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Liderança na Área de Carregamento
por Michael Rutledge PARTE 1
“O maior líder não é necessariamente aquele que faz as maiores coisas. É aquele que leva as pessoas a fazerem as maiores coisas.” Ronald Reagan
Uma carreira militar de trinta anos me deu a oportunidade de aprender com alguns dos líderes mais intuitivos da nossa nação e, mais importante, forneceu exemplos do que não fazer. A liderança e a formação de equipes nas forças armadas são relativamente simples porque são necessárias para cumprir a missão: pequenos grupos operando em ambientes dinâmicos e altamente estressantes com consequências catastróficas em caso de fracasso. Parece uma descrição excessivamente técnica do dia a dia de uma operação de aplicação aérea. Os militares nem sempre acertam, mas fornecem teorias doutrinárias e uma arquitetura para trabalhar até que um jovem soldado desenvolva seu próprio estilo de liderança. Nosso negócio oferece oportunidades de liderança no nível corporativo para orientar e projetar nossa imagem positiva, mas os empresários individuais lideram ou gerenciam usando quaisquer técnicas que nossas experiências anteriores nos ensinaram. A aviação agrícola tem algumas das melhores pessoas que já conheci na minha vida. Pessoas apaixonadas, inovadoras, trabalhadoras e engenhosas. Eu descobri que aqueles que não possuem essas qualidades não duram muito. Esta série tem como objetivo fornecer várias técnicas para se tornar um melhor líder de pequenos grupos, inspirar e montar pequenas equipes fortes.
Nunca fui adepto de contagiar meu querido negócio com a rígida doutrina militar que deixei para trás, afinal, se realmente fosse tão incrível, eu teria continuado. No entanto, não demorou muito depois da minha primeira safra como um piloto agrícola, para perceber algumas semelhanças entre as pequenas e intensas unidades de operação especiais em que operei e o que temos de realizar em operações agrícolas durante uma safra. Temos uma missão muito específica: tratar o máximo de hectares com a maior precisão e eficiência possível em um período de aplicação estritamente definido, com segurança de pessoal e equipamento. Não temos uma declaração de liderança ou a missão da operação como uma corporação, mas se o fizéssemos, suspeito que todas seriam semelhantes.
Nós apenas fazemos acontecer. Dirigimos empresas bem-sucedidas e lucrativas sem o benefício da orientação e treinamento especializado que líderes militares e corporativos recebem ao longo de suas carreiras. Atribuo o sucesso e a durabilidade do nosso negócio ao tipo de pessoa que atraímos, e não às tendências tecnológicas ou econômicas. Muito parecido com uma unidade de operações especiais, nosso impacto na dinâmica nacional e global é desproporcional aos nossos números. Sendo assim, nossos pilotos, técnicos, equipes administrativas e de apoio vem recebendo nossos melhores esforços. Se eles estão apenas pelo contracheque, há maneiras mais fáceis de ganhar dinheiro. Eles contribuem para nossa prosperidade e merecem nossa lealdade, juntamente com uma liderança de qualidade e efetiva. Eu sei que há alguma desconfiança com a ideia de treinamento de liderança, mas há uma recompensa quantitativa nesse conceito. Quando os membros da equipe começam a trabalhar por algo além do salário, quando sentem que o empregador toma decisões pensando no melhor interesse deles, quando estão mais preocupados em não te decepcionar, ao invés de temer a sua indignação, então você conquistou a confiança e lealdade daqueles que trabalham para você. Quando isso acontecer, você terá uma equipe na qual todos estão comprometidos e ficará surpreso ao ver como isso afeta positivamente o moral, a produtividade e a lucratividade final.
Antes de aprender a sermos líderes melhores e mais eficazes, você deve reconhecer a técnica que está usando atualmente. Não é tão ambíguo quanto parece. Influenciar pessoas pode ser dividido em duas categorias para serem usadas como diagnóstico:
Liderança: “fornecer propósito, direção e motivação para inspirar um grupo a agir em uníssono para alcançar um objetivo comum”
Gerenciamento: “o processo de planejar, organizar e controlar as pessoas para atingir os objetivos.”
Vou deixar para você determinar qual a sua categoria. Para facilitar, faço a pergunta: você espera o máximo de esforço e produtividade porque está assinando o contracheque ou tenta descobrir o que motiva seus funcionários a possibilitar o sucesso deles junto com o seu? Nenhum deles está errado, apenas abordagens diferentes para o mesmo problema. Ao desenvolver seu próprio estilo de liderança, devemos lembrar alguns pontos-chave ao longo da jornada.
1. Você tem que escolher aprender: todos somos criaturas de hábitos; é difícil desviar-se de qualquer técnica que usamos há anos. Se abordarmos como fazemos quando integramos uma nova tecnologia, é menos complicado. Quando novos equipamentos são introduzidos em nossas operações, fazemos isso aos poucos e não durante os períodos de pico. Use a mesma técnica com comportamentos de liderança, não tente mudar toda a cultura da sua empresa em uma semana. Selecione uma quantidade relevante e gerenciável de mudanças que você deseja fazer e implemente-as conforme as oportunidades surgem. Assim como a paternidade, muito do seu sucesso dependerá da sinceridade e da consistência para ter uma mudança de comportamento.
2. Os líderes não nascem prontos: este é o equívoco mais comum. Ninguém é um “líder nato”, é uma habilidade aprendida ao longo do tempo e associada à experiência. Certas personalidades carismáticas podem encorajar as pessoas a gravitar em torno delas, mas não é a mesma coisa que ser um líder habilidoso. Pensei que seria vítima de um motim antes de descobrir o que funcionava e o que não funcionava.
3. Aprender técnicas de liderança é um processo de desenvolvimento: não vai acontecer da noite para o dia ou durante uma safra. Leva tempo para aprender como inspirar as pessoas.
4. Você irá falhar: raramente dominamos alguma coisa na primeira tentativa. Não desanime. Mesmo que seja um trabalho em andamento, sua equipe apreciará o esforço e sua empresa será um lugar melhor para se estar.
5. Alcançar a meta não reflete necessariamente uma boa liderança: muitas pessoas pensam que são bons líderes porque todas as tarefas foram concluídas no prazo; isso é gerenciar, não liderar. Em algumas ocasiões, pode ser o caso, mas geralmente é o resultado de abusar de seu pessoal. O termo “ditadura” geralmente traz a ideia de um governante linha dura e abusivo preocupado apenas com a realização de seu objetivo. Tenha em mente que uma ditadura é realmente a forma mais eficaz e eficiente de liderança, não há discussão, nenhuma negociação ou preocupação sobre como isso afeta os encarregados de cumprir as ordens. O problema com as ditaduras é que elas têm vida curta, têm uma vida útil muito definida porque as pessoas não vão tolerar isso por muito tempo. Em termos práticos, se sua empresa tem uma rotatividade alta, isso pode ser um fator contribuinte.
Liderar e construir equipes fortes é um alvo em movimento. Não há uma técnica única que resolverá todos os problemas, mas os benefícios de explorar métodos para motivar e inspirar os membros da sua equipe excederão em muito o investimento. Na próxima edição, falaremos sobre qualidades de líderes eficazes. Até lá, estejam em segurança e cumprimentem-se por persistirem em uma safra difícil e imprevisível.
Autor: Michael Rutledge é atualmente piloto e empresário agrícola em Indiana, tendo servido 30 anos no Grupamento de Operações Especiais da Marinha - SEAL e como Piloto de Operações Especiais do Exército, chegando a comandar e ensinar Liderança e Desenvolvimento de Caráter na Academia Militar dos Estados Unidos em West Point.