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SALVADOR SEXTA-FEIRA 4/3/2011
Mila Cordeiro / Ag. A TARDE
GASTRONOMIA Iguarias da culinária nordestina, como cuscuz, beiju e mingau, podem ser degustadas em vários pontos de Salvador
Uma pausa para o café caipira no agitado dia a dia da cidade grande
MARIANA PAIVA
Mesa posta, sol entrando pela janela, o bule cheio de café passado na hora. Da cozinha, vem o cheiro de outras delícias quentinhas a caminho da mesa: cuscuz de milho, beiju de tapioca, ovos mexidos. Para quem mora na cidade, entre engarrafamentos e relógios que sempre criam atrasos, só sobra a frieza do fast food? Nem sempre. Antes ou depois de um dia de bastante correria, há quem invista em tomar um café caipira. É claro que, para isso, dispensam alguns itens do cenário da fazenda: muitos o fazem nos shoppings centers, com a iluminação artificial e o barulho tão conhecido das praças de alimentação. Ainda assim, há quem confie no buffet de café caipira para conferir um pouco de leveza ao dia a dia atribulado. Sempre que tem algum tempo livre, o advogado Dennys Augusto Silva vai ao shopping tomar café caipira com sua família. “Acho uma opção bacana para sair da rotina”, revela. Dennys vê o café caipira na cidade grande como um ato cultural. “É uma oportunidade de os turistas conhecerem a cultura nordestina através da gastronomia. Além disso, tem o óbvio, que é ter o prazer de saborear as delícias da comida daqui”, diz. Para ele, entretanto, é preciso ter algum tempo disponível para ir ao buffet de café caipira e escolher com calma o que quer
comer. “É um café mais demorado, não é como um fast food. Enquanto come, você pode bater papo com as pessoas e relaxar. O ideal mesmo é que seja um momento de pausa na correria do cotidiano”, afirma.
Investimento certo
Proprietário do restaurante Caipira Express do Salvador Shopping, o empresário paulista Carlos Cunha decidiu investir num buffet de café nordestino depois de realizar uma pesquisa de mercado. “Vi que ainda não existia na cidade nenhuma iniciativa nesse sentido e achei que poderia dar certo apostar no café como um diferencial”, considera. Segundo ele, o investimento na novidade valeu a pena. “Tanto que já estamos até sendo copiados por outros estabelecimentos. Tivemos uma ideia inovadora de sucesso”, revela Cunha. No buffet de seu restaurante, estão presentes itens típicos da culinária nordestina, como bolo
Nos cafés caipiras da cidade estão itens que variam de mingaus e bolos a sarapatel, mocotó e carne do sol
de aipim, inhame, mingau de carimã e beijus de tapioca. Mesmo assim, há espaço para itens do café convencional, como chocolate quente, pães variados, queijo e presunto. Nem só de shopping, entretanto, vive o café caipira. No restaurante especializado em culinária nordestina Grande Sertão, no Costa Azul, o café da manhã conta com mais de 70 itens. Além de bolos e mingaus, há também opções como canjica, lelê, tapioca recheada e aipim. Para os mais dispostos, o café da manhã pode ser incrementado com itens como ensopado de carneiro, sarapatel, dobradinha e mocotó. As iguarias caipiras marcam presença também nos estabelecimentos que se dedicam a servir o café da manhã tradicional, com pães, frios e sucos. É o que acontece nas lojas Perini e no centro gastronômico Ponto do Pão, em Lauro de Freitas: embora não sejam especializados em café caipira, itens como mingau de tapioca, cuscuz de milho e bolo de carimã nunca saem do buffet da manhã. Segundo o gerente do Ponto do Pão, Jadson Silva, a procura é tanta que alguns dos itens nordestinos do café da manhã também aparecem como possibilidades de sobremesa do almoço servido no lugar. “Tem muita saída, as pessoas gostam muito. Tanto que investimos nos itens nordestinos desde que implantamos o café da manhã”.
Alimentos típicos como carne e banana cozida também fazem parte do buffet de café caipira
CONFIRA AQUI ONDE TOMAR SEU CAFÉ CAIPIRA GRANDE SERTÃO Localizado no Costa Azul, o restaurante oferece buffet livre de café da manhã por R$ 19,90, aos sábados, domingos e feriados. Durante o carnaval, o café da manhã será servido todos os dias, das 7h às 11h. Tel: 3271-1119 CAIPIRA EXPRESS O restaurante, que fica na praça de alimentação do Salvador Shopping, oferece buffet a quilo de café caipira a partir das 17h. No Carnaval, o café será servido no horário normal. O quilo custa R$ 22,50. Tel: 3878-1338 PONTO DO PÃO Todos os dias, o centro gastronômico localizado em Lauro de Freitas serve café da manhã que inclui itens da culinária nordestina, de 6h30 às 11h. De segunda a sexta, o buffet livre custa R$ 12,90, e aos sábados, domingos e feriados, R$ 14,90. Tel: 3369-9999
O bolo de milho pode ser encontrado até em fast food de shopping
PERINI O café da manhã inclui itens como aipim, bolo de milho e mingaus, e é servido das 7h ao meio-dia nas lojas da Graça e Pituba (nesta, só durante o Carnaval). Custa R$ 24 de segunda a sexta e R$ 27, aos sábados, domingos e feriados. Tel: 3346-9999 Bruno Pellerin / EFE
Não diga adeus, diga até breve, Galliano! Pedro Fernandes Repórter pfernandes@grupoatarde.com.br
Quando Christian Dior morreu em 1957, dez anos depois de fundar a marca que levava seu nome, sua empresa empregava mais de mil funcionários e tinha dezenas de produtos licenciados. Tudo porque a sua genialidade foi capaz de traduzir o espírito da época em uma nova forma de vestir a mulher. O pós-Segunda Guerra, a ascensão econômica e política americana e a polarização do mundo entre capitalistas e socialistas impunham novos comportamentos. O new look, vestidos e saias corola com cintura marcada e destaque para o busto, era ao mesmo tempo comportado e sexy, prático e elegante. Servia tanto às endinheiradas, às donas de casa ou às profissionais. Dez anos podem parecer pouco, mas bastaram para tornar seu nome sólido o suficiente pa-
ra ser ainda hoje um dos carros-chefes do grupo Moët Hennessy Louis Vuitton (LVMH), que agrega marcas de luxo nos segmentos de moda, bebidas, perfumes e joalheria. Se Dior sobreviveu a Christian, sem dúvida sobreviverá a John Galliano. A pergunta é se Galliano sobreviverá a si mesmo. Pode-se dizer que o estilista inglês, acusado de antissemitismo e demitido esta semana de sua função de diretor criativo da Dior, passa por uma espécie de morte moral. Galliano ficou à frente da Dior por mais tempo que o próprio fundador. Só perde para Marc Bohan, que reinou de 1958 a 1989. Mas despede-se em circunstâncias que podem arruiná-lo. Ele estava na casa desde 1996 e, com sua força criadora e revolucionária, absorveu seus códigos (como Dior, Galliano é um apaixonado pela Belle Époque) ao mesmo tempo que imprimiu seu estilo excêntrico e irônico. Nesses 15 anos, foi o responsável por tirar a Dior de uma crise ao renovar a cara da grife à sua imagem e semelhança.
Pode-se dizer que o estilista inglês, acusado de antissemitismo e demitido esta semana da Dior, passa por uma espécie de morte moral, mas deve sobreviver a si mesmo Em nossos dias, talvez apenas o kaiser Karl Lagerfeld, diretor criativo da Chanel, tenha conquistado mais poder e influência à frente de uma maison tão tradicional.
Substitutos
Mas estilistas vêm e vão, e a grife, por mais vexada que esteja por conta do incidente, sai
Galliano posa com as modelos Linda Evangelista, Naomi Campbell, Gisele Bündchen e Amber Valetta
incólume com a única e digna atitude que poderia ter tomado. Rei morto, rei posto. Nomes como Riccardo Tisci, da Givenchy, e Alber Elbaz, da Lanvin, já aparecem na bolsa de apostas para a sua substituição. Mas o que será de John Galliano? Como manda qualquer manual de media training, ele, que já pediu desculpas, mandou
dizer que está procurando tratamento para o seu problema com o álcool e pediu compaixão em nota pública. Se o mundo, como a moda, dá voltas em torno de si mesmo e só faz se repetir, deve acontecer a ele o mesmo que aconteceu a Coco Chanel, que amargou anos de esquecimento depois de ter seu nome associado ao nazismo por
se envolver com um oficial alemão na Segunda Guerra. Mas em nosso tempo os fatos ocorrem na mesma velocidade em que são postos de lado. Ouso dizer que logo esse rebuliço terá ficado no esquecimento ou entrará para o anedotário do povo das modas. Assim, não diga adeus, Galliano, diga até a próxima temporada.
CURTAS Aos 86, Inezita Barroso ganha biografia Hoje é o aniversário de 86 anos de Inezita Barroso, cantora, folclorista e apresentadora do programa Viola Minha Viola, há 30 anos no ar pela TV Cultura de São Paulo. Os fãs da artista podem festejar. É que já está no mercado a obra A Menina Inezita Barroso, de Assis Ângelo, com ilustrações de Ciro Fernandes, da Cortez Editora. O livro trata da vida e trajetória da paulistana, desde o nascimento até o momento em que ela decide virar cantora, após assistir a uma apresentação de Carmen Miranda no Rio de Janeiro. O autor garante que é um livro
escrito para leitores de todas as idades, “dos oito aos oitenta”. A alegre Inezita nasceu em pleno Carnaval.
Quando criança, Inezita, a Zitinha, ouvia Noel Rosa, Chico Alves, Paraguassu e Vicente Celestino
Stephen King escreve sobre J.F. Kennedy O próximo livro de Stephen King tem como tema um fato real: o assassinato do presidente norte-americano John F. Kennedy. O livro, cujo título será 11/22/63, a data da morte de Kennedy, contará a história de um professor do ensino secundário que tenta desesperadamente evitar a tragédia. A editora de King anunciou nesta quarta-feira que o livro, de mil páginas, será lançado em 8 de novembro. Dentre os muitos best-sellers do autor estão Carrie, O Iluminado, Christine e A Zona Morta.
Mario Vargas Llosa: vítima de fraude Nicki Minaj quebra O italiano Tommaso Debenedetti abriu uma página no Facebook e publicou entrevistas falsas com o escritor Mario Vargas Llosa (foto) Javier Soriano / AFP
recorde nas paradas A rapper Nicki Minaj revelou em sua conta no Twitter que quebrou nesta semana um recorde nas paradas da Billboard. Segundo a artista, seu álbum de estreia, Pink Friday, tornou-se o disco de uma rapper a permanecer por mais tempo no Top 10 das paradas americanas. O CD está no ranking há 14 semanas. Pink Friday foi lançado na metade de dezembro e, na ocasião, ficou atrás do novo disco de Kanye West, My Beautiful Dark Twisted Fantasy. O álbum da cantora já vendeu 989.300 cópias nos EUA.