29HORAS - novembro 2020 - ed. 130/04 - Campinas

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Walcyr Carrasco N O V E M B R O / 2 0 2 0 dist ri buiç ão gr at uita em viracop o s

Autor do interior paulista escreve continuação de Verdades Secretas

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Sumário

Foto Divulgação

NOV E MB RO 2 02 0

#130 NOV EMB RO 2 020 WWW.29HORAS.COM.BR

@29horas @29horas PUBLISHER Pedro Barbastefano Júnior CONSELHO EDITORIAL Chantal Brissac, Clóvis Cordeiro, Didú Russo, Georges Henri Foz, Kike Martins da Costa, Luiz Toledo, Paula Calçade e Pedro Barbastefano Júnior

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REDAÇÃO Paula Calçade (editora de redação); Kike Martins da Costa (editor contribuinte); Rose Oseki (editora de arte) COLABORADORES Adonis Alonso, André Hellmeister, Chantal Brissac, Chiara Gadaleta, Didú Russo, Georges Henri Foz, Júlia Storch, Juliana Simões, Luiz Toledo, Patricia Palumbo, Pro Coletivo, Rodrigo Grilo, Tecla Music Agency

Hora Campinas Abertura do Hopi Hari, cervejas artesanais e marcas de cafés especiais

P U BLI CI DADE CO M ERCI AL comercial@29horas.com.br EQUIPE: Rafael Bove (rafael.bove@29horas.com. br), Angela Saito (angela.saito@29horas.com.br) GERENTE REGIONAL Giovanna Barbastefano (giovanna.barbastefano@29horas.com.br) CAMPINAS – Marilia Perez (marilia@ imediataonline.com.br), Mariana Perez (mariana@imediataonline.com.br) RIO DE JANEIRO – Rogerio Ponce de Leon (rogerio.leon@viccomunicacao.com.br) ASSISTÊNCIA COMERCIAL Hanna Mercaldi (hanna.mercaldi@29horas.com.br)

A revista 29 HOR AS respeita a liberdade de expressão. As matérias, reportagens e artigos são de responsabilidade exclusiva de seus signatários. Av. Nove de Julho, 5966 - cj. 11 — Jd. Paulista, São Paulo — CEP: 01406-200 TEL.: 11.3086.0088 FAX: 11.3086.0676

da 15 Vozes cidade

Restaurantes modernos e tradicionais de Campinas

06 Capa

Wacyr Carrasco escreve novela durante isolamento social

MISTO

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Agora é agro A TIRAGEM E DISTRIBUIÇÃO DESTA EDIÇÃO SÃO AUDITADAS PELA BDO.

Brasil se vê obrigado a importar soja

Fotos Divulgação

2 9 H OR AS é uma publicação da MPC11 Publicidade Ltda.

Foto da capa: Globo | Paulo Belote Foto Globo | Estevam Avellar

JORNALISTA RESPONSÁVEL Paula Calçade


SE ESTÁ DIFÍCIL PARA NÓS,

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O Sertão Nordestino é hoje a região do país com maior vulnerabilidade para enfrentar os efeitos da pandemia. Milhares de pessoas, neste momento, enfrentam a fome, a sede e falta total de estrutura de saúde em povoados isolados.

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CA PA


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A ESCRITA COMPULSIVA E BEM HUMORADA DE

Walcyr Carrasco ISOLADO NA GRANJA VIANA, O AUTOR ESCREVE A CONTINUAÇÃO DE VERDADES SECRETAS, NOVELA DE SUCESSO DA TV GLOBO, EM UMA ROTINA NOTÍVAGA DE TRABALHO POR

RODRIGO GRILO

SE TUDO DESSE ERRADO NA CARREIRA COMO ESCRITOR e autor de novela, Walcyr Carrasco não passaria fome. Colecionador de sucessos como, só para citar quatro, “Êta Mundo Bom!”, do horário das 18h, “Caras e Bocas”, das 19h, “A Dona do Pedaço”, das 21h e “Verdades Secretas”, das 23h, todas exibidas na TV Globo, o filho de um ferroviário e de uma comerciante nascido em Bernardino de Campos, no interior paulista, costuma comprar imóveis, reformá-los e revendê-los. Não à toa, é conhecido entre seus amigos por mudar de endereço com frequência. “Troco muito de casa de olho em negócios. Estou nessa aqui há dois anos e meio”, diz ele, que mora na Granja Viana, na Grande São Paulo. Hoje com 68 anos, Walcyr – que viveu em Marília entre os 3 e 15 – está escrevendo a continuação de “Verdades Secretas”, que conquistou em 2016 o Emmy Internacional, o Oscar da TV, além do troféu da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), como melhor produção de teledramaturgia. Trabalha sempre noite adentro. Notívago, começa a escrever às 20h e termina lá pelas 4h da manhã. Na conversa com a reportagem da 29HORAS, o autor de novelas revela outras particularidades de sua vida durante a pandemia, como cuidar de uma horta de temperos.


CA PA

Você tem fama de ser uma pessoa que gosta de mudar de casa, não é? Sigo com essa fama. Troco muito de casa de olho em negócios. Eu costumo comprar um imóvel, reformá-lo e depois o passo para frente. O que curte mais: casa ou apartamento? É um charme a mais morar em casa. Você pode ter e cuidar de um jardim, por exemplo. Costumo ter muita planta. Na Granja Viana, os terrenos são bem grandes e há muito verde. Moro aqui há dois anos e meio. Tenho uma biblioteca grande porque sou compulsivo por comprar livros. Ler é o meu grande prazer. Hoje, devo ter muito mais de 10 mil títulos acomodados nas prateleiras da biblioteca. E casa é bom porque sempre dá para quebrar uma parede e dar um jeito de ampliar um espaço. Como é a sua rotina de trabalho dentro de casa? Sou notívago e o meu esquema é trabalhar de noite, invadindo a madrugada. Começo a escrever às 20h e vou até as 4h. Durmo e acordo lá pelo meio-dia, uma da tarde. Aí tenho uma academia aqui em casa, onde me exercito. E cuido de uma horta de temperos. Se está chovendo, fico na esteira da academia e leio bastante. Como está o trabalho para a continuação de “Verdades Secretas”, sucesso em 2015, e que deve retornar com novos capítulos, em 2021? Eu estou escrevendo. Não tenho a menor ideia de datas de gravação e lançamento. A Globo irá definir. O meu trabalho como escritor já tem como rotina não comparecer à emissora. Trabalho em casa. Com a pandemia, não vou à Globo há muito tempo. Não estou por dentro do que ocorre na rádio-corredor, do disse me disse, entende? Não estou vivendo isso. “Verdades Secretas” marca uma guinada na sua trajetória como autor? Foi muito importante porque eu me desafiei enquanto autor, criando personagens e tramas realistas muito fortes.

FOTO GLOBO | ESTEVAM AVELLAR

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FOTO GLOBO | PAULO BELOTE

FOTO GLOBO | REINALDO MARQUES

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Walcyr Carrasco com Pedro Bial e o ator Guilherme Leicam, no programa "Conversa com Bial"; o autor com Marcos Palmeira

Eu já estava em busca desse processo e aí aconteceu em “Verdades Secretas”. Precisava me desafiar. E, então, me desafiei. Abracei uma história e ela fez com que eu saísse de um lugar e fosse além, muito além de onde costumo chegar. Isso é muito bom. Não costumo racionalizar o processo criativo. Ele foi acontecendo. É a postura que sempre mantenho em entrevistas: processo criativo não tem como ser racionalizado. Ele vai acontecendo e eu tenho a oportunidade de expressá-lo na Globo. E é maravilhoso isso.

O que irá acontecer com cenas que envolvem contato? Por exemplo, como será uma cena de beijo? Aí é que tá: não tenho a maior ideia. Primeiramente, não sei quanto tempo irá durar essa pandemia. Está surgindo uma vacina e, a partir dela, os protocolos irão mudar. Estou em um projeto que ainda não está sendo gravado. Convivo com esse dia a dia de pandemia no trabalho em si. Sei que outros autores têm de adaptar cenas por causa da pandemia. Não é o meu caso, por enquanto. Eu, agora, estou

criando. Vamos ver o que acontece com a pandemia. É um cenário escuro, mas sei que irei seguir os protocolos.

Você é telespectador de novela? Viu alguma dessas reprises? Assisti uma minha, “Êta Mundo Bom!” (cuja reprise em Vale a Pena Ver de Novo se encerrou, mês passado, com 22 pontos de audiência média, um sucesso para o horário). Gostei muito, fiquei bem contente. Em algumas cenas, ficava pensando: “Será que sou capaz ainda de escrever bem desse jeito?”. A gente se surpreende com o que a gente fez, anos atrás. Espanta-se: “Como pude fazer aquilo?”. E me admirava com o resultado dos atores, da direção. Na época da primeira exibição, não tenho condição de avaliar, porque estou escrevendo ainda. O humor é um traço marcante dos seus roteiros... Eu sou uma pessoa bem humorada. Só isso. Eu sou assim por natureza. Encaro a vida com bom humor. E as minhas obras também. Cada pessoa escreve aquilo que ela é. É simples assim: se sou bem humorado, irei escrever desse jeito. Agora, tem uma cultura de comédia que fui buscar para fazer “Eta Mundo Bom!”. Fui buscar o Amácio Mazzaropi (1912 – 1981). Nele, sim, me inspirei. Compramos os direitos do “Candinho”, um filme dele. O crédito dele está na novela. Quando criança, eu assistia todos os filmes do Mazzaropi. A minha família era bem-humorada. Quais ingredientes fazem de uma novela um sucesso? Não acho que exista uma receita. Mas um ato de criatividade que envolve autor, atores, diretor, figurinista... Acredito em um momento no qual a história é contada que pode ser consonante com o que acontece na vida real. Há variantes, mas em receitinha eu não acredito. Muitas de suas novelas trazem à luz uma rotina própria do interior do Brasil. Elas dizem muito também sobre o pedaço de terra onde você se criou?


CA PA

FOTO GLOBO | FÁBIO ROCHA

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O cantor Luan Santana, a atriz Paola Oliveira, o apresentador Serginho Groisman e Walcyr Carrasco no programa "Altas Horas", da TV Globo

Nasci em Bernardino de Campos. Saí de lá com 3 anos para ser criado em Marília. Mas as cidades do interior das minhas novelas são mais crescidinhas. Eu não ficava de férias em sítio, por exemplo. Claro que eu ouvia o caipirês todo. Mas não é o mesmo das novelas. O gostoso do interior é ter o contato com as pessoas em geral. A gente consegue frequentar os locais a pé, cruza com as pessoas o tempo inteiro. Ou seja, você pertence a uma comunidade. Já na capital paulista, muitas vezes você fica isolado da comunidade, das pessoas. O aconchego é o que o interior tem de bom. A gente sabe que faz parte daquele lugar onde vive.

Em qual fase da vida você passou a exercitar a escrita como profissão? Com 11, 12 anos, eu tinha uma vizinha que me emprestava livros do Monteiro Lobato. E foi aí que adquiri paixão por escrever e já comecei a ter na cabeça que eu queria ser escritor. Eu amo muito o Lobato. Ano passado, relancei dois livros dele, “Reinações de Narizinho” e a “Reforma da Natureza”, nos quais adaptei passagens

que tratavam de pessoas negras de modo depreciativo e substitui algumas palavras pouco usadas para uma linguagem mais atual, moderna. Monteiro Lobato foi quem fez com que eu tivesse esse impulso para escrever. E a minha mãe passou a ler por minha causa. Aí ela dizia que eu me tornei outra pessoa depois de Lobato; que eu fiquei mais questionador por causa da boneca de pano Emília.

Quais outras funções você desempenhou antes de viver como escritor? Quando a minha família mudou para São Paulo, vendi livros de porta em porta. Eu tinha 15 anos. Também fiz pesquisas de mercado e trabalhei na Editora Brasiliense. Era uma forma de ajudar a família, para que meus pais não tivessem despesa comigo. Aí viajei para os Estados Unidos, onde lavei prato, fui garçom, dei aulas de português. Fiquei quase dois anos por lá. Me diverti, tinha muitos amigos e fui hippie, no sentido de viver de coisas pequenas e não dar muita importância a bens materiais. Enfim, essa experiência fez com que eu me tornasse uma pessoa

muito objetiva, algo comum aos americanos. Sou muito franco, reto. Até demais, eu penso às vezes.

O que guarda na memória de sua fase como jornalista? O jornalismo me ensinou bastante. Hoje, não escrevo algo sem antes fazer uma pesquisa, por exemplo. Então, para escrever “Verdades Secretas”, eu entrevistei bookers (agenciadores) e modelos a fim de entender melhor aquele mundo da moda. Eu sempre faço a pesquisa jornalística. O jornalismo me ensinou a ser consistente naquilo que escrevo. Essa é uma herança muito boa que carrego. Em 1998, você escreveu "Fascinação", para o SBT. Como foi trabalhar com o Silvio Santos? O Silvio Santos é uma pessoa sensacional. Tem uma inteligência incrível, esperteza, sabedoria. Foi muito interessante trabalhar com ele. Nós dois somos sagitarianos. Sobre o nosso signo, gosto muito do símbolo de sagitário: os pés na terra e a cabeça voltada para o céu. Silvio Santos é uma figura ímpar, uma personalidade.


hora

FOTO DIVULGAÇÃO

Diversão de volta

CAMPINAS

O MELHOR DA REGIÃO

LAZER Localizado no interior paulista, próximo a região metropolitana de Campinas, o Parque Temático Hopi Hari reabre aos finais de semana, das 10h às 17h, operando com 40% da sua capacidade. Para o público é exigido o uso de máscaras, aferição de temperatura, o respeito ao distanciamento social, e o uso de álcool em gel, disponibilizado ao entrar e sair das atrações. O Hopi Hari conta com cinco regiões temáticas distribuídas em 760 mil metros quadrados, a mais rápida montanha-russa da América do Sul, a Montezum, além de 40 atrações para todas as idades. HOPI HARI – Rodovia dos Bandeirantes, km 72 - Moinho, Vinhedo.


HO RA CAMP INAS

FOTO RODOLFO TREVISAN

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GASTRONOMIA

Bons goles

Três cervejarias artesanais encantam o bairro de Barão Geraldo e se unem por uma boa causa

POR JÚLIA STORCH DO HOBBY DE PRODUZIR CERVEJAS entre

FOTO RODOLFO TREVISAN

amigos, nasceram três cervejarias no bairro tradicional dos universitários de Campinas, o Barrão Geraldo. Nos últimos meses durante a pandemia, Tábuas, Garimpero e Confra da Mantiqueira decidiram se unir por uma causa maior e produzir um rótulo em conjunto, a Ciclo Básico, em prol do Hospital das Clínicas da Unicamp.

Cervejaria Tábuas São despojadas as características da Cervejaria Tábuas, as dezenas de cadeiras de praia e mesas de carretel de madeira são disputadas aos finais de tardes e noites de quinta a domingo. Na casinha ao fundo, são servidas entre oito e dez tipos de cervejas, todas produzidas pela casa, e rotativas, já que os cervejeiros Alexandre Montagnana e Guilherme Manganello sempre apresentam novas receitas. “Em outubro, lançamos mais quatro cervejas em comemoração aos quatro anos da cervejaria”, conta Alexandre. Os amigos, que se conheceram no curso de Engenharia de Alimentos na Unicamp, começaram a se interessar por cervejas artesanais no final da graduação, e como já haviam estudado sobre o processo de produção na faculdade, decidiram aprimorar os testes e se especializaram na área. Após mais de 300 receitas e com mais um sócio, Alexandre Ferreiro, inauguraram a Cervejaria Tábuas, em 2016.

Rua Teresa Zogbi Geraij Mokarzel, 33 - Barão Geraldo, Campinas


FOTO HUGO TEIXEIRA

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Cervejaria Garimpero Juntos desde a infância, Erikson Hoff, Ícaro Sampaio, Filipe Falcão e Marcos Barros seguiram profissões diferentes, de Medicina à Engenharia. Mas há dois anos, unidos pela paixão por cerveja, decidiram abrir uma cervejaria no bairro onde cresceram, a Garimpero. Ícaro, mestre cervejeiro da casa, abandonou a vida de engenheiro civil para se especializar e dedicar totalmente ao antigo hobby. “Fazer as cervejas no local nos dá uma maior liberdade para experimentar novas receitas, produzir lotes pequenos, entender do que o público está gostando, e nos permite ter sempre o frescor da cerveja”, explica. São oito torneiras, uma dedicada para uma produção convidada da região, e as outras sete são criações da casa, que mudam a cada semana. Desde a abertura, já foram produzidos mais de 65 rótulos.

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Av. Santa Isabel, 462 - Barão Geraldo, Campinas

Confra da Mantiqueira Das serras de Córrego do Bom Jesus, em Minas Gerais, a 1500 metros de altitude, brotam as águas das cervejas da Confra da Mantiqueira, ou Confra, como é conhecida. Por ser uma nanocervejaria, com produção de 4 mil litros mensais, os amigos e mestres cervejeiros, Júlio Sartori e Daniel Simões, têm um controle maior sobre os processos de produção e qualidade das cervejas. Descendo a serra, no bairro de Barão Geraldo, em Campinas, a Confra vende suas mais de dez cervejas registradas, além das receitas comemorativas e das cervejarias ciganas que produzem em sua fábrica. Atualmente, com o distanciamento social, quem visita a casa é acomodado na praça em frente, com sombra e cerveja ainda mais que fresca.

Unindo ciclos Em abril, as similaridades uniram a Confra, a Garimpero e a Tábuas. As cervejarias decidiram lançar o rótulo Ciclo Básico, nome em homenagem ao campus que une diversos cursos da Unicamp e moradores do bairro. “Mesmo sendo vizinhos e concorrentes, sempre tivemos amizade. Com o fechamento dos bares, decidimos aproveitar o momento e produzir um rótulo em conjunto. Como estamos próximos à Unicamp, doamos parte da renda das vendas para o Hospital das Clínicas”, conta Ícaro. O primeiro lote da American Pale Ale com notas cítricas esgotou em apenas dois dias, agora está em seu segundo lote e pode ser comprada nos sites das marcas e apreciada nas cervejarias.

FOTO RODOLFO TREVISAN

Rua José Martins, 503 - Barão Geraldo, Campinas


HORA CAMP INAS

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SAÚDE

Ribeirão Preto na corrida pela vacina Empresa de biotecnologia do interior de São Paulo se prepara para iniciar os testes de uma inovadora e poderosa fórmula imunizante contra o novo coronavírus POR KIKE MARTINS DA COSTA NA CORRIDA PELA DESCOBERTA DE UMA VACINA

para prevenir a infecção pelo novo coronavírus, grandes conglomerados farmacêuticos e importantes centros de pesquisa da Inglaterra, da China, dos Estados Unidos e da Alemanha estão na liderança, mas outros laboratórios menores correm por fora. Esses são os casos da Universidade de São Paulo (que está desenvolvendo uma vacina tipo spray nasal inalável) e da Farmacore, empresa brasileira de biotecnologia com sede em Ribeirão Preto. Em parceria com a PDS Biotechnology Corporation, a Farmacore está prestes a obter a aprovação para financiamento pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento

Científico e Tecnológico (CNPq) para iniciar os testes necessários para habilitação da vacina junto à Anvisa. O objetivo da vacina é estimular a rápida produção de anticorpos neutralizantes, bem como células-T “killer” e células-T de memória contra o coronavírus. Denominada Versamune-CoV-2FC, a vacina é a combinação de uma proteína recombinante do vírus, desenvolvida pela Farmacore com a nanotecnologia da plataforma Versamune, exclusiva da empresa de imunoterapia com sede em Nova Jersey PDS Biotech. Essa é uma tecnologia patenteada para a ativação das células T, consideradas “guerreiras”

de frente no reconhecimento do vírus e combate a eles dentro do organismo humano. A união das tecnologias da Farmacore Biotecnologia e da Versamune é um caminho novo e promissor para uma vacina de efeito duplo e seguro no combate à Covid. “A tecnologia de produção da vacina é de fácil escalonamento, o que possibilitará sua fabricação em território brasileiro e licenciamento aos demais países”, explica Helena Faccioli, CEO da Farmacore. O projeto prevê a produção e teste de um antígeno composto pelas proteínas S do SARS-Cov2 (Covid 19) juntamente com nove imunogênicos capazes de provocar uma resposta imunológica para produção de anticorpos de combate ao coronavírus. “Essa é uma inovação importante para diferenciar esta vacina daquelas que estão sendo testadas mundo afora, pois ao mesmo tempo em que induz a produção de anticorpos pelo mecanismo do antígeno da proteína do vírus, também reforça a resposta imunológica diretamente no sistema de defesa celular, formando um ‘combo’ inovador e poderoso”, explica Helena. Essa será a primeira vacina contra o coronavírus desenvolvida inteiramente no Brasil e tem potencial de integrar os esforços globais na busca de uma prevenção definitiva contra os efeitos da pandemia, em um cronograma acelerado que tem como objetivo realizar os testes pré-clínicos até outubro desse ano e o início de testes clínicos no primeiro trimestre de 2021, com produção industrial no segundo semestre de 2021.


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Vozes da cidade

As dicas e os segredos de quem adora a região

POR RAQUEL CARDAMONE*

Tradição e modernidade Restaurantes contemporâneos e outros que já viraram referências em Campinas

Padoca do Vila “É um jeito descolado de tomar café da manhã! A Padoca do Vila trouxe a facilidade do food truck com alimentação saudável e equilibrada ao ar livre, entre muito verde e ar puro. O meu pedido é sempre o queijo quente no pão de mandioca, e o suco verde. Meu filho adora o bolo de cenoura com cobertura de chocolate!” Rua Dr. Heitor Penteado, 1716 - Joaquim Egídio, Campinas

Bouquet Garni “O Bouquet Garni é um restaurante de frutos do mar localizado no charmoso distrito de Sousas. Tem uma paisagem repousante e um clima muito agradável. Amo a casquinha de siri de entrada, o salmão com amêndoas de prato principal e, para fechar, peço sempre a sobremesa com figo ramy, é uma delícia.” Rua Treze de Maio, 1650 – Sousas, Campinas

Restaurante Theo Medeiros “Em uma agradável e tradicional rua do Cambuí, o chef Théo combina textura, aromas e uma apresentação delicada para cada prato. O ambiente é casual e possui uma decoração alegre e divertida. As paredes prestam tributo aos mais de trinta anos de carreira do chef. Coma a mini caçarola de camarões e o polvo, que é sensacional.” Rua Dr. Sampaio Ferraz, 175 – Cambuí, Campinas

Bar Giovannetti - Unidade Cambuí “Com uma boa mistura entre tradição e modernidade, o Giovannetti é um bar que todos devem conhecer quando passam por Campinas. O chopinho gelado de lá já é considerado um patrimônio cultural da cidade” Rua Padre Vieira, 1277 – Cambuí, Campinas *RAQUEL CARDAMONE é empresária e uma das

fundadoras da startup Bright Cities


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ECONOMIA

Grão especial

A bebida que é a cara do Brasil há séculos recebe selos de qualidade e passa por mercado exigente em São Paulo

POR PAULA CALÇADE O CAFÉ TEM PESO SIGNIFICATIVO para a

economia de São Paulo. Embora se produza no estado 10% da safra brasileira da bebida, as atividades de torrefação e moagem, o consumo e a exportação amplificam imensamente o impacto do negócio, que movimenta mais de R$25 bilhões por ano em território paulista. E os cafés especiais, muito produzidos por aqui, agregam valor a essa bebida tão conhecida no país. Celso Vegro, pesquisador do Instituto de Economia Agrícola e especialista em cafés, aponta que 35% de todo o consumo ocorre em São Paulo e 85% da exportação passa pelo porto de Santos. “É uma cadeia com nível de governança bem avançado, com iniciativas regionais com selos de procedência, como Alta Mogiana, Pinhal e Bragança”. Celso ainda conta que nas lavouras paulistas existem boas práticas

agrícolas que garantem a manutenção da qualidade do produto, que justificam a relevância do estado. “E concentramos as exportações, que exigem análises de resíduos de agroquímicos”. A pandemia paralisou as vendas das cafeterias e restaurantes por meses, impactando a venda de cafés especiais paulistas. “Em contrapartida, a formação de estoques nas residências para diminuir as idas aos supermercados catapultou as vendas no varejo que chegaram a se elevar em 35% em março, e agora estão em patamares normais”. O ecommerce também foi uma saída importante para manutenção do mercado. Marcas como Mogiana e Orfeu vendem em seus sites grãos, café moído e cápsulas, além de acessórios como térmicas, jarras, balança e filtros para que os consumidores

Acima, platação de café Orfeu, na Fazenda Sertãozinho, e cafés e acessórios da marca e da Mogiana

tenham em casa todos os elementos do universo especial do café. “É um novo caminho importante para que esses produtores diversifiquem seus canais de distribuição, e são eles os responsáveis por atualizar o negócio do café em São Paulo”, finaliza.


kikecosta@uol.com.br

COLUNA

Agora é agro

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POR

FOTO REPRODUÇÃO

Kike Martins da Costa

Prosa rápida Na brasa

Maior exportador de soja, Brasil importa a leguminosa Alta do dólar fez com que produtores brasileiros dessem prioridade às exportações, gerando desabastecimento e disparada dos preços no mercado interno A Câmara de Comércio Exterior (Camex) zerou a alíquota do imposto de importação para soja e milho para conter a alta de preços no setor de alimentos. No começo de setembro, o governo já havia zerado a alíquota do imposto de importação para o arroz. Puxada pelo preço dos alimentos, inflação registrou em setembro de 2020 a maior taxa do ano. Nos supermercados, o óleo de soja subiu mais de 30% em setembro, quase o dobro do aumento do arroz, segundo a Associação Paulista de Supermercados. O Brasil é o maior exportador de soja do mundo, e a desvalorização do real nos últimos meses torna os produtos brasileiros mais baratos no exterior, estimulando ainda mais as vendas externas. Países como China compram muito dos produtores nacionais e sobra menos

para os consumidores brasileiros. Só neste ano, o dólar subiu mais de 30%. De janeiro a setembro, o Brasil já importou 528,2 mil toneladas de soja, contra 144 mil toneladas em todo o ano de 2019. Foi um aumento de 365%. As importações acumuladas de milho somam 725,7 mil toneladas nos nove primeiros meses de 2020, contra 1,44 milhão de toneladas em 2019. Em setembro, as importações de arroz em casca tiveram alta de 310% em relação ao volume adquirido no ano passado. A isenção de tarifas vale até janeiro de 2021, para a soja, e até março, para o milho. Para o arroz vale até o final de dezembro. Mais de 95% da soja e do milho importados vêm do Paraguai. Mas também há grãos vindos do Uruguai, da Argentina e até mesmo dos Estados Unidos.

Na coluna do mês passado, falamos dos impactos do aquecimento global na produção agrícola. Na recente onda de calor que assolou o Sudeste e o CentroOeste do país, mais de um milhão de galinhas morreram só em Bastos (SP), cidade que é a maior produtora de ovos do país. Mesmo com ventiladores, as granjas não conseguiram amenizar as temperaturas, que chegaram a 41,4ºC. A temperatura ideal para as aves é entre 20ºC e 25ºC.

Trigo sertanejo A primeira colheita de trigo realizada no Ceará gerou excelentes resultados. O plantio, ainda em fase experimental, produziu 8,5 toneladas de trigo em uma área de 1,6 hectare, o que representa uma produtividade de 5,3 toneladas por hectare na primeira colheita. Na região Sul do Brasil, com um clima mais apropriado para o cultivo desse cereal, a produtividade média é de 2,4 ton/hectare.

Cultivando empregos O Brasil perdeu 850 mil empregos entre janeiro e agosto de 2020, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia. E esse resultado poderia ter sido ainda pior não fosse o desempenho do agronegócio, que abriu 98 mil vagas com carteira assinada neste mesmo período. Os segmentos que mais empregaram nos oito primeiros meses do ano foram os de café, cana-de-açúcar, soja, pecuária de corte, fruticultura e avicultura.


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