Revista Vetores & Pragas - Edição 56

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EXPEDIENTE

ISSN 1982 - 4262

Vetores&Pragas é uma publicação quadrimestral da Associação Brasileira de Controle de Vetores e Pragas - ABCVP Av. Pastor Martin Luther King Jr, 126 Torre 3000 - 14º andar - sala 1.504 Office Nova América - Del Castilho - RJ Tels: (21) 2577-6433 / 3435-2477 abcvp@abcvp.com.br / www.abcvp.com.br DIRETORIA RUBEN BARAT Presidente da ABVCP MARCOS MORAES Vice-presidente da ABVCP CLAUDIO MELLO Diretor administrativo da ABVCP MARCELO CUNHA FREITAS Biólogo, especialista no controle de Vetores e Pragas e Diretor Técnico da ABCVP FERNANDO MARQUES Diretor financeiro da ABCVP CONSELHO EDITORIAL MARCELO CUNHA FREITAS Biólogo, especialista no controle de Vetores e Pragas e Diretor Técnico da ABCVP

Ano XXIII | Nº 56 | Dezembro de 2020

VEM LOGO, 2021!!! O ano de 2020 finalmente chega ao fim, e nunca ansiamos tanto por isso. Não há uma guerra declarada lá fora, no entanto muitos enfrentaram, e ainda enfrentam, verdadeiras batalhas em seu interior, seja pela solidão, crise financeira... não ouvimos rumores de guerra, mas de uma pandemia assoladora, a qual custamos a acreditar em seu poder devastador. As aulas foram canceladas, o comércio fechado, uso de máscaras, álcool gel, distanciamento... Tivemos que nos isolar, engavetar sonhos, adiar projetos, comemorar sós, e até nos momentos de luto tivemos que chorar sozinhos, porque esse vírus nos tirou até o direito da despedida. Não fomos educados nem ensinados para isso. O novo normal chegou

UIARA CAROMANO TREVISO Bióloga e Membro da Comissão Técnica da ABCVP

de maneira avassaladora trazendo consigo falência, desemprego, divór-

HENRIQUE G. CORTEZ Engenheiro agrônomo e Membro da Comissão Técnica da ABCVP

maram com o vazio.

SILVIA REGINA RODRIGUES DA ROCHA Química e Membro da Comissão Técnica da ABCVP

cio... a falta de experiência com o novo deixou lacunas que já se acostuNinguém duvida de que 2020 foi um dos períodos mais desafiadores da história recente. A pandemia do novo coronavírus (COVID-19), trouxe muitas incertezas e amarguras, e ainda há muita gente contabi-

CONSELHO CONSULTIVO ANA EUGÊNIA DE CARVALHO CAMPOS Bióloga – Doutora em Zoologia e Assessora da Presidência do Instituto Biológico – SP

lizando suas perdas.

CLAUDIO MAURÍCIO VIEIRA DE SOUZA Aracnologista – Laboratório de Artrópodos, Instituto Vital Brazil

da saúde e da vida. A pandemia nos trouxe ainda mais trabalho e ti-

LUIZ ROBERTO FONTES Doutor em Zoologia (entomólogo) pelo Instituto de Biociências da USP e consultor MÁRIO CARLOS DE FILIPI Zootecnista, especialista em Entomologia Urbana JAIR ROSA DUARTE (In Memoriam)

Entre mortos e feridos, assumimos o front de batalha. Nosso setor ganhou destaque e nossa atividade se tornou essencial à manutenção vemos que dar duro para mostrar nosso valor. Como bons filhos que não fogem à luta, combatemos o bom combate. Com o coração cheio de gratidão e fé agradecemos por mais um ano que se vai, porque até aqui o Senhor nos ajudou. Que 2021 traga a cura que precisamos, traga saúde, paz, união... traga resiliência.

Editora e Jornalista Responsável ELETÍCIA QUINTÃO – Reg. Prof. 26.069 MTB

A diretoria

Comercialização / Publicidade FERNANDO MARQUES Tels.: (21) 2577-6433 e (21) 3435-2477 abcvp@abcvp.com.br Assinatura: Telefone para (21) 2577-6433 / 3879-5516 ou envie e-mail para abcvp@abcvp.com.br Tiragem: 5.000 exemplares Vetores & Pragas Online www.abcvp.com.br/revistasonline.html © Os textos assinados são de responsabilidade de seus autores. Para entrar em contato com algum deles envie um e-mail para a ABCVP. É vedada a reprodução dos artigos e reportagens, em quaisquer meios, sem autorização prévia da Associação e, mesmo quando autorizada, será obrigatória a citação da fonte.

É tempo de agradecer por mais um ano que se vai e desejar que 2021 traga a cura que tanto almejamos.

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Sumário

06 JAIR ROSA DUARTE Ex Libris - O que é isso?

09 HOMENAGEM A SERGIO VANIN Importante entomólogo, mestre e doutor, que colaborou sobremaneira com a Ciência.

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CONTROLE DE MOSQUITOS O desconforto e os riscos à saúde associados aos mosquitos.

24 PROBLEMAS COM BARATAS? Siga o (POP) para edifícios residenciais.

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ESPAÇO JAIR ROSA DUARTE

Ex Libris - O que é isso? Por Luiz Roberto Fontes

Vivemos a era digital, em que a informática domina e até os livros existem no formato eletrônico, e às vezes são preferidos nessa configuração. Porém, até meados da década de 1990 os sistemas informatizados engatinhavam e no campo cultural e das comunicações tudo se realizava com mais dificuldade do que hoje. Fotografias eram obtidas em películas de acetato sensível à luz, denominadas “filme ou negativo fotográfico”, e requeriam banhos químicos de “revelação” para fixar a imagem obtida, que depois podia ser impressa em papel especial ou fotográfico mediante projeção em aparelho óptico. Vídeos eram igualmente realizados e, se necessário algum efeito especial, estes eram feitos com lentes especiais ou em cenários montados para essa finalidade, sendo depois editados e inseridos no vídeo principal. Correspondência se fazia manuscrita ou datilografada em folhas de papel, que eram acondicionadas dentro de envelopes e designadas “cartas”, e enviadas por correio ao destinatário, seja por via terrestre ou aérea. Livros havia somente os que eram impressos em papel e encadernados, em

Figura 1. Ex Libris da antiga Escola Preparatória de Cadetes de São Paulo. Entre 1939 e 1942 foram criadas três Escolas Preparatórias de Cadetes, todas do Exército Brasileiro, em Porto Alegre (1939), São Paulo (1940) e Fortaleza (1942). Foram extintas em 1962 as de Porto Alegre e Fortaleza. A remanescente foi transferida para Campinas em 1959 e é a atual Escola Preparatória de Cadetes do Exército/EsPCEx.

formato brochura ou capa dura.

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Figura 2. Ex Libris do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba.

Figura 3. Ex libris do parasitologista Manuel Augusto Pirajá da Silva, em obra do acervo da biblioteca do Instituto Botânico de São Paulo.

Fotografias e vídeos podiam ser reprodu-

digital. O formato digital facilitou a obtenção

zidos múltiplas vezes a partir do acetato ori-

de material bibliográfico e a organização de

ginal, com boa qualidade. Material em papel,

bibliotecas online, de acesso mais fácil do que

entretanto, era mais difícil de copiar a partir do

as congêneres do mundo físico.

original impresso, e as primeiras reproduções

Apresento esse brevíssimo histórico para

foram as “fotocópias”, em que cada lauda ou

lembrar que, no passado não distante, era

dupla de páginas abertas de um livro era foto-

muito difícil obter ou copiar bibliografia

grafada e impressa em papel fotográfico, com

técnica ou especializada em determinado

qualidade inferior à do original e a um custo

tema. Ou se obtinha um original impresso

elevado. Mais tarde, surgiram processos mais

em uma biblioteca, ou se localizava quem o

complexos de reprodução imediata e mais ba-

possuísse, para então copiar esse material.

rata, gerando as cópias reprográficas, também

Agora, a facilidade gerada pela informática

chamadas xerocópias. Finalmente, aparece-

suscitou e ainda tem provocado discussões

ram os formatos digitais ou eletrônicos, com

sobre a conveniência, ou não, de haver im-

boa qualidade e que acabaram por substituir ou

pressão em papel, e mesmo sobre o futuro

conviver com os impressos. Dentre eles, o PDF

das atuais bibliotecas de livros, periódicos

(“Portable Document Format”) é o mais aces-

e outros impressos. Afinal, se tudo pode ser

sível em computadores, mas há outros padrões,

digitalizado, para que manter bibliotecas e

próprios para outros tipos de leitores de mídia

outros acervos de obras físicas?

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aranhas, e podem embolorar ou mostrar resíduos suspeitos de presença de insetos xilófagos e outros. Às vezes, sem motivo aparente, surge na capa ou lombada daquele livro muito apreciado uma mancha ou risco, oriundo sabe-se lá de onde. Foi a faxineira a autora do delito, ou o filho, ou o gato? Como isso se deu, se o armário estava fechado? A verdade é que raramente se descobre o autor da proeza. Houve uma época em que as coleções de livros eram muito valorizadas. Não me refiro apenas às bibliotecas públicas ou institucionais, e sim às particulares. Quem possuísse o seu conjunto de livros, fosse de natureza especializada e voltado a determiFigura 4. Ex libris pessoal, com o símbolo da Enfermagem.

nado tema, ou generalista, também gostava de personalizar os seus livros com a sua marca, ou o fazia por necessidade, a fim de

Não vou entrar nessa discussão e abaixo explicarei

dificultar o sumiço de alguma obra. Muitos

o porquê. Hoje também há diversas ferramentas de

assinavam, ou ainda assinam os livros, para

pesquisa de publicações eletrônicas na forma de arti-

determinar a sua posse e reduzir a chance

gos ou livros, as quais podem, com relativa facilidade,

de serem levados, emprestados ou surru-

ser obtidas online e salvas no computador, para pos-

piados, e nunca mais retornarem. Outra

terior leitura ou mesmo impressão em papel.

forma de personalizar é aplicar um carim-

Eu sou um amante dos livros em papel, assim

bo, que vale por chancela de propriedade,

como dos discos “long-play” e das antiquadas “fi-

mas isso é mais usado em grandes bibliote-

tas magnéticas K7”. Ocorre que todos esses mate-

cas públicas ou privadas, do que nas pesso-

riais, ainda que obsoletos e volumosos, o que acar-

ais. Porém, muitos reprovam esses tipos de

reta algum desconforto para armazenar, podem ser

sinais de posse, por serem grosseiros e irre-

manuseados, olhados sob diversos ângulos, chei-

movíveis. Há, entretanto, uma forma mais

rados, ouvidos em seus estalidos ou entrechoques,

elegante de identificar o dono da obra, que

empilhados, enfim, eles ocupam espaço físico e se

é afixar nela uma etiqueta, que é o Ex libris,

tornam quase um membro da família, que às vezes

um logotipo padronizado do proprietário,

nos requisita o olhar e envelhece ou deteriora se não

que pode ser um órgão público ou privado,

for bem cuidado. Livros impressos são assim, eles

ou uma pessoa.

estão lá parados, mas volta e meia exigem ser fo-

Ex libris é uma expressão latina que sig-

lheados, ou simplesmente abertos ou mudados de

nifica “dos livros de”, ou seja, indica que o

lugar. Não há como serem ignorados, pois eles são

livro é “da biblioteca de”. Essas etiquetas

peças que acumulam poeira e teias de minúsculas

são comumente confeccionadas com papel

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fino, de boa qualidade e preferivelmen-

do Itamaraty e no Ministério das Relações

te neutro (sem acidez), e afixadas com

Exteriores, em Brasília, e na Academia

cola neutra de metil-celulose ou outra,

Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro.

na face interna da capa, ou ainda na folha

Em nosso país, os Ex libris floresceram

de guarda ou de rosto. São geralmente re-

até a década de 1950, depois declinando

tangulares ou quadradas, embora possam

com os livros, que passaram a ser menos

ter outro formato, e adornadas com ilus-

valorizados no acervo das famílias. Nas

trações ou elementos alegóricos ao gosto

décadas de 1940 e 1950, foram fundadas

do proprietário, idealizados por ele ou en-

a Sociedade de Amadores Brasileiros de Ex

comendados a um artista ou perito nessa

Libris, a Sociedade Paulista de Ex-libristas,

arte. A maioria utiliza traços pretos, mas

o Clube Internacional de Ex Libris, a Asso-

há também as coloridas. O tamanho mais

ciação Brasileira de Colecionadores de Ex

comum não ultrapassa os 7 cm e serve

Libris e o Grêmio de Ex Libris de Vila Isabel,

para a maioria dos livros, mas há menores

que promoveram exposições e estimu-

e outras bem maiores. Enfim, é a predile-

laram essa arte. Alguns artistas se des-

ção do proprietário que determina o tema,

tacaram na sua produção. Todas essas

a cor, a decoração, o formato e o tamanho

agremiações se extinguiram. Atualmen-

do Ex libris. Comumente o bibliófilo usa

te, os Ex libris só não desapareceram por

um modelo, embora haja quem confeccio-

completo entre nós porque algumas ins-

ne vários, para diferenciar os diferentes

tituições públicas ou privadas, e alguns

itens temáticos da sua biblioteca. Também

proprietários de bibliotecas pessoais,

há modelos genéricos e quem os adquire

ainda os conservam.

acrescenta o seu nome ou assinatura.

Assim como as coleções de selos, mo-

No passado, essas etiquetas eram co-

edas e outras, as de Ex libris também po-

muns e diversificadas, uma arte em mi-

dem nos levar a uma viagem cultural, ao

niatura para expressar a profissão ou os

se pesquisar os elementos gráficos utiliza-

interesses do proprietário. Assim, elas

dos na sua confecção por área temática ou

acabaram por ganhar valor próprio e sur-

contexto artístico, e a elucidar a trajetória

giram colecionadores de Ex libris, que os

percorrida por um livro ou acervo literário,

buscavam e juntavam para trocas e ex-

até se situar no atual destino. É um ele-

posições temáticas, como também se faz

mento que está ligado à história e cultura

com selos postais e moedas. Há várias as-

de um povo e seu estudo proporciona de-

sociações no mundo, que promovem ex-

leite e conhecimento.

posições, reuniões e troca de informação. No Brasil, um grande colecionador foi o Barão do Rio Branco (José Maria da Silva Paranhos Júnior, 1845-1912), diplomata no Segundo Reinado e nas duas primeiras décadas do período republicano. Partes dessa grande coleção estão no Palácio

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Luiz Roberto Fontes é biólogo (entomólogo) e consultor.


HOMENAGEM

Sergio Vanin (1948 - 2020) os profissionais de controle de pragas, e a resposta foi: “Claro, quando tenho que lhe entregar a matéria?” Esse trabalho, publicado nesta revista (nº 11, p. 35-40, 2002), é hoje utilizado no ensino da sistemática, no curso de Biologia da USP. Gente importante na ciência é assim, não recusa convite para divulgar o assunto que lhe inspira o viver e jamais deixa de receber o amigo que comparece, mesmo que inesperado e em ocasião dedicada Figura 1. Departamento de Zoologia, 03/02/2016.

à lide profissional. Assim foi com Sergio Antonio Vanin (26/10/1948 - 21/10/2020),

Por Luiz Roberto Fontes

Não pode passar em branco a passagem, para o plano eterno da vida, de um importante entomólogo e colaborador de Vetores & Pragas. Sempre que ia ao campus da USP, eu aproveitava para visitá-lo no Departamento de Zoologia do Instituto de Biociências. Lá fomos colegas docentes (ele Professor Assistente Doutor/MS3, eu Auxiliar de Ensino/MS-1 e depois Professor Assistente Mestre/MS-2) nos longínquos anos de 1981 a 1983, quando decidi seguir outros rumos na vida. Os caminhos se separaram, mas a amizade e o respeito profissional permaneceram. Assim, em 2002, solicitei ao amigo e professor com muitos afazeres no ensino e na ciência, que redigisse um artigo sobre a importância da sistemática para

a quem eu recorria em questões entomológicas gerais, e com o também colaborador de V & P, José Maria Soares Barata (ver nº 46, p. 9-10, 2017), em todo o tempo disponível nas demandas sobre os vetores biológicos de doenças na saúde pública. A bem da verdade, ambos sempre estiveram desimpedidos para conversas amigas e boas recordações, quando eu aparecia em visita inesperada ou notificada. Várias vezes indiquei o Vanin aos meus consulentes, para identificar espécimes de besouros-broca e outros de interesse urbano, e nesse tema ele também me atendeu em diversas ocasiões. Conheci Sergio Antonio Vanin em 1975, quando cursava o segundo semestre de Biologia, ao iniciar estágio na Seção de Insecta do Museu de Zoologia, em São Paulo.

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Figura 2. Excursão de coleta em Peruíbe, 1981, com Cleide Costa, Sonia Casari e Luiz R. Fontes.

Ele doutorando e logo se tornou professor do Departamento de Zoologia. No ano seguinte, ele foi meu professor nas aulas

Figura 3. Departamento de Zoologia, 03/02/2016.

práticas do curso de Invertebrados e, no início da década de 1980, compartilhamos a docência nessa cátedra, como assistentes da professora Eudóxia Maria Froehlich, tão notável na docência como na assistência profissional e pessoal aos seus subordinados e aprendizes. Foi Eudóxia que, certa vez, ao lhe comunicar uma angústia nos rumos da ciência, alentou-me: “Não se incomode com isso, amador é aquele que ama o que faz, e você é assim.” Vanin formou-se biólogo pelo Instituto de Biociências da USP em 1971, e obteve os títulos de Mestre em 1974 e Doutor em 1979. Contratado como Auxiliar de Ensino no Departamento de Zoologia em 1975, atingiu o ápice na carreira universitária, como Professor Titular, no ano 2000. Pesquisador da sistemática de besouros ou coleópteros, ele ministrou disciplinas de graduação (Invertebrados; Princípios de sistemática e biogeografia; Ecologia animal; Entomologia

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básica) e pós-graduação (Princípios de zoologia sistemática), orientou muitas teses de pós-graduação, publicou mais de uma centena de artigos científicos e de divulgação, além de dois livros e duas dezenas de capítulos, participou da diretoria da Sociedade Brasileira de Entomologia de 1972 a 2000 e foi seu presidente por cinco gestões (1986-1996), e exerceu cargos de direção no Departamento de Zoologia e no Museu de Zoologia da USP. Ele também colecionava conchas de moluscos e era associado aos Conquiliologistas do Brasil, palestrando em eventos organizados por essa entidade. Em 1983, assinamos um artigo sobre escaravelhos devoradores de ninhos de cupim, publicado em Papeis Avulsos de Zoologia (vol. 33, nº 5, p. 55-72), fato curioso e hoje ainda pouco estudado. Em 1985, participamos de estudo sobre o interessante fenômeno dos cupinzeiros luminescentes,


Figura 4. Departamento de Zoologia, na bancada de trabalho, 03/02/2016.

Minha homenagem a esse notável entomólogo e amigo durante 45 anos, colaborador de V & P e na identificação de muitos besouros pragas, encontra-se na entrevista que ele concedeu ao meu projedo qual eu, após ajudar a elucidar a arqui-

to “Ciência brasileira em entrevistas”, re-

tetura da comunidade luminescente na pa-

alizada em 2016 e disponível no portal In-

rede do ninho e a dinâmica de progressão

ternet Archive (https://archive.org/details/

das larvas nessa estrutura, me afastei por

SergioAntonioVanin2016), e neste peque-

conta de um aborrecimento que não vale a

no texto, que mais reside na memória de

pena comentar. Em 1999, Vanin me honrou

bons momentos compartilhado se silencia

com uma resenha sobre o livro que editei

em suas muitas e preciosas contribuições à

em 1998, “Cupins, o desafio do conheci-

ciência e ao ensino. Mas, como disse o Ge-

mento”, publicada na Revista Brasileira de

neral Douglas MacArthur em 1951, “velhos

Entomologia (vol. 43, p. 333-334). A par de

soldados nunca morrem, eles apenas desa-

suas múltiplas atividades universitárias,

parecem”, e a memória desse velho solda-

nas sempre bem recepcionadas visitas que

do da ciência se perpetuará.

eu ocasionalmente lhe fazia no Departamento, ele encontrava tempo para compartilharmos fatos e descobertas entomológicas, meu entusiasmo nos estudos em história da ciência sobre o naturalista Fritz Müller, e alongar animadas conversas.

Luiz Roberto Fontes Biólogo (entomólogo) e consultor.

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SAÚDE PÚBLICA

Imóveis desabitados: Secretaria da Saúde e imobiliárias se unem para o controle do mosquito Aedes aegypti Por Lúcia Antônia Taveira; Cássia Aparecida Jorge D’Antônio; Fábio Henrique Di Felippo; Irma de Jesus Galego Lázaro; Joana D’Arc Alves Silva de Aguiar; Maria das Dores Gonçalves Viana; Rodrigo Lino de Matos; José Augusto Gardim; Luiz Roberto Fontes

O combate ao mosquito transmissor da dengue é um dos maiores desafios em Saú-

O mosquito vetor e a doença no município

de Pública, devido à grande disponibilidade

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de criadouros urbanos. No número prévio

Em 1989 ocorreu a primeira transmissão

da revista (nº 55, p. 8-13), foi apresenta-

de dengue no município de Ribeirão Preto.

da uma inovação no conjunto de medidas

Na época, todos os municípios da região

de controle, que é a Atividade Imóveis Es-

estavam despreparados para o enfrenta-

peciais, realizada naqueles imóveis com

mento da doença e do seu vetor, o mosquito

maior importância na transmissão por

Aedes aegypti.

causa do grande fluxo ou permanência de

Ribeirão Preto contava, então, com ape-

pessoas, e que foi viabilizada em um proje-

nas 16 Agentes de Combate às Endemias

to educacional que aumenta o engajamento

que foram devidamente treinados para re-

da população na eliminação de criadouros.

alizar a atividade casa a casa de eliminação

Neste artigo, trazemos outra novida-

de criadouros na área de transmissão, con-

de, implantada com sucesso em Ribeirão

forme as normas preconizadas pelo Minis-

Preto/SP em locais de alta transmissão da

tério da Saúde e pela Superintendência de

doença, devido ao grande número de cria-

Controle de Endemias (SUCEN). Durante a

douros em imóveis desabitados e antes

execução dessa atividade, eles notaram que

inacessíveis aos Agentes de Combate às

várias pessoas na mesma rua relatavam os

Endemias (ACE). É uma ação que amplia

mesmos sintomas. Diante disso, a coorde-

o engajamento populacional, através dos

nação da equipe solicitou a coleta de sangue

profissionais da administração imobiliá-

de 19 pessoas e o diagnóstico do Instituto

ria. Esta é uma área ligada à atividade dos

Adolfo Lutz de São Paulo confirmou que 14

profissionais de controle de pragas e veto-

delas eram positivas para dengue. Com tal

res, do setor público e privado, e de grande

situação epidemiológica no município, foi

auxílio nas ações de controle do mosquito,

convocada a SUCEN, órgão estadual impor-

nesses locais de alta infestação.

tante nas ações de controle de vetores bio-


lógicos, para assessorar a equipe e mesmo reali-

principais dificuldades encontradas pelos agentes

zar ações de controle com maquinários e viaturas.

são os imóveis desabitados, que estão fechados

Após esse período, o município foi estrutu-

para venda ou locação. Quando localizados, esses

rado com recursos humanos e equipamentos,

imóveis são anotados nos boletins, com endereço,

e mesmo assim vivenciou várias epidemias de

nome da imobiliária e telefone para contato, de

dengue, com número expressivo de doentes em

acordo com os cartazes neles afixados.

todas as classes sociais.

A importância dos imóveis desabitados é que

Com a chegada de mais duas viroses, Chikun-

eles são focos permanentes de mosquitos, ina-

gunya e Zika, transmitidas também pelo mos-

cessíveis aos agentes de controle e a transmissão

quito Aedes aegypti, a situação da saúde pública

da doença se faz no seu entorno (Figura 1).

municipal tornou-se mais preocupante, considerando que o mosquito vetor possui hábito urbano

Imóveis desabitados-Um problema difícil

e domiciliar e se desenvolve em locais com água parada, demonstrando que a transmissão das três doenças pode ocorrer dentro dos imóveis.

Como exemplo, tomamos o ano de 2013 na área 6 (Distrito Central), onde estavam ocorrendo ca-

O Município de Ribeirão Preto possui 278.881

sos confirmados de dengue. Os Agentes de Com-

imóveis e está dividido em 26 áreas, que são prio-

bate às Endemias realizaram todas as medidas de

rizadas para serem trabalhadas de acordo com a

controle na área, mas não conseguiram bloque-

situação entomológica e epidemiológica, para re-

ar a transmissão. Assim, a equipe de Informação

duzir a infestação do mosquito e interromper a

Educação e Comunicação (IEC) realizou ativida-

transmissão. Quando uma área é trabalhada, to-

des educativas em todos os componentes sociais

dos os imóveis existentes devem ser vistoriados

da área (escola, igrejas, creche, indústria etc.),

na parte interna e externa, para eliminação dos

com objetivo de estimular a população para ado-

possíveis criadouros através de medidas de con-

tar como rotina as medidas de controle. Ainda as-

trole mecânico e químico. No entanto, uma das

sim, o resultado esperado não foi alcançado.

Figura 1. Área municipal 6, previamente com alta incidência de dengue no entorno dos imóveis desabitados.

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Foi quando a equipe IEC realizou vistoria nos imóveis desabitados para venda ou locação e o resultado foi: - 47 imóveis vistoriados. - 5 imóveis positivos com foco de mosquito Aedes aegypti. - Nestes últimos, 29 criadouros com larvas foram eliminados. Dos 47 imóveis vistoriados, em três havia mato alto e grande quantidade de objetos espalhados na área externa, além de outros locais de acúmulo de água contendo larvas de mosquito, que foram coletadas para identificação em laboratório. Os principais criadouros encontrados nos imóveis desabitados foram: vasos sanitários, ralos existentes na área interna e externa, objetos jogados ao relento, piscinas, sacos plásticos, calhas, caixas de passagem no solo, e vazamento hidráulico. Durante a vistoria, a equipe realizou o bloqueio dos criadouros (Figura 2). Com esse resultado, as imobiliárias foram no-

Figura 2. Ação de Agente de Combate às Endemias, bloqueando criadouro externo.

tificadas para que fizessem contato com os proprietários e eles realizassem a limpeza no prazo de 10 dias, removendo mato e entulho. Após esse prazo, nova vistoria nos mesmos imóveis mostrou resultado satisfatório (Figuras 3-4). Porém, a equipe incumbida de vistoriar os imóveis desabitados havia enfrentado grande dificuldade para fazer os contatos e obter permissão para adentrar os imóveis: - Localizar os proprietários de imóveis não cadastrados em imobiliárias, especialmente os residentes em outros municípios.

Figura 3. Situação de imóvel ao ser vistoriado. Proprietário notificado.

- Distância entre a imobiliária e o imóvel a ser vistoriado, com a consequente demora para obter as chaves, executar o trabalho e devolver as chaves no mesmo dia. Essa condição fez com que poucos imóveis fossem vistoria dos em cada dia de trabalho. - Alguns imóveis estavam abandonados e invadidos por andarilhos e dependentes químicos, com grande quantidade de objetos ao relento, mato alto e condições favoráveis para proliferação de mosquitos, ratos, escorpiões e outras pragas urbanas.

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Figura 4. Situação do mesmo imóvel após limpeza.


Estas condições tornavam a operacionalização

do

trabalho

muito lenta, comprometendo as ações de controle em outras áreas.

Imóveis desabitados A solução do problema Devido às dificuldades para realizar as vistorias e as medidas de controle nos imóveis desabitados para venda ou locação em áreas de transmissão, foi implementada uma parceria entre a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e o Conselho Regional de Corretores de Imóveis (CRECI). No município há 412 imobiliárias, 2.505 corretores de imóveis e 37 estagiários. Foi elaborado um documento com a participação da Vigilância Sanitária, normatizando e definindo as medidas de con-

Figura 5. Orientações do CRECI aos moradores dos imóveis.

trole a serem executadas pelos proprietários dos imóveis e locatários. O presidente do CRECI

imóveis, acompanhados e orientados pelos

do Estado de São Paulo solicitou

Agentes de Combate às Endemias da equipe de

aos afiliados de todos os mu-

Informação Educação e Comunicação, com o

nicípios que participassem da

objetivo de realizar as ações de eliminação de

“Semana Estadual de Contro-

criadouros e simultaneamente formar multi-

le do Aedes aegypti“, realizada

plicadores no controle do mosquito.

de 10 a 14 de fevereiro de 2020,

A participação ativa do CRECI resultou na

em conjunto com as Secretarias

confecção de folhetos de orientação aos seus

Municipais de Saúde, para es-

clientes (Figura 5) e em um adesivo próprio

clarecer sobre as ações de con-

para vedar ralos (Figura 6), que, além de faci-

trole do mosquito a serem rea-

litar essa ação, também instrui os proprietá-

lizadas nos imóveis desabitados

rios e locatários sobre a importância da elimi-

para venda e locação. Então, as

nação dos criadouros.

vistorias passaram a ser rea-

Essas ações resultaram na eliminação de

lizadas com a participação dos

criadouros do mosquito (Figuras 7-8) e redu-

proprietários das imobiliárias,

ção real no índice de infestação e de transmis-

corretores e proprietários dos

são da doença.

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A população não é encorajada a utilizar inseticidas no controle, pois essa é uma atribuição do Poder Público Municipal e das empresas de controle de pragas. Entre os produtos alternativos, recomenda-se o uso de cloro e sal de cozinha, em dosagens proporcionais ao volume hídrico a tratar (Figuras 9-10). A tabela anexa mostra o resultado das últimas vistorias no município, momentaneamente interrompidas devido à pandemia por Covid-19.

Figura 6. Tampa-ralo adesivo, desenvolvido pelo CRECI.

Um problema difícil? Sim, mas a solução é a visão diagnóstica ampla e a união de esforços. Nada se resolve com medidas isoladas e fora do contexto da sociedade. A metodologia aqui descrita pode inspirar outros municípios no conjunto de ações para o controle do mosquito Aedes aegypti, que se cria no interior das edificações e no peridomicílio. Esse ambiente requer a adoção de medidas educativas da população

Figura 7. Bloqueio de criadouros internos.

para a eliminação dos criadouros, os quais também podem ser tratados com produtos alternativos. Para a ação nos imóveis desabitados, a Divisão de Vigilância Ambiental em Saúde propõe realizar treinamento aos corretores de imóveis e funcionários das imobiliárias, que serão colaboradores no controle do mosquito nos imóveis lá cadastrados. Finalmente, o problema dos vetores e animais sinantrópicos que possam comprometer a preservação da saúde pública resultou na promulgação do Código Sanitário Municipal, em 2019, cujos artigos 25-27 disciplinam a matéria (Figura 11).

Figura 8. Bloqueio de criadouro interno com tampa-ralo adesivo.

16


17

Figura 10. Orientações sobre o uso de sal de cozinha.

Figura 9. Orientações sobre o uso de cloro.


Figura 11. Cรณdigo Sanitรกrio Municipal: vetores e animais sinantrรณpicos.

18


O diagnóstico ambiental também é

pelo profissional de controle de pragas,

importante para o controle de outros

cuja atividade é essencial na manutenção

mosquitos, os quais, se não transmitem

da sanidade urbana, pode ser decisivo no

doenças, podem causar grande transtorno

conjunto de medidas de controle, quando

à população e seus criadouros são mais re-

envolve a aplicação de produtos químicos,

motos e de eliminação mais difícil. Nesses

conforme se discute no artigo“Controle de

casos, o diagnóstico ambiental realizado

mosquitos”, neste número da V & P.

AUTORES: Departamento de Vigilância Epidemiológica e Planejamento Divisão de Vigilância Ambiental em Saúde-DVAS de Ribeirão Preto.

Lúcia Antônia Taveira

Cássia Aparecida Jorge D’Antônio

Joana D’Arc Alves Silva de Aguiar

Fábio Henrique Di Felippo

Maria das Dores Gonçalves Viana

Luiz Roberto Fontes é biólogo (entomólogo) e consultor.

Irma de Jesus Galego Lázaro

Rodrigo Lino de Matos

José Augusto Gardim é Delegado Regional do CRECI de Ribeirão Preto.

19


MANEJO INTEGRADO

Controle de mosquitos Por Carlos Vagner Peçanha

Desde o princípio da humanidade, quando os primeiros grupos humanos ainda eram caçadores e coletores, além de se preocupar com os animais perigosos como predadores e animais peçonhentos, eles provavelmente já conheciam e se incomodavam com moscas e mosquitos hematófagos. O desconforto e os riscos à saúde associados aos mosquitos são uma das verdades universais da humanidade e com o aumento das temperaturas médias essa realidade está sendo experimentada por mais gente, em todo o mundo. Para manter afastados, repelir e se possível matar os mosquitos, as mais variadas soluções e alternativas são ou foram adotadas ao longo dos séculos, desde a queima de madeiras aromáticas e incensos, besuntar o corpo com óleos até as atuais e populares raquetes elétricas. Isso mostra que, na busca por soluções, as pessoas compram produtos para seu uso e procuram especialistas, o que significa uma grande oportunidade de negócios. Porém, para controlar mosquitos, ou qualquer outra praga, é fundamental conhecer suas características, comportamento, preferências e analisar o ambiente a ser tratado. Como a maioria dos dípteros, os mosquitos têm ciclos de vida curtos e alta taxa reprodutiva. Para nossa sorte apenas algumas espécies hematófagas e antropofílicas (que gostam do homem) ocorrem simultaneamente em cada região. E vale a pena relembrar o que foi ensinado nas aulas de ciências ou biologia, que os dípteros têm duas fases de vida muito distintas: na fase jovem são larvas e se desenvolvem num habitat diferente dos adultos e estes, por sua vez, são alados que se deslocam com eficiência soberba e tem como missão principal a reprodução.

20

Culex quinquefasciatus, adulto e larva. Center for Disease Control and Prevention, nr. 4464 e 12550, domínio público.


tionado e avaliado como insatisfatório. Por isso é fundamental que o trabalho só inicie após uma análise prévia da situação e a determinação de padrões aceitáveis a serem alcançados. Uma vez que foi acordado com o cliente um patamar de medição e redução, nós podemos começar a planejar e desenvolver um sólido programa de controle de mosquitos. Todo programa de controle de mosquitos deve considerar que boa parte do ciclo de vida do mosquito se dá no criadouro onde as larvas se desenvolvem, que é no meio aquático, e por isso mesmo elas são mais fáceis de encontrar do que os adultos. Não há como fazer um programa de controle sem considerar ou Cabe lembrar também que

Como controlar

incluir os criadouros. A primeira e mais importante ação é encontrar e mensurar as

normalmente os problemas de infestação por mosquitos são

Para começar a falar de con-

fontes de infestação, que podem

amplos, pois eles normalmente

trole profissional de mosquitos

ser lagos, açudes, piscinas desa-

se originam de locais distantes e

a primeira coisa a ser comen-

tivadas, ferro-velhos, córregos e

vêm aos locais de convívio huma-

tada é a necessidade de alinhar

mesmo margens de rios e repre-

no atraídos por estímulos como

as expectativas do cliente à re-

sas. Cabe ao profissional de con-

iluminação, dióxido de carbono

alidade da situação. É mais que

trole de pragas proceder à iden-

(CO2) e aromas. Por isso mesmo,

normal que, mesmo após se

tificação dos mosquitos-alvo e,

só conseguimos tratar com efi-

obter um controle de 90% de

com isso, identificar criadouros

ciência a partir de ações amplas,

mosquitos, o cliente não fique

e até rotas de infestação. Não é

ou seja, voltadas a condomínios,

satisfeito. Imaginando um clu-

incomum o emprego de peixes

bairros e regiões da cidade.

be ou condomínio, mesmo que o

larvófagos para auxiliar no con-

Antes de falarmos de tra-

profissional de controle de pra-

trole de forma natural.

tamentos e estratégias vamos

gas atinja 90% de eficiência no

Uma vez identificado o cria-

primeiro conhecer um pouco as

controle, combinando técnicas

douro é hora de procurar qual é

principais espécies de mosquitos

e adaptando as estratégias ao

a melhor alternativa de controle.

incômodos e suas características

ambiente, basta que um ou dois

Pode ser com larvicidas (bioló-

importantes na tabela anexa,

usuários ou residentes recla-

gicos ou químicos) ou com pro-

preparada pelos doutores Delsio

mem que foram picados, para

dutos que criam uma película na

Natal e Luiz Roberto Fontes.

que todo o resultado seja ques-

superfície da água, a qual impede

21


a respiração das larvas (exceto das larvas que respiram via aerênquima de plantas aquáticas). Muitas vezes é possível empregar ações de controle alterando a estrutura do criadouro, como drenagem e manejo da vegetação aquática e marginal, para baixar o nível de infestação. Na aplicação de larvicidas temos que considerar se o criadouro tem fluxo de água permanente ou se é uma coleção de água estática abastecida por chuvas ou registros. Sempre que tratamos corpos de água que fluem é nas margens, vegetação e remansos que temos que focar e com isso calcular as doses a serem empregadas. Quando enfrentamos criadouros de água corrente, como os de borrachudos, o cálculo correto da vazão é indispensável para calcular a dose a ser empregada. Atualmente os larvicidas a base da bactéria Bacillus thuringiensis e dos hormônios reguladores de crescimento oferecem uma excelente relação de eficiência e segurança para o ambiente e as pessoas. Após a atenção aos focos de criação, passamos a atuar na exclusão dos adultos, ou seja, orientar o cliente a instalar telas milimétricas nos locais adequados, para dificultar o acesso dos mosquitos até as vítimas. É fundamental que sempre seja considerado o impacto da instalação de telas no fluxo de ar, pois caso elas causem desconforto térmico por impedir a circulação de ar, teremos a tão conhecida prática de portas e janelas teladas abertas constantemente e permitindo a entrada de mosquitos.

Para o controle químico é importante considerar o horário ideal de tratamento, o sistema de aplicação a ser empregado e o alvo (adultos ou larvas). Para o controle de mosquitos adultos podemos empregar tratamentos de superfície, em que as paredes recebem produtos de longo residual, especialmente em áreas como varandas, alpendres e decks de madeira. Estes tratamentos são realizados com pulverizadores ou atomizadores. Também em muitos casos é possível empregar o controle espacial de mosquitos adultos com aplicação por termonebulização (FOG/Fumacê), Ultra Baixo Volume (UBV) e Aerossóis com temporizador. Antes de explicar as diferenças de cada método, é importante salientar que em algumas cidades e estados o emprego de tratamentos especiais para controle de mosquitos adultos é regulado ou até mesmo proibido pela autoridade sanitária. Assim, cabe ao profissional de controle de pragas buscar essa orientação na vigilância sanitária e de vetores de sua cidade. Resumindo bastante, as aplicações espaciais têm características e formação de gotículas distintas, mas se destinam a levar a calda inseticida ao encontro do mosquito em voo ou pousado em seu ponto de descanso. Todas as aplicações espaciais são temporárias e visam criar uma “nuvem” que vai se dispersar em alguns minutos por evaporação ou precipitação das gotículas. O tamanho das gotículas varia e elas serão mais efetivas conforme o inseto-alvo e as características do ambiente. Há uma sobreposição nos tama-

Como exclusão, podemos também considerar

nhos de gotas e por isso se foca no processo de for-

o emprego de lâmpadas menos atrativas (amare-

mação, conforme elucidado a seguir, ao invés do

las), pois a iluminação é um dos atrativos que tem

tamanho das gotículas para essa classificação.

maior alcance. A vegetação junto às edificações e

Na termonebulização as gotas são formadas

acessos também ajuda a aumentar a infestação ao

pela velocidade de expansão da calda ao entrar

criar ambientes sombreados e pontos de descanso

em contato com uma superfície ou fluxo de gases

para os mosquitos. Na prática, muito do controle de mosquitos é manejo do ambiente e apenas uma parte é o controle em si. Por fim vamos falar sobre as medidas de controle químico e o uso de armadilhas de captura.

22

muito quente. Uma parte da calda vai se vaporizar em milissegundos e nesse processo acaba criando micro-explosões que carregam partes da calda que ainda está liquida e vai formar gotículas. Quanto mais quente e mais rápido esse processo, menores


serão as gotículas. A termonebulização de calda a

um patamar satisfatório de controle. Por isso, é

base de óleos cria uma névoa branca densa e muito

importante o levantamento (coleta), a identifi-

visível que persiste mais no ambiente e se espalha

cação das espécies e o emprego de um programa

aos poucos, comprometendo a visibilidade e com

de controle amplo e bem embasado tecnicamente.

isso até a segurança para motoristas e transeun-

Apenas diminuir o intervalo entre os tratamentos

tes, exigindo cuidado redobrado ao ser utilizada.

espaciais não vai resolver o problema e ainda fa-

No UBV temos vários tipos de processos de formação de gotículas, mas basicamente é um processo

vorece o surgimento de resistência contra os inseticidas empregados.

físico em que a velocidade do fluxo de ar, ao encon-

Propositalmente não abordamos o controle

trar a calda, cria mini turbilhões que fragmentam a

de vetores nas demandas da saúde pública, por

calda em gotículas. Também existe o processo que

se tratar de uma responsabilidade do poder pú-

forma as gotículas por ultrassom. O que todos esses

blico e que deve ser executada com a sua coope-

processos têm em comum é a ação de forças dinâ-

ração ou parceria.

micas sem o emprego da temperatura (calor) como agente da formação das gotículas.

Para finalizar, cabe destacar que a atividade de controle de pragas urbanas é muito técnica e

Na formação dos aerossóis temos um choque de

requer profissionais do ramo para ser executada.

pressão que faz com que a solução inseticida pre-

Orientações de balcão ou palestras de 45 minutos

mida e com gases dissolvidos dentro da embala-

não conseguem passar o volume mínimo necessá-

gem, ao ser exposta à pressão ambiente, libere os

rio de informações, nem o raciocínio para formar

gases que lá estavam e passe para o estado gasoso

um técnico. Hoje temos cursos de pós-graduação

em milissegundos. Isso gera mini-explosões da so-

e especialização na USP, UNESP, FIOCRUZ e Uni-

lução, produzindo gotículas que vão pairar pelo ar.

versidade Espírita do PR, que formam dezenas de

O emprego de armadilhas de captura tem cres-

profissionais com capacidade de preparar progra-

cido muito nos últimos anos, pois ajuda no contro-

mas consistentes e seguros de controle de mos-

le e pode ser uma excelente ferramenta para medir

quitos. Se sua empresa não conta com um quadro

os resultados do controle. Há modelos domésticos

técnico com formação para atender a estas de-

com ventoinhas para captura e modelos profissio-

mandas, procure um consultor ou sua associação

nais com liberação de CO2, o qual é um forte atra-

para saber como e onde qualificar sua empresa e

tivo para mosquitos. Existem empresas que ba-

serviços. Controlar mosquitos não é simples, não

seiam boa parte de seus programas de controle de

deve ser barato e pode ser uma excelente oportu-

mosquitos no emprego dessas armadilhas.

nidade para empresas qualificadas.

Uma vez que esclarecemos os tipos de aplicação, cabe lembrar que apenas inseticidas registrados para controle de mosquitos podem ser usados para esse fim. Nos rótulos, fichas técnicas e suporte dos fabricantes é possível obter as informações necessárias para fazer o uso adequado desses produtos. É importante fazer uma ressalva. Por serem insetos de alta mobilidade, as ações de controle voltadas apenas aos adultos, sejam elas de superfície ou espaciais, muito dificilmente vão atingir

Carlos Vagner Peçanha

é biólogo e Presidente da FEPRAG/Federação das Associações de Empresas de Controle de Vetores e Pragas.

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CONSULTORIA

Problemas com BARATAS?

Procedimento Operacional Padrão (POP) para edifícios residenciais Por Marcelo Freitas

Resolvi escrever essa matéria sobre

2- O segundo item do POP será iden-

controle de baratas, porque tenho ob-

tificarmos unidades com moradores

servado que não são poucas as pergun-

idosos, crianças, pessoas alérgicas ou

tas que chegam a mim sobre o tema.

acometidas com algum tipo de doença

Portanto discorrerei a seguir sobre

ou cirurgia.

alguns pontos e dicas importantes. Desinsetização em um prédio residencial como deve ser o procedimento?

3- Já de posse do quadro de moradores em mãos, dos locais de infestação, devemos escolher os defensivos (inse-

1- O primeiro item do POP sempre será a

ticidas) que iremos utilizar para cada

identificação da espécie (taxonomia). Se

tipo de infestação. Inseticidas e me-

na identificação detectamos infestações

todologias diferenciadas deverão ser

de periplaneta americana nos esgotos,

adotadas exclusivamente pelo técnico

nas lixeiras dos andares encontramos

responsável e não pelo dono da em-

blatella germânica, e também nos por-

presa dedetizadora. Ser dono de uma

tais, e há queixa dos moradores sobre a

dedetizadora não habilita ninguém a

presença de ambas, certamente as duas

prescrever o inseticida adequado aque-

espécies já adentraram nas unidades.

le tipo de ambiente, sua habilitação é de

Periplaneta Americana

Blatella Germanica

empresário, empreendedor. Fazendo uma analogia bem simples é como se o dono de um hospital, que não é médico, é apenas empresário, prescrevesse medicação a seus pacientes.

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4- A desinsetização otimizada e ideal deve ser iniciada pelo último andar, de cima para baixo. Sim, pois dessa forma, além de eliminarmos algumas baratas, estaremos forçando também a descida das fugitivas. Realizada a prevenção da entrada de baratas fugitivas ou odor nos apartamentos, com panos umedecidos sob as portas dos moradores, que deverão ser orientados a não transitarem naquele momento. Pode-se então, de forma segura, iniciar o controle. A desinsetização será realizada por dois funcionários, um técnico utilizando o tradicional pulverizador com bico em leque, preocupado com frestas, portais, rodapés; que de forma autorizada pelo morador irá inocular inseticida nos ralos

Desinsetização na rede de esgotos.

e vasos sanitários, a fim de forçar as baratas a descerem pela tubulação de es-

Considerando

importante

utilizar,

goto e gordura até a caixa das mesmas.

também, o inseticida em pó seco através

O segundo técnico utilizará um atomi-

de polvilhadeiras nas lixeiras, para que

zador, onde sua função será desinseti-

fique o pó com efeito residual aderido às

zar todas as lixeiras por andar, descendo

paredes.

pelas escadas, andar por andar, até a lixeira do térreo.

Mesmo que os apartamentos não façam a desinsetização é importante que os moradores permitam, pelo

Dessa forma todos os andares, corredo-

menos, a colocação de inseticidas nos

res, escadas, portais, rodapés, foram trata-

ralos e vasos sanitários, para a limpe-

dos com inseticidas líquidos.

za de todo sistema de ralos e esgotos.

25


5- Observe que somente agora iremos

Começamos com a barreira quími-

desinsetizar a rede de caixas de esgo-

ca, ou seja, vamos realizar um “em-

to e gordura no térreo. As baratas que

poçamento” de inseticida em volta

lograram êxito na fuga, no controle

das tampas dos bueiros para que as

de cima para baixo, estão agora refu-

fugitivas se impregnem com o mes-

giadas no térreo.

mo, caso tentem fugir. Após a abertura, que será realizada por um técnico, que estará com as ferramentas e EPI indicados, o outro técnico poderá começar o tratamento com o pulverizador ou atomizador eliminando toda a infestação. Antes de abrir a segunda tampa deve-se saturar o bueiro com inseticida, através

Aplicação de inseticida em pó seco nas caixas de gordura.

6- Por fim, agora iremos com CONES isolar a área dos esgotos, a fim de evitar acidentes envolvendo a queda de pessoas ou constrangimentos pela fuga de baratas.

Todas as caixas de esgoto e gordura deverão passar pelo procedimento.

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da atomização. Então, sucessivamente, todas as caixas de esgoto e gordura serão tratadas dessa forma. 7- A próxima etapa será a desinsetização do play, andares de garagens, administração,

consideradas

áreas

pouco críticas. 8- Importante sempre ter um biólogo, ou o próprio técnico responsável presente para orientar o síndico ou o administrador e tirar dúvidas dos moradores. Vale a pena também aproveitar o momento com o cliente, já que estamos “dentro do cliente” com o objetivo do controle de baratas, para explicarmos sobre as demais vulnerabilidades encontradas, com relação a roedores, mosquitos, entre outros. Além de criar um diferencial das demais empresas concorrentes, atenção e explicação sempre são bem-vindas. Com certeza teremos várias unidades (moradores) realizando diversos servi-

Aplicação de inseticida em pó seco nas caixas de esgoto.

10- Por fim, após todo trabalho concretizado, precisamos agora realizar o chamado “pós-venda”. Trata-se

ços extraordinários.

de voltar ao cliente, verificar a eficá-

9- Após um período de 15 (quinze)

colher a nota do serviço. Agindo dessa

dias recomenda-se uma nova aplicação de gel nos portais, antes desinsetizados com líquido.

cia do serviço, o nível de satisfação e forma teremos um feedback dos nossos serviços prestados. Observação: Todos os serviços devem ser avaliados pelo cliente com nota de 0 a 10.

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não procuram infestação, não se preocupam com a saúde dos moradores, e ainda menos com o meio ambiente (fauna e flora). A matéria deveria ser vista como óbvia ou primária no controle de vetores, mas trata-se da fiel realidade de muitas empresas de São Paulo e Rio de Janeiro. Os

procedimentos

utilizados,

tal

como indicamos, com certeza levará a fidelização do cliente, onde o mesmo entenderá que vale a pena contratar uma verdadeira empresa, especializada no controle de vetores e pragas, e não mais contratar empresas que mancham nossa categoria, além, claro, dos autônomos, vulgos “zés bombinhas”. Palestra em reunião de moradores

Encerro por aqui desejando a todos Infelizmente 90% das empresas,

um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo!

que se intitulam especializadas, não

Livre de COVID, com vacina, alegria e

fazem nada disso, porque não são ha-

muito trabalho.

bilitadas para tal, são apenas empresas registradas.

Que Deus nos ajude! Amém!

Até gozam de posse de documentos públicos que autorizam o serviço de controle de pragas e vetores, mas não possuem bagagem técnico-científica para atuar de forma correta. Daí chegam nos prédios residenciais e iniciam o serviço pelas caixas de esgoto, gordura, não fazem taxonomia,

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Marcelo Freitas Título de Biólogo, Especialista no controle de pragas e vetores; Diretor Técnico da ABCVP; Controlador de Pragas há 33 anos.


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COMPORTAMENTO

OS ESCORPIÕES Mais Venenosos do Mundo Por Uiara Caromano Treviso

Os escorpiões são artrópodes pertencentes à

Devido a esse questionamento recebido cons-

Classe Arachnida, a mesma das aranhas, carra-

tantemente, resolvi realizar essa publicação, tra-

patos e ácaros. Por esse motivo não são insetos,

zendo um pouco de curiosidades e claro, quais os

como muita gente pensa, já que não pertencem à

cuidados que devemos tomar para evitar este tipo

Ordem Insecta.

de animal em nosso ambiente de convívio.

São descritas atualmente, cerca de 1600 espécies de escorpiões, com todas apresentando vene-

Escorpiões realmente são pragas?

no, porém a diferença entre elas é que os venenos afetam em diferentes medidas, sendo assim, so-

Antes de respondermos a essa questão, preci-

mente alguns são letais e a maioria provoca ape-

samos primeiramente definir em nossa mente a

nas alguma reação de intoxicação ou alergia.

seguinte pergunta: O que são pragas?

Poderíamos agora transcorrer sobre sua biologia, reprodução, formas de combatê-lo, en-

Pergunta simples mas que muitas pessoas acabam se confundindo ao respondê-la.

tretanto, esses assuntos são tratados constan-

Antes de mais nada, precisamos analisar o am-

temente em palestras, noticiários, simpósios,

biente em que certo animal está inserido para co-

entre outros.

meçarmos a defini-lo como praga ou não.

Quando fui encarregada de escrever uma ma-

Sabemos que os escorpiões são animais car-

téria sobre escorpiões neste mês, fiquei pensando:

nívoros que se alimentam de pequenos insetos e

novamente irei tratar sobre um assunto tão discu-

aranhas, tornando-os um grupo de eficientes pre-

tido entre as empresas de controle de pragas? O que

dadores de um grande número de outros pequenos

poderíamos falar de diferente? O que discutir sobre

animais, às vezes nocivos ao homem.

este aracnídeo tão temido pelos nossos clientes?

Se este animal estiver em um ambiente flores-

Foi aí que me peguei pensando sobre as pales-

tal, qual o dano que provocará para o ser humano?

tras que costumo ministrar para o público em ge-

Acho que você está aí pensando e não conseguiu

ral, que não está acostumado a lidar com essa ter-

encontrar não é mesmo?

rível praga, e me veio à mente uma pergunta bem

Pois bem, isso nos leva à conclusão que para ser

comum: Quais os escorpiões mais venenosos que

considerado praga, precisamos que este animal

podemos encontrar por aí?

esteja presente em uma área urbana, correto?

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Com isso, podemos definir que as pragas são animais, microrganismos ou qualquer coisa/situação que causa algum tipo de prejuízo à saúde das pessoas ou serem prejudiciais à saúde das edificações e todas elas podem provocar danos irreparáveis tanto às pessoas como às edificações. Com o desmatamento de algumas regiões, promovendo o seu desalojamento, vem sendo cada vez mais comum o avanço de escorpiões para os

As espécies conhecidas mais venenosas do mundo Leiurus quinquestriatus - Temos aqui a espécie conhecida como “assassino rastejante” ou simplesmente “escorpião palestino amarelo”, considerado o mais venenoso do mundo. Habita a África e Oriente Médio.

centros urbanos. Além disso, a urbanização provoca a produção de ambiente favorável para a sua sobrevivência tais como acúmulo de lixos, a alimentação fácil (por exemplo: baratas) e a escassez de predadores naturais, facilitando a sua reprodução desordenada e fazendo com que este torne-se uma terrível praga urbana.

Eles realmente atacam as pessoas? Outra pergunta realizada constantemente é a possibilidade destes animais atacarem as pessoas. Entretanto, isso é um mito. Sabemos que os escorpiões não são animais agressivos e que estes só realizam o ato de injetar veneno ao se sentirem ameaçados. Primeiramente o escorpião tenta capturar a presa através de seus pedipalpos (Imagem 1),

Figura 2. Escorpião palestino amarelo. (Foto de Muhammad Al Shanfari, 2010. Disponível em: https://www.flickr.com/photos/ shanfari/4934155191)

entretanto, quando a mesma apresenta resistência, daí sim, acabam injetando o veneno, a fim de causar sua paralisia e com isso se defenderem ou então, se alimentarem.

Androctonus sp.- Aqui temos algumas espécies conhecidas dentro desse gênero e que podem ser consideradas extremamente perigosas. O escorpião de cauda negra (Androctonus bicolor) é encontrado na África e Oriente, onde prefere viver em áreas desérticas e arenosas. Outro representante perigoso do gênero Androctonus, devido à sua aparência, é chamado de “escorpião de cauda amarela”, vivendo no norte da África e no sul da Ásia. Temos também o Androctonus crassicauda, cujo o nome desse habitante dos desertos árabes se traduz literalmente como “matando homens”

Figura 1. Pedipalpo de um escorpião. (Foto de Arthur Anker, 2007. Disponível em: https://www.flickr.com/photos/artour_a/577178046)

e é facilmente encontrado em algumas regiões da Turquia, Irã e Arábia Saudita.

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Centruroides vittatus - Espécie comum no sul dos EUA e no México. Os adultos não crescem mais de 7 cm e duas linhas escuras passam pelo abdômen amarelado, por isso é fácil identificá-los. Milhares de pessoas sofrem com mordidas desta espécie anualmente.

Evitando os escorpiões Como sabemos, detectam alguns produtos químicos devido a presença de quimiorreceptores em seu corpo. Por esse motivo, a utilização de produtos não indicados para a sua eliminação pode provocar diversos acidentes, visto que promoverá o seu desalojamento e irritação quando o animal detectar a substância química. Sendo assim, o controle de escorpiões só deverá ser realizado por profissionais bem treinados, que saberão utilizar de forma correta os produtos disponíveis no mercado e que melhor se aplicam para o controle deste tipo de praga, além da melhor for-

Figura 3. Centruroides vittatus. (Foto de Gray Lasley. Diponível em: http://greglasley.com/nonBirds/stripebarkscor.html)

ma de aplicação e dosagem. Além dos tratamentos químicos, é de responsabilidade do controlador, orientar o seu cliente

Tityus serrulatus - Temos aqui o nosso tão conhecido

quanto as medidas preventivas que auxiliarão no

escorpião amarelo, que se distribui em todo o território

controle efetivo da praga, visando à eliminação de

brasileiro. Alguns pesquisadores o consideram como

locais que possam propiciar o abrigo, acesso e a

sendo a terceira espécie mais venenosa do mundo.

atração. Manter jardins e quintais limpos, evitar o

Umas das curiosidades da espécie, é que sob

acúmulo de entulhos, folhas secas, lixo doméstico,

condições de calor e alimentados, realizam um

material de construção nas proximidades, manter

processo chamado de “partenogênese”, que é a

vegetação sempre aparada, sacudir roupas e sa-

capacidade de se reproduzir sem a necessidade de

patos antes de usá-los, vedar soleiras de portas e

haver um casal (macho e fêmea), onde todo indiví-

janelas ao escurecer, usar telas em ralos de chão,

duo adulto pode parir entre 30 indivíduos.

pias e tanques e combater a proliferação de bara-

Até pouco tempo acreditava-se só existirem fêmeas, porém uma descoberta recente, revelou uma

tas, são algumas dessas medidas que devem ser repassadas aos clientes.

colônia com a “divisão de gêneros” machos e fê-

Lembre-se, somente através da integração de

meas e reprodução por meio de sexo entre os casais.

diferentes ferramentas de controle, de maneira planejada e em harmonia, é possível realizar adequadamente o manejo de uma praga. E você, profissional capacitado, deve se atualizar constantemente para que sempre possa orientar o seu cliente de forma adequada e de maneira responsável.

Figura 4. Tityus serrulatus. (Arquivo Instituto Butantan. Disponível em: https://www.ufmg.br/online/arquivos/005176.shtml)

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Uiara Caromano Treviso Engenheira Agrônoma e Bióloga Especialista em Sistemas de Gestão Integrados Especialista em Doenças Infecciosas e Parasitárias e membro do Conselho Técnico da ABCVP.


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MEIO AMBIENTE

Porque os ratos são um problema para o Mona Cagarras

Ilha Comprida e Ilha Redonda ao fundo vistas da Ilha de Palmas

Por Júlia Luz

O Monumento Natural do Arquipélago

Características do MONA Cagarras

das Ilhas Cagarras (MONA Cagarras) é composto por quatro ilhas: Palmas, Comprida,

Esse conjunto de ilhas se caracteriza

Cagarra e Redonda e mais dois ilhotes: Fi-

pelo predomínio de vegetação herbáceo-

lhote da Cagarra e Filhote da Redonda. Ele

-arbustiva de costões rochosos, com for-

fica localizado a cerca de 5 km da praia de

mações de porte arbóreo nas porções mais

Ipanema, sendo considerado um dos car-

elevadas da Ilha Comprida, Palmas e Re-

tões postais da cidade do Rio de Janeiro.

donda. Os pesquisadores registraram 169

Esta Unidade de Conservação (UC) federal

espécies de plantas, incluindo espécies

de proteção integral, criada em 2010, tem

endêmicas, exclusivas do Estado do Rio

como objetivo preservar os remanescentes

de Janeiro, e a presença de espécies ame-

do ecossistema insular do domínio da Mata

açadas de extinção. A UC também protege

Atlântica, as belezas cênicas do município

uma espécie de planta da família das eu-

e áreas de refúgio e nidificação de aves ma-

forbiáceas que, antes de ser registrada no

rinhas, como atobás-marrons (Sula leuco-

MONA, era considerada provavelmente

gaster) e fragatas (Fregata magnificens).

extinta para o município do Rio de Janei-

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Atividades públicas no MONA Cagarras Em determinadas áreas do MONA Cagarras, é permitido o uso público, o que inclui atividades de turismo, esporte e lazer, como passeios de barco, mergulho, escalada e canoagem. No entanto, esse uso deve ser feito de forma consciente e sustentável. Recentemente, foi publicado o plano de manejo da UC, que é um documento técnico no qual se estabelecem os alvos de conservação da Unidade, com análise dos impactos neles incidentes e dos dados necessários à sua conservação, bem como o zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais. Um dos principais impactos levantados por esse documento foi a presença de espécies exóticas invasoras (EEI).

Roedores do gênero Rattus como espécies exóticas invasoras. Atobá na Ilha Cagarra

Segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA), espécies exóticas invasoras representam uma das maiores ameaças ao

ro, como também uma samambaia muito

meio ambiente, causando grandes preju-

rara para o Estado. Abriga ainda espécies

ízos à biodiversidade e aos ecossistemas

da fauna endêmica, como a perereca-de-

naturais, além dos riscos à saúde humana.

-bromélia (Scinax gr. perpusillus), além de

O termo “espécie exótica” é utilizado para

mais de uma dezena de espécies ameaça-

definir espécies que foram introduzidas

das de extinção de diversos grupos taxo-

pelo homem acidental ou intencional-

nômicos. O solo das ilhas Cagarra e Re-

mente, em ambientes onde naturalmen-

donda tem altos níveis de fósforo, devido

te não se encontravam. Essas espécies se

aos enormes depósitos de guano deixados

tornam invasoras quando se estabelecem

pelas fragatas e atobás-marrons. Todas

nesses novos locais, se multiplicam sem

essas características realçam a importân-

controle e passam a representar um sério

cia dessa UC para conservação da biodi-

sinal de perigo para as espécies nativas e o

versidade no município do Rio de Janeiro.

equilíbrio dos ecossistemas.

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Os ambientes insulares são os que mais sofreram invasões biológicas. As aves marinhas são um dos grupos mais ameaçados com a presença de ratos, isso porque eles predam os ovos e os filhotes dessas aves. Os ratos e ratazanas, espécies do gênero Rattus, são originários da Ásia e considerados espécies exóticas invasoras no Brasil. No MONA Cagarras, relatos de pescadores já indicavam a presença desses roedores na Ilha Comprida. Em 2018, através de armadilhas fotográficas, e logo depois, em 2019, através de capturas, comprovamos a presença de Rattus cf. norvegicus na UC. Atualmente, o Projeto Ilhas do Rio (http:// ilhasdorio.org.br/), em sua fase IV, realiza o diagnóstico de mamíferos terrestres nativos e exóticos do MONA Cagarras, incluindo os morcegos. O projeto está em andamento e até agora a ocorrência de ratazanas só foi confirmada na Ilha Comprida, sendo esta a que mais sofre com a presença de embarcações e visitantes na área terrestre. Roedores (especialmente do gênero Rattus spp.) podem ter sido os vertebrados mais amplamente introduzidos, por acompanhar os seres humanos em nossa

Fragatas na Ilha Redonda

história de dispersão global. Os impactos negativos dessas espécies em biotas na-

-marrons da América do Sul, com popu-

tivas, especialmente em ilhas, já foram

lações de milhares de indivíduos.

diversas vezes reportados. Como fala-

Além dos efeitos sobre as aves, a predação

do anteriormente, esses mamíferos têm

de sementes pelos ratos introduzidos pode

grande impacto nas populações de aves

reduzir substancialmente o recrutamento

marinhas e estão presentes em mais de

de algumas espécies de plantas, alterando

90% de todas as ilhas do mundo. Alguns

assim os habitats. Já foi demonstrado que

dos principais efeitos dos ratos, no nível

ratos exóticos consomem e dispersam fun-

do ecossistema, ocorrem porque eles po-

gos que, por sua vez, facilitam a invasão por

dem eliminar aves marinhas e, portanto,

espécies exóticas de plantas, podendo ter

nutrientes e distúrbios físicos associados

efeitos imprevistos ainda mais negativos.

ao guano depositado por essas aves. Vale

Dada a ampla gama de interações atribuída

lembrar que o MONA Cagarras abriga uns

a esses roedores, efeitos diretos e indiretos

dos maiores ninhais de fragatas e atobás-

se seguiram à invasão de novos locais.

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Ilha Comprida

Morcegos – mamíferos nativos no MONA Cagarras

morcegos são animais voadores e noturnos, por vezes difíceis de estudar. Por isso, os potenciais impactos de predadores introduzidos não foram investigados para a maioria das espécies. Estudos realizados fora do Brasil indicam que, para algumas espécies, o aumento das populações de ratos coincidiu com reduções significativas na sobrevivência de morcegos e que a sobrevivência dos morcegos em anos com alto número de predadores (Rattus rattus) foi menor do que em anos com baixo número. Ações de controle dos roedores trouxeram a sobrevivência de volta aos seus níveis normais. Os morcegos são muito importantes para a regeneração florestal já que dispersam sementes de plantas nativas e também atuam na polinização

Até o momento, as únicas espécies de mamí-

de diversas espécies, entre elas cactos e outros

feros nativos registradas para o ambiente terres-

grupos presentes na UC. Outra função fundamen-

tre do MONA Cagarras são os morcegos. No Brasil,

tal dos morcegos é o controle de populações de in-

ainda há poucos estudos relacionados aos impactos

setos, incluindo pragas agrícolas, e de pequenos

de Rattus e menos ainda se sabe sobre os impactos

vertebrados, além do aporte de matéria orgânica

desses invasores sobre populações de morcegos. Os

em cavidades naturais.

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altos custos de erradicação. Devido à proximidade com o continente e a frequência de embarcações no entorno do MONA, estudos prévios, como este que está sendo realizado pelo Instituto Mar Adentro e a empresa Piper 3D, sob curadoria técnica do WWF-Brasil, patrocínio da Associação IEP e JGP, contando com as parcerias institucionais do ICMBio, Museu Nacional-UFRJ, Colônia de Pescadores Ilha das Palmas, Ilha Cagarra, Cristo e Pao de açúcar vistos da Ilha Comprida

Estratégias de conservação

de Copacabana Z-13, UERJ e FIOCRUZ, precisam ser desenvolvidos para subsidiar o controle, manejo e erradicação das espécies exóticas.

Do ponto de vista da gestão do MONA Cagarras, é importante projetar o resultado de possíveis estratégias de conservação para orientar a implementação de ações de erradicação de Rattus na UC e monitoramento para que a espécie não retorne. A forte evidência de efeitos negativos generalizados de ratos introduzidos é suficiente para justificar os

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Júlia Luz Bióloga, mestre em Ecologia e doutora em Biologia animal


BOAS PRÁTICAS

Biologia e metodologias de controle de moscas urbanas (Dipteras) Por Roberta Arraes

As moscas pertencem ao reino animal, a clas-

(passagem do conteúdo do estômago para a boca

se Insecta e a um dos grupos mais importantes da

de forma involuntária, sem esforço e sem ejeção

Ordem Diptera (do grego di= duas e pteron = asas,

do conteúdo alimentar).

devido às asas posteriores serem modificadas em

Insetos bastante ativos durante o dia, durante a

forma de halteres e funcionarem apenas como es-

noite eles repousam. Apresentam atração pela luz UV.

tabilizadores de voo), esta ordem é a quarta mais

As moscas são insetos sinatrópicos, ou seja, têm

diversa pertencente à classe dos insetos. Apresen-

a capacidade de adaptação às condições ecológicas

tam metamorfose completa, ou seja, fase de ovo,

criadas pelo homem, utilizando estas para abrigo,

larva, pupa e adulto.

alimentação e proliferação. Existem milhares de es-

As moscas podem ser reconhecidas facilmente

pécies de moscas, porém, a seguir vamos abordar

por causa da cabeça móvel e os olhos facetados.

as principais espécies que habitam o meio urbano e

Algumas possuem aparelho bucal com capacida-

suas metodologias de controle:

de de absorver líquidos enquanto outras possuem aparelho bucal do tipo picador. Alimentam-se de matéria orgânica em decomposição, entre elas açúcares, frutas, entre outros. Só ingerem alimentos líquidos ou pastosos, para isso lançam uma substância (saliva) sobre eles para dissolvê-los e conseguir ingerir. As moscas são consideradas vetores mecânicos de diversos microrganismos patogênicos e elas podem carregá-los em todo o exoesqueleto, inclusive nas pernas, asas e peças bucais (MARICON et al. 1998). Internamente, os microrganismos po-

Fonte: Deposiphotos

dem se alojar no aparelho digestivo, sendo eliminados através dos excretas ou de partículas regur-

Musca domestica: Chamada popularmente de mosca

gitadas constantemente (GREENBERG, 1973). As

doméstica, frequente nos domicílios urbanos. Apre-

moscas têm a capacidade de permitir que os orga-

sentam coloração acinzentada com faixas longitudi-

nismos patogênicos passem por seu trato diges-

nais mais escuras no tórax. Envolvidas na trans-

tivo sem serem alterados, podendo assim serem

missão de mais de 100 patógenos, como vírus,

depositados nos alimentos durante a regurgitação

bactérias, protozoários e ovos de helmintos.

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A fêmea quando fecundada procura resíduos orgânicos em decomposição para a realização da postura, colocam de 20-50 ovos agrupados por postura, totalizando de 350-900 ovos durante o ciclo de vida. O ciclo médio de vida (ovo-adulto) leva em torno de 10-25 dias, dependendo das condições do meio ambiente. Os adultos vivem de 10 a 25 dias. Utilizam como substrato para a reprodução alimentos açucarados, carne, excrementos, matéria orgânica em decomposição e

Fonte: Wikipédia

meios em fermentação. Drosophila spp.: Popularmente chamada de mosca-de-frutas, mosca-da-banana ou mosca do vinagre, possuem os olhos vermelhos, são amareladas e tem receptáculo ventral relativamente longo, testículos espiralados medianamente longos. Estes insetos estão relacionados a locais com condições higiênico sanitárias deficientes, devido a isso existem relatos desses insetos ligados a doenças como diarréias e outros desconfortos abdominais. A fêmea fertilizada pode pôr até 500 ovos por ciclo. Os adultos vivem de 8 a 10 dias. Têm preferência por matéria orgânica em decomposição ou Fonte: Wikipédia

fermentação. Cerveja e vinho são excelentes atrativos para essa espécie de mosca.

Calliphora spp.: Chamada popularmente de mosca varejeira, normalmente apresentam cor azul, verde ou preto, estas moscas possuem um brilho metálico, geralmente chamam a atenção pelos seus padrões xadrez no abdômen. A mosca varejeira pode viajar milhas em busca do local perfeito para ovopositar, são alvos de estudo forense por, na maioria das vezes, chegarem primeiro em animais mortos e cenas de crime. A fêmea fertilizada pode pôr até 3000 ovos e geralmente a postura é parcelada em lotes de 100 a 300 ovos. O ciclo médio de vida (ovo-adulto) leva em torno de 10-25 dias, dependendo das condições do meio ambiente. Os adultos vivem de 5 a 9 dias. Têm preferência por materiais orgânicos de origem animal como fezes e carcaças, também gostam de matéria orgânica vegetal em processo de fermentação.

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Fonte: Threadreadera

Psychoda spp.: Popularmente chamadas de mosca de ralo ou mosca de umidade são insetos voadores de cor cinza, com o corpo e asas cobertos por pequenos fios. Geralmente são encontrados em ralos, tubulações subterrâneas, estações de tra-


tamento de esgoto e bueiros. Elas podem ser car-

produtos químicos. Para entender de forma mais

regadas pelo vento a distâncias superiores a 2 Km.

clara vamos abordar as medidas preventivas, cor-

As fêmeas depositam até 200 ovos em superfícies

retivas e de controle químico.

gelatinosas nos ralos e canos de esgoto. Os insetos adultos vivem de 8-10 dias. Estas moscas não

Medidas Preventivas

picam e não mordem, mas podem ser um vetor importante de microrganismos patogênicos, uma

São medidas que visam minimizar a atrativi-

vez que vivem em locais com materiais degrada-

dade de moscas:

dos, estão intimamente ligadas aos riscos de in-

-Eliminar ofertas de alimentos e/ou mantê-los em

fecções hospitalares e casos de bronquite asmáti-

recipientes fechados;

ca, devido a inalação de ar contendo fragmentos

-Eliminar possíveis fontes de umidade;

de insetos desintegrados.

-Recolher restos de alimentos, fezes de animais e

Controle

qualquer outro tipo de lixo, mantendo-os em recipientes fechados; -Dispor o lixo para coleta pública somente nos ho-

Toda vez que falamos de controle de pragas é

rários e dias certos de recolhimento;

muito importante pensar no “Controle Integrado

-Limpar diariamente os locais de refeição e preparo

de Pragas - CIP”, que consiste em um conjunto de

de alimentos;

medidas preventivas e corretivas, além do contro-

-Desobstruir canaletas que retenham resíduos orgâni-

le químico, o objetivo do CIP é minimizar o uso de

cos e sirvam de atrativo para a proliferação de moscas.

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Medidas Corretivas

ger a área desejada, lembrando que deve-se considerar a área de abrangência recomenda-

São medidas que visam impedir o acesso dos in-

da pelo fabricante. O tipo de armadilha mais

setos às áreas edificadas, entre elas estão:

recomendada para áreas internas são as com

-Portas automáticas, com sensores para fecha-

placas adesivas, porém deve-se ter o cuidado

mento automático;

em áreas com grande quantidade de pó, pois

-Cortinas de ar com ajuste de pressão e do fluxo do vento;

esse fator pode influenciar no tempo de efici-

- Telar janelas;

ência da placa instalada. As armadilhas devem

- Portas abre-fecha ou cortinas de tiras de acetato.

ser instaladas na altura de 1,5m-1,8m, nunca devem ser instaladas em áreas externas e as

Medidas de Controle Químico

lâmpadas devem ser substituídas de acordo com a indicação do fabricante e, de preferên-

Iscas granuladas ou diluídas em água: constitu-

cia, devem ter película anti explosão.

ídas a base de açúcares, princípio ativo (insetici-

As armadilhas biológicas são frascos plásti-

da) e atrativo. A aplicação das iscas devem seguir

cos, com o interior coberto por um líquido atra-

rigorosamente as recomendações do fabricante,

tivo, com alta eficiência para moscas varejeiras

garantindo assim não só a eficiência das iscas, mas

e menor eficiência para moscas domésticas.

também a segurança da aplicação evitando conta-

Deve-se observar as orientações do fabricante

minação e intoxicação de pessoas e animais;

para instalação, observando cuidadosamente

Pulverização ou atomização: a pulverização

a altura e a posição dos ventos. As armadilhas

deve ser direcionada para áreas de pouso e possí-

biológicas devem ser instaladas a uma distân-

veis criadouros. A atomização consiste na aplica-

cia a partir de 20m das edificações, evitan-

ção de pequenas gotículas que formam uma nebli-

do a atração de insetos para as áreas internas

na, despejada no ar, essa aplicação apresenta uma

da estrutura. Durante as inspeções e serviços

ótima eficiência para insetos adultos, ela também

é necessário verificar a quantidade de líquido

pode ser direcionada para abrigos e possíveis cria-

atrativo nas armadilhas, é importante que ele

douros. Os produtos recomendados para essa apli-

sempre esteja na quantidade recomendada e

cação são microencapsulados, pó-molháveis e

que os insetos já capturados sejam removidos.

suspensões concentradas. Pincelamento: técnica utilizada em áreas de pouso de moscas, utilizando produtos à base de organofosforados e piretróides.

Armadilhas Luminosas e Biológicas As armadilhas luminosas têm a função de auxiliar no controle, além de contribuir para o monitoramento da infestação na área a ser tratada. Hoje, no mercado, existem vários modelos disponíveis, mas é imprescindível uma inspeção prévia

Roberta Arraes

no local para análise dos melhores pontos de ins-

Engenheira Agrônoma, especialista em Controle de Pragas e membro do Conselho Técnico da ABCVP

talação e a quantidade de armadilhas para abran-

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