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Servindo em Tempos Difíceis
por Bill Lavender
A aviação agrícola brasileira é a segunda maior em pilotos agrícolas e aviões no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Ela está crescendo rapidamente, com uma significativa expansão no número de aviões a turbina, enquanto aumenta a demanda mundial por alimentos e fibras.
Os interesses da aviação agrícola brasileira são representados por sua associação nacional, o Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (SINDAG). Desde 1991, o SINDAG tem sido um poderoso defensor da aviação agrícola. Ao longo dos anos, ele teve a boa fortuna de ter tido líderes muito bons servindo como presidentes. Em junho de 2019, os membros elegeram o então diretor do SINDAG Thiago Magalhães Silva para servir como seu presidente pelos dois anos seguintes.
Thiago vem de uma família com tradição na aviação agrícola. Seu pai, Antônio Carlos da Silva (Carlito) e sua esposa, Áurea Lúcia Magalhães Silva, formaram a Tangará Aeroagrícola, Ltda. em abril de 1985, em Orlândia, SP. A empresa iniciou operando um AgWagon e um Ipanema, logo após, nos anos 90, adquiriu três Piper Pawnees PA-25 importados da Argentina. Em abril de 1999, os filhos aderiram ao negócio e formaram a empresa Aeroagrícola Chapadão, por Thiago e sua irmã Bruna Magalhães. Esta empresa originalmente operava na cidade de Catalão, Goiás. Mas após três anos, Thiago e Bruna mudaram a empresa para Orlândia, para ajudar a Tangará Aeroagrícola. Hoje, a Tangará faz vendas e presta serviços às empresas aeroagrícolas da região, e é um centro de serviços autorizado da AeroGlobo Aeronaves, a qual representa todos os modelos da Air Tractor no Brasil para a revenda americana da Air Tractor Lane Aviation.
Enquanto a Tangará é a empresa de vendas e manutenção de aeronaves, a Aeroagrícola Chapadão é a empresa de aplicação aérea. Ela tem uma frota de aviões agrícolas consistindo em 12 Air Tractors, quatro Piper Pawnee PA-25s e dois Piper PA-36 Braves. Os modelos dos 12 Air Tractor são: seis AT-402s, cinco AT-502s e um AT-802, o qual é usado principalmente para combate a incêndios, sendo equipado com uma comporta de lançamento hidráulica da Zanoni Equipamentos. Originalmente, Thiago planejou estudar administração de empresas em São Paulo e pretendia seguir carreira fora da aviação, porém, em 1999, o mercado da cana-de-açúcar estava passando por uma crise, juntamente com a aviação agrícola. Neste momento, ele abandonou os estudos na Capital e retornou para Ribeirão Preto, onde formou-se em Direito e Administração de Empresas ao mesmo tempo que auxiliava a família e administrava a empresa de aviação agrícola. Na época, a empresa operava apenas três Piper PA-25 Pawnee.
Após trabalhar por 15 anos na aviação agrícola, em 2015 Thiago foi convidado para fazer parte da diretoria do SINDAG. Quatro anos depois, ele foi eleito para servir como presidente do sindicato aeroagrícola, estando agora em seu primeiro mandato à frente da entidade. Os mandatos do SINDAG são de dois anos, mas um presidente pode ser reeleito para um segundo período. Ele dedica não menos de duas a três horas por dia para o SINDAG. Além disso, até o início de 2020 ele
frequentemente viajava para representar a instituição em encontros com autoridades do governo, da ANAC e para outros interesses do setor aeroagrícola.
As viagens reduziram muito devido às restrições de segurança geradas pela pandemia do novo coronavírus. O que chegou a afetar inclusive a agenda de eventos do SINDAG. Sobre isso, Thiago explica que o advento da COVID-19 chegou a gerar incertezas no sindicato, especialmente sobre a realização da programação presencial do Congresso da Aviação Agrícola do Brasil, que estava marcada para julho, em Sertãozinho, São Paulo. “O Congresso AvAg acabou cancelado em 2020 e passamos a programação no mesmo local para 2021. Porém, já estava nos planos do SINDAG apostar nas ferramentas digitais para treinamentos e reuniões via web. A pandemia apenas acelerou esse processo, tanto que acabamos tendo uma versão digital do congresso em julho, para o ano não passar em branco.”
O programa de encontros virtuais para aprimoramento do setor era, inicialmente, dirigido apenas aos empresários. “Porém, à medida em que ele progredia, fomos oferecendo também aos pilotos e outros profissionais do setor aeroagrícola. A exemplo dos cursos da Academia de Segurança de Voo Aeroagrícola – que teve mais de 230 participantes, da Academia Brasileira de Tecnologia de Aplicação Aérea e outras iniciativas”, comenta Thiago. As programações são transmitidas pela plataforma Zoom e replicadas no canal do SINDAG no YouTube. Tudo planejado para atender a demandas que foram identificadas entre videoconferências e outros eventos envolvendo empresários, pilotos, técnicos e outros profissionais. “O Ensino à Distância (EAD) foi considerado um enorme sucesso, e continua sendo mesmo hoje.”
Quando perguntado se a mídia social e palestras virtuais iriam afetar negativamente o comparecimento presencial em futuros congressos, Thiago responde com um não definitivo. “Acredito até que o EAD aumentará o comparecimento em futuros congressos. Noventa por cento dos pilotos agrícolas pesquisados querem continuar com o Congresso AvAg. Os treinamentos e outros encontros virtuais permitirão aos nossos congressos serem mais eficientes. Há planos para palestras principais via web na abertura e fechamento do Congresso AvAg, ampliando a possibilidade de palestrantes de peso de outros países ou sem brecha na agenda para viajarem. Além disso, muitas outras palestras poderão ocorrer virtualmente, permitindo que o tempo no congresso seja otimizado.”
Embora Thiago não voe agrícola, ele tem uma licença de piloto privado e devota sua capacidade de administração ao crescimento das empresas da família Magalhães. Além de ter a enorme responsabilidade da gestão multitarefa destas empresas, ele ainda acha tempo para servir ao SINDAG. Todo o presidente tem desafios durante sua gestão; o de Thiago foi encarar de frente a COVID-19, para o bem do SINDAG.
Em 2001, a Tangará Aeroagrícola importou um Pawnee a álcool para acrescentar à sua frota de aviões agrícolas. Foi o primeiro avião agrícola a álcool a operar no Brasil. Depois, a Embraer desenvolveu o Ipanema EMB-202A “verde”, com a opção de motor a etanol. A empresa também desenvolveu uma conversão para o etanol para os outros modelos do Ipanema.
Nesta foto de um Piper Pawnee PA-25, está o primeiro avião homologado para o álcool combustível, com o STC SE7734SW concedido em 12 de março de 1990 para o sr. Maxwell E. Shauck Jr., do Departamento de Ciências Aeronáuticas da Baylor University de Waco, Texas. Este STC (similar ao CST da ANAC) autorizava alterações para os motores Lycoming séries IO-540 e O-540 para usar etanol como combustível. Foi o primeiro STC para um motor aeronáutico a etanol.
O Pawnee a etanol é o avião favorito de Carlitos Magalhães.
Seu amor pelo avião o levou a restaurá-lo para uma condição de melhor do que novo. Ele o batizou carinhosamente em homenagem aos seus netos: Roberto, Matheus e João.