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SALVADOR 17/7/2011
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EDITORA-COORDENADORA: SIMONE RIBEIRO / DOISMAIS@GRUPOATARDE.COM.BR
ARMARINHO O VERÃO SE ANUNCIA DESPOJADO, EM LOOKS CONTEMPORÂNEOS QUE SE INSPIRAM NOS FESTIVAIS DOS ANOS 1970
DECORAÇÃO ESPAÇOS ALTOS PODEM SER APROVEITADOS PARA AMPLIAR AMBIENTE
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Divulgação
Foi esse líquido quase centenário que tornou o negócio de Coco Chanel milionário. Mas ela não teria conseguido se não fosse o apoio financeiro da casa de perfumes Bourjois
PEDRO FERNANDES
Há noventa anos, depois de tirar as mulheres da prisão dos espartilhos e dar-lhes mobilidade com suas roupas simples, porém elegantes, Coco Chanel deu outro passo à frente e revolucionaria mais uma vez o negócio da alta-costura. Ela foi a primeira estilista a juntar moda e perfume com a criação do Chanel Nº 5, em 1921. Nos anos 1950, Marilyn Monroe ajudou a eternizá-lo, ao declarar que dormia vestida apenas com duas gotinhas da fragrância. Antes, os perfumes eram produzidos apenas pelas casas especializadas. O que Chanel fez foi agregar seu nome, que já era objeto de desejo das mulheres, ao novo produto. Uma estratégia muito esperta para atender àquelas que não poderiam comprar suas roupas, mas que desejavam consumir produtos com a sua marca. Na Paris libertada, ao fim da Segunda Guerra Mundial, os soldados americanos tinham como última missão final levar um frasco de nº 5 para as namoradas, mães e irmãs. Para isso, faziam filas que viravam quarteirões. “Ele é um ícone e o mais vendido no mundo até hoje. Chanel foi a primeira a desenvolver um perfume com um conceito, que era um perfume com cheiro de mulher, que traduzisse elegância, feminilidade. Antes, os perfumes tinham cheiros de um ingrediente apenas. As misturas não eram exploradas”, explica a perfumista da Natura Cosméticos Verônica Kato. Em seus 21 anos de profissão, já passou por três das mais célebres casas de fragrâncias do mundo, a Givaudan, Symrise e Dragoco.
O perfume trouxe para a indústria das fragrâncias o uso de ingredientes sintéticos uso dos aldeídos, adicionados à fórmula. Era a primeira vez que se usava um ingrediente sintético para elaborar uma fragrância. Foram esses aldeídos que deram explosão às flores ”, diz Verônica.
Negócio milionário
Ingredientes sintéticos
Sylvie Girard-Lagorce nos conta a história desse líquido mítico no livro 100 Perfumes de Sempre. Ao encomendar uma fragrância ao perfumista Ernest Beaux, Mlle. Chanel teria dito: “Quero um perfume de senhora com odor de mulher”. Ela estava em busca de um cheiro que ainda não existia, senão em suas ideias vanguardistas. “Com efeito, surge como o chefe da fila incontestado desses perfumes de pura invenção, que não procuram, de forma alguma, imitar algum motivo da natureza. O prazer que desperta ou a admiração que suscita deve-se a uma emoção, a um choque sensorial ou a uma ambição de imaginação, mesmo se se lhe enumera na composição fragrâncias de rosa, jasmim, de íris, de lírio do vale, de pilriteiro-alvar, de âmbar e de almíscar”, diz Girard-Lagorce. Outra inovação, esta creditada a Beaux, que o perfume trouxe para a indústria das fragrâncias foi o uso de ingredientes sintéticos. “O que fez a diferença nesse perfume também foi o
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CHANEL
Marco Aurélio Martins / Ag. A TARDE
noventa CONSUMO Idealizado pela estilista francesa Coco Chanel, o perfume, que é um dos ícones de bom gosto e abriu as portas para que costureiros aliassem seus nomes a fragrâncias, completa 90 anos como um dos mais vendidos e desejados do mundo
Foi esse líquido que tornou o negócio de Chanel milionário. Mas ela não teria conseguido se não fosse o apoio financeiro da casa de perfumes Bourjois, dos irmãos Pierre e Paul Wertheimer, que passaram a produzir a fragrância em larga escala. Se o negócio foi bom para Chanel, foi melhor ainda para a família Wertheimer, que lucrou tanto com o nome da estilista a ponto de ser hoje dona da sua casa de costura. O Nº 5 abriu também as portas para que outros costureiros associassem seus nomes à fragrâncias e aos produtos licenciados. Isso que salvou suas maisons da bancarrota. Depois das guerras mundiais, as consumidoras de alta-costura minguaram e a atividade ficou dispendiosa e pouco rentável. Ao contrário dos produtos deriavados, que só davam lucro e ainda cobriam os prejuízos. Logo a ideia visionária foi seguida por Lanvin, com o My Sin, em 1926, e com Arpége, em 1927, por Jean Patou com seu Joy, de 1930, e por Nina Ricci, com Coeur de Joie, em 1945. Até hoje, as grandes marcas são sustentadas pelos perfumes. Três-quartos do faturamento da Yves Saint Laurent, por exemplo, vêm do setor de perfumaria: o resto vem da alta-costura, do prêt-à-porter e dos licenciamentos. LEIA MAIS NA PÁGINA 5