Martins da Costa, Luiz Toledo e Pedro Barbastefano Júnior REDAÇÃO Chantal Brissac (diretora de redação); Kike Martins da Costa (editor contribuinte); Paula Calçade (repórter); João Benz (estagiário); Rose Oseki (diretora de arte); Karen Suemi Kohatsu (designer) COLABORADORES Adonis Alonso, Andrea Ebert, André Hellmeister, André Yoshikawa, Carlos Monteiro, Enrico Carnevalli, Érico Hiller, Gabriel Trindade, Georges Henri Foz, Julya Zancoper, Letícia Pralon, Leonardo Boconi, Luiz Toledo, Nelson Vasconcelos, Patricia Palumbo, Paulo Ouro Preto, Pro Coletivo, Raphael Calles, Rafael Wallace, Túlio Fagim P U BLI CI DADE CO M ERCI AL comercial@29horas.com.br GERENTE Rafael Bove EQUIPE: Angela Saito, Marco de Franco, Paula Gastaldelli, Rafael Constantelos, Tereza Virginia GERENTE REGIONAL Giovanna Barbastefano (giovanna@29horas.com.br) RIO DE JANEIRO – Rogerio Ponce de Leon (rogerioponcedeleon@gmail.com) ASSISTÊNCIA COMERCIAL Hanna Mercaldi (hanna.mercaldi@29horas.com.br), Bianca Fantinato (bianca.fantinato@29horas.com.br), Gabrielle Rodrigues (gabrielle. rodrigues@29horas.com.br) IMPRESSÃO E ACABAMENTO Plural Indústria Gráfica Ltda JORNALISTA RESPONSÁVEL Chantal Brissac (MTB 15.064) DISTRIBUIÇÃO GRATUITA E EXCLUSIVA NAS SALAS DE EMBARQUE E DESEMBARQUE DOS AEROPORTOS DE CONGONHAS E SANTOS DUMONT.

2 9 HOR AS é uma publicação mensal da MPC11 Publicidade Ltda.

Foto acima e da capa: Divulgação

A revista 29 HOR AS respeita a liberdade de expressão. As matérias, reportagens e artigos são de responsabilidade exclusiva de seus signatários.

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Av. Nove de Julho, 5966 - cj. 11 — Jd. Paulista, São Paulo — CEP: 01406-200 TEL.: 11.3086.0088 FAX: 11.3086.0676

Vozes da cidade

Esta revista foi impressa na PLURAL com tinta ecológica Huber Green, produzida com matérias-primas renováveis, biodegradáveis e com menor emissão de componentes orgânicos voláteis (VOC) na atmosfera.

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Hora Rio

AquaRio

Foto Luke Garcia

A TIRAGEM E DISTRIBUIÇÃO DESTA EDIÇÃO SÃO AUDITADAS PELA BDO.

Foto Divulgação

MISTO

Cave Nacional, em Botafogo


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CA PA

Estrela

do mar

PORTA-VOZ DA LUTA PELA PRESERVAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS, MAYA GABEIRA SURFA AGORA EM ÁGUAS PORTUGUESAS, ONDE QUASE PERDEU A VIDA E, CINCO ANOS DEPOIS, BATEU RECORDE MUNDIAL POR

NELSON VASCONCELOS


FOTOS DIVULGAÇÃO

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CA PA

nonono nonono nonon nonoon

A ÁGUA É A CASA, o lazer e o ganha-pão de

Maya Gabeira. Ou seu templo, onde interage com forças da natureza e o imponderável. Surfista profissional premiadíssima, Maya viaja pelo mundo há 18 anos, sempre atrás das melhores ondas. Melhores e maiores. Sua especialidade é domar as ondas gigantes. Entre uma rodada e outra da atual temporada, fomos localizar nossa big rider em Nazaré, Portugal, onde mora há cinco anos. Na última década, a pacata vila de pescadores virou parada obrigatória para os surfistas mais radicais. Hoje, do alto do forte da cidade, construído no século XVII, é possível acompanhar atletas valentes desafiando ondas selvagens de até 30 metros de altura. – Aqui é ótimo – elogia Maya em conversa com a 29HORAS. – É um lugar bastante verde, com praia e muita natureza. E temos um estilo de vida calmo e simples. Criada no Rio, onde aprendeu a surfar

com “essaVivofilosofia:

não desistir, usar os erros e barreiras para evoluir, crescer e levar à frente os desafios. Você deve sempre buscar se superar ”

aos 12 anos, ela parece não ter planos de deixar Nazaré. Foi lá, na Praia do Norte, que a carioca bateu um recorde com direito a registro no Guinness Book. Em janeiro de 2018, encarou uma muralha d'água de 20,72 metros de altura. Imagina isso: um vagalhão de cinco andares, furioso, um vento danado de ruim, água gelada, e a Maya deslizando tudo desde lá do alto, reinando sozinha durante uma eternidade medida em segundos. Tenso, mas lindo de ver. A façanha teve gosto ainda mais especial porque foi justamente na mesma praia, em 2013, que Maya sofreu um grave acidente na tentativa de vencer as alturas das ondas. Atingida por uma massa de água descomunal, ela foi derrubada da prancha, ficou submersa um bom tempo e saiu da água desacordada e com um tornozelo quebrado. Foram momentos escabrosos, mas ela foi resgatada pelo surfista Carlos Burle, seu companheiro de equipe, reanimada e levada


para o hospital. Maya passou por duas cirurgias na coluna, caiu dentro do apoio psicológico, ficou de molho durante alguns meses e correu atrás da recuperação plena. O susto gigante virou lição de vida a ser considerada até por quem nunca chegou perto de uma praia. Vem daí, aliás, uma reflexão muito válida: – Vivo com essa filosofia: não desistir, usar os erros e barreiras para evoluir, crescer e levar à frente os desafios. Você deve estar sempre buscando se superar, não desistir – ensina Maya. A propósito, foi com essa mesma raça – que naturalmente contou com o reforço de Iemanjá, Netuno e outras entidades das águas – que Maya se manteve em pé novamente sobre as ondas, com cada vez mais habilidade. E foi nessa fé que, em 2018, voltou à mesma praia do acidente para tornar-se a primeira mulher a surfar uma muralha daquele tamanho.

Maya Gabeira com seu recorde registrado no Guinness Book e com os colegas no mar

FOTO CAROL WEHRS

FOTOS DIVULGAÇÃO

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CA PA

FOTOS DIVULGAÇÃO

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Esse episódio já rendeu inúmeras reportagens em todo o mundo e, não por acaso, a gente aqui considera a surfista carioca uma heroína – que, de fato, é. Ela se diz muito feliz nesse momento em que está de volta às águas do mar, com saúde e autoconfiança. É lindo de ver. O que entristece a surfista é a crescente poluição nas praias – em todas por onde andou, nos cinco continentes. E elas não foram poucas em seus 32 anos de vida. Maya começou a competir aos 15. Dois anos depois, foi morar na Austrália e, em seguida, no Havaí, capital interplanetária do surfe. Foi nesse tempo que a carioca tomou contato e apaixonou-se pelas ondas gigantes. Desde então, a prancha voadora não sossegou mais: África do Sul, Indonésia, Polinésia Francesa, Taiti etc. Até no mar do Alasca ela fez seu nome. Justamente a intimidade com esse mundão que permite seu veredicto: – A degradação ambiental é problema mundial, talvez o maior desafio da humanidade neste momento, e ainda vai dar muito trabalho para todos nós – diz

a surfista. – Não dá para apontar para um lugar ou outro que esteja livre dessa questão. O que é mais evidente, no seu dia a dia, é a quantidade de lixo despejado nos litorais. Sobretudo, plástico. E é mesmo um volume assustador. Segundo relatório publicado em 2019 pela organização World Wide Fund for Nature (WWF), com dados do Banco Mundial, oito milhões de toneladas de lixo plástico vão parar nos oceanos, ano após ano. Nesse ritmo, diz a ONU, em 2050 haverá mais plásticos do que peixes nos mares do planeta. Maya relata sua experiência pessoal, que é comum à de muitos de seus parceiros de esporte e de ofício: – Cada vez mais a gente sente falta de peixes e da fauna marinha em geral. Em alguns pontos, onde havia abundância de espécies, elas começam a ficar escassas mesmo, ou pela pesca em maior escala, ou porque deixam seu ambiente pela falta de alimentos – afirma ela, já sem a tranquilidade natural da sua voz. – São muitas questões envolvidas, mas há cada vez menos vida no mar, que está mais sujo. Essa é uma combinação bem nítida. Lugares onde havia pesca submarina fácil agora têm cada vez menos peixes...

A surfista em Nazaré, em Portugal. À direita, com seus cachorros


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Essa vivência tornou Maya uma porta-voz informal, nos últimos dez anos, da importância da conscientização sobre os recursos hídricos. É um trabalho de formiguinha, mas urgente. Sempre que pode, dá sua opinião e dicas sobre como contribuir com a causa ecológica. – Há milhões de coisas que a gente pode fazer no dia a dia, tipo não usar garrafa plástica ou os sacos do supermercado, nem tomar banhos tão longos para evitar desperdício... Qualquer tipo de economia é importante – sugere ela, sem deixar de fora uma mensagem deveras instigante. – Temos que fazer um consumo consciente tanto da energia quanto da água e dos bens materiais. Vamos aprender a consumir menos e, assim, produzir menos lixo por pessoa. Muito bom, considerando que o consumismo é mesmo uma doença de larga escala e de longa data. No que toca ao meio ambiente, as ações individuais são necessárias, claro, mas Maya também reforça que a solução para a degradação acelerada passa sobretudo por decisões e políticas veementes de governos, entidades e, claro, empresas de todos os tamanhos. – Do jeito que estamos, a gente vai ter que se mexer muito para mudar essa maré de poluição e de problemas ambientais. A crise é cada vez mais séria. Da parte dos governos, precisamos de novas leis. E as grandes empresas já começaram a olhar para isso de forma mais ativa, agindo para reverter esse quadro insustentável. Eis aí um recado direto, sem marola, de quem vê bem de perto os efeitos desastrosos dessa lixarada assassina.

FOTOS DIVULGAÇÃO

Sangue verde Pelo menos no caso da cidadã Maya Reis Gabeira, podemos garantir que brigar pelo meio ambiente é coisa que vem de berço. Ela é filha da estilista Yamê Reis, fundadora do Rio Ethical Fashion, reconhecida por seu trabalho na moda sustentável, e do jornalista Fernando Gabeira (foto), um dos fundadores do Partido Verde do Brasil, em janeiro de 1986. Naquela época, a ideia de haver um partido preocupado com as questões ecológicas e sociais era bastante respeitada na Europa, e só. Aqui ainda dominava a visão ambiental atrasada, de que somos detentores de riquezas naturais ilimitadas, e que, por isso, essa pauta não é fundamental. O tempo mostrou que a sustentabilidade deixou de ser uma preocupação regional e se tornou uma questão planetária, crucial para o bem-estar das próximas gerações. Eleito deputado federal do PV em 1994, Gabeira completou quatro mandatos em Brasília e, desde 2012, se dedica ao jornalismo e às palestras. Em suas viagens pelo Brasil, para o seu programa no GloboNews, ele se concentra em temas ambientais e sociais e, principalmente, na questão da água. “A água é vida, tem uma importância fundamental, e o Brasil, por falta de saneamento básico e outros fatores, destrói permanentemente o seu patrimônio hídrico. A ausência de saneamento não é um problema de falta de educação, mas sim de política pública. É o grande fracasso da atual geração de políticos no Brasil”, afirma Gabeira, ressaltando que o consumo de serviços públicos, como saneamento, deve vir antes do consumo de eletrônicos. Orgulhoso da filha Maya (ele também é pai de Tami, psicóloga), Gabeira acompanha carinhosa e atentamente a carreira da filha no mar. Tanto é que os dois têm um combinado: assim que a jovem sai da água, em campeonatos, liga para ele. Logo após o acidente de 2013, quando Maya já estava devidamente longe de riscos, o pai zeloso não escondeu, numa entrevista ao jornal O Globo, uma opinião curiosa sobre as surpresas da filha: – Preferia que a Maya fosse tenista, mas ela não seria a mesma pessoa. Então está ótimo assim. Pois é. Longe do surfe, Maya não seria a mesma pessoa. Então está ótimo assim.



Crise hídrica, reciclagem criativa, opções de restaurantes ecológicos e as melhores cachoeiras próximas da cidade

hora

FOTO DIVULGAÇÃO

O M E L H O R D A C I D A D E M A R AV I L H O S A

Ecofriendly até debaixo da água

CIÊNCIA Quando o assunto é preservação ambiental, o Aquário Marinho do Rio é referência. O AquaRio é o primeiro do mundo a receber uma certificação Friend of the Sea, que atesta instituições que prezam pela sustentabilidade marinha. Além disso, o equipamento possui o maior projeto de energia solar do Estado do Rio de Janeiro. São mais de 2 mil painéis fotovoltaicos instalados no telhado da atração, que geram cerca de 77 mil kWh de energia limpa por mês. A eletricidade produzida, correspondente ao consumo mensal de 500 residências brasileiras, evita a emissão de 320 toneladas de gás carbônico para a atmosfera a cada ano. AQUARIO: Praça Muhammad Ali, Gamboa, tel. 21 2042-5312. Ingressos de R$ 60 a R$ 120.


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HORA RIO

RECICLAGEM

Sustentável e criativo POR CARLOS MONTEIRO

FOTO DIVULGAÇÃO

Nunca o carioca esteve tão engajado em projetos de reciclagem para preservação do meio ambiente. Bares, restaurantes, lojas, supermercados, iniciativas isoladas e até uma igreja abraçam essa missão. Reciclar é preciso, pois viver é preciso.

Lucas Chiabi, criador do Ciclo Orgânico; à direita igreja sustentável do Padre Omar Raposo

De baldinho e bicicleta As sobras e restos de alimentos representam mais da metade do que jogamos fora todos os dias, e hoje são um verdadeiro desastre ambiental nos aterros e lixões. Para mudar esse cenário, Lucas Chiabi criou o Ciclo Orgânico em 2015, que oferece uma solução prática e fácil para a destinação de lixo orgânico: a compostagem. Nos cinco anos de existência, o projeto já mudou o destino de mais de 882 toneladas de resíduos orgânicos, gerando mais de 547 toneladas de adubo e evitando, assim, mais de 662 toneladas de CO2 na atmosfera! Sustentável também na mobilidade urbana, a empresa é a primeira do Brasil a coletar os resíduos usando bicicletas, com baldinhos para separar os resíduos. Os assinantes que se engajam no projeto recebem, ao final do mês, 2 kg do composto orgânico, um pacotinho de sementes diferentes a cada mês e ainda contribuem doando mais 2

kg do adubo para uma horta comunitária. Hoje, Lucas atende a zona sul, parte da zona oeste, o centro e alguns bairros da zona norte carioca. cicloorganico.com.br

Vantagem no bolso A companhia de energia do Rio tem um projeto de troca de materiais recicláveis por bônus na conta de luz; é o Light Recicla. Implementado em 2011, o programa já beneficiou mais de 16 mil clientes, arrecadou 11 mil toneladas de resíduos e quase 80 mil litros de óleo de cozinha que seriam descartados sem tratamento adequado, e deu bônus de mais de R$ 1 milhão em contas de energia. Podem ser trocados papéis e papelão, plásticos, vidro, metal e óleo de cozinha. Já medicamentos e outros materiais podem ser reciclados em drogarias e postos espalhados pela cidade. Saiba mais no site www.ecycle.com.br/ postos/reciclagem.phpLight.com.br

São José das Tampinhas O padre Omar Raposo, reitor do Santuário Cristo Redentor e pároco da Igreja São José da Lagoa, já chama sua paróquia de “São José das Tampinhas”. O projeto iniciou com o recebimento de óleo comestível enviado a Pastoral do Meio Ambiente para destinação correta; depois passou a aceitar filtros de papel para coar café e garrafas PET usados, então utilizados na decoração das festas; e aí lançou a campanha para angariar lacres de latinhas para conversão em cadeiras de rodas. Hoje, a paróquia recolhe tampinhas de plástico, cuja renda é destinada à compra de cadeiras de rodas doadas a ABBR. Já foram recolhidas mais de 60 toneladas, em um total maior que 100 milhões de unidades, que geraram mais de trezentas cadeiras, reduzindo, consideravelmente, a fila para esse equipamento naquela instituição. A paróquia conta ainda com sistema de captação da água da chuva, utilizada para os banheiros e rega dos jardins no seu entorno com o “triciclo regador”, geração de energia eólica e placas fotovoltaicas, sendo a primeira igreja do Brasil a gerar a sua própria energia. Av. Borges de Medeiros, 2735, Lagoa, tel. 21 2294-6549. FOTO CARLOS MONTEIRO

Iniciativas inovadoras são a mola mestra para a mudança de hábitos rumo a um mundo melhor


FOTO RAFAEL WALLACE | ALERJ

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Mortandade de peixes na Lagoa Rodrigo de Freitas

MEIO AMBIENTE

Crise hídrica, o fruto do descaso

Os cortes bilionários no saneamento básico criam um drama contínuo

POR JOÃO BENZ

O ESTADO DO RIO DE JANEIRO sofre com um problema estrutural de falta de água. Desde 1997, passou por quatro crises hídricas e a ausência de investimento em saneamento básico é considerada por especialistas a principal causa. No ano passado, o Movimento Baía Viva, em parceria com pesquisadores de diferentes universidades públicas, monitorou a situação dos principais mananciais do Rio e constatou que o estado tem uma grande insegurança hídrica. Em 1997 e em 2001, as crises de água foram causadas pela presença de cianobactérias em uma estação e um reservatório. Em 2015, o tempo seco no sudeste, que em São

Paulo levou o Sistema Cantareira ao volume morto, foi visto como motor da terceira crise. A geosmina, composto orgânico que em grego significa “perfume de terra”, já foi identificada por técnicos da Cedae em 2004. Na época, avaliaram que não apresentava perigo e, portanto, não seria necessário adotar medidas para contê-la. Agora, a companhia busca diminuir a presença do composto com a aplicação de carvão ativado pulverizado. “Ao contrário do que dizem as autoridades estaduais, não estamos diante de uma situação normal, nem trata-se de um incidente, mas sim de um problema estrutural. A principal causa das crises é a ausência de

investimento e de saneamento básico”, argumenta o fundador do Movimento Baía Viva, Sérgio Ricardo. O estudo “Crise das Águas do Rio de Janeiro”, feito pela organização e por pesquisadores de universidades públicas e privadas, demonstra que, desde 2003, R$ 11 bilhões destinados ao saneamento e proteção dos mananciais não foram investidos. Para piorar, no dia 19 de dezembro o governador Wilson Witzel promulgou uma emenda constitucional que deve retirar este ano mais de R$ 370 milhões do investimento em saneamento básico e segurança hídrica. Para Sérgio Ricardo, o pior desastre hídrico do estado pode acontecer em breve em Volta Redonda. Lá passa o Rio Paraíba do Sul, que abastece 75% da região metropolitana (9,75 milhões de pessoas), e a cerca de 200 metros do leito há uma montanha de escória de aciaria, um subproduto da produção de aço. “Essa montanha tem mais de 30 metros de altura e 4 milhões de toneladas em uma área de 200 mil m2 e, diariamente, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) continua despejando mais resíduos. No caso de uma tromba d'água forte, como ocorreu em Minas ou em São Paulo, o desmoronamento dessa pilha de rejeitos industriais pode afetar diretamente o abastecimento da região metropolitana.” Procurada pela reportagem, a CSN informou que um laudo geológico atestou a estabilidade das pilhas de materiais e comentou que, segundo critérios da Associação Brasileira de Normas Técnicas, esses resíduos não representam risco à saúde e ao meio ambiente. Ano passado, a Justiça Federal aplicou multa de R$ 10 milhões à CSN e a empresa Harsco por descumprirem a decisão liminar para a redução do resíduo acumulado.


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HORA RIO

FOTO LUKE GARCIA

Vozes da cidade

As dicas e os segredos de quem adora o Rio

POR RODRIGO GRISOLIA

Vezpa Leme “A Pizzaria Vezpa do Leme tem um cuidado especial com as causas socioambientais. Eles recolhem lixo eletrônico de clientes e fazem todo o trabalho de descarte sustentável”. Rua Gustavo Sampaio, 361, Leme.

FOTO DIVULGAÇÃO

Gastronomia consciente

“Além do melhor rock n' roll da cidade, o Buko tem uma gestão sustentável de resíduos e conta com uma parceria longeva com a principal empresa de distribuição de energia elétrica do Rio para reciclagem de metal, papel, plástico e todo o lixo coletado diariamente na casa”. Rua Álvaro Ramos, 270, Botafogo.

Cave Nacional Restobar

FOTO RODRIGO AZEVEZO

Bar Bukowski

Be+Co “O Be+Co é uma charmosa vila de containers com restaurantes como o Zatar e o Aji Marisqueria. O espaço apoia a economia local dos pequenos produtores, a redução de plástico e a reciclagem”. Rua da Matriz, 54, Botafogo, Rio de Janeiro/RJ.

RODRIGO GRISOLIA é um típico carioca de Copacabana, pratica

esportes ao ar livre, trabalha como designer e só se locomove de bicicleta elétrica para diminuir a emissão de CO2

FOTO DIVULGAÇÃO

“Conheci a Cave Nacional recentemente e virei fã. O lugar tem aquele ambiente de adega e possui a maior carta de vinhos nacionais do Rio. A casa se preocupa com descarte de lixo e recicla 100% de suas garrafas e embalagens”. Rua Dezenove de Fevereiro, 151, Botafogo.


FOTOS VINÍCIUS PINTO E SAMARA ARRUDA

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POR VINÍCIUS PINTO E SAMARA ARRUDA

Para contemplar e relaxar Cachoeira das Almas “Essa linda cachoeira, uma das mais famosas do Rio, fica dentro do Parque Nacional da Tijuca, próxima ao restaurante “A Floresta”. Suas águas geladas e a queda proporcionam uma deliciosa massagem natural. A trilha é fácil e ideal para pessoas de todas as idades.” Floresta da Tijuca

Mirante da Cascatinha “Para chegar ao Mirante encontramos alguns caminhos, com diferentes graus de dificuldade. Nosso preferido se inicia no ponto de encontro das estradas de descida do parque e subida para o restaurante “Os Esquilos”. No mirante, vemos o Parque Nacional da Tijuca e a exuberante Cascatinha Taunay.” Estrada da Cascatinha, Alto da Boa Vista

Cachoeira da Imperatriz “Uma de nossas recentes descobertas virou a escolha certa para aqueles dias de muito calor no Rio. A cachoeira não tem poço, mas a queda d’água é uma ótima hidromassagem. Pela manhã recebe a visita do sol, tornando o banho gelado muito mais agradável. Seu acesso se dá pelo Solar da Imperatriz, na região do Jardim Botânico.” Estrada Dona Castorina, Alto da Boa Vista

Poço Verde “O Poço Verde fica no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, em Guapimirim. Com diversas trilhas, poços e cachoeiras, é o lugar ideal para piqueniques ou passeios em família. O caminho para ele é curto, quase todo plano e, ao final, encontramos algumas pedras e um grande poço para relaxar.” Chácara Entrerios, Guapimirim

VINÍCIUS PINTO E SAMARA ARRUDA são casados, apaixonados

pela natureza e criadores do blog Vamos Trilhar


A 29HORAS CONVIDA VOCÊ A GIRAR A REVISTA E VIAJAR PELAS NOVIDADES DO AEROPORTO DE CONGONHAS


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