BATEU O SINAL, ACABOU A AULA!
PLANEJAR COM EFICÁCIA SUA AULA
COMO
“...o que ensina dedique-se ao ensino.”
(Romanos 12.7b NAA)
Quase todos nós já passamos pela experiência de ver um professor da Escola Bíblica ser surpreendido pelo soar do sinal anunciando o término da aula. Muitos são os professores e alunos que vivem se queixando do pouco tempo reservado para o estudo em classe. Alguns professores chegam a dizer frustrados, que a aula terminou exatamente quando começava a tratar da melhor parte do seu conteúdo.
A questão não é falta de tempo e sim de planejamento. Quando não há planejamento da aula, não importa o tempo reservado a ela, tudo sairá atabalhoadamente dando a impressão de que está faltando algo. Quando existe planejamento, mesmo que o tempo seja curto, haverá produtividade e satisfação na aula dada. O problema não é o tempo, reafirmo, mas o planejamento.
O planejamento de uma aula para a Escola Bíblica deve levar em consideração vários fatores. Vamos examiná-los:
O CONTEÚDO
Trata-se do que será ensinado. A resposta a algumas perguntas nos informa qual o conteúdo de uma lição:
9 Qual o principal ensinamento da lição a ser estudada?
9 Quais são as principais informações a serem transmitidas e que relação têm com o ensinamento principal?
9 Qual a relação com a lição da semana anterior?
A definição clara do conteúdo vai ajudar o professor a manter-se fiel ao desenvolvimento de sua aula.
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É triste quando um professor entra na classe sem ter a nítida compreensão do conteúdo da aula que vai dar. Tenho ouvido relatos de professores que sequer sabiam o assunto da lição, no momento em que iriam aplicá-la.
É triste quando um professor entra na classe sem ter a nítida compreensão do conteúdo da aula que vai dar. Tenho ouvido relatos de professores que sequer sabiam o assunto da lição, no momento em que iriam aplicá-la.
São os improvisadores que se iludem, e aos outros também, e prestam um desserviço à causa do ensino das Escrituras em nossas igrejas. O professor precisa saber em profundidade o conteúdo que pretende ensinar aos seus alunos.
Toda lição tem um ensinamento principal. Naturalmente que deste emanam outros que, mesmo secundários, são também importantes e necessários. A transmissão e assimilação desses ensinamentos são imprescindíveis numa aula.
O professor precisa identificar no estudo do texto bíblico e na própria lição, quais são os ensinamentos secundários e qual é o principal. Ao fazê-lo encontrará o conteúdo de sua aula. Encontrando-o, terá achado o caminho por onde deverá se conduzir durante a aula e assegurará o êxito de sua docência.
O professor precisa identificar no estudo do texto bíblico e na própria lição, quais são os ensinamentos secundários e qual é o principal. Ao fazê-lo encontrará o conteúdo de sua aula. Encontrando-o, terá achado o caminho por onde deverá se conduzir durante a aula e assegurará o êxito de sua docência.
O conteúdo é o primeiro fator a ser levado em conta no planejamento da aula. A sua clara compreensão exigirá esforço e concentração do professor.
SOCORRO, Sou Professor da Escola Bíblica! 16
Ainda neste livro daremos algumas dicas sobre como estudar um texto da Bíblia, identificar conteúdos e extrair ensinamentos das Escrituras e contextualizá-los aos nossos dias.
EXTENSÃO E TEMPO
O professor, ciente do conteúdo, já tem uma ideia da quantidade de informações e de ensinamentos que precisará transmitir. Necessitará fazer um trabalho de seleção priorizando as informações e ensinamentos que se harmonizem de forma mais plena com a mensagem principal a ser transmitida.
O professor estabelecerá uma relação entre a quantidade de informações e de ensinamentos práticos com o tempo disponível para que eles sejam transmitidos. Feito isto, determinará em seu planejamento prévio quanto tempo usará para cada parte da aula.
Este planejamento é de suma importância para não se cair no erro de usar muito tempo com um determinado aspecto da lição em detrimento de outros.
Aconselhamos, de modo geral, a seguinte distribuição do tempo de uma lição:
Abertura (5%)
Ao começar a aula, o professor poderá conceder à classe um momento breve de confraternização. É a hora dos alunos se cumprimentarem, de se apresentar os visitantes e de se fazer uma ou outra comunicação de interesse da classe. É uma espécie de quebra gelo, muito importante para o seu início.
1. Bateu o sinal, acabou a aula! 17
Introdução (10%)
O professor vai estabelecer a relação entre o que vai ser e o que foi estudado na semana anterior. Buscará atrair a atenção e o interesse dos alunos pelo que será ensinado. Na introdução devem ficar bem claros os alvos da aula em termos de lições a serem ensinadas e informações a serem transmitidas. É este o momento, logo no início da aula, em que professor e alunos devem se colocar diante de Deus para, em oração, pedir a bênção da sabedoria e do discernimento espiritual para o estudo da Sua Palavra.
É preciso se valer de muita criatividade na introdução. Fatos contemporâneos, notícias de jornais, ilustrações e experiências constituem excelente material para a introdução de uma boa aula na Escola Bíblica.
É preciso se valer de muita criatividade na introdução. Fatos contemporâneos, notícias de jornais, ilustrações e experiências constituem excelente material para a introdução de uma boa aula na Escola Bíblica.
Costumamos comparar a introdução de uma aula com o lançamento de um foguete. Dizem os entendidos que nos primeiros minutos após o lançamento de um foguete, os cientistas já são capazes de prever o sucesso ou fracasso de uma expedição espacial. As coisas são mais ou menos assim com a aula da Escola Bíblica, se o professor não conseguir captar a atenção dos seus alunos e deixar claro para eles o que vai ser ensinado na introdução, não conseguirá fazê-lo mais.
Interpretação (30%)
A preocupação do professor é com a transmissão de informações e dados que auxiliarão o aluno na interpretação do texto bíblico em estudo. Neste momento, a palavra é quase totalmente de uso daquele que ensina, eventualmente, um aluno pode oferecer contribuição, porém, o
SOCORRO, Sou Professor da Escola Bíblica! 18
pressuposto é de que o professor está preparado para oferecer aos seus alunos as informações de que se valerão para a clara compreensão do texto bíblico.
Mais adiante ofereceremos maiores informações sobre como interpretar a Bíblia, importando agora tão somente conscientizar o leitor para o fato de que, em sala de aula, precisará reservar pelo menos 30% do tempo disponível para o estudo e fiel interpretação da Palavra de Deus.
Vivemos numa época quando muitas pessoas têm se lançado na tarefa de ensinar a Bíblia, e isso no rádio, na televisão etc, sem dar a merecida atenção à interpretação da Palavra. Aí, abre-se espaço para verdadeiras aventuras hermenêuticas onde absurdos são apresentados como verdades bíblicas. Os alunos da Escola Bíblica precisarão ser alcançados com argumentação consistente para que as verdades da Palavra de Deus sejam enraizadas em suas vidas, o que só será possível mediante interpretação sadia e profunda das Escrituras.
Aplicação (40%)
Uma vez bem interpretado, o texto bíblico oferecerá princípios e ensinamentos que deverão ser aplicados à vida dos alunos. Caso contrário, o objetivo principal da Escola Bíblica ficará por ser atingido e não haverá aprendizado real das Escrituras, logo não acontecerão mudanças na vida dos alunos.
Se um aluno, após uma aula na classe, não se sente estimulado a mudar aspectos de sua vida para que eles se harmonizem com as Escrituras, certamente a aula não logrou êxito.
Se um aluno, após uma aula na classe, não se sente estimulado a mudar aspectos de sua vida para que eles se harmonizem com as Escrituras, certamente a aula não logrou êxito.
1. Bateu o sinal, acabou a aula! 19
O resultado de uma boa interpretação é o surgimento de princípios, lições e ensinamentos que, uma vez levados em consideração, provocarão mudanças na vida daqueles que a eles se submetem. Tais princípios precisam ser clarificados e expostos para que os alunos deles se apropriem. Uma aula sem aplicação é como se uma pessoa fosse ao médico, recebesse a receita, mas não fosse instruída sobre como usar os medicamentos. É tarefa precípua do professor é orientar seus alunos na aplicação das verdades bíblicas.
Aplicando essas verdades à vida dos seus alunos, o professor estará construindo uma ponte entre o mundo da Bíblia e o mundo de hoje. Ora, é preciso levar em conta que estamos distantes, geográfica, cultural e cronologicamente dessa realidade, razão pela qual precisamos interpretar corretamente seu texto e aplicar coerentemente as verdades dele extraídas à vida dos alunos. Sem aplicação a aula torna-se somente informativa, sem relevância prática, sem vida. Ao término da Escola Bíblica, o aluno deverá ter uma noção clara sobre como colocar em prática em sua vida as verdades aprendidas.
No momento da aplicação é muito importante a participação dos alunos, dando opiniões, compartilhando experiências e oferecendo subsídios para a correta aplicação das verdades aprendidas à vida dos colegas de classe. O professor deverá tomar cuidado e ser muito ágil no comando dos debates para evitar que apenas um ou dois alunos monopolizem o uso da palavra. O ideal é que seja orientada a participação dos alunos, possibilitando inclusive que aqueles mais tímidos e reservados expressem suas ideias e opiniões.
O resultado da participação dos alunos constitui farto enriquecimento da lição, especialmente no seu aspecto prático. Com cautela, o professor não pode prescindir da participação dos discentes na construção da aula. Uma opinião ou uma experiência pode ensejar uma situação de ensino, propiciando muita edificação e aprendizado.
SOCORRO, Sou Professor da Escola Bíblica! 20
Conclusão (15%)
Ao terminar a aula, o professor precisa recapitular com os alunos as principais informações transmitidas e repassar os ensinamentos aprendidos. A lição principal do texto precisará ser repassada, enfatizada e ilustrada.
Não pode haver uso desproporcional do tempo nas partes anteriores da aula, sob pena de se prejudicar a conclusão. Este é o momento de fechar as ideias, ratificar princípios, confirmar doutrinas e homologar atitudes e comportamentos. Uma boa conclusão não pode ser feita apressada ou superficialmente, sob o risco de se comprometer toda a aula. Se é bem-feita há de motivar o aluno a prosseguir no estudo das Escrituras.
Ao concluir a aula, o professor precisa dar um tempo para que os alunos orem a Deus. É um momento de comunhão e edificação espiritual, quando os alunos conversam com Deus acerca de suas vidas nos aspectos tocados pelo estudo da Sua Palavra.
Conclusão (15%)
Abertura 5%
Introdução (10%)
Interpretação (30%)
Aplicação (40%)
1. Bateu o sinal, acabou a aula! 21
Diagrama da distribuição do tempo de uma aula na Escola Bíblica.
TOCOU O SINAL ...
De posse dessas informações, o professor deverá planejar suas aulas na Escola Bíblica. Não deve menosprezar o ensino das Escrituras e, ao mesmo tempo, demonstrar desprezo para com a tarefa do ensino. Quando não planeja desrespeita os alunos que depositam confiança no zelo do seu professor. Não planejar é trair a confiança da própria igreja que delegou ao professor tão sublime tarefa: a do ensino.
Comparecer diante de uma classe de Escola Bíblica sem um planejamento sério e bem elaborado é algo de que o professor deve fugir.
Comparecer diante de uma classe de Escola Bíblica sem um planejamento sério e bem elaborado é algo de que o professor deve fugir, pois como fiel cumpridor do seu dever leva em consideração o que o Apóstolo Paulo escreveu aos romanos: “o que ensina dedique-se ao ensino” (Rm 12.7b NAA).
Planejando suas aulas com dedicação, o professor sentirá em sua própria vida as bênçãos de realizar um trabalho para o Senhor, com a alegria de o estar fazendo com o melhor de si, explorando ao máximo suas potencialidades e sua criatividade. O professor verá no contato com os seus alunos, e ao constatar o crescente interesse deles pela Palavra de Deus; a retribuição por realizar o ministério do ensino da Bíblia com amor, esforço e responsabilidade.
E quando tocar o sinal alertando para o final de sua aula, não haverá mais surpresas. Todos já estarão prontos para saírem da sala e, se for o caso, dirigir-se ao santuário para prestar culto a Deus. Os alunos sairão instruídos e alimentados por uma aula que lhes trouxe ricos e importantes ensinamentos, nos quais procurarão pautar seus passos dia após dia.
Tocou o sinal, acabou a aula... começou a prova.
1. Bateu o sinal, acabou a aula! 23
PREPARE-SE PARA A BATALHA!
COMO VENCER OS INIMIGOS DE UMA AULA EFICAZ
2.
“... Pois toda carne é como a erva, e toda a sua glória, como a flor da erva; seca-se a erva, e cai a sua flor; a Palavra do Senhor, porém, permanece eternamente.”
(1 Pedro 1.24,25 NAA)
Neste capítulo estudaremos sobre como vencer os inimigos de uma aula eficaz, os conheceremos e veremos como podemos superá-los e vencê-los para que a nossa aula de Bíblia, quer na escola bíblica, quer em célula, em um pequeno grupo, numa classe de estudo bíblico, seja bem-sucedida.
Esse tema empolga o meu coração, é disso que eu tenho vivido os meus últimos 40 anos de ministério, abençoando vidas, cuidando de pessoas, enfim, desde que comecei aos 17 anos de idade lidando com a Palavra de Deus e com a responsabilidade de compartilhá-la, hoje com muita alegria eu quero filtrar tudo que tenho aprendido, tudo que tenho escrito e transmitir para você que aceitou o desafio de ler este livro.
Tenho identificado alguns inimigos de uma aula eficaz e quero que você caminhe comigo aqui em conhecê-los e em se preparar para superá-los. Vamos ao primeiro deles:
1. Falta de preparo do professor
Um inimigo grande de uma aula eficaz é a falta de preparo do professor e quando eu falo sobre isso, penso em três dimensões:
9 Primeira dimensão – Falta de preparo espiritual.
Note bem, não se trata de uma aula de matemática, ou de geografia, ou de ciências, é a hora de estudar a Palavra de Deus. Para isso, eu preciso estar espiritualmente preparado. Isso tem a ver com a minha devoção pessoal, com a minha vida de oração, com o meu interesse
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pelas Escrituras Sagradas. Eu vou à Bíblia para que eu cresça espiritualmente, e não apenas porque eu vou ensiná-la, eu vou para sorver dela, para eu aprender.
Então eu quero aconselhar você a ter um programa de leitura da Bíblia, se você ler três capítulos por dia, logo terminará de lê-la. Leia os Evangelhos, leia as epístolas Paulinas; leia o Antigo Testamento, a literatura legal, a literatura sapiencial, a literatura Profética. Leia todos os documentos bíblicos que fazem parte do cânon da Igreja Cristã, isso vai alimentar você. A Bíblia nos alimenta, e um bom professor chega em sala de aula alimentado pela Palavra de Deus. Ele orou, dependeu de Deus, se alimentou das Escrituras; ele tem um relacionamento sério com Deus, e não é um profissional da cátedra. Ele é um agente de um processo de transformação a partir do ensino das Escrituras.
Eu vou à Bíblia para que eu cresça espiritualmente, e não apenas porque eu vou ensiná-la, eu vou para sorver dela, para eu aprender.
Disponibilizo uma sugestão de Plano de Leitura Bíblica em 1 ano criado pela Sociedade Bíblica do Brasil. Você precisará separar apenas 30 minutos diários para este propósito. É um engodo, um engano eu achar que alguém que não está espiritualmente preparado pode exercer o ministério de ensino das Escrituras, em nenhuma ambiência, em nenhum contexto isso pode acontecer. Aqui está o primeiro inimigo, a falta de preparo do professor, você não pode entrar em sala de aula sem estar preparado espiritualmente.
Além do preparo espiritual, eu preciso pontuar outra dimensão...
26 SOCORRO, Sou Professor da Escola Bíblica!
9 Segunda dimensão – Falta de preparo bíblico. Veja bem, se a aula é sobre a Bíblia, eu preciso estar biblicamente preparado para ensiná-la. Eu ainda preciso conhecer os textos no seu contexto, preciso ter feito a tarefa hermenêutica, ou seja, o trabalho de interpretação das Escrituras. Assim fazendo, estarei preparado para as dúvidas que vão surgir em sala de aula; estarei pronto para os comentários que vão ser feitos, porque eu já os antecipei no meu processo de preparação. Então se é um texto do Novo Testamento, do Antigo Testamento, um texto de Paulo, de João, de Pedro, uma parte dos Evangelhos, uma parte da literatura histórica de Lucas ou do apóstolo João no Evangelho ou nas suas epístolas ou mesmo no livro do Apocalipse. Perguntas como: Quem escreveu, quando, para quem, qual é o contexto desse texto, fazem parte desse trabalho que o professor precisa fazer, para preparar-se para o ensino das Escrituras. À medida em que vai estudando os textos bíblicos, o professor vai construindo o seu preparo bíblico.
Observe bem que eu falei sobre preparo espiritual e em seguida sobre o preparo bíblico. Tudo isso dentro de um só inimigo, a falta de preparo do professor.
Eu preciso estar preparado espiritualmente = minha devoção pessoal e eu preciso estar preparado biblicamente = estar pronto para ensinar este texto das escrituras... assim, estou pronto para compartilhar aquilo que eu aprendi antes.
Essa história de você deixar para última hora, não ter tempo de se debruçar nas referências bíblicas, de buscar outros textos que subsidiam aquele que você está ensinando, e fortalecendo biblicamente a sua aula, não pode fazer parte de um preparo bíblico para alguém que ensina as Escrituras. Então, é um grande inimigo quando o professor não está espiritualmente e biblicamente preparado.
Mas além de estar preparado espiritual e biblicamente, o professor precisa estar preparado em uma terceira dimensão...
2. Prepare-se para a batalha! 27
9 Terceira dimensão – Falta de preparo pedagógico. Agora o professor vai se preocupar com as pessoas para quem ele vai servir ensinando a Bíblia; como ele conduzirá a sua aula, quais serão os recursos que irá usar, como abordará a sua classe, quais serão os passos que dará, como irá chamar a atenção dos seus alunos, porque ele também vai se preparar pedagogicamente.
Neste preparo o professor saberá se ele precisará usar um quadro com um pincel atômico, ou se usará um projetor multimídia, uma projeção de algum conteúdo, se fará uso de um recurso que ele precisará trazer, enfim, ele está preocupado em se fortalecer também dos recursos didático-pedagógico, porque ele vai dar uma aula, ele não vai pregar um sermão, ou fazer uma palestra, ele ensinará para sua classe, e checará através dos recursos e da sua metodologia, como a sua aula evoluirá.
Vou resumir aqui para ajudá-lo a lembrar:
O primeiro grande inimigo de uma aula eficaz é a falta de preparo do professor:
9 preparo espiritual,
9 preparo bíblico,
9 preparo pedagógico.
Uma pergunta importante emerge: Como vencer este inimigo?
Você vence preparando-se, estando preparado. Você vence perguntando para si mesmo: eu estou pronto para ensinar na classe? Na célula? No estudo bíblico? Estou espiritualmente, biblicamente, e pedagogicamente preparado? Se suas respostas forem sim, está pronto! Então, você vai para uma classe e a sua aula será eficaz.
Nós precisamos vencer esse inimigo da falta de preparo do professor, e podemos afirmar que este é o principal, porque nós até temos alguém à frente de um grupo, de uma classe, de uma célula, de um
28 SOCORRO, Sou Professor da Escola Bíblica!
pequeno grupo ou de uma classe do instituto bíblico, então o problema não é ter alguém ali, mas sim que esteja preparado espiritualmente, biblicamente e pedagogicamente para dar uma aula eficaz.
Agora, estamos prontos para o segundo grande inimigo do ensino eficaz...
2.Falta de planejamento
Quando eu penso em planejamento, estou considerando primeiramente a necessidade de definir para quem eu vou ensinar:
9 Vou ensinar para crianças?
9 Vou ensinar para juniores?
9 Vou ensinar para adolescentes?
9 Vou ensinar para jovens?
9 Vou ensinar para um jovem casal?
9 Vou ensinar para adultos?
Para quem eu vou ensinar?
Esta é a primeira fase de um planejamento, eu tenho que ter em mente os meus alunos, a realidade deles porque eu vou precisar ensinar a Palavra de Deus dentro deste contexto, tudo vai depender metodologicamente da minha abordagem, minha linguagem. Tudo está ligado com o público a quem eu vou ensinar. Também é preciso, nessa fase de planejamento, pensar na metodologia:
9 Qual será o método que eu vou usar?
Existem vários métodos para o ensino. Se você pesquisar, vai encontrar vários deles, a metodologia é farta e dependendo do meu público, dos meus alunos, vou avaliar qual a melhor; isso faz parte do planejamento.
Mas atenção: não é apenas uma questão de métodos, mas também de estratégia, ou seja:
2.
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Prepare-se para a batalha!
9 Como eu vou agir para implementar a metodologia?
9 Quais são as etapas que eu vou usar para ser eficaz?
9 Que recursos vou usar?
9 Quais materiais preciso?
Isso tem a ver com a minha estratégia de ensino.
Por fim, sobre a estrutura da minha aula, que muitos chamam de plano de aula, é preciso saber qual será usada. Para isso, vou levar em consideração o tempo do qual disponho, os recursos que tenho, a disposição da classe, a natureza dos alunos, e então elaborarei uma estrutura.
Tudo isso deve ser feito pelo professor antes de entrar em sala de aula:
9 Quem serão seus alunos?
9 Qual método vai usar?
9 Quais as estratégias das quais se valerá?
9 Como estruturará a sua aula?
Se o professor não faz isso, está despreparado do ponto de vista de planejamento e se um grande inimigo é a falta de preparo do professor, um outro grande inimigo é a falta de planejamento por parte dele.
Se o professor não faz isso, está despreparado do ponto de vista de planejamento e se um grande inimigo é a falta de preparo do professor, um outro grande inimigo é a falta de planejamento por parte dele.
Isso já nos mostra que é preciso começar com antecedência, ter calma e cuidado. É necessário ter tempo para construir um planejamento de ensino, para responder com assertividade e precisão as perguntas: Para quem eu vou ensinar; qual é a metodologia que eu vou adotar; quais as estratégias que eu vou usar e como vai ser a estrutura da minha aula para que tenha início, meio e fim, e assegure o alcance dos meus objetivos.
30 SOCORRO, Sou Professor da Escola Bíblica!
Eu já compartilhei até aqui dois grandes inimigos de um ensino eficaz, o primeiro deles é a falta de preparo do professor e o segundo, que acabei de expor, é a falta de planejamento. Agora vamos para o terceiro grande inimigo do ensino eficaz...
3. Focar apenas na informação
Isso ocorre quando o professor está preocupado apenas em informar, em passar para a mente dos seus alunos aquilo que está na sua mente.
É preciso esmiuçar um pouco isso aqui... nós temos três dimensões de aula numa classe de escola bíblica, célula, pequeno grupo, instituição teológica, ou em qualquer ambiente de ensino:
9 Dimensão informativa;
9 Dimensão formativa;
9 Dimensão automatizante.
Deixe-me explicar um pouco mais, porque vencer o inimigo do foco exclusivo na informação requer o conhecimento dessas dimensões.
3.1 Dimensão informativa
É a dimensão que se refere aos dados, tem a ver com as informações importantes que constam no texto bíblico, por exemplo, quem escreveu, para quem escreveu, quando escreveu, qual a mensagem que quis transmitir e qual foi o impacto desse texto para os seus leitores originais.
Qualquer aluno, de qualquer classe, de qualquer processo de ensino, através da internet tem acesso às informações e muitas vezes pode estar melhor informado do que o professor.
Tudo isso tem a ver com o tipo de informação que você adquire com a pesquisa, com estudo,
2.
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Prepare-se para a batalha!
ou seja, aproveitando tudo o que o nosso tempo nos permite acessar, uma vez que hoje a informação não é mais privilégio do professor. Qualquer aluno, de qualquer classe, de qualquer processo de ensino, através da internet tem acesso às informações e muitas vezes pode estar melhor informado do que o professor.
O ponto aqui é que a informação é importante, mas não é tudo; é fundamental, porém não é aquilo que eu quero passar em essência para o meu aluno. Digo mais, eu preciso me preocupar numa aula em passar unicamente as informações essencialmente inegociáveis, somente aquelas que forem absolutamente necessárias para a compreensão do texto bíblico. Guarde isso no seu coração, não é qualquer “informaçãozinha” que o professor deve repassar para os seus alunos, aliás deve até estimulá-los a procurarem, por si mesmos, muitas informações, de forma a ficar sob sua responsabilidade repassar apenas aquelas pérolas, e as essenciais, que os alunos comuns não terão grande facilidade de encontrar, refiro-me, por exemplo, ao significado de uma palavra ou expressão na cultura bíblica, ao uso de um certo costume ou referência a determinadas tradições, também a uma informação de contexto que constam nos dicionários e nas enciclopédias.
Estas informações são essenciais, e devem fazer parte da minha aula, pois têm essa dimensão informativa. Mas esta não é a única dimensão de uma aula, vamos à segunda...
3.2 Dimensão formativa
Se na dimensão informativa eu estou preocupado com dados, fatos, notícias, aspectos interessantes do texto, na dimensão formativa eu estou focado nas crenças, valores, princípios e conceitos. E isso é bem mais do que informação.
Agora é um conjunto de informações subsidiando uma crença, a articulação dessas crenças fazendo nascer princípios, cuja formulação exigirão conceitos, os quais conjugarão com crenças e princípios, na construção de valores. A dimensão formativa da minha aula, definirá
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oseu conteúdo com potencial transformador, posto que mexerá, oferecerá e sugerirá aos alunos, à partir da interpretação correta da Bíblia, crenças, princípios, conceitos e valores.
Em outras palavras, a dimensão formativa é que elevará a aula a um nível mais profundo, a um aprendizado mais relevante, porque eu chamo o aluno para pensar e repensar em crenças que vão determinar a sua vida, em princípios que devem ser aplicados em vários contextos da sua existência, em conceitos que vão ajudar na elaboração de verdades, em valores que vão subsidiar sua conduta e balizar toda a sua existência.
Então a dica aqui é: Um pouco de informação para um volume bem maior de formação.
Então a dica aqui é: Um pouco de informação para um volume bem maior de formação.
Em qualquer contexto do ensino bíblico o professor deve buscar a formação e para isso ele vai precisar romper com a tirania da informação.
De fato é possível um livro inteiro somente para nos ajudar a vencer oque chamo aqui de tirania da informação, pois antigamente ela era a rainha do processo de ensino.
Quem não se lembra daquele professor que chegava em sala de aula e a primeira coisa que fazia era encher o quadro negro de informação? Quem não se lembra daquela prova fundamentada essencialmente em informação? É verdade, infelizmente, mesmo em pleno século 21, há educadores aprisionados à ela, mas se eu quero ensinar a Palavra de Deus, eu preciso romper com a sua supremacia, e usar apenas aquela necessária, e partir logo para a dimensão da formação.
Deixe-me repetir isso aqui, só para frisar: A formação foca em crenças, conceitos, princípios e valores. E isso é bem mais do que informação.
E é sobre ela que vamos tratar agora...
2. Prepare-se para a batalha! 33
3.3 Dimensão automatizante
Se na sua dimensão formativa a minha aula cuida de formular, explicar e sugerir crenças, conceitos, princípios e valores, na sua dimensão automatizante ela vai se concentrar em modelar hábitos, atitudes, condutas e comportamentos. E é exatamente nesta dimensão que reside a chance de mudança na vida dos alunos.
O ponto aqui é como o meu aluno vai agir, o que ele irá fazer, que tipo de hábitos ele incorporará à sua vida, que tipo de conduta ele irá procurar praticar e que tipo de comportamentos ele vai assimilar e neles amadurecer. Tudo à partir das crenças, dos conceitos, dos princípios e dos valores. Se você está entendendo bem, a educação formativa prepara o caminho para a educação automatizante, onde o aluno automatiza hábitos, condutas, atitudes e comportamentos, ou seja, onde ele muda a sua vida.
Preste bem atenção nisso: O professor que ensina a Palavra de Deus, em qualquer contexto, precisa ter como objetivo final, a mudança de vida na experiência dos seus alunos; então, a dimensão automatizante do ensino deve fazer parte da sua própria conduta como professor dentro de sala de aula.
Você pode passar 30 ou 40 minutos, até mesmo uma hora, apenas informando, informando e informando. Isso nunca vai mudar a vida de ninguém, você pode passar o mesmo tempo, apenas se ocupando das crenças, conceitos, princípios e valores, e todo mundo vai achar lindo, maravilhoso, mas não vai mudar suas vidas, pode inclusive alimentar sua religiosidade.
Você vai precisar ir para o degrau de cima, onde vai pensar em condutas, atitudes, hábitos e comportamentos, aquilo que na verdade resume a essência da vida do ser humano, desde quando ele acorda até quando vai adormecer, o dia dele é ocupado com o quê? Hábitos, atitudes, condutas e comportamentos, que vão refletir em impactar seus relacionamentos, que vão refletir diretamente na qualidade de vida, em
34 SOCORRO, Sou Professor da Escola Bíblica!
como ele vai ser um profissional, um bom cidadão, e um marido, uma esposa, um pai, uma mãe, um filho, como será a vida dele, porque a qualidade da sua vida depende daquilo que ele automatizou e vai automatizar, à partir da sua formação.
Avalie como é importante a tarefa do professor e como é importante vencer os inimigos de uma aula eficaz. Até aqui discorremos sobre três gigantes, três grandes inimigos: A falta de preparo do professor, a falta de planejamento e o foco apenas na informação; lembre-se disso sempre!
Agora para finalizar, vamos ao quarto inimigo de uma aula eficaz.
4.Falta de interação
O que segue agora é também muito importante. Pense comigo: O professor não pode ir para sala de aula para ele falar, ou para somente ele se expor; ele vai para trocar, interagir, ouvir também; para construir oconhecimento na atividade conjunta, o professor introduz a matéria dá os subsídios fundamentais, apresenta os conceitos, a informação essencial, aponta a formação que ele pretende desenvolver, sugere o que ele quer que seja automatizado e os alunos interagem, trocam experiências, especialmente se estamos falando de adultos no processo de ensino, eles têm as suas experiências, assim como a juventude tem a sua vida, os adolescentes, as crianças, cada um na sua dimensão de vida tem algo com que contribuir e eu não posso como professor abrir mão disso, eu tenho que puxar isso como amigos do processo de ensino e no final é ele que corrige e adequa; que lapida, une os pontos e vai fazendo com que todos se sintam parte desse processo de construção da aula.
O professor está tão bem-preparado, ele está tão pronto para aquele processo que a interação não o amedronta, não o constrange, não o faz sentir-se inseguro; pelo contrário, ele vai com o coração aberto para a interação, porque a aula precisa ser alegre e envolvente, e isso requer a interatividade em sala de aula.
2.
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Prepare-se para a batalha!
Esses são os quatro grandes inimigos de uma aula eficaz. Claro que há outros, mas esses quatro eu os selecionei para este capítulo, visando tornar o professor da escola bíblica alerta e preparado, para não ser golpeado e vencido no cumprimento do seu ministério de ensino. Vale a pensa recapitular e resumir:
9 Primeiro grande inimigo do ensino eficaz, a falta de preparo do professor, preparo espiritual, preparo bíblico e preparo pedagógico.
9 Segundo grande inimigo, a falta de planejamento, para quem eu vou ensinar, qual o método eu vou usar, que estratégias eu vou seguir, como eu vou estruturar a minha aula.
9 Terceiro inimigo, focar apenas na informação, qual é a informação indispensável e o ponto essencial da minha aula, eu não vou ultrapassar isso, como eu vou atingir os objetivos formativos, crenças, valores, princípios, que conceitos que formam a pessoa e passo adiante os objetivos automatizantes, hábitos, atitudes, condutas e comportamentos, tudo para gerar melhores relacionamentos.
9 Quarto grande inimigo, falta de interação, interatividade. Vou para sala de aula para conversar, para dialogar e para interagir com os meus alunos, não para monopolizar e falar sozinho o tempo todo. Precisamos vencer esses quatro grandes inimigos da aula eficaz para que a minha aula possa ser transformadora, para que Deus possa usá-la para tocar, abençoar, mudar as pessoas. E o potencial transformador de uma aula é imensurável, as pessoas saem alegres, felizes, mais do que isso, saem decididas, dispostas a implementar mudanças que vão fazer diferença em suas vidas.
Você que ensina vai se sentir recompensado ao perceber que decisões foram tomadas, escolhas foram feitas, atitudes foram implementadas a partir da compreensão daquilo que você ensinou das Escrituras, porque você não foi informativo, mas foi automatizante, não fez um monólogo, mas foi interativo, você não improvisou, mas estava preparado e efetivou o ensino a partir de um planejamento bem elaborado.
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