As Festas Judaicas do Antigo Testamento - Nova Capa | Grady S. McMurtry

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Tradução: Ozeas e Claudia Rossin

Capa: @_taisdesign

Editoração:

Manoel Menezes

Acompanhamento Editorial: Priscila Laranjeira

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

McMURTRY, Grady Shannon.

As Festas Judaicas do Antigo Testamento – Seu significado histórico, cristão e profético. Título original: The Feasts of the Old Testament/ Grady Shannon McMurtry – Curitiba: A. D. Santos Editora, 2012. 192 p.

ISBN – 978-85-7459-282-4

1. Teologia Social Cristã (Atitudes do Cristianismo frente aos assuntos seculares e às outras religiões)

2. Teocracia

3ª edição: julho de 2021.

5ª reimpressão: março de 2023.

Proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios a não ser em citações breves, com indicação da fonte.

Edição e Distribuição:

CDD – 261

Introdução

A. Descrição do Estudo:

• Este guia implicará no estudo dos Dias Sagrados Judaicos e as festas que comemoram os eventos históricos, os quais têm um forte significado cristão e que preveem eventos futuros.

• Quais são as primeiras perguntas que devemos fazer quando confrontados com um tema como esse?

• Por que deveríamos estar interessados num estudo sobre os dias santos judaicos, em primeiro lugar?

• O que podemos aprender com isso?

• Qual o significado que esses dias sagrados têm para os cristãos desta era moderna?

Sem o Novo Testamento, o Antigo Testamento é incompleto, é uma promessa sem cumprimento, uma sombra da realidade.

Na aliança mosaica havia cinco componentes principais.

Estes foram:

1. A Lei Moral e a Lei Civil, Deuteronômio 4:10-13 e 5:1-21.

2. O Tabernáculo de Moisés, Êxodo cap. 25-40.

3. Os Sacrifícios Levíticos, levítico cap. 1-7.

4. O Sacerdócio Araônico (Levítico), Êxodo cap. 28-29 e Levítico cap. 8-9.

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5. As Festas do Senhor, Levítico 23 e Deuteronômio 16.

Neste estudo vamos descobrir o rico material contido no quinto componente; As Festas do Senhor. Nelas, veremos contido, o plano de Deus para o homem e aprenderemos em como nos aproximar de Sua presença.

Não é necessário celebrar as festas bíblicas a fim de sermos salvos. Somos salvos pela fé em Jesus. A questão das festas tem a ver em como sermos frutíferos, agora que somos salvos. Quando comemoramos as festas, é como se fizéssemos um ensaio de uma peça sobre o plano da redenção, e isso nos ajuda a manter o foco correto em seus propósitos.

Os cristãos são chamados cristãos, porque os não-crentes olhavam para os judeus que haviam aceitado Jesus como seu Messias, e para aqueles que não eram judeus mas também aceitaram Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador, e diziam que eles estavam imitando a vida de Jesus Cristo, e por isso foram rotulados ou identificados como “pequenos Cristos” ou “cristãos”.

Jesus nasceu, cresceu e morreu judeu. Ele foi chamado de “mestre” ou rabi, porque foi reconhecido tanto como um professor profundamente conhecedor da religião judaica e, como um praticante daquilo que Ele sabia.

Note as palavras do próprio Jesus, antes de qualquer livro do Novo Testamento ter sido escrito (Mateus 5:17-20). Ele estava se referindo aqui ao Velho Testamento judaico.

B. Objetivo do Curso:

O que ganhamos com um estudo dos Dias Santos Judaicos?

1. Pode-se dizer que o catecismo (aprendizado) do judeu consiste no estudo de seus calendários.

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2. Nosso estudo nos permitirá ser capaz de participar e apreciar a celebração desses dias com nossos amigos judeus, e judeus-messiânicos.

3. Ele nos permitirá efetivamente compartilhar o significado messiânico profundo destes dias especiais com os outros.

4. Eles são sombras das coisas futuras. Ver Col. 2:16-17 e Hebreus 10:1-2.

5. Eles são uma parte da Lei que é “um aio para nos conduzir a Cristo”. Ver Gálatas 3:24.

6. Todas eles apontam para algum aspecto da pessoa, obra e glória do Messias, Jesus Cristo. Ver Hebreus 10:7, Salmo 29:9 e Salmo 40:6-8.

7. Eles estabelecem o ministério de Jesus em relação à salvação. Eles nos mostram o plano redentor de Deus.

8. Há elementos neles que são para o nosso aprendizado. Ver Romanos 15:4.

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Introdução .................................................................................3

Capítulo Um JUDAÍSMO – A RAIZ PRINCIPAL DA NOSSA FÉ: SHABAT – A PRIMEIRA FESTA!...................................9

Capítulo Dois OS CALENDÁRIOS JUDEU E GREGORIANO .......21

Capítulo Três PESSACH: A PÁSCOA ...................................................26

Capítulo Quatro PÃO LEVEDADO E NÃO-LEVEDADO.....................38

Capítulo Cinco O SEDER DA PÁSCOA – ELEMENTOS BÁSICOS .43

Capítulo Seis O SEDER DA PÁSCOA – A COMUNHÃO ................49

Capítulo Sete A SEGUNDA E A TERCEIRA FESTA ........................66

Capítulo Oito O SIGNIFICADO DA CRUCIFICAÇÃO ....................83

Capítulo Nove A QUARTA FESTA, SHAVUOT (PENTECOSTES) ..86

Capítulo Dez AS FESTAS MENORES DE VERÃO ...........................95

Capítulo Onze AS TRÊS ÚLTIMAS GRANDES FESTAS DE OUTONO .......................................................................108

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Sumário
8 Capítulo Doze HANUCÁ/CHANUCÁ .................................................141 Capítulo Treze A FESTA DO PURIM....................................................152 Capítulo Quatorze RITUAIS DE CASAMENTO .......................................164 Capítulo Quinze A DATA DO NASCIMENTO DO MESSIAS ...........170 Capítulo Dezesseis O DIA DO SENHOR ....................................................179 Bibliografia ............................................................................191

J UDAÍSMO – A RAIZ PRINCIPAL

DA NOSSA FÉ:

S HABAT – A PRIMEIRA FESTA!

Aprender sobre os Dias Santos Judaicos é aprender que o judaísmo é a raiz principal da nossa fé.

I. Alguém pode inclusive afirmar que o catecismo dos judeus consiste em aprender sobre seu calendário.

A. Num certo momento no tempo, que são os dias sagrados dos judeus, Deus inscreveu:

1. Sua Santa Palavra,

2. Sua Doutrina Inspiradora,

3. Suas Verdades Eternas,

4. Seu Plano Para Salvação, e,

5. Seu Esboço Profético na História.

Isso é feito da mesma forma como o código genético está escrito sobre as moléculas do DNA e não dentro delas.

B. Também pode trazer a ideia para nós que Deus escolheu o tempo, uma coisa passageira, para usar nos dias sagra-

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9 CAPÍTULO UM
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dos ou “épocas” e com isso tornar mais tangível e mais facilmente acessível para cada pessoas, individualmente.

1. Pessoas morrem, as estruturas sucumbem, mas o tempo continua seu ciclo constante (acontecendo todos os dias).

2. As pessoas só podem ministrar à um número reduzido ou limitado de outras pessoas, e elas precisam visitar igrejas, templos ou monumentos, mas o tempo visita a todos, sem exceção.

3. Dessa forma os tempos, ou os dias sagrados, chegam a cada um e ninguém pode recusar sua visita, não importando as circunstâncias. Se estivermos muito ocupados ou sossegados, saudáveis ou doentes, na prisão ou com a família, esses dias dão testemunho, nos alertando, inspirando e confortando. O tempo não teme ninguém. É contemporâneo para todos, não importando a estatura, importância ou localização física.

C. Nosso estudo vai permitir que sejamos aptos para participar e apreciar as celebrações desses dias sagrados com nossos amigos judeus e com os messiânicos.

D. Também irá permitir que possamos compartilhar com outras pessoas o profundo significado messiânico dos dias sagrados. Realmente Deus estabeleceu (indicou) um sistema profético profundo com um significado infinito através de Sua escolha de sete convocações sagradas para serem celebradas pelo seu povo escolhido, a cada ano.

E. Deus ditou para Moisés, no Monte Sinai, as datas e os métodos de observação.

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1. Todas as datas das festas mais importantes estão contidas em apenas um capítulo; um capítulo de instruções pequeno, mas muito prático. Pedaços e outras porções são encontradas em outras partes das Escrituras, mas aqui elas estão todas reunidas para que ninguém possa deixar de vê-las.

2. Se um judeu cometesse qualquer erro na questão do tempo certo ou do método de celebração, especialmente concernente à sexta festa mais importante (Dia da Expiação), ele era banido do meio povo escolhido.

3. Veja Levítico, cap. 23.

a) Quando essas festas são celebradas hoje em dia, os sacrifícios que as acompanhavam foram retirados pelo fato de não existir mais um Templo em Jerusalém.

b) Sem sacrifício de sangue, o significado e a eficácia dessas festas foram quase que totalmente deteriorados.

4. Os cristãos não têm nenhum dever ou compromisso de observar ou celebrar essas festas, mas o entendimento do seu significado traz um ganho tremendo para a Fé.

5. Jesus, como um judeu justo, celebrou cada festa, incluindo uma representação da celebração do Seder Pascal na noite anterior à Sua crucificação.

II. As Festas.

A. O que o Novo Testamento fala sobre essas festas de forma geral? Veja Colossenses 2:16-17.

1. Elas libertam a Igreja do legalismo.

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2. As festas são destinadas a serem sinais proféticos, tipos e exemplos. Veja 1 Coríntios 10:11. Apesar de existirem muitos comentários sobre o que existem nas Escrituras, tenha em mente que o Novo Testamento é o único comentário inspirado do Antigo testamento.

B. Ao mesmo tempo que Deus entregou as festas para a nação de Israel, e lida com ela diferentemente das outras nações, Ele deu essas mesmas festas para todos os cristãos.

1. Deus não faz distinção em seu tratamento com pessoas individualmente – seja judeu ou gentio. Não existe diferença ou distinção quando o assunto é o pecado. Veja Romanos 3:9-23. (Esse texto cita sete salmos)

2. Também não existe nenhuma diferença para ninguém quando se refere a salvação. Veja Romanos 10:12-13. (Cita Joel 2:32)

C. O que são essas festas? (Em Levítico 23: A palavra “festa” no comentário Strong é #2282 Chag [Khag].)

1. Enquanto a palavra é traduzida para regozijo, o Dia da Expiação é na verdade um dia de jejum.

2. Comer não é o propósito, mas sim estarem o tempo inteiro regozijando.

3. A palavra Chag significa um regozijo, um festival, um sacrifício, ou um tempo de solenidade.

4. A raiz da palavra transmite a ideia de mover-se em círculo como numa dança, uma procissão sagrada ou uma celebração de um dia solene.

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5. A melhor leitura pode ser a de Deus chamando de Minhas Solenidades, em Isaías 33:20.

6. As Festas são compromissos estabelecidos por Deus.

7. Elas devem ser observadas em honra ao Seu Nome.

8. As Festas não eram celebradas apenas pelos sacerdotes, assim como muitas outras ordenanças, mas por todo o povo.

9. Esses compromissos com o povo de Sua Aliança são denominados convocações. O dicionário Webster’s 1828 define convocação como: O ato de chamar ou reunir por convocação.

D. A Primeiríssima Festa é o Shabat!

1. A palavra Shabat vem da raiz que significa “desistir”, “cessar” ou “descansar”. A celebração do Shabat significa que nós servimos o Deus da Criação. O Shabat é a “rainha” ou a “noiva” da alma judaica, um dia designado por Deus para o descanso e a adoração. O Shabat e a circuncisão são as marcas de identificação do Judaísmo.

2. É o sétimo dia da semana e comemora a interrupção da Obra de Deus no final da Semana da Criação. Veja Êxodo 20:8-11.

a. O Shabat é o dia de descanso e de comunhão com Deus. Veja Deut. 5:13-14.

b. O Shabat é um sinal do pacto entre Deus e o homem. Veja Êxodo 31:13.

c. O Shabat é um sinal que lembra nossa redenção. Veja Deut. 5:15.

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d. O Shabat é um período, não de parar com o trabalho, mas de mudar o foco do material para o espiritual. Veja Isaías 58: 13-14.

e. A observância do Shabat é considerado igual, em termos de valor, a todos os demais mandamentos encontrados na Bíblia! Veja Êxodo 31:16.

f. Somente aqueles envolvidos no serviço de adoração do Templo eram liberados da exigência do descanso (Shabat).

g. É a única convocação santa que não exige oferta pelos pecados. Isso é um prenúncio do Novo Testamento por temos um Cordeiro morto desde a fundação do mundo, e de não precisarmos mais de ofertas adicionais pelo pecado.

h. O salmo tradicionalmente cantado no Shabat é o 92, um salmo messiânico.

i. O Shabat é mais mencionado do que qualquer outra festa na Bíblia.

j. Jesus realizou muitos de seus milagres, curas e pregações exatamente no Shabat; frequentemente quebrando, reescrevendo e observando a Lei.

k. Existem 39 categorias de atividades que não podem ser realizadas no Shabat. Essas categorias são chamadas Abot, ou Pais. Cada Abot é subdivida em 39 classes chamadas Toledot, ou Descendência/Prole. Isso perfaz um total de 1.521 atividades proibidas.

l. O escritor judeu Ahad Ha-Am (pseudônimo de Asher Ginsburg, 1856-1927), fez essa observação: “Muito mais do que os judeus manterem o Shabat, é o Shabat que mantém os judeus”.

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m. A manutenção do Shabat é a única observância ritual instituída nos Dez Mandamentos.

n. O dia do Shabat é chamado de “Shabat ha Malka”, o Shabat Rei.

3. Cada um dos outros dias de festa tem seu próprio Shabat especial associado a eles. CADA dia de Festa é considerado um Shabat!

E. É necessário citar a diferença entre a celebração do Shabat e do domingo cristão, o Dia do Senhor.

1. O Shabat é o sétimo dia da semana e comemora o término da Criação.

2. O primeiro dia da semana (domingo) é o dia da ressurreição, e significa a redenção completa. Veja Mateus 28:1-8 e João 20:19. Jesus se reuniu com seus discípulos uma semana depois da ressurreição no domingo. João 20:19.

3. O Shabat é o sinal da aliança entre Deus e Israel. Veja Êxodo 31:13.

4. O domingo é o primeiro dia da semana e significa a comunhão da Igreja e seu Senhor. O apóstolo Paulo enfatizou a frequência dos crentes nas reuniões de domingo. Veja Atos 20:7. Paulo recomendou que as ofertas da Igreja deveriam ser recolhidas no domingo.

1 Cor. 16:1-2. Com toda certeza as igrejas locais estavam se reunindo no domingo para que isso pudesse acontecer.

5. A obediência da observação do Shabat era ordenada por Lei, e o não cumprimento dessa lei era punido com a morte. Veja Êxodo 31:14.

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6. A celebração feita pelos cristãos no domingo é algo voluntário, sem nenhum tipo de mandamento, e é um dia para testemunhar e servir ao Senhor. O quarto mandamento, que é a observância do Shabat, não é mencionado no Novo Testamento, enquanto todos os outros nove são.

7. O Shabat é uma parte essencial do pacto das obras.

8. O domingo representa o Pacto da Graça.

9. O Shabat é um dia de coroação da semana de trabalho e uma recompensa ao homem pelos seus esforços. A observação do Shabat no entanto, não foi imposta aos gentios pelos líderes judeus da Igreja Primitiva. Atos 15:1-29.

10. O Dia do Senhor enfatiza o que Deus fez por nós através da Obra de Jesus.

11. Essas diferenças colocaram os cristãos judeus primitivos num dilema. Eles continuaram a adorar no Templo, mas as diferenças entre o judaísmo e o cristianismo terminaram por afastá-los desse lugar, e mais tarde de seus familiares. Veja Atos 2:46.

12. A gota d´água que acabou por afastar de vez os judeus cristãos do Templo e das sinagogas, foi uma nova oração ou “benção”, adicionada na liturgia diária chamada Amidá.

A Amidá (Tefilat Hamidá = oração em pé), também chamada de Shmoné Esreh (dezoito), o número de bênçãos originais, e é a oração principal na liturgia judaica. Essa oração pode ser encontrada no Sidur, o tradicional livro de orações dos judeus.

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Os judeus religiosos recitam a Amidá nas três reuniões de oração num típico dia de semana: de manhã, à tarde e à noite.

Uma Amidá abreviada é também o centro do culto Mussaf (“adicional”) que é recitado nos festivais judaicos Shabat, Rosh Chodesh, depois da leitura da Torá. Uma Amidá normalmente consiste em 19 bênçãos, apesar que a original continha 18.

A linguagem da Amidá aparentemente é datada do período mishnaico, antes e depois da destruição do Templo (70 d.C.). O Talmude indica que quando o rabino Gamaliel II decidiu reorganizar os cultos públicos e também regularizar as reuniões familiares, ele nomeou Samuel Hakatan para adicionar mais um parágrafo, com uma maldição contra os traidores e os heréticos, que foi acrescentado como a 12a oração, em uma sequência moderna, totalizando em 19 o número de orações. Essa “benção” era chamada de Birkat haMinim, “benção para os hereges”, que era na verdade uma forma muito ofensiva, designada para afastar os cristãos de uma vez por todas:

“Que não haja nenhuma esperança para os apóstatas, e o domínio e a arrogância (provavelmente citando Roma) sejam desarraigados rapidamente em nossos dias. Que os Nazarenos (judeus-cristãos) e os sectários pereçam de vez. Que eles sejam riscados do Livro da Vida, e que não sejam inscritos junto com os justos. Bendito sejas Tu Adonai, que humilha o arrogante”.

13. Não existe qualquer menção de adoração no dia do Shabat, no Credo do Primeiro Concílio de Jerusalém. Veja Atos 15:24, 28-29 e 20:7.

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14. Ignácio (30 – 107 d.C.), Bispo de Antioquia, discípulo do Apóstolo João, escreveu no ano 100:

“Aqueles que andavam nas antigas práticas alcançaram agora uma novidade de esperança, não mais observam os Shabats, mas moldam suas vidas após o Dia do Senhor, no qual nossas vidas surgiram através Dele, e que possamos ser vistos como discípulos de Jesus Cristo, nosso único mestre”.

“… e depois do Shabat, que cada amigo de Cristo observe o Dia do Senhor, o dia da Ressurreição. Se alguém pregar a obediência da lei judaica a você, não dê ouvidos”.

Em sua carta aos magnésios, ele escreveu que os cristãos “precisam ter uma nova esperança, não mais observando o sábado, mas vivendo na observância do Dia do Senhor (também chamado de domingo)”.

15. Justino Mártir escreveu em 135 d.C.:

“O domingo é o dia no qual todos nós realizamos uma assembleia comum, porque esse é o primeiro dia no qual o Senhor forjou uma mudança nas trevas e da matéria fez o mundo, e nesse mesmo dia, Jesus Cristo nosso Salvador, ressurgiu dentre os mortos. E no dia chamado domingo, todos os que vivem nas cidades e nos campos se reúnem num só lugar, e as Recordações dos Apóstolos e os escritos dos Profetas são lidos enquanto o tempo permite”.

16. Manter o Dia do Senhor dedicado à adoração divina e ao testemunho é algo piedoso, saudável e totalmente louvável. Fazendo tal coisa, restaura-se o corpo e vivifica o espírito.

17. No entanto a nossa salvação não está estabelecida na observância de um dia em particular. Nossa salvação está estabelecida única, exclusiva e intransigentemente na obra completa realizada por Cristo Jesus na cruz

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do Calvário. A Igreja não é ordenada a obedecer ou manter um dia especial ou particular para adoração. Veja Romanos 14:5-7, 1 Cor. 9:20, 2 Cor. 3:6, Col. 2:14-17, Gal. 3:1, 4:9-11, 5:1 e Heb. 4:9-11.

F. Cada uma das sete festas principais representam um chamado específico de Deus para um encontro com Seu povo em determinadas épocas estabelecidas.

1. Atender essas convocações de Deus é festejar com Ele.

2. Quando essas festas são celebradas sem a presença do Senhor, elas se tornam aquilo que João descreveu em João 6:4, ou seja, simplesmente as festas dos judeus.

3. Nós lemos em Levítico 23 que as sete festas principais são:

• Páscoa

• Pães Ázimos

• Primícias

• Pentecostes

• Trombetas

• Expiação

• Tabernáculos

4. As festas da Páscoa (Pêssach), do Pentecostes (Shavuot) e dos Tabernáculos (Sucot) são chamadas Festas dos Peregrinos (Veja Deuteronômio 16:16).

5. Cada festa, convocação, ou tempo determinado, comemora um evento específico do passado, e pode prever um evento específico no futuro. Por exemplo:

A Páscoa comemora o livramento do “destruidor” (Êxodo 13:23) que matou o primogênito, aquele abre o útero de cada mulher e de cada animal fêmea do

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Egito, para a casa que não tinha sangue do sacrifício aspergido nos umbrais e nas vergas das portas. Esse sangue veio de um cordeiro sacrificial. Essa comemoração também profetizou a oferta do Cordeiro de Deus na cruz do Calvário.

III. Festas Já Cumpridas

A. Veremos que as quatro primeiras das sete festas já foram cumpridos por Cristo na sua primeira vinda, e que as três próximas se cumprirão profeticamente na Sua segunda vinda.

1. As quatro primeiras foram cumpridos exatamente no mesmo dia do mês como foi na sua comemoração original.

2. Com isso em mente, podemos então olhar adiante e crer que Deus irá cumprir as três últimas restantes exatamente em suas datas comemorativas.

B. Estas festas mostram claramente que:

1. Deus está no controle;

2. Ele é, ao mesmo tempo, preciso e exato;

3. Ele definiu eventos específicos que seguem acontecendo;

4. Ele vê do começo ao fim, e,

5. Ele quer nos fazer entender a Sua vontade e Seu plano para nós.

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O S C ALENDÁRIOS

UDEU E G REGORIANO

I. Deve ser salientado que sempre houve dois calendários judaicos. Veja Êxodo 12:1-2.

A. Existe um que é usado hoje em dia para organizar o cômputo religioso e outro que era usado antes para fins civis.

1. O Ano Novo Judaico era originalmente celebrado no outono, para fins civis. Agora, o ano religioso começa na primavera, na mesma época em que o Domingo da Ressurreição é também celebrado.

2. O calendário judaico é baseado no ciclo lunar, ou seja, a órbita da lua em volta da terra, e não o ciclo solar, ou seja, a terra girando em torno do sol. Há razões muito específicas para isso:

a) Cada mês começa como surgimento da lua nova.

b) Uma vez que o ciclo lunar é de 29 ½ dias do mês, o meio do mês cai no dia 14 ou 15, com lua cheia. (Por favor, mantenha isso em mente para usar mais tarde.)

3. O calendário que usamos hoje foi criado pelo Papa Gregório 13, em 1582, quando ele tirou 10 dias do

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Calendário Juliano para ajustar (o qual havia calculado mal a duração do ano como 11 minutos a mais), voltando ao tempo correto.

B. O ciclo lunar tem um grande impacto na natureza.

1. Ele afeta as marés.

2. A lua faz um calendário melhor que o sol, uma vez que muda de forma a cada dia, enquanto o sol permanece o mesmo em termos de aparência.

3. Mesmo uma pessoa não estudada pode saber o dia do mês, olhando para o formato da lua.

4. O sol tem sido um objeto de culto de muitas religiões pagãs, onde os homens, por pensaram que ele é mais magnífico do que a lua, escolheram para adorar a criação em vez do Criador.

5. Ao utilizar o ciclo lunar, o dia começa quando a lua surge (muitas vezes confundido com o pôr-do-sol). Deus, em Gênesis capítulo 1, instituiu esse sistema. Deus declarou repetidamente que “foi a tarde e a manhã, o dia..”. Deus estabeleceu a noite primeiro. Este é um retrato que ilustra como todos os cristãos começam na escuridão espiritual e terminam em luz espiritual.

C. Os meses judaicos comparado com o nosso calendário:

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Mês Judaico Mês equivalente aproximado 01 Nissan/Abib Março-Abril 02 Zif/Iyar Abril-Maio 03 Sivan Maio-Junho 04 Tamuz Junho-Julho 05 Ab/(Av) Julho-Agosto

06 Elul Agosto-Setembro

07 Tishrei Setembro-Outubro

08 Bul/Cheshvan Outubro-Novembro

09 Chilseu/Kislêv Novembro-Dezembro

10 Tevêt Dezembro-Janeiro

11 Sebat/Shevat Janeiro-Fevereiro

12 Adar Fevereiro-Março

13 Ve-Adar/IIAdar Fevereiro-Março (Adar Sheni)*

D. *O Ve-Adar pode ser entendido como um ano bissexto, assim como 29 de fevereiro sempre cai num ano bissexto.

II. Essas são datas e aniversários importantes com significado profético.

A. Qual é a importância do primeiro dia do primeiro mês?

1. O primeiro dia de cada mês é chamado de Rosh (Chefe) Chôdesh (Lua).

2. No Rosh Chôdesh, o shofar (chifre de carneiro) era soprado e tochas eram acesas para que cada pessoa soubesse que aquele era o primeiro dia do mês. Veja Salmos 81:3-5.

3. Durante o reinado de Salomão na época do primeiro Templo, era o Sumo-Sacerdote que determinava qual seria o primeiro dia do mês.

4. Mais tarde essa decisão de determinar o primeiro dia do mês passou para o Sinédrio (70 anciãos que governavam junto com o Sumo-Sacerdote, perfazendo um total de 71 autoridades).

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B. Qual é a importância do primeiro dia do primeiro mês, no calendário religioso?

1. Os temas ou significados que Deus concedeu para o primeiro dia de Nissan (primeiro mês) são os Novos Começos e Rituais de Purificação. Desde o êxodo, quando Deus mudou o calendário do outono para a primavera, quatro eventos muito importantes ocorreram no primeiro dia de Nissan.

a) O Tabernáculo de Moisés foi dedicado depois que saíram do Egito. Veja Êxodo 40:17-35.

b) O rei Ezequias purificou o Templo. Veja II Crônicas 29:2-3. Por que ele fez isso? Veja II Crônicas 29:17. Eles concluíram no período da Páscoa.

c) Esdras iniciou sua viagem de retorno para reconstruir o Templo. Veja Esdras 7:9.

d) Artaxerxes publicou o decreto de reconstrução dos muros de Jerusalém. Veja Neemias 2:1-8. (Teria sido por volta de 14 de março de 453 a.C. Esse é o decreto relatado por Daniel, e foi escrito e assinado pelo rei Medo-Persa Artaxerxes)

2. Encontramos tudo isso ligado à visão de Daniel, de 483 anos antes de Cristo morrer na cruz, profetizando exatamente o ano, mês e dia. Veja Daniel 9: 24-26.

III. A próxima data de alto significado é o décimo dia de Nissan. A santificação é o tema de Deus para esse dia específico. Três eventos importantes aconteceram nessa data.

A. A santificação (separação) do cordeiro para a Páscoa foi a primeira rebelião declarada do povo judeu contra o

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Egito. Quatro dias antes da Páscoa, no dia 10 de Nissan, Moisés disse ao povo para preparar o cordeiro.

Êxodo 12:3-6: Cordeiro I Coríntios 5:7: Cristo

B. Israel cruzou o rio Jordão em direção a Terra Prometida.

(Isso aconteceu na primavera, quando o Jordão estava no auge da cheia!)

Josué 3:15: Santificação Josué 4:19: Travessia

C. Cristo, nosso Cordeiro Pascal, é “separado” no Domingo de Ramos, dia 10 de Nissan, no ano 30. Veja João 12:1-

2.

1. Deus apresentou Jesus Cristo como o Messias, e alguns o aceitaram.

2. Cumprindo Daniel 9:26, Ele foi rejeitado pelos líderes religiosos de Israel.

3. Isso levou ao seu julgamento e crucificação durante a Páscoa.

4. Jesus foi “separado” (cortado) no dia 10 de Nissan, exatamente igual ao cordeiro da Páscoa que também era separado, e depois de 4 dias de inspeção foi sacrificado na Páscoa, o último sacrifício de todos.

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Dr. Grady S. McMurtry

P ESSACH: A P ÁSCOA

Vamos agora estudar sobre a Páscoa, que cai no dia 14 de Nissan. Essa é a primeira das sete grandes convocações sagradas. A data é estabelecida em Levítico 23:5. O livro de Levítico não entra em muitos detalhes sobre a Páscoa porque os judeus já haviam sido amplamente ensinados sobre isso durante o Êxodo. A Páscoa é um memorial e uma ordenança permanente. Veja Êxodo 12:14. Os judeus celebravam a Páscoa no tempo de Jesus substancialmente como celebram hoje, porque eles preservam suas tradições com tenacidade e fidelidade.

I. A Páscoa é claramente uma festa sobre salvação. É o sacrifício do cordeiro substituto. Veja Êxodo 12:2-11.

Nota: Eles tinham que comer todo o cordeiro junto com o pão ázimo. O que isso nos lembra? Comunhão! Veja João 1:29, Mateus 26, Marcos 14, Lucas 22, e Lucas 22:14-20.

A. A Páscoa libertou o povo judeu da escravidão do Egito, e liberta os cristãos da escravidão do pecado.

1. No passado os judeus aplicaram o sangue do cordeiro na parte externa da entrada de suas casas. Hoje nós

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aplicamos o sangue em nossa casa, o nosso tabernáculo interior!

2. A celebração da Páscoa é uma comemoração do Êxodo do Egito, mas aquilo foi apenas uma sombra da redenção que mais tarde seria provida.

3. Os gentios participavam da Festa da Páscoa antes da ressurreição. (Quantos gentios tementes à Deus podemos imaginar que eram verdadeiros crentes antes da ressurreição de Jesus Cristo?) Veja João 12:20, (Quantos cristãos-judeus estavam lá antes da ressurreição de Jesus?) Veja João 8: 31-32.

B. O período de preparação da Páscoa era chamado de “Tempo de Libertação” e “Tempo de Júbilo”. A Páscoa pode ser descrita como a Festa da Liberdade, especialmente quando combinado com a segunda festa que começa no dia 15 de Nissan; a “Festa dos Pães Ázimos”, como está descrito em Levítico 23:4-6.

C. O capítulo 12 do livro de Êxodo dá os detalhes exatos do ritual da Páscoa, que vem sendo celebrada, com algumas interrupções, por quase 3.500 anos. As instruções que os pais têm que passar para os filhos, sobre essas observações, são encontradas em Deuteronômio 6:2025.

D. Vemos a Páscoa sendo celebrada e respeitada em todo o Antigo Testamento.

1. A primeira vez foi no Egito e a segunda no Monte Sinai. Veja Números 9:1-5.

2. A terceira vez aconteceu quando o povo entrou na Terra Prometida. Veja Josué 5:10-12.

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3. Vemos isso quando Ezequias, rei de Judá, reinstituiu a celebração nacional da Páscoa. Veja Crônicas 30:127.

4. Da mesma forma isso aconteceu quando o rei Josias encontrou o Livro da Lei de Moisés no Templo. Veja 2 Crônicas 34:14-21, 2 Crônicas 35:1-9 e 2 Reis 23:21-23.

5. Mais uma vez ocorre a reinstituição da Páscoa quando Esdras retorna no período que Zorobabel está reconstruindo o Templo. Veja Esdras 6:19-22.

E. Hoje em dia o ritual da Páscoa é bem similar ao original, e é celebrado em lares judeus em todo o mundo.

1. O livro do ritual da Páscoa é chamado “Hagadá” ou “Haggadah Shel Pessach.” Pode ser descrito como um manual de recitações ou um Livro de Orações. Esse livro narra a substância mais profunda, o núcleo, a essência da história do Êxodo, que por sua vez se torna o núcleo, a substância e essência da cerimônia do Seder. Deve ser lido durante toda a ceia ou Seder. O Livro de Moisés ordena que a história do Êxodo deve ser repetida 4 vezes durante a Páscoa. Veja Exo. 12:26, 13:8, 14, Deut. 6:20.

O livro não foi iniciado e concluído de uma só vez. Porções começaram a ser escritas no início do período Macabeu, entre 170-150 a.C. A porção maior foi concluída no período da Mishnah, que é a parte mais antiga do código de lei rabínico, codificado por volta de 200 d.C. Finalmente ele foi totalmente concluído no século 8 d.C. O conteúdo é uma antologia de várias fontes: As Escrituras (Torá), Mishnah, Midrash, orações e bênçãos.

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O Hagadá contém diversos grupos de “quatro”: quatro cálices de vinho; quatro perguntas que devem ser feitas pelo filho mais novo; e quatro alimentos especiais (o osso da canela do cordeiro, o matzah ou pão ázimo; as ervas amargas (rábano), e o charoset.

2. A palavra Seder quer dizer “liturgia do culto”.

II. O dia 14 de Nissan trata da salvação e do nosso relacionamento aliançado com Deus. O livramento de Israel do cativeiro no Egito é o ponto central na história e na adoração dos judeus, da mesma forma que o Calvário é o centro da Fé Cristã, porque a redenção foi realizada para todo e qualquer crente. Seis eventos dignos de nota ocorreram no dia 14 de Nissan. Esses eventos se relacionam especificamente à vida espiritual da nação de Israel, e em última análise também à vida espiritual do cristão.

A. Deus fez uma aliança com Abraão, concernente à Terra Prometida, no dia 14 de Nissan. Veja Gênesis 15:13-14 e Êxodo 12:40-51.

1. A realização da aliança, ou pacto, ocorre depois de Abraão salvar seu sobrinho Ló e ter um encontro com Melquisedeque. Veja Gênesis 15:1-4.

2. Eliezer é um tipo bíblico do mordomo cristão. Ele foi um escravo comprado por um preço e vivia na casa de seu senhor.

3. Deus confirma Sua promessa dada no versículo 1. Veja Gênesis 15:5.

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4. No versículo 2 a palavra usada para “Senhor” é Adonai, e a palavra usada para “Deus” é YHWH. Ali vemos que a justiça provém da fé. (Hebreus 11).

5. Não se usa o verbo no tempo presente na língua hebraica antiga, portanto, a palavra YHWH não significa “EU SOU” ou “Eu sou o que sou”. Na verdade, significa “Eu Serei Quem/o Que Serei”. Nosso Deus não é um Deus somente do passado e presente, mas sim é um Deus do passado, presente e futuro.

6. Deus promete e concede a Terra Prometida para Abraão e seus descendentes. Veja Gênesis 15:7.

7. O sacrifício para selar o pacto consistia em uma novilha de três anos, uma cabra de três anos, um carneiro de três anos, e duas aves. Eles eram sacrificados (“cortados”) no 140 dia de Nissan. Veja Gênesis 15:8-10.

8. Abraão foi induzido à um sono profundo exatamente como foi feito com Adão. Durante o sono Deus profetiza os 400 anos de cativeiro no Egito, que aconteceu após a morte de José, até o Êxodo. Veja Gênesis 15:11-21.

9. No verso 17 o sol se põe, e um novo dia começa. Durante a noite dois objetos são descritos como que passando entre as duas partes do sacrifício. O pacto foi consumado no dia 15 de Nissan. Tinha uma metade de cada animal que tinha sido separada e colocada voltada para o meio (centro), e um pássaro de cada lado.

a. O forno de fumaça e a tocha de fogo daquele sacrifício podem ser consideradas metáforas de Abrão e o Senhor.

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b. Os sacrifícios foram consumados pelo fogo como ofertas queimadas (falando de um compromisso total) o qual é consistente com o fato de serem sacrifícios espirituais.

10. Nos versos 18-21, encontramos o pacto, de fato.

B. Existem várias observações que precisamos fazer antes de irmos mais adiante com esse estudo.

1. Quando Deus disse para Abrão trazer os sacrifícios, por que o fez dormir antes de firmar o pacto com ele?

) Abraão foi posto para dormir para que Deus fosse a única parte realmente ativa nessa aliança.

) Isso foi para deixar claramente demonstrado que o pacto é incondicional e unilateral.

2. Por que três animais de grande porte e duas aves?

) Porque:

• Três é o número que significa a substância sólida, real, e completa do Deus Triúno.

• O número três fala da perfeição divina de Deus e Sua plenitude, e por isso são três animais de três anos cada um.

• Adicionando o número dois – o qual fala de “diferenças”, ou o número de uma testemunha entre Deus e o homem – nós chegamos ao número cinco, que representa a Graça de Deus.

• O número 8 trata de ressurreição, abundância e novos começos: Jesus ressuscitou no “oitavo dia”; 8 pessoas na arca de Noé; circuncisão ao 8º dia; O rei Davi foi o oitavo filho; Elias realizou 8 milagres – Eliseu fez 16; A Festa dos Tabernáculos dura 8 dias; João 7: 37-39 está no 8º dia dos Tabernáculos.

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• O número nove está associado à plenitude da bênção, finalidade e julgamento divino: há 9 frutos do Espírito; 9 dons do Espírito são mencionados em 1 Cor. 12: 8-10; na Bíblia houve 9 pessoas apedrejadas; 9 viúvas, 9 cegos e 9 leprosos são mencionados.

• O número 18 é o valor numérico da palavra “chai”, que significa vida. Este número fala de escravidão, tanto física quanto espiritual. Havia 18 juízes, Josué julgou por 18 anos, 18 morreram quando a torre caiu no tanque de Siloé [Lucas 13: 4], a mulher em Lucas 13:11 ficou espiritualmente doente por 18 anos, e o Salmo 110: 1 é mencionado 18 vezes no Novo Testamento.

) O livro de Ageu tem cinco seções diferentes: três para encorajamento (para aperfeiçoar), e duas para repreender (as diferenças entre os pontos-de-vista entre o homem e Deus).

) Portanto, os cinco animais usados para selar a aliança nos mostram o ato perfeito de um Deus soberano concedendo graça livre e imerecida ao homem pecador.

3. Deus prometeu a terra e uma descendência inumerável para Abrão. Mas não foi tão simples assim, não é?

) A terra da promessa foi tomada, mas nessa altura Abrão e Sarai já tinham passado da idade da fertilidade.

) Em resposta a essa situação, Deus faz uma declaração entregue pelo Seu mensageiro. Veja Gênesis 18:14.

4. Deus “passou por cima” do problema de infertilidade de Sarai e Abrão.

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5. Deus “passou por cima” o povo que um dia ocuparia a Terra Prometida. Existem versículos em Gênesis que indicam que Deus fez a Aliança Abrâmica no dia 14 de Nissan.

6. Exatamente 430 anos depois de entrarem no Egito, Deus confirma a data da Páscoa no Egito. Veja Gênesis 15:13-14 e Êxodo 12:40-51.

C. O segundo evento a acontecer no dia 14 de Nissan foi o cordeiro pascal sacrificado para a preparação do Êxodo de Israel. Veja Êxodo 12:6.

D. O terceiro evento foi a primeira Páscoa na Terra Prometida. Eles não celebravam a Páscoa há 38 anos. Veja Josué 5:10-12.

E. O quarto evento foi o Livro da Lei sendo encontrado no Templo, no dia 14 de Nissan.

1. O rei Josias tinha apenas oito anos de idade quando subiu ao trono,

a. A Bíblia nos conta que ele teve uma vida de retidão e ainda em sua juventude, aos 16 anos de idade, buscou à Deus, e com 20 anos purificou toda a terra de Israel. 2 Crônicas 34:1-3.

b. Anos mais tarde, quando tinha 26 anos, Josias fez uma coleta nacional e liderou uma grande restauração do Templo. 2 Crônicas 34:8-9.

2. Durante o trabalho de reforma e restauração, um sumo-sacerdote de nome Hilquias (que significa “bocal de Deus”), descobriu o Livro da Lei. 2 Crônicas 34:14 a 35:2.

F. O segundo Templo foi dedicado no dia 14 de Nissan.

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1. A reconstrução do segundo Templo foi concluída no mês de Adar (fevereiro), mas ele foi dedicado novamente ao Senhor no dia 14 de Nissan, no ano de 515 a.C. Esdras 6:15-22.

2. Esdras era o bisneto de Hilquias. (Esdras 7:1).

G. Uma imitação do Seder da Páscoa, referido como A Última Ceia, foi celebrado por Jesus no dia 14 de Nissan. Veja Lucas 22:1, 7-26 e 1 Coríntios 11:23-26.

III. A importância da Páscoa para Deus é evidenciada pela resposta que Ele dá àqueles que desejam obedecê-Lo e adorá-Lo.

A. No período da segunda Páscoa no Sinai, algumas pessoas foram consideradas impuras para participar da cerimônia no Sinai, porque haviam tocado em pessoas mortas. Números 9:6-7

1. Esses homens ardentemente desejaram adorar a Deus. Eles pediram a Moisés, “... por que estamos impedidos de apresentar a oferta ao Senhor no seu tempo determinado, junto com os filhos de Israel?”

2. Eles não estavam impuros por alguma coisa errada que tinham feito.

3. Moisés respondeu a eles que isso era uma pergunta muito importante e que eles deveriam aguardar por uma resposta.

B. Deus modificou a lei por causa da fé que essas pessoas tiveram no próprio Deus.

1. Deus disse que se alguém, individualmente, ficasse impedido de participar da Páscoa no primeiro mês, então poderia participar no dia 14 do segundo mês.

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2. Isso mostra o desejo de Deus em oferecer Sua Graça.

3. Nossa atitude é a nossa escolha.

4. Aqueles que são limpos cerimonialmente, mas relapsos, são cortados. (Verso 13)

5. Um estrangeiro zeloso com as coisas de Deus tem permissão de participar. (Verso 14)

C. Encontramos essa celebração alternativa da Páscoa acontecendo três vezes na Bíblia. Para Deus ter registrado três vezes essa circunstância na Bíblia, foi para demonstrar Sua Graça absoluta e aceitação daqueles que livremente buscam por Ele.

1. A primeira vez foi no deserto, no tempo de Moisés.

2. Antes do cativeiro na Assíria Ezequias convidou os povos das tribos do norte de Israel para virem celebrar a Páscoa em Jerusalém. Alguns vieram, e não seriam impedidos. (2 Crônicas 30)

3. Uma mulher cananita, gentia, procurou Jesus para que Ele curasse sua filha. Ela disse, na verdade, “o que me impede?” (Mateus 15:21-28)

IV. O Seder da Páscoa é um tempo muito especial de comemoração e celebração. (Êxodo 12:14) Os rabinos ensinam que o Messias, muito provavelmente, virá numa noite de Páscoa.

A. O Hagadá é lido e o filho mais novo pergunta ao pai: “Porque essa noite é diferente das outras noites?” O pai responde contando a história dos eventos da primeira Páscoa ainda no Egito, e a libertação do cativeiro. Essa história serve para manter os judeus unidos e dar-lhes

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esperança, não importando as circunstâncias. Veja João

13: 23. João está reclinado sobre o peito de Jesus e fazia essas perguntas. Ele era o mais jovem presente naquela noite.

B. No Seder, uma das tradições é deixar a porta destrancada; uma cadeira vazia à mesa; e um cálice cheio de vinho, que não é tomado. É para o profeta Elias saber que é bem-vindo, porque os judeus acreditam que ele será o arauto da chegada do Messias. Veja Malaquias 4:4-6.

C. Os judeus ainda não entenderam que existem duas vindas. Nós sabemos que João Batista veio (como) o espírito de Elias para ser o arauto da primeira vinda de Cristo. Lucas 1:13-17.

D. Elias será o arauto da segunda vinda de Cristo. Apocalipse 11:3.

E. O Shabat antes da Páscoa é chamado de Shabat Hagadol (O Grande Shabat).

F. O Seder da Páscoa é uma ceia ritual com um significado bastante importante. Os ingredientes dessa ceia são:

1. Zerôa: Um osso inteiro, sem qualquer fratura, da canela do carneiro, símbolo do sacrifício do cordeiro, conforme prescrito em Êxodo 12:1-3. Mas, celebrar a páscoa sem o cordeiro é como realizar uma cerimônia de casamento sem a noiva.

2. Matzá: Um pão ázimo, puro, imaculado, símbolo de uma vida sem pecados.

3. Maror: Ervas amargas, símbolo do sofrimento no Egito.

4. Vinho, símbolo do sangue sacrificial.

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5. Betsá: Um ovo, símbolo de todas as qualidades da vida, um tipo de ressurreição.

6. Água salgada, símbolo das lágrimas derramadas no Egito.

7. Karpás (salsa): símbolo do hissopo usado para aplicar osangue nos umbrais e nas vergas das portas, e lentilhas, que também são símbolos da Primavera.

8. Charoset: Uma combinação de vinho, canela (o condimento), nozes, e maçã ralada, símbolo dos tijolos de argila feitos durante a escravidão no Egito.

9. O Seder é comido à luz de velas, símbolo das velas usadas no Tabernáculo para a adoração.

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