Plano de reordenamento da Praia do Futuro
introdução Nesta etapa de trabalho buscou-se a elaboração de objetivos, diretrizes e das primeiras especulações formais de uma proposta para a área de estudo que abrangesse os conceitos e problemas anteriormente apresentados
MOBILIDADE URBANA
conceituação
uma proposta
A busca pelo desenvolvimento sustentável vem se tornando fator de fundamental importância a ser considerado quando do planejamento de políticas urbanas que visem a permanência de suas ações, através de uma abordagem mais sistêmica e qualitativa dos problemas urbanos. A busca por uma mobilidade urbana sustentável pode ser entendida com a adoção de um sistema que procure estabelecer condições de maior comprometimento e respeito com o meio ambiente, com as atividades humanas, com as próprias condições de deslocamentos e, em síntese, com a qualidade de vida de uma população. Decorrentes disso, as principais diretrizes de uma tal política deveriam girar em torno de temas como: a acessibilidade universal, a segurança nos deslocamentos, a eficiência do sistema de mobilidade, a qualidade de vida dos cidadãos, a inclusão social, a participação popular e etc. Acessibilidade, entendida como a garantia de acesso universal ao espaço urbano; segurança, garantia de que os deslocamentos se realizem com a mínima exposição a fatores de risco; eficiência, racionalizando o uso e a integração entre os diferentes modais de transporte, afim de otimizar o sistema; qualidade de vida, assegurada através da redução dos tempos de deslocamentos, melhoria das condições infra-estruturais dos sistemas de transporte público coletivo, controle sobre as condições ambientais e recuperação dos espaços públicos em áreas urbanas
objetivos Uma proposta urbana para a para a área de estudo, calcada no conceito de mobilidade urbana sustentável, e que procurasse resolver o quadro problemático, anteriormente mostrado, deverá priorizar a adoção de medidas que favoreçam a acessibilidade e mobilidade de pedestres, considerando os deslocamentos a pé como prioritários. Três são as prioridades projetuais decorrentes desse objetivo: incremento da segurança viária, incremento das condições de acessibilidade, adoção de medidas e programas educacionais que promovam a conscientização da população quanto aos impactos do uso excessivo de automóveis e promovam o andar a pé.
formalização da via litorânea proposta
av. Dioguinho (previsão)
PU4
ufc/ct/dau/arquitetura e urbanismo/projeto urbanístico iv/professor orientador almir farias/2011.1 A questão da Mobilidade Urbana autora: ana carolina barros
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MOBILIDADE URBANA
Plano de reordenamento da Praia do Futuro
uma proposta
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av. josé
via litorânea vias arteriais vias coletoras vias locais
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av. dioguinho
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proposta de hierarquização viária
diretrizes projetuais Tendo em vista os problemas anteriormente apontados e levando em consideração a escolha pelo tema sustentabilidade, foram propostas diretrizes que cumprissem com o objetivo de prover a área de estudo de medidas que favorecessem a acessibilidade e mobilidade de pedestres. Para tal, as intervenções foram divididas entre aspectos condizentes à configuração espacial do sistema viário da área de estudo e as condições de circulação inerentes ao mesmo sistema, critérios esses que orientaram também a etapa de análise deste trabalho. No que diz respeito à configuração espacial da malha viária da área de estudo, foram propostas as seguintes diretrizes: - garantir a hierarquização viária, tornando os acessos principais conceitualmente dominantes, facilitando a estruturação visual da malha; - manter a continuidade das vias; - recuperar e ampliar as caixas das vias, - construção de via litorânea, reconhecendo seu valor cênico dentro da proposta - dar tratamento paisagístico aos principais acessos No que concerne às condições de circulação, foram propostas as seguintes diretrizes: - prover a área de uma adequada integração entre os diferentes modais de transporte, através da construção de ciclovias, faixas de tráfego exclusivo para o transporte coletivo, regularização dos passeios; - implantação de um «calçadão» ao longo da orla; - aplicar estratégias de microacessibilidade nos equipamentos propostos; - implantar bolsões de estacionamento nas proximidades das «ilhas de serviço», propostas no Plano Geral de Reordenamento, de forma a atender a demanda decorrentes da concentração dessas atividades; - aplicação de materiais condizentes com o local e a proposta; - implantação de equipamentos de apoio ao transporte coletivo e cicloviário; - promover a segurança viária, através da aplicação de medidas técnicas de moderação de tráfego e sinalização viária; - proposição de programas educacionais que promovam a adoção de modos alternativos de transporte, que não o automotivo. especulações formais da via litorânea proposta
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av. Dioguinho (previsão)
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MOBILIDADE URBANA
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uma proposta
via litorânea A criação de uma via litorânea, onde hoje se localiza a avenida Dioguinho, junto à proposta de criação de um «calçadão» com ilhas de serviços, parte da proposta de aumentar a permeabilidade física e visual da zona da orla, garantindo assim o direito à paisagem e a preservação de uma conectividade urbana, através da retirada de elementos segregadores e providenciando uma qualidade ambiental adequada às condições climáticas cearenses à via.
postes de iluminação pública
faixa de MObiliário/vegetação
6.0
1.0
2.0 calçadão
faixa de rodagem
2.5
ciclovia
estacionamento
6.0
faixa de vegetação
2.5
faixa de rodagem
6.0
faixa de mobiliário/vegetação
3.0
faixa de rodagem transporte coletivo
2.0 1.0 faixa de vegetação
1.0 faixa de mobiliário/vegetação
4.0 faixa livre de circulação
área de acesso aos imóveis
1.0
ciclovia
paradas de ônibus
A via se tornaria, também, um importante corredor de transporte, interligando os três bairros e possibilitando o acesso rápido à zona de orla conformada pelo «calçadão» e aos equipamentos propostos no Plano de Reordenamento. Além da valorização do aspecto cênico do espaço natural através da abertura de uma maior visibilidade para a praia, a avenida comportaria também um corredor de transporte coletivo que estaria interligado em rede a outros corredores que poderiam ser criados ao longo da cidade, como por exemplo ao longo da Av. Abolição ou da Via Expressa Parangaba, que poderiam se caracterizar como importantes vias de acesso aos bairros que constituem a área de estudo, interligando-os, ao mesmo tempo, com partes diferentes da cidade de forma facilitada.
paradas de ônibus
PU4
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MOBILIDADE URBANA
Plano de reordenamento da Praia do Futuro
uma proposta
vias arteriais São consideradas arteriais as vias que fazem ligações intra-urbanas e se caracterizam pela fluidez, alta acessibilidade e importância para a malha viária da cidade.
6.0
2.0 1.0
faixa de mobili´rio/vegetação
faixa de rodagem
faixa de mobiliário/vegetação
faixa de rodagem
ciclofaixa
3.0
1.0 faixa de acesso aos imóveis
2.0
faixa livre de circulação
6.0
faixa de mobiliário/vegetação
1.0 2.0 ciclofaixa
3.0 faixa livre de circulação
02
1.0 área de acesso aos imóveis
01
03 01. modelo de ciclofaixa implantado em Recife; 02. programa francês de bicicletas de livre acesso, implantadas próximas a estações de transporte público; 03. ciclovias implantadas em Bogotá, Colômbia, como parte dos esforços de um programa que visa estabelecer um sistema de transporte mais sustentável para a cidade.
PU4
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Os principais corredores de circulação ao longo do eixo leste-oeste, sendo eles a av. Pe. Antônio Tomás, av. Eng. Luís Vieira, av. Santos Dumont, av. Trajano Medeiros e r. Ismael Pordeus, passariam a se conformar a exemplo da figura ao lado, cumprindo seu importante papel de prover acesso a diferentes áreas da cidade. Dada a necessidade de fluidez das vias, não são adotados elementos moderadores de tráfego, além dos que dizem respeito à travessia em nível de pedestres e a diferenciação de pavimentação entre as faixas de rodagem e a ciclofaixa projetada para a via. É também dada atenção ao caráter cênico das mesmas pois que, ao longo de seu percurso, vão «se abrindo» para as visadas da orla; donde pensar-se em um adequado tratamento paisagístico para essas vias. Outro aspecto importante desse conjunto de vias é a conformação, entre elas, de sistemas de alças de circulação, que atenderiam à demanda das ilhas de serviços do Plano, delimitando, em seu interior, áreas mais destinadas à comunidade local onde o tráfego motorizado será moderado.
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MOBILIDADE URBANA
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uma proposta
medidas educativas
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vias coletoras
01
Por vias coletoras entendemos aquelas que se destinam a coletar e/ou distribuir o trânsito entre as vias arteriais e as vias locais. Dentro da área de estudo, as vias assim denominadas se conformariam como mostra a figura ao lado.
lixeiras
2.0 1.0 faixa de acesso aos imóveis
1.0
faixa livre de circulação
6.0
faixa de mobiliário/vegetação
faixa de mobiliário/vegetação
03
faixa livre de circulação
1.0 2.0 1.0
faixa de rodagem
02
faixa de acesso aos imóveis
Apenas as medidas de engenharia de tráfego não são suficientes para sustentar a adoção de modos alternativos de transporte em detrimento do uso de veículos privados, se faz necessária também a adoção de medidas educativas a fim de estimular o senso de cidadania da população e a derrubada de certos preconceitos relacionados ao uso de modais de transporte que não sejam os motorizados, através da informação e comunicação. Nas figuras ao lado, são representados alguns desses programas que podem ser aplicados na área de estudo dentro do escopo das propostas aqui apresentadas: 01. página inicial do site da Empresa de Transporte e Trânsito de Belo Horizonte, disponível em: http://www.bhtrans.pbh.gov.br/po rtal/page/portal/portalpublico, o site oferece todas as informações acerca dos serviços ofertados, desde a tabela de horários e itinerários dos ônibus que atendem a capital, até a disponibilização de cartilhas educativas sobre o trânsito e mobilidade sustentável, e informações sobre o tráfego na cidade em tempo real; 02. o programa Pedibus, (do inglês Walk to school) se propõe a organizar percursos a pé com grupos de crianças indo até a escola, os objetivos gerais do projeto passam pelo combate à obesidade infantil e por promover a atividade física mas também por ensinar as crianças a vivenciar a cidade e o espaço urbano. 03. «Na Cidade Sem Meu Carro» é um movimento Internacional em defesa do meio ambiente e da qualidade de vida nas cidades que propõe que, em dados dias do ano se utilizem meios alternativos de transporte.
As vias desse tipo se caracterizariam por um tratamento mais intimista do espaço urbano, se comparadas às vias arteriais. São as zonas de transição entre o trânsito rápido das vias arteriais e as vias locais de tráfego restrito.
postes de iluminação pública
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uma proposta
traffic calming
vias locais
2.5
1.0
2.0 1.0
faixa de mobiliário/vegetação
faixa livre de circulação
faixa de acesso aos imóveis
3.5
estacionamento
faixa de mobiliário/vegetação
02
faixa livre de circulação
1.0 2.0 1.0
01
faixa de rodagem
Vias de caráter mais intimista, devendo ser preservadas do tráfego de automóveis através da adoção de medidas moderadoras de tráfego, visando a revitalização das características ambientais das vias restringindo o domínio do automóvel.
faixa de acesso aos imóveis
Técnica que vem sendo aceita e aplicada como capaz de proteger determinadas áreas urbanas dos efeitos nocivos do excesso de tráfego de veículos. Embora voltada para uma aplicação mais local de estratégias de engenharia de tráfego, sua adoção pode surtir efeitos mais extensivos se considerada dentro de uma visão sistêmica. As idéias relacionadas ao tema se originaram na década de 60, na Holanda, como parte dos esforços aplicados para a melhoria da qualidade de vida dos moradores. Notou-se a necessidade de se propor, para além de aperfeiçoamentos das condições de moradia, o tratamento qualitativo do ambiente externo. Assim, como forma de aperfeiçoar o ambiente externo propuseram medidas de redução da velocidade veicular e mudanças nos layout das vias, estabelecendo o que chamaram de woonerf, ou «quintal comunitário», destacando a função social dessa nova configuração mais democrática dada aos espaços de circulação. A adoção de medidas de traffic calming poderá cair no lugar comum se não combinadas com outras medidas que extrapolem o universo do desenho técnico e proponham mudanças culturais no planejamento e uso do ambiente urbano.
A figura ao lado ilustra a disposição do mobiliário urbano proposto e dimensões pretendidas.
bibliografia 03 01, 02 e 03. exemplos de aplicação das técnicas de traffic calming nas travessias de pedestres em nível e tratamento de cruzamentos, a dominância do sistema viário é transferida ao pedestre.
cruzamento de pedestres em nível
bancos
postes de iluminação pública
lixeiras banco/bicicletário
PU4
Como prováveis consequências da adoção dessas medidas está a redução do número de acidentes de trânsito, a redução na emissão de ruídos e poluentes, além da priorização dos pedestres e ciclistas, fazendo com que a via apresente mais características de locais de permanência e de passeio.
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LYNCH, K. A imagem da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 2006. MELO, F. B. Proposição de medidas favorecedoras à acessibilidade e mobilidade de pedestres em áreas urbanas. Estudo de caso: centro de Fortaleza. Dissertação: Fortaleza, 2005. FÉLIX, F.H.C. Reestruturação Urbana na Costa Oeste de fortaleza. Projeto de graduação, 2004. Plataforma cidades sustentáveis, disponível em: www.cidadessustentaveis.org.br Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos.ABNT NBR 9050:2004 DIETER PRINZ, Configuração Urbana. Editorial Presença, 1937. ESTEVES, R. Cenários Urbanos e Traffic Calming. Dissertação: Rio de Janeiro, 2003.
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