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Informativo do Núcleo de Gênero Zuleika Alambert Ano I. Nº 2. NOV./2012
O Nugeza e sua luta contra a sub-representação das mulheres na política – As eleições municipais de 2012
O
Núcleo de Gênero Zuleika Alambert do Partido Popular Socialista, criado em 2011, busca abrir frentes de trabalho político que contribuam para a transformação da vida de mulheres e de homens no sentido da afirmação de direitos e oportunidades igualitárias. Atua no sentido da redução e eliminação de todas as formas de opressão e discriminação, de gênero, classe, raça/ etnia, regional, orientação sexual e identidade de gênero, em casa, na escola, no trabalho, na comunidade. Ao longo de todo seu tempo de existência, o PPS, paulatinamente, foi incorporando o ideário feminista e a preocupação com a participação das mulheres na política. Nesta onda
de afirmação cidadã, pelo compromisso que o Partido tem de contribuir para o desenvolvimento de uma cultura política mais igualitária e inclusiva e para a construção de uma nova sociedade em que mulheres e homens possam conviver de forma mais fraterna e menos desigual, firmamos nossa militância. Entretanto, a Lei n. 12.034/2009, ou minirreforma eleitoral, que estabeleceu a reserva de 10% do tempo de propaganda gratuita e 5% do fundo partidário para a promoção da participação das mulheres na política partidária, foi respeitado apenas burocraticamente. Achamos que falta à direção partidária nacional, e às direções estaduais, real vontade de
implementar uma política de gênero/ feminista partidária. Temos consciência que não conseguiremos sucesso em nossos objetivos sem nos planejarmos para otimizar resultados com os parcos recursos que nos são muito bem-vindos. A organização das mulheres do PPS em busca de alcançar os objetivos propostos na política de gênero construída na última década não teve continuidade de 2010 para cá e nada foi colocado em seu lugar. Muitas das coordenações estaduais então existentes nos estados desarticularam-se. Além do mais, não houve a criação de novos núcleos. O que fazer? Que providências políticas tomar?
O Núcleo de Gênero
C
om este 2º número do Informativo Nugeza, queremos homenagear nossa patronesse, nossa madrinha, Zuleika Alambert que no próximo dia 23 de dezembro estará comemorando 90 anos de idade, e reafirmamos: Zuleika Alambert, obrigada por suas luzes sobre nossa história – PCB/PPS.
Somos produtoras de riqueza, construtoras da sociedade como agentes de educação, saúde, cuidados familiares, mas não basta. Nossa luta também contempla dentre os muitos desafios a serem enfrentados, um como fundamental: a subparticipação e sub-representação das mulheres na política. Entendemos que esta participação e representação são essenciais como parte do ideário de um partido democrático, de diálogo amplo e fraterno. O Nugeza não poderia deixar de se envolver no processo eleitoral de 2012 sendo a política o meio pelo qual mudamos a sociedade para torná-la mais justa, solidária, igualitária, respeitadora da diversidade das pessoas e atenta à preservação sustentável do meio ambiente, embora nosso sistema político esteja esgotado, não respondendo por
nossas demandas de garantia de direitos; não evitando a corrupção política já entranhada no consciente da população como prática normal e se perpetuando por meio dos jovens. Por essas e outras, estamos tod@s apreensiv@s na busca de soluções. A reforma no sistema eleitoral é urgente! Como está nunca haverá mudanças nas relações de poder tão desiguais. O financiamento público de campanha e a lista pré-ordenada paritária entre os sexos impulsiona o empoderamento das mulheres colocando-as ao lado dos homens para decidir os rumos da sociedade. “É preciso desenvolver uma cultura política mais igualitária e inclusiva, de modo a valorizar outros tipos de participação que não as formas de ação ligadas ao mundo masculino, de classe média alta, da população branca” (VITALE; STORNI, 2010).
2 Dentre as atividades desenvolvidas com o objetivo de produzir subsídios, em particular com a leitura de gênero, para discussões políticas em âmbitos partidário e extrapartidário, o Núcleo de Gênero Zuleika Alambert esmerou-se produzindo farto material para as candidatas e candidatos do partido às eleições municipais recentes. Confiram em: http://publinugeza.blogspot.com.br.
A organização partidária como um dos fundamentos da ação política
Com esta publicação você pode ter acesso ao principal conteúdo do curso eleitoral para @s candidat@s do PPS. Juntando este livreto ao do Ivan Alves Filho, que trata com maestria da questão cultural, e aos textos sobre nossa política de gênero que encaminhamos nos cadernos a seguir, você estará com um preparo bem legal para enfrentar as ruas empunhando as bandeiras do partido que escolheu para militar e se candidatar. Junte grupos, discuta as questões mais delicadas, acione nossa ajuda, caso necessário. Estamos a postos... “Afunde-se” na teoria e depois “corra” para a prática.
Mulheres na política – uma participação fundamental (cartilha ilustrada) O PCB-PPS e a cultura brasileira. Apontamentos Ivan Alves Filho faz um cuidadoso giro pela história do PCB/PPS para nos dar uma ideia de sua influência cultural e política junto à intelectualidade e à sociedade brasileira nestes 90 anos de vida.
Minimanual de campanha para pré-candidat@s
São dicas de planejamento de campanha para novat@s e lembretes para não novat@s. Aborda assuntos de como organizar seus amigos, parentes e simpatizantes para formação de uma equipe coesa na organização do comitê de campanha e propositiva para discutir assuntos como: • campanha boca-a-boca; • porta-a-porta; • as finanças; • sua saúde; • público-alvo; • uso da internet e suas redes sociais; • propaganda, materiais básicos; • cuidados elementares com a legislação, com fornecedores etc. etc. etc.
Informativo do Núcleo de Gênero Zuleika Alambert
Bom para se saber o trabalho que desenvolvemos de jun./2011 a jan./2012 e saber que podemos ajudar na formação d@s candidat@s e demais militantes para entender a política de gênero do PPS. Nele colocamos as atividades mês a mês.
Guia Feminista para as Eleições 2012
Uma publicação do Cfemea e como diz seu subtítulo: um guia de apoio ao voto consciente e em defesa dos direitos das mulheres, da igualdade étnicorracial, da liberdade de orientação sexual e do Estado laico e democrático. Um material que subsidia o pensamento cidadão sobre a importância de se investir no voto e a participar do processo eleitoral acreditando que as escolhas podem fazer a diferença. É um texto inovador! Bom para ser socializado massivamente.
Um importante instrumento para orientação de discussões básicas sobre o papel das mulheres na política e sua importância para a democracia. Idealizada em 2004, ela é revista e ampliada a cada nova impressão e vem nos dando uma ajuda fantástica nesses anos de existência do movimento de mulheres do PPS. Já foram distribuídas em encontros e em eventos populares com a participação de coordenadoras estaduais para atrair novas mulheres para a militância política.
Alguns assuntos que ela aborda sempre de forma muito simples para introduzir discussões com teorias mais elaboradas: • o que é política; • a importância de nos organizarmos para a garantia de nossos direitos e os da comunidade; • o papel de um partido político como o PPS; • o espaço das mulheres nos partidos políticos; • mulheres candidatas; • plataforma política das mulheres do PPS; • violência contra as mulheres; • comentários sobre a Lei Maria da Penha.
Cadernos de Leitura nº 01
Traz algumas colaborações para ajudar as reflexões d@ candidat@ na confecção de sua plataforma de campanha. São algumas ideias que talvez possam ajudá-l@ nas discussões. • Algumas reflexões sobre Feminismo e Radicalidade Democrática. Almira Rodrigues • Plataforma Política das Mulheres do PPS. Coordenação de Almira Rodrigues, Irina Storni e Tereza Vitale • Agenda Sustentável para uma Sociedade Ecologicamente Responsável. Coordenação de Cristina Magalhães • Plataforma Feminista para Democratização dos Espaços das Cidades. Coordenação de Cleia Schiavo e Tereza Vitale • Plataforma Feminista para a Educação. Coordenação de Renata Cabrera • Observatório Feminista do Nugeza / vídeo “Contra a Pedofilia”
Cadernos de Leitura nº 03
Cadernos de Leitura nº 02
Alguns textos que talvez possam ajudar nas discussões. • Patriarcado e Feminismo: Diferentes Perspectivas de Gênero. Almira Rodrigues • A Luta pelo Empoderamento Feminino na Política Partidária. Irina Storni e Tereza Vitale • A Violência não é Natural nem Inevitável. Mathilde Bagneres, da IPS • Breves Reflexões sobre o Exercício Político das Mulheres. Vera L. Bertoline, da UFMT • Militantes Reclamam Falta de Recursos para Equipamentos Públicos de Proteção à Mulher. Carla Alessandra, da Agência Câmara • As Mulheres e o Desafio das Cidades. Cleia Schiavo e Tereza Vitale
Com a Plataforma Feminista da Saúde das Mulheres e um texto sobre as políticas públicas na área da saúde, o Nugeza pretende colaborar nas reflexões d@ candidat@ na confecção de seu programa de campanha: • Plataforma Feminista para o Direito à Saúde. Sob a coordenação de Jane Neves • Saúde da Mulher e Políticas Públicas. Maria José Antunes
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Mulheres e eleições municipais 2012: como fica o PPS?
E
stas eleições possuem um significado muito importante: foi o primeiro pleito local rea lizado após a aprovação da Lei n. 12.034/2009, ou minirreforma eleitoral, que estabeleceu a reserva de 10% do tempo de propaganda gratuita e 5% do fundo partidário para a promoção da participação das mulheres na política partidária, bem como a obrigatoriedade das “cotas por sexo” (um mínimo de 30% e um máximo de 70% de candi-
Núcleo de Gênero Zuleika Alambert*
daturas para cada sexo), reforçada pela atuação da Justiça Eleitoral. É de extrema relevância para os movimentos feministas, para as mulheres dos partidos políticos e para a coletividade feminina brasileira acompanhar os resultados destas alterações. Interes sa-nos aqui saber como as mulheres do PPS se saíram para delinear estratégias e ações com vistas a buscar a paridade dentro de nosso partido e no sistema partidário como um todo.
Ponto 1
Candidaturas de mulheres – números e reflexões Reflexão 1 – eleitorado: O estudo do Cfemea1 apresenta os dados gerais das eleições: o pleito municipal foi realizado em 5.564 municípios (a quantidade, em 2008, foi de 5.568), com a participação de 140.590.902 eleitores/ as, dos/as quais 48% são homens, 51.9% são mulheres e 0,1% não informou o sexo. As mulheres continuam sendo maioria do eleitorado (em 2008, foram 51,7% dos 130.378.807 eleitores). Pouco mais de 10% dos/das eleitores/as (15.085.531 pessoas) são filiados a algum partido político, sendo que os mais expressivos são o PMDB (15,6% dos 15.085.531), o PT (10%), o PP (9,4%), o PSDB (9%) e o PDT (8%). O TSE aponta 466.916 eleitores/as filiados/as ao PPS, ou 3,1% do total. Um último aspecto geral interessante a apontar é que houve incremento no número de cadeiras nas Câmaras de Vereadores: enquanto o eleitorado cresceu 7,6%, o número de cadeiras no Legislativo municipal aumentou 10,4%. Este aumento foi provocado pela Emenda Constitucional 58 (aprovada em 23 de setembro de 2009), que alterou a forma como é calculado o número de cadeiras nos Legislativos municipais. Segundo a norma, o máximo de vagas disponíveis varia de nove representantes (em municípios de até 15.000 habitantes) a 55 vereador@s (municípios com mais de oito milhões de habitantes). 1
Centro Feminista de Estudos e Assessoria (http://www.quantovaleseuvoto.org.br/) e (www.cfemea.org.br).
Reflexão 2 – mulheres candidatas no geral: Sobre as candidaturas, houve 479.547 candidatos/as (prefeito/a; vice-prefeito/a; vereador/a), sendo que 150.620 foram mulheres (31,4%). Em 2008, do total de 377.733 candidaturas, as mulheres eram 80.665, ou 21,4%. Constata-se, portanto, um crescimento de 10 pontos percentuais nas candidaturas femininas. Reflexão 3 – mulheres candidatas a vereadora: Em relação ao Legislativo municipal, os dados do TSE apontaram 448.413 candidaturas, sendo que 145.982 foram de mulheres (32,6%). Elas foram 22,1% tanto em 2008 (76.670 em 347.333) quanto em 2004 (76.555 em 346.419). Ou seja, houve crescimento em números absolutos de 59.779 candidaturas femininas em relação ao último pleito e de 101.080 no total de candidatos/as, o que demonstra que as mulheres aumentaram sua participação nas listas eleitorais em 10,5 pontos percentuais. Este fenômeno pode ser explicado pela última reforma da lei eleitoral (Lei 12.034/2009), que, como já vimos, seu texto enfatizou a obrigatoriedade do preenchimento de ao menos 30% de candidaturas do sexo minoritário. Infelizmente, como veremos, ele não se traduziu em avanço substantivo no que se refere à eleição de mulheres. Todos os partidos políticos respeitaram, ao menos em nível nacional, o percentual mínimo de candidaturas fe-
Portanto, este texto tem como objetivo fazer algumas inferências sobre como as mulheres do PPS se saíram nas eleições. Para tanto, utilizaremos como fontes os estudos que o Centro Feminista de Estudos e Assessoria realiza sobre candidaturas de mulheres a cada eleição e dados do TSE sobre as mulheres eleitas. Será importante conseguirmos sensibilizar a todos e a todas para a constituição de ferramentas de transformação e aprofundamento da democracia em nosso partido. mininas previsto na Lei n. 12.034/2009, ao contrário do que aconteceu em 2008, quando absolutamente nenhum dos então 27 partidos cumpriu a Lei n. 9.504/97. A distribuição de candidaturas de mulheres entre partidos políticos, contudo, foi bem heterogênea – houve variação de mais de 15 pontos percentuais entre o partido mais e o menos inclusivo. Nestas eleições, o partido que mais ofereceu mulheres candidatas a vereadoras foi o PCO (46,7%). Por outro lado, o PCB foi o que menos incluiu mulheres como candidatas, atendo-se ao mínimo exigido por lei (30%). Como ficou o PPS neste sentido? Ficou abaixo da média nacional (32,6%) por um ponto percentual: ofereceu 31,6% de mulheres sobre o total de candidatos/as a vereador/a. Algo semelhante ocorreu em 2008, quando a média nacional de candidaturas femininas a vereadoras foi 22,1% e o partido ofereceu 21,5% de candidatas a este cargo. Agora, em 2012, os outros partidos que ficaram abaixo da média nacional foram: PCB (30%), PSD (30,9%), PSL (31,5%), PPS (31,6%), PTN (31,7%), PMN (31,8%), PTC (31,9%), PPL (31,9%), PSB (31,9%), PHS (32%), PR (32,1%), PSDC (32,1%), PRTB (32,1%), PDT (32,2%), PTB (32,3%), PRP (32,3%) e PP (32,5%). Reflexão 4 – mulheres candidatas a prefeita: O TSE contabilizou 15.438 candidaturas ao Executivo municipal, das quais 1.938 foram de mulheres (12,6%). No pleito anterior, foram 1.621 mulheres num universo de 15.231 candidatos/as (10,7%) e, em 2004, o per-
4
artigo
centual foi de 9,5% (1.501 candidatas em um total de 15.746 candidatos/as). Constata-se um crescimento em números absolutos de 117 candidatas em relação a 2008. As mulheres ampliaram a sua participação em 2,9 pontos percentuais, de 10,7% para 12,6%, aumento muito menor do que aquele que se observou para o cargo de vereadora. O percentual de candidatas à prefeita quase não se alterou principalmente porque os partidos continuam resistentes à inclusão das mulheres e o Executivo municipal está imune à “lei de cotas”, uma vez que ela está limitada a cargos escolhidos por sistema proporcional – Assembleias Legislativas nos Estados, Câmaras de Vereadores e a Câmara de Deputados. Portanto, o percentual de candidatas à prefeita continuou bastante baixo e o próprio percentual de mulheres que concorreram a uma cadeira no Legislativo
municipal não superou muito o mínimo exigido pela lei. Sobre a performance dos partidos políticos, destaca-se novamente uma grande diferença entre eles: os percentuais de mulheres candidatas em cada partido vão de 5,4% (PCB) a 33,3% (PCO). Contudo, neste cargo, o PPS ficou 00,1% acima da média nacional (12,6%), tendo oferecido 12,7% de mulheres. Em 2008, o partido havia ficado abaixo da média (10,7%), com 10,1% de mulheres sobre o total de candidatos/as ao Executivo municipal. Igual ou acima da média nacional, destacam-se junto ao PPS em 2012: PCO (33,3%), PSTU (16,1%), PHS (15,2%), PV (14,0%), PSD (13,9%), PSL (13,4%), PTB (13,4%), PSC (13,3%), PSDC (13,3%), PC do B (13,2%), PSDB (13%), PT (13%), PMDB (13%) e DEM (12,7%).
Ponto 2
Mulheres eleitas – números e reflexões Reflexão 1 – vereadoras eleitas: Neste pleito, foram eleitas 7.658 vereadoras, ou 13,3% do total de 57.389 vereadores/as eleitos/as. Em 2008, foram eleitas 6.508 mulheres (12,5% do total de eleitos/as) e 45.457 homens (87,5%), totalizando 51.965 eleitos/as. Em 2004, foram eleitas 6.555 mulheres (12,6% do total de eleitos/as) e 45.238 homens (87,3%), totalizando 51.800 eleitos/as (7 eleitos não informaram o sexo). Ou seja, o crescimento de vereadoras eleitas foi muito baixo, tanto em relação a 2008 quanto a 2006. Isto indica que, apesar de oferecerem mais candidatas este ano, os partidos políticos não ofereceram mulheres com chances reais de eleição. O PPS elegeu 223 mulheres vereadoras este ano, que receberam juntas 134.984 votos, distribuídos da seguinte forma 69 mulheres em estados do Nordeste (50.562 votos), 22 no Norte (17.090 votos), 14 no Centro-Oeste (6.953), 71 no Sudeste (43.113 votos) e 37 na região Sul (17.266 votos) (Tabelas anexas). O PPS elegeu 12% de mulheres sobre o total de 1.861 seus/suas vereadores/as vitoriosos/as em nível nacional. Assim, ficou abaixo da média nacional de vereadoras eleitas (13,3%). Em 2008, o partido também ficou abaixo da média nacional (12,4%), tendo elegido 10,3%
de mulheres sobre o total de vereadores/ as do PPS. Reflexão 2 – prefeitas eleitas: No primeiro turno, foram eleitas (ou seguiram para o segundo turno) 671 mulheres ou 12% do total de 5.610 novos/as prefeitos/as. O segundo turno nos oferecerá o dado final, mas esta informação já nos é bastante preciosa, pois podemos perceber que o percentual de prefeitas eleitas quase não se alterou em relação às últimas eleições. O percentual de candidatas já estava bastante baixo e, portanto, não se podia esperar que houvesse muitas eleitas. Em 2008, foram eleitas 504 mulheres (9,1% do total de eleitos/as) e 5.051 homens (91,9%), totalizando 5.555 eleitos/as: no primeiro turno, foram eleitas 502 prefeitas (9,1%) e 5.022 prefeitos (90,9%), totalizando 5.525 prefeitas/os. O PPS elegeu, em primeiro turno, 120 prefeitos/as. Deste total, as mulheres foram 12 (contagem feita por identificação de nomes, o que pode ser suscetível a erros), ou 10% do total, o que fica abaixo da média nacional de 12%. No pleito de 2008, o PPS também ficou abaixo da média nacional (9,1%), pois elegeu 7,7% de mulheres entre seus/suas novos/as prefeitos/as.
Ponto 3
Reserva de tempo e recursos para mulheres A lei eleitoral (Lei 12.034/09) prevê a destinação de 5% do Fundo Partidário para a formação política das mulheres, assim como de 10% do tempo de propaganda partidária (fora de anos eleitorais) para promover e difundir a participação das mulheres. O texto incluiu uma punição para o partido que não cumprir a regra dos 5%: se não destinar esse percentual, deverá acrescentar mais 2,5% dos recursos do fundo no ano. Essas conquistas, ainda que pequenas, representaram avanço para a participação política das mulheres. Além do valor simbólico que a medida exerce, será possível destinar milhares de reais por ano, mesmo nos menores partidos, a atividades que promovam a participação das mulheres, como eventos de formação política, congressos, encontros, atos. Não há documento oficial nacional que nos mostre se e como estes recursos têm sido utilizados pelos partidos políticos. E, no PPS, também não há essa informação, de forma alguma, nem oficial nem oficiosamente. Além disso, observou-se que nenhum dos programas eleitorais do PPS foi direcionado especificamente a chamar novas filiações ou lideranças mulheres. Apenas se produziu programas que inferiam a presença das mulheres no seio partidário, sem enfatizar a importância paritária ou que levasse a um discurso político que apontasse para a equidade tão necessária à nossa democracia.
artigo
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Algumas conclusões e observações para reflexões e propostas intrapartidárias
O
s dados apresentados e analisados acima são muito simples, mas servem para indicar que, apesar de toda a luta histórica das mulheres, ainda precisamos avançar muito se queremos alcançar a paridade de sexo nos cargos escolhidos por eleições democráticas. É preciso enfrentar o patriarcado e as práticas machistas dentro dos partidos políticos. As cotas têm que ser aprimoradas e efetivadas juntamente com outras ações, e os partidos precisam finalmente se comprometer a investir capital financeiro e político nas candidaturas das mulheres. Precisamos acessar e usar com sabedoria os recursos de tempo de rádio e TV e do fundo partidário que a lei nos reserva. Esta luta está longe de acabar e, portanto, precisamos nos comprometer com ela. Precisamos mudar muita coisa dentro do PPS e do sistema político-eleitoral. Somos um dos partidos pioneiros a ter em seu estatuto as cotas por sexo para a formação das direções, e um or-
ganismo voltado especificamente para a construção de lideranças feministas e de candidaturas aos legislativos e executivos municipais, estaduais e federais, com bons momentos de reconhecimento e de influência nacional e estadual. O que se constata hoje é: • que persiste a falta de apoio partidário às políticas de gênero/feministas; • o enfraquecimento do trabalho nacional de articulação com novas filiações de mulheres líderes na comunidade e desatenção à formação política das filiadas, parte da política de gênero/feminista interrompida em 2010; • a falta de apoio logístico e financeiro às candidaturas femininas. Estas constatações levam a propostas bem diretas e factíveis de serem implementadas: • apoio dos diretórios nacional, estaduais e municipais, e suas executivas, à política de gênero/feminista
observando a destinação do fundo partidário, as plataformas das mulheres e os requisitos legais; • fortalecimento da Coordenação Nacional das Mulheres com apresentação de planos de trabalho, relatórios de atividades e prestação de contas; trazendo de volta as coordenações estaduais e suas articulações nos estados; • apoio ao investimento em candidaturas de mulheres para as futuras eleições traduzido num Plano Nacional Eleitoral para as Mulheres construído com integração de todas as instâncias partidárias. Para finalizar, é fundamental a atenção dos Diretórios municipais e estaduais quanto ao correto cumprimento do mandato das eleitas, vinculando-o à política do PPS e aos interesses da comunidade, além e da promoção da participação das não eleitas na vida orgânica do partido.
vereadores eleitas pelo pps – 2012** UF
Vereadoras eleitas
Número de votos
Número de Diretórios municipais que lançaram candidatas
AC
1
87
10
AL
7*
9.548
41
AM
3*
4.003
37
AP
3
638
8
BA
7
2.500
83
CE
13
13.833
57
ES
3
1.588
43
GO
5
1.224
68
MA
10
4.367
92
MG
26
13.594
296
MS
3*
3.975
31
MT
6
1.754
37
PA
8*
10.402
106
PB
10
3.341
60
6
artigo PE
7
7.744
44
PI
16*
9.088
55
PR
18
6.243
192
RJ
zero
zero
67
RN
5
3.843
36
RO
1
611
20
RR
1
219
13
RS
13*
10.068
128
SC
6
955
99
SE
2
578
25
SP
42
27.931
400
TO
7
1.217
53
Total
223
134.984
* 6 vereadoras de capitais: Maceió, Manaus, Campo Grande, Belém, Terezina e Porto Alegre. ** Números quase definitivos. UF
Vereadoras eleitas
Número de votos
NORDESTE
69
50.562
NORTE
22
17.090
CENTROOESTE
14
6.953
SUDESTE
71
43.113
SUL
37
17266
Total
223
134.984
*Agradecemos a colaboração da cientista política profª dra. Patrícia Rangel
eleitas pelo pps – 2004 / 2008 / 2012 Prefeitas
2004 AC AL AM AP BA CE ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO
Total
2008
vereadoras
2012
1 1 5 1 2
1 1
1 2 4
1 1 1
1
2 2
1
1
2
4
5
21
8
13
2
AC AL AM AP BA CE ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO
Total
2004 1 6 16 0 7 30 7 14 9 27 4 32 3 17 10 18 23 2 13 1 2 10 12 12 39 5 167
2008 0 5 3 1 7 16 2 10 16 24 3 12 4 12 2 9 14 2 8 3 2 5 11 4 35 12 222
2012 1 7 3 3 7 13 3 5 10 26 3 6 8 10 7 16 18 0 5 1 1 13 6 2 42 7 223
Subscrevem este relatório de atividades: Almira Rodrigues (DF); Elaine Marinho Faria (DF); Elizabete Barreiros (DF); Cléia Schiavo (RJ); Guiomar Monteiro (AM); Irina Storni (DF); Jane Neves (PA); Renata Cabrera (MT); Tereza Vitale (DF). Contatos: nugezapps@gmail.br