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Orçamento Pré-Safra Para Grandes Áreas De Fazendas Ou Usinas
Como Calcular O Preço Médio Do Hectare Com Segurança Para Evitar Surpresas Futuras.
por Eduardo Boris
Devido à qualidade, rapidez e custo da pulverização aérea, grandes grupos, fazendas e usinas utilizam, cada vez mais, dos serviços da aviação agrícola para realização dos tratamentos fitossanitários durante a safra. Essa é uma excelente oportunidade para o prestador de serviço que, durante a entressafra, já pode garantir um contrato de trabalho para suas aeronaves no ano vigente.
Sempre que tive oportunidade de conversar com gestores de empresas agrícolas sobre esse assunto, foram relatadas dificuldades na formação do preço do serviço. Essas dificuldades derivam da falta de informação e das ferramentas necessárias para realização de um planejamento operacional.
Há algumas edições venho falando sobre esse tema, planejamento operacional para aviação agrícola e, mais uma vez, abordarei o assunto. Desta vez, apresentarei uma forma eficiente de cálculo de preço médio para uma grande quantidade de talhões. É a situação perfeita para empresas que precisam, constantemente, disputar oportunidades de trabalho em grandes grupos e, além disso, não podem correr o risco de ficar no prejuízo devido a um cálculo de preço equivocado.
Tudo que precisamos para sermos precisos na construção do preço do serviço são informações. Quanto mais informações forem obtidas a respeito do cliente, menor será o risco e maiores as chances de ganhos.
Precisamos, inicialmente, buscar os seguintes dados com o cliente:
- Georreferenciamento das áreas (Polígonos).
- Localização das pistas de trabalho.
Figura 1 - Exibição de todos talhões na aba Áreas do TRAVICAR SGE.
A partir desses dados, em conjunto com as informações operacionais provenientes da empresa de prestação de serviço de pulverização aérea, é possível calcular, com precisão, o custo médio do hectare a ser informado ao cliente.
Na prática, vamos simular uma série de operações. Com isso, iremos descobrir quanto tempo levaremos para realizar a pulverização de toda a área informada ao menos uma vez, considerando cada talhão individualmente. Isso ocorre devido ao fato de não termos as informações do cliente como, por exemplo, a ordem dos talhões a serem pulverizados.
Para realizar a simulação, utilizarei o TRAVICAR SGE, software disponibilizado pela TRAVICAR TECNOLOGIA AGRÍCOLA.
O primeiro passo é a importação de todos os talhões provenientes do cliente para a aba ‘’Áreas’’ do Travicar SGE. Obtive um somatório de 7385 hectares divididos em 33 talhões. (FIGURA 1)
Em seguida, incluí todos os talhões na aba ‘’Planejamento’’ (FIGURA 2) do portal SGE. Fiz a marcação das duas pistas disponíveis e, ainda, a marcação da base operacional da empresa de pulverização aérea. A localização de pista e base é crucial para o cálculo do tempo da operação e definição das estratégias e rumos mais eficientes. A base operacional encontra-se a 42km da pista 1 e a 47,5km da pista 2 do cliente. Esse trajeto deverá ser considerado no cálculo do tempo da operação. Considerei, nos cálculos, que a aeronave ficará hangarada diariamente na fazenda durante o serviço.
A localização das pistas permite que o software calcule qual a melhor pista para ser utilizada em busca de maior eficiência. Precisei apenas realizar a marcação delas no mapa.
As simulações foram realizadas considerando uma aeronave de menor capacidade, Ipanema 202, e uma aeronave de maior capacidade, Air Tractor 402, servindo como uma base comparativa do serviço orçado.
Os parâmetros utilizados para cada aeronave encontram-se na figura 3 e na figura 4. A largura de faixa utilizada para o Ipanema 202 foi de 20 metros e, para o Air Tractor 402, de 30 metros. As vazões trabalhadas foram 30, 20 e 10 litros por hectare. O custo-hora utilizado para os cálculos foi de R$1.500,00 para o Ipanema 202 e R$2.700,00 para o Air Tractor 402. Para finalizar, definimos um imposto a ser pago de 12% pela operação, uma margem de lucro de 20% para empresa e uma margem de comissão para pilotos e auxiliares que somam 18% no total. ➤
Figura 2- Inclusão da localização da Base e das Pistas no TRAVICAR SGE.
Figura 3- Parâmetros operacionais do Ipanema 202 no TRAVICAR SGE. Figura 4 - Parâmetros operacionais do Air Tractor 402 no TRAVICAR SGE.
Figura 5- Resultados obtidos no TRAVICAR SGE.
Para que o software realizasse o cálculo da melhor estratégia a ser utilizada, fiz a seleção de talhão por talhão e solicitei o cálculo do melhor RUMO. Automaticamente, o software calculou o menor número de faixas de cada talhão. Poderia ter sido utilizado, ainda, o cálculo da melhor ROTA, o que levaria em consideração mais parâmetros e, certamente, resultaria em ganhos operacionais. Como, de fato, só saberemos quais talhões serão pulverizados em cada etapa do trabalho somente próximo a sua execução, preferi reduzir os riscos para a empresa de prestação de serviço e calcular o preço médio considerando a hipótese baseada no melhor rumo de cada talhão individualmente. Os resultados obtidos estão representados na Tabela 1 (Figura 5). Com os números à disposição, poderemos tomar as decisões com maior segurança. Conseguimos, com isso, descobrir os tempos de cada etapa da operação, o rendimento e o preço do hectare
a ser cobrado, levando em consideração a execução individual de cada talhão. Desse modo, fica muito mais fácil gerar orçamentos. Certamente, utilizando outros recursos, tais como a conexão de polígonos, o anexo de polígonos e cálculo da melhor rota, conseguiremos potencializar consideravelmente o rendimento da aeronave na execução dessa operação na prática. Isso trará Com os números à disposição, poderemos ainda mais margem de lucro para tomar as decisões com maior segurança. a empresa. A falta de informação, Conseguimos, com isso, descobrir os entretanto, faz com que seja tempos de cada etapa da operação, o necessário montar um cenário rendimento e o preço do hectare a ser individualizado por talhão. cobrado, levando em consideração a execução individual de cada talhão. Para a evolução do nosso segmento e aumento constante na participação da aviação agrícola na pulverização aérea nacional, precisamos, constantemente, investir em tecnologia. O software nunca substituirá o ser humano, mas, certamente, poderá auxiliálo em diversos aspectos do seu dia a dia. Fico feliz em dizer que, hoje, a aviação agrícola possui um software de planejamento completo e preciso, contribuindo para o crescimento e sucesso do segmento ao qual tanto nos dedicamos.
Air Tractor 504 da Pachu conduzindo uma demonstração de combate a incêndios em sua base operacional. A empresa atende ao governo do Estado de São Paulo e à indústria da cana-de-açúcar.
Por Lucas Zanoni
Guiando uma geração de pilotos no combate a incêndio
A Pachu é uma empresa localizada no centro do complexo canavieiro do Brasil, que está liderando o voo de novos pilotos de combate a incêndio no país. Fundada em 2013 por Marcelo Amaral (“China”), piloto agrícola desde 1994, e Gilberto Domingos (“Pachu”), a empresa opera 7 aeronaves agrícolas, sendo 3 Air Tractors e 4 Embraer Ipanemas. Desde 2015, junto com a DP Aviação (parceira da Frost Flying no Brasil), eles começaram a oferecer cursos de transição para aeronaves a turbina, já que a maioria dos pilotos agrícolas no Brasil faz seu primeiro treinamento em aeronaves a pistão.
China iniciou suas operações de combate a incêndios em 2015. Desde então, prestou serviços ao setor público em diversas regiões do país, incluindo no Pantanal e algumas reservas florestais do estado de Goiás. Vanderson Cristófolo, coordenador de operações da empresa, nos contou alguns detalhes sobre os contratos com o governo local:
“Temos três aeronaves Air Tractor atendendo ao governo do estado de São Paulo este ano. Em média, após o acionamento, as aeronaves permanecem por no mínimo 3 dias, podendo ficar por até 10 dias, como um caso específico que tivemos este ano. Podemos ficar trabalhando o dia todo, nos revezando com a equipe de pilotos. Realizamos cerca de 3 a 5 lançamentos por hora de voo, então a quantidade de água dependerá do modelo de aeronave usado, mas em média temos cerca de 8.000 litros (aprox. 2100 galões) de água lançados por hora. Existe um edital onde todas as empresas podem participar do leilão, com lotes entre todo o estado cobrindo todos os municípios. Geralmente há uma quantidade de horas para cada lotes, mas não há garantia de uma quantidade mínima que voaremos”. Como a Pachu fornece a maior parte de seus serviços de aplicação aérea para a indústria sucroalcooleira, o combate aéreo a incêndios para o setor privado também se revelou uma nova frente de trabalho. A cana-deaçúcar é uma planta com alto potencial combustível e não é incomum que ocorram incêndios durante o período de estiagem. Assim, as usinas e os produtores de cana-de-açúcar têm procurado cada vez mais as empresas de aviação agrícola do país para proteger suas lavouras:
“A demanda sempre vem dos produtores e também dos gestores das usinas de cana-de-açúcar. Há algum tempo, estamos tentando replicar no setor privado o tipo de contratos que temos com o setor público, mudando um pouco e trazendo para a realidade deles. É difícil para o setor privado aceitar um contrato com uma brigada aérea completa, mas, aos poucos, eles estão ‘vendo’ essa necessidade”.
Prestamos serviços a agricultores individuais e também a empresas do setor sucroalcooleiro, que em geral já são nossos clientes e conhecem nosso serviço de combate a incêndio. Com os produtores individuais, geralmente não combinamos horas mínimas de voo, mas já acertamos o valor do traslado de ida e volta de nossa base operacional”.
Além da execução do trabalho, a Pachu tem se destacado por promover a capacitação para esta atividade. Em 2020, a empresa realizou a primeira edição do Curso Brasileiro de Capacitação de Pilotos Agrícolas em Combate Aéreo de Incêndios em Campos e Florestas, que teve uma segunda edição no ano passado. Realizado em parceria com a
Equipe de instrutores do curso de formação da Pachu (da esquerda para a direita): Monica Sarmento (Ministério da Agricultura), Edson Mitsuya (Fundação Astropontes), Vanderson Cristófolo (coordenador de operações em Pachu), Mateus Amaral (“Chininha”, filho de Marcelo), Danilo Badke (IBAMA), Marcelo do Amaral (piloto agrícola e de combate a incêndios e sócio da Pachu), Fernando Petrelli (piloto agrícola e de combate a incêndios e instrutor de voo).
AT 402 da Pachu equipado com a nova comporta 13” da Zanoni, sobrevoando uma lavoura de cana. Como esse tipo de planta tem alto potencial combustível, é comum produtores rurais e usinas contratarem o serviço de combate a incêndio durante a estiagem.
Fundação Astronauta Marcos Pontes, o curso teórico é ministrado por Monica Sarmento, uma das maiores especialistas em combate aéreo a incêndios no país, que atua há mais de duas décadas na promoção da atividade no Brasil. Além das aulas teóricas, o curso também oferece treinamento prático, com um AT504 equipado com comporta hidráulica Zanoni. Vanderson compartilhou conosco algumas das perspectivas sobre o treinamento de pilotos para a atividade:
“A ideia surgiu para padronizar melhor as operações e trazer profissionalismo aos pilotos no combate a incêndios. Na verdade, também fomos abordados por pilotos perguntando e trazendo essa ideia de instrução. O foco principal do treinamento é a segurança das operações, trazendo a conscientização de possíveis ocorrências para os pilotos, como eles devem agir e, acima de tudo, a cautela necessária.
O serviço de combate a incêndio não é planejado como na aplicação aérea, é sempre muito dinâmico devido a forma de acionamento pelos clientes e principalmente pelo tipo de voo. Portanto, o treinamento traz, além das técnicas de padronização do trabalho, um forte foco na segurança operacional. Cada operação acontece de uma forma, com desafios diferentes, de acordo com a região demográfica e a proporção dos focos, e tudo isso é abordado através da troca de experiências entre os pilotos e instrutores”.
Neste ano, acontecerá a terceira edição do curso. A primeira escola brasileira já formou 30 pilotos agrícolas para combate a incêndios aéreos, número que certamente aumentará nos próximos anos, pois a aviação agrícola no Brasil está voando rápido em direção ao profissionalismo e à segurança.
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