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1.INTRODUÇÃO

É um princípio defendido por nós, evangélicos, o direito de todas as pessoas interpretarem por si mesmas o significado do conteúdo da Bíblia Sagrada. Isto, apesar de trazer consigo alguns riscos, é uma atitude sadia, dando a cada um a oportunidade de descobrir qual é a verdade de Deus para oseu povo, sem o perigo de ser influenciado nessa descoberta por pessoas mal intencionadas, que procuram impor o seu próprio ponto de vista, com a intenção de prender seus seguidores sob esse ou aquele ensino humano, apresentado com roupagem aparentemente divina.

Essa liberdade, contudo, não nos dá o direito de interpretá-la da maneira que quisermos ou que mais nos agrade. Como não queremos ver a Bíblia sendo usada para este ou aquele interesse, nós também não podemos usá-la conforme os nossos interesses. Havemos de ter, constantemente, em nosso pensamento, ao nos aproximarmos do Livro de Deus para interpretá-lo, a verdade clara de que se trata de algo mais do que simples literatura antiga; ele é, para nós, a Mensagem de Deus entregue ao seu povo.

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Como mensagem ou Palavra de Deus, deve ser respeitada e ouvida, ou lida, com temor, atenção, cuidado e muita reverência, pois ao descobrirmos o seu real significado, nela encontramos a vontade de Deus para as nossas vidas.

A importância da boa interpretação não pode ser exagerada: dela depende o fazermos ou não aquilo que Deus espera de nós. Não é difícil de se concluir que, ao interpretarmos de forma errada, a nossa mensagem, mesmo baseada na Bíblia, não é a Palavra de Deus, mas sim, nossa opinião, equivocada, a respeito de alguma porção da Palavra de Deus.

A responsabilidade cresce ainda mais quando percebemos a nossa missão profética no mundo atual. Está sobre nós o encargo de anunciar aos outros a mensagem de Deus que nos foi revelada, e a mensagem não é outra senão aquela que está de acordo com a Bíblia. Ao ensinarmos o conteúdo da Bíblia estamos agindo, de fato, como se fossemos profetas do Deus verdadeiro e estaremos falando, com certeza, em nome dele se entregarmos fielmente a sua mensagem. Por outro lado, se falarmos em nome de Deus aquilo que Ele não disse, talvez até sem pensar, estaremos agindo como falsos profetas. Estaremos anunciando aquilo que Ele não anunciou: a nossa própria palavra e não a de Deus.

O Dr. Carson, escritor e professor de Novo Testamento, está com toda a razão quando diz não haver grande importância o fato de alguém errar na interpretação de Shakespeare ou na recitação de algum poema, pois isso não trará consequências eternas. Mas, por outro lado, que não se pode aceitar com a mesma facilidade os erros na interpretação da Bíblia. Estamos trabalhando, neste caso, com matéria divina e temos a obrigação de nos esforçarmos ao máximo, tanto para entender como para ensinar estes conceitos.1

1 CARSON, D. A. A exegese e suas falácias: perigos na interpretação da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1992, pp. 13, 14.

Sejamos zelosos. Não podemos interpretar a Bíblia de forma irresponsável. Ela contém material muito sério, não pode ser tratada com leviandade. Estejamos atentos para descobrir o real significado da mensagem bíblica para que não venhamos a ouvir, nós mesmos, a seguinte repreensão ouvida por alguns profetas contemporâneos de Jeremias: “Eis que eu sou contra esses profetas, diz o Senhor, que pregam a sua própria palavra, e afirmam: Ele disse.” (Jr 23.31). A seguir serão apresentadas, de forma simples, algumas sugestões de atitudes que considero básicas para se obter uma boa interpretação bíblica. Não pretendo, de forma alguma, neste pequeno trabalho, ditar normas inflexíveis, mas, sim, oferecer algumas ferramentas de fácil manuseio, as quais poderão ser utilizadas pela grande maioria dos cristãos interessados na busca dos significados reais dos textos bíblicos. Para facilitar o estudo, sempre que necessário, as passagens bíblicas estarão impressas no texto do trabalho. A versão utilizada, em todas as citações, será a Nova Almeida Atualizada, publicada pela Sociedade Bíblica do Brasil em 2017.

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