Jornal espiritismo para todos abril de 2015

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ANO 02

Nº 12

Taubaté / SP

Abril de 2015

CREMAÇÃO

ESPÍRITO E MATÉRIA

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OS BENS MATERIAIS

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A CARIDADE SEM O USO DO DINHEIRO Pág.04 O CASAMENTO SOB A ÓTICA ESPÍRITA Pág.05 TEMOS DATA E HORA CERTA PARA DESENCARNAR

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O BOM ESPÍRITA

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O Espiritismo não proíbe a cremação de cadáveres, mesmo porque nada é proibitivo no Espiritismo, pois é uma Doutrina de liberdade mas, antes de tudo, uma Doutrina da conscientização. Pág.02

JORGE HESSEN Pág.11 CURA DE CORPO PERECÍVEL NÃO É FINALIDADE DE UM CENTRO ESPÍRITA

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Espiritismo para todos

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CREMAÇÃO O Espiritismo não proíbe a cremação de cadáveres, mesmo porque nada é proibitivo no Espiritismo, pois é uma Doutrina de liberdade mas, antes de tudo, uma Doutrina da conscientização. Recomenda, todavia, muita cautela para aqueles que venham adotar o procedimento da cremação de cadáveres, em substituição a inumação(sepultamento), pelos motivos que vamos expor. Perispírito o que é e como fica. Nosso corpo material, que é energia densificada, se liga ao Espírito, Ser Inteligente de essência sublimada, através do perispírito elemento mediador entre os dois corpos de naturezas extremamente diferentes. O perispírito é um envoltório semimaterial do Espírito, constituído de substância etérea e sutil, mais fluídica do que material, sendo que esta parte material é muito menos denso do que a matéria do corpo de carne. Para dar vida ao corpo carnal, o perispírito se liga a ele, célula a célula, elemento a elemento, como se existissem feixes de fios fluídicos, estabelecendo a conexão celular material com o Espírito. É assim que tudo o que se passa no corpo material, o Espírito toma conhecimento através da ligação existente e, no sentido inverso, todas as decisões, ordens, desejos, vontades e até mesmo todos os sentimentos do Espírito chegam à estrutura celular ou nela se refletem, através do mesmo canal fluídico. Quando, por exemplo, cortamos acidentalmente um dedo, as células danificadas, desestruturadas, comunicam ao Espírito o traumatismo ocorrido e o Espírito sente, como conseqüência, a dor, pois não é a matéria que sente dor e sim o Espírito. Inversamente, quando o Espírito delibera, por exemplo, erguer o braço direito do corpo material, este obedece à ordem e se levanta, porque as instruções emitidas pelo Espírito (esta é a sua vontade),são repassadas às células nervosas do cérebro material que simplesmente obedecem, transmitindo o desejo do Espírito de levantar o braço direito, neste caso. O cérebro funciona aqui como

EXPEDIENTE Diretoria: ACAM Colaboradores: • Diversos Editoração Eletrônica: Antonio C. Almeida Marcondes Tel.: (12) 3011-1013 e-mail: acam0000@ig.com.br O Jornal não se responsabiliza por matérias assinadas

mero receptor da ordem do Espírito e aciona a rede nervosa que atinge o órgão envolvido que é o braço direito. Igualmente, pelo mesmo conduto fluídico o Espírito extravasa, também, para o corpo carnal, todos os seus sentimentos, bons ou maus: sentimentos de alegria ou tristeza, serenidade ou angústia, amor ou ódio e muitos outros, que irão revitalizar as células materiais ou produzir nelas distúrbios que podem se complicar, causando mal-estar e até doenças. A Morte O fenômeno da morte nada mais é do que o desligamento de todos os fios fluídicos do perispírito, liberando o Espírito do cárcere material. Uma vez ocorrido tal desligamento no processo da morte, o Espírito não pode voltar a animar aquele que foi o seu veículo de carne. A Força do Pensamento Se com a morte, como vimos, o Espírito está totalmente desconectando do corpo material, poderíamos concluir, de imediato, que tudo o que fosse feito com o cadáver, não deveria atingir o Espírito, por falta de ligações reais. Assim, poderíamos cremar o cadáver. Mas as coisas podem não ser bem assim, porque o Espírito, mesmo liberto da matéria, continua a pensar e a ter desejos e sentimentos. Podemos dizer, neste caso, que o nosso corpo carnal seria o nosso tesouro e o coração, o nosso pensamento, o nosso sentimento. Para as criaturas ainda não totalmente espiritualizadas, que viveram na Terra muito apegadas aos bens materiais, inclusive ao próprio corpo carnal, a morte não impede que o pensamento do Espírito esteja concentrado no seu cadáver, até mesmo por uma espécie de saudade, devido o recente acontecimento do decesso e por se reconhecer, daquele momento em diante, impedido de usufruir um instrumento carnal para fazer as coisas que estavam acostumadas a fazer. Se isto acontecer, e acontece com freqüência, o Espírito fica como que algemado à carne que vestiu na Terra, presenciando, de forma angustiante, as labaredas a queimar as suas vísceras, durante a cremação, porque, como sabiamente disse Jesus, o seu tesouro está ali, no corpo carnal, sendo destruído pelo fogo, em poucos minutos, bruscamente. Como sabemos, Espíritos muito adiantados, altamente espiritualizados, existem reencarnados na Terra, mas são raros. Aqui se encontram

executando missões específicas, para ajudar a Humanidade a acelerar o seu progresso evolutivo, em diferentes áreas do conhecimento. Com a morte, os corpos materiais desses Espíritos,podem ser cremados, porque em nada afetará a sua sensibilidade, visto que vivem mais ligados à Espiritualidade do que à própria matéria. Não é o que se passa com a esmagadora maioria, da qual fazemos parte, pois somos Espíritos em processo evolutivo, mas muito fragilizados pelo acúmulo de imperfeições e, nestas condições, o campo material ainda nos impressiona fortemente, sensibilizando-nos de forma muito acentuada, mesmo para os que são espíritas ou se dizem espíritas. Há sempre alguma circunstância maior ou menor, que nos prende à matéria. Nestes casos, as labaredas da cremação podem chamuscar os Espíritos que se ressentirão do evento, para ele dramático. Algo semelhante acontece quando nas sessões mediúnicas recebemos um Espírito sofredor como, por exemplo, um Espírito que desencarnou através do assassinato, com um tiro no coração. Ele se aproxima do médium sentindo ainda as dores no coração provocadas pelo tiro que o vitimou e repassa para o médium, de forma amenizada, aquelas dores. Como ele já desencarnou, não mais possui coração e, portanto, não deveria estar sentindo dor alguma. Mas o quadro da sua desencarnação f o i muito traumatizante, fazendo com que o Espírito conserve, por muito tempo, o seu pensamento fixo, concentrado, naquele acontecimento, e é por isso que ele sofre. Nos casos em que o cadáver não é cremado e

sim sepultado, o Espírito, por estar muito apegado à matéria, pode ficar no cemitério, próximo à sua sepultura, assistindo também, desesperado, a decomposição gradativa do seu corpo, sentindo mesmo os vermes corroerem a sua carne e com isso sofrendo muito. Há, porém, uma diferença capital entre a cremação e a inumação. Na cremação tudo se processa rapidamente, em poucos minutos e no sepultamento a decomposição do cadáver é lenta, oferecendo oportunidade para que o Espírito possa ser devidamente socorrido, orientado e esclarecido, no sentido de desviar, aos poucos, o seu pensamento para outras coisas importantes. O Irmão X nos adverte de que a atitude crematória é um tanto precipitado, podendo vir a ter conseqüências desagradáveis para o Espírito desencarnante: ... morrer não é libertar-se facilmente. Para quem varou a existência na Terra entre abstinências e sacrifícios, a arte de dizer adeus é alguma coisa da felicidade ansiosamente saboreada pelo Espírito, mas para o comum dos mortais, afeitos aos comes e bebes de cada dia, para os senhores da posse física, para os campeões do conforto material e para os exemplares felizes do prazer humano, na mocidade ou na madureza, a cadaverização não é serviço de algumas horas. Demanda tempo, esforço, auxílio e boa vontade. Eis porque, se pudéssemos, pediríamos tempo para os mortos. Se a lei divina fornece um prazo de nove meses para que a alma possa nascer ou renascer no mundo com a dignidade necessária, e se a legislação humana já favorece os empregados com o benefício do aviso prévio, por que

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Freddy Brandi

razão o morto deve ser reduzido a cinza com a carne ainda quente? Leon Denis na obra O Problema do Ser, do Destino e da Dor, comenta que, ao consultar os Espíritos sobre a cremação de corpos, concluiu que em tese geral, a cremação provoca desprendimento mais rápido, mas brusco e violento, doloroso mesmo para a alma apegada à Terra por seus hábitos, gostos e paixões. É necessário certo arrebatamento psíquico, certo desapego antecipado dos laços materiais, para sofrer sem dilaceração a operação crematória. É o que se dá com a maior parte dos orientais, entre os quais está em uso a cremação. Em nossos países do Ocidente, em que o homem psíquico está pouco desenvolvido, pouco preparado para a morte, à inumação deve ser preferida, posto que por vezes dê origem a erros deploráveis, por exemplo, o enterramento de pessoas em estado de letargia. Deve ser preferida, porque permite aos indivíduos apegados à matéria que o Espírito lhes saia lenta e gradualmente do corpo; mas, precisa ser rodeada de grandes precauções. As inumações são, entre nós, feitas com muita precipitação. Emmanuel, em O Consolador, questão 151, opina: Na cremação, faz-se mister exercer a piedade com os cadáveres, procrastinando por mais horas o ato de destruição das vísceras materiais, pois, de certo modo, existem sempre muitos ecos de sensibilidade entre o Espírito desencarnado e o corpo onde se extinguiu o tônus vital, nas primeiras horas seqüentes ao desenlace, em vista dos fluidos orgânicos que ainda solicitam a alma para as sensações da existência material.


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Este texto foi elaborado com a intenção de sanar uma dúvida bastante crucial que muitas vezes atormenta o intelecto dos espíritas que pretendem se aprofundar no estudo da Doutrina Espírita. O assunto é fundamental e traz à tona uma questão que, se não for bem entendida, pode gerar equívocos importantes para quem “lê a letra” da codificação sem se ater ao “espírito da letra”. A fonte básica para orientar a discussão é o próprio O Livro dos Espíritos, publicado por Allan Kardec em 1857. Vamos ao questionamento: espírito é matéria? Vale aqui então uma pequena introdução para começar a responder esta pergunta. A essência do espírito não procede da mesma origem que a matéria, pois, se assim fosse, todos os espíritos estariam sob os efeitos das leis materiais, ou seja, envelheceriam, se decomporiam, morreriam (se desagregariam), etc. Mas isto não ocorre, pois o espírito é da eternidade. Se não, observemos o que O Livro dos Espíritos diz a este respeito na sua Introdução (item VI): ... Vamos resumir, em poucas palavras, os pontos principais da Doutrina que nos transmitiram, a fim de mais facilmente respondermos a certas objeções. “Deus é eterno, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e bom”. “Criou o Universo, que abrange todoos seres animados e inanimados, materiais e imateriais”.

“Os seres materiais constituem o mundo visível ou corpóreo, e os seres imateriais, o mundo invisível ou espírita, isto é, dos Espíritos”. [Kardec, 2006, Introdução – item VI]. Na citação direta acima podese observar que existem seres materiais e imateriais (os espíritos), portanto, espíritos não são matéria. Para ir mais longe e clarear melhor as dúvidas, tomemos algumas perguntas que Kardec fez aos espíritos para clarear suas próprias incertezas sobre o assunto: Pergunta 23. Que é o Espírito? Resposta: “O princípio inteligente do Universo.” Pergunta 25. O Espírito independe da matéria ou é apenas uma propriedade desta, como as cores o são da luz e o som o é do ar? Resposta: “São distintos uma do outro; mas a união do Espírito e da matéria é necessária para intelectualizar a matéria.” [Kardec, 2006, Livro Primeiro Capítulo II – Elementos Gerais do Universo]. Neste ponto já se pode observar a menção “distintos uma do outro”, significando que a essência de um não é a essência da outra, portanto, espírito não tem a essência da matéria, assim, o espírito não é matéria.

Ainda em outra questão: Pergunta 27. Há então dois elementos gerais do Universo: a matéria e o Espírito? Resposta: “Sim e acima de tudo Deus, o criador, o pai de todas as coisas. Deus, espírito e matéria constituem o princípio de tudo o que existe, a trindade universal. ... [Kardec, 2006, Livro Primeiro Capítulo II – Elementos Gerais do Universo]. Observe que se existem três coisas distintas no Universo, o termo indica que uma não é a outra, ou seja, as essências, as origens são diferentes. Então, matéria e espírito não são a mesma coisa, não têm a mesma essência. Continuando com outra pergunta: Pergunta 79. Pois que há dois elementos gerais no Universo (o elemento inteligente e o elemento material), poder-se-á dizer que os Espíritos são formados do elemento inteligente, como os corpos inertes o são do elemento material? Resposta: “Evidentemente. Os Espíritos são a individualização do princípio inteligente, como os corpos são a individualização do princípio material. A época e o modo por que essa formação se operou é que são desconhecidos.” [Kardec, 2006, Livro Segundo Capítulo I –

Espíritos]. Note-se que aqui os espíritos afirmam categoricamente que o princípio de cada um é diferente, ou seja, há uma diferença da essência do que são feitos. Finalmente, para tornar mais claro, uma última pergunta foi feita aos espíritos: Pergunta 82. Será certo dizerse que os Espíritos são imateriais? Resposta: “Como se pode definir uma coisa, quando faltam termos de comparação e com uma linguagem deficiente? Pode um cego de nascença definir a luz? Imaterial não é bem o termo; incorpóreo seria mais exato, pois deves compreender que, sendo uma criação, o Espírito há de ser alguma coisa. É a matéria quintessenciada*, mas sem analogia para vós outros, e tão etérea que escapa inteiramente ao alcance dos vossos sentidos.” Dizemos que os Espíritos são imateriais, porque, pela sua essência, diferem de tudo o que conhecemos sob o nome de matéria. ... Nós outros somos verdadeiros cegos com relação à essência dos seres sobre-humanos. Não os podemos definir senão por meio de comparações sempre imperfeitas, ou por um esforço da imaginação. [Kardec, 2006, Livro Segundo Capítulo I – Espíritos]. (*quintessenciada: significa ‘de composição ainda não definida’.)

Ao fim do primeiro parágrafo da resposta dos espíritos vale um comentário. Naquele momento os espíritos utilizam o termo “incorpóreo” para afirmar que o espírito é alguma coisa, apenas isto. Mas do segundo parágrafo da resposta é que nasce a grande confusão. A locução “matéria quintessenciada” foi utilizada pelos espíritos para tentar dizer a Kardec o quão superior à própria matéria é a essência do espírito, algo que está além da estrutura da própria matéria. Não havia outros meios para explicar a essência do espírito ao codificador com o conhecimento inteligente da época (onde a célula ainda não era conhecida, quanto mais o átomo). Então tiveram que parear a explicação com algo mais ou menos inteligível para o momento. Aliás, o último parágrafo da resposta dos espíritos à questão número 82 é bem esclarecedor quanto a isto. Referências: Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Evandro Noleto Bezerra da 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, 10ª, 12ª edições francesas. Edição Comemorativa do Sesquicentenário. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2006

OS BENS MATERIAIS Meus irmãso meditemos a cerca dos bens materiais. Quando nascemos o que está reservado a nós não nos pertence, todo bem material vem de nossos pais, dependendo da nossa origem, ricos e pobres, dependemos exclusivamente dos nossos pais, da sua sabedoria em nos prover. Depois, ao tornarmos adultos vamos seguindo a rota que traçamos na vida espiritual. Portanto, meus amigos, os bens materiais chegam até nós através do nosso merecimento, o perigo está no apego aos bens materiais e não no desejo de

possuir uma casa melhor, um carro melhor, uma promoção para que nosso sálario aumente um pouco, etc. A Doutrina Espírita nos ensina que o interesse pessoal é o sinal mais característico de imperfeição e o apego as coisas materiais é sinal notório de inferioridade espiritual, ou seja ainda sem evolução. O Espiritismo, meus irmãos, não condena a posse do dinheiro ou bens materiais, mas nos ensina a usar com equilibrio, com consideração ao próximo e também em beneficio dele, sendo utilizados para caridade

Kardec escreve: “Se o homem não fosse instigado ao uso dos bens da Terra, senão em vista de sua utilidade, sua indiferença poderia ter comprometido a harmonia do universo. Deus lhe deu o atrativo do prazer que o solicita à realização dos desígnios da Providência. Mas, por meio desse atrativo, Deus quis proválo também pela tentação que o arrasta no abuso, do qual sua razão deve livrá-lo” Sócrates e Platão dizem que a riqueza é um grande perigo. Todo homem que ama a riqueza não ama nem a si, nem

o que está em si. O apego aos bens materiais é perda da alma. O Espiritismo diz que, a riqueza é uma prova mais difícil do que a pobreza, porque pode provocar o apego aos bens materiais, e dificultar o acesso aos bens espirituais. Portanto, os bens materiais também é uma provação para quem os possuem, assim o homem é tentando em diversos seguimentos a exemplo do orgulho, cobiça, avareza, entre outros vícios que ainda fazem parte da nossa imperfeição e através do uso destes bens o homem também vai aprendendo

a utilizá-los em beneficio do próximo, exercitando a prática do bem e do amor ao próximo.


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EDUCAÇÃO PARA A PRÁTICA DAS VIRTUDES E A EDIFICAÇÃO DO BEM (Geziel Andrade)

“A virtude, em seu mais alto grau, comporta o conjunto de todas as qualidades essenciais que constituem o homem de bem. Ser bom, caridoso, laborioso, sóbrio, modesto: essas são as qualidades do homem virtuoso”. (François, Nicolas, Madeleine. Paris, 1863, no item 8 das “Instruções dos Espíritos”, do Capítulo XVII – Sede Perfeitos- de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec.) A educação para o cultivo e a prática das virtudes, - com a consequente edificação do bem -, principalmente ante as situações adversas, difíceis e constrangedoras que podem surgir na vida, constitui a base da doutrina espírita. Assim, a educação espírita conduz à conquista das boas qualidades que distinguem o homem de caráter e de bem. Não foi essa a lição que Jesus nos legou e que Allan Kardec reafirmou de forma tão clara nos Capítulos de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”? Jesus exteriorizava qualidades nobres em todo momento de contato com o povo e mesmo ao receber provocações dos escribas e fariseus. Jesus exemplificava a prática da sabedoria, amor, caridade, fé, oração, justiça, perdão e humildade, ao jamais perder a oportunidade de ser útil, instruir e beneficiar as pessoas que o cercavam. Todo momento, o Mestre ensinava, exemplificava e

praticava a Boa Nova, cumprindo com nobreza espiritual e moral a missão que Deus havia lhe confiado. Na educação espírita, Jesus é o modelo e guia para as nossas condutas religiosas, espirituais e morais. Dessa forma, ela nos leva a não esmorece jamais nos esforços que nos permitem conquistar os valores pautados nas virtudes cristãs. Assim, conseguimos fixar na alma o bom hábito de seguir as lições e os exemplos do Mestre, engrandecendo o mundo íntimo e agindo de modo elevado em todas as circunstâncias da vida. A educação espírita dilata a nossa consciência acerca das realidades em que estamos inseridos na Obra de Deus. Assim, leva-nos a fazer bom uso das faculdades, praticar as virtudes e edificar o bem com disciplina, persistência e perseverança. É dessa forma que atendemos à seguinte recomendação de Jesus: “Sede perfeito como vosso Pai celestial é perfeito”. (Mateus, Cap. V, vers. 44 a 48.) Allan Kardec, com as suas orientações acerca das lições contidas no Evangelho, ampliou o nosso entendimento sobre Deus, o Reino dos Céus, a importância da concretização das boas obras, para o atendimento das Leis do Senhor do Céu e da Terra e para a conquista das bemaventuranças na vida futura. Assim, valorizamos o bom

caráter, buscamos adquirir características elevadas, praticar as virtudes, disseminar o bem e cumprir os nossos deveres morais perante Deus e o próximo, mantendo a consciência em paz e conquistando o progresso, o bem-estar, a alegria e a felicidade.A educação espírita propicia-nos a manutenção dos bons sentimentos e a realização das boas ações, dentro da lição contida na Questão 894 de “O Livro dos Espíritos”: “Para os que os bons sentimentos não lhes custam nenhum esforço e suas ações lhes parecem tão fáceis, o bem se tornou para eles um hábito.” Além das lições de Jesus e de Allan Kardec a nos orientar na conquista do progresso moral, a educação espírita

oferece-nos ainda com o vastíssimo acervo literário, formado com as lições dos bons Espíritos, transmitidas através de diferentes médiuns: “Carecemos de um esforço maior para a fixação das virtudes, incorporando-as, em definitivo, na personalidade.” (Espírito Paulino Garcia, no Capítulo I do livro “Vida Sem Fim”, psicografado por Carlos A. Baccelli.) “Qualidades morais e virtudes excelsas não são meras fórmulas verbalistas. São forças vivas. Sem a posse delas, é impraticável a ascensão do espírito humano.” (Espírito André Luiz, no Cap. 2 do livro “Libertação”, psicografado por Chico Xavier.) “Virtude não é flor

ornamental. É fruto abençoado do esforço próprio que você deve usar e engrandecer no momento oportuno.” (Espírito André Luiz, no Cap. 29 do livro “Agenda Cristã”, psicografado por Chico Xavier.) “A virtude é sempre sublime e imorredoura aquisição do Espírito nas estradas da vida, incorporada eternamente aos seus valores, conquistados pelo trabalho no esforço próprio.” (Espírito Emmanuel, na Questão 253 do livro “O Consolador”, psicografado por Chico Xavier.) “O Espírito somente evolui pela prática e pelo exercício das virtudes.” (Espírito Otília Gonçalves, no Capítulo XVI do livro “Além da Morte”, psicografado por Divaldo P. Franco.

A CARIDADE SEM O USO DO DINHEIRO Não precisamos recorrer ao dinheiro para praticar a caridade. Quando sentimo-nos dispostos a difundir o bem ou estamos conscientes da importância de ser útil a alguém de modo desinteressado, com o bom emprego das faculdades ou habilidades, exercitamos a virtude da caridade que se exterioriza naturalmente em decorrência do amor que cultivamos em nosso sentimento e pensamento. Desse modo, conseguimos: Pronunciar a palavra que alivia, ensina, consola, aconselha, renova o ânimo e

restabelece a esperança nos momentos difíceis. Mostrar o espírito de companheirismo com a prestação do trabalho nobre não remunerado que gera a prosperidade de quem nos cerca. Difundir a bondade, paciência, entendimento, amizade e gentileza nos momentos desagradáveis que podem surgir no ambiente familiar, de trabalho ou social. Relevar mesmo as faltas graves daqueles que ainda desprezam os valores éticos e morais, ofertando-lhes bons

exemplos, boas atitudes e condutas, apaziguando conflitos. Realmente, podemos dispensar o uso do dinheiro para atender voluntariamente o amigo que enfrenta situação constrangedora; o desconhecido que necessita de um gesto de fraternidade ou solidariedade para superar uma dificuldade presente; o familiar ou ente querido que perdeu o equilíbrio íntimo e precisa restabelecer a serenidade e a vontade de trabalhar para progredir. Desse modo, a caridade sem o uso do dinheiro envolve, geralmente, uma simples oração

em favor de alguém; a palavra amiga de orientação ou apoio no momento oportuno; ou a atitude ou ação bondosa que beneficia quem está ao nosso redor. Lembremo-nos sempre dos exemplos que nos foram legados por Jesus. Sem dinheiro, posses ou propriedades materiais, conviveu e se relacionou de modo digno e fraterno com todos os tipos de pessoas, beneficiando-as com seus ensinos das realidades espirituais, das coisas de Deus e do reino dos céus; suas curas e atos de caridade,

impulsionados pelo amor que tinha no coração. Lembremo-nos de Allan Kardec que nos ensinou que o exercício da moral de Jesus implica na prática da caridade e da humildade; que não podemos amar a Deus sem praticar a caridade para com o próximo. Por isso, Kardec nos orientou a compatibilizar as nossas atitudes e ações com a máxima: Fora da caridade não há salvação. A prática da caridade está ao alcance de todos nós, dispensando inclusive o uso do dinheiro.


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O CASAMENTO SOB A ÓTICA ESPÍRITA Engano invalidar a experiência do matrimônio sob a ótica estreita, atualmente muito em voga, de “não se estar casado com a sua pretendida alma gêmea”. O matrimônio, neste nosso plano transitório de experiência e aprendizado corpóreo, sempre implica em associação importante com o semelhante não importando, aqui, sua maior ou menor duração - onde repousam, em potencial, elevadas promessas de progresso espiritual e iluminação nos envolvidos. Alega-se que os tempos modernos mudaram o perfil dos antigos padrões de convivência, em decorrência do que não mais se justificam os casamentos duradouros, onde a parte feminina, preferencialmente, muito tolerava, à falta de alternativas de rumos outros para além da vida no lar. Seu ofício era, efetivamente, o da mulher preparada para as minúcias domésticas: o trato com os filhos, os zelos para com o marido e a infinidade de nuances existentes na rotina da família. Hoje, argumentam, ambos participando do sustento financeiro desta mesma família, rivalizando na construção material dentro das paredes de um mesmo lar, não mais se aceita a opressão e o autoritarismo partidos de uma única parte. A mulher, com efeito, a partir de suas conquistas no leque sem fim das escolhas profissionais, amadureceu num sentido inédito. Natural que os limites da sua tolerância para com este mesmo sistema patriarcal arcaico, e de dentro deste seu novo perfil ativo, não devam ser idênticos ao daquela antiga mulher resignada das gerações anteriores, naquele padrão de união matrimonial que, sem muito sacrifício, atingia as bodas de ouro, quando não as de diamante. Entretanto, resguardado o respeito para com as razões justas que fundamentam as iniciativas e a conduta de cada

tempo terreno, com suas características próprias de aprendizado, forçoso é reconhecer que esta idiossincrasia anterior muito ensinou, a ambas as partes, em termos de tolerância. O que antes sobejava em amadurecimento no convívio geralmente árduo entre dois seres que, em muitos casos, aprendiam a duras penas o valor da estima, a despeito de todos os percalços, após cinquenta ou sessenta anos de reveses divididos, lutas e sofrimentos experimentados em comum, falta hoje na tendência à impaciência inquieta do nosso século, para com as fraquezas próprias de todo ser humano, havidas em qualquer época. O que nos engrandece em espírito, sob a ótica das muitas vidas sucessivas, é justamente esta visão de cima, adquirida a pulso das convivências repetidas e reformuladas com muitos dos mesmos personagens com os quais altercamos, em numerosas vivências materiais. Aqui, aprende-se que aquele irmão irascível de outrora, em vida decorrida há alguns séculos, que tantas lágrimas nos custou com sua impulsividade, pode ser excelente pai amoroso em reencarnação posterior, na hora de defender, ao preço do próprio sacrifício, o bem estar da prole numerosa. Lá, acolhe-se em contexto novo a esposa difícil de outros tempos, numa renovação mútua de paciência e de entendimento para com a visão e os esmorecimentos de ânimo do outro, em nova tentativa de harmonização de sentimentos e de atitudes. O filho ingrato de alguma vida longínqua volta, inteirado de seus graves enganos; e agora, como pai dedicado daquela mãe outrora tripudiada, experimenta, em toda a extensão, os zelos angustiados de todos estes que, como anjos tutelares, acompanham os passos de seus rebentos, desde os primeiros albores de suas jornadas no solo terreno.

Ainda, noutro lugar, amigos em espírito combinam grandes realizações em favor da vida de uma família em comum, reencarnando em mesma época, como primos ou como irmãos. É uma visão estendida, sob o prisma das vidas sucessivas, da conscientização que deveria existir, de maneira mais lúcida possível, no íntimo de todos os que se imbuem na missão delicada da construção de um lar, onde serão recebidos, de resto, almas na condição de filhos, de cuja origem no tempo não guardamos noção exata no minuto material que corre; mas cujo padrão de empatia e de convivência diária, com o decorrer dos anos, indicia o tipo de trabalho a ser realizado em comum, com as respectivas lições de amor e de abnegação a serem assimiladas e desenvolvidas na experiência diária. A existência das almas gêmeas e irmãs é indubitável; mas também é fora de questão que o mundo conturbado onde ora habitamos requer de nossa parte o reconhecimento maduro das nossas prioridades, relativas aos nossos deveres a cumprir e lições a tomar em favorecimento próprio e daqueles que nos cercam. No mundo material, as leis de sintonia que se manifestam em seus efeitos inequívocos, no terreno das empatias indiscutíveis, cedem lugar, em praticidade e premência, ao trabalho em prol do amor universal da hora que passa, à necessidade urgente de harmonização entre as diferenças, ao mesmo tempo em que funcionam como instrumento de exercício da capacidade de cada um em reconhecer o que lhe compete mais de perto, no esforço de comunhão afetiva com estes com que a vida nos presenteou na esfera familiar. Isto não implica em desprezar o conhecimento da riqueza da vida nas várias dimensões da existência onde, certamente, nos aguardarão

lugares e momentos certos, onde nos será dado viver em realização plena com aquele ser que nos é especial, em semelhança espiritual e em correspondência amorosa “perfeita”. Mas isso só nos virá no momento aprazado (e, quem sabe se talvez em oportunidade vindoura na vida corpórea, em contexto oportuno) quando afinal reluzir, sem manchas, em nosso íntimo, amor lúcido e abundante o suficiente, que ultrapasse todos os limites das preferências e exclusividades infantis, irradiando-se com espontaneidade e em processo infindo de simbiose radiante, para com toda a vida e todos os seres que nos circundam e enxameiam a exuberante riqueza do universo. Ela pode partir tanto da alma do ignorante e do sábio, como do rico e do pobre, do crente e do descrente. Essa prática une os homens, pois gera benefícios, estabelece a paz em qualquer ambiente e abre as portas do bem-estar e

Christina Nunes

da felicidade para homens. A prática dessa virtude deve, portanto, nortear nossos sentimentos, pensamentos e atos, disseminando o bem. De fato, basta recorrermos aos ensinos e exemplos de Jesus, para o exercício da beneficência. É um engano acomodarmo-nos na posição confortável de esperar pelo progresso moral ou a posse da riqueza material e do dinheiro para a prática do bem, sem qualquer interesse pessoal. Temos ao nosso dispor modos variados para sermos caridosos. Basta, muitas vezes, agirmos espontaneamente de modo fraterno no cotidiano; sermos humildes e prestativos no trato com as pessoas no cotidiano. Para isso, só precisamos recorrer à disposição, iniciativa, vontade, criatividade e gentileza. É assim que disseminamos o bem; beneficiamos os semelhantes, sem o uso de qualquer recurso monetário.


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OS VÍCIOS ARRASAM MORALMENTE TODO PLANO DE VIDA DO SER HUMANO

Jorge Hessen

Em Montichiari, norte da Itália, foi inaugurado um interessante restaurante montado num ambiente repleto de sugestões “antidrogas”. E a escolha da cidade foi estratégica, pois Montichiari tem 25 mil habitantes, mas é recordista italiana no consumo de cocaína, com 14 doses diárias a cada mil habitantes, segundo recente pesquisa oficial do Ministério da Saúde italiano, superando Milão, com 9,1 doses, em 2009. A decoração do cenário reproduz tecnologicamente [1] os danos provocados pela droga (cocaína) no cérebro humano. Os aparelhos de televisão instalados estrategicamente nas paredes não transmitem programação de emissoras de TV, mas depoimentos de ex-drogados.[2] Os fregueses saem do ambiente com lembretes ajuizadíssimos sobre as implicações do uso de drogas. Enquanto há esse nobre e inusitado exemplo na Itália, aqui pelo Brasil surgem os arautos da legalização das drogas. Talvez aí estejamos diante de um complexo dilema: o que seria resolver o problema das drogas? Consentir o consumo? Autorizar a compra e venda só de maconha? Permitir o consumo de outros entorpecentes? Ou a solução é erradicar as drogas do planeta? Como fazê-lo? Será possível uma sociedade livre das drogas? Sempre haverá pessoas interessadas no uso de substâncias que alteram a consciência? No Brasil há um inquietante movimento para a liberalização do uso de substância extraída da maconha apoiado no argumento de que o canabidiol (CBD) seja uma substância terapêutica que não altera os sentidos e não provoca

dependência. No entanto, o psiquiatra José Alexandre Crippa, da Universidade de São Paulo, um dos maiores estudiosos do Brasil de canabinóides, alerta que a extração do CBD nunca vem pura; contém sempre alguma quantidade de Tetra-hidrocanabinol (THC), o composto que provoca as alterações dos sentidos, e aí está o perigo. Mais de 20 países já autorizam o comércio de remédios à base de canabidiol, incluindo alguns estados americanos, Inglaterra, Israel e Uruguai. O Brasil está fora dessa lista, porém importar já é possível, embora a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) imponha várias exigências ao laudo médico, entre elas a comprovação de que o paciente pode morrer sem administração do medicamento canabidiol. O Conselho Regional de Medicina de São Paulo autoriza a prescrição de CBD apenas para crianças com algumas doenças específicas. Cremos que mais importante que discutir a descriminalização de drogas é a urgência de debater a assistência ao contingente assombroso de dependentes químicos que se encontram categoricamente desassistidos pelo Estado. Obviamente as regras que se aplicam às drogas ilegais deveriam ser aplicadas às bebidas alcoólicas (catastrófica droga legalizada) que deveria ser criminalizada no mundo com urgência. Acredita-se que se a maconha for tão acessível para o viciado quanto os alcoólicos, é presumível que desaqueça a bestialidade provinda do tráfico. Porém, não nos enganemos, o consumo alargará, aumentando o número de moléstias e mortes

ocasionadas pelo uso permanente de outras drogas. Sob o ponto de vista espírita, compreendemos que todos os tipos de vícios dão campo a ameaçadores micro-organismos psíquicos no domínio da alma. Transgressões violentas, como uso de drogas (sobretudo bebidas alcoólicas), rompem o revestimento magnético que possuímos e as consequências são a devastação da saúde física e até a morte, às vezes precedidas da loucura. “Paralelamente aos micróbios alojados no corpo físico há bacilos de natureza psíquica, quais larvas portadoras de vigoroso magnetismo animal. Essas larvas constituem alimento habitual dos espíritos desencarnados [obsessores] e fixados nas sensações animalizadas. A indiferença à Lei Divina determina sintonia entre encarnado e desencarnado viciados, este [obsessor] agarrando-se àquele [obsedado], sugando a grande energia magnética da infeliz fauna microbiana mental que hospeda, em processo semelhante às ervas daninhas nos galhos das árvores a sugar-lhes substância vital”.[3] Como se não bastasse, ainda há as chamadas “drogas digitais sonoras” (e-drugs) que estão invadindo a rede mundial de computadores e se proliferam rapidamente nas redes sociais. Criada nos Estados Unidos, a “droga” em referência não é de beber, fumar, cheirar ou injetar, mas de ouvir: sim, (pasmem!) OUVIR!!! são “pílulas” sonoras digitais, que com simples batidas combinadas obrigam o cérebro a tentar equilibrá-las. Daí surgiria o “barato”. É uma ação neurológica que consiste na emissão de sons diferentes em cada ouvido (zumbidos, mesmo!), que supostamente estimulam o

cérebro a produzir sensações de “euforia”, “estados de transe” ou de “relaxamento”. Tais drogas digitais invadiram a França nos últimos anos e, por enquanto, seus efeitos são desconhecidos. [4] Ante às leis humanas, não propomos aqui que o vício, especificamente o que escolhemos analisar, seja um problema de criminalidade, mas sim um problema de desequilíbrio íntimo, diante das leis da vida. E isto não apenas no terreno em que o vício é mais claramente examinado. Sobre outros tantos vícios que carregamos, como o de reclamar de tudo e de todos, Chico Xavier, com muito bom humor, explica que “se falamos demasiadamente, estamos viciados no verbalismo excessivo e infrutífero. Se bebemos café excessivamente, estamos destruindo também as possibilidades do nosso corpo nos servir.” [5] O vício em si mesmo é toda dependência química ou psíquica geradora de solicitudes insustentáveis, capazes de levar o

viciado a repetir incessantemente a ação que sacia, temporariamente, essa “aflição”. Em regra, decorre de uma ação repetitiva, que nem sempre proporciona prazer imediato, mas que ao longo do tempo torna-se objeto de necessidade exacerbada, inconveniente e prejudicial ao indivíduo. Quando ponderamos a palavra vício, podemos também citar os corrompidos pelo álcool, cigarro, dinheiro, comida e recordamos ainda os dependentes psíquicos que estão entranhados no vício do sexo aviltante (aqueles que buscam o “barato” na pornografia através da tecnologia, mormente através da internet). O homem deve valorizar a “drágea” do afeto, o “comprimido” do carinho, a “e-drug” da compreensão, a “gota” de renúncia, o “chá” do amor em família, a “injeção” da caridade, a “internet” da benevolência, por serem os mais eficazes remédios na cura das patologias espirituais que devastam moralmente todo projeto de vida do ser humano.

TEMOS DATA E HORA CERTA PARA DESENCARNAR? Quando encarnamos, rec ebem o s u m a carga de fluido vital (fluido da vida). Qu a n d o e st e fluido acaba, morremos. Somos como a pilha que com o tempo vai descarregando. Chegamos ao ponto que os remédios já não fazem mais efeito. Daí não resta outra alternativa senão trocar de “roupa” e voltar para a escola planetária. Mas a quantidade de fluido vital não é igual em todos seres orgânicos. Isso dependerá da necessidade reencarnatória de cada um de nós. Quando chegamos á Terra cada um tem uma “estimativa de vida”. Va i depender do que viemos fazer aqui. A pessoa que está estimado viver em torno de 60 anos receberá mais fluido que a pessoa que está estimado viver 20 anos. André Luiz, através da

psicografia de Chico Xavier, explica que poucos são completistas, ou seja, nascemos com uma estimativa de vida e, com os abusos, desencarnamos antes do previsto, não completamos o tempo estimado, isso chamase suicídio indireto. Se viemos acertar as pendências biológicas por mau uso do corpo, como o suicídio direto ou indireto, nós vamos ficar aqui pouco tempo. É só para cobrir aquele buraco que nós deixamos. Exemplo: Se nossa estimativa de vida é 60 anos e nós, por abusos, desencarnamos aos 40 anos, ficamos devendo 20 anos. Então, na próxima encarnação viveremos somente 20 anos. Mas há outros indivíduos que vem para uma tarefa prisional. E daí vai ficar, 70, 80, 90, 100 anos. Imaginamos que quem vira os 100 anos está resgatando débitos. Porque vê as diversas

gerações que já não são as suas. E o indivíduo vai se sentindo cada vez mais um estranho no ninho. Os jovens o olham como se ele fosse um dinossauro. Os da sua idade já não se entendem mais porque já faltam certos estímulos (visuais, auditivos, etc.). Já não podem visitar reciprocamente, com raras exceções. Tornam-se pessoas dependentes dos parentes, dos descendentes para levar aqui e acolá. Até para cuidarse e tratar-se. Então, só pode ser resgate para dobrar o orgulho, para ficar nas mãos de pessoas que nem sempre gostam dela. Alguns velhos apanham, outros são explorados na sua aposentadoria, outros são colocados em asilos onde nunca recebem visitas. Em compensação, outros vêm, cuidam da família, educam os filhos em condição de caminhar, fecham os olhos

e voltam para a casa com a missão cumprida com aqueles que se comprometeu em orientar, impulsionar, a ajudar. Por isso, precisamos conversar com os jovens. Dizer a eles que é na juventude que a gente estabelece o que quer na velhice, se chegar lá. E que vamos colher na velhice do corpo o que tivermos plantado na juventude. Se ele quiser ter um ídolo, que escolha alguém que esteja envolvido com a paz, com a saúde, a ética, ao invés de achar ídolos da droga, do crime, das sombras. E aqueles que não tem jovens para orientar e que estão curtindo a própria maturidade, avaliar o que fizeram da vida até agora. Se a morte chegasse hoje, o que teriam para levar? Se chegarem a conclusão que não tem nada para levar lembrem que: HÁ TEMPO. Enquanto Deus nos permitir ficar na Terra, HÁ

TEMPO, para fazermos algum serviço no Bem seja ao próximo ou a nós mesmos: estudar, aprender uma língua, uma arte, praticar um esporte. Enquanto respirarmos no corpo perguntemos: “O QUE DEUS QUER QUE EU FAÇA?” Usemos bem o fluido que nos foi disponibilizado. ATENÇÃO: a vida bem vivida pela causa do Bem pode nos dar “MORATÓRIA”, ou seja, uma sobrevida, uma dilatação do tempo de permanência do Espírito no corpo de carne. Por isso vemos muitos trabalhadores do BEM desencarnando com idade bem avançada. Estes receberão uma carga extra de fluido vital para estender seu tempo no corpo físico. Então, há idosos em caráter expiatório e em caráter de moratória. ANA MARIA TEODORO MASSUCI


Espiritismo para todos

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Abril de 2015

A MEDIUNIDADE E OS MÉDIUNS: LIÇÕES DE ALLAN KARDEC A RESPEITO Allan Kardec, nas obras da codificação do Espiritismo, legou-nos as seguintes lições a respeito da mediunidade e dos médiuns. Essas lições falam por si, dispensando comentários adicionais: A MEDIUNIDADE DEVE SER EMPREGADA PARA O BEM E DE MODO DESINTERESSADO: “A mediunidade é uma faculdade preciosa, que adquire tanto mais valor quanto mais é empregada para o bem e é exercida religiosamente e com desinteresse completo, moral e material.” “O desinteresse material tem de ser acompanhado pelo mais completo desinteresse moral. Humildade, devotamento, desinteresse e abnegação são qualidades do médium amado pelos bons Espíritos.” OS MÉDIUNS SERVEM DE INSTRUMENTOS E INTÉRPRETES NAS COMUNICAÇÕES DOS ESPÍRITOS: “Os Espíritos se comunicam por meio dos médiuns, que lhes servem de instrumentos e de intérpretes.” “O papel do médium é o de um intérprete; é um instrumento de que se serve o Espírito. Esse instrumento pode ser mais ou menos perfeito, donde as comunicações mais ou menos fáceis.” AS COMUNICAÇÕES DOS ESPÍRITOS, ATRAVÉS DOS MÉDIUNS, PROVAM A IMORTALIDADE E A

INDIVIDUALIDADE DA ALMA DO HOMEM, BEM COMO REVELAM A SUA SITUAÇÃO NA VIDA ESPIRITUAL: “As comunicações dos Espíritos servem para provar que os Espíritos existem e, por consequência, a imortalidade da alma.” “Pelas relações que o homem pode estabelecer com a alma dos que deixaram a Terra, através dos médiuns, há não só a prova material da existência e da individualidade da alma; conhece as suas alegrias ou suas penas, a sua situação feliz ou infeliz no mundo dos Espíritos, conforme o bem ou o mal que haja feito.” “As comunicações dos Espíritos provam, de modo irrecusável, a existência de um princípio inteligente fora da matéria; a sua sobrevivência à morte do corpo material; a sua individualidade após a morte; a sua imortalidade e o seu futuro feliz ou infeliz.” O ESPÍRITO ATUA, COM O SEU PERISPÍRITO, SOBRE O PERISPÍRITO DO MÉDIUM PARA CONSEGUIR SE SERVIR DO SEU CORPO MATERIAL: “Se um Espírito quiser agir sobre uma pessoa, dela se aproxima, envolve-a com o seu perispírito, como num manto. Os fluidos se penetram, os dois pensamentos e as duas vontades se confundem e, então, o Espírito pode servir-se do corpo material como se fora o seu próprio, fazê-lo agir à sua vontade, falar, escrever, desenhar, etc. Assim são os médiuns.” “Se o Espírito que envolver um médium for bom, sua ação será

suave e benéfica e só fará boas coisas. Se for mau, fará maldades. Fará o médium pensar, falar e agir por ele; leva-o contra a vontade a atos extravagantes ou ridículos. Tal é a causa da obsessão, da fascinação e da subjugação que se mostram em diversos graus de intensidade.” OS BONS MÉDIUNS RECEBEM AS BOAS COMUNICAÇÕES DOS BONS ESPÍRITOS: “Certas pessoas são mais dotadas que outras de uma aptidão especial para transmitir as comunicações dos Espíritos: são os médiuns.” “Através dos médiuns, os homens podem entrar em relação com os Espíritos e receber comunicações diretas pela escrita, pela palavra ou por outros meios.” “Para ter boas comunicações são necessários bons Espíritos; e para ter bons Espíritos é preciso ter bons médiuns, livres de qualquer influência má.” “Quando uma comunicação, através de um médium, apresenta o caráter de sublimidade e de elevação, sem nenhuma falha, emana de um Espírito elevado, seja qual for o seu nome.” “A boa qualidade de um médium não está apenas na facilidade das comunicações, mas sobretudo na natureza das comunicações que recebe. Um bom médium é o que simpatiza com os bons Espíritos e não recebe senão boas

comunicações.” A QUALIDADE MAIS IMPORTANTE NO MÉDIUM É A SUA ELEVAÇÃO MORAL: “Como os bons Espíritos agem exclusivamente para o bem, procuram nos médiuns, além da aptidão que poderia ser chamada fisiológica, certas qualidades morais, entre as quais o devotamento e o desinteresse.” “Antes de tudo, é preciso considerar a moralidade do médium. A melhor garantia contra a trapaça está em seu caráter, sua honorabilidade, seu desinteresse absoluto.” “A superioridade moral do médium lhe assegura a simpatia dos bons Espíritos e o torna apto a receber instruções de ordem mais elevada.” TODAS AS COMUNICAÇÕES OBTIDAS DOS ESPÍRITOS, ATRAVÉS DOS MÉDIUNS, DEVEM SER SUBMETIDAS À RAZÃO, LÓGICA E BOM SENSO: “Nas comunicações de um Espírito, é necessário estudar a natureza do médium, como se

estuda a do Espírito, pois ai estão os dois elementos essenciais para resultados satisfatórios.” “A comunicação de um Espírito, através de um médium, traz sempre o cunho de sua elevação ou sua inferioridade, de seu saber ou sua ignorância.” “Em nenhuma circunstância, o homem deve desprezar o seu próprio julgamento e o seu livrearbítrio na análise das comunicações dos Espíritos. Cabe-nos submeter seus ensinamentos ao controle da lógica e da razão.” “É preciso submeter à razão, sem exceção, tudo quanto vem dos Espíritos. Toda teoria em manifesta contradição com o bom senso, com uma lógica rigorosa e com os dados positivos que se possuem, por mais respeitável que seja a sua assinatura, deve ser rejeitada.” “A única garantia séria nos ensinos está na concordância que exista entre as revelações espontâneas dos Espíritos, feitas através de grande número de médiuns estranhos uns aos outros e em diversas regiões.”

O BOM ESPÍRITA O exercício da postura correta e aplicação dos ensinamentos devem ser constantes diárias. O bom espírita deve sê-lo vinte e quatro horas por dia. Como médiuns – todos o somos – e cristãos, não há outra alternativa ao bom espírita. Não há outra opção ao cristão da atualidade, pois seus talentos, vocação e faculdades já não mais estão restritos a estipuladas funções em determinados dias no centro espírita. Precisam ser exercidos diuturnamente no lar, no trabalho, no voluntariado, no lazer, nas férias, na praia, na cidade, no retiramento rural... E mais: a esses obreiros da última hora, e doravante de todas as horas, é solicitada, também, compostura em todos os momentos. Se, na colocação dos Iluminados, os “Espíritos ordinariamente nos dirigem”, precisamos estar acercados de amigos “compostos” que nos orientem ou dirijam no caminho do bem, visando sermos bons

espíritas. Se acercados dos oportunistas, nossos atos serão, consequentemente, descompostos. As características do bom espírita não fogem em nada às do homem de bem, tampouco às colunas paladinas, sustentáculos da Doutrina Espírita e seus pontos principais: – Temente a Deus: Sem possuir o temor “de” Deus, o obreiro o reconhece como o primeiro e principal baluarte da doutrina. Vê-se justiçado e amado por um Deus soberanamente Justo e Bom. – Família universal: Sem desprezar os laços consanguíneos – ou a família carnal – sente-se, a exemplo do Cristo, à vontade perante todos os públicos, pois os tem como sua família espiritual. – Corpo santuário: Reconhecese um Espírito que possui um santuário de carne, seu parceiro, interligados esses por um corpo fluídico. E aqui mais um ponto principal da doutrina. – Trabalho construtivo: Não se reconhece nem o melhor nem o pior trabalhador, mas, e tão somente, o trabalhador ajustado ao “seu” patamar evolutivo. Sabe-se um Espírito de potencial genético e, portanto, é o construtor de seus próprios avanços.

Não trabalha para ser santo, mas procura sê-lo através do serviço. – Profissão religiosa: Não professa “uma” religião, mas vê em Cristo o religioso que aprendeu a admirar, tanto encarnado como desencarnado e responsável pelo comando da terceira revelação. A moral do Cristo será sempre o seu suporte, como o é da doutrina espírita. – Espírito em evolução: Sabe-se perfectível e como tal possui responsabilidades. De genética divina reconhece que seu destino é a angelitude e se esforça para atingi-la. Jamais esquece as palavras do Mestre em sua despedida da carne: “Depois que me tenha ido e que vos houver preparado o lugar, voltarei e vos retirarei para mim, a fim de que onde eu estiver, também vós aí estejais”(1). Tal promessa encerra o desejo de que nos aprimoremos para poder merecer-lhe o “costado”. É a coluna chamada evolução ou progressão dos espíritos. – Princípios reencarnatórios: Depara-se com tranquilidade perante as

expiações, pois se reconhece um produto de si mesmo e vê nas seguidas encarnações um dos mais importantes suportes da doutrina dos Espíritos. – Aprimoramento individual: Fiscal de si próprio, compreende que a promoção do Planeta está atrelada à sua melhora. Compreende, ainda, que “as muitas moradas da Casa de meu Pai”(1) lhe estão reservadas e servirão de estações que povoará no porvir. Ainda aqui, o princípio evolutivo. – Dever cumprido: Por se entender médium diuturnamente, procura se envolver com “bons contatos” para realizar o bom e necessário intercâmbio e serviços no lar, no trabalho, no voluntariado. É o esteio chamado intercomunicação. – Crítico consciente: A caridade lhe irriga o caminho: tolera para ser tolerado; não critica por criticar, mas ao fazê-lo age com equilíbrio observando a máxima do Cristo que voltou e homologou no preceito “fora da caridade não há salvação”, o que já dissera outrora, encarnado, “fazei aos outros o que quiserdes vos façam”. São os ensinos superiores escorando a

doutrina e fortalecendo o bom espírita. – Estuda sempre: Não vê o espírita outra saída. Sabendo que não se “formará” tão cedo, obstinase no saber para que possa, através de sua aplicação, ser o discípulo apto a esclarecer e consolar. A meta de sua doutrina! – Peregrino: Reconhece-se um cidadão espiritual e passando por mais uma experiência reencarnatória financiada pela infinita Justiça e Bondade Divina. Sua passagem por aqui é um grânulo comparado à imensidade que viverá na Pátria Espiritual, a Pátria “normal, primitiva, eterna, preexistente e sobrevivente a tudo”(1). Espírita e Espiritismo sustentados pela coluna “mundo espírita”. O bom espírita, sem ilusões, sabe que é tão bom quanto o seu estado evolucional lhe permite e se esforça através do estudo, serviço, simplicidade, fraternidade e desapego a ser melhor hoje do que ontem e amanhã melhor do que hoje, já que são muito prósperas as expectativas e propostas da Divindade que lhe foram confidenciadas pelo Mestre Jesus.


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O QUE SIGNIFICA JESUS CRISTO PARA O ESPIRITISMO Nessa entrevista o sacerdote católico, demonstrando que não havia entendido nada sobre a Doutrina Espírita, formula algumas perguntas ao médium: Padre Ângelo - O que significa Jesus Cristo para o Espiritismo? Divaldo - Padre Ângelo Costa: Allan Kardec, nas “Obras Póstumas”, 13ª edição, página 121 e seguinte, tem um estudo sobre a natureza de Cristo. Aí, Allan Kardec nega a divindade de Cristo, porque os milagres, nem as palavras de Jesus, nem os testemunhos dos Apóstolos, diz Allan Kardec, provam a divindade de Cristo. No mesmo livro, página 283, Allan Kardec afirma que ele recebeu a comunicação do “Espírito de Verdade” em pessoa. Isto não é simples afirmação esporádica, ante a literatura espírita. Juntamente, Allan Kardec afirma que, com o Espiritismo, começou a 3ª Revelação. A primeira teria sido com Moisés, no Antigo Testamento, a 2ª Revelação teria sido com Jesus no Novo Testamento, e a terceira com o Espiritismo. No livro “O que é o Espiritismo”, 16ª edição, página 145, Allan Kardec afirma que Cristo, propositadamente, não quis tocar em certas verdades. Os Espíritos Mensageiros, diz Allan Kardec, têm nova revelação mais completa. Padre Ângelo - Senhor Divaldo, na sua opinião, gostaríamos de saber: Allan Kardec é mais do que Jesus Cristo? Senhor Divaldo, na sua opinião, os Espíritos são mais beneméritos e esclarecedores do que Cristo? O senhor, que é fiel à Doutrina Espírita, nos diga então, além do “amai-vos uns aos outros” o que o Espiritismo respeita dos ensinamentos e da figura de Cristo? Divaldo - Sentimo-nos lisonjeados com a confiança que sua Reverendíssima nos deposita e com todo o respeito que lhe devotamos, desejamos responder às três questões que nos foram formuladas. Em “O Livro dos Espíritos”, página 298, na pergunta 625, Allan Kardec inquiriu aos Mensageiros Superiores: “Qual o Espírito mais perfeito

concedido por Deus para nos servir de modelo e guia?” E a resposta foi “Jesus”. Allan Kardec, imediatamente entretece comentários nos quais diz: “Para a criatura Humana o ser mais evoluído foi Jesus; porque Ele sintetizava todas as perfeições...”. Depreende-se, pela linguagem óbvia, que Allan Kardec considerava Jesus, como todos nós o fazemos, como o Excelente Filho de Deus, o Supremo Governador da Terra, o “Espírito mais perfeito” que jamais esteve no mundo, colocando-se pois, e portanto, em plano muito secundário. Posteriormente, conforme se lê em “Obras Póstumas”, citada por Sua Reverendíssima, quando da revelação da missão que lhe estava destinada, Allan Kardec perguntou ao Espírito de Verdade: “E se eu fracassar? “. A resposta foi incisiva e concisa: “Outro te substituirá”, deixando transparecer que Allan Kardec era um Espírito normal dotado de uma tarefa. Depois, conforme se lê em João, capítulo XIV V. 15 a 17 e 26, Jesus disse, conforme a tradução da Bíblia, segundo o Padre João Ferreira de Almeida: “Se me amais, guardai os meus mandamentos e eu rogarei ao meu Pai e meu Pai vos mandará o Consolador, o Espírito de Verdade que o mundo ainda não conhece, porque não vê, mas vós o conhecereis. O Espírito Santo vos dirá todas as coisas que ainda não podeis suportar, ficará eternamente convosco, relembrará tudo que eu vos disse e muito mais”. Como Sua Reverendíssima pode observar, foi Jesus quem prometeu o Consolador. A veneranda religião católica como a religião luterana e as suas ramificações asseveram que o Consolador veio no Pentecostes, no qüinquagésimo dia, quando o Espírito Santo, incorporado nos Apóstolos, fê-los profetizar e falar outros idiomas. O conceito é respeitável, porém, destituído de autenticidade. Isto, porque, se o Cristo se escusou a dizer muita coisa mais, em razão da mentalidade da época não ser compatível com o conteúdo dos ensinos, nem os homens se encontravam preparados, não

poderia, cinqüenta dias depois mandar alguém no seu lugar. “Eu rogarei a meu Pai e Ele vos mandará o Espírito Santo, que ainda não conheceis porque não podeis ver; ele vos dirá todas as coisas que eu disse (porque seriam esquecidas, bem se vê), e outras coisas mais que ainda não podeis suportar”. Este Espírito Santo, para nós, são os Espíritos que vieram em todos os períodos da Terra, particularmente no século XIX quando já havia uma mentalidade própria, para compreender-se o fenômeno do batismo ou da reencarnação. Antes não se entendia das leis do Biologia, da Embriogenia, que estudam os fenômenos organogenéticos, nada se sabia de genes nem de cromossomos. Graças ao século XIX, a doutrina de Charles Darwin, ao Mendelismo, sabe-se, hoje que, através do fenômeno da fecundação, começa o problema da reencarnação. Como se lê em João, na entrevista com Nicodemos: “Necessário vos é nascer da água”, quando a concepção resulte de uma gotícula de água noutra gotícula de água, realizando, a partir daí, o fenômeno vital da organização genética. Como tal somente poderia ser interpretado quando a ciência tivesse avançado de tal forma que fosse possível provar que a vida organizada começa na água. Além disso, Allan Kardec não pretendeu dizer mais do que Jesus; procurou, sim, atualizar em linguagem compatível com a ciência, o que Jesus havia dito de forma parabólica, segundo a mentalidade da época. Sabemos que o dialeto falado por Ele era o arameu, um dialeto restrito de vocábulos. Os vocábulos, segundo os historiadores não chegavam a número expressivo. Verificamos, na língua portuguesa, por exemplo, que somente os verbos da primeira conjugação chegam a vinte mil, os da segunda aproximadamente dez mil, os da terceira conjugação a cinco mil e os da quarta a sessenta e oito, derivados do verbo pôr... Ora, a língua falada era sintética, fazendo-se necessário que algo, que alguém viesse desdobrar

Abril de 2015 Divaldo Franco responde a perguntas de um Padre, no Rio Grande do Sul. Numa entrevista concedida à TV Gaúcha, o Padre Ângelo Costa fala á Divaldo Franco a cerca de seus estudos sobre os livros da Doutrina Espírita, codificados por Allan Kardec.

suas lições mais tarde. Porém Allan Kardec, a seu turno, não disse a última palavra. Ele teve a nobreza de reconhecer as suas condições humanas e foi taxativo, quando asseverou: “O Espiritismo acompanha o que a ciência informa: se a ciência provar que o Espiritismo está errado num ponto, nós abandonaremos este ponto e seguiremos a ciência”. É de uma clareza meridiana, ensinando-nos que a revelação é contínua. Quando Kardec dividiu as revelações divinas em três ciclos, ele o fez, considerando os grandes empenhos dos reveladores para a Humanidade: 1 - O primeiro de Moisés, porque o Decálogo foi a maior lei até então apresentada; 2 - A de Jesus, porque foi a maior Revelação; a lei do amor; 3 - O Espiritismo, porque situou o Decálogo, a lei, com o

amor numa síntese: a caridade! Então, a Doutrina Espírita, além do amor pregado por Jesus, aceita todos os ditos, todos os feitos e todo o Evangelho do Senhor. Não nos referimos aqui, exclusivamente aos quatro evangelhos, mas aos vinte e sete livros do Novo Testamento: aos Atos dos Apóstolos, às catorze Epístolas de Paulo, às Epístolas de Pedro, de Tiago, etc... Como também à visão da ilha de Patmos, pelo Apóstolo João. Aceitamos o Evangelho integralmente, sem nenhuma presunção de completar, de superar o ensino de Jesus, senão de desdobrá-lo e atualizálo sob a inspiração de O Consolador. - Entrevista concedida à TV Gaúcha. Padre Ângelo Costa e o Médium Divaldo P. Franco. - Texto Enviado Por: Malu Noya. Vacaria - RS


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Moradas “Na casa de meu Pai há muitas moradas;” - O Universo é a casa do Pai, que a cada dia mais se amplia aos nossos olhos: à medida que o homem consegue aparelhos mais aperfeiçoados vai penetrando o micro e o macrocosmo. Verifica que não há vácuo, vazio, nem limites... Quando Jesus fala ”Meu Pai”, está se reportando ao Criador na extensão do Seu entendimento. Por outro lado, vemos que a ideia de Deus vem se modificando, aprimorando-se através dos tempos. Neste versículo evidenciase de modo muito claro a Pluralidade dos Mundos Habitados, um dos princípios do Espiritismo. Milhões de orbes que vemos no céu constituem moradas para espíritos. A Terra é dos mais insignificantes. Mundo de expiações e provas, em vias de passar a mundo de regeneração. Contemplando um mapa, vemos assinaladas nele várias cidades, mais ou menos importantes. Há ainda vilas, aldeias, fazendas, sítios que nem aparecem no mapa. Todos refletindo, de princípio, a

condição dos seus habitantes. Da mesma forma que podemos viver por muito tempo numa localidade, mudar para outra e mesmo retornar à cidade de origem, os espíritos estão sujeitos à mesma sistemática quanto aos mundos em que evoluem. Estamos informados, por exemplo, acerca dos espíritos exilados de um dos orbes de Capela que, há milênios atrás, para aqui vieram. Seu mundo passava por uma transição semelhante à que vivemos hoje, em que um regime de provas e expiações se encaminhava à fase de regeneração. Em decorrência de suas dificuldades em adotar um sistema de vida moralmente adequado ao progresso que seu orbe alcançara, vieram para a Terra com a finalidade de se reeducarem, ao tempo em que colaborariam com os grupos ainda primitivos que aqui empreendiam o seu desenvolvimento. Emmanuel - (A Caminho da Luz, capítulo III). Algumas civilizações do passado que conheceram o apogeu, como o Egito, se constituem no registro indelével

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Jo. 14:2 “Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito; vou preparar-vos lugar.” da presença desses seres em nosso planeta. Muitos deles retornaram ao plano de origem após atenderem aos compromissos a que, em razão de seus erros, foram constrangidos a assumir com vistas à sua recuperação espiritual. Outros, entretanto, aqui ainda permanecem na busca de definição para os seus espíritos recalcitrantes perante a Lei divina. As moradas podem também ser representadas por planos, que se expressam por vibrações e não propriamente por lugar. Assim sendo, consoante o estado ou a província mental em que situamos as ações e as aspirações interiores, é que moldaremos o ambiente ou a “morada” evolutiva a que nos ligaremos no plano exterior. Sob este prisma a “Casa do Pai” é o íntimo de cada qual, e as ”moradas”, os estados de alma que alimentamos, consoante os nossos desejos e aspirações pessoais. É a partir dos reflexos que delineamos o ambiente a que nos ligamos no plano exterior. Corpos, lares, cidades, países,

planetas... a que estamos ajustados nos campos do aprendizado, são, em verdade, componentes a refletirem, no plano externo, o que efetivamente cultivamos na vida mental. “Se não fosse assim, eu vo-lo teria dito;” É a sinceridade do Nazareno. Mais uma vez, somos levados a compreender que tudo quanto há de importante para o nosso espírito imortal encontramos na Boa Nova. “Vou preparar-vos lugar.” - O pensamento de Jesus influindo

permanentemente sobre o mundo e as criaturas, para que essas possam ir se despertando paulatinamente, de tal modo que, o cristão venha a se sentir tranquilo no meio delas, identificado com o que possa lhe assegurar a paz e alegria interiores. Jesus, como Mestre e Senhor, está sempre à frente, estruturando recursos necessários à nossa caminhada incessante. Obra: Luz Imperecível, Coordenação: Honório Onofre de Abreu Estudo Interpretativo do Evangelho à Luz da Doutrina Espírita

LIVROS DOS ESPÍRITOS: Um pouquinho todos os dias... II – Espírito e Matéria 21. A matéria existe desde toda a eternidade, como Deus, ou foi criada por ele num certo momento? — Só Deus o sabe. Há, entretanto, uma coisa que a vossa razão vos deve indicar: é que Deus, modelo de amor e de caridade, jamais esteve inativo. Qualquer que seja a distância a que possais imaginar o início da sua ação, podereis compreendê-lo um segundo na ociosidade? 22. Define-se geralmente a matéria como aquilo que tem extensão, pode impressionar os sentidos e é impenetrável. Essa definição é exata? — Do vosso ponto de vista, sim, porque só falais daquilo que conheceis. Mas a matéria existe em estados que não percebeis. Ela pode ser, por exemplo tão etérea e sutil que não produza nenhuma impressão nos vossos sentidos: entretanto, será sempre matéria, embora não o seja para vós. 22 -a) Que definição podeis dar da matéria? — A matéria é o liame que escraviza o espírito; é o instrumento que ele usa, e sobre o qual, ao mesmo tempo, exerce a sua ação. Comentário de Kardec: De acordo com isto, pode-se dizer que a matéria é o agente, o intermediário com a ajuda do qual e sobre o qual o espírito atua. 23. Que é espírito?

— O princípio inteligente do universo. 23 – a)Qual é a sua natureza íntima? — Não é fácil analisar o espírito na vossa linguagem. Para vós, ele não é nada, porque não é coisa palpável; mas. para nós, é alguma coisa. Ficai sabendo: nenhuma coisa é o nada e o nada não existe. 24. Espírito é sinônimo de inteligência? —A inteligência é um atributo essencial do espírito; mas um e outro se confundem num princípio comum, de maneira que, para vós, são uma e a mesma coisa. 25. O espírito é independente da matéria, ou não é mais do que uma propriedade desta, como as cores são propriedades da luz e o som uma propriedade do ar? — São distintos, mas é necessária a união do espírito e da matéria para dar inteligência a esta. 25 – a) Esta união é igualmente necessária para a manifestação do espírito. (Por espírito entendemos aqui o princípio da inteligência, abstração feita das individualidades designadas por esse nome.) — É necessária para vós. porque não estais organizados para perceber o espírito sem a matéria; vossos sentidos não foram feitos para isso. 26. Pode-se conhecer o espírito sem a matéria e a

matéria sem o espírito? — Pode-se, sem dúvida, pelo pensamento. 27. Haveria, assim, dois elementos gerais do Universo: a matéria e o espírito? — Sim e acima de ambos, Deus, o criador, o pai de todas as coisas. Essas três coisas são o princípio de tudo o que existe, a trindade universal. Mas ao elemento material é necessário ajuntara fluido universal, que exerce o papel de intermediário entre o espírito e a matéria propriamente dita, demasiado grosseira para que o espírito possa exercer alguma ação sobre ela Embora, de certo ponto de vista, se pudesse considerá-lo como elemento material, ele se distingue por propriedades especiais. Se fosse simplesmente matéria não haveria razão para que o espírito não o fosse também. Ele esta colocado entre o espírito e a matéria; é fluido, como a matéria e matéria; suscetível em suas inumeráveis combinações com esta, e sob a ação do espírito de produzir infinita variedade de coisas, das quais não conheceis mais do que uma ínfima parte. Esse fluido universal, ou primitivo, ou elementar,sendo o agente de que o espírito se serve, é o princípio sem o qual a matéria permaneceria em perpétuo estado de dispersão, e não adquiriria Jamais as propriedades que a gravidade lhe dá. 27 – a) Seria esse fluido o

que designamos por eletricidade? — Dissemos que ele é suscetível de inumeráveis combinações. O que chamais fluido elétrico, fluido magnético, são modificações do fluido universal, que é, propriamente falando, uma matéria mais perfeita, mais sutil, que se pode considerar como independente. 28. Sendo o espírito, em si mesmo, alguma coisa, não seria mais exato, e menos sujeito a confusões, designar esses dois elementos gerais pelas expressões: matéria inerte e matéria inteligente? As palavras pouco nos importam. Cabe a vós formular a vossa linguagem, de maneira a vos entenderdes. Vossas disputas provêm, quase sempre, de não vos entenderdes sobre as palavras. Porque a vossa linguagem é incompleta para as cosias que não vos tocam os sentidos.

Comentário de Kardec: Um fato patente domina todas as hipóteses: vemos matéria sem inteligência e um princípio inteligente independente da matéria. A origem e a conexão dessas duas coisas nos são desconhecidas. Que elas tenham ou não uma fonte comum e os pontos de contato necessários; que a inteligência tenha existência própria, ou que seja uma propriedade, um efeito; que seja, mesmo, segundo a opinião de alguns, uma emanação da Divindade, — é o que ignoramos. Elas nos aparecem distintas, e é por isso que a consideramos formando dois princípios constituintes do Universo. Vemos, acima de tudo isso, uma inteligência que domina todas as outras, que as governa, que delas se distingue por atributos essenciais: é a esta inteligência suprema que chamamos Deus.


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MÉDICOS PESQUISAM INFLUÊNCIA DO ‘PASSE’ ESPÍRITA PARA TRATAR A ANSIEDADE Pesquisa da Unesp estuda união entre tratamento espiritual e médico. Trabalho é realizado por médicos da Associação Espírita de Botucatu (SP). Do G1 Bauru e Marília Um grupo de oito médicos da Associação Espírita de Médicos de Botucatu (SP) se reuniu para pesquisar a influência da terapêutica energética do “passe” espírita na redução da ansiedade. A técnica, originada das práticas de cura do cristianismo primitivo, consiste basicamente na imposição de mãos sobre uma pessoa, a fim de transferir boas energias e tratar o lado espiritual de quem recebe o “passe”. A pesquisa teve início em 2014 e está em fase de desenvolvimento na Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB). De acordo com o médico infectologista Ricardo de Souza Cavalcante, a inspiração para a pesquisa surgiu de outro grupo de médicos, de São Paulo, que iniciou um estudo sobre a eficácia de uma técnica semelhante, o Reiki, de origem japonesa. O estudo sobre o “passe” é feito com voluntários, não necessariamente espíritas ou praticantes de alguma religião, que não estejam fazendo nenhum tipo de tratamento psicológico ou psiquiátrico. “Primeiramente, nós fazemos uma avaliação médica para verificar se o voluntário tem realmente o diagnóstico de ansiedade. Se confirmado, o paciente passa a frequentar a sala de estudos uma vez por semana, durante oito semanas, para receber o ‘passe’ “, explica Ricardo. Ainda de acordo com o médico, antes de iniciar o tratamento, os participantes passam por um tempo de meditação e concentração. Música ambiente é utilizada para relaxar e, por 5 minutos, um terapeuta impõe as mãos sobre a cabeça, tórax e barriga do voluntário. São levados em conta, na análise, níveis de depressão, qualidade de vida e grau de espiritualidade do paciente. Os voluntários respondem a um questionário ao final de cada sessão e, alguns deles, passam por exames de eletroencefalograma, para medir

as variações das ondas cerebrais antes, durante e depois do procedimento. Ciência e espiritualidade Nas últimas décadas, muitos estudos científicos têm sido feitos a fim de demonstrar os benefícios de aliar o trabalho com a espiritualidade ao tratamento médico convencional. “Houve uma separação histórica, mas eu acredito que essas coisas precisam caminhar juntas. O ser humano deve ser visto como um todo. Nós não somos só um amontoado de células. Temos, comprovadamente, um lado emocional, espiritual”, pontua Ricardo. A dona de casa Silvia Helena Vieira da Silva, de 47 anos, é uma das voluntárias que participarão da pesquisa. Católica, ela acredita que as práticas espíritas podem colaborar para o bem-estar. “Nós estamos tão ansiosos, nos medicando tanto, que eu gostaria de experimentar algo que não fosse medicamento, até porque remédios atacam meu organismo. Se eu puder fugir, eu fujo”, declara Silvia, que sofre as consequências físicas da ansiedade. “Nós que temos filhos, estamos sempre na expectativa de algo. É um convívio constante com a ansiedade. Quando ela aparece, meu intestino solta, sinto dores no estômago e na cabeça. Quero muito que esta iniciativa dê certo”, conta. “Muitos voluntários estão participando da pesquisa. Eles precisaram demonstrar ter ansiedade e não esteja em tratamento psicológico pode participar. Nosso objetivo não é converter ninguém”, explica o médico. Passe na Dourtina Espírita De acordo com Leopoldo Zanardi, diretor de comunicação do Centro Espírita Amor e Caridade, deBauru (SP), o “passe” trata-se de uma assistência espiritual,

denominada de fluidoterapia, e que não anula a necessidade do tratamento médico. Este nome é dado por ser uma transferência de energias. “As mãos são colocadas de 10 a 15 centímetros acima da cabeça, não há toque físico. A Federação Espírita brasileira aconselha que as mãos sejam colocadas apenas sobre a cabeça”, conta Leopoldo. Ele explica também que, na doutrina espírita, acredita-se que além das boas energias passadas pelo passista, existe também a atuação de espíritos que identificam e agem diretamente no problema de quem está recebendo o passe, seja ele físico, emocional ou espiritual. O procedimento pode ser individual (“passe simples”) ou em grupo (“passe conjugado” – 2 ou mais passistas realizam o procedimento). Mas quanto mais pessoas estiverem juntas, melhor, de acordo com Leopoldo. No Centro Espírita, o passe simples pode ser tomado por qualquer um que desejar, sem a necessidade de entrevista. Mas, para aqueles que querem tratar algo específico, é necessário passar pelo atendimento, onde será identificada a necessidade de cada pessoa. Em seguida a pessoa recebe um papel que dá direito a oito passes, que devem ser tomados uma vez por semana. Em ambos os casos, os pacientes entram em uma sala, após um período de oração do grupo mediúnico (responsável por aplicar os passes), sentamse nas cadeiras e estendem as duas mãos para frente, como quem está para receber algo. Os passistas, como também são chamados os membros do grupo mediúnico, impõe as mãos sobre a cabeça das pessoas, uma nova prece é anunciada e, após poucos minutos de silêncio, tudo está feito. Depois de dispensar as pessoas, os passistas fazem outra oração de agradecimento e encerram o procedimento. “É

importante ressaltar que não se deve abrir mão do tratamento médico. Nós oferecemos uma assistência espiritual. Também não basta apenas ‘tomar o passe’. É necessário assistir às palestras, mudar o pensamento, buscar ser melhor a cada dia. Dominar as más inclinações e fazer caridade. Precisamos estar em constante evolução”, completa Leopoldo. Para a dona de casa Iole Angelo Cintra, de 46 anos, tomar os “passes” trouxe melhora para problemas de insônia e dor de cabeça que,

segundo ela, tinham raiz espiritual. “Eu não dormia direito à noite. Aqui no centro descobri que eu tinha ‘desdobramento’, que é uma espécie de mediunidade que me faz sair do meu corpo. Eu me via dormindo à noite e andava pela minha casa. Quando comecei a tomar os passes, as dores de cabeça sumiram e eu pude controlar mais esse desdobramento. O efeito do passe é ótimo, mas também depende da pessoa se esforçar para ser alguém melhor”, contou Iole.


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IGUALDADE E DESIGUALDADE SOCIAL DO PONTO DE VISTA REENCARNACIONISTA Jorge Hessen Acompanhamos pela Internet, através das redes sociais, os legítimos clamores populares em face do atual cenário político brasileiro. Observa-se pujante manifesto de reproche da massa, considerando os caminhos obscuros que representam para o futuro da Pátria do Evangelho o presumível hasteamento da bandeira afogueada do ideário extremista. O inconsciente coletivo está provido de fatos históricos contemporâneos em cuja ribalta a “universal” flâmula rubra do absolutismo materialista foi desfraldada sobre os entulhos cadavéricos de milhões de cidadãos chineses , soviéticos, cubanos, nortecoreanos, trucidados nos últimos 50 anos. Nos dois últimos séculos a violência ideológica engendrou o cenário vastíssimo de lutas inglórias. Todas as ciências sociais têm sido solicitadas para os grandes debates sobre o capitalismo e o comunismo. O Espiritismo se apresenta na discussão a fim de encorajar a luta pela paz, a fim de que não se perca os bons frutos dos que trabalharam e padeceram no esforço penoso da harmonia de todos. Com as comprovações da sobrevivência, o Espiritismo vem reabilitar o Evangelho, esparzindo, igualmente, os perenes preceitos do Mestre de Nazaré na intimidade do coração humano. Sob o pilar da reencarnação, a Doutrina dos Espíritos elucida a incoerência das teorias do igualitarismo [comunismo], coopera no reparo do adequado caminho da evolução social. Emoldurando o socialismo nos apelos cristãos, não se deslumbra com as reformas exteriores, para rematar que a excepcional renovação considerável é a do homem interior, célula viva do organismo social de todos os tempos, pugnando pela ativação dos movimentos educativos da criatura, à luz eterna do Evangelho do Cristo. O Espiritismo anuncia o regime da responsabilidade, em

que cada Espírito deve enriquecer a catalogação dos seus próprios valores. “Não se engana com as utopias da igualdade absoluta [comunismo], em vista dos conhecimentos da lei do esforço e do trabalho individual, e não se transforma em instrumento de opressão dos magnatas da economia e do poder [capitalismo], por consciente dos imperativos da solidariedade humana”. 1 Não adota o princípio das revoluções por questões menores, porque exclusivamente a evolução é o seu anfiteatro de atividade e de experiência, afastado de todas as guerras pela compreensão dos laços fraternos que reúnem a comunidade universal, “ensina a fraternidade legítima dos homens e das pátrias, das famílias e dos grupos, alargando as concepções da justiça econômica e corrigindo o espírito exaltado das ideologias extremistas”. 2 Indagado sobre a desigualdade verificada entre as classes sociais, o Espírito Emmanuel esclareceu que “a desigualdade social é o mais elevado testemunho da verdade da reencarnação, mediante a qual cada espírito tem sua posição definida de regeneração e resgate. Nesse caso, consideramos que a pobreza, a miséria, a guerra, a ignorância, como outras calamidades coletivas, são enfermidades do organismo social, devido à situação de prova da quase generalidade dos seus membros. Cessada a causa patogênica com a iluminação espiritual de todos em Jesus Cristo; a moléstia coletiva estará eliminada dos ambientes humanos”.3 Refletindo sobre o ideário comunista, o mentor de Chico Xavier elucida o seguinte: “a concepção igualitária absoluta [comunismo] é um erro grave em qualquer departamento da vida. A tirania política poderá tentar uma imposição nesse sentido, mas não passará das espetaculosas uniformizações simbólicas para efeitos

exteriores, porquanto o verdadeiro valor de um homem está no seu íntimo, onde cada espírito tem sua posição definida pelo próprio esforço”. 4 Allan Kardec pronuncia que “a desigualdade das riquezas é um dos problemas que em vão se procuram resolver, quando se considera apenas a vida atual. A primeira questão que se apresenta é a seguinte: Por que todos os homens não são igualmente ricos? Por uma razão muito simples: é que não são igualmente inteligentes, ativos e laboriosos para adquirir, nem sóbrios e previdentes para conservar”.5 Para o Codificador “a pobreza é para uns a prova da paciência e da resignação; a riqueza é para outros a prova da caridade e da abnegação. Razão pela qual o pobre não tem, portanto, motivo para acusar a Providência, nem para invejar os ricos, e estes não o têm para se vangloriarem do que possuem. Se, por outro lado, estes abusam da fortuna, não será através de decretos, nem de leis suntuárias, que se poderá remediar o mal”. 6 Deus nos outorga a todos uma oportunidade idêntica ante a dinâmica do tempo. Todos temos os direito de conquistar a sabedoria e o amor pelo cumprimento do dever e do entusiasmo individual.

Impregnamos o próprio mapa de méritos nas lutas do dia a dia. Sobre as questões proletárias, obviamente elas podem ser resolvidas sem violências, sobretudo quando forem categoricamente aceitos e aplicados os princípios abençoados do Evangelho. “Os regulamentos apaixonados, as greves, os decretos unilaterais, as ideologias revolucionárias, são cataplasmas inexpressivas, complicando a chaga da coletividade. Todos os homens são proletários da evolução e nenhum esforço de boa realização na Terra é indigno do espírito encarnado. Cada máquina exige uma direção especial, e o mecanismo do mundo requer o infinito de aptidões e de conhecimentos”. 7 A harmonia da sociedade não virá por decretos, nem de parlamentos que caracterizam sua ação por uma força excessivamente passageira. É desnecessário desviarmos o tempo com debates inócuos a fim de identificarmos o desengano das teses de Karl Marx. Reafirmamos que seus seguidores (sequer creem em Deus) “sonham com a igualdade irrestrita das criaturas, sem compreender que, recebendo os mesmos direitos de trabalho e de

aquisição perante Deus [acreditem ou não!], os homens, por suas próprias ações, são profundamente desiguais entre si, em inteligências, virtude, compreensão e moralidade”. 8 Com magna acuidade o notável Leon Denis proferiu: “O Espiritismo é, ninguém se engane, um dos maiores acontecimentos da história do mundo. Assim hoje, em face das doutrinas religiosas enfraquecidas, petrificadas pelo interesse material, impotentes para esclarecer o Espírito humano, ergueu-se uma filosofia racional, trazendo em si o germe de uma transformação social, um meio de regenerar a Humanidade, de libertá-la dos elementos de decomposição que a esterilizam e enodoam”. Referências bibliográficas: Xavier, Francisco Cândido. A Caminho da Luz, ditado pelo Espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1977 Xavier, Francisco Cândido. O Consolador, ditado pelo Espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1999, questão 55, questão 56 Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XVI, item 8, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1990 Xavier, Francisco Cândido. O Consolador, ditado pelo Espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1999, questão 57 Idem, questão 234 Denis, Leon. Depois da Morte, capitulo 24, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1998


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CURA DE CORPO PERECÍVEL NÃO É FINALIDADE DE UM CENTRO ESPÍRITA Homero Pinto Vallada Filho, professor do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, garante que, sob o ponto de vista social, a terapia complementar religiosa (ou espiritual) é uma aliada importante dos serviços de saúde. Recentemente Homero orientou a pesquisa concretizada pela médica Alessandra Lamas Granero Lucchetti, objetivando mostrar a dimensão do trabalho realizado pelos centros espíritas, o grande número de atendimentos prestados e os diferentes serviços oferecidos. Lamas Granero obteve fazer um levantamento inicial de 504 centros espíritas da capital paulista que possuíam site na internet contendo endereço de contato. Notou que os principais motivos para a procura pelo centro espírita foram os problemas de saúde, mormente vinculados à depressão (45,1%), ao câncer (43,1%) e doenças em geral (33,3%). Também foram constatados relatos de dependência química, problemas de relacionamento. Aspecto que destacamos na pesquisa da médica é que nos tratamentos realizados, a prática mais presente foi a desobsessão (92,7%) e a menos frequente (graças a Deus!!!...) foi a cirurgia espiritual, e mesmo nessas cirurgias não havia os agressivos cortes (5,5%) – ótimo!... Outra coisa alvissareira que constatamos no estudo de Alessandra é que em quase todos os centros os pacientes são orientados a continuar com o

tratamento médico convencional, caso estejam fazendo algum, ou mesmo com as medicações indicadas pelos médicos. Parece que os espíritas estão realmente mais conscientes. Confirma-se assim o que estamos indicando em diversos artigos publicados sobre a temática: o Centro Espírita não pode e não deve ser um complexo hospitalar, entronizando métodos de cura física para os doentes que o procuram. Entretanto, deve priorizar a educação da alma em que se destaca a terapêutica da informação da Doutrina Espírita, considerando a terapia do espírito, a fim de que os doentes (espirituais) possam curar suas próprias moléstias (físicas). O Centro Espírita é um pronto-socorro aos necessitados de amparo e esclarecimento, seja através da evangelização, das orações ou dos tratamentos espirituais; ou seja, pelas orientações morais e materiais. A Casa Espírita oferece as bênçãos do passe, que sabemos ser um método tradicionalmente eficaz para transmissão de fluidos magnéticos e espirituais em favor daqueles que se encontram, moral e fisicamente, descom pensados, fortalecendo-selhes o corpo físico e o tecido espiritual (períspirito). Portanto, é contraproducente transformar o centro espírita em hospitalzão, a fim de atender a todas as enfermidades físicas; isso é uma alienação, é perder o foco da prática espírita. Mas não há contradição em uma atividade de atendimento a

Jorge Hessen enfermos portadores de problemas espirituais. Podese aplicar-lhes passes magnéticos, ofertar-lhes a água magnetizada (se for o caso), mas a tarefa fundamental do Centro Espírita é clarear e despertar a consciência daqueles que o procuram. É bem verdade que a pesquisa de Lamas Granero descreve as atividades realizadas nos centros espíritas e salienta não só a importância social desempenhada por eles, mas também a contribuição ao sistema de saúde como coadjuvante na promoção da saúde, algo que a grande maioria dos acadêmicos desconhecem. Reenfatizamos mil vezes que o centro espírita não tem por escopo principal a cura dos corpos perecíveis;

fica bem nítido o equívoco em que incorrem os companheiros que, inadvertidamente ou empolgados excessivamente, prometem curas milagrosas para patologias que a medicina humana não cura. Todas as terapias para tratamento físico são secundaríssimas, até porque tratam de efeitos considerando a percepção que os enfermos têm da vida e sua maneira de viver. Para que as superficiais terapias (físicas) tenham efeito duradouro é preciso que os doentes busquem a transformação moral, pois a enfermidade é sempre um reflexo da alma, revelando que algo não vai bem na história comportamental do doente. Uma casa espírita orientada pelos cânones de

Allan Kardec prioriza o esclarecimento ao doente, informando-lhe que somente mudando a atitude equivocada que ocasiona a enfermidade é que se possibilita a cura. Quando não há uma transformação moral verdadeira a recuperação física será temporária, pois as doenças têm suas causas nos desequilíbrios morais. É exatamente assim a vida: colhemos o que semeamos, seja desta atual encarnação, seja das vidas anteriores. Por fim, diante de todos os males e quaisquer doenças, a casa espírita deve orientar os doentes para a mudança de comportamento, centrando os pensamentos e os ideais em Jesus, pois o remédio da enfermidade é e sempre será a prática do Evangelho.


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