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Número de matriculações aumenta e contra-ciclo mantém-se
MERCADOS - PORTUGAL
O discurso de prudência quanto ao último trimestre deste ano continua bem vincado, mas as matriculações voltam a aumentar: no fim do primeiro trimestre, o crescimento era de 14,5% em relação ao período homólogo do ano anterior e no fim de maio, tomando a mesma medida de comparação, a subida já é de 17,08%. A Solis continua a destacar-se nas unidades vendidas e o escalão 51-120cv reforça a sua preponderância, ganhando quase um ponto percentual em relação ao escalão abaixo de 50cv.
O mercado das matrículas em Portugal continua em contra-ciclo com a restante maioria dos países europeus – exceção feita ainda aos países dos Balcãs e alguns países de Leste -, registando novo aumento em relação aos dados que havíamos fornecido após o primeiro trimestre. No fim de maio, o aumento situou-se nos 17,08% - sensivelmente mais três pontos percentuais do que no fim de março (14,5%) - mas trata-se de um contexto ainda marcado pelas entregas que as marcas tinham atrasadas e foram fazendo ao longo dos primeiros cinco meses do ano. Assim, a perspetiva quanto ao futuro, nomeadamente em relação ao último trimestre do ano, aponta para uma quebra, até pelo facto de os aumentos de preços de matérias-primas e energia serem agora iguais ou maiores do que os que se verificavam em março, efeitos de uma guerra cujo impacto só deverá ser palpável na reta final do ano [ver análise dos especialistas]. “Provavelmente na próxima edição d’abolsamia [outubro] já se começa a notar a quebra, que a meu ver será inevitável”, confessou-nos Fernando Garcia, diretor-geral da CNH Industrial. Mais um sinal de que estes primeiros cinco meses refletem atualização de entregas pode ser constatado pelo facto de todos os meses de 2022 registarem mais de 500 tratores matriculados, quando este número por mês só foi ultrapassado em três ocasiões em 2021.
Escalão 51-120cv continua a alargar o fosso
Analisando os segmentos de potência mais vendidos, o escalão 51-120cv confirma a tendência de profissionalização da agricultura em Portugal, com 52,3% dos matriculados (registava 51,6% no fim de março), com o escalão abaixo dos 50cv a ficar já aquém dos 40% que registava em março (39,3%) comprovando a queda. Quanto aos segmentos de maior potência, o de 121-200cv continua na mesma linha – 7,19% contra 7,40% em março – enquanto o escalão acima de 200cv matriculou em abril e maio (18) mais do que matriculara no primeiro trimestre (16), chegando aos 34 tratores matriculados (1,19%).
Top 3 de matrículas (por unidades)
Marcas
A Solis continua, neste campo, a ditar leis: leva 433 tratores matriculados, 76,6% da totalidade de tratores vendidos em 2021, quando apenas estão contabilizados os números até maio, ou seja, nem meio ano. Entre os cinco primeiros, que não alteraram posições, volta a destacar-se a quebra da Deutz-Fahr – em março era de 14% e no fim de maio já ascende a cerca de 23% em relação ao período homólogo do ano anterior -, tendo as restantes marcas aumentado matriculações em relação a maio de 2021, mesmo que o crescimento da New Holland tenha sido residual (2,19%).
Marcas e modelos mais vendidos por segmentos de potência
Janeiro a Maio 2022
Segundo os dados do Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), entre janeiro e maio de 2022, foi a Solis que matriculou mais tratores e que teve o modelo mais vendido: o Solis 26 4WD Stage V registou 192 unidades transacionadas (44,3% do total dos cinco primeiros meses do ano), contabilizando precisamente o dobro do segundo modelo mais matriculado no fim de maio, o Farmtrac 26 4WD. Quanto às marcas líderes nos diferentes escalões de potência, a Solis fortaleceu o domínio abaixo de 50cv, com 296 tratores matriculados novos, mais 162 do que a Kubota. No escalão 51-120cv, a New Holland, chega aos 325 tratores matriculados , voltando a Kubota a situar-se no segundo lugar mas a 157 máquinas de distância. Nas potências mais elevadas o destaque continua a ser a John Deere: nos 121-200cv, a marca norteamericana continua a ter mais do dobro de matriculados do que a Valtra (76 contra 33), enquanto no escalão acima dos 200cv soma 11 tratores vendidos contra 6 da Fendt.
Linhai manda nos ATV’s e BRP sobressai nos UTV’s
Numa análise ao mercado de vendas de ATV’s e UTV’s nos primeiros cinco meses do ano, a Linhai reforçou a sua liderança de vendas de ATV’s: aumentou a distância para a CF Moto, com 251 matriculados contra 132 do concorrente mais próximo. Já nos UTV’s, se em março a diferença da CF Moto para a BRP era mínima, agora esta última tomou-lhe a dianteira: 67 matriculados versus 57 da CF Moto. Convém recordar que há um ano, a BRP só havia vendido 29 máquinas contra 37 da CF Moto. Nota final para o aumento de vendas tanto nos ATV’s (15,5%) como nos UTV’s (24,2%) em relação aos primeiros cinco meses de 2021.
Reboques descem 2,63% em relação a 2021
O mercado dos reboques no fim de maio mostra uma quebra de 2,6% em relação ao período homólogo do ano passado: foram matriculados menos 19 reboques, tendo a Galucho, a Rates e a Joper sofrido quebras significativas, três das quatro marcas que mais haviam vendido no fim de maio de 2021. Herculano, Ja&ma Reboal e Massil aumentaram os seus números, com destaque para esta última que de 27 reboques matriculados a 31 de maio do ano passado, registou agora, no mesmo período, 74 reboques transacionados. A revista abolsamia quis perceber o motivo desta quebra, quando no fim de março se registava um aumento de 21,8%. A razão poderá estar aqui , explicou João Montez, diretorcomercial da Ja&ma Reboal. “Fez-se muito stock no final do ano passado e no início de 2022 e as marcas não estão a conseguir vender e escoar o stock por todos os motivos que sabemos: aumento dos preços, custos das matérias-primas e o agricultor retrai-se na compra. A guerra afeta psicologicamente e a procura reduziu. Na Reboal temos aumentado mas são entregas atrasadas”. Refira-se que, pese embora a quebra registada, a Galucho continua a liderar o mercado de matrículas de reboques.