Capa: APS Diagramação: Todos os direitos reservados por: Manoel Menezes A. D. Santos Editora Revisão Ortográfica: Al. Júlia da Costa, 215 Victor Gallas Pontel e 80410-070 – Curitiba – Paraná – Brasil Moisés C. Oliveira +55(41)3207-8585 Coordenação editorial: www.adsantos.com.br Priscila Laranjeira editora@adsantos.com.br Impressão e acabamento: Gráfica Patras Copyright©2017 Orlando Eduardo Capellão Martins
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) MARTINS, Orlando Eduardo Capellão O Espírito Santo – Introdução Teológica Sobre a Pessoa e a Obra / Orlando Eduardo Capellão Martins – Curitiba: A.D. SANTOS EDITORA, 2017. 112 p. ISBN – 978.85.7459-459-0 CDD – 234.12 1. Batismo no Espírito Santo 2. Dons do Espírito Santo 3. Bíblia, Teologia 4. Dons espirituais 1ª edição do autor com o título “A Pessoa e a Obra do Espírito Santo”. 2ª edição revista e ampliada: dezembro de 2017. Proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios a não ser em citações breves, com indicação da fonte.
Edição e Distribuição:
A GRADECIMENTOS
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m primeiro lugar, quero agradecer ao nosso Senhor Jesus Cristo, que, por meio de sua graça, tem me capacitado a escrever sobre este tão rico tema da fé cristã. À minha esposa Cleusa, companheira fiel e à nossa filha, Larissa, milagre do Senhor em nossas vidas. Aos meus pais, pastores Orlando e Ângela Martins, que me ensinaram a crer na Bíblia e a confiar em Deus; aos meus irmãos Leandro, Victória e Lucas, pelo apoio e carinho. Agradeço à irmã Priscila Laranjeira, da Editora A.D. Santos e a toda a sua equipe. Também agradeço a todos os pastores e teólogos cujos ensinamento sempre guardarei em meu coração. Louvo a Deus por todos os irmãos e amigos que sempre oraram por mim e me ajudaram em minha caminhada cristã. Ao amado pastor Geziel Damasceno, pelo incentivo e apoio para o sucesso desta obra. Por fim, agradeço aos meus pastores, Junior e Victória Batista, que têm sido um referencial em meu caminhar cristão, por meio de suas inúmeras orientações e ensinamentos pastorais.
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A PRESENTAÇÃO
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om prazer, aceitei o pedido do pastor e professor Orlando Martins para apresentar o livro O Espírito Santo: Introdução Teológica sobre a Pessoa e a Obra. Uma obra séria e de forte embasamento bíblico, de abordagem profundamente teológica, num estilo atraente que demonstra a necessidade de cada cristão em compreender melhor a pessoa e a obra do Espírito Santo. Escrever sobre este tema é ir na contramão do pensamento da sociedade atual, onde o relativismo moral e o ceticismo fazem com que as pessoas se esqueçam da importância de um relacionamento pessoal com o Espírito Santo. No entanto, a Bíblia nos desafia a buscarmos a presença da terceira pessoa da Trindade: “...Enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18). Creio piamente, que esta obra é fundamental para o estudo e o crescimento pessoal de cada cristão e do corpo de Cristo como um todo, uma vez que, quando compreendemos o nosso papel no corpo de Cristo, servimos a Deus com prazer e crescemos espiritualmente. É meu desejo sincero, que este conteúdo contribua com a vida de cada um. Boa leitura! Pr. Junior Batista
Presidente da Igreja Evangélica Assembleia de Deus Mais de Cristo em Florianópolis. Bacharel em Teologia, Cantor e Conferencista Internacional. v
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P REFÁCIO
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o ser convidado a ler os originais, ora expostos nesse livro, não pude deixar de valorizar a seriedade da decisão do Pastor Orlando Martins em transformar aulas ministradas durante anos para o formato perene e público do livro impresso. Este é um assunto controverso e pauta de discussões e calorosos debates. É num cenário de embates, que, se por um lado se levanta altiva a primazia ferrenha da razão, que traz todo tipo de tecnicismo vazio, verborragia enciclopédica, citações catadas da Internet para assegurar posições ou ideias, por outro lado, o não menos polêmico desprestígio de um racionalismo ínfimo que seja suficiente para afastar o crente da Verdade tão massacrada e relevada aos relativismos modernos que vai entrar em cena dessa empreitada. Essa polarização maniqueísta se afirma, talvez porque as ideias aqui expostas tão minuciosamente, como fruto de amadurecimente de anos expondo o tema, não se referem apenas ao reino das suposições e teorias abstratas, mas de teses que levam a realização efetiva das possibilidades espirituais do cristão engajado. A obra do Consolador não teria como ser levada adiante se permanecêssemos inertes e inebriados por nossas experiências. Não há como ignorarmos a parte cognoscível dessa experiência e a sistematizarmos à luz das Escrituras para que seja levada adiante às gerações posteriores. vii
A temática dessa obra fará a conexão entre extremos, jogando luz sobre cada obscuridade, trazendo o diálogo e cumprindo uma proposição do próprio Cristo: “Vós sois o sal da terra” (Mt 5.13). Essa já tão conhecida metáfora, com toda sua simplicidade, mas atualíssima, numa interpretação rasa nossa, poderíamos dizer que, pois, se falta o sal (a razão), vamos ser insossos, daí não se cumpre a função de temperar, pendemos para o destempero; se tivermos em excesso (a razão), nos tornamos salgados, também impróprios para o paladar, que provocará uma sede insaciável naqueles que dela provam. Se desenha aqui o ciclo vicioso, quanto mais provo dessa razão tanto mais sede ela me causa, despontando dai um cacoete seu, pois a ideia básica da razão é matar a sede de nossas questões, seja de que ordem for. Vale dizer que por conta de toda polêmica gerada em torno do assunto do livro, não se trata de tema simples nem popularesco, e que muitas das mentes mais poderosas do meio evangélico de dedicaram a escrever sobre e divulgaram em palestras, seminários e encontros por todo o Ocidente.
Pesou muito no desenvolvimento deste conteúdo não apenas o fato de ser concebido por alguém que teorizou para alunos de Escola Dominicais, seminários ou aulas em Faculdades de Teologia pelo estado de Santa Catarina, mas de um pastor ativo no trabalho de pastorear, de acompanhar fiéis, ministrando cultos e pregando pelo mesmo estado afora. Sabedor que é, da impossibilidade de permanecer atuando como pastor e dando frutos como tal sem a ativa presença do Espírito Santo em sua própria vida, pautou diligentemente em balizar suas argumentações e estrutura da obra tendo como viga mestre a Bíblia. viii
Embora o livro de Atos, seja o grande marco da operação do Espírito Santo mais ativamente de forma abrangente, com o início do período da graça; ao longo da História da Igreja podemos acompanhar movimentos e mais movimentos, conhecidos como avivamentos que nada mais são do que grandes visitações e agir mais visível do Espírito Santo em determinadas comunidades que assim como os cristãos em Atos, também repercutem mundo afora, fazendo chegar a mensagem que não envelhece que transforma vidas.
A obra fala da experiência concreta da visitação do Espírito Santo em diversos países, o que é apenas um exemplo da dimensão e da gama de nuances que abrange o tema Espírito Santo. Trata o assunto de forma equilibrada, fruto de vivência prática e teorias amadurecidas. O compromisso com a Bíblia talvez seja o mais firme critério para o leitor embarcar nessa empreitada, seguro que não se trata de mais um falsário ou ignorante estiolando a Fé, escondido por baixo de uma casca opaca de nuances acadêmicas. Antes vai se confrontar com obra repleta de enunciados teológicos bem embasados e, mais que isso, um compromisso existencial com aquilo que escreve, sabendo que dali surgem questões de vida e morte, tanto física como espiritual. Encha-nos, Espírito Santo! Pr. Moisés C. Oliveira
Professor de Teologia e pastor auxiliar na AD Mais de Cristo em Florianópolis e Bacharel em Letras.
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Inderrogavelmente você tem em mãos, mais do que um livro, trata-se de um manual que aborda com cuidado e temor alguns temas sobre a obra e a pessoa do Espírito Santo. Com um estilo literário agradável e acessível, o jornalista, Teólogo e Pastor Orlando Martins, mais uma vez brinda o grande público, com uma obra que enriquece nossas experiências e nossas mentes. Pr. Paulo Mazarem Teólogo (FACASC) e Cientista da Religião (USJ).
Sua formação acadêmica o habilita a tratar teologicamente do assunto. E, sua experiência relacional com o Senhor o qualifica a falar com tamanha propriedade e graça. Seus textos são sempre muito bem construídos e fundamentados, e para discorrer sobre este tema que é sem dúvida um dos pilares de nossa doutrina, não poderia de forma nenhuma ser diferente. Através desta obra, o pastor Orlando Martins vai dirimir suas duvidas e possíveis questionamentos a respeito da Pessoa do Espírito Santo. Relaciona-se melhor com quem se conhece. Graças a essa obra, prepare-se para a partir de agora, uma nova fase no relacionamento entre você e a Terceira pessoa da Trindade: O Espírito Santo. Pr. Geziel Damasceno Pastor e administrador
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S UMÁRIO Agradecimentos....................................................................... iii Apresentação..............................................................................v
Prefácio .................................................................................... ix Capítulo I O ESPÍRITO SANTO......................................................... 13 Capítulo II NOMES E SÍMBOLOS DO ESPÍRITO SANTO........... 23 Capítulo III O ESPÍRITO SANTO E O SALVO................................... 33 Capítulo IV O FRUTO DO ESPÍRITO.................................................. 51 Capítulo V OS DONS BÍBLICOS – Os dons do Espírito Santo........... 63 Capítulo VI OS DONS MINISTERIAIS................................................ 75 Capítulo VII OS DONS DE SERVIÇO E OUTROS DONS................ 83 Capítulo VIII TEMAS POLÊMICOS........................................................ 95 Capítulo IX O QUE É SER CHEIO DO ESPÍRITO?........................ 105 Referências Bíbliográficas..................................................... 111 xi
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C APÍTULO I O ESPÍRITO SANTO
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Espírito Santo é uma realidade viva e presente na vida da Igreja do Senhor Jesus Cristo. Entretanto, Ele não é uma força ou energia, mas uma pessoa que Deus enviou para que efetuasse a obra de regeneração na vida do pecador e operasse a santificação no crente.
“E eu rogarei ao pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre” – João 14.16. O Espírito Santo é a terceira Pessoa da Trindade Santíssima e, à semelhança do Pai e do Filho, é Deus. A palavra “espírito”, no Antigo Testamento, vem do hebraico, sua Quanto maior transliteração é “ruach”, que significompreensão houver ca “vento”. Em o Novo Testamento, a respeito das verdapor sua vez, o vocábulo vem do gredes bíblicas, mais o go “pneuma”, que significa “vento, Espírito Santo derhálito ou respiração”. Ambos os terramará sobre nós o mos possuem correlação com a ação seu precioso fruto, o divina ( João 3.8). Ele não é fruto de qual, por conseguinemoções, nem de qualquer sensação, te, gera uma vida mas sim, representa Deus presente cristã mais dinâmica em nossa vida. Sendo assim, quanto e cheia da presença maior compreensão houver a respeito de Deus. das verdades bíblicas, mais o Espírito 13
O Espírito Santo
Santo derramará sobre nós o seu precioso fruto, o qual, por conseguinte, gera uma vida cristã mais dinâmica e cheia da presença de Deus. Nas páginas da Bíblia, ele é tratado como Deus, e é assim que devemos crer, pois desde o princípio o Espírito Santo é tratado como Deus. Ademais, basta uma simples exegese do texto de Gênesis 1.2 para compreendermos a divindade da terceira Pessoa da Trindade. Em Gênesis 1.1-2 está escrito:
“No princípio criou Deus os céus e a terra, e a terra era sem forma e vazia e o Espírito de Deus se movia pela face das águas.”
O Espírito Santo no Antigo Testamento Na velha aliança, o Espírito de Deus vinha por meio de possessão sob uma classe restrita de pessoas: sacerdotes, reis, juízes e profetas. Não havendo ninguém no Antigo Testamento que tenha experimentado o agir permanente do Espírito como no contraste de como o mesmo se apresentava no Novo Testamento, a habitação era seletiva e temporária. O Espírito “apoderava-se” de certas pessoas do Antigo Testamento, como Josué (Números 27.18), Davi (1 Samuel 16.12-13) e até mesmo Saul (1 Samuel 10.10). No livro de Juízes, exemplificando, vemos o Espírito “apoderando-se” dos vários juízes que Deus levantara para libertar Israel de seus opressores. O Espírito Santo viera sobre estes indivíduos somente em seletos momentos especificos. A habitação era um sinal do favor de Deus sobre aquele indivíduo (no caso de Davi), e, se o favor de Deus abandonava uma pessoa, o Espírito saía (por exemplo, no caso de 14
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Saul, em 1 Samuel 16.14). A principal diferença é a habitação permanente do Espírito nos crentes no tempo que se chama hoje. Como Jesus disse a respeito dessa mudança no ministério do Espírito:
“Mas vocês o conhecem, pois ele vive com vocês e estará em vocês.” ( João 14.17)
O Espírito Santo no Novo Testamento Já na Nova Aliança, vivemos a dispensação da Graça ou o Ministério do Espírito, que se revela por meio da ação do Espírito em favor de todo e qualquer salvo. No Novo Testamento, o Na Nova Aliança, Espírito Santo habita em todos os vivemos a dispensacristãos, dirige a Igreja, santifica os ção da Graça ou o cristãos e os ornamenta com os dons Ministério do Espíespirituais. A presente era, por causa rito, que se revela das extensas atividades do Espírito por meio da ação do Santo, tem sido chamada de era ou Espírito em favor dispensação do Espírito. de todo e qualquer salvo. Uma avaliação mais cuidadosa mostrará que na Bíblia mais ou menos 90% do material que compõe a pneumatologia é encontrado nas páginas do Novo Testamento que se relacionam com a era da Graça. Este período é distinto, pois apresenta o desenvolvimento do Reino de Deus entre os homens, por meio da ação do Espírito.
“O Reino de Deus não é comida e nem bebida, mas paz, alegria e justiça no Espírito Santo.” (Romanos 14.17) 15
O Espírito Santo
O Espírito Santo é uma Pessoa De acordo com o ensino claro das Escrituras, observamos que o Espírito Santo possui sentimentos, intelecto, emoções e vontade, o que o torna uma Pessoa, e não uma “força ativa”. De acordo com o pastor e teólogo pentecostal Antônio Gilberto: “personalidade é o conjunto de atributos de várias categorias que caracterizam uma pessoa”. As Escrituras evidenO Espírito Santo ciam, com clareza e simplicidade, não é uma força que todos estes atributos o Espírito impessoal, como a Santo possui e suas ações evidenciam gravidade e o magessa verdade. netismo. Ele é uma O Espírito Santo não é uma Pessoa, com todos força impessoal, como a gravidade e o os atributos de uma magnetismo. Ele é uma Pessoa, com personalidade. Mas, todos os atributos de uma personalinão é só Pessoa, dade. Mas, não é só Pessoa, também também é divino. é divino.
O Espírito Santo é uma Pessoa Divina: Ele é Deus Em toda a Bíblia podemos ver claramente que o Espírito Santo é o próprio Deus, e que desta feita podemos concluir que os atributos que as Escrituras lhe conferem são os mesmos do próprio Deus. A primeira referência bíblica ao Espírito Santo está em Gênesis 1.2, onde lemos: “O Espírito de Deus pairava por sobre as águas”. No entanto, Gênesis 1.1 diz: “No princípio criou Deus os céus e a terra”. 16
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E, em Colossenses, escrevendo à Igreja de Colossos sobre o Senhor Jesus Cristo, no meio de outras grandes verdades, Paulo nos diz: “Nele foram criadas todas as coisas; nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele tudo subsiste” (é conservado em ordem e harmonia, BLH) (Colossenses 1.16, 17). Assim, Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo estavam juntos criando o mundo. É da máxima importância para todos os cristãos compreender e aceitar estes fatos, tanto na teologia como na prática.
A Trindade Este é um tema que tem suscitado muitas dúvidas em muitos irmãos fiéis, pois não conseguem compreender a ação trinitariana ao longo da narrativa bíblica, sendo este um ensino claro das Escrituras. Talvez o sentido da Trindade de Deus nunca fora afirmado melhor do que está por A. H. Strong: “na natureza do Deus único há três distinções eternas que se nos representam sob a figura de pessoas e estas três são iguais.” (Systematic Theology, pág. 144) “Na natureza do As principais confissões cristãs Deus único há três definem a Trindade da seguinte fordistinções eternas ma: Deus nos é revelado como Pai, que se nos represenFilho e Espírito Santo, cada um com tam sob a figura de atributos pessoais distintos, mas sem pessoas e estas três divisões de natureza, essência ou ser. são iguais.” Nos tempos da Igreja Primitiva sur(A. H. Strong) giram alguns grupos que negavam a 17
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Trindade, por não conseguirem compreender a ação trinitariana. Contudo, nos dias hodiernos também existem alguns grupos que não conseguem compreender o ensino da Trindade, em especial os unicitas, que só creem na divindade de Deus Pai e possuem dificuldades em compreender a divindade de Cristo e do Espírito Santo. Outros, doutro lado, acabam confundindo, pois questionam, em forma de não entendimento, o fato de o Cristianismo, sendo uma religião monoteísta, conceber a ideia de uma Trindade divina. Entretanto, é falta de compreensão, pois na Trindade se manifesta a unidade de Deus, que se revelou à humanidade por meio de seu Filho, Jesus, e que hoje mantém contato com a humanidade através da ação do Espírito Santo, sendo, desta maneira, três Pessoas, que formam, numa unidade perfeita, o “Elohim”; o Eterno, o Senhor.
A DOUTRINA DO ESPÍRITO AO LONGO DA NARRATIVA BÍBLICA Pré-Pentecostal O Espírito Santo preexistia como a terceira Pessoa da divindade e, nessa qualidade, esteve sempre ativo. Porém, o período que antecedeu ao dia de Pentecostes não foi a época de sua atividade especial. O período do Antigo Testamento foi de preparação e espera. Encontramos uma notável diferença existente em Suas ministrações entre Antigo e Novo Testamentos. Ele é referido por oitenta e oito vezes no Antigo Testamento, enquanto que em todo o Novo Testamento ele é mencio18
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nado mais de três vezes para cada referência que lhe é feita no Antigo. Durante esse período Pré-Pentecostal, o Espírito descia sobre os homens apenas temporariamente, a fim de inspirá-los para algum serviço especial, e os deixava quando essa tarefa terminava.
Pós-pentecostal Este período que se estende do dia de Pentecostes até os nossos dias pode legitimamente ser chamado de dispensação do Espírito. Após aquele dia, por meio do Espírito Santo, Deus veio O Espírito Santo para habitar nos homens. Ele veio veio para permanepara permanecer: o dia de Pentecoscer. O dia de Pentes marcou o raiar de um novo dia tecostes marcou o nas relações entre o Espírito Santo e raiar de um novo dia a humanidade. Ora, Ele, o Espírito, nas relações entre o veio para habitar na Igreja; e a Igreja, Espírito Santo e a o verdadeiro corpo de Cristo, habitahumanidade. do pelo Espírito Santo de Deus, é tão indestrutível como o Trono de Deus.
A DOUTRINA DO ESPÍRITO NA IGREJA CRISTÃ Os cristãos primitivos, até o início do quarto século, acreditavam que havia um Espírito Santo da mesma natureza do Pai e do Filho. Criam que, por meio de Cristo, eram reconciliados com o Pai. Os crentes confessavam esta fé no 19
O Espírito Santo
ato do batismo e no recebimento da bênção apostólica. Não havia entre os teólogos da época uma definição da Pessoa e ofício do Espírito Santo. No século terceiro a controvérsia ariana tomou vulto e o Concílio de Nicéia, em 325 d.C., e logo em seguida o Concílio de Constantinopla, em 381 d.C., foram convocados para definir a doutrina do Espírito Santo.
O Credo Apostólico afirma simplesmente: Creio no Espírito Santo, estas mesmas palavras foram afirmadas no Credo Niceno, mas no Credo de Constantinopla, ficou definida a doutrina do Espírito, com a seguinte forma:
“Creio no Espírito Santo, o divino, o doador de vida, que procede do Pai, o qual deve ser adorado e glorificado com o Pai e com o Filho, e o qual falou pela boca dos profetas.”
O Credo Atanasiano, que veio logo em seguida, afirma que: “O Espírito é consubstancial com o Pai e com o Filho, é eterno e não criado, onipotente, igual em majestade e glória e procede do Pai e do Filho.”
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Principais heresias relacionadas ao Espírito Santo A personalidade e/ou divindade do Espírito Santo foi negada na Igreja Primitiva pelos monarquistas sabelianos, pelos pneumatomaquianos, arianistas e outros. Monarquismo: a divindade e/ou personalidade do Espírito Santo foram negadas por Sabellius no terceiro século desta era, e então se deu origem ao movimento chamado monarquismo. Sabellius sustentava que não existiam três Pessoas na deidade, mas um só Deus, que se manifestava de três formas diferentes. Arianismo: o bispo Árius, da igreja de Alexandria, também no terceiro século, sustentava que Cristo fora criado por Deus como um deus de menor poder, que por sua vez trouxe à existência o Espírito Santo. Dessa forma existiam três deuses diferentes (triteísmo). Pneumatomaquianos: também chamados de “macedônios”, em referência ao bispo Macedônio, opunham-se à divindade do Espírito Santo. Isso foi no final do século IV. Socinianos: durante a Reforma, os socinianos, baseados nas ideias de Lélio Socínio, propagadas por seu sobrinho Fausto Socínio, consideravam que em Deus há uma única Pessoa e que Jesus Cristo é um homem comum. Unitarianismo (os irmãos que negam a Trindade): o unitarianismo foi inicialmente uma manifestação dentro da Reforma Protestante. O intelectual espanhol Miguel de Servetto discordou da doutrina da Trindade e publicou vários livros a esse respeito, dando início às primeiras igrejas unitárias, os anabatistas. Este unitarismo pode se manifestar 21
O Espírito Santo
como uma forma de modalismo, ou seja, Deus é um só e que se manifesta de várias formas ao longo da história, ou ainda pode também considerar Deus (como uma só Pessoa) o pai de Jesus, um homem que foi elevado à divindade no seu batismo, ou ainda uma forma de arianismo. Esta vertente existe até hoje e não há uma definição única em sua manifestação.
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