Revista Vetores & Pragas - Edição 55

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EXPEDIENTE Vetores&Pragas é uma publicação quadrimestral da Associação Brasileira de Controle de Vetores e Pragas - ABCVP Av. Pastor Martin Luther King Jr, 126 Torre 3000 - 14º andar - sala 1.504 Office Nova América - Del Castilho - RJ Tels: (21) 2577-6433 / 3435-2477 abcvp@abcvp.com.br / www.abcvp.com.br DIRETORIA RUBEN BARAT Presidente da ABVCP MARCOS MORAES Vice-presidente da ABVCP CLAUDIO MELLO Diretor administrativo da ABVCP MARCELO CUNHA FREITAS Biólogo, especialista no controle de Vetores e Pragas e Diretor Técnico da ABCVP FERNANDO MARQUES Diretor financeiro da ABCVP CONSELHO EDITORIAL MARCELO CUNHA FREITAS Biólogo, especialista no controle de Vetores e Pragas e Diretor Técnico da ABCVP

ISSN 1982 - 4262 Ano XXIII | Nº 55 | Setembro de 2020

COOPERAR É O VERBO Não podemos mensurar o quanto a pandemia mudou as nossas vidas.

Vivemos um momento de grandes desafios. Esta é, declaradamente, a pior crise de saúde mundial da história, e também um apelo claro da necessidade de cooperação entre empresários, setores, gerações e nações.

Dar as mãos, unir esforços e avançar juntos, nunca teve tanta importância como tem agora.

A necessidade de resguardar a população impactou diretamente na produtividade e no consumo. Junte a isso as indefinições quanto ao futuro e teremos uma crise econômica, da qual ainda é impossível prever a extensão, como revelou o economista Samuel Pessoa, na Pré ECOprag Online.

No atual contexto podemos dizer que o Associativismo nunca foi tão

UIARA CAROMANO TREVISO Bióloga e Membro da Comissão Técnica da ABCVP

vital. É por meio de uma Associação que as classes se fortalecem, com

HENRIQUE G. CORTEZ Engenheiro agrônomo e Membro da Comissão Técnica da ABCVP

não foram poucos). A participação, a solidariedade e a cooperação, em

SILVIA REGINA RODRIGUES DA ROCHA Química e Membro da Comissão Técnica da ABCVP

grandes chances de alcançar objetivos comuns (como já alcançamos, e torno desses objetivos comuns, têm sido os pilares de sustentação do setor. Contudo, mais do que uma organização, somos uma conexão de empreendedores ávidos por crescimento, dispostos a avançar, crescer e,

CONSELHO CONSULTIVO ANA EUGÊNIA DE CARVALHO CAMPOS Bióloga – Doutora em Zoologia e Assessora da Presidência do Instituto Biológico – SP

consequentemente, fazer a economia girar.

CLAUDIO MAURÍCIO VIEIRA DE SOUZA Aracnologista – Laboratório de Artrópodos, Instituto Vital Brazil

temos: a cooperação pode nos manter firmes e fortalecer nossas bases

LUIZ ROBERTO FONTES Doutor em Zoologia (entomólogo) pelo Instituto de Biociências da USP e consultor

juntos somos muito mais fortes.

O novo coronavírus ainda tem sua origem desconhecida, e não podemos prever os rumos da política e economia do país, mas uma certeza rumo ao desenvolvimento. Vamos juntos! Sem soltar as mãos, porque

A diretoria

MÁRIO CARLOS DE FILIPI Zootecnista, especialista em Entomologia Urbana JAIR ROSA DUARTE (In Memoriam) Editora e Jornalista Responsável ELETÍCIA QUINTÃO – Reg. Prof. 26.069 MTB Comercialização / Publicidade FERNANDO MARQUES Tels.: (21) 2577-6433 e (21) 3435-2477 abcvp@abcvp.com.br Assinatura: Telefone para (21) 2577-6433 / 3879-5516 ou envie e-mail para abcvp@abcvp.com.br Tiragem: 5.000 exemplares Vetores & Pragas Online www.abcvp.com.br/revistasonline.html © Os textos assinados são de responsabilidade de seus autores. Para entrar em contato com algum deles envie um e-mail para a ABCVP. É vedada a reprodução dos artigos e reportagens, em quaisquer meios, sem autorização prévia da Associação e, mesmo quando autorizada, será obrigatória a citação da fonte.

A origem do Novo Coronavírus continua desconhecida, no entanto, sua associação aos morcegos tem provocado matança e obstáculos à preservação da espécie.

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Sumário

05 JAIR ROSA DUARTE O dilema entre ciência e religião

29 PRÉ ECOPRAG ONLINE Um bate papo enriquecedor com o economista Samuel Pessoa

32 BOAS PRÁTICAS Armadilhas luminosas no combate às pragas urbanas

35 TÚNEL DO TEMPO Manejo integrado para controle de escorpiões

ESPAÇO JAIR ROSA DUARTE

Sobre o dilema entre ciência e religião: os criacionistas destroem a ciência?

Por Luiz Roberto Fontes

Não pretendo entrar em discussão sobre crenças ou temas polêmicos nesta seção devotada a divulgar a ciência e sua história, em homenagem ao inesquecível amigo, o biólogo Jair Rosa Duarte. No entanto, vou relatar um fato que vivenciei no início da minha vida científica e me ajudou a moldar o enfoque no assunto ciência versus religião. O tema é oportuno, pois há muita opinião sem fundamento divulgada na imprensa, até por cientistas que mostram interesses políticos raramente louváveis ao expressar determinadas posições frente a nomeações de gestores que professam esta ou aquela crença pessoal. A grande dúvida me parece ser: cientista tem que ser ateu? Não pode adotar crença religiosa?

De antemão, esclareço que me dedico ao resgate da memória de um naturalista que muitos consideram o maior ateu do planeta, Fritz Müller, cujas filhas foram batizadas e se casaram na igreja, sem trauma algum para o pai, ou para elas. Aliás, o corpo do naturalista está sepultado no cemitério evangélico da cidade.

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Vamos ao relato. O fato ocorreu em

ele aquiesceu, ou seja, eu podia encaminhar a solici-

1981, ainda na fase inicial de minha car-

tação, e ele iria examinar e emitir um parecer final em

reira na entomologia, ramo da ciência de-

alguns dias. Então, o Dr. Ruy comentou que conhecia o

dicado ao estudo dos insetos. Eu concluíra

meu trabalho científico e mencionou relatórios e ilus-

o curso de mestrado e iniciava o doutora-

trações, o que ensejou uma breve conversa sobre os

do. Naqueles tempos a informática enga-

meus estudos e sua importância para o conhecimento

tinhava e não havia as facilidades atuais

taxonômico e a filogenia dos cupins. Então, dele ouvi

para obter bibliografia e realizar docu-

a entusiástica frase “Pois eu também publiquei um tra-

mentação fotográfica. Para o sucesso da

balho sobre cupins!” Algo surpreso com o que ouvira

pesquisa, eu necessitava de um determi-

do engenheiro e professor universitário nessa área

nado equipamento e o custo era proibitivo

tecnológica, e sequioso de obter para o meu acervo

para mim. Havia adquirido um automóvel,

essa produção no meu campo de estudos, sem demo-

um velho “fusca” ano 1968, e o tal apa-

ra eu lhe solicitei uma cópia ou separata do artigo. Ele

relho custava o valor de um carro novo,

me pediu que aguardasse, ausentou-se e, em alguns

ou mais caro. Sem contar alguns poucos

minutos, retornou com um exemplar do periódico

acessórios, também dispendiosos. Não

Folha Criacionista, publicado no ano de 1980 e que eu

havia outra saída, senão tentar um auxílio

não conhecia. A capa do opúsculo, em cor verde, in-

à pesquisa e, para isso, havia um obstáculo

teressou-me de imediato, pois lá estava estampado

insuperável: era necessário ter concluído

nada menos do que um conjunto de figuras que eu

o doutorado, que eu apenas iniciara. Não

publicara em 1979 na revista Ciência e Cultura, da So-

tinha o título de doutor! Mesmo assim,

ciedade Brasileira para o Progresso da Ciência/SBPC.

fui à agência financiadora que me outor-

Folheei rapidamente o impresso e, na segunda pági-

gara a bolsa de estudos de pós-gradua-

na estava citada a autoria e a legenda das ilustrações,

ção, a FAPESP ou Fundação de Amparo à

e o artigo de onde elas foram extraídas. Ou seja, uma

Pesquisa do Estado de São Paulo, e expus

publicação que seguia o rigor das boas revistas cien-

o problema. A secretária, atenciosa, suge-

tíficas. Dr. Ruy perguntou se eu conhecia o criacio-

riu agendar uma entrevista com o Diretor

nismo, e fui sincero na resposta, jamais ouvira falar e

Científico da instituição, e marcamos uma

para mim era novidade. Ele me informou que, com o

data. Creia, eu esperava uma solução mais

auxílio de uma secretária e com recursos financeiros

simples e imediata, como uma petição es-

pessoais, ele editava o periódico há alguns anos, cujo

crita justificando a necessidade, mas tive

conteúdo então consistia principalmente de artigos

que aceitar a tal entrevista, com duração

que ele selecionava de uma revista norte-americana e

máxima de uma hora.

traduzia para o português, a fim de difundir a doutri-

Compareci no dia e horário programado e

na. Porém, não se alongou em explicações sobre o que

fui recebido pelo Dr. Ruy Carlos de Camargo

é o criacionismo. Agradeci o presente e saí, satisfeito

Vieira. Após um debate de quase 60 minu-

com a nossa conversa e com a possibilidade de pleite-

tos sobre o auxílio financeiro pretendido, no

ar o equipamento pretendido.

qual ele buscou me demover da ideia e ace-

No fascículo em questão, Dr. Ruy usara as mi-

nou com algumas alternativas, finalmente

nhas ilustrações na capa, para destacar o artigo “A

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origem dos térmitas”, lá publicado e tra-

cam a ciência, podem arruinar hábitos saudáveis

dução de “The origin of termites”, lan-

e o convívio pacífico entre os cidadãos, e contri-

çado no mesmo ano no periódico Creation

buir para desestabilizar a sociedade. Pessoas de

Research Society Quarterly. Tratei, então,

má índole, de todas as raças, credos religiosos

de buscar informações sobre o criacio-

e tendências políticas e outras, fazem isso com

nismo. Descobri que o Dr. Ruy fundara em

dolo e, por que não dizer, com macabra satisfa-

1972 a Sociedade Criacionista Brasileira/

ção, todos os dias e em todos os lugares. Não sei

SCB, cuja doutrina religiosa rejeita o evo-

se as motiva o egocentrismo, a indigência cultu-

lucionismo biológico, era seu presidente e

ral, ou a têmpera maligna em que se comprazem

respondia pela edição brasileira da Folha

e sem a qual não sabem viver.

Criacionista, hoje Revista Criacionista. Ele presidiu a SCB até 2017.

O mesmo ocorre no mundo da ciência. Nele também se encontram aqueles que aniquilam

Ruy C. C. Vieira, nascido em 1930 em

colegas, perseguindo-os, destruindo os seus

São Carlos/SP e formado engenheiro me-

sonhos e dificultando ou impedindo o seu cres-

cânico e eletricista pela Escola Politécnica

cimento profissional. Há cientistas que pla-

da USP, foi diretor científico da FAPESP no

giam, copiam descaradamente as ideias dos

período de 1979 a 1985, professor de enge-

outros, para auferir um minuto de fama no

nharia e exerceu outros cargos de respon-

palco mundano. Portanto, existem cientistas e

sabilidade pública.

profissionais de todas as carreiras, entre ateus

Segundo o que pude apurar ao longo

e os que professam alguma doutrina religiosa,

dos meus anos de exercício entomoló-

que verdadeiramente prejudicam a ciência e a

gico no serviço público, tanto no julga-

sociedade, numa proporção que às vezes não se

mento da minha demanda relacionada

corrige, senão após muitas décadas de empe-

à taxonomia e evolução, como em ou-

nho de outros profissionais, igualmente ateus

tras questões científicas subordinadas à

ou religiosos. O criacionismo ou outra religião,

sua autoridade na instituição paulista de

enquanto crença praticada por gestores nome-

amparo à pesquisa científica, Dr. Ruy C.

ados para importantes cargos da vida pública

C. Vieira não permitiu que suas convic-

nacional, será inofensivo ou mesmo construti-

ções ou doutrinas pessoais interferissem

vo na mente de um cidadão honesto, consciente

no julgamento dos méritos de projetos

e apto para ocupar o cargo.

de pesquisa de escopo evolutivo.

Posto isso, não vou alongar em considerações sobre a doutrina criacionista, à qual se filiam profissionais e cientistas de diversos campos do saber, nem expor seu raciocínio nas questões evolutivas. Importa responder a pergunta do título e eu acho razoável afirmar que não é o criacionismo o vilão da ciência. Pessoas prejudi-

Luiz Roberto Fontes é biólogo (entomólogo) e consultor.

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CONSCIENTIZAÇÃO

Patrulha da Saúde: todos juntos contra o Aedes

Figura 1. Fêmea de Aedes aegypti com abdome repleto de sangue. Foto de Fabio Di Felippo.

Por Lúcia Antônia Taveira; Cássia Aparecida Jorge D’Antônio; Fábio Henrique Di Felippo; Irma de Jesus Galego Lázaro; Joana D’Arc Alves Silva de Aguiar; Maria das Dores Gonçalves Viana; Rodrigo Lino de Matos; Luiz Roberto Fontes

Sem colaboração popular, as ações de saúde pública promovidas pelos municípios são menos eficazes.

Alunos e professores dos ensinos básico e superior, donas-de-casa, idosos e outros grupos populacio nais podem auxiliar em ações de saúde e se tornarão multiplicadores do conhecimento que recebem.

O projeto PATRULHA DA SAÚDE foi implantado em 2018 nas escolas da rede de ensino municipal e estadual de Ribeirão Preto/SP, envolvendo alunos do Ensino Fundamental II e Ensino Médio.

A metodologia e alguns resultados, aqui revelados, podem inspirar outros municípios nessa trilha de ações bem sucedidas para o controle de um problema grave de saúde pública em quase todo o Brasil, que é a dengue, transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti. Ele prolifera em águas paradas no ambiente residencial e no peridomicilio, e a melhor forma de controle é eliminar ou neutralizar os criadouros, mediante ações educativas.

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O mosquito no Brasil A hipótese mais aceita indica que o mosquito Aedes aegypti é originário da África e chegou no continente americano em embarcações que aportaram no Brasil para o tráfico de escravos. Com o mosquito veio a dengue, doença viral transmitida pela picada da fêmea, que necessita de repasto sanguíneo para a maturação dos ovos, com casos no Brasil desde a era colonial.

O mosquito é bem adaptado ao ambiente urbano

Figura 2. Ovos de Aedes aegypti. Foto de Fabio Di Felippo.

e procria em água limpa e parada dentro das edificações ou no peridomicilio, como aquela acumu-

te despreparados. Depois, em 1986, houve

lada em pratos sob vasos das plantas, ralos, caixas

epidemias de dengue no Rio de Janeiro e em

d´água, bebedouros de animais, calhas, ocos de ár-

algumas capitais do Nordeste. Desde então,

vores e de bambus, descartes em geral (latas, vasi-

a doença vem ocorrendo no Brasil de forma

lhas e garrafas vazias; pneus; plásticos em geral) e

continuada e hoje o mosquito é encontrado

outros recipientes, mesmo que sejam de pequenas

em todos os estados brasileiros.

dimensões e de enchimento temporário com as

O mosquito Aedes aegypti não transmite

chuvas. Portanto, é um mosquito que convive com

apenas a dengue, ele é também o principal

a população humana. Outro fato interessante é que

transmissor da febre amarela urbana.

ele tem hábito diurno, voando silenciosamente

Em 2014, no Amapá, foi identificada a cir-

durante o dia, as fêmeas em busca de sangue e os

culação do vírus da febre Chikungunya, que

machos de substâncias vegetais. A picada da fêmea

é transmitido pelo mesmo mosquito. Essa

é quase indolor e ela prefere o sangue humano ao

doença apresenta quadro clínico mais seve-

de outros animais vertebrados.

ro, aumentando a preocupação do Ministério

Os ovos não são depositados diretamente na água,

da Saúde. Em adição, em 2015 foi identificado

e sim um pouco acima, ou nas paredes de recipientes

o vírus causador da febre Zika em Pernam-

secos. Os ovos são muito resistentes e podem sobre-

buco, também transmitido pelo mosquito

viver vários meses, aguardando as chuvas. Quando

Aedes. Finalmente, de 2016 a 2018 registra-

chove, ocorre o contato com a água e logo eclodem

ram-se casos confirmados de febre amare-

as larvas, que em sete a nove dias completam o ciclo

la silvestre em vários estados, sendo Minas

até a fase adulta. Os adultos vivem cerca de um mês e

Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro aqueles

a fêmea chega a depositar de 150 a 200 ovos.

com maior número de ocorrências e óbitos.

Segundo o Ministério da Saúde, a primeira docu-

A infecção silvestre é transmitida por outros

mentação clínica e laboratorial do vírus da dengue

mosquitos, mas a presença do Aedes aegypti

no país ocorreu em 1981-1982, em Boa Vista/RR,

representa risco de urbanizar a transmissão

causada pelas variedades virais DENV-1 e DENV-4,

dessa doença e, assim, agravar o quadro epi-

encontrando a população e o governo totalmen-

demiológico da febre amarela no país.

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As ações de controle As diversas atividades técnicas relativas ao controle do mosquito Aedes aegypti são normatizadas pelo Ministério da Saúde e implementadas pelas Secretarias Estaduais da Saúde, através das respectivas secretarias municipais.

Resumidamente, são preconizadas as atividades: casa-a-casa (visitas de inspeção domiciliar em quadras e bairros); em pontos estratégicos (locais de acúmulo de entulho e outros materiais de alto risco, como ferros-velhos e borracharias); os mutirões de limpeza (ações periódicas de recolha de materiais inservíveis); e atividades específicas de controle em locais de transmissão ativa.

Figura 3. Treinamento da equipe escolar.

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No Estado de São Paulo, a Superintendência de Controle de Endemias/SUCEN coordena essas atividades, junto com os municípios. No Estado, foi definida uma categoria adicional de atenção, denominada Atividade Imóveis Especiais.

São imóveis não residenciais de médio ou grande porte e com maior importância na disseminação do vírus da dengue, Zika e Chikungunya em situações de transmissão por causa do grande fluxo ou permanência de pessoas. Geralmente são edificações com estrutura complexa e que facilita a proliferação do mosquito transmissor, o Aedes aegypti. Nessa categoria de imóveis estão indústrias, hipermercados, hospitais, escolas, universidades e outras.

Por essa razão, visando mudanças de comportamentos e compreensão da realidade quanto à infestação do mosquito no município, implantaram-se ações educativas nas escolas da rede de ensino público municipal e estadual. O objetivo é informar e envolver diretores, professores, pais e alunos na participação ativa das medidas de controle do mosquito, através da eliminação ativa dos criadouros.

A metodologia empregada envolve duas frentes de ações. Uma é orientar e capaciFigura 4. Alunas patrulheiras aplicam tela a uma grelha metálica.

tar a equipe gestora, os professores e os funcionários das unidades escolares, formando multiplicadores para o combate ao mosquito.

A segunda é conscientizar os alunos quanto

Os Agentes de Controle de Endemias (ACE) reali-

à importância de se desenvolver as medidas

zam vistoria bimestral nesses imóveis, sempre acom-

preventivas tanto na escola como em suas re-

panhados por um funcionário indicado pela empresa.

sidências, associando a teoria com a prática e,

Esse funcionário é o Agente Colaborador e tem por

assim, contribuir para o controle do mosquito.

atribuição realizar as medidas de controle nas áreas internas e externas do imóvel, conforme as orientações descritas nos relatórios elaborados pelos ACEs.

Patrulha da Saúde

No município de Ribeirão Preto há cerca de 500

A equipe de Informação, Educação e Comu-

imóveis especiais cadastrados na Divisão de Vigilân-

nicação (IEC) da Divisão de Vigilância Ambien-

cia Ambiental em Saúde, sendo 66 escolas da rede de

tal em Saúde (DVAS), Secretaria Municipal da

ensino estadual e 91 da municipal. Desde 2012, cada

Saúde de Ribeirão Preto, implantou o projeto

vistoria gera um relatório, que é condensado em um

Patrulha da Saúde durante o ano de 2018, nas

diagnóstico individual de cada imóvel, cuja condição

escolas da rede de ensino municipal e estadual,

passa a ser conhecida e monitorada pela coordenação

visando tanto desenvolver um projeto educati-

da equipe municipal de controle de vetores.

vo como dar apoio logístico à Equipe de Imóveis

O mosquito em Ribeirão Preto

Especiais. Foi realizado treinamento para diretores, coordenadores pedagógicos, professores, funcionários e agentes colaboradores, para

No município de Ribeirão Preto, desde 1989 ocorre a

atuarem no desenvolvimento do projeto com os

transmissão do vírus da dengue, com circulação dos so-

alunos e como multiplicadores de informações.

rotipos 1, 2, 3 e 4. O número de pessoas que já contraiu a

Ao fim do treinamento, cada escola recebeu

doença é elevado e há casos que evoluíram para compli-

um CD contendo as palestras que foram apre-

cações e óbito. O município registrou também a ocorrên-

sentadas, e uma cartela com ovos do mosquito

cia de febre Chikungunya e febre Zika, com suas compli-

aderidas. Esse material didático permanece nas

cações. O vetor é o mesmo mosquito, Aedes aegypti.

escolas, para eventual uso dos professores.

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A Secretaria Municipal de Saúde, através do Departamento de Vigilância Epidemiológica e Planejamento, forneceu 400 coletes para serem distribuídos nas escolas, para que os alunos utilizassem durante a realização das atividades práticas de controle do mosquito no ambiente escolar. Além disso, foram distribuídos folhetos educativos para todos os alunos, para que as medidas de controle fossem realizadas em conjunto com os pais no ambiente domiciliar.

Os alunos que atuaram no projeto receberam coletes (cinco por escola) e os pais assinaram autorização para a participação de seus filhos nas atividades práticas.

Os alunos patrulheiros, devidamente paramentados com luvas e sapatos fechados, realizaram vistorias quinzenais na escola, nas áreas interna e externa, procurando e eliminando os possíveis criadouros. As vistorias foram realizadas

Resultados do projeto Durante o ano de 2018 e 2019, selecionamos algumas escolas para desenvolver o projeto. Participaram das atividades práticas 16 unidades escolares da rede municipal e 26 da rede estadual, integrando aproximadamente 70 alunos por escola e no total cerca de 2000 alunos. Atuaram alunos do 6° ao 9° ano do Ensino Fundamental e do 1° ao 3° ano do Ensino Médio, além dos funcionários das escolas.

Segundo relato de vários diretores houve conscientização e mudança de comportamento de grande parte dos alunos, que deixaram de jogar lixo no chão dos pátios nas escolas. Eles também relataram que os alunos se sentem importantes e motivados quando vestem os coletes durante a realização das atividades práticas.

Muitos alunos relataram que passaram a adotar a prática de vistoriar suas casas, juntamente com seus pais, pelo menos uma vez por semana.

As escolas manifestaram interesse em dar continuidade aos trabalhos.

sob a orientação de um adulto, seja professor, agente colaborador ou funcionário da limpeza. Os alunos se revezaram na função de patrulheiros, de modo que todos tiveram oportunidade de participar das atividades práticas, ao longo do ano.

Por sua vez, as escolas disponibilizaram luvas, sacos plásticos e produtos alternativos de controle (sal, detergente, água sanitária, desinfetante e sabão) para os alunos utilizarem na neutralização dos criadouros, no momento da vistoria.

O treinamento e todas as atividades práticas receberam suporte e orientação da equipe de Informação, Educação e Comunicação (IEC).

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Figura 5. Aluno patrulheiro aplica água sanitária em um criadouro.

A grelha metálica telada está ao lado e será recolocada a seguir.

Figura 6. Aluna patrulheira aplica detergente em um criadouro.

Considerações finais

Diante do que foi exposto, podemos concluir que os dados obtidos até o momento foram satisfatórios. A população atingida foi significativa, e os alunos e demais envolvidos poderão atuar como multiplicadores das atividades educativas e práticas.

Acreditamos que houve uma conscientização geral dentro das escolas e nas residências dos alunos.

Com um projeto de baixo custo foi possível mobilizar uma grande parcela da comunidade escolar, associando a teoria com a prática.

Figura 7. Alunos patrulheiros em atividade conjunta de saneamento.

Como o tema é relevante na saúde pública do município, as medidas preventivas e os cuidados com a eliminação de criadouros devem ser divulgados com mais intensidade, para envolver todas as escolas do município de Ribeirão Preto.

A metodologia e alguns resultados, aqui revelados, podem inspirar outros municípios nessa trilha de ações bem sucedidas para o controle de um problema grave de saúde pública em todo o território nacional, transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti, que possui habito urbano e domiciliar, e prolifera em águas paradas na área interna e externa do imóvel.

Lúcia Antônia Taveira1; Cássia Aparecida Jorge D’Antônio2; Fábio Henrique Di Felippo3; Irma de Jesus Galego Lázaro4; Joana D’Arc Alves Silva de Aguiar5; Maria das Dores Gonçalves Viana6; Rodrigo Lino de Matos7; Luiz Roberto Fontes Departamento de Vigilância Epidemiológica e Planejamento / Divisão de Vigilância Ambiental em Saúde-DVAS de Ribeirão Preto.

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GERÊNCIA

A importância da Gestão Operacional no Controle de Pragas Por Uiara Caromano Treviso

Em empresas de controle de pragas é muito comum observarmos erros no momento da gestão e também da operação. Tais erros podem ocorrer em qualquer tipo de negócio, entretanto, quando negligenciados, trarão impactos com graves consequências aos negócios.

Comumente ao assumirmos um novo cliente, vindo de um concorrente, nos deparamos com as mesmas reclamações: insatisfação devido aos atrasos e entregas erradas, falta de contato do res-

operacional da empresa. A operação é o coração de

ponsável técnico com o cliente, falta de retorno da

uma empresa de controle de pragas e merece total

empresa para o cliente, entre outros.

atenção. É importante que as melhorias aumentem

Esses tipos de reclamações, dentro de uma empresa de controle de pragas, trazem alguns

a eficiência de seus processos e garanta o constante desenvolvimento operacional.

prejuízos dos quais podemos citar: perda de bens, danificação dos produtos, desperdício de produtos com consequente desperdício de recursos financeiros, materiais ou de mão de obra, geração de custos desnecessários, retrabalho e finalmen-

As falhas mais comuns na gestão operacional Não enxergar a logística operacional

te a perda do cliente.

Possivelmente algumas falhas passarão des-

A logística operacional é mais complexa do que

percebidas pelos gestores e algumas delas até

muitos gestores acreditam e uma das maiores falhas

parecerão insignificantes, entretanto, o menor

é deixar a logística ser feita apenas pelos operado-

dos problemas e reclamações, advindas tanto do

res e não acompanhar de perto o que acontece nos

cliente, quanto dos próprios funcionários, me-

trabalhos, o que de alguma maneira pode influen-

recem atenção e solução. A solução dos pequenos

ciar na logística como um todo. O que acontece em

problemas impacta positivamente nos resultados

uma etapa influencia diretamente os resultados em

dos negócios tanto a médio, quanto a longo prazo.

outros pontos. Além disso, os elementos também se

Em um mercado cada vez mais competitivo,

alteram conforme as exigências de cada cliente, por

como o nosso, é essencial que os gestores sempre

isso ao realizar uma logística, cada cliente deve ser

busquem alternativas que melhorem o sistema

estudado individualmente.

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O gestor precisa ter em mente que a estrutura

racionais do cliente e que possam facilitar o acesso,

logística é muito dinâmica e deve tentar ao máxi-

abrigo ou proliferação de pragas no local, de forma que

mo prever o comportamento de seus clientes. So-

o gestor possa se adiantar nos atendimentos e evitar

mente dessa maneira conseguirá manter o pro-

chamados além daqueles orçados.

cesso sincronizado. Nesse momento é que entra a importância de se manter um histórico nos aten-

Falha na comunicação

dimentos, detalhando o tempo de serviço desde a chegada do operador ao local até o tempo efetivo

Muitas vezes o dia a dia em um local de trabalho,

de início dos serviços e sua saída do local, para

com um grande fluxo de informações, dificulta o con-

que assim o gestor possa traçar gráficos opera-

trole e a eficiência na comunicação. Entretanto, uma

cionais e consiga montar adequadamente sua lo-

simples falha de comunicação, ainda mais em uma

gística de atendimento.

operação, pode trazer grandes prejuízos. Imagina um

Também é importante se preparar para diver-

operador ir realizar um trabalho a mais de 200 km de

sos imprevistos que possam surgir, tanto vin-

sua empresa e não levar um material devido a uma

dos de fatores internos como externos, como por

falha na comunicação? Por isso é muito importante

exemplo, troca de responsáveis para atender o

adotar algum método onde todos tenham acesso fácil

fornecedor, ou mudanças no cliente para a entrada

a todas as informações dos clientes e que ela não fique

de fornecedores, entre outros.

apenas centralizada em uma pessoa.

Não manter um registro de ocorrências de pragas

Não realizar a verdadeira comunicação do setor de vendas com o operacional

É muito importante que o gestor operacional acompanhe e mantenha um histórico das ocor-

Muitas vezes um vendedor está interessado em

rências em relação às pragas em seus clientes

vender se esquecendo de verificar a estrutura ope-

contratuais, bem como o consumo de iscas e

racional da empresa. Muitos vendedores acabam por

captura de pragas em seus dispositivos. É im-

fazer promessas que o setor operacional não con-

portante também analisar os tipos de insetos

seguirá cumprir, comprometendo a reputação da

capturados em iscas luminosas e outros tipos de

empresa no mercado. Além disso, é preciso ter cui-

dispositivos. Tudo isso para prever ocorrências

dado com os prazos de entrega do serviço. É muito

que possam surgir periodicamente em seu clien-

importante que o setor de vendas da empresa esteja

te e se adiantar nos atendimentos.

em constante comunicação com o setor operacional.

Não realizar o relatório de elementos facilitadores

Não capacitar a equipe Muitos gestores param no tempo, não se capa-

É importante que em todo contrato que entre na

citam e não se alinham com as novas tendências do

empresa seja realizado o relatório de elementos faci-

mercado. Consequentemente acabam por barrar o

litadores, relatando possíveis falhas estruturas/ope-

conhecimento também de seus operadores.

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Investir em cursos e treinamentos

cessos e a visão panorâmica do cenário

não é apenas investir em seu funcioná-

como um todo, com a criação de projetos

rio e sim investir na qualidade da sua

diferenciados e ganhos gerais.

empresa. Muitos trabalhos acabam sen-

Com um trabalho contínuo de acom-

do ganhos não somente por preços bai-

panhamento o gestor vai além, no sentido

xos, mas sim pelo conhecimento técnico

de supervisionar o andamento dos pro-

que a empresa tem a oferecer. Capacitar

cessos. A tendência é de que sua gestão

funcionários é investimento.

tenha inteligência e o mais importante: a

E por fim...

otimização de processos.

Por mais que o gestor no momento de criar a sua operação tente apenas reduzir gastos e aumentar a produtividade da empresa, o planejamento adequado da gestão operacional pode trazer outros benefícios. Podemos dentre eles, dar um destaque maior para a agilidade nos pro-

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Uiara Caromano Treviso Engenheira Agrônoma e Bióloga Especialista em Sistemas de Gestão Integrados Especialista em Doenças Infecciosas e Parasitárias e membro do Conselho Técnico da ABCVP.

CONTROLE

Pragas urbanas que infestam alimentos industrializados Por Roberta Arraes

Sabe quando você abre o seu armário e pega aquele pacote de farinha de trigo aberto e se dá conta de que está cheio de bichinhos? Isso também é muito comum de acontecer nos pacotes de arroz, macarrão, feijão, achocolatado, etc., pois é, existe uma variedade imensa de pragas que infestam grãos em seu processo de armazenagem e também os produtos já processados.

Alguns alimentos comprados a granel, como farinhas, farelos, chás, produtos desidratados, ervas, condimentos e rações para pets também correm risco de já estarem infestados no ato da compra.

As pragas dos produtos armazenados se dividem em:

Fonte: Food Safety Brazil

Pragas Primárias: São as que atacam grãos e sementes sadias, estas podem ser externas ou internas.

dor final, visto que muitas vezes a matéria prima

As internas perfuram e penetram nos grãos e semen-

utilizada para fabricação já vem infestada com

tes para completar seu desenvolvimento, se alimen-

ovos e pupas. Em alguns casos o produto pode ser

tando de todo o interior dos mesmos. As externas

infestado ao ser estocado pelo consumidor em

destroem todo o exterior do grão ou semente (casca),

uma despensa com um produto já infestado, o que

após isto elas se alimentam da parte interna.

chamamos de infestação cruzada.

Pragas Secundárias: Essas pragas não conse-

As espécies mais comuns em alimentos pro-

guem penetrar em grãos e sementes sadios, cau-

cessados são da ordem Coleoptera e Lepdopte-

sando menos prejuízos na área de armazenamento,

ra, a seguir listaremos algumas espécies de im-

porém podem causar danos maiores que as pragas

portância nesse grupo:

primárias, uma vez que elas podem danificar os alimentos já processados.

Até o momento da comercialização dos ali-

Lasioderma serricorne: Pertencente a ordem

mentos, elas passam por uma cadeia de transpor-

Coleoptera, mede de 2-3 mm e as fêmeas são

te, armazenamento e comercialização. Segundo

maiores que os machos. O corpo é de coloração

pesquisadores a infestação pode ocorrer desde o

castanho-avermelhado, com formato ovalado e

momento da colheita, até a chegada ao consumi-

recoberto de cerdas claras e finas.

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O ciclo de vida é variável de acordo com as

Tribolium castaneum: Pertencente a ordem

condições de temperatura e umidade do am-

Coleoptera, é um besouro que mede 4 mm. O

biente, podendo ser de 30-90 dias. Estes insetos

corpo é achatado, de coloração castanho-aver-

possuem metamorfose completa (ovo-larva-

melhada, possui duas depressões transversais

-pupa-adulto). Geralmente as fêmeas deposi-

na cabeça e pronoto retangular.

tam em torno de 100 ovos que, em temperaturas de 35 °C eclodem após 5-6 dias. As larvas são

Ocorrem com maior frequência em locais quentes e úmidos.

móveis e nos primeiros dias se alimentam da

Possuem metamorfose completa (ovo-larva-

casca do ovo, a larva passa por quatro ínstares

-pupa-adulto). As fêmeas depositam em torno

de desenvolvimento. A fase de pupa dura cerca

de 450 ovos de forma aleatória sobre os produ-

de 9 dias. Os adultos voam bastante, são atraí-

tos. As larvas são móveis e preferem se alimen-

dos pela luz, têm vida curta e não se alimentam.

tar dos embriões dos cereais e de resíduos, elas

Tanto as larvas quanto os adultos podem ata-

passam por 6-8 ínstares de desenvolvimento.

car produtos armazenados, incluindo produtos

Os adultos podem sobreviver até 4 anos e voam

já embalados, logo após o ataque o produto é

ativamente durante a vida. Essa espécie tem uma

contaminado com corpos de insetos mortos, fe-

rápida movimentação sobre os produtos.

zes e restos dos casulos pupais.

Sua alimentação causa danos aos produtos,

Nos produtos processados esse inseto é co-

além da contaminação devido aos resíduos de

mum em biscoitos, massas, barras de cereais e

insetos mortos, fezes e peles. Estes besouros

produtos de panificação.

emitem um odor desagradável e podem propiciar o surgimento de mofo nos alimentos.

Nos alimentos processados o Tribolium castaneumn é mais comum em cereais moídos, rações, fubá, farinhas e grãos quebrados.

Fonte: Agro Link

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Fonte: Agro Link

Sitophilus oryzae: Pertencente a ordem Coleoptera,

Plodia interpunctella: Insetos pertencentes a

é considerada a principal praga de grãos armazenados

ordem Lepidoptera, popularmente chamada de

e produtos acabados. Mede de 2-3, 5 mm, apresen-

mariposa ou traça-dos-cereais. Possuem cabeça

ta coloração brilhante castanho-escuro, com quatro

e tórax de coloração pardo-avermelhados, asas

manchas claras nos élitros, possui cabeça prolongada

anteriores com dois traços distais avermelhados

para frente com rosto recurvado, onde se encontra o

e o terço basal acinzentado. Medem de 18-20 mm.

aparelho bucal do tipo mastigador bem desenvolvi-

O ciclo de vida dessa espécie é completo

do, com a finalidade de abrir pequenos orifícios nos

(ovo-larva-pupa-adulto). Os ovos são deposi-

alimentos para depositar seus ovos, as mandíbulas

tados aleatoriamente sobre os produtos, cada

secretam uma substância gelatinosa utilizada para

fêmea pode colocar até 400 ovos. As larvas

fechar a cavidade.

apresentam coloração branca, podendo ser, ro-

O ciclo de vida dessa espécie é completo (ovo-

sadas, marrons, esverdeadas, essa variação de

-larva-pupa-adulto). Uma fêmea pode colocar até

coloração depende dos hábitos alimentares. As

300 ovos. As larvas são imóveis e se alimentam

larvas movimentam-se superficialmente, pro-

dentro do próprio produto atacado, alimentam-

duzem teias e se alimentam preferencialmente

-se vorazmente, por 15-18 dias. As larvas passam

de embriões, durante essa fase acumulam pe-

por quatro ínstares de desenvolvimento. A fase de

les, fezes e casca de ovos nos produtos ataca-

pupa dura de 4-6 dias e também acontece dentro

dos. As pupas se formam dentro e fora do pro-

do produto acabado. Quando completa o ciclo o

duto acabado. Os adultos vivem de 5-13 dias,

adulto cava a saída, deixando um orifício caracte-

não se alimentam e possuem hábitos noturnos.

rístico, voa ativamente e pode viver até 6 meses.

Uma das características mais marcantes nessa es-

Nos alimentos industrializados é mais co-

pécie é a alta produção de seda durante a fase de lar-

mum em cereais como milho, arroz, trigo, mas-

va, um pouco antes de se transformar em pupa, tão

sas, biscoitos, barra de cereais e outros.

marcante que nos ajuda a identificar a infestação.

Fonte: Wikipedia

Fonte: Defesa Vegetal

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Monitoramento e Controle das Pragas de Grãos Armazenados

É importante destacar que, nesse caso, o monitoramento mais eficiente é o visual, realizado por um técnico

O monitoramento é sempre a parte

devidamente treinado, esse monito-

mais importante do Controle de Pra-

ramento deve ser feito no ambiente e

gas, através dele conseguimos mi-

nos produtos.

nimizar o uso de inseticidas e adotar

Aliado ao monitoramento, o trata-

medidas preventivas eficientes para o

mento químico deve ser realizado no

controle da infestação.

ambiente com o intuito de eliminar

É sempre bom observar os pontos de

os focos de infestação. É de extrema

venda de produtos a granel e industria-

importância respeitar a biologia das

lizados, os fatores a serem observados

pragas nessa etapa, considerando a

na hora da compra envolvem, as condi-

espécie infestante e o seu ciclo de

ções de armazenamento, manipulação,

vida. O inseticida utilizado deve ter

higiene do local, conservação das ins-

registro na ANVISA, ter uma ação efi-

talações, presença de insetos voando e

caz, baixa toxicidade ao homem e ao

fios de seda em prateleiras.

meio ambiente e ter uma atividade re-

A boa higiene deve ser sempre man-

sidual necessária.

tida nos locais de armazenamento. Os

Estima-se que no Brasil 10% do que

restos de produtos infestados devem

é produzido é perdido durante o pro-

ser removidos antes de realizar novos

cesso de armazenamento dos grãos. As

armazenamentos.

indústrias alimentícias têm realizado

Na área profissional de Controle de Pra-

uma rigorosa análise nas cargas recebi-

gas já existem ferramentas que auxiliam

das e têm até negado quando constatada

no monitoramento, como as Armadilhas

a presença de insetos vivos ou mortos

de feromônio, ela nos permite monitorar

nas mesmas. Os países importadores

o nível de infestação e as espécies infes-

cada vez mais têm exigido os requisitos

tantes, com base nisso pode-se aplicar os

fitossanitários, atestando assim que o

controles possíveis e necessários para o

produto encontra-se livre de pragas.

controle da infestação. Outra ferramenta é a Armadilha Luminosa, que mesmo não sendo um equipamento específico e com ação limitada, pode nos permitir durante a análise das placas adesivas, a verificação de presença de pragas de grãos.

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Roberta Arraes Engenheira Agrônoma, especialista em Controle de Pragas e membro do Conselho Técnico da ABCVP

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CAPA

Novo coronavírus e os mistérios da sua origem Setembro de 2020, seis meses após a declaração de que estamos em uma pandemia, e ainda temos muitos questionamentos e incertezas. A origem do novo coronavírus (SARS-CoV-2) permanece desconhecida. Além disso, não temos o conhecimento comprovado de medicamentos que atuem no combate à doença. O processo de criação da vacina, ainda, está em andamento. Ao longo dos meses, o vírus foi se espalhando pelo mundo, se tornando a pandemia da doença COVID-19.

que não tem relação com a COVID-19 (Betacoronavírus). No entanto, esses animais domésticos podem servir como vetores mecânicos carregando o novo coronavírus em suas patas e pelos, por isso uma restrição dos passeios e uma correta higienização dos pets são importantes.

Cronologia das notícias divulgadas sobre o novo coronavírus O novo coronavírus, responsável por uma doença respiratória grave, foi reportado pela primeira vez na China, no final de dezembro de 2019. Em janeiro de 2020, as mídias começaram a relatar as-

Coronavírus

sociações do novo coronavírus com animais, principalmente os morcegos. Isso porque as autorida-

A família dos coronavírus apresenta vários ví-

des sanitárias de Wuhan fecharam um mercado de

rus com potencial zoonótico. É uma família ampla

animais vivos por causa do surto. Inicialmente esta

e não se restringe somente ao vírus SARS-CoV-2,

doença teve sua origem associada a esse mercado,

causador da COVID-19. Alguns tipos desses di-

que comercializa animais silvestres para alimen-

versos coronavírus podem provocar doenças em

tação, incluindo morcegos. Mas é importante des-

humanos e outros tipos podem provocar doenças

tacar que nada foi comprovado. Após esta associa-

em animais, como por exemplo, gado, camelos,

ção, a mídia começou a divulgar estudos de anos

morcegos, cachorros e gatos.

anteriores sobre os diferentes coronavírus encon-

Ainda não há estudos que comprovem a trans-

trados em morcegos. Em 22 de janeiro foi publi-

missão do novo coronavírus por animais domés-

cado um estudo sugerindo que o novo coronavírus

ticos de estimação. Os cães e os gatos podem por-

possui informações genéticas semelhantes com

tar um tipo de coronavírus (Alphacoronavírus)

um tipo de coronavírus encontrado em morcegos.

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Figura 1. Cronologia dos acontecimentos sobre a doença COVID-19 desde dezembro de 2019 até agosto de 2020.

Um estudo publicado em 23 de janeiro, que não é conclusivo, intitulado “Discovery of a novel coronavírus associated with the recent pneumonia outbreak in humans and its potential bat origin” (Descoberta de um novo coronavírus associado ao recente surto de pneumonia em humanos e sua potencial origem em morcegos), teve divulgação nas mídias e ganhou proporções de conhecimento mundial, mesmo não tendo sido revisado por pares. Em junho de 2020 começaram a noticiar que no Brasil, e em pelo menos mais quatro países do mundo, foi detectada a presença do novo coronavírus, em amostras de esgoto coletadas semanas antes e até meses antes do primeiro caso oficial. Essas informações fizeram aumentar as dúvidas sobre a origem do novo coronavírus.

O que sabemos até agora?

Outras duas epidemias muito graves que causaram grandes surtos de pneumonia foram: em 2002, com o surto da síndrome respiratória aguda grave (SARS); e em 2012 com a síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS). De acordo com os estudos realizados dessas duas epidemias respiratórias relatadas anteriormente, a origem parece ser zoonótica, vinda de mamíferos (civeta e camelo, respectivamente). No entanto, para a atual pandemia do SARS-CoV-2, causador da doença COVID-19, a origem ainda é desconhecida.

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Estudos apontam que o vírus mais próximo, cerca de 96% de semelhança, foi encontrado em morcegos da espécie Rhinolophus affinis, capturados em Pu’er, China, em 2013. No entanto, outras semelhanças foram encontradas nos genomas de vírus (cerca de 85% de semelhança) em pangolins contrabandeados capturados em Nanning, durante 2017 e em Guangzhou, em 2019, ambos na China. O que se sabe até o momento é que esses animais abrigam SARS-CoVs. Ambos estão envolvidos nas pesquisas sobre a origem do novo coronavírus. Contudo, apesar da estreita relação do SARS-CoV-2 com os morcegos e pangolins, nenhum dos vírus SARS-CoVs existentes representam origem confirmada nesses animais.

Ademais, embora o mercado de Wuhan fosse inicialmente suspeito de ser o epicentro da epide-

Figura 2. Desenho da espécie de morcego Rhinolophus affinis, conhecido como Morcego-Ferradura. Fonte: “Illustration of the intermediate horseshoe bat, Rhinolophus affinis George Edward Dobson - Catalogue of the Chiroptera in the Collection of the British Museum”.

mia, a origem permanece desconhecida.

A proximidade entre os vírus encontrados nos morcegos e pangolins semelhante ao novo coronavírus sugere que o surto de Wuhan provavelmente se originou de uma fonte pontual com subsequente transmissão de pessoa para pessoa, em contraste com a origem do coronavírus que provocou a MERS. Se, de fato, o mercado de Wuhan for a fonte, uma possibilidade é que os morcegos carregando os vírus anteriores ao SARS-CoV-2 foram misturados no mercado, permitindo a recombinação do vírus e o surgimento do novo coronavírus. Porém as amostras de animais do mercado não foram relatadas como positivas.

Além disso, o primeiro paciente identificado com a doença, e outros casos iniciais, não haviam visitado o mercado, sugerindo a possibilidade de uma fonte alternativa.

Origem do SARS-CoV-2 em laboratório?

Em diversas mídias da internet foram divulgadas notícias que o SARS-CoV-2 saiu de um laboratório da China. Quanto a essa teoria, atualmente não há evidências mostrando que o novo coronavírus é um recombinante artificial, feito em laboratório. Para elucidar a origem evolutiva e o caminho do SARS-CoV-2, são necessários mais estudos em relação aos vírus denominados de SARS-CoVs com os principais agentes envolvidos, ou seja, humanos, morcegos e pangolins. A OMS (Organização Mundial da Saúde) afirma que são especulações na ausência de provas, já que não existe registro científico que indique que o vírus foi criado em laboratório. Em uma reportagem da BBC News Brasil diz que “de qualquer modo, oficiais de inteligência seguem investigando se a pandemia se originou mesmo da transmissão de animais para humanos ou se surgiu em algum laboratório, mesmo que por acidente.”

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Morcegos, mídia e conservação

servação desses animais. Apesar da incerteza sobre a origem, em janeiro de 2020 cresceu o número de interesse sobre morcego na internet. A palavra

Os morcegos parecem ser únicos em sua pro-

morcego foi associada às palavras relacionadas ao

pensão a hospedar vírus zoonóticos, devido ao seu

novo coronavírus e ao consumo desse animal. Mui-

histórico de vida e fatores ecológicos. Embora es-

tas pessoas pesquisaram sobre morcego e sopa na

tudos sugiram a associação do SARS-CoV-2 com

internet. Essa associação do morcego com a palavra

morcegos, não afirmam que esses animais são os

sopa pode ser devido às notícias que relacionaram

hospedeiros originais do vírus.

a transmissão do SARS-CoV-2 a um vídeo de uma

Após a declaração da pandemia, esta associa-

mulher chinesa comendo sopa com morcego. No

ção ganhou a mídia internacional onde o destaque

entanto, o vídeo não foi filmado na China e sim em

eram os morcegos como prováveis transmissores

Palau, no oeste do Oceano Pacífico, em 2016. Sendo

do SARS-CoV-2. Algum tempo depois, notícias de

assim, essa informação não apresenta nenhuma re-

matança ou de queixas sobre morcegos começaram

lação com o início da transmissão do SARS-CoV-2.

a surgir. As percepções equivocadas da população

A origem, bem como o início da transmissão do

têm prejudicado a conservação dos morcegos de

SARS-CoV-2 para humanos, até o presente mo-

três principais formas: pela morte direta dos in-

mento não foi determinada.

divíduos; pelo pouco apoio dado às iniciativas de

O impacto de mais uma doença associada aos

conservação de habitats naturais, como cavernas; e

morcegos, e nesse caso de uma doença que se tor-

também pelo pouco apoio às pesquisas científicas.

nou uma pandemia, poderá retroceder os resul-

Um novo vírus associado aos morcegos pode ser mais um obstáculo no difícil trabalho de con-

tados obtidos para a conservação das espécies de morcegos em todo o mundo.

Figura 3. Morcegos utilizando caverna como abrigo. Foto: Priscila Stefáni Monteiro-Alves.

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As informações ainda não evidenciadas, fake news, notícias incompletas, generalistas e que não

Atuais cuidados necessários para as pesquisas em trabalhos de campo

reforçam o papel ecossistêmico dos morcegos podem ter consequências irremediáveis pois afetarão

E nós, humanos, podemos transmitir o novo coro-

a percepção popular em relação aos morcegos por

navírus para outros animais? Um pesquisador infecta-

longos períodos, e não só localmente, mas mun-

do, assintomático, pode passar a doença para um mor-

dialmente. As informações divulgadas para o pú-

cego em um trabalho de campo? Não sabemos... Existe

blico em geral e também nos artigos científicos que

o caso de tigres e leões infectados por um funcionário

abordam morcegos como hospedeiros precisam ser

que teve quadro assintomático de COVID-19 em um

mais cautelosas para não causar pânico e temor e

zoológico de Nova Iorque. Então, é possível, que nós

destacar os aspectos positivos dos morcegos.

humanos possamos transmitir para outros animais.

Figura 4. Equipamento de segurança para manuseio de morcegos e outros animais silvestres. Fonte: Moratelli, R.; Kuzzel, M.A.A.; Costa-Neto, S.F.; Novaes, R.L.M.; Almeida, B. Veríssimo, I.; Pilatti, P. & Cláudio, V.C. 2020. Recomendações para a redução dos riscos de transmissão do SARS-CoV-2 de humanos para morcegos durante atividades de campo no período da pandemia de COVID-19). Sociedade Brasileira para o Estudo de Quirópteros.

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Como prevenção, a Sociedade Brasileira para o Estudo de Quirópteros (SBEQ) em parceria com a Fiocruz, elaborou um protocolo com recomendações de biossegurança e boas práticas de campo, para atividades que envolvam captura e manuseio de morcegos em vida livre. Isso foi feito para minimizar os riscos de transmissão do SARS-CoV-2 de humanos para morcegos, assim como o risco de transmissão de outros patógenos de potencial zoonótico de morcegos para humanos. Esse protocolo pode ser baixado no site da SBEQ. Nesse documento os autores destacam que, em abril de 2020, o Grupo de Especialistas em Morcegos da Comissão de Sobrevivência de Espécies da

Figura 5. Morcego nectarívoro, Glossophaga soricina, com o rosto cheio de pólen auxiliando na polinização. Foto: Luciana M. Costa.

IUCN (IUCN Species Survival Commission Bat Specialist Group) recomendou a suspensão de todo traba-

importância no controle de insetos, dispersando se-

lho de campo envolvendo interações com morce-

mentes, polinizando flores, entre outros. Os morce-

gos enquanto considerava o risco de transmissão

gos são muito importantes para o mundo!

do SARS-CoV-2 de humanos para morcegos. Em

As pandemias virais nos lembram o quanto a

junho foi divulgado que existe um risco de trans-

saúde humana está ligada à saúde da vida selva-

missão do SARS-CoV-2 de humanos para morce-

gem e do meio ambiente. Várias entidades e cien-

gos, o qual pode ser reduzido usando estratégias

tistas envolvidos na conservação dos morcegos

de mitigação apropriadas.

estão trabalhando para minimizar os impactos da

Morcegos e seus papéis ecossistêmicos

associação do SARS-CoV-2 com morcegos, como por exemplo o Projeto Morcegos na Praça, a Sociedade Brasileira para o Estudo de Quirópteros, os Programas para a Conservação dos Morcegos e Bat

Os morcegos, que já não eram bem vistos por par-

Conservation Trust. Não sabemos se a verdadeira

te da população humana, tiveram mais um fator de

origem do novo coronavírus será descoberta, mas

risco associado à sua sobrevivência. Ressaltamos que

é certo que essa associação negativa ficará sobre

existem mais de 1.400 espécies de morcegos espa-

os morcegos. O impacto de mais uma doença asso-

lhadas por praticamente todo o globo. Em diferentes

ciada aos morcegos poderá dificultar os esforços e

países a percepção e relação com os morcegos pode

resultados obtidos em prol da conservação desses

variar, mas em todos os lugares esses animais de-

animais. Não sabemos se um dia descobriremos a

sempenham importantes papéis ecossistêmicos.

verdadeira origem do novo coronavírus, mas sa-

Os morcegos devem ser protegidos como membros

bemos que essa associação negativa, ficará mar-

importantes das comunidades naturais devido à sua

cada na história dos morcegos.

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Será que um dia saberemos a verdadeira origem do novo coronavírus?

Antes de tirar qualquer conclusão sobre a origem, incidência e contaminação

Priscila Stéfani Monteiro Alves Doutoranda em Ecologia e Evolução - PPGEE (FAPERJ), Laboratório de Ecologia de Mamíferos – UERJ.

do vírus, é preciso aguardar mais estudos.

A origem do novo coronavírus ainda é um mistério, não foi determinada.

Em estudos anteriores, ainda antes da pandemia, cientistas já haviam en-

Luciana de Moraes Costa Doutora em Ecologia e Evolução – PPGEE.

contrado diversos tipos de coronavírus em animais selvagens, como morcegos e pangolins. No entanto, o papel desempenhado por pangolins ou morcegos no surgimento do SARS-CoV-2, que causa a COVID-19, ainda não está claro.

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Elizabete Captivo Lourenço Pós-doutorado PAPDRJ (FAPERJ/CAPES), Laboratório de Ecologia de Mamíferos – UERJ.

CAPACITAÇÃO

Pré ECOprag Online

No dia em que seria realizado o Congresso Internacional de Líderes, ABCVP reúne o setor numa conferência online.

O

congresso

Internacional

de Líderes do Controle de Vetores & Pragas Urbanas (ECOprag) presencial, previsto para os dias 20, 21 e 22 de maio, não aconteceu em virtude da pandemia, no entanto, a data não passou despercebida. A ABCVP não mediu esforços para reunir o setor na data. Numa conferência online, realizada no dia 20, a Associação convidou o Doutor em Economia pela USP, Samuel Pessoa, para trazer à luz informações relevantes sobre a Conjuntura Econômica e o Desenvolvimento do setor face à Covid-19. Cerca de 200 líderes se inscreveram para o evento online.

Samuel Pessoa é pesquisador de Economia da FGV e colunista econômico. Estuda crescimento e desenvolvimento econômico.

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O Pré Ecoprag Online, ocorrido em 20 de maio,

Entre os pontos de argumentação do economista

teve como objetivos:

destacam-se:

• honrar o compromisso com o segmento na data

• Conjuntura econômica e cenário internacional;

inicialmente agendada;

• Números da epidemia;

• oferecer conteúdo relevante aos empresários,

• Desenvolvimento da economia e consequente-

neste momento de incertezas;

mente do país;

• usar os recursos virtuais disponíveis para unir e

• Agenda doméstica;

fortalecer o setor com informações úteis e aplicáveis à rotina;

Segundo Samuel Pessoa algumas políticas precisam ser adotadas, com urgência, para manter a econo-

Com todas as adaptações que o mundo precisou

mia funcionando. São elas:

fazer nos últimos meses, devido ao novo cenário de pandemia, o setor também buscou se adaptar à

• Transferência direta do tesouro nacional para as

nova realidade. Em um papo sobre o contexto da

famílias de baixa renda;

conjuntura econômica, os exemplos do passado e o

• Alguma permissão para recontratação, redução de sa-

que pode prevalecer no futuro, o professor destacou

lário X redução de jornada de trabalho, a fim de manter

os desafios e transformações da economia no perí-

os contratos entre empregadores e empregados.;

odo pós-pandemia, com dados que ajudam a em-

• Alguma linha de crédito, em condições muito favo-

basar as decisões em tempos de novo normal.

ráveis, com parte significativa do risco para o tesouro;

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Esta é uma crise diferente de tudo que

Uma combinação desse pacote

já vivemos. Trata-se de um problema

já tem sido adotada. No entanto,

sanitário que vem desligando as

o déficit público em todo o mundo

economias em série. Começou pela

aumentou muito. Todas as

China, passou pelos países da África,

economias sairão com uma dívida

até chegar nas Américas.

pública ainda muito maior.

Para o economista, antes da crise acreditava-se que o mundo ia crescer 3%, segundo o FMI (Fundo Monetário Internacional), Contudo, em vez de crescer, perdeu 3%, e a expectativa é de que os países voltem a crescer os mesmos 3% pós-crise. A exemplo da China, que está voltando à normalidade. O desempenho dela no 2º trimestre fornece um panorama de que ela já cresceu de 3 a 3,5% em relação ao mesmo período no ano passado.

Um dos pontos abordados durante a transmissão foi a retração da economia nacional. Com a desvalorização do câm-

Não está claro como a política vai se mexer

bio, o enfraquecimento da moeda nacional

para ajustar o fiscal. Estamos no meio de uma

e um presidente da República que se recusa a assumir uma liderança maior, Samuel

crise muito grande, contudo, a agricultura

diz que o cenário político-econômico pós-

continuará crescendo, mas os investimen-

pandemia é de muitas incertezas.

Samuel acredita que a saída pode ser

tos cairão cerca de 15%, o comércio 8,5%, os

enfrentar o problema fiscal com medidas

transportes 11,5%, ao passo que o setor de de-

que reduzam o gasto obrigatório no setor

detização cairá 4,5%. Creio que eles vão optar

público brasileiro. Esta deve ser a principal

pelo ajuste fiscal, caso contrário haverá um

agenda do Congresso.

Ao final da argumentação Samuel respondeu às perguntas dos líderes, feitas

desequilíbrio macro, podendo representar um atraso de mais de 20 anos para o país.

através do chat. O Pré ECOprag Online foi apresentado por Denise Ribeiro e mediado por Paulo Henrique Costa, com encerramento feito pelo presidente da ABCVP, Ruben Barat. A boa interação dos participantes nos dois blocos, gerando uma audiência que se manteve em 86%, deixou os organizadores otimistas para o próximo evento online, que será no dia 20 de outubro. Até lá! A ABCVP te espera para mais uma co-

O Pré ECOprag Online contou com: Organização ABCVP Planejamento PHCFOCO Operação SoulClear Comunicação Rauze

nexão de puro conhecimento e capacitação.

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BOAS PRÁTICAS

Luzes, insetos e AÇÃO! Vantagens das armadilhas luminosas no controle de pragas urbanas Por Bruno Corrêa Barbosa e Fabio Prezoto

Os insetos possuem diferentes respostas como

podem ser contaminados ou danificados

reação à ação da luz, enquanto alguns são atraídos

no processo de eliminação das infesta-

como por exemplo as moscas, outros são repelidos,

ções, em especial nos hospitais, à presen-

como por exemplo as baratas. Isso se deve ao com-

ça dos pacientes fragilizados e, portanto,

portamento que esses insetos têm em resposta a um

mais propensos a contrair algum tipo de

estímulo direcional de luz, orientados por estrutu-

infecção. Assim, a tecnologia sobre essas

ras localizadas no topo de suas cabeças (Figura 1),

armadilhas visa seu uso além da pesquisa.

chamadas de ocelos, os insetos atraídos em direção

Com um mercado cada vez mais compe-

ao foco luminoso são chamados de fototrópicos po-

titivo e consumidores mais exigentes, as

sitivos e os insetos repelidos pela luz são chama-

empresas devem prezar por qualidade e

dos de fototrópicos negativos, reagindo no sentido

eficiência no controle de pragas.

oposto ao foco luminoso.

A grande maioria dos insetos considerados pragas como moscas, borboletas, besouros são atraídos pela luz (=fototrópicos), assim, uma eficiente forma de monitorá-los e controlá-los é através da utilização de armadilhas luminosas. Muitos destes insetos voadores podem ser transmissores de doenças, afetando nossa saúde ou prejudicando a qualidade de produtos e/ou serviços como em hospitais, restaurantes, padarias e praças de alimentação. Locais esses, que são atrativos para pragas, pois possuem um grande fluxo de pessoas e de material orgânico. O controle de pragas em um ambiente como os citados anteriormente, não é uma tarefa fácil, uma vez que se trata de lugares com atividade constante, possui recursos que não

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Figura 1: Detalhe dos olhos e dos ocelos na cabeça de um inseto.

Originalmente construídas de forma rústica, com apenas um lençol branco esticado e uma lâmpada, podendo também apesentar formato cilíndrico, construído em madeira, PVC ou resina de cor branca, hoje, com o desenvolvimento das lâmpadas de luzes fluorescentes monocromáticas, de diferentes comprimentos de onda, o uso das armadilhas luminosas encontrou novas possibilidades e melhor eficiência. De modo geral, as armadilhas são sustentadas por um cavalete com um tambor com água e bastante sabão, onde os insetos cairão, depois de atraídos pela luz.

As armadilhas luminosas mais sofisticadas

Figura 2 : Modelo de armadilha luminosa (Up Basic 30) com lâmpada fluorescente.

podem utilizar lâmpadas LED ou fluorescentes (Figuras 2 e 3) e se diferenciam das demais por capturar os insetos em uma placa adesiva atóxica (Figura 4), permitindo um controle silencioso, inodoro e higiênico dos insetos voadores, muito indicado para ambientes que requerem maiores cuidados na higiene, como por exemplo, locais com manuseio de alimentos, laboratórios, refeitórios e hospitais (Figura 5). As armadilhas com placas adesivas se destacam em relação às armadilhas com eletrocussão que, apesar de bastante populares, não são recomendadas para ambientes de produção alimentícia, já que os insetos se fragmentam ao serem mortos podendo contaminar a área de preparo ou armazenagem, além do incômodo à possíveis frequentadores.

O funcionamento das armadilhas luminosas com placas adesivas, apresentadas anteriormente, são feitas através da atração dos insetos voadores pela luz ultravioleta (UV), cuja onda dos raios luminosos está abaixo de 400 nanômetros. As lâmpadas utilizadas nos aparelhos produzem ondas de espectro aproximado de 360 nanômetros para atração dos insetos eliminando-os através da captura em placas adesivas.

Figura 3 : A – Modelo de armadilha luminosa (Up LED) com lâmpada LED; B – Armadilha luminosa com lâmpada LED aberta.

33

Figura 4: Modelo de armadilha luminosa com a placa adesiva atóxica: A – placa adesiva limpa; B – placa adesiva depois de 15 dias de uso.

A vantagem das armadilhas luminosas em relação ao controle químico de insetos está na proteção contínua e permanente do ambiente, ou seja, depois de instaladas, o UV das armadilhas podem funcionar por até 8 mil horas aproximadamente quando usadas lâmpadas fluorescentes e para lâmpadas LED pode chegar a 25 mil horas aproximadamente, precisando apenas trocar o refil adesivo entre 15 a 30 dias, já o controle químico tem que ser realizado no mínimo mensalmente de acordo com a ANVISA. Podemos destacar também, uma menor taxa de

Figura 5: Armadilha luminosa com adesivo instalada em um estabelecimento alimentício.

contaminação ambiental, dos produtos, do cliente e dos técnicos que forem aplicar os produtos.

Para se ter um bom resultado é importante trabalhar com produtos de qualidade, as lâmpadas precisam ser testadas em laboratórios junto aos outros itens que compõem a parte elétrica da armadilha, vale destacar a importância de parcerias com grupos de pesquisas para melhorar a qualidade

Bruno Corrêa Barbosa Biólogo, Doutor em Ecologia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

e desempenho dos produtos.

Essa nova geração de armadilhas traz uma preocupação em melhorar e otimizar o funcionamento das suas armadilhas para facilitar a vida das pessoas e contribuir para o harmonioso convívio com o meio ambiente.

34

Fabio Prezoto Biólogo, Docente do Depto. de Zoologia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

TÚNEL DO TEMPO

A importância de um manejo integrado para o controle de

Escorpiões Crendices, lendas e muitas his-

Antes o escorpião amarelo era

da Tijuca, invadindo residências

tórias. Assim, cercados de mistérios,

motivo de reclamação em bairros

de alto padrão, causando pânico

os escorpiões habitam quase todos

como Realengo, Anchieta, Ri-

aos moradores.

os ambientes da terra, convivendo

cardo de Albuquerque, Marechal

A presença de Tityus serrula-

com o homem desde a sua origem.

Hermes, Campo Grande, Santa

tus na Barra da Tijuca, no en-

Entretanto, às portas do sécu-

Cruz, infestando os bueiros da

tanto, não é uma novidade. Eles

lo XXI, algumas pessoas não co-

rede pluvial ou surgindo locali-

já habitavam esta região muito

nhecem, e muitas nunca viram,

zadamente em cemitérios. Apa-

antes do homem chegar lá. É

um único escorpião de perto, in-

reciam também, isoladamente,

certo que o “boom” imobiliá-

cluindo os profissionais contro-

em algumas residências em San-

rio intensificou a sua presen-

ladores de pragas.

ta Tereza, Méier, Jacarepaguá e

ça, pois muitos tijolos, telhas e

Na cidade do Rio de Janeiro, a

até mesmo no Centro, certamen-

outros elementos de construção

espécie mais comum é o Tityus ser-

te, resultante de algum processo

foram trazidos de municípios

rulatus (escorpião amarelo), ocor-

passivo de dispersão.

naturalmente infestados. vêm

Assim, passivamente e sem

com menor frequência, como o

acontecendo episódios de infes-

pressa, os escorpiões vêm es-

Tityus trivittatus, com registros em

tação por escorpiões amarelos, de

tabelecendo-se em residências,

Copacabana e Alto da Boa Vista.

maneira mais intensa, na Barra

clubes e condomínios do bairro.

rendo também outras espécies

Porém,

recentemente

35

As etapas do controle Os procedimentos de controle podem ser convencionais,

mente,

mas

diferenciados

ção. Os escorpiões po-

quanto à sensibilidade dos pro-

dem viver no interior

fissionais envolvidos.

de um cupinzeiro por

bastante

descupiniza-

um tempo indetermi-

Inspeção

nado, mas ocorrendo um

A inspeção é fundamental.

ataque

químico,

eles poderão ser desa-

Converse com o cliente, pergun-

lojados, causando um grande in-

tando-lhe sobre tamanho, colo-

cômodo no local.

ração e os locais onde foram vistos com maior frequência.

Também é importante informar ao cliente sobre o risco de

Perguntar se houve algum

acidentes escorpiônicos e so-

tipo de obra no local e, se pos-

bre as consequências da pica-

sível, a procedência do material

da. Neste caso, recomenda-se o

utilizado, principalmente telhas,

encaminhamento da pessoa aci-

tijolos, azulejos e pisos. Observe

dentada para o hospital ou posto

também o perímetro para verifi-

de saúde mais próximo.

car a existência de obras de construção civil nas proximidades.

Estas informações deverão ser transmitidas ao cliente de modo

Outro fator importante que,

discreto e com segurança, para

às vezes é esquecido num pro-

não criar uma situação de pânico.

cesso investigatório, é o ques-

Jamais se aproveite da situ-

tionamento sobre a realização de

ação para tirar proveito comer-

algum tipo de controle químico

cial, como por exemplo, esti-

praticado no local, principal-

mar

quantitativamente

uma

população de escorpiões que infesta o local.

Caixotes de madeira esquecidos após a construção.

Prédios condominiais O mais recente caso de infestação de risco por Tityus serrulatus que aconteceu no Rio de Janeiro, ocorreu na Barra da Tijuca, num edifício com 180 apartamentos, localizado num conhecido condomínio de classes média e média alta. Os escorpiões estavam distribuídos entre o 9º e 22º andar. Deslocavam-se de um apartamento para o outro através dos conduítes, grades de ventilação e, principalmente, pelo rebaixamento de teto. Exemplares adultos e jovens de Tityus serrulatus foram encontrados em banheiros, cozinhas, salas, quartos e até

Janelas localizadas acima do gesso de rebaixamento (detalhe da madeira e papelão).

varandas, deixando alguns moradores em pânico.

A primeira providência foi ouvir as pessoas e selecionar as informações que poderiam conduzir o histórico da infestação.

36

Observou-se pessoas corpiões,

não

que

muitas

conheciam

es-

principalmente

Alguns fatores chamaram a atenção:

os

porteiros e faxineiros. Outras

• Falhas estruturais nas paredes

conheciam, mas não se in-

divisórias localizadas acima das

comodavam com a presença,

placas de gesso do rebaixamento

achando-os inofensivos e con-

do teto, permitindo a intercomu-

tavam experiências anteriores

nicação dos apartamentos de um

com escorpiões em outras regi-

mesmo andar.

ões do Brasil, que pela descri-

• Dois apartamentos de co-

ção eram exemplares de espé-

bertura haviam passado por

cies sem importância médica.

grande reforma, sendo que um

Foi necessária a realização de

deles permaneceu em obras por

um trabalho de divulgação da es-

quase um ano.

pécie infestante, distribuição de

• A realização de uma “pseudo

folhetos e fixação de cartazes.

descupinização” Isto é, todas as

O perímetro externo foi inten-

extremidades do gesso, utilizado

samente inspecionado, em fun-

no rebaixamento do teto dos cor-

ção da localização do condomínio

redores de todos os andares, fo-

numa área de infestação natural e

ram simetricamente perfuradas

pela existência de grandes obras

para aplicação de praguicidas,

de construção civil no períme-

por uma empresa prestadora de

tro adjacente. Como nada foi ob-

serviço, de forma errônea.

servado que caracterizasse uma

Terminada a inspeção ficou

infestação externa, as atenções

concluído que os escorpiões fo-

foram direcionadas às partes in-

ram introduzidos passivamente

ternas do edifício.

no prédio através de embalagens

Todas as partes comuns foram

contendo objetos diversos trazi-

inspecionadas com muita aten-

dos por alguma mudança ou por

ção. Os técnicos envolvidos foram

meio de caixas de azulejos ou pi-

orientados a observar todos os

sos de cerâmica utilizados em al-

detalhes que pudessem esclare-

guma reforma.

cer aquela situação de infestação

Não foi possível determinar

e entender porque os escorpiões

a quanto tempo o edifício estava

surgiram em determinados apar-

infestado, mas certamente a des-

tamentos com maior frequência

cupinização serviu para dispersar

do que em outros pontos.

os escorpiões que se alimentavam dos cupins e infestavam algumas formas de madeira “esquecidas”

Aspectos biológicos.

• Carnívoros • Tamanho: 1,5 até 18 cm (fósseis - 90 cm).

• Inimigos naturais: corujas, gaviões, lagartos, sapos, rãs, lacraias, formigas, etc.

• Longevidade: 3 - 4 anos.

• Maturidade sexual: 1 ano.

• Nº de ecdises: 5.

• Período de gestação: 2,5 3 meses.

• Nº de filhotes/ninhada: + ou - 20.

• Nº de partos/vida: 3.

• Tempo de permanência no dorso da mãe: 15 dias.

• Acasalamento em qualquer período do ano (maior frequência: setembro/abril).

Generalidades • São noturnos.

• Possuem importância no equilíbrio da natureza como predadores de inseto, aranhas e outros invertebrados rasteiros.

• Preferem ambientes secos e quentes.

• Locais de abrigo: sob pedras, troncos caídos, frestas em rochas, sob móveis, dentro de calçados, peças de roupas espalhadas pelo chão, etc.

durante o processo de construção.

37

Numa segunda etapa foram estabelecidas as normas para o controle químico. Os moradores foram orientados a esvaziar todos os armários e deixar livres todos os possíveis locais de abrigo aos escorpiões. A metodologia de controle químico explicada detalhadamente aos interessados, pois seria aplicada de modo diferenciado e personalizado em função do mobiliário, dos tipos de revestimentos ou mesmo dos detalhes de decoração em cada apartamento.

Inseticida x situação Os inseticidas foram escolhidos observando-se a principal característica de cada grupo químico, obedecendo também o histórico e a situação atual de cada apartamento, em compatibilidade à sensibilidade individual das pessoas.

Os piretróides foram utilizados quando se pretendia provocar um desalojamento ou um bloqueio de deslocamento dos escorpiões no interior dos conduítes, nesse último caso, foi utilizada a formulação em pó seco. Ressalta-se que a utilização de piretróides é recomendada para locais livres e com possibilidade de captura dos escorpiões desalojados.

A aplicação de inseticidas piretróides microencapsulados foi bem aceita pelos moradores por não causar incômodo quanto ao odor. Este tipo de formulação foi utilizada em locais onde se pretendia alcançar uma ação residu-

38

Luminária vista acima da placa de gesso.

al mais prolongada.

Paralelamente às ações de controle químico foram realizadas vedações em todas as fendas e frestas que poderiam servir de abrigo aos escorpiões. A natureza do material utilizado foi a mais variada possível, pois deveria ser compatível com a decoração de cada ambiente. Assim, tela plástica, fitas adesivas, isopor, barra metalon, espuma, silicone, e até mesmo mechas de algodão, serviram para realização das vedações.

O objetivo destas vedações foi para impedir o acesso dos escorpiões para o interior dos apartamentos, confinando-os acima do rebaixamento do teto.

O tempo médio de permanência da equipe por apartamento foi de 4 a 5 horas.

Nas áreas comuns do edifício também foram realizadas pequenas obras por uma empresa especializada. Algumas placas de gesso foram removidas, para facilitar a vedação das frestas que permitiam a passagem dos escorpiões de um apartamento para o outro.

As paredes foram rebocadas para fechamento dos buracos dos tijolos que, consequentemente, serviam de abrigo. Com o término desta obra, estes locais receberam o tratamento químico pertinente.

Antes da vedação definitiva das partes reformadas, e com a retirada de todo o entulho, foram instaladas armadilhas adesivas por um período de 48 Horas, procurando atrair alguns escorpiões que tivessem sobrevivido ao ataque químico .

Concluindo, todo perímetro externo foi tratado quimicamente com a metodologia convencional utilizada para controle de baratas de esgoto.

Assistência técnica Foi oferecida uma assistência técnica total e imediata durante um período de seis meses, que representou muito mais monitoramento permanente dos resultados em um programa continuado de vedação de pontos remanescentes que pudessem dar acesso à passagem de escorpiões.

A integração Neste MIP as ações químicas não representaram a etapa princi-

pal para o controle dos escorpiões, como ocorre nos procedimentos convencionais para controle de pragas urbanas. O uso de praguicidas foi minimizado porque recebeu o mesmo peso metodológico que as ações educativas mecânicas, higiênicas e, o mais importante, a integração de pessoas envolvidas direta ou indiretamente com o local onde foram desenvolvidas as atividades. Já são 632 dias sem escorpiões.

de alta infestação por escorpiões amarelos no cemitério desta cidade. Nesta situação, as atividades foram direcionadas ao emprego de produtos químicos, o piretróide microencapsulado Lambda Cialotrina, resultando em um controle populacional bastante elevado, senão integral dos escorpiões infestantes

Situações em áreas externas

Os escorpiões, pragas de alta prevalência em algumas localidades do Brasil e de incidência crescente em outras, requerem definições mais aprofundadas quanto às técnicas de controle, tanto no que se refere aos produtos químicos, quanto às técnicas de aplicação e às medidas profi-

Comunicação pessoal do responsável pela equipe de controle de vetores da Vigilância Sanitária do município de Resende demonstrou os excelentes resultados obtidos para o extermínio

Perspectivas

láticas e de correção ambiental.

São conhecidos os resultados bem sucedidos quanto ao emprego dos organofosforados Diazinon, na formulação microencapsulada, para o controle destes animais.

Testes de laboratório conduzidos recentemente demonstraram uma alta eficiência dos princípios ativos Propoxur, Ciflutrina e B-ciflutrina.

Urge o delineamento de metodologias de controle para orientação de empresas prestadoras de serviços, que se deparam, cada vez mais, com situações de infestação por esta praga.

* André Luis Barbosa é biólogo e escreveu este artigo na Revista V&P de Nº 04 , no ano de 1999. Na época ele ocupava o cargo de analista ambiental da FEEMA. Atualmente é Chefe da Secretaria Estadual de Ambiente (INEA).

39

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