Introdução
Esta obra contém subsídios teóricos, exercícios autodidáti-
cos e orientações para proceder na prática, o desenvolvimento da arte de preparar e pregar sermões, da forma mais simplificada possível, sem perder seu teor fundamental. Devido à exiguidade do tempo, não nos deteremos nas temáticas aqui expostas, no entanto, delinearemos caminhos que poderão ser percorridos por cada um posteriormente com maior profundidade e com tempo de sobra. Abordaremos as principais ferramentas para: a) explorar textos bíblicos; b) recursos para elaborar bons sermões; c) dicas para se falar em público de forma eficaz; d) diversas orientações importantes para se conectar de forma efetiva com seu ouvinte a fim de lhe anunciar a mensagem esboçada. Tudo isso e muito mais, lhe aguarda. Acredito que todos trazem consigo suas experiências e poderão somá-las com as aqui expostas. Ao término da leitu1
ra, você descobrirá que sabia além do que pensava; perceberá que galgou alguns degraus a mais e que, juntos, construímos nossa plataforma de atuação. Ressaltamos que o conteúdo desta obra foi colhido de boas bibliografias citadas em anexo, viabilizando a pesquisa posterior. Também na vivência acadêmica do Curso Teológico, em Simpósios, Palestras, Congressos, Encontros, e na experiência prática de alguns anos que muito nos ensinaram e ainda hoje ensinam. Acredito piamente que uma pregação é muito mais que mera técnica, bons métodos, princípios ou habilidades desenvolvidas ao longo dos anos. Um sermão é fruto de uma vida, assim como definiu John Stott. Trata-se de um amalgamar de práticas naturais e espirituais, de uma somatória de experiências físicas, emocionais e espirituais. O sucesso neste ministério deriva-se da disciplina de mantermos saudáveis as duas “pernas” básicas para a elaboração de um sermão - esforço humano e a graça Divina, com as quais, seremos vitoriosos em nossos projetos. Antecipamos que nem todos terão o mesmo aproveitamento, desempenho e/ou alcançarão o desejado e reconhecido nome de “pregador emérito”, no entanto, poderão realizar o propósito para o qual Deus os chamou de forma eficiente, pregando para multidões ou evangelizando algumas poucas pessoas com mesmo valor diante de Deus. O importante é pregarmos “a tempo e fora de tempo” a mensagem salvífica de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo e sermos compreendidos pelos nossos ouvintes. Desejo a todos uma boa trajetória! Ivan Tadeu Panicio Júnior 2
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Capítulo 1
A origem da Homilética
A Homilética é a ciência que se ocupa com a pregação cristã
e de modo particular, com o sermão proferido no culto, na comunidade reunida. Antigamente, era usada pelos gregos sofistas para expressar o sentido de “relacionar-se” ou “conversar”. Em o Novo Testamento mantém o mesmo sentido de “estar junto”, “relacionar-se”. Já nos primeiros séculos da Era Cristã, o termo passou a ser usado para denominar a arte de pregar sermões. Agregou-se então ao conceito, algo mais que uma simples conversa, mas princípios intrínsecos no processo de exposição de uma temática desejada. Sua origem mais distante reporta-se aos tempos antigos, na Mesopotâmia há mais de 3000 anos a.C., para auxiliar na necessidade que os sacerdotes tinham de prestar contas dos recebimentos e gastos às corporações a que pertenciam, como também, para fazerem suas prédicas em defesa da existência miraculosa dos deuses do paganismo. A origem da Homilética
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No entanto, Homilética como termo designado com suas técnicas, sistematização e adaptação às habilidades humanas, nasceu entre os gregos com o nome de retórica. Depois foi adaptada ao mundo romano com o nome de oratória, e, finalmente, para o mundo religioso com o nome de Homilética, chegando ao que conhecemos hoje. Vejamos algumas expressões da palavra Homilética em sua raiz: 1. Homilética = ensino em tom de família, origem grega do verbo; 2. Homiléo = conversar, tomou forma na era cristã; 3. Homilia = a pregação cristã feita nos lares em forma de conversação.
A pregação na Igreja primitiva No princípio não havia uma forma definida de se pregar a mensagem Bíblica. Cada qual possuía a sua. Devido à necessidade emergente, pouco a pouco se foi desenvolvendo e aperfeiçoando uma forma amadora, empírica, mas que contribuiu para o progresso da “Arte de Pregar”. Não havia templos, os cultos eram nas casas de maneira informal e familiar. Neste tempo, nossos irmãos apresentavam a nova doutrina de Cristo comparando-a com o Antigo Testamento, usando o modo argumentativo e explicativo (Didático). Os que tal faziam, não eram bem vistos na época, por isso se reuniam de forma secreta, discretamente procuravam ensinar o Evangelho e aos poucos foram tomando espaço até alcançarem uma maior liberdade. Nesta ocasião da Igreja Primitiva, nem todos faziam uso da pregação, este ofício era restrito aos oficiais, que se ocupa4
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vam do ministério da pregação e do ensino aos mais novos convertidos conforme lemos em Atos 6: 4 “Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra”. Certo pregador disse: “A pregação que mata é a letra; pode ter bela forma e ordem, mas continua a ser letra; letra rude e seca, casca nua e vazia”. A pregação do Espírito é aquela que voa sob duas asas chamadas: oração e meditação na palavra.
Pensadores e Definições 1. Phillips Brooks: É a apresentação da verdade através da personalidade; é a comunicação da verdade aos homens mediante o homem; G. Campbell Morgan: É a proclamação da graça de Deus sob a autoridade do trono de Deus, visando atender as necessidades humanas; 2. Andrew W. Blackwood: É a verdade de Deus apresentada por uma personalidade escolhida, para ir ao encontro das necessidades humanas; 3. Bernard Manning: É uma manifestação do Verbo Encarnado desde o Verbo escrito e por meio do verbo falado; 4. Jesse C. Northcutt: É a proclamação pública da verdade divina baseada nas Escrituras, por uma personalidade escolhida, com o propósito de satisfazer as necessidades humanas. 5. Haddon W. Robinson: A pregação expositiva é a comunicação de um conceito bíblico, derivado e transmitido através de um estudo histórico, gramatical e literário de uma passagem no seu contexto, que o Espírito Santo primeiraA origem da Homilética
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mente aplica à personalidade e experiência do pregador e depois, através dele, aos seus ouvintes. 6. Jerry Key: É a fiel exposição do sentido correto de um ou mais textos da Bíblia, ilustrando a exposição e aplicando-a a vida dos ouvintes, envolvendo-os de tal maneira que são satisfeitas as suas necessidades, sendo que esta comunicação é feita por uma pessoa com experiência real com Cristo e guiada pelo Espírito Santo.
O Campo da Homilética O objetivo do pregador é convencer o ânimo, despertar a inspiração, mover o sentimento e impelir poderosamente à vontade do povo na direção daquilo que a Palavra da Verdade exige. A Homilética auxilia nesta grande missão. A Homilética é vista como estudo e pesquisa necessária para que o sermão tenha conteúdo bíblico e contemporâneo. Também pode ser vista como a “Arte da organização das ideias” que serão apresentadas e a “Arte do uso do idioma”, ou a “Arte da apresentação de um sermão”.
Conceitos usados popularmente para expressar a Homilética Existem algumas expressões normalmente usadas pelas pessoas para indicarem a explanação de uma palestra, mensagem e/ou conteúdo, o que explicamos abaixo: 1. Oratória: arte de falar em público de forma elegante, precisa, fluente e atrativa. (A fala em si);
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2. Eloquência: é dom da palavra, desenvolvido na teoria e na prática de modo coordenado, coerente e fluente. (A estrutura da fala); 3. Retórica: é o estudo teórico e prático das regras que desenvolve e aperfeiçoa o talento natural da palavra, baseado na observação e raciocínio (Como se fala).
A origem da Homilética
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Questões para Fixação
1.
Qual a origem da Homilética?
2. Como era a pregação na Igreja Primitiva?
3. Cite uma definição de Homilética que mais lhe agradou?
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