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Brasil Tem Dez Mulheres com Licença de Piloto Agrícola
Duas novas profissionais se formaram no Sul e uma delas foi primeira a ter outra mulher como instrutora de voo agrícola
Desde novembro, o Brasil conta com dez integrantes no seleto grupo de mulheres habilitadas como pilotos agrícolas no País, depois que suas novas profissionais se formaram em escolas do Rio Grande do Sul. A nona profissional é a gaúcha Karen Medeiros Michel, 27, de São Sepé. Ela se formou em 31 de outubro, na Aeroagrícola Santos Dumont, em Cachoeira do Sul. Já a mais recente é Lillian Gabriella Rodrigues Leal e Santos, de Peixoto de Azevedo, no Mato Grosso.
Com 28 anos de idade (completados durante o curso de 45 dias), Lillian também se tornou a primeira piloto a ter outra mulher como instrutora de voo agrícola. E não por acaso: ela conta que escolheu Carazinho justamente para ter aula com a profissional que já admirava há pelo menos cinco anos. No caso, Joelize Friedrichs, 31 anos, piloto agrícola desde 2012 e, desde o ano passado, também empresária aeroagrícola.
A mato-grossense completou o curso de piloto privado em seu Estado, em 2013. Formou-se piloto comercial no interior paulista e daí batalhou para completar as 370 horas de voo necessárias para entrar no Curso de Piloto Agrícola (Cavag). Conseguido o pré-requisito, juntou dinheiro para ir ao Rio Grande do Sul completar a formação.
FOCO
Filha de um mecânico aeronáutico, Karen cresceu no meio da aviação e circulou com a família pelo Sul e pelos Estados de Goiás e Mato Grosso. O ambiente em que vivia despertou desde cedo o gosto pela aviação e a vontade de ser piloto agrícola. “Nunca quis outra coisa. O foco foi sempre a agrícola”, ressalta. A conquista do sonho da Sepense demorou sete anos, desde o início do curso de piloto privado (PP), feito em Santa Cruz do Sul.
Na mesma cidade ela conclui o curso de piloto comercial e ficou parada por um ano (tempo em que teve a filha Heloisa, hoje com três anos). Em Sinop, no Mato Grosso, Karen fez o curso de instrutora de voo e a partir daí completou as horas que faltavam para o curso agrícola.
Aliás, estratégia que está sendo adotada também pela possível futura 11ª piloto agrícola brasileira na atualidade. No Aeroclube de Carazinho, a catarinense Júlia Ferreira Melo está encerrando o curso de piloto comercial. A meta: entrar para o CAVAG no ano que vem. Mas antes, conseguir também a licença instrutora e, dando aulas, completar os requisitos de horas para o curso de piloto agrícola.
HISTÓRIA E PANORAMA
A primeira piloto agrícola brasileira foi a paulista Ada Rogato. Em 1948 (um ano após o primeiro voo agrícola no Brasil) ela já voava no trato de lavouras de café em São Paulo. Uma das mais intrépidas personagens do País, ela foi a primeira (entre homens e mulheres) que atravessou a Selva Amazônia em um pequeno avião, sem rádio e só com uma bússola. Tornou-se também a primeira mulher a pilotar sozinha até a Terra do Fogo e a primeira brasileira a atravessar a Cordilheira dos Andes pilotando (o que repetiu mais 10 vezes). Ada faleceu em 1986, aos 76 anos.
Já a primeira piloto agrícola do mundo, a uruguaia Mirta Vanni Barbot, teve sua primeira operação aeroagrícola em 1947, combatendo gafanhotos em seu país. Ela também coordenou e estruturou o serviço aeroagrícola do Uruguai. Mirta tem 96 anos de idade e vive em Montevidéu.