Newsletter nº 01 / 2015
Página nº1
27 de Julho de 2015
O sindicalismo e o espírito Samurai (por João Pires) O nome "samurai" significa, em japonês, "aquele que serve". Portanto, sua maior função era servir, com total lealdade e empenho. O sindicalismo tem origem nas corporações de ofício da Europa medieval. No século XVIII, durante a revolução industrial na Inglaterra, os trabalhadores oriundos das indústrias têxteis, doentes e desempregados juntavam-se nas sociedades de socorro mútuos. Esta revolução teve um papel crucial com o surgimento do capitalismo, pois, devido à constante concorrência que os capitalistas faziam entre si, as máquinas foram ganhando cada vez mais lugar nas fábricas, e assim continua nos nossos dias, tomando assim, o lugar de muitos operários, estes tornaram-se no que é chamado "mão-de-obra excedentária", logo o capitalista tomou controlo total da situação e tinha o poder de pagar o salário que bem entendesse ao operário. Quais são os desafios que são colocados ao sindicalismo da banca em Portugal? As relações coletivas de trabalho, nomeadamente a caracterização dos intervenientes e componentes que fazem parte da negociação coletiva, têm vindo a ser enfraquecidas, a favor do empregador. O quotidiano dos dirigentes sindicais, a influência dos sindicatos na vida dos trabalhadores, o encontro de soluções para os desafios colocados aos sindicatos e as alternativas apresentadas para o futuro, são cruciais para reencontrar o equilíbrio das partes. O contexto atual é marcado por uma conjuntura económica e social difícil, a qual se prevê que irá perdurar mais alguns anos, na qual as situações de desemprego ou de emprego precário são cada vez mais frequentes. Muitas das tomadas de decisões políticas colocam em causa os direitos pelos quais os trabalhadores lutaram ao longo de várias décadas. Certamente que um maior investimento no desenvolvimento nas relações do trabalho poderia ser uma boa forma de dinamizar e motivar o crescimento das sociedades. Se, anteriormente, os trabalhadores passavam por um processo de aprendizagem, profissão de carreira e, por fim, reforma. Atualmente, não existem fronteiras claras entre emprego, desemprego, reforma e trabalho em casa. Por esse motivo, as associações sindicais devem demonstrar que são capazes de apoiar os trabalhadores nas diversas transições que vão sofrer a partir do momento em que ingressam no mercado de trabalho, mantendo um verdadeiro diálogo permanente sem estarem presos a diretrizes de natureza política, ideológica ou outras. O trabalho deverá ser o “leitmotiv” desta relação. A continuada tendência da quebra das quotizações é também um problema grave, pois são a principal fonte de receitas dos sindicatos, causando uma maior dificuldade na sua gestão, isto porque há sindicatos que não têm tomado as medidas necessárias ao longo dos anos para reunirem um número de associados suficientes para manter a sua sustentabilidade, provocando situações de rutura, recorrendo por vezes, ao financiamento do patronato. Esse decréscimo das receitas provenientes das quotizações estão a ocorrer nos sindicatos da banca, entre outros, que são atingidos pelo despedimento de trabalhadores e pelo descrédito dos restantes, que outrora possuíam elevadas taxas de sindicalização, mantendo assim a tendência de redução de associados. A verdade é que os sindicatos com um número reduzido de associados têm, naturalmente, maior dificuldade no cumprimento da sua função sindical e menor representatividade na negociação coletiva. Os sindicatos deveriam ser, por excelência, o intermediário para contribuir para o bom funcionamento das relações laborais, estabelecendo a ligação entre os vários “players”. Apesar de se falar na crise dos sindicatos, estes continuam a demonstrar que são o meio mais eficaz para garantir a harmonia das relações laborais, contribuindo para a diminuição das desigualdades no trabalho e, consequentemente, contribuir para maior estabilidade na sociedade em geral.
Imagem do mês… Ascensão e queda de um bancário! Armando Vara, começou a sua carreira na agência da CGD em Vinhais, onde desempenhava funções administrativas. Tendo em conta as suas ligações politicas ao Partido Socialista “ganhou asas” para uma carreira meteórica na banca. Quando António Guterres ganhou as eleições legislativas de 1995, Armando Vara é nomeado Secretário de Estado da Administração Interna (1995-97), depois secretário de Estado adjunto do ministro da Administração Interna (1997-
Newsletter nº 01 / 2015
Página nº2
27 de Julho de 2015
99). Após a vitória eleitoral do PS em 1999 tornou-se ministro adjunto do primeiro-ministro (1999-2000), com os pelouros da juventude, toxicodependência e comunicação social. Depois do escândalo provocado pelo seu alegado envolvimento na Fundação para a Prevenção e Segurança, terminou a sua carreira política, às mãos do então Presidente da Republica Jorge Sampaio, tendo regressado à CGD, onde, entre 2001 e 2005, desempenhou um cargo de diretor na área do património. Entre 2005 e 2008 assume cargo na administração da CGD. A entrada para administração da CGD, surge após a eleição de Sócrates como primeiro ministro. Em janeiro de 2008 faz as malas e parte para uma nova aventura na banca, agora como vice-presidente do Millenniumbcp. Já como titular do novo cargo viu-se promovido ao nível 18 na CGD, valorização salarial que lhe servirá para o calculo da sua reforma!... Alegadamente envolvido em novo escândalo, o processo “Face Oculta”, faz com que abandone a administração do Millenniumbcp mas sem antes ser contemplado com uma indemnização de 562.000€. Armando Vara é também um dos muitos políticos que aufere uma subvenção vitalícia (suspensa pelo OE de 2014 e 2015), de cerca de 2.000€, pelos serviços prestados à Nação, pelos diversos cargos políticos desempenhados...
FEBASE - Sindicato único?
Objetivos… desafio ou abuso? (por Carlos Lopes)
A caça ao tacho começou! O documento prévio, ao qual os Bancários de Portugal tiveram acesso, revela que está em preparação um “super sindicato” com uma “super estrutura”, para poder satisfazer todos os tachos existentes em cada uma das Direções sindicais dos 4 sindicatos envolvidos. Contudo sabemos que esta vontade poderá não passar disso mesmo, uma vez que os entraves, alegadamente colocados pelo SBN, poderão inviabilizar este projeto há muito esperado pelos bancários. Os próximos meses trarão, seguramente, novidades. Será que serão do agrado da classe? Só o tempo o dirá!...
Hoje a cultura dos bancos são os objetivos… Para tal o indivíduo tem que estar em constante aperfeiçoamento, em constante concorrência, passando a viver para o trabalho. Assim, a forma como o trabalho está organizado é muito cruel e, na sua maioria, os objetivos definidos não têm nenhuma conexão com a realidade. Os objetivos a atingir, por vezes, levam os trabalhadores a vender produtos financeiros mesmo fora do local de trabalho, tentando-os “impingir” a amigos e familiares. Nesta busca insana pelo alcançar dos objetivos leva a que muitos clientes sejam ludibriados, comprando produtos que não se adequam ao seu perfil de investimento, muitas das vezes mal aconselhados por aqueles, que em primeira linha, deveriam defender os seus interesses. A cultura instalada do individuo leva a uma perda da identidade coletiva que deveria funcionar como suporte e proteção dos grupos de trabalho. Assistimos, cada vez mais, a uma depreciação do trabalho, desenvolvido pelos bancários, onde tudo vale para alcançar os objetivos. O exemplo mais recente desta desregulamentação funcional, que funciona com a cobertura de um regulador ausente, é o BES, onde milhares de clientes foram lesados. "Não somos rácios, somos pessoas", expressão utilizada pelos clientes lesados serve na perfeição para aplicação aos bancários! Até quando, nós bancários, continuaremos, a alinhar neste jogo, a privilegiar a nossa individualidade em detrimento do coletivo sabendo, há muito, que tal atitude nos é prejudicial?
Para relembrar!... Para a Organização do Trabalho (OIT), o trabalho consiste no exercício de uma actividade produtiva, remunerada, escolhida livremente e que se adapta às qualificações do trabalhador que a exerce. Portanto, o trabalho não pode ser visto como uma mercadoria, na medida em que a entidade empregadora não compra um trabalhador, o que acontece é que os trabalhadores se comprometem a estar presentes nas instalações de trabalho durante um determinado período de tempo e sob determinadas condições, previamente contratadas.