Pastoreando o coração do líder de crianças issuu

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Copyright©2015 por Rawderson Rangel Todos os direitos reservados por: A. D. Santos Editora Al. Júlia da Costa, 215 80410-070 Curitiba – Paraná – Brasil +55(41)3207-8585 www.adsantos.com.br editora@adsantos.com.br

Capa:   Mônica Araújo Bravim Ilustrações:   Rawderson Rangel Diagramação:   Manoel Menezes Acompanhamento Editorial:   Priscila Laranjeira Revisão:   Roberto Carlos de C. Gomes Impressão e acabamento:   Gráfica Impressul

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) RANGEL, Rawderson. Pastoreando o coração do líder de crianças – Rawderson Rangel – A.D. Santos Editora, Curitiba, 2015. 120 Páginas ISBN – 978.85.7459-358-6 CDD – 261 1. Teologia social cristã   2. Cristianismo e sociedade CDD – 220 1. Bíblia   2. Educação cristã   3. Educação infantil 1ª Edição: Maio / 2015 – 2.000 exemplares. Proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios a não ser em citações breves, com indicação da fonte.

Edição e Distribuição:


Para Mayre, minha esposa.

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PREFÁCIO rata-se de uma grande honra para mim apresentar esse conteúdo, o livro do Mestre Rawderson Rangel, título que, a meu ver, não lhe é conferido apenas pelo grau de escolaridade, mas porque realmente foi um mestre em minha vida. Sempre digo para ele que se sou quem sou hoje, a “culpa é dele”! Antes dele escrever esse “Pastoreando o Coração do Líder de Crianças”, foi isso o que fez na prática comigo! Acreditou em mim, me acompanhou, ensinou, motivou, chorou e sonhou comigo; me pastoreou! Hoje, já colhemos frutos desse tempo de dedicação e esforço! Quando me pediu para ler, fiquei muito feliz em saber que agora, todo líder de criança vai poder ter o mesmo privilégio que tive, de ser, de alguma forma, pastoreado por esse grande homem. Ele realmente entende do que escreveu, nunca “tirou o pé da água”, (amei essa expressão pastor, mais uma para a coleção!). Nessa obra, o pastor Rawderson trata da importância do ministério com crianças, a importância do professor de crianças e o valor das crianças para Deus. Lembra aos líderes que devem cuidar do seu corpo e de sua mente. Destaca também o real ob-

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jetivo desse ministério e nos aconselha sobre como superar os desafios. Espero que você desfrute desse livro, leia com muito amor e carinho, que você sinta que alguém que realmente se importa com a salvação das crianças está falando com você, alguém que sabe da sua importância e da importância do que você faz! Saiba que essa leitura irá motivá-lo, instruí-lo e lhe ajudar a continuar, mas no caminho certo! Aproveite! Com certeza, ao final, você irá “culpar o Pastor’ (com letra maiúscula assim mesmo!), por ter sido benção em seu ministério também! Simone Chanan Bacharel em teologia pela FTBP Psicopedagoga pela PUC/PR Pós graduada em Docência no Ensino Religioso pela FTBP Ministra de Crianças da Igreja Batista da Barreirinha desde 2008 Coordenadora de Educação Cristã de Crianças da CBP

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AGRADECIMENTOS em, este livro chega às suas mãos depois de ter passado pela avaliação de outras pessoas que entendem sobre o trabalho com as crianças. Priscila Godoi, Ana Paula de Faria e a Mayre Rangel foram pessoas que leram (e releram!) este material quando ainda era preparado. Suas sugestões foram ótimas e eu só tenho a agradecer. Todas elas têm experiência de muitos anos com o pastoreio de crianças em realidades totalmente diferentes, e essa foi uma das razões pelas quais foram convidadas para revisar o conteúdo, cortar os excessos e sugerir mudanças. Outra razão foi porque nestes últimos anos temos trabalhado juntos no campo missionário e isso acabou nos aproximando. Conhecer Priscila e Ana Paula Faria tem sido motivo de gratidão a Deus. Elas são demais, você também precisa conhecê-las. Bem, sobre a Mayre, nos conhecemos há muitos anos e naquilo que consideramos essencial para nossa vida nós nos identificamos tanto que acabamos nos casando. Sua experiência com crianças também me tem ajudado muito. O dia que conversar com ela sobre o seu ministério em sua igreja, perceberá quantas sugestões a Mayre dará e como

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isso lhe ajudará. Para começo de conversa, foi dela a ideia de escrever para você. A elas, o meu muito obrigado. Acredito que depois desta leitura, você também lhes agradecerá.

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ÍNDICE Para início de conversa.............................................1 I. Pastoreando o seu coração.....................................5 1.1 Olhe o espelho e encontre uma pessoa importante para Deus.................................6 1.2 E o que você faz na Igreja é importante mesmo?..............................................17 1.3 Vamos falar de exercícios...............................27 1.3.1 Já fez sua caminhada espiritual de hoje?..............................................28 1.3.2 Exercitando o cérebro..............................34 1.3.3 Cuidando do corpo...................................47 II. Você pastoreando...............................................54 2.1 Afinal, o Ministério para Crianças é para que mesmo, hein?................................................55 2.2 Recursos para o seu ministério......................70 2.2.1 Dinheiro: esse papelzinho colorido que enche os olhos!..................................................71 2.2.2 Gente: esse povo que abençoa o nosso trabalho................................................75 2.2.3 Funções e estrutura: termos e condições claramente definidos......................83 2.3 E as famílias das crianças?..............................87 2.3.1 Famílias cristãs comprometidas................88 vii


2.3.2 Famílias cristãs sem compromisso............89 2.3.3 Famílias que se integram à Igreja.............91 2.3.4 Famílias não comprometidas....................92 III Terminando a nossa conversa............................96 Anexo......................................................................99 Livros citados........................................................105

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PARA INÍCIO DE CONVERSA em-vindo. Não sei se você trabalha há muito tempo com crianças, não sei se está começando agora mesmo. Mas quero lhe dizer que o fato de começar a leitura já demonstra seu interesse pelo ministério em sua igreja ou pelas crianças. Não sei por que você comprou este material, mas preciso lhe dizer por que eu o escrevi: foi pensando no líder de crianças que se preocupa em dar o seu melhor, em cuidar das crianças, mas que também necessita de cuidado, atenção e pastoreio durante este precioso tempo de servir a Deus. Ao escrever, tive como propósito conversar com aqueles que têm dado muito de si em favor do seu chamado, mas nem sempre têm encontrado um lugar onde renovar as suas forças e retomar a caminhada. Atualmente há diferentes materiais para crianças, mas são poucos aqueles que abordam a vida do líder, do pastor, do ministro ou ministra de crianças. No entanto, você não deve ser esquecido, principalmente por si mesmo.

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Nos aviões, há algo que me chama a atenção nas orientações de segurança que dão aos passageiros. Explicam o seguinte ao microfone: “Em caso de despressurização, máscaras cairão da parte superior do seu assento; em caso de ser o responsável por alguém que o acompanha, coloque a máscara primeiro em você e depois naquele que está ao seu lado”. Quer dizer: em uma emergência, preciso cuidar de mim antes de cuidar daqueles por quem sou responsável. Sim, é isso mesmo. Porque se eu não me cuidar, não poderei cuidar dos outros. Em 1 Timóteo 4.16, Paulo faz duas observações a Timóteo. Ele diz: “a) Cuide de você mesmo e b) tenha cuidado com o que você ensina”. Muitos dos líderes cumprem a segunda parte, cuidando do que ensinam, mas esquecem da primeira recomendação, ou seja: não cuidam deles mesmos. Há uma boa intenção, ao pensar no ministério, mas essa não é a única recomendação bíblica. Alguns dos líderes de crianças começam com boa vontade, mas a pressão do trabalho, as muitas atividades que o Ministério para Crianças exige e as expectativas frustradas fazem com que as pessoas desistam em pouco tempo. E aí vem a rotativi2


Para Início de Conversa

dade na liderança, assunto que será tratado algumas páginas adiante. Foi pensando na realidade dos líderes de crianças de muitas de nossas igrejas que escrevi. Fui pastor de crianças por quatro anos e há mais de vinte anos estou envolvido com esse ministério. Já escrevi a respeito desse assunto, trabalho como ilustrador e preparo material bíblico para essa faixa etária ainda hoje. Posso lhe dizer que conheço realidades muito diferentes: desde aquelas em que a Igreja tem muitos recursos destinados às crianças, até aquelas em que faltam as cadeiras para as crianças se sentarem. No entanto, em todas estas realidades encontrei tanto tristezas como alegrias. Não necessariamente no ambiente, mas no coração do líder de crianças. Em encontros com esses líderes, as perguntas são semelhantes e sempre relacionadas ao ministério. Vejo muitas pessoas com vontade de abençoar as crianças, fazer com que aprendam as histórias, assim como as doutrinas bíblicas. Isso é saudável, é importante; este material, porém, foi preparado para alcançar a primeira parte da recomendação do apóstolo Paulo: “Cuide de você mesmo (...)”. Quando assumi o ministério para crianças não havia ninguém que me desse alguma orientação porque nesse tempo não conhecia outro pastor de 3


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crianças. Literalmente, não sabia por onde começar. Para complicar um pouco mais as coisas, eram pelo menos 200 crianças, além de seus pais, que estavam na expectativa de um pastor para elas. Desde esse tempo tenho encontrado líderes que, devido ao comentário de outras pessoas ou até mesmo a visão do ministério de sua igreja, não entendem a importância do trabalho que realizam. Muitos se acham simplesmente um tapa-buraco e, sem perceberem, acabam por desvalorizar a si mesmos, as crianças e o ministério para crianças; há outros também que trabalham com as crianças apenas como contadores de histórias ou pessoas que têm a responsabilidade sobre as crianças somente na sua hora de Escola Bíblica ou Culto Infantil. Mas também é verdade que existem pessoas que entendem que o ministério para crianças é tão importante como qualquer outro e, por isso, sonham com algo diferente. Por essa razão, desejam refletir, pensar, mudar o que deve ser mudado, manter o que deve ser mantido. Você está sendo convidado a parar um pouco e ter um tempo para que possa pensar em si mesmo como líder, pensar em seu ministério e seu desenvolvimento. “Cuide de você mesmo (...)”, (1 Timóteo 4.16).

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I PASTOREANDO O SEU CORAÇÃO ais que trabalhar com programas e projetos, estamos lidando com pessoas que Deus ama, sejam elas as crianças, seus pais ou líderes. Pensando que deve cuidar muito bem do que fala e como conversa com as pessoas, é importante se cuidar. Como foi dito antes, cuidar de você para poder cuidar dos outros. É importante parar para pensar como é que está a sua vida em diversas áreas: na área espiritual, na área emocional e física. Se não der este tempo para você, o Ministério para Crianças certamente será grandemente afetado. “Quem ama se cuida”. Falamos isso a muitas pessoas. Está na hora de falarmos para nós mesmos. A mordomia é uma recomendação bíblica. Quer alegrar o coração de Deus? Seja também mordomo de você mesmo.

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1.1 – OLHE O ESPELHO E ENCONTRE UMA PESSOA IMPORTANTE PARA DEUS Certo dia, quando participava de uma reunião, o preletor perguntou a uma pessoa na plateia: “E no que é que você é bom? Qual é o seu dom?” Nosso irmãozinho ficou branco que nem sabia onde se colocar! E o preletor insis6


I. Pastoreando o Seu Coração

tiu: “Que habilidade você tem?” Depois de alguns “eternos segundos”, outra pessoa respondeu, deixando aquela pessoa “esquecida” na sala. Bem, aproveitando que não estou vendo você, pergunto? No que é que você se considera bom? Habilidades aparentemente simples como fazer um almoço ou escrever com uma letra bonita. Convido você a fazer uma lista de capacidades e dons que possui. Gostaria de tentar descobrir com você algumas de suas virtudes. Eu lhe peço que pare agora um minutinho a sua leitura e escreva ao menos cinco talentos e dons que acredita possuir. Deixo até estas linhas seguintes para que escreva, ou para que tenha um tempo para pensar nessas qualidades. Mas, por favor, faça isso. Se preferir, escreva em outro lugar, mas faça este exercício.

Observo pelo menos três razões para as pessoas não reconhecerem o que têm de positivo: má interpretação da Bíblia, as outras pessoas e a família.

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Podemos ilustrar a falta de amor próprio e a estima baixa mais ou menos assim...

a) Falta de reconhecimento de suas capacidades. É comum encontrar gente que não vê em si mesma nenhuma qualidade. Fomos ensinados que falar sobre nossas habilidades é arrogância ou “metidez”, já ouviu isso? Nossas igrejas ensinam a respeito da humildade, mas muitos a confundem com falta de amor próprio. Confundem a humildade com autoestima baixa. Há pessoas que acabam deixando de ver nelas próprias muitas qualidades que possuem. Como consequência, essas pessoas se tornam cegas das bênçãos de Deus em suas vidas, não conseguindo ver a realidade. b) As outras pessoas e as qualidades que possuem. É comum percebermos que aquele que está ao nosso lado toca melhor, canta melhor, desenha 8


I. Pastoreando o Seu Coração

melhor... As qualidades dos outros talvez o façam pensar que você seja apenas como um a mais, no meio de tanta gente capaz. Enxergamos mais as virtudes que estão dentro dos outros que aquelas que estão em nós. Aí vem aquele conhecido pensamento: “Ah! Se eu soubesse cantar como essa irmã, apresentar a mensagem como aquele outro... Ah! Se eu soubesse...” E acabamos por não valorizar e aplicar no Reino o melhor que temos. c) Família. Esse é o terceiro fator pelo qual muitos não se veem como pessoas capazes. Seja pela formação, seja pela condição social atual. Sobre a sua formação, muitas pessoas foram criadas ouvindo que não prestam para nada, que são “burras”, são idiotas. Se você pensar um pouco, talvez se lembre de alguns momentos nos quais, quando criança, passou por algum tipo de humilhação em casa. São histórias que ficam em nossa memória, que marcam a nossa vida. Quando escutamos que a família é a base da sociedade, parece que nos esquecemos do que essa frase significa: ela é a nossa base, o nosso fundamento. Quando pessoas importantes para nós (pais, avós, irmãos) nos tratam com palavras grosseiras e ofensivas, elas geram ou9


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tros sentimentos em nosso coração, como a insegurança e o sentimento de inferioridade. Acredito que você sabe que estas três razões fazem com que nossa autoimagem seja afetada. Você sabe de tudo isso por ter estudado, ouvido a respeito, “sofrido na pele” ou porque tem trabalhado com crianças que têm tido esse tipo de agressão em família. Normalmente as pessoas não relacionam essas situações consigo mesmas, mas o fato é que, se pararmos um pouco para pensar e refletir, encontraremos em algum momento de nossa história algo que nos afetou profundamente, seja na igreja, com amigos ou até mesmo em situações que aconteceram na família. A grande questão é como conseguimos reagir e superar essas dificuldades. Há uma história na Bíblia que responde estes três pontos que comentei anteriormente. Lembra-se de Gideão em Juízes 6.11-24? Penso que esta história nos ajuda a entender um pouco qual é a visão de Deus para nós: o texto diz que ele estava colhendo o trigo antes do tempo certo da colheita porque os midianitas, inimigos do povo de Israel, naquela época do ano, estavam se preparan10


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