O Resgate da Voz Profética – Ousadia para denunciar e vencer toda forma de pecado

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1 O SOAR AUTÊNTICO DA VOZ PROFÉTICA

Vendo, porém, Simão que pelo fato de imporem os apóstolos as mãos era concedido o Espírito Santo ofereceu-lhes dinheiro [...]. Pedro, porém, lhe respondeu: o teu dinheiro seja contigo para perdição, pois julgaste adquirir por meio deste o dom de Deus (Atos 8:18-20).

ada um de nós tem orgulho da família e da nacionalidade a que pertence. Sentimo-nos lisonjeados quando fazemos menção à nossa família e com empolgação defendemos e exibimos nossa nacionalidade. No caso de nós, brasileiros, é comum de se ouvir: “Eu sou brasileiro e com muito orgulho” ou “sou brasileiro e não desisto”.

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Com João Batista, o profeta do deserto2, tudo foi diferente. Quando indagado sobre sua identidade, sua resposta causou mais dúvidas que esclarecimentos. De maneira surpreendente e enigmática respondeu: “Eu sou a voz que clama no deserto, endireitai o caminho do Senhor”, dando a ideia de que, para ele, mais importava a nacionalidade do porvir e não a deste mundo. Por esse motivo denunciou o sistema opressor instalado entre os homens. João Batista, profeta de origem humilde, não deu trégua à elite dominadora. Discordou da estratégia que a elite usava para manipular os menos favorecidos. Atacou a hipocrisia religiosa por não se importar com as lágrimas dos outros. Homem de uma pregação simples, direta e profética, longe de qualquer bajulação humana, persuadia os ouvintes, levava-os a confessarem seus pecados e os batizava no rio Jordão (Mateus 3: 6). João Batista pregava com ousadia a Palavra de Deus não se importando com a reação da elite abastada e do sacerdócio corrompido. Movido pela ação do Espírito Santo, sua pregação impactou toda a Judeia, Galileia 2 8

Profeta do deserto é o termo usado neste livro referindo-se ao profeta João Batista. SIMÃO ALBERTO ZAMBISSA


e a cidade de Jerusalém, desde os grandes aos pequenos (Mateus 3:5). O cristianismo contemporâneo calou a mensagem profética. Os púlpitos se esvaziaram de mensagens que denunciam o pecado e que levem o pecador ao arreLamenta-se que o cristipendimento. As mensa- anismo contemporâneo gens da cruz foram substi- calou a mensagem profética. Os púlpitos se tuídas por mensagens de esvaziaram de mensaprosperidade barata. Pessoalmente, creio na pros- gens que denunciam o pecado e que levem o peridade dada por Deus, pecador ao arrependitodavia sou contrário à esmento. tratégia de barganhar com Deus, isto é, prometendo que se Deus fizer isso eu farei aquilo. Deus é Deus. Ele conhece nossas necessidades e tem o privilégio de supri-las pela fé em Cristo Jesus. Diante dessa preocupação, torna-se necessário e urgente o resgate da voz profética em nossos púlpitos. Para isso, precisamos de homens e mulheres de consciência cristã autêntica como João Batista, o profeta de uma pregação direta e profética. João Batista era um profeta de uma pregação simples, pois a ministrava na autoridade do Espírito Santo de Deus. Era direta porque anunciava o Evangelho tal como é inspirado O RESGATE

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por Deus. Convencia os seguidores de seus pecados sem lançar mãos dos atrativos humanos, ou seja, João Batista pregava o Evangelho da salvação independentemente de artifícios humanos para aglutinar discípulos. Sua pregação simples e direta era suficiente para convencê-los de seus maus caminhos: “Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus” (Mateus 3: 2). Por fim, a pregação de João Batista tinha o cunho profético, porque anunciava com autoridade a vinda do Messias, o homem aguardado há séculos para salvar a humanidade. Entre outras coisas, o soar da voz profética requer autenticidade, transparência e honestidade, a fim de validar a autoridade do profeta. Com essas virtudes dificilmente o profeta de Deus terá envolvimento com as práticas que contrariam Sua vontade. Assim sendo, o profeta não se curvará diante das ameaças dos poderosos e das mazelas tramadas contra o povo humilde e menos favorecido da sociedade. Nessas condições o profeta deve ter ficha limpa3 para não comprometer a missão para a qual foi vocacionado. 3

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Ficha limpa é uma expressão usada neste livro para referir-se ao profeta que não se deixa envolver com elite religiosa mascarada e corrompida, mas mantém-se firme no anúncio da voz profética. SIMÃO ALBERTO ZAMBISSA


1.1. Compromisso com a verdade

Porquanto, para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro (Filipenses 1:21).

Lemos no Evangelho de João, capítulo 8, verso 32: “[...] e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. O compromisso com a verdade liberta as pessoas de qualquer atitude contrária à vontade de Deus. Por isso, o apostolado de Jesus requer transparência espiritual, ou seja, não estar comprometido com a elite corrompida. Isso significa também não se deixar influenciar pelo poder deste mundo. João Batista, homem sem paradeiro fixo, não se deixou contaminar com as injustiças, vaidades e arrogâncias do mundo perverso porque se preocupou em agradar a Deus e, não, aos saduceus e fariseus. Ademais, João Batista não era um profeta profissional. Homem de origem humilde não se importava com o luxo da elite e muito menos era acostumado com banquetes exagerados. Possuía como maior patrimônio as suas vestes de pelos de camelo, um cinto de couro e o seu alimento eram gafanhotos e mel silvestre (Mateus 3:4). O RESGATE

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Diante desse cenário, é prudente afirmar que o profeta do deserto não se interessava em manter vínculo com a elite corrompida e desmoralizada. Aliás, sendo fiel a Deus, condenou com veemência as artimanhas dos detentores do poder. Despido de “status quo” desse mundo, preferiu preparar o caminho do coração, do espírito, deixando de lado o mundo físico corrompido e cheio de discriminação. Em seu discurso proÉ prudente afirmar que fético, anunciava com o profeta do deserto não empolgação e reverência a se interessava em manvinda do Messias (Jesus), ter vínculo com a elite corrompida e desmorali- o enviado de Deus, cuja zada. Aliás, sendo fiel presença penetraria nas a Deus, condenou com estranhas mentes humaveemência as artimanas. “O mestre da vida nhas dos detentores do queria atingir um alvo que poder. os tranquilizantes e os antidepressivos mais modernos não conseguem atingir” (CURY, 2001, p. 19). É verdade, a vinda do Messias mudaria o cenário político e religioso desse mundo. Sua missão buscava desempenhar o papel que jamais fora alcançado por alguma ciência: transformar a personalidade humana, pois apesar das guerras, vaidades, arrogâncias, desonestidade 12

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e assassinatos, a humanidade não era um projeto falido. Acreditando na transformação da humanidade, Jesus encarnou-se nesse projeto, sem temer a morte pela cruz que haveria de enfrentar. Aliás, Ele veio ao mundo para inaugurar um novo tempo e um novo ser. Em suma, o profeta que acredita na restauração da humanidade como João Batista, o profeta do deserto acreditou, jamais fará calar a voz profética. Mesmo que o sistema político e religioso tente influenciá-lo com atitudes ilícitas e mascaradas, de maneira ousada e destemida confronta-os com o auxílio do Espírito Santo de Deus. 1.2. Ousadia e firmeza no chamado

Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis, e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão (1 Coríntios 15:58).

Só pode ser ousado alguém que não teme os perigos da função que exerce. Este foi o caso de João Batista (Mateus 3:5,6). “O homem do deserto não tinha medo de nada e de ninguém” O RESGATE

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(CURY, 2003, p. 18). Enfrentou os carrascos, líderes religiosos, por aprisionarem as pessoas no pequeno mundo das suas vaidades e suas verdades. O profeta de Deus deve sempre priorizar pessoas e não ansiar pelo poder. Quando isso ocorre perdemos a sensibilidade para com os menos favorecidos. No caso de saduceus e fariseus, João Batista chamou-os de filhos de serpentes (Mateus 3: 7), porO profeta de Deus deve sempre priorizar pessoas que por fora mantinham e não ansiar pelo poder. uma aparência de serem Quando isso ocorre per- mansos, mas por dentro demos a sensibilidade eram venenosos. Talvez aí para com os menos favoesteja o sinal evidente da recidos. falta do amor aos miseráveis e menos favorecidos da sociedade. Amando a si mesmos, os fariseus e saduceus sutilmente simularam uma conversão inexistente, só para fugirem da ira de Deus, mas com ousadia e firmeza João Batista os advertiu: “Raça de víbora, quem vos induziu a fugir da ira vindoura”? (Mateus 3:7). Para muitos a reação do profeta foi inoportuna. Poderiam até questionar: como um homem que tinham a missão de pregar o Evangelho da salvação poderia impedir a conversão de alguém? 14

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O que ele tinha contra os fariseus e saduceus? Todas essas perguntas podem até ser feitas, mas queremos crer que a intenção de João Batista foi a de instigá-los a uma conversão genuína. O profeta do deserto criticou a falta de uma conversão verdadeira da parte dos fariseus e saduceus. Por isso, irritou-se com a falsa espiritualidade deles. Assim, a indignação de João Batista fundamenta-se no fato de os fariseus e saduceus transformarem o ato do batismo num mero ritual ou simbolismo de fé. Optavam pelo batismo só para conservar o status quo na sociedade. Queriam ser batizados sem arrependimento e sem disposição de abandonar o pecado. Com urgência, João Batista chama-os para uma mudança de atitudes: “Produzi, pois, fruto digno do arrependimento” (Mateus 3:8). Confesso que, muitas vezes, o meu coração se entristece quando as igrejas na atualidade relegam a mudança O meu coração se entrisde atitudes que, aqui, cha- tece quando as igrejas mo também de conversão na atualidade relegam a a segundo plano. A esse mudança de atitudes respeito fica notória a que, aqui, chamo também de conversão a omissão de muitos líderes segundo plano. no que tange aos valores O RESGATE

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básicos da fé e, com isso, incentivam a busca de uma espiritualidade de vale tudo4. Isso ocorre com frequência porque os líderes não têm coragem e firmeza para tratar do assunto. Outros fingem não saberem nada, levando as igrejas da pós-modernidade ao inchaço em número, mas cada vez mais vazias espiritualmente. As igrejas da pós-modernidade tornaram-se pobres porque não são capazes de influenciar a sociedade em que estão inseridas. Adverte Mateus: Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre o monte; nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a todos que se encontram na casa (Mateus 5:13-15).

Ousadia e firmeza fazem do profeta um homem decidido. João Batista, como profeta de Deus, jamais ficou em cima do muro. Ele chamou os fariseus e saduceus para uma con4

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“Espiritualidade de vale tudo” é o termo usado quando a pessoa diz ser cristã por ter passado pelo ritual do batismo, mas não apresenta mudança nenhuma. Às vezes a pessoa se considera cristã só por frequentar uma igreja cristã. SIMÃO ALBERTO ZAMBISSA


versão genuína. Para ele não bastava simplesmente pertencer à descendência de Abraão, mas importava nascer de novo. “Não tentem escapar assim, pensando: Nós estamos salvos, porque somos judeus – somos descendentes de Abraão” (Mateus 3:9). Não quero, aqui, ser pessimista. Mas, algo me disse que João Batista, como profeta de Deus, na atualidade seria um fracasso. Sua pregação, hoje, seria considerada pesada porque não agradaria o cristão contemporâneo, acostumado com mensagens recheadas de novidades ou atrativos humanos para alegrar o seu ego. De fato, com o seu perfil profético de pregar, João Batista teria dificuldades de convencer o atual cristianismo, cujas mensagens priorizam em demasia a prosperidade material. Tem-se a falsa ideia de que um cristão próspero é aquele que possui necessariamente bens materiais. Nesse caso, João Batista não poderia nem pensar em pregar sobre a mordomia ou prosperidade cristã. Aliás, nem mesmo roupas ele possuía e sua alimentação era semelhante à de um mendigo. Como pregar sobre a prosperidade e sobre a fidelidade de Deus?

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Sendo fiel a Deus, o profeta do deserto não se curvou diante dos poderosos desse mundo. Arriscou sua vida em obediência ao chamado, mesmo sabendo que estava pisando em terra falsa e estranha.

Sendo fiel a Deus, o profeta do deserto não se curvou diante dos poderosos desse mundo. Arriscou sua vida em obediência ao chamado, mesmo sabendo que estava pisando em terra falsa e estranha. Com ousadia enfrentou os poderosos da humanidade e denunciou os males que o sistema fora do projeto de Deus causava aos miseráveis da sociedade. Aliás, tão ousado João Batista era que não evitou a morte premeditada. A mando de Herodes sua cabeça foi decapitada (Mateus 14:1-12). 1.3. Sirvo a Deus, mas não possuo imunidade nenhuma nas minhas aflições

Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco. Não apagueis o Espírito (1 Tessalonicenses 5:18,19).

Servir ao Senhor com a inteireza de coração, não garante benefício extra para o cristão, que é amado por Deus, mas em hipótese

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alguma está isento de lutas, das aflições, inclusive, da própria morte. No mais, João Batista servia ao Senhor e em obediência e submissão abdicou de sua vida pessoal para dedicar-se ao chamado ou vocação, mas não foi capaz de evitar a morte tramada contra ele. A morte não o fez calar a voz profética e nem podia separá-lo de Deus. Segundo o apóstolo Paulo nada pode nos separar do amor de Cristo. “Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? (Romanos 8:35). Você está disposto a sacrificar sua vida por amar a Cristo? Na visão de Paulo, como cristãos “somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro” (Romanos 8:36). Mas apesar disso, o cristão deve manter-se firme na fé até a morte. O próprio Jesus foi fiel até a morte, conforme escrito no livro de Atos, capítulo 8, verso 32: “[...] foi levado como ovelha ao matadouro; e como um cordeiro, mudo perante o seu tosquiador, assim Ele não abre a sua boca”. O profeta do deserto morreu por ser leal a Deus. Ele, acima de tudo, foi um cristão hoO RESGATE

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O profeta do deserto morreu por ser leal a Deus. Ele, acima de tudo, foi um cristão honesto de consciência. Algo que perdeu valor no cristianismo de nossos dias.

nesto de consciência. Algo que perdeu valor no cristianismo de nossos dias. Mais vale a “aparência” que o “ser”. A pessoa pode estar pobre por dentro, mas tendo fama e dinheiro ela é merecedora de honrarias humanas. Enfim, o comportamento de João Batista nos ensina que o profeta do Senhor deve servir a Deus, sem temer os perigos ou deixar-se levar pelas atitudes da falsa religiosidade. Deve portar-se como defensor da justiça e zeloso no exercício da vocação. 1.4. Defensores da justiça e da integridade ministerial

Agora, pois, temei ao Senhor, e serve-O com integridade e com fidelidade [...]. Porém, se vos parece mal servir ao Senhor, escolhei hoje a quem sirvais: se aos deuses a quem serviram vossos pais, que estavam dalém do rio Eufrates, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais. Eu e a minha casa serviremos ao Senhor (Josué 24:14,15).

O que mais entristece meu coração é ver cristãos serem influenciados pelo meio em que 20

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vivem e (ou) trabalham. Na maioria das vezes, preferem calar-se que enfrentar o mal em obediência à vocação. Josué e João Batista agiram em defesa da integridade ministerial. Embora o povo se rebelasse contra Deus, eles não se calaram. Ergueram suas vozes exigindo dos cristãos a fidelidade a Deus. Denunciaram o pecado, sem olhar para o conforto proporcionado pela elite, dando o exemplo de que a fidelidade ministerial independe da condição social e externa do profeta. Uma análise minuciosa do Evangelho de Mateus, em especial, o capítulo 3, versos 3 a 10, mostra que João Batista ousadamente afrontou o sistema religioso judaico e o intocável império romano. Ele criticou os erros, a injustiça, a manipulação dos grandes sobre os pequenos. Por sua coragem não poupou nem o rei Herodes Antipas. Denunciou-o por manter relacionamento ilícito com sua cunhada: “Por- Qual tem sido sua postura quando o assunto é que Herodes, havendo promover a justiça aos prendido e atado a João, o menos favorecidos da metera no cárcere, por ca- sociedade? Em sociedausa de Herodias, mulher de depravada é possível manter a integridade de Filipe, seu irmão, pois ministerial? O RESGATE

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João lhe dizia: Não é lícito possuí-la” (Mateus 14:3,4). João Batista portou-se dessa maneira em defesa da justiça e da integridade ministerial. Qual tem sido sua postura quando o assunto é promover a justiça aos De onde veio à autenti- menos favorecidos da socidade do seu ministéciedade? Em sociedade derio? Sem dúvida, de sua pravada é possível manter dependência a Deus. Foi Deus quem o cha- a integridade ministerial? mou e o capacitou no Não deixe que a inexercício do chamado teligência meramente huprofético, razão pela qual sempre defendeu a mana interfira no seu chamado. Na concepção do justiça e a integridade ministerial. profeta do deserto, os fariseus, apesar de famosos e versados na lei de Deus, eram hipócritas. Uma espiritualidade hipócrita foi a causa que fez com que Jesus os advertisse: Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque limpais o exterior do copo, e do prato, mas estes por dentro estão cheios de paina e intemperança. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia (Mateus 23:25, 27). 22

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No plano espiritual a aparência externa não é garantia de uma vida cristã saudável. Se considerar a aparência como condição básica para o exercício da vocação, o profetismo de João Batista jamais teria logrado êxitos e reputação entre os escribas, fariseus e saduceus. Isso implica dizer que se fosse pela condição social, João Batista como profeta não teria credibilidade nenhuma. Agora, pergunta-se: De onde veio à autenticidade do seu ministério? Sem dúvida, de sua dependência a Deus. Foi Deus quem o chamou e o capacitou no exercício do chamado profético, razão pela qual sempre defendeu a justiça e a integridade ministerial. Assim, é importante reafirmar que quando o cristão vive realmente na dependência do Senhor, Ele o capacita, o sustenta e o prepara para surpreender os orgulhosos e poderosos deste mundo. Estando Deus no centro da vocação do profeta, todas as expectativas ministeriais serão superadas, isto porque é Deus quem determinava o que falar, como falar, quando falar e para que falar. Ora, os escribas e fariseus, além de hipócritas, podem também ser chamados de pedra de tropeço na fé de muitos cidadãos. Eles não O RESGATE

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serviam a Deus com fidelidade, mas não deixavam que os outros o fizessem. Por causa desse comportamento Jesus os exortou: “Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Porque fechais o reino dos céus diante dos homens, pois vós não entrais, nem deixais entrar os que estão entrando” (Mateus 23:13). A propósito, devemos reconhecer que a ousadia e a firmeza de João Batista como profeta permitiu anunciar a vinda do Messias, o homem que tiraria o pecado do mundo. Jesus veio, e há de voltar. Quais as expectativas de sua volta? Você está realmente preparado para recepcioná-Lo? Enquanto é tempo prepare-se, Jesus está voltando! Mãos à obra, pois toda a árvore que não produzir bom fruto será cortada e lançada ao fogo (Mateus 3:10).

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