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Quando as evidências não estão evidentes 4 3 de fevereiro de 2016 Ronaldo Souza Conversando com o clínico
Por Ronaldo Souza A Endodontia parecia ter perdido um atributo fundamental a qualquer ciência; a capacidade de questionar, de fugir do senso comum, de romper com o estabelecido. Ninguém ousava. Instrumentava-se o canal de 0,5 a 2 mm aquém do ápice, irrigava-se com tais soluções irrigadoras, obturava-se nos padrões clássicos, tudo seguia igual. Para onde estavam voltadas as atenções? Para novos instrumentos, novas propostas de instrumentação, novos sistemas de instrumentação, novas técnicas e materiais de obturação, novos cimentos obturadores… Graças a tudo isso, foi fantástico e inquestionável o avanço da Endodontia.
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Chegaram
os
novos
instrumentos,
novas
propostas
de
instrumentação,
novos
sistemas
de
instrumentação, novas técnicas, sistemas e materiais de obturação, novos cimentos obturadores… No entanto, chamava a atenção o fato de que, mesmo com todos os avanços conquistados, os percentuais de sucesso no tratamento endodôntico não foram alterados. Tudo novo, apoiado em concepções antigas. Era incrível como algumas coisas saltavam aos olhos, mas não eram consideradas. Não “entravam” nas discussões. Quanta coisa por descobrir! Como gosta de dizer o Prof. Pécora; “há uma Endodontia por ser feita”. Alguns momentos foram fundamentais nesse processo. Ao estabelecer o conceito de Zona Crítica Apical, por exemplo, o Prof. Quintiliano Diniz de Deus rompia com alguns paradigmas, como o do coto pulpar. Era de fato uma abordagem muito interessante e diferente do que até então reinara no Brasil, particularmente através do seu livro, edição 1992, de fato um belo livro. Ali ele introduzia o conceito de limpeza do forame na endodontia brasileira (leia aqui Pondo os pingos nos is). Ocorre que nem todas as portas se abrem diante da chegada de uma nova linha de raciocínio. Novos caminhos nem sempre significam portas abertas. E quando isso implica na possibilidade de queda de conceitos estabelecidos, as dificuldades se tornam maiores ainda. Nada mais natural. O novo sempre trará algum desconforto. Além disso, já não bastam as dificuldades que têm origem nas discussões pertinentes, nas diferenças de pontos de vista, na interpretação que cada um dá aos diversos temas, existem as situações em que a geografia condena. Contudo, ainda que numericamente represente pouco, as portas abertas para o Prof. De Deus foram importantes: Ribeirão Preto, pelas mãos do Prof. Jesus Djalma Pécora, e Campinas, pelas mãos do Prof. Luiz Valdrighi. Entre outras iniciativas, no site da FORP-USP estava a discussão sobre limite apical em Temas de Endodontia, com espaço generoso dedicado ao trabalho do Prof. De Deus.
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Com o Prof. Pécora, com quem só tive a alegria e honra de conviver muitos anos depois de formado (para ser preciso, somente em 2003 o conheci pessoalmente), tive muitas oportunidades de conversar sobre os diversos temas da Endodontia. Foi quando também tive a honra de ser incorporado à discussão sobre o tema, já ali buscando apresentar novas interpretações e sugerindo a expressão limpeza do canal cementário (veja aqui Limite apical do preparo endodôntico). Há pessoas especialistas em abrir portas. Há pessoas que conseguem ver a Endodontia como algo maior, não restrita a grupos, sejam eles quais forem. Por isso não me canso de fazer reverência ao Prof. Pécora.