Autoridade Espiritual - A quem devemos lealdade?

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Copyright©2015 por Igor Pohl Baumann Todos os direitos reservados por: A. D. Santos Editora Al. Júlia da Costa, 215 80410-070 Curitiba – Paraná – Brasil +55(41)3207-8585 www.adsantos.com.br editora@adsantos.com.br

Capa:   Mônica Bravim Revisão Ortográfica:   Roberto Carlos de C. Gomes Editoração:   Manoel Menezes Acompanhamento Editorial:   Priscila Laranjeira Impressão e acabamento:   Gráfica Exklusiva

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) BAUMANN, Igor Pohl Autoridade espiritual: a quem devemos lealdade? / Igor Pohl Baumann – A.D. Santos Editora, Curitiba, 2015. 184 páginas. ISBN – 978.85.7459-367-8 1. Vida Espiritual 2. Ética Cristã 3. Deus 4. Fé CDD: 204-4 1ª Edição: Maio / 2015 – 2.000 exemplares. Proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios a não ser em citações breves, com indicação da fonte.

Edição e Distribuição:


Dedico este livro ao colega e doutor Russell Philip Shedd. Seu ministĂŠrio de ensino da Palavra tem inspirado a vida de muitos.

(Fp 2.3b,5).

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Prefácio

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astor Igor Baumann se apresenta nesta obra como escritor habilidoso, leitor extenso de livros teológicos e pensador eminentemente cristão. Quem se interessa pelo tema “Autoridade” encontrará um guia excelente. Ele não favorece líderes que não obedecem a regra que o autor de Hebreus coloca para sumo sacerdote a quem não foi permitido tomar essa honra para si mesmo. O pastor também deve ser escolhido e honrado por Deus (Hb 5.4). Como a Bíblia tem autoridade suprema, Igor Baumann, toma esta fonte para falar sobre casos positivos e negativos nas práticas eclesiásticas, ilustra o argumento que está apresentando com homens como Saul, Cam, filho de Noé, exemplos negativos, e Davi como ilustração de exemplo positivo. Seu raciocínio coerente abrange os casos mais complicados quando as autoridades governamentais contrariam as leis que o Senhor estabelece, exigindo obediência às leis injustas. Mais do que nunca cristãos em países muçulmanos e comunistas têm que escolher obedecer às autoridades do governo ou à de Deus. Em casos de perseguição de cristãos, comprometidos com os mandamentos do Senhor, os fiéis, podem pagar o alto preço do martírio se não se submetem às autoridades humanas. iii


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A discussão sobre o sacerdócio de todos os cristãos preenche uma lacuna na Teologia Evangélica dos nossos dias. Poucos pastores e professores desenvolvem este ministério democrático que Lutero redescobriu juntamente com a doutrina central da justificação pela fé. Os sacerdotes evangélicos deveriam aprender com a maneira que Jesus serviu nesse papel como nosso sumo sacerdote. Igor reconhece o perigo de criar clericalismo em distinção dos membros “leigos”, o que foi feito e desenvolvido por algumas religiões que, inclusive, mantém, esse sistema de autoridade hierárquica até hoje. O capítulo sobre a família desafia a todos os membros a cumprir os distintos papéis de marido/pai, esposa/mãe e a criação de filhos. Equilibrada, bíblica e de excelente qualidade foi a apresentação de como as autoridades da família precisam praticar o ensinamento da Palavra de Deus para formar um lar segundo o padrão divino. Qualquer pai ou mãe que não está cumprindo seus deveres na família, alistados pelo autor, certamente será desafiado a mudar e deixar de ser negligente. Este livro analisa cuidadosamente o conceito do apostolado em o Novo Testamento, onde autoridade eclesiástica tem seu fundamento, mas essa autoridade deve ser condicionada pela qualidade do líder que pastoreia o rebanho de Deus (veja 1 Pedro 5.1-5).

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P REFÁCIO

Certamente todos não concordariam com as conclusões sobre a autoridade de profetas que agem nas igrejas atualmente. O autor está convencido que a revelação que Deus supostamente dá para seus servos não deve ser mais do que explicar e aplicar corretamente o texto da Bíblia. No entanto, 1 Tessalonicenses 5.20,21 reconhece a existência de profecias certas e erradas, por isso é preciso que todas as coisas sejam postas à prova. Mas, para nossos dias, vendo os abusos que a falta de cuidado por parte de igrejas menos comprometidos com os padrões bíblicos, a advertência feita tem procedência. Limitar a liderança aos pastores e diáconos deve promover a ortodoxia bíblica. Neste livro o autor não favorece a prática de “cobertura espiritual” em que o líder da igreja seja submisso às práticas que ele estipula como se fosse o dono da igreja e não o Senhor. “Dominionismo” refere à tentativa de controlar a vida de um outro membro do Corpo de Cristo. Seria uma expressão de autoritarismo. A autoridade sobre Satanás e os seres espirituais que foram sujeitas ao Senhor Jesus na cruz pode ser exercida pelo crente, por isso o cristão não deve temer o Diabo. Não quer dizer que os poderes satânicos não podem nos tentar, mas a vitória sobre a tentação seja do Diabo ou da carne, o poder do Espírito na vida do Cristão é a garantia da vitória. Que autoridade precisa ser conquistada me parece ser um princípio valioso que muitos líderes esquece-


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ram. Desde os governantes, os pais de família e pastores de igrejas, devem reconhecer que se liderarem com amor e justiça sua autoridade aumentará. Se forem autoritários e manipuladores, sua autoridade diminuirá. A conclusão do livro levanta a questão: como podemos saber se o evangelho que seguimos é bíblico? A resposta tem que ser as boas novas que salvam e libertam, como fizeram com o perseguidor Saulo, que, depois como apóstolo Paulo nos apresentou no livro de Romanos. Este livro, Autoridade Espiritual, é um excelente manual eclesiástico para orientar pastores e membros das igrejas sobre autoridade espiritual. Pr. Igor tem uma biblioteca formada por livros de alto padrão que ele tem lido. Seu equilíbrio transparece em quase todas as páginas desta obra. Ele conhece a Bíblia, crê na Bíblia e fundamenta suas conclusões na Bíblia. Recomendo a leitura cuidadosa deste livro para ter uma visão global sobre o papel da autoridade espiritual no estado,no lar e na igreja. A Deus toda a glória! Russell Shedd, Ph.D

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Agradecimentos

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m primeiro lugar, quero agradecer ao Senhor Jesus, Autor e Consumador de nossa fé. A quem amo, admiro e devo toda a minha lealdade. O Senhor tem me alegrado e me impressionado com sua Fidelidade a cada dia. Agradeço às mulheres de minha vida. Minha esposa Bruna e minhas filhas queridas, Maria, Liz e Eva. Meu desejo é que elas experimentem a cada dia o privilégio de entrar no Santo dos Santos e vivenciar a graça de Deus. Nos últimos dias para a entrega do material final, elas foram compreensivas, companheiras e encorajadoras até o final. Quero agradecer aos meus colegas e amigos da Área Ministerial de Educação Cristã, onde exerço ministério diretamente. São eles que seguram as barras para eu priorizar e escolher a cada dia as demandas ministeriais que se apresentam, sem perder a excelência no serviço comunitário. Ao Carlos, Denise, Diego, Isabel e Rangel, que me ajudam de modo ímpar em todas as realizações deste ministério tão significativo que é do ensino na igreja, minha gratidão e amizade. Devo agradecer aos meus pais, Romi e Eneida. Principalmente ao meu pai, o Sr. Romi a quem amo tanto. Certamente eu não teria aprendido tão bem o respeito pelas autoridades se não fosse pelo pai. Hoje que sou pai e o vejo sendo um avô coruja, certamente vii


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reconheço que ele teve mais acertos do que erros em minha formação. Muito obrigado! Desejo apresentar minha gratidão ao Carlos e Pam McCord por me ajudarem a manter o equilíbrio entre espiritualidade, restauração e mobilização ministeriais. Alegro-me por Deus ter colocado pessoas como vocês em meu caminho. Acrescento aqui meu apreço pelo amigo Anselmo R. Alves que também contribui muito para minha busca por um discipulado equilibrado. Agradeço aos irmãos da A.D. Santos Editora, André Santos e Priscila Laranjeira. Obrigado por me incentivarem e publicarem este material, que começou como uma apostila de Escola Bíblica e recebe um formato de livro nesta apresentação ao público. Desejo que sejam palavras úteis para o povo de Deus espalhado pela face da Terra. Igor Pohl Baumann

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Sumário Introdução...................................................................1 CAPÍTULO 1 O que é autoridade espiritual?.................................. 13 Quatro exemplos: rebeldia e submissão ................ 17 Dois exemplos de rebeldia..................................... 18 Dois exemplos de submissão ................................. 22 Manifestações de rebeldia..................................... 26 CAPÍTULO 2 Reconhecendo a verdadeira autoridade................................................................ 35 Autoridades governamentais ................................ 37 O que fazer quando as autoridades governamentais são injustas.................................. 40 Quando é melhor desobedecer governantes........... 45 Os extremos......................................................... 47 Atitudes diante das autoridades............................ 51 CAPÍTULO 3 Sacerdócio universal dos cristãos............................... 53 O que é o sacerdócio universal dos cristãos?.......... 55 Aprendendo com a Reforma ................................ 56 ix


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Bases bíblicas para o sacerdócio universal ............ 60 Aprofundando a questão: todos somos sacerdotes espirituais ............................................................ 62 Você, um sacerdote e autoridade espiritual?........... 66 CAPÍTULO 4 Autoridade espiritual na família................................ 69 A liderança espiritual do marido .......................... 70 Princípios bíblicos ensinam a autoridade do marido e do pai..................................................... 73 O culto doméstico: aliado imprescindível na tarefa de liderar um lar.................................... 81 Aprendendo com os puritanos............................... 85 CAPÍTULO 5 Autoridade espiritual equivocada.............................. 91 Apóstolos hoje? .................................................... 93 Profetas e revelações novas hoje? ........................ 100 Discernimento espiritual: um exercício para todos............................................. 105 CAPÍTULO 6 Autoridade espiritual na igreja................................ 111 Liderança eclesiástica: os oficiais ordenados da igreja............................................. 114 Cuidado com extremos e abusos nas igrejas............................................... 122 x


CAPÍTULO 7 Autoridade espiritual na batalha contra Satanás....................................................... 135 A autoridade do cristão ..................................... 136 O triunfo de Cristo na cruz ............................... 139 O procedimento do cristão em meio as batalhas......................................................... 142 A obra do Espírito Santo na batalha espiritual................................................ 143 Quem é o diabo e em que consiste nossa batalha?.................................................... 146 A armadura de Deus.......................................... 149 A palavra de ordem: equilíbrio!.......................... 151 Conclusão.............................................................. 155 A conquista da autoridade.................................. 157 A liderança na igreja e suas tensões.................... 160 A autoridade e o poder do Evangelho................. 162 Evangélicos e Evangelho: examinando a conjuntura nacional............................................ 163 Parâmetros bíblicos do que é o Evangelho............ 166

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S UMÁRIO

A liderança que agrada o Senhor........................ 129


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Introdução

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utoridade espiritual pressupõe a maneira pela qual a Bíblia Sagrada enxerga o tema da autoridade. Como a Bíblia define e apresenta o tema da autoridade? Quem é autoridade, segundo o olhar bíblico? As pessoas com autoridade espiritual são pessoas que apresentam um estilo de liderança autoritário exigindo lealdade cega a elas? Podemos ou não criticar ou avaliar o trabalho daqueles que exercem autoridade sobre nós? Essas são algumas questões que envolvem o tema. Deixe-me tentar ser mais prático com um exemplo pessoal: enquanto estava me preparando para escrever esta introdução recebi uma carta nada agradável, pois tratava-se de uma multa. No final do ano passado eu e minha família fomos a São Paulo com dois propósitos. Um deles era prestigiar meu grande amigo da época de seminário e irmão Dr. André Muceniecks que iria defender sua tese de doutorado na Universidade de São Paulo. A propósito, uma belíssima defesa para contentamento da banca avaliadora e dele próprio. Outro objetivo que tinha em mente em ir a megalópole brasileira era rever e visitar meus amigos Roberto e Giselli Kallaur. Pois bem, a multa chegou até mim porque eu não identifiquei duas coisas no trânsito de São Paulo, desde a Vila Mariana até a Cidade Universitária. 1


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A primeira coisa que não identifiquei foi que fiz uma conversão em local proibido. Embora não houvesse qualquer placa de sinalização, havia um rapaz de amarelo que sinalizava para mim, essa foi a segunda coisa que não identifiquei. Resumindo, apesar da avenida estar em reforma e não haver placas, o rapaz que acenava para mim era uma autoridade de trânsito. Levei uma multa nada agradável, estou pagando uma penalidade em reais e em pontos na Carteira de Habilitação por ter infringido uma lei de trânsito. Confesso que não tinha qualquer placa no local em que fiz a conversão, via de regra não cometeria este tipo de deslize. Mas realmente não fazia ideia da autoridade do “Sr. Amarelinho”, até porque aqui em Curitiba eles se vestem de “verdinho” e usam um colete que brilha. Em outras palavras, por não conhecer bem o tráfego e vias da cidade de São Paulo e errar feio em não obedecer a autoridade responsável pelo bom desempenho do trânsito paulistano, desrespeitei regras estabelecidas. Agora serei obrigado a pagar uma multa por desrespeitar a autoridade. Todos nós nos relacionamos com algum tipo de autoridade ou até mesmo exercemos autoridade sobre alguém. Pais exercem autoridade sobre os filhos. Chefes exercem-na sobre os colaboradores. Pastores sobre seu rebanho. Professores exercem autoridade sobre seus alunos, ou pelo menos isso deveria ser assim. Governantes sobre o seu povo. Em algum momento somos líderes que exercem autoridade. Em outro, somos aqueles a quem devemos respeito e honra às 2


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autoridades, como no caso do trânsito ou das leis de nosso país as quais todo cidadão deve se submeter. Em nosso dia a dia dizemos que uma pessoa com poder ou conhecimento especial é uma autoridade. Existe vários tipos de autoridade: governamentais, eclesiásticas, autoridades de trânsito, autoridades cientificas, militares etc. Muitos de nós ficamos impressionados com a performance de autoridade de alguns. Viver sob autoridade é normal, é bom, regula a vida em sociedade e nos ajuda a viver obrigações que, sem elas – as autoridades, jamais obedeceríamos. A própria Bíblia afirma que toda autoridade foi constituída por Deus. Por isto, quando obedecemos as autoridades no contexto de nossa vida, em certo sentido, estamos nos submetendo a Deus. A Bíblia mostra que a suprema autoridade é Deus, revelado em Jesus Cristo, seu Filho, cuja vontade é apresentada nas Escrituras Sagradas, isto é, a Bíblia cristã em seus 66 livros canônicos. Quero ajudá-lo a reconhecer a autoridade do Senhor através deste material. Também espero que você deseje seguir os conselhos bíblicos a respeito de seu relacionamento com autoridade ou como uma das autoridades constituídas por Deus. Minha tese é simples: o cristão deve se submeter a autoridade do Senhor Jesus Cristo e das Escrituras. Quando fazemos isso, naturalmente, nosso relacionamento com autoridades governamentais, eclesiásticas e familiares será moldado pela Bíblia. Se você é um cristão, a autoridade espiritual deve ser levada


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a sério. Quando seu coração não obedece o que a Bíblia ensina sobre o tema, sua atitude para com a autoridade ou ao exercer autoridade será errada. O pastor Hernandes Dias Lopes denunciou uma crise de autoridade no mundo, ele disse com profundidade que: Há uma crise de autoridade no mundo, desde o cimo da pirâmide até sua base. Desde os governantes até os governados. A crise mais aguda que presenciamos é a de integridade. Há líderes fortes em influência, mas fracos em ética. Têm muito poder nas mãos, mas nenhuma consistência moral. Líderes que se servem do povo em vez de servi-lo. Líderes que se abastecem do poder em vez de usá-lo para promover o bem dos liderados. Essa caricatura de autoridade está se aninhando também dentro das igrejas. Há líderes que têm muito poder e pouco compromisso com a ética cristã. Governam o povo com rigor desmesurado e assentam-se na cadeira dos privilégios, esquecendo-se que o maior de todos os líderes, Jesus Cristo, não veio para ser servido, mas para servir1.

Seguindo a opinião dele, infelizmente, percebo essa crise de autoridade em nossos dias. Os modelos de autoridade têm falhado em não seguir a perspectiva bíblica para exercer sua liderança. O modelo do mundo transita entre os extremos perigosos tanto para líderes quanto para liderados. O Pr. Hernandes Dias Lopes ressaltou a falha quanto à integridade 1 LOPES, Hernandes D. Autoridade sem autoritarismo. Cristianismo hoje. 20 de Maio de 2013. Revista Cristianismo Hoje. Online. 2013. Disponível em: <http://goo.gl/n6N0q4>. Acesso em: 12 de abril de 2015.

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das autoridades constituídas, mas percebe-se também omissões, ignorância, incompetência, desapego da verdade, abusos e exageros sem par. Em todas as instâncias de autoridade, desde as autoridades familiares, passando pelas eclesiásticas e chegando nas governamentais. Os modelos de lideranças e autoridades evangélicas de nosso país, segundo uma observação crítica à luz dos valores bíblicos sobre autoridade, parecem estar destoando da verdadeira autoridade que a Bíblia ensina. Demonstrações de autoritarismo não são incomuns no cenário evangélico. Líderes que não permitem ser ensináveis crescem aos montes. No outro extremo, temos anarquistas. Isso é facilmente identificado entre aqueles que dizem que podem viver um cristianismo sem igreja e seus líderes. Seria possível viver um cristianismo assim? Creio que não. Nem para líderes, nem para liderados. A liderança cristã deve ser exercida com a autoridade da Bíblia e o exemplo de Jesus Cristo que liderou servindo. “Não será assim entre vocês. Pelo contrário, quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo; e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo de todos. Pois nem mesmo o Filho do homem veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mc 10.43-45). Ao desenvolver este tema tenho alguns objetivos em mente. Em primeiro lugar, definir autoridade espiritual conforme nos é revelada na Bíblia, longe dos modismos, superstições comuns e misticismo


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envoltos ao tema. Em segundo lugar, mostrar o valor da autoridade conforme revelado nas escrituras na expressão das autoridades governamentais, eclesiásticas, familiares e da autoridade do crente comum nos desafios da vida cristã. Em terceiro lugar, relembrar a todos os cristãos que o sacerdócio universal é o que Deus deseja mais que a terceirização ou mediação de líderes ungidos, no que tange às decisões da vida espiritual. Em quarto lugar, alertar o povo de Deus quanto aos perigos que envolvem o exercício da autoridade, do ponto de vista da liderança espiritual, contrastando a verdadeira autoridade com o exagero do autoritarismo e a falácia da anarquia. Em quinto lugar, confrontar algumas doutrinas que estão na moda no cenário brasileiro e envolvem o tema da autoridade espiritual perguntando a quem realmente devemos lealdade. Em sexto lugar, encorajar o povo de Deus a ser submisso a Jesus Cristo e à Bíblia, ser humilde e humilhado, ser dedicado e corajoso a confiar na soberania e sabedoria de Deus frente aos desafios modernos. Em sétimo lugar, refletir biblicamente o modelo de liderança espiritual que Deus espera que todo povo de Deus exerça nas igrejas e fora delas desenvolvendo um tipo de autoridade que dá bom testemunho de Cristo e seu Evangelho. Devo dizer que o livro Autoridade e Poder, do colega e amigo Dr. Russell Shedd é indicado para ser lido em 6


2 SHEDD, Russell P. Autoridade e Poder. São Paulo: Shedd Publicações, 2013. 3 SHEDD, Russel P. Op. Cit. p. 11.

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conjunto com este2. Tenho a tendência de dizer que o livro dele é extremamente importante dentro do tema autoridade. Leia-o assim que possível! Acrescento que se o tema for tratado em classes de escola bíblica e em pequenos grupos, o líder, professor ou facilitador do grupo de estudos se beneficiará em usar ambos os materiais como referência para compor suas preleções e estudos. O objetivo do Dr. Shedd ao escrever Autoridade e Poder é “tratar da autoridade do ponto de vista bíblico e assim entender as suas implicações para a vida de todos aqueles que se converteram e esperam passar da centralidade do ‘eu’ para abraçar a supremacia de Cristo”3. Certamente, espero algo semelhante quanto a uma nova atitude dos cristãos em relação a autoridade de Cristo. Mas não tenho a pretensão de examinar acuradamente cada texto bíblico que ensina sobre autoridade. Embora algumas vezes precise contextualizar o leitor no ambiente do texto, já parto dos pressupostos que foram muito bem explanados por Russell Shedd. Dr. Shedd, em primeiro lugar, enfoca autoridade e sua relação com o poder, segundo Mateus 28.18 quando Jesus disse que toda autoridade lhe fora concedida em relação a Atos 1.8 ao dizer aos discípulos que eles receberiam poder para testemunhar dele.


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