1ª edição
setembro - 2010 Vila Velha - ES
Copyright © 2010 Above Publicações ISBN - 978-85-63080-21-9 Primeira edição, setembro - 2010 Editor Responsável Uziel de Jesus Revisão Alexandra Resende Capa Melissa Roncete Diagramação e Capa Above Publicações www.aboveonline.com.br Todos os direitos reservados pelo autor. É proibida a reprodução parcial ou total sem a permissão escrita do autor. Impresso na Gráfica Viena
Dedico este livro a todas as crianças, jovens e adultos que, como Kanauã, desejam conhecer o amor de Deus pela humanidade. É bom saberem que, após embarcar nesta aventura, eles vão desejar mais do que nunca passar para o lado do exército do Todo-Poderoso, e serem verdadeiros guarinĩ de Tupã.
Agradeço ao único e verdadeiro majestoso Tupã, que prometeu e cumpriu a realização deste sonho na minha vida. No nome santo de Iesú, receba minha gratidão, meu Senhor! Agradeço toda a minha família e aos meus pais que me apoiaram e me ajudaram em oração para que Anhangá fosse derrotado e este sonho fosse realizado.
Guarinĩ - E o lívro de Tupã
8
Tîagkauê
Sumário
Capítulo 01 A Promessa De Tupã O Leão Branco
Capítulo 02
11 21
Capítulo 3 O Milagre No Ônibus
33
Capítulo 4 Um Livro Diferente
41
Capítulo 5 A Pantera Misteriosa
51
Capítulo 6 Como Se Aproximar De Evangeline?
61
Capítulo 7 O Torneio De Ygara
73
Capítulo 08 A Primeira Conversão
83
Capítulo 09 O Mapa Do Livro
91
9
Guarinĩ - E o lívro de Tupã
Capítulo 10 A Árvore Inclinada
99
Capítulo 11 A Reserva Proibida
111
Capítulo 12 A Defesa Que Veio Do Alto
123
Capítulo 13 A Gruta Dos Uivos
133
Capítulo 14 Perigos Rondam O Livro
143
O Nome De Iesú
Capítulo 15
10
153
Tîagkauê
Capítulo 01 A promessa de Tupã
A
s águas do ‘y (rio) agitavam e pequenas ondas se quebravam no porto da *Taba (*aldeia). Kûarasy, o Sol, estava prestes a se pôr. O lugar parecia vazio de habitantes. Mas era impressão de quem quer que estivesse pensando isso. Os *abá (*índios) estavam reunidos em uma enorme cabana, feita exclusivamente para eventos e reuniões da comunidade, para juntos tomarem uma dura decisão. No meio do círculo formado pelos que estavam presentes estava uma mulher grávida. Iraê havia transgredido uma lei muito importante que vigorava na Aldeia e, agora, estava sendo julgada pelas autoridades do lugar: o *morubixaba (*cacique) e mais duas lideranças fortíssimas que trabalhavam com ele. Talvez o mais triste da história, até agora, fosse o fato de que o morubixaba era o pai da acusada. – Eu sei de umas plantas ótimas para aborto – sugeriu uma senhora cansada, de cabelos brancos como o algodão, mas muito sábia em plantas medicinais. – Posso fazer um preparo infalível... – Aan! – interrompeu o morubixaba. – Um preparo de ervas, por mais eficaz que seja, pode matar não só a criança como também a mãe. Macumazã, um abá perdidamente apaixonado por Iraê, mas muito decepcionado com a situação na qual ela se encontrava, finalmente teve coragem para sugerir: – Nesse caso, só tem um jeito de impedir que esse *karaíba pitangĩ (*criança branca) venha ao mundo em nossa Taba: Vamos 11
Guarinĩ - E o lívro de Tupã
esperar até que nasça e, então, a matamos. O morubixaba se sentiu mais aliviado quando a comunidade concordou. Ao menos sabia que sua filha não correria risco de vida. Os meses foram passando e chegou o dia em que Iraê começou a sentir as dores do parto. O parto foi feito por uma senhora muito experiente nesse ofício. Nasceu então um belo pitangĩ, um kunumĩ. Embora fosse filho de um karaíba, sua pele era morena, mas se parecia mais com o pai. A parteira levou o kunumĩ à mãe, que agradeceu a Tupã, porque sua pele era morena, mesmo sabendo que traços do pai se revelariam nele no decorrer dos meses. Quando a comunidade compareceu à casa do morubixaba, cujo nome era Itapuã, este conseguiu convencê-la, a pedido da filha, em razão do seu resguardo, a executar o pitangĩ após dois meses de seu nascimento. Iraê procurava aproveitar, da melhor maneira, o pouco tempo que tinha com o filho. Nem se preocupara em lhe dar um nome, considerando que o perderia em breve. O morubixaba procurava sempre ficar neutro quanto às lamúrias e reclamações da filha. Certa noite, Itapuã estava dormindo quando ouviu uma suave voz lhe falar ao ouvido. “Não se preocupe. Seu neto foi planejado e escolhido por mim, mesmo antes de ser gerado no ventre da mãe. Ele será um instrumento valioso em minhas mãos.” – Quem disse isso? – perguntou Itapuã, intrigado. Nesse momento ele ouviu um barulho. A porta principal estava sendo aberta por alguém. Levantou-se de um salto e correu para ver quem era. Qual não foi o seu espanto, quando viu que sua filha, com o pitangĩ no colo, estava fugindo de casa altas horas da noite. – O que pensa que está fazendo? – gritou, nervoso, o pai, pegando no braço da filha. – Foi o único jeito que encontrei de salvar o meu filho. Por 12
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favor, me deixe ir! – suplicava Iraê. Itapuã pretendia revidar, mas se lembrou do que lhe dissera a misteriosa voz ao seu ouvido. Não poderia ser senão Tupã, o Todo-poderoso. Se Ele lhe dissera aquelas coisas, então o kunumĩ, de alguma forma, sobreviveria. – Para onde pretende ir? – perguntou, pensando em concordar. – Para qualquer lugar, desde que seja longe daqui – respondeu Iraê. A noite estava fria e, exceto pela presença das estrelas no céu, somente a escuridão testemunhava a fuga da jovem com seu filho. O que Iraê nem imaginava era a presença de Macumazã, que a espiava por detrás de uma árvore. Logo, um barulho, como de uma buzina, alarmou toda a comunidade. – Corre Iraê! – bradou Itapuã. Iraê disparou a correr no mesmo momento em que os abá saíam armados de suas casas, com tochas de fogo, à sua procura. A jovem, em meio a seu desespero, corria sem saber para onde estava indo. Sua visão não conseguia enxergar cinquenta centímetros à sua frente. Seu *nhy’ã (*coração) estava acelerado. Ela não tinha tempo de olhar para trás, mas sabia que estava sendo perseguida, uma vez que ouvia o barulho da multidão. Os abá estavam armados com lanças, pedaços de pau e outras armas e corriam em seu encalço, decididos a matar não só o pitangĩ, mas também a mãe. Após quase meia hora de perseguição, finalmente a comunidade se convenceu de que perdera Iraê de vista. Notando o silêncio que se fizera, a jovem, já quase sem fôlego, se sentou no gramado e ficou recostada em uma árvore. Por um momento chegou a pensar que o pitangĩ estivesse morto, pois não chorara durante a perseguição. Mas, após um ligeiro exame, aliviou-se ao saber que estava dormindo. Uma lágrima escapou de seus olhos. – Meu filho! – exclamou com voz quase que embargada. Estava trêmula e consciente de que ainda estava sob risco. Poderia, por exemplo, ser encontrada e devorada por algum animal noturno. Iraê já ouvira falar de um Tupã que está acima de todas as coisas. Mas nunca dera ouvido, considerando que levava uma vida 13
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nada elogiável, enquanto sabia de pessoas que não tinham mais lugar para armazenar dinheiro. Em seu pensamento, se existia um Tupã poderoso, o qual tinha poder de fazer um abá feliz, por que então havia tantos infelizes, miseráveis, violentos e doentes? E ela? Por que estava passando por aquela situação? A jovem, em sua ignorância, não sabia que o Criador só tem compromisso com quem tem com Ele. Não podia afirmar que tinha um compromisso com *Iesú (*Jesus), uma vez que suas orações eram para outros santos. Por exemplo, a quem recorrera para pedir ajuda na hora do parto? À Nossa Senhora do Bom Parto. Mas Iesú diz em Levítico 26.01: “Não fareis para vós ídolos, nem vos levantareis imagem de escultura nem estátua, nem poreis figura de pedra na vossa terra, para inclinar-vos a ela; porque eu sou o Senhor, vosso Tupã”. Por que Tupã, Deus, teria por dever cuidar de uma desobediente aos seus mandamentos? Entretanto, a amava tanto, que ainda aguardava o momento em que ela o poria em primeiro lugar em sua vida. Mas algo alegrara o Senhor. O pitangĩ que se encontrava aconchegado junto ao peito de Iraê. Ele tinha planos para a sua vida. A jovem procurou esquecer aqueles pensamentos e tentar dormir. O frio estava de tremer o queixo. Encolheu-se o máximo que pôde, protegendo o filho. Finalmente o sono chegou e a arrebatou. Despertou aos gritos, sentindo uma dor horrível. Já era de manhã, porém Kûarasy ainda não havia nascido. O que teria acontecido? Olhou ao redor e se surpreendeu ao ver uma *mboia (*cobra) se afastar. Olhou uma das pernas nuas e quase não acreditou. Havia sido picada. Kûarasy já ia nascendo quando ela sentiu as forças se esvaírem. Estava fraca, não havia ninguém por perto para ajudá-la, não sabia sequer onde estava. A voz quase não saía. Uma tristeza lhe invadiu repentinamente a alma. Lembrou-se de um Tupã cuja existência alguém um dia mencionara. Ali, em sua agonia, refletiu. Os santos os quais conhecia e adorava não a livraram de nada 14
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daquilo. Um lampejo em sua mente levou-a de volta a um momento até pouco esquecido. “Ela estava lavando roupas no porto. De repente, o barulho de um pequeno movimento de águas anuncia que alguém entrara no ‘y. Então Iraê, parou a sua atividade para olhá-la. A *kunhã não disse nada, tão somente lavou o rosto e os braços. Em seguida, ainda em silêncio, retirou-se da água e sentou-se na areia. Iraê voltou a atenção para o que estava fazendo, mas, minutos depois, quando tornou a olhá-la, esta estava olhando-a trabalhar. Procurou fazer de conta que não estava sendo incomodada e continuou a esfregar uma saia. Repentinamente foi surpreendida: (*mulher) – Iesú salva, cura, liberta, e leva para o Céu. Iraê olhou para a mulher e, duvidosa, chegou a perguntar: – Desculpe, falou comigo? – Sim – respondeu a desconhecida, cujo rosto era meio arredondado, cabelos longos, cacheados e negros, vestes simples e descalça. – Desculpe mais uma vez, mas eu não sei do que está falando – disse Iraê e voltou a sua atenção para a atividade a qual estava exercendo. – Iesú pode resolver todos os seus problemas, dar-lhe salvação eterna, levando-a para o Céu um dia – explicou a kunhã, roçando os pés na areia. – Quem é esse Iesú? – perguntou Iraê. – O Cordeiro de Tupã, que tira o pecado do mundo – respondeu.” Quando Iraê voltou a si estava chorando. Agora, só agora, entendia o que lhe dissera aquela estranha kunhã. Falava de Iesú. O único e perfeito filho de Tupã, o Criador. Não o conhecia, porque nunca se interessara por Ele. A tristeza presente em seu nhy’ã colocara-lhe, agora, esse desejo. Estava muito quebrantada, o filho firme no colo, olhou para o céu e fez, pela primeira vez, uma oração sincera. 15
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– Iesú, desculpe-me por nunca ter-lhe dado atenção. Fui tola, incrédula, pode me chamar do que quiser. Mas, ainda que seja um pouco tarde, quero te dizer que me arrependo e lamento muito por isso. Minha voz já está fraca e meu nhy’ã inicia os seus últimos batimentos. Não vou pedir que me cure, porque não sou digna de te pedir nada para meu benefício, considerando que só o que fiz em vida foi lhe entristecer. Mas aquela kunhã me disse que o Senhor salva, cura, liberta e leva para o Céu. Se Você pode fazer tudo isso, então eu entrego a minha vida em suas mãos. Nesse momento, Iraê viu se aproximar um varão de branco com longas asas. Retirou de seus braços o pitangĩ e o depositou sobre uma esteira que surgiu instantaneamente ali no chão. Em seguida, ergueu a mão para a jovem, que, trêmula e maravilhada com tanta glória, segurou-a e se levantou. Não sentia mais nenhuma dor, angústia ou coisa semelhante. Os dois foram caminhando e, sem que ela percebesse, foi se afastando do chão e levitando com o anjo até desaparecer por completo. Alguns minutos depois, o lugar foi surpreendido pela visita de estranhos animais negros: lobos, panteras, gatos selvagens, tigres e outros. Todos eram ferozes e começavam a se aproximar do kunumĩ, que brincava com uma borboleta que pousara na ponta de seu nariz. Já estavam bem próximos quando um leão de juba muito branca emergiu num salto de algum lugar e se pôs à frente da esteira, encarando os inimigos. Se o kunumĩ possuísse algum entendimento, diria que haveria ali um duelo. Mas como? Eram cerca de oito animais negros contra um leão. A borboleta se fora. O pitangĩ começava a dar gemidos para o início de um longo choro. Entretanto, não teve tempo. O leão ergueu a cauda e começou a movimentá-la, e, com ela, acariciar o narizinho do rebento, dando a ele uma nova distração. As feras, ante as presas do leão branco, haviam interrompido seus passos, mas ainda estavam em posição de ataque. Qualquer abá, que estivesse presenciando a cena, se surpreenderia. Repentinamente, elas deram a meia-volta e começaram a se afastar até desaparecerem na mata. O estranho leão, quando percebeu que tudo estava bem, ergueu com os dentes o kunumĩ, pelos panos que o envolviam, e 16
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começou a caminhar para um outro local. Por ali perto corria um ‘y cuja margem era coberta por matos. Uma *ygara (*canoa) estava presa ali. Mais que depressa, o leão depositou nela o kunumĩ e partiu a corda que a prendia, soltando-a. Um vento calmo e tranquilo começou a soprar, conduzindo-a para longe. Macumazã não tardou chegar com as feras que tentaram atacar o pitangĩ. Surpreendeu-se ao ver o corpo de Iraê recostado à árvore. – AAN!!! (não!!!) – foi o seu grito de desespero. – Não pode ser. Você era minha, ERA MINHA! Era o moleque que tinha de morrer! Estava inconformado com o fato. Repentinamente, tomado pela fúria, começou a buscar pelo pitangĩ, após notar a esteira ao lado do cadáver. Proferindo todo tipo de xingamento, ele, em meio à busca, escutou o barulho do ‘y, que por ali corria. Correu para lá e avistou, para a sua surpresa, uma ygara se afastando ao longe. Mais que depressa, se jogou na água e começou a nadar, usando a máxima velocidade que possuía nos braços e pernas. Queria, mais do que nunca, alcançar o kunumĩ e matá-lo, pois sabia que por ele Iraê estava morta. – Eu vou matá-lo! VOU MATÁ-LO! – gritava feito louco. Estava prestes a alcançar a ygara quando, assombrosamente, um enorme redemoinho se formou à sua frente. Por um milagre, ele teve tempo de parar. Gritou ainda mais alto, sem resultado. Sem mais o que fazer, concluiu que o melhor era voltar para a Taba com vida. E regressou. Mas ao chegar à margem disse: – Algum dia eu hei de encontrá-lo! No final daquela tarde, a ygara começou a se aproximar do porto de uma outra Taba indígena. Banhando-se estavam Janaina e sua filhinha de dois anos de idade, Juçara. Era uma *kunhataĩ linda, porém não possuía cabelos. Essa era a razão por que a mãe sofria tanto. (*menina) – Que estranho! – exclamou Janaina. – Uma ygara sem 17
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nenhum abá. Deixou a filha brincando na parte rasa do ‘y e saiu nadando ao encontro da ygara. Ao alcançá-la, que surpresa! Um lindo pitangĩ brincava com os panos que o envolviam. Janaina se compadeceu dele. Veio nadando e trazendo-o até a margem. – Não posso aceitá-lo nesta Taba e tampouco nesta casa – repetiu o pai de Janaina, quando esta lhe apresentou o pitangĩ. – Nem você e nem ninguém sabe a origem desse kunumĩ. O que estaríamos criando? O filho de um assassino? De um viciado? Ou de um estuprador? – Este pitangĩ foi encontrado desamparado no ‘y, dentro de uma ygara – insistiu Janaina. – Pode imaginar quanto tempo ele viajou sozinho e os perigos pelos quais passou sem ter quem o protegesse e o alimentasse? Perdoe-me, pai, mas, se quer ser castigado por Tupã pela sua crueldade, seja castigado sozinho, porque eu, por sorte, não tenho o mesmo nhy’ã que você tem. Então, ainda que não aceite, eu vou criá-lo. Os dias foram se passando e Janaina cumpriu com o que dissera. Cuidava muito bem do kunumĩ. Só não lhe conseguira, ainda, um nome. Se não fosse o problema de sua filha Juçara, ela estaria feliz. Já não sabia o que fazer. Recorrera a todos os santos que conhecia e nenhum resultado obtivera. O que seria de sua filha quando crescesse sem os cabelos? Não teria paz, jamais iria querer sair de casa, tampouco ir à escola. Mas espere... Realmente havia tentado todos os santos? Descobrira agora que não. Certa manhã, estava sentada sob uma árvore de seu quintal, observando a kunhataĩ brincar na areia quando pensou: – Tupã! Ele é o Criador. Ele fez a Juçara, com certeza tem a solução para seu problema. Jamais soubera muito a respeito de Tupã, somente sabia que Ele existia e que havia criado todas as coisas. Em sua mente ingênua, imaginava-o tão distante! Nem imaginava que podia lhe falar até em pensamento. Correu para dentro de casa, apanhou um pedaço de papel e lápis, sentou-se à mesa e começou a escrever: 18
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Ao Tupã que fez todas as coisas e minha filha Juçara, peço a solução para esse problema que tanto me afeta. Minha kunhataĩ não pode crescer sem cabelos, será infeliz pelo resto da vida. Mas se Você lhe conceder esse milagre, eu prometo, jamais me atreverei a cortá-los. Após terminar, Janaina apanhou a carta, dirigiu-se ao quintal e subiu na árvore mais alta que lá havia. Ergueu o papel e o lançou ao vento, que se encarregou de levá-lo para bem longe. A única garantia de resposta que possuía era a fé. Passaram-se, então, alguns anos...
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Capítulo 02 O Leão Branco
K
anauã! – gritou Janaina para a direção do porto. Lá estava o kunumĩ mais levado que aquela Taba já conheceu. Com um bodoque e uma capanga com araçás verdes, ele tentava atingir alguns abá que passavam ao longe em suas ygara. Só naquela semana, Janaina havia recebido cinco reclamações de vítimas das peraltices do filho. Alguns metros adiante, uma kunhataĩ de 10 anos de idade molhava alguns pés de *naná que o avô, Jetibá, plantara no quintal. Era Juçara. Os abá que passavam por ali escapavam somente de bater a cara em algum tronco de árvore, pois não conseguiam tirar os olhos dos lindos cabelos que cobriam a *akanga dela e alcançava os seus pés. A jovem passava uma prova durante a semana de aula quando não podia evitar as colegas, que cochichavam entre si, dando a entender que Juçara era o assunto da tão animada conversa. Já chegara a perguntar a Janaina: (*abacaxi; *cabeça)
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