ExpoPrint & ConverExpo
Antônio, o mercador/ expositor de Veneza
Jorge Maldonado
Neste artigo, o diretor da ExpoPrint, Jorge Maldonado, destaca como a história nos mostra que encontros para troca de informações e produtos sempre foram essenciais, e que as feiras de negócio atuais são uma visitação obrigatória.
“O
“Veduta del Palazzo Ducale”, Giovanni Antonio Canal (Canaletto), óleo sobre tela, 41 × 83 cm, 1735 (Galleria degli Uffizi, Florença, Itália)
28 REVISTA ABIGR AF janeiro /março 2021
h, não, não, não! Quando digo que ele é um bom homem, que ro fazer-vos compreender que como fiador é suficiente. Mas seus recursos são hipotéticos. Ele tem um ga leão no caminho de Trípoli; outro, no das Índias. Ouvi falar, também, no Rialto, que tem um ter ceiro de rota para o México, um quarto, para a Inglaterra, bem como outras pacotilhas espa lhadas por esse mundo. Mas navios não passam de tábuas, e marinheiros, de homens. Há ratos de terra e ratos de água, ladrões de terra e la drões de água — quero dizer: piratas —, como há os perigos dos ventos, das ondas e das rochas. O homem, não obstante, é suficiente. Três mil ducados; creio que posso aceitar a fiança dele”. Esta é a fala do judeu Shylock ao se referir a Antônio, grande mercador e fiador do jovem Bassanio, que precisava de três mil ducados para sua viagem, visando a conquista da bela Porcia. Shylock concede o empréstimo, mas
com uma curiosa solicitação que ele faz ao pró prio fiador Antônio: “Acompanhai-me ao no tário e assinai-me o documento da dívida, no qual, por brincadeira, declarado será que se no dia tal ou tal, em lugar também sabido, a quan tia ou quantias não pagardes, concordais em ce der, por equidade, uma libra de vossa bela car ne, que do corpo vos há de ser cortada onde bem me aprouver”. Este é o enredo central da peça “O Merca dor de Veneza”, escrito por William Shakespeare, que sempre interpretou de uma forma magis tral o comportamento humano em todas suas quase 40 peças. Um gênio, muito avançado para a sua época. “O Mercador de Veneza” foi escrito entre os anos 1596 e 1598. Depois de me deleitar com a leitura desta obra, que provocou e ainda pro voca grandes controvérsias pelas manifesta ções emocionais pessoais e ação direta da jus tiça e sua interpretação que temos dela, me