Revista AC Digital #34

Page 1

Edição #34 Fevereiro 2016

SINTA O FUTU RO Confira tudo o que rolou de melhor na Campus Party 2016, onde entusiastas de tecnologia e grandes nomes da ciência buscaram juntos respostas para o que o amanhã nos reserva PÁGINA 03

NETFLIX: O futuro do entretenimento? | PG.6 E MAIS:

SUÉCIA, O PARAÍSO PARA O DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIAS

PG. 10


EDITORIAL Pensar o futuro Em período caótico no cenário político, econômico e social do Brasil avista-se luz no fim do túnel. É o sentimento que deixa a Campus Party, que reuniu 8 mil campuseiros vindos de 24 estados brasileiros e 18 países, como Estados Unidos, Colômbia, Uruguai e Chile. Dos brasileiros inscritos, a maior parte veio do estado de São Paulo, que representou 52% dos participantes. Seguiram Minas Gerais (6,74%), Rio de Janeiro (5,67%), Paraná (5,04%) e Distrito Federal (4,24%). A faixa etária dos participantes também revela o interesse dos jovens sobre o tema Feel the Future (em tradução livre, “Sinta o Futuro”): 64,37% ficaram na faixa etária de 18 a 29 anos; abaixo dos 18 anos foram 2,28%; entre 30 e 39 anos, 19,04%; e maiores de 40 anos, 5,65%. A nova edição reforçou o foco do empreendedorismo com uma área dedicada às startups e inovação. No total, 614 startups se inscreveram para o programa Startup&Makers Camp, que tem como objetivo impulsionar e capacitar jovens empreendedores. Foram fechados mais de 200 negócios ou parcerias. Como o futuro bate em nossas portas e

filmes de ficção científica viram realidade a Campus Party apresentou dois jovens, Moon Ribas e Neil Harbisson, que estão dispostos, e já praticam, a incorporar dispositivos eletrônicos ao corpo para ampliar a capacidade humana (Ciborgues). Harbisson, nasceu com uma doença que causa cegueira para as cores e implantou uma antena atrás do crânio para ouvi-las. Moon implantou no braço um chip que recebe via internet vibrações que indicam quando um terremoto acontece em alguma parte do mundo. Ele enxerga o movimento ciborgue como algo natural da evolução humana. Quando pensávamos que o futuro estava a quilômetros de distância e que era coisa que só nossos netos iriam ver, ele bate em nossas portas. Todos os dias descobrimos novidades incríveis que fazem relarmos os olhos. Faço das palavras de Bill Gates as minhas: “As únicas grandes companhias que conseguirão ter êxito são aquelas que consideram os seus produtos obsoletos antes que os outros o façam”.

Augusto de Carvalho Editor-chefe

Índice Campus Party

03

Netflix

06

Suécia, o país da tecnologia

10

Spotify, agora com vídeo

14

Novos planos do Twitter

16

Brasil em Harry Potter

18

Expediente Editor-chefe Augusto de Carvalho Textos Augusto de Carvalho Luis Gurgel Colaboradores Carlos Augusto Brum Diagramação Luis Gurgel


CAMPUS PARTY 2016 Feira de Tecnologia agitou o Anhembi e trouxe novidades do segmento para o país

O último fim de semana de janeiro ficou marcado pela volta de uma das mais importantes feiras de tecnologia ao Brasil, a Campus Party. Em sua nona edição nacional, a CP aconteceu entre os dias

26 e 31 de janeiro, no Anhembi, e foi sucesso de público, tendo esgotado todos os ingressos disponíveis. Como de costume, os presentes puderam aproveitar o clima recheado de pessoas com interesses simi-


lares aos seus, além das já tradicionais palestras. Os mais de 8 mil presentes tiveram a possibilidade de conferir bem de perto as maiores novidades do segmento da tecnologia, além, é claro, de trocar experiências entre si. A edição deste ano teve o seu foco em tecnologias que ‘construirão o futuro’. Para tal, foram chamados palestrantes como Michel Smit, que é presidente executivo da Energy Floors, uma companhia que, preocupada com a sustentabilidade, um tema sempre em voga, inventou uma pista de dança que gera energia elétrica conforme as pessoas dançam sobre ela. Além de Smit, a astrofísica Thaisa Bergmann, que é conhecida por suas pesquisas com buracos negros, e Grant Imahara, que foi participante do clássico programa ‘Mythbusters’, da Discovery, engrossaram o time no terceiro dia, sobre a ‘cidade dos drode convidados. nes’. Durante a apresentação, os campuA palestra deste último, em especial, seiros ficaram a conhecer um pouco mais foi muito comentada por conta da vi- sobre os ‘drones’, aeronaves não tripulavência de Imahara. Como membro de das que podem ser utilizadas para diverum dos programas científicos de tele- sos fins, alguns dos quais completamente visão mais populares de sempre, muita desconhecidos por algumas pessoas. É o gente queria saber como era, de fato, a caso dos drones empregados pelos bomvida de um ‘destruidor de mitos’. Não beiros, que em cidades tecnologicamente obstante, num ano em que Star Wars avançadas, já são utilizados para ajudar na voltou com força total, com a estreia do luta contra o fogo, fornecendo detalhes e episódio VII, Imahara também aprovei- imagens aos profissionais. tou para falar sobre um outro trabalho Da mesma forma, a Secretaria de saúde seu, de grande importância para os fãs da saga – como a Industrial and Light de são Paulo, em parceria com a GuarMagic, empresa criada por George Lu- da Civil Metropolitana, anunciou que cas, diretor dos seis primeiros filmes da planeja utilizar estas aeronaves a partir franquia, criou os efeitos especiais que deste mês para ajudar na luta contra o tanto impressionaram crianças e adultos mosquito Aedes aegypti, um assunto extremamente em voga, em especial com ao longo dos anos. a proliferação de todo o tipo de doenças. Outro assunto que despertou a atenção A expectativa é que, com liberdade para dos participantes foi a palestra realizada explorar e alcançar pontos remotos, os

Palestras como a do russo “Che” fizeram a viagem valer a pena para os mais de 6,5 mil participantes que ocuparam a área dedicada para o acampamento


robôs possam coletar imagens de áreas de mais complicado os típicos casos de roubo que hoje foco do mosquito, auxiliando e agilizan- tanto atormentam as pessoas. do o processo de combate à ameaça. Acampamento e convívio Sci-fi é aqui Com 6,5 mil lugares destinados ao acampamento, a Utilizar a mente para controlar obje- Campus Party novamente reuniu, em um único estos à distância é um dos ‘poderes’ mais paço, uma grande parcela da cultura ‘geek’ do país. O comuns em filmes de ficção científica. convívio, como sempre, é um dos pontos mais imporExiste um certo fascínio dos humanos tantes, mas os presentes puderam se deliciar com alguns em poderem utilizar algo que não o seu outros detalhes que fizeram a alegria dos ‘nerds’. Um corpo para exercer influência em objetos, dos principais pontos que chamou a atenção foi a libee foi esta paixão que fez com que o rus- ração da conexão de internet com mais de 700 mega so Evgeny Chereshnev, que é vice-presi- – o usuário normal, em suas casas, tem algo em torno dente da empresa de anti-virus Kasper- de 10 mega, em média. Downloads feitos à velocidade sky, instalasse um bio chip NFC em sua da luz, toda a estrutura era necessária para abrigar as mão esquerda há cerca de um ano. transmissões ao vivo que os participantes faziam, além de jogos multiplayer e tantas outras atividades. Um dos convidados da Campus Party, Che, como é conhecido, trouxe em priE para os românticos de plantão, os campuseiros da meira mão a sua experiência como ‘co- nona edição puderam presenciar um acontecimento baia’ desta nova tecnologia, que, ele afir- inédito na história da CP.Tratou-se do primeiro –casama, traz a internet das coisas a um novo mento dentro do recinto. patamar: ela coloca o usuário do chip como o centro de tudo. Com o aparelho, Os jovens Maria Raquel da Costa e Gabriel Soares, ele é capaz de ativar outros eletrônicos à que namoravam há um ano e três meses, vieram juntos distância, abrir portas com trancas eletrô- à Campus Party para se divertirem, mas não esperavam nicas simplesmente colocando sua mão sair de lá casados. Com a ajuda dos amigos de caravana, perto dos sensores, além de tantas outras que partiu originalmente de Brasília, os dois acabaram funções, como até mesmo realizar paga- por formalizar os laços em frente a milhares de pesmentos e checar dados médicos. soa, e, é claro, tudo como dita a moda geek. A marcha nupcial foi substituída pela Marcha Imperial, do filme O chip, que mede apenas 2x12 mm, Star Wars, e o noivo foi ao encontro da sua amada com foi colocado em sua mão esquerda, e, uma máscara referente ao vilão lendário da saga, Darsegundo ele, até agora não houve qual- th Vader. A família dos jovens, em entrevista à Globo, quer necessidade de manutenção, ou garantiu que estavam orgulhosos de ambos, e contarejeição por parte do corpo. Segundo a ram que acompanharam toda a cerimônia por meio da Kaspersky, além da praticidade oferecida transmissão online do evento. pela tecnologia, a segurança é uma outra questão que impulsiona a pesquisa: um Para quem se animou com a ideia, no entanto, o bio chip torna o usuário como dono organizador e presidente do Instituto Campus Party, dos seus próprios dados, não é rastreado Francesco Farruggia, que também serviu como padripor outros aparelhos ou acessado por co- nho do casal, afirma que este foi o primeiro e único canexões sem fios externas. Além disso, ao samento. A sua razão, embora engraçada, tem também servidor para amemorizar senhas, torna o seu sentido: “Se liberarmos, vai virar catedral”.



O LÍDER DO

STREAMING

Crescimento acelerado e estratégia agressiva colocam Netflix como grande jogador no mercado No mundo da tecnologia, poucas empresas têm se destacado com tanta frequência quanto o Netflix. Nos últimos anos, o serviço de assinatura de vídeos teve um crescimento absurdo, e, durante a última CES, anunciou ter chegado a incríveis 75 milhões de subscrições ativas. Por trás desta arrancada para o topo, estão algumas estratégias ousadas e bastante caras, mas que, por enquanto, vão surtindo efeito. O Netflix, para quem não conhece, funciona de forma muito simples. O usuário escolhe fazer uma assinatura, que custa cerca de $12 por mês e dá acesso a uma biblioteca virtual enorme de filmes e séries de televisão, além de outros aperitivos como concertos de bandas e afins. Não existe um limite de quantas horas de vídeo podem ser assistidas, e, cada vez mais, o Netflix vem se tornando uma alternativa real às televisões. Prova disso, novamente, está nos números. Durante o ano de 2015, os utilizadores do Netflix assistiram um

total de 42 bilhões de horas de vídeo. Foi um crescimento de mais de 46% sob o ano anterior, e, com a chegada do serviço a praticamente todos os países do mundo e uma meta de conseguir pelo menos 6 milhões de novos assinantes no primeiro trimestre de 2016, a tendência é que esses valores continuem a subir exponencialmente. Mas, então, qual é o verdadeiro diferencial do Netflix? Basicamente, é entender o que os seus consumidores procuram. E isto, de certa forma, acontece como um ciclo vicioso, e que de certa forma explica porque muitos conglomerados de televisão e da indústria de cinema já têm os seus olhos abertos para a gigante do streaming. Ao despontar como líder do segmento, o Netflix goza de um momento que o seu próprio serviço acaba por ser também a sua maior força no seu contínuo crescimento. Ao ver uma série ou filme, e ao avaliar séries e filmes que assiste, o usuário está,


Enquanto a TV linear só consegue marcar pontos com home runs”, o Netflix também “consegue somar pontos com home runs, mas, além disso, dá rebatidas certeiras simples, duplas e até triplas” –Ted Sarandos, chefe de conteúdo do Netflix continuamente, oferecendo algo mais valioso ao Netflix do que o seu simples dinheiro de assinatura: ele dá informação. Informação sobre os seus gostos, informação que, quando processada e analisada num panorama geral, permite à empresa saber exatamente o que os seus usuários procuram, o que tem sido um sucesso, o que não tem rendido tão bem. E, a partir daí, é possível traçar a sua estratégia, sempre apostando em jogadas que tenham uma maior possibilidade de dar certo. Isto traduz-se, especialmente, na outra vertente que o Netflix tão bem tem explorado nos últimos anos: o serviço deixou apenas de ser um reprodutor, e juntou-se aos leques de produtores, também. O Netflix, hoje, é um dos maiores produtores de conteúdo, e séries como House of Cards, por exemplo, já atingem

um nível de qualidade e de custos tão altos ou até superior ao que é produzido nas televisões. E, graças à informação que o Netflix obtém de seus usuários, é possível prever e, de certa forma, moldar novos projetos originais financiados pela empresa de forma a minimizar os riscos de erro. Assim, além de criarem sucessos constantes, isso significa que também quase nunca existe um lançamento que ‘não dá certo’ e acaba com prejuízo. Isso possibilita a criação de novas séries, mas, acima de tudo, evita os tão temidos cancelamentos, que têm sido constantes em séries de televisão que, após uma ou duas temporadas, deixam de conseguir ser lucrativos. Quem explica essa relação, aliás, é o chefe de conteúdo do Netflix, Ted Sarandos. Em seu discurso na Consumer Electronics Show, Sarandos utilizou

Séries originais do Netflix, como Orange is the New Black e House of Cards, mostradas acima, são umas das principais responsáveis pelo constante crescimento da empresa.


uma analogia de beisebol para demonstrar a diferença entre o Netflix e a televisão aberta. Segundo ele, enquanto a TV linear s”ó consegue marcar pontos com home runs” (uma jogada rara, no beisebol, mas instantânea), o Netflix também “consegue somar pontos com home runs, mas, além disso, dá rebatidas certeiras simples, duplas e até triplas”. Por conta destes fatores, existe até mesmo uma comparação da Netflix com a Amazon, a gigante que dominou o mercado online de compra e venda de livros (e depois de tantos outros produtos). A força das duas empresas está em seu acervo de informação, e, quanto mais popular ficarem, mais usuários terão, e mais informação conseguirão obter. Mais dados, mais dinheiro, mais usuários. No entanto, nem tudo são rosas. Como dito inicialmente, a estratégia do Netflix é ousada, e, acima de tudo, dispendiosa. Apesar do crescimento enorme, a empresa não tem apresentando lucros exorbitantes, pois prefere reinvestir grande parte do que arrecada com a produção de mais conteúdo original e para o licen-

ciamento de mais filmes e séries de televisão para o seu catálogo. Existe uma necessidade constante de apresentar conteúdo de qualidade para prender os seus espectadores, e, uma das falhas que é normalmente apontada e que poderão travar o avanço do Netflix é a sua dependência de outras empresas, e até mesmo da própria televisão e do cinema. Embora o serviço tenha o seu conteúdo original, é lógico que o mesmo não é suficiente por enquanto, por si só, para convencer assinantes a desembolsarem a taxa de assinatura. Assim, o Netflix precisa negociar com televisões e estúdios cinematográficos, e pagar pelos direitos para exibir, também, esse conteúdo. Ao notarem que o Netflix ameaça a liderança desses conglomerados, a tendência é que os mesmos endureçam as regras e aumentem os preços, elevando os gastos da empresa. Assim, teoricamente, um nunca poderá eliminar o outro completamente, pois para o Netflix obter uma vitória total, os outros teriam de desaparecer.

APADRINHE UMA CRIANÇA

MUDE

UMA VIDA mudeumavida.org.br


SUÉCIA A TERRA DA TECNOLOGIA País nórdico é destaque mundial por se tornar num dos maiores celeiros de startups do mundo Apesar do continente europeu estar mergulhado em uma profunda crise desde meados de 2008, um dos países tem aproveitado este momento e despontado como uma exceção. Diretamente da Escandinávia, a Suécia tem

se afirmado, cada vez mais, como lar de promissores projetos na área de tecnologia, que têm vingado e crescido com grande rapidez. O país, em especial a capital, Estocol-


mo, tem se beneficiado de uma junção de qualidades. Tradições culturais aliadas a políticas governamentais inteligentes têm resultado no aparecimento de serviços que se tornaram líderes do mercado de tecnologia, além de um grande boom na aparição de pequenas startups que têm o mercado global como foco. Como exemplo, basta citar alguns dos nomes suecos mais populares, e você verá que muitos deles – talvez até surpreendentemente – já fazem parte da sua vida: IKEA, H&M, Electrolux, Skype, Spotify, uTorrent... a lista é grande. Os números, por sua vez, ajudam a comprovar esse sucesso. A cidade de Estocolmo tem produzido mais unicórnios (termo utilizado para descrever startups que ultrapassam o valor de U$1 bilhão) per capita do que qualquer outra cidade do mundo – em 2014, com apenas 800 mil habitantes, a capital sueca recebeu 15% de todo o investimento estrangeiro do setor de tecnologia europeu. Segundo um relatório de pesquisa do Google, também desse ano, existem mais de 22 mil empresas de tecnologia em Estocolmo, e 18% de toda a força de trabalho da cidade está associada a esse segmento. Ajuda do governo Após sofrer uma grande recessão na década de 90, a Suécia agiu e introduziu um teto para os gastos do governo, além de outros mecanismos que visavam a garantir que a dívida nunca chegasse a se acumular novamente. Graças a isso, hoje, o país apresenta uma das menores dívidas públicas do mundo, inflação sobre controle e um

GRANDES MARCAS QUE SAÍRAM DA SUÉCIA Hoje propriedades que valem milhões, estas empresas começaram em território nórdico.

– SKYPE

– MINECRAFT

– SPOTIFY


Estocolmo, capital da Suécia, obteve os melhores resultados com startups do mundo em 2014. Com apenas 800 mil habitantes, cidade recebeu 15% de todo o investimento estrangeiro em tecnologia do planeta.

sistema bancário em pleno funcionamento e saudável. Desta feita, o ambiente é propício para que os próprios investidores busquem a Suécia como um lugar para investir em companhias e ideias. Além disso, o próprio governo dá apoio às pequenas startups, e tem no investimento em pesquisa e desenvolvimento um dos seus maiores diferenciais. Existem subsídios para a criação de startups de tecnologia, e até mesmo programas financiados pelo governo que têm como objetivo a divulgação de informação de forma a formar novos profissionais mais capacitados.

dora da Lifecensr, e que anteriormente ocupou cargo de consultora do ministério sueco de assuntos internacionais, afirma que esta preocupação do governo com a economia digital facilita o trabalho dos empresários. Segundo ela, a “rede se segurança criada pelo governo permite que muitos embarquem nesta aventura de criar algo do nada com relativa segurança, e que mesmo durante os primeiros anos de investimento conseguem manter um padrão de vida bastante satisfatório”. Com medo reduzido, é normal que o mercado floresça cada vez mais.

Claudia Olsson, que é CEO e funda- Segundo Donnie SC Lygonis, que é


consultor sênior na “Nordic Innovation House” (Casa de Inovação Nórdica, em tradução livre), a inovação está intrinsecamente ligada à pesquisa e ao desenvolvimento. “A Suécia é um dos maiores gastadores nessa área, investindo 3.6 total da sua renda em P&D em 2009. Comparado com a previsão de que os restantes países da Europa atinjam a marca de 3% por 2020, é óbvio que o país está bem à frente nesse jogo.”, explica. Uma questão cultural Se os investimentos internacionais são importantes, o certo é que a personalidade sueca também contribuiu bastante para o crescimento. Desde muito cedo associado ao mercado digital, com o surgimento de alguns dos videogames mais antigos do mundo tendo acontecido no país, como é o caso do Commodore 64, os jovens suecos desde muito cedo que convivem com a tecnologia como algo natural. Mojang, criador de Minecraft, e King, responsável pelo fenômeno dos celulares ‘Candy Crush’, são ambos desenvolvedores suecos que citaram as suas experiências com esse console como um diferencial na descoberta pelo amor ao código, já na década de 80.

sim, notadas na forma de conduzir os negócios. Para Caitlin Collins, que é gerente na empresa Deliberate PR, a “igualdade e a hierarquia dentro dos negócios, onde a opinião de todos é respeitada independentemente da sua posição, oferece uma vantagem significativa nos negócios contemporâneos, onde tudo avança rápido e é preciso estar sempre inovando. Este comportamento, de certa forma, tem suas raízes no Jantelagen”, explica.

A igualdade e a hierarquia dentro dos negócios, onde a opinião de todos é respeitada independentemente da sua posição, oferece uma vantagem significativa nos negócios contemporâneos, onde tudo avança rápido e é preciso estar sempre inovando – Caitlin Collins, gerente da Deliberate PR

Por fim, existe, também, uma preocupação com a austeridade nos gastos supérfluos. Segundo relatos de Fredrik Nilsson, da Axis Communications, as companhias suecas são algumas das mais responsáveis financeiramente do mundo. Independentemente do crescimento, os executivos do país em geral preferem não realizar gastos exorAlém disso, o povo sueco é conheci- bitantes e que sejam desnecessários. do como um dos mais focados em Nisso, é claro, incluem-se gastos com colaboração do mundo. A expressão viagens em primeira classe, ou hospejantelagen, que é traduzida como uma dagem nos hotéis mais dispendiosos. mentalidade que minimiza o esforço Para o sucesso, cada dólar é importanindividual e busca dar ênfase ao co- te, e a mentalidade dos empresários é letivo, tem grande adesão no país, e a de se manter no mercado por um embora alguns críticos tenham surgi- longo tempo. Assim, em vez de aposdo nos últimos anos a essa posição, ou- tas arriscadas, as startups buscam um tros afirmam que as bases culturais são, avanço gradativo, mas certeiro.


SPOTIFY EMBARCA NA

ONDA DO VÍDEO

Empresa de streaming de música dá novo passo e expande serviço para reproduzir vídeos também


Na batalha do streaming, as empresas não podem deixar de inovar, ou correm o risco de serem engolidas pelo mercado. O Spotify, líder de streaming no mercado musical, está ciente disso, e parece querer avançar para o próximo nível, trazendo mais uma novidade para os seus subscritores: a transmissão de vídeos a partir do programa. Desde a última semana de janeiro, o Spotify liberou as atualizações tanto para usuários de Android como iOS que permite aos mesmos acessarem o separador “Shows”. Lá, utilizadores podem escolher uma considerável gama de programas de provedores de conteúdo como a ESPN, MTV, Comedy Central, BBC, VICE, Maker Studios, NBC e tantas outras. De acordo com a empresa, o conteúdo disponível, além de em constante atualização, estará direcionado para cada mercado individual e pode ser refinado de acordo com os gostos dos assinantes. Tal como acontece com os artistas, usuários podem escolher ‘seguir’ certas séries de vídeo no Spotify, facilitando o acesso da próxima vez que quiserem conferir um episódio de determinada atração. A expansão para vídeo é um grande passo para o Spotify, que no último ano foi avaliado em cerca de U$8.5 bilhões. Com mais de 28 milhões de assinantes pagantes, o serviço, que também pode ser usado gratuitamente, mas com algumas funções bloqueadas e com a presença de anúncios, espera que esta cartada ajude a convencer ainda mais pessoas a desembolsarem a modesta taxa mensal para terem acesso a tudo o que o aplicativo tem a oferecer.A Spotify tem feito promoções agressivas com o preço, também, e durante todo o mês de dezembro ofereceu 3 meses de subscrição por apenas R$1,99,

aqui no Brasil. De acordo com a empresa, a natureza musical do aplicativo não será ignorada. O que isto quer dizer é que, tal como em outros apps, como o Songza, o Spotify construiu filtros que irão identificar que tipo de música ouvimos, informações sobre os nossos artistas favoritos e até mesmo a hora em que acessamos o aplicativo para tentar oferecer sugestões mais relevantes. Vídeo em ascenção Com oYouTube, Netflix, e Amazon, o mercado de vídeo tem sido um dos que apresenta maior crescimento nos últimos anos. Embora os líderes tenham uma grande vantagem em relação aos rivais, o certo é que isso não tem impedido o surgimento de novas ofertas mais de nicho no segmento. Além disso, as próprias operadoras de televisão estadunidenses, como a Comcast e a Verizon, também já liberaram aplicativos similares, após perceberem que não é possível, mais, ignorar o conteúdo on-demand. Aqui no Brasil, a própria Globo parece estar investindo pesado, com a disponibilização de algumas das suas novelas para os assinantes pagantes de seu serviço. Para o Spotify, um dos aplicativos que ocupam a lista de top 10 dos mais baixados de todo o mundo, a entrada no mercado é uma aposta um tanto quanto segura. O conteúdo deverá aumentar o tempo que os usuários gastam conectados ao Spotify, aumentar o número de pagantes e, acima de tudo, começar a pavimentar o caminho para gerar novas formas de arrecadar dinheiro, pois um dos maiores problemas encontrados no mercado de streaming de música são as margens baixas de lucro.


TWITTER PLANEJA AUMENTAR LIMITE Vivendo período conturbado, microblog pode estar aumentando limite de texto em mensagens Ano novo, novas práticas. Este parece ser o lema adotado pelo Twitter para o começo de 2016. A equipe de desenvolvedores do microblog anunciou que estuda a possibilidade de aumentar o limite de caracteres por mensagem, elevando-o dos atuais 140 para aproximadamente 10 mil. O número, embora possa parecer aleatório, é o mesmo que a empresa utiliza como limites para as Mensagens Diretas no Twitter. A mudança poderá ser completada ainda no primeiro quarto deste ano. Por enquanto, a mudança ainda não foi oficialmente anunciada, mas fontes

dão conta de que a empresa já está em fase de testes com o novo produto, que foi internamente batizado como ‘Beyond 140’, ou ‘Para além de 140’, em tradução livre. Sem uma data para o lançamento ainda cravada, a previsão do primeiro quarto ainda está sujeita a mudanças, pois o Twitter também espera ver como os seus usuários vão reagir à ideia. E, se depender disso, as primeiras impressões não são muito positivas. Logo após a notícia surgir, um grande número de usuários do Twitter demonstraram a sua preocupação com o que foi anunciado. Isto porque, para muitos, o Twitter tem na brevidade das suas mensagens o seu principal diferencial, e oferecer um limite de mais de 10 mil caracteres não traria nenhum benefício, apenas descaracterizaria o pro-


duto, tornando-o numa reles cópia de outras redes sociais, mais indicadas para esse tipo de postagem. É o caso de João Paulo Rodrigues, 25, que vive em Portugal e é analista de sistemas. – Juntei-me ao Twitter a relativamente pouco tempo, portanto posso ter um sentimento menos forte sobre isto do que outras pessoas, mas ainda assim penso que a mudança seria um engano. O Twitter define-se pelos 140 caracteres, e aumentar o espaço para as mensagens não é o caminho para ‘salvar’ o Twitter da constante queda de popularidade que vem crescendo. Só irá desfigurar o serviço – afirma. Diogo Martins, 26, que é estudante de informática, é mais um que engrossa a lista de céticos. “Não penso que vá fazer muita diferença, embora concorde que poderá desfigurar o serviço. Ainda assim, se uma mudança tão grande não ‘fará diferença’, talvez a melhor ideia seja mesmo não a colocar em prática, pois os resultados podem ser ainda piores do que a situação original”, explica. Além da descaracterização do serviço, existem outros riscos com as mensagens maiores. Atualmente, o Twitter consegue exibir cerca de 5 ou 6 tweets (menos, se tiverem imagens) numa tela de computador com resolução alta (1080p). Com o aumento, é possível que diminua o número de mensagens que o utilizador tem acesso assim que entra, diminuindo a sua interação com as mesmas. Para tal, fontes dizem que o conteúdo ‘extra’, tudo o que estiver além dos 140 caracteres, ficaria escondido, com um botão dedicado no fim das mensagens para as expandir. É uma solução plausível, mas, novamente, parece dificul-

tar o uso do programa, e fazê-lo de uma forma em que o Twitter não se comete inteiramente à mudança, apenas encontra pequenas formas de burlar atuais limitações. Outras formas de aumentar texto A ideia de colocar tweets mais longos do que o normal, entretanto, não é uma novidade, e muitos já o fazem com a ajuda de outros softwares. É o caso do “OneShot”, que permite ao utilizador escolher pedaços de textos de outros arquivos ou site e compartilhá-lo como uma imagem no Twitter. O próprio programa tem uma ferramenta para cortar apenas os parágrafos que interessam ao usuário, e tem sido um dos aplicativos de suporte mais úteis para a utilização do microblog em smartphones. Além disso, existe também o TwitLonger. Este site permite que tweets postados no microblog extrapolem o limite de 140 caracteres ao colocar um link para o site do Twitlonger no fim de uma mensagem Dificuldades na bolsa As coisas não têm estado fáceis para o Twitter no último ano. Após dar entrada na bolsa de valores, com as ações sendo comercializadas por cerca de $44.94 no dia de estreia, o microblog sofreu uma enorme queda de popularidade, que se reflete no seu valor. Na última semana de Janeiro, as ações do site chegaram ao recorde negativo de apenas $17.84, menos de metade da quantia original. Como consequência disso, no último dia 24 de janeiro, o CEO Jack Dorsey utilizou a própria rede social para anunciar mudanças profundas na equipe. Quatro figurões da companhia estão de saída, além do presidente da ‘Vine’, o serviço do Twitter de pequenos vídeos. Kevin Well (Diretor de Produtos), Katie Jacobs (Diretora de Marketing), Alex Roetter (Diretor de Engenharia) e Skip Schipper (Diretor dos Recursos Humanos) formam a barca, que reforça a ideia de que os mares na companhia estão muito agitados.


BRASIL EM HARRY POTTER J.K Rowling, autora da saga do bruxo, publica texto que revela escola de bruxos no país Que J.K Rowling tem muito apreço pela língua portuguesa, isso não é novidade. Afinal, a autora morou e até começou a escrever o primeiro livro da série Harry Potter em terras lusitanas. Da mesma forma, várias vezes a criadora do bruxinho mais famoso do mundo disse, em público, ser fã da tradução nacional dos seus livros, e de como conseguem adaptar o fantástico mundo por ela criado para o público local. Talvez, por isso, a homenagem prestada pela autora ao país em seu último texto da saga publicado no site ‘Pottermore’ não seja uma surpresa. Jo, como é conhecida pelos seus fãs, divulgou algumas novidades sobre o

mundo de Harry durante a última semana, e, uma delas, diz respeito a nós: segundo ela, no universo do seu livro, o Brasil possui uma escola de bruxaria, tal como Hogwarts. O ‘Castelobruxo’, como é chamado, fica dentro de uma bela floresta tropical, e é protegido por ‘Caipora’, uma clara referência à entidade mitológica tupi-guarani do pequeno índio montado em um javali que reina sobre os animais e vinga-se de caçadores que não respeitem as regras da caça. O texto, que também apresentou escolas em outros país, como a dos Estados Unidos e do Japão, acabou por cair nas graças dos fãs, que foram às redes sociais agradecer à autora pela homenagem, além de elogiarem o cuidado da mesma ter realizado uma pesquisa sobre a cultura tupiniquim para dar vida a esta história. Participativa, como sempre, ela respondeu a alguns em português.


CRÔNICA

CARLOS AUGUSTO BRUM

Mad Men, Sad Men. Eu tentei assistir “Mad men”. Minha expectativa era de acompanhar a rotina frenética de uma agência de publicidade criativa, diferenciada e pioneira. Presumi, bastante animado, que o personagem principal seria o conteúdo imaginado pelos heróis, que tentariam mudar a cultura através da propaganda. Não sei da onde eu tirei essas ideias, mas me enganei feio. O que recebi foi uma novela onde o processo criativo dificilmente aparece, abarrotada de personagens que não me envolveram. Don Draper, o protagonista, logo ganhou minha maior antipatia. Avancei pela primeira temporada esperando que algo de ruim acontecesse com ele para lhe ensinar uma lição, que ele mudasse, que alguma virtude se apresentasse naquele homenzinho... Mas foi tudo em vão: ele só piorava a cada episódio passado. Desisti dessa nova empreitada no começo da segunda temporada. Achei a série mais parecida com “Sad men”, onde um personagem miseravelmente infeliz toma decisões horríveis que só magoam e afastam todos à sua volta. Claro, a qualidade da série é indiscutível e seus fãs certamente têm uma lista gigantesca de ótimos motivos para provar que eu estou errado – mas, para mim, simplesmente não deu certo. Meu maior problema, admito, foi a completa falta de empatia com Draper. Vou continuar preferindo Tony Soprano, Walter White, Francis Underwood, Gregory House, Rick Grimes e Carrie Mathison. Fiquei me perguntando então da onde eu tinha tirado aquela expectativa tão errada sobre a série. Logo lembrei: foi do livro “Damn good advice (for people with talent!)”, escrito por George Lois. Lois é celebrado como “o Mad man original”, fundador da segunda agência de publicidade do mundo, “Papert Koenig Lois”, que iniciou na década de 60 o movimento que é comemorado como a maior revolução criativa do marketing. No livro em questão ele dá dicas sobre processo criativo, provocação cultural e grandes ideias. Sua 92ª dica fala sobre “Man men”, e ao lê-la eu finalmente entendi minha implicância. Lois explica que a agência de Draper cria “anúncios sem vida” enquanto “ignora totalmente o inspirador Movimento de Direitos Civis, a crescente Segunda Onda Feminista, a cruel Guerra do Vietnam e várias outras mudanças sísmicas que ocorreram durante a montanha-russa turbulenta dos anos 60 que mudaram o mundo.” A questão é essa: a história da série acontece além de sua realidade, com figuras que não apoiam nem simpatizam com seus movimentos civis, tirando muito do contexto histórico e humano que poderia estar ali. Draper não consegue dialogar comigo porque ele chega até mim como o esteriótipo do homem frio, agressivo, afastado e introspectivo, que coloca o bem próprio acima de sua família, de seus amigos e de sua sociedade simplesmente por ser o provedor. Ele é a figura caricata do machista clássico, que pinta sua canalhice como mal necessário para sustentar a sociedade... Ah, quer saber? Pensando bem, vou dar uma segunda chance ao “Mad men” – pelo menos assim posso imaginar que esse tipo de personagem está para sempre trancado no passado.

Contatos: carlosaugusto52@gmail.com | facebook.com/cadu.doslivros

Rolou no Confira alguns dos assuntos em voga na rede social

Neuromarketing No “O Melhor do Marketing”, um artigo fala sobre as formas de utilizar técnicas da neurociência de forma a atingir o subconsciente dos seus clientes. Vale a pena conferir!

Honestidade No grupo “Digital Marketing”, um texto fala sobre a tênue linha que separa um bom vendedor, e, acima de tudo, um vendedor honesto, daquele que com a sua ‘vergonha’ ou medo de ser verdadeiro com a sua vontade e necessidade de vender acaba por assumir uma postura mais casual. Segundo o mesmo, não há qualquer benefício em fingir que a situação não é a que é – você é um vendedor, e o seu trabalho é vender. Não se trata, é claro, de pressionar o cliente com táticas de intimidação, mas não vá por aí fingindo que a sua venda não é importante, pois isso não o irá ajudar.



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.